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1. INTRODUÇÃO
Estudos do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), agência da
Organização das Nações Unidas (ONU) responsável por questões populacionais,
revelam que desde a criação da ONU, em 1945, o número de habitantes do mundo
praticamente triplicou: passou de 2 bilhões e 500 mil em 1950 a 7 bilhões em 2011.
A agência afirma ainda que, embora na maioria dos países as taxas de natalidade
estejam diminuindo, a população mundial segue aumentando e, de acordo com as suas
projeções, chegará a 10 bilhões de pessoas até 2050.
Essa projeção, quando combinada: com a explosão demográfica nas grandes
cidades, onde a falência dos serviços públicos tem como parte das consequências a
imobilidade urbana, a queda na qualidade de vida e a escalada crescente da miséria e da
violência; com a incidência cada vez maior de desastres naturais decorrentes das
mudanças climáticas; e a expansão de um modelo agrícola que não só devasta o meio
ambiente como contribui para a insolvência de propriedades agrícolas familiares no
mundo todo, nos apresenta um cenário preocupante. Fica cada vez mais difícil o acesso
das populações mais fragilizadas do mundo a um dos direitos mais elementares à
manutenção da condição humana: uma alimentação saudável, acessível, frequente, de
baixo custo e de boa qualidade.
Diante dessa realidade constata-se que os desafios da produção agrícola
sustentável são imensos e urgentes: é preciso produzir cada vez mais alimentos,
melhorar a sua qualidade nutricional, sem avançar em novas fronteiras agrícolas,
recuperar e tornar produtivas as que já estão degradadas, desenvolvendo e disseminando
novas tecnologias que possibilitem produzir com segurança e de maneira satisfatória nas
mais adversas situações, criando condições que viabilizem a permanência do
trabalhador rural e sua família no campo em condições dignas. Tudo isso precisa ser
feito sem que os atuais níveis de produção caiam, cuidando para que não haja redução
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da oferta nem aumento nos preços dos alimentos, o que prejudicaria ainda mais os já tão
necessitados.
2. PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL
2.1. CONVERSÃO AGROECOLÓGICA
O modelo convencional de agricultura já mostrou ser insustentável para o meio
ambiente, para os agricultores e consumidores (FUKUSHI, 2016). De acordo com
Altieri (2004) a conversão agroecológica consiste na adaptação das unidades de
produção agrícola aos princípios da produção agrícola sustentável. Nessas unidades,
ainda de acordo com o autor, busca-se copiar os processos naturais empregando um
enfoque no manejo dos recursos disponíveis para condições específicas de propriedades
rurais, respondendo-se às necessidades e aspirações dos agricultores em determinadas
regiões. Para Feiden (2011):
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artificiais vindos de fora do sistema de produção agrícola, maneja pragas e doenças
através de mecanismos reguladores internos e é capaz de se recuperar de perturbações
causadas pelo manejo e colheita”. Dessa maneira, para Khatounian (2001), o período de
conversão, mais do que necessário para eliminação de resíduos de agrotóxicos, deve ser
compreendido como um período necessário à reorganização, sedimentação e maturação
dos novos conhecimentos, aliado a uma ativa ressituação dos agricultores e do ambiente
rural. De acordo com Feiden (2011) essa nova concepção do ambiente produtivo precisa
considerar, dentre outros fatores agroecológicos, princípios como: a permanente
cobertura e consequente proteção do solo, evitando-se a perda por erosão e mantendo-se
o equilíbrio térmico do mesmo, por meio do uso de espécies forrageiras e de adubos
verdes, mesmo em períodos de pousio; o coreto manejo da fertilidade do solo por meio
de técnicas como a compostagem de esterco de animais e resíduos vegetais, produzindo
adubos orgânicos de baixa solubilidade, que visem a adubação também do solo e não
somente da cultura; incremento da biodiversidade funcional por meio da qual as
espécies presentes no agroecossistema desempenhem funções de ciclagem de nutrientes
e equilíbrio dos organismos, o que na agricultura convencional se busca com o uso de
insumos químicos; observância aos ciclos naturais buscando adaptar-se as atividades
agrícolas aos ciclos naturais, reduzindo as intervenções para promover um maior
equilíbrio ecológico.
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Regulamento Técnico para os Sistemas Orgânicos de Produção Animal e Vegetal, MAPA. Disponível em <
http://www.agricultura.gov.br/assuntos/insumos-agropecuarios/insumos-agricolas/agrotoxicos/legislacao/arquivos-de-legislacao/in-
46-2011-regulamento-tecnico-para-sistemas-organicos-de-producao). Acesso em 2.fev.2017.
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2.3. CONSORCIAÇÃO DE HORTALIÇAS
De acordo com Silva (2013), dentre as práticas de produção sustentável que
podem ser utilizadas em sistemas agroecológicos, uma tem se destacado e despertado a
atenção de pesquisadores e produtores nos últimos anos: a consorciação de culturas. O
cultivo consorciado oferece uma maior diversificação na alimentação e fornece variadas
fontes de renda para o produtor. O consórcio de plantas não está relacionado com altas
tecnologias ou altos ganhos na produtividade (Montezano & Peil, 2006).
Há um leque variado de combinações no cultivo consorciado e há casos de
combinações específicas de consórcio que chamam a atenção pelo fato de
proporcionarem uma melhor interação ecológica do arranjo e das culturas no campo
(SANTOS, 1998). A prática do cultivo consorciado é considerada sustentável e de
grande importância na manutenção de pequenas propriedades agrícolas
(BALASUBRAMANIAN & SEKAYANGE, 1990).
O consórcio de plantas traz resultados benéficos em relação ao controle de
plantas espontâneas, manejo de pragas e doenças, conservação do solo, preservação da
biodiversidade do ambiente e crescimento da produtividade total (MAIA et. al., 2009).
Em algumas situações, o cultivo consorciado pode diminuir as infestações de pragas por
favorecer a conservação dos inimigos naturais dentro do sistema de produção
(RESENDE et. al., 2010).
O cultivo consorciado é bastante utilizado por pequenos produtores, devido as
vantagens comparado ao monocultivo que são melhor aproveitamento da área e
irrigação, dos nutrientes, economia com mão-de-obra pelo fato de agregar menos tratos
culturais, como também resulta numa produção estável, proporcionando uma melhor
distribuição da colheita e fornecer mais renda ao produtor (MONTEZANO e PEIL,
2006).
Segundo Embrapa (2012), para que possa ser avaliada a eficiência de um arranjo
em consórcio quando comparado a um arranjo em monocultivo, um dos indicadores
mais utilizados é o Índice de Equivalência de Área (IEA). Ele quantifica o número de
hectares necessários para que a produção em monocultivo seja equivalente à obtida em
1 ha em consórcio, e assim tornar possível a avaliação e comparação dos sistemas. Para
cálculo do IEA utiliza-se a fórmula IEA = (CA ÷ MA) + (CB ÷ MB), sendo: a razão
entre, CA = rendimento da cultura "A" (cultura principal) em consórcio e MA=
rendimento da cultura A em monocultivo; somada à razão entre CB = rendimento da
cultura B (cultura de suporte) em consórcio e MB= rendimento da cultura B em
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monocultivo. Silva (2013), afirma que para que o IEA possa ser utilizado de maneira
correta é preciso que, tanto nos arranjos em monocultivo quanto nos arranjos em
consórcio, cada uma das cultura obedeça o mesmo espaçamento determinado a ela. Os
tratos culturais (irrigação, adubações de plantio e cobertura) também devem ser os
mesmos e contemplar todas as culturas.
ATIVIDADE PROPOSTA
Em grupo, recomende a adoção de um arranjo de consórcio triplo de hortaliças
que possa ser adotado por um produtor rural que disponha de uma área de 150 m², com
dois funcionários, irrigada por aspersão convencional, em uma propriedade orgânica
certificada, no segundo semestre de 2017. Levando em consideração os aspectos
organizacionais e administrativos da propriedade, as demandas e especificidades do
mercado de Brasília, particularmente para comercialização no Mercado Orgânico
(Ceasa), enumere os aspectos positivos e negativos do arranjo proposto e aponte
eventuais medidas de ajuste necessárias ao mais eficiente funcionamento do sistema.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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Corumbá: Embrapa Pantanal, 2011. 12 p. Disponível em
<http://www.cpra.pr.gov.br/arquivos/File/Capacitacao_Agroecologia/CartilhaComoeuc
omecoamudarparasistemasagroecologicos.pdf>. Acesso em 13.fev.2017.