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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ


PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO
CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS

PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS DISCENTES SOBRE OS RESÍDUOS SÓLIDOS


GERADOS NO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DO AMAPÁ

NAIRA FATIMA DE SOUSA

MACAPÁ
2017
2

NAIRA FATIMA DE SOUSA

PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS DISCENTES SOBRE OS RESÍDUOS SÓLIDOS


GERADOS NO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DO AMAPÁ

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado para obtenção de nota na
disciplina TCC 2, no Curso de Bacharelado
em Ciências Ambientais, na Universidade
Federal do Amapá

Orientadora: Profa. Me. Alzira Marques


Oliveira

MACAPÁ
2017

NAIRA FATIMA DE SOUSA


3

PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS DISCENTES SOBRE OS RESÍDUOS SÓLIDOS


GERADOS NO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DO AMAPÁ

BANCA AVALIADORA

________________________________________
Prof.ª. Alzira Marques Oliveira - UNIFAP
Orientadora

Nota: ______Data:_________

____________________________________________
Prof. Dr. Marcelo Jose de Oliveira - UNIFAP
Avaliador

________________________________________________
Prof. Me. Arialdo Martins da Silveira Junior - UNIFAP
Avaliador

MACAPÁ
2017
4

“Deus só nos leva aonde sua graça possa nos proteger”


(Chico Xavier)
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço á Deus meu pai eterno que sempre está ao meu lado me guiando e dando
força em todos os momentos da minha vida.
A minha orientadora Alzira Marques por sua compreensão, paciência e dedicação
neste trabalho, muito obrigada que Deus abençoe você e sua família.
Meu cunhado Amando Bezerra que também me ajudou contribuindo nessa jornada.
E aos meus amigos e amigas que sempre que eu precisei estavam dispostos a me
ajudar no que fosse necessário.
Aos meus Mestres pelos conhecimentos repassados, paciência e força.

Meu muito Obrigado!


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RESUMO

O objetivo da pesquisa foi analisar a percepção ambiental dos discentes sobre os


resíduos sólidos gerados no restaurante universitário da Universidade Federal do
Amapá buscando identificar o entendimento deles sobre os impactos que esses
resíduos causam sobre o meio ambiente. A metodologia adotada para realização da
pesquisa constituiu-se em pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e pesquisa
de campo. A pesquisa documental foi realizada no relatório do projeto de extensão
intitulado Caracterização dos resíduos sólidos do restaurante universitário (RU) da
UNIFAP. Na pesquisa de campo foram aplicados 201 (duzentos e um) formulários
com discentes que efetuam suas refeições no restaurante universitário. Os
resultados apontam que os discentes desconhecem as práticas de um sistema de
gestão ambiental no espaço do restaurante universitário e isso implica diretamente
na visão que eles possuem sobre os resíduos sólidos e seus impactos sobre o meio
ambiente. Conclui-se que a percepção distorcida dos discentes sobre os resíduos
sólidos é consequência da ausência de conscientização ambiental. Neste sentido
são necessárias campanhas de Educação Ambiental juntos aos discentes visando
despertar a importância da contribuição deles para redução dos resíduos e
consequentemente a melhoria da qualidade ambiental.

Palavras-chaves: Percepção ambiental. Educação Ambiental. Impactos ambientais.


Restaurante Universitário.
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ABSTRACT

The objective of the research was to analyze the environmental perception of the
students about the solid waste generated in the university restaurant of the Federal
University of Amapá, seeking to identify their understanding of the impacts that these
residues cause on the environment. The methodology adopted for the study
consisted of bibliographic research, documentary research and field research. The
documentary research was carried out in the report of the extension project titled
Solid Waste Characterization of UNIFAP University Restaurant (RU). In the field
survey, 201 forms were applied with students who dine at the university restaurant.
The results indicate that the students do not know the practices of an environmental
management system in the space of the university restaurant and this implies directly
in the vision that they have on solid waste and its impacts on the environment. We
conclude that the distorted perception about solid waste implies that students are not
aware of the environmental impacts generated by them. Environmental Education
campaigns are needed together with the students aiming to awaken in them the
awareness about the environment.

Keywords: Environmental perception. Environmental education. Environmental


impacts. University restaurant.
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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Placas de identificação e as lixeiras coletoras ........................................... 34


Figura 2 – Salas de armazenamento de resíduos. (a) Resíduo Orgânico. (b) Resíduo
Inorgânico.................................................................................................................. 36
9

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Turno frequentado ................................................................................... 42


Gráfico 2- Frequência semanal de utilização semanal .............................................. 42
Gráfico 3- Lixeiras para o recebimento dos resíduos ............................................... 44
Gráfico 4- Quantidade de recipientes ........................................................................ 45
Gráfico 5- Costume rotineiro de depositar separadamente ..................................... 46
Gráfico 6 - Ordem de gravidade dos problemas causados pela destinação dos RS . 49
Gráfico 7- Materiais recicláveis ................................................................................. 51
10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Sexo e idade dos usuários do restaurante universitário da UNIFAP ....... 40


Tabela 2 – Curso dos acadêmicos e quantidade de refeições consumidas no RU ... 40
Tabela 3 – Entendimento dos entrevistados sobre o que é resíduos sólidos ............ 47
Tabela 4 – Opinião dos entrevistados sobre os locais apropriados para destinação
final dos resíduos sólidos .......................................................................................... 48
Tabela 5 – Opinião sobre a responsabilidade pelos danos ambientais causados pela
destinação inadequada de resíduos sólidos ............................................................. 48
Tabela 6 – Fatores determinam os níveis de desperdício em um R.U ? ................... 50
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LISTA DE SIGLAS

ABERC Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas


ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRASEL Associação Brasileira de Bares e Restaurantes
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
NBR Norma brasileira
NEM Núcleo Avançado de Ensino
PDI Plano de Desenvolvimento Institucional
PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos
PROEAC Pró-reitoria de Extensão e Ações Comunitárias
RSU Resíduos Sólidos Urbanos
RU Restaurante Universitário
UAN Unidades de Alimentação e Nutrição
UFPA Universidade Federal do Pará
UNIFAP Universidade Federal do Amapá
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 17
2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS ......................................................................................... 18
2.1.1 Definições ....................................................................................................... 18
2.1.2 Classificações ................................................................................................ 19
2.1.2.1 Classificação quanto à origem ...................................................................... 19
2.1.2.2 Classificação quanto à natureza física ......................................................... 20
2.1.2.3 Classificação em função de características físicas – composição
gravimétrica ............................................................................................................... 20
2.2 RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS EM RESTAURANTES.................................. 21
2.2.1 Aspectos e impactos ambientais de resíduos de restaurantes ................. 23
2.2.2 Alternativas sustentáveis para redução de impactos ambientais de
restaurantes ............................................................................................................. 25
2.3 PERCEPÇÃO AMBIENTAL................................................................................. 27
2.3.1 Percepção ambiental frente à problemática dos resíduos sólidos .................... 28
3 MATERIAIS E MÉTODO........................................................................................ 31
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE INVESTIGAÇÃO .................................... 32
3.1.1. Histórico da Universidade Federal do Amapá ............................................ 32
3.1.2. O Restaurante Universitário ........................................................................ 33
3.1.3 O Projeto Caracterização dos resíduos sólidos do restaurante
universitário (RU) da UNIFAP ................................................................................. 36
3.2 COLETA DE DADOS .......................................................................................... 38
3.2.1 Universo da pesquisa .................................................................................... 38
3.2.1 Formulário da pesquisa ................................................................................. 38
3.3 ANÁLISES DOS RESULTADOS ......................................................................... 39
3.4 FLUXOGRAMA METODOLOGICO ..................................................................... 39
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 39
4.1 PERFIL DOS USUÁRIOS DO USO DO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO ...... 40
4.1.1 Perfil dos usuários ......................................................................................... 40
4.1.2 Perfil do uso dos serviços do Restaurante Universitário ........................... 41
4.2 PERCEPÇÃO AMBIENTAL SOBRE OS IMPACTOS CAUSADOS PELOS
RESÍDUOS SÓLIDOS ............................................................................................... 43
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5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 52
REFERENCIAS ......................................................................................................... 54
APÊNDICE A-FORMULÁRIO DIRECIONADO AOS ACADÊMICOS ...................... 59
APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
.................................................................................................................................. 61
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1 INTRODUÇÃO

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) - Lei 12.305/2010 foi


implementada estabelecendo prioridades relativas ao gerenciamento de resíduos,
que considera como primordial a não geração de resíduos, seguida da redução,
reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos (BRASIL, 2010).
Entretanto, em decorrência da ausência de legislação ambiental específica
para resíduos de restaurantes faz com que estes sejam classificados como resíduos
não perigosos de acordo com as normas técnicas brasileiras. Dessa forma, esses
resíduos passam a ser tratados e destinados, muitas vezes, como resíduos de
cozinha residencial, o que proporciona procedimentos inadequados, o que vem
causando severos impactos ao meio ambiente (ABNT/NBR, 2004).
Atualmente no contexto brasileiro o ramo de produção de refeições tem
crescido significativamente e com isso tem aumentado também a geração de
resíduos sólidos decorrente de matéria orgânica. Os restaurantes ao transformarem
alimentos in natura em refeições produzem diversos resíduos, entre eles aqueles
formados de matéria orgânica, o qual tem sido tratado e destinado de forma
incorreta, causando graves danos ao meio ambiente.
O volume de resíduo sólido decorrente de matéria orgânica tem ocupado uma
parcela significativa no lixo urbano brasileiro, em virtude da falta de gerenciamento
ambiental.
Gouveia (2012) afirma que sociedade contribui significativamente para
impactos ambientais causados pelos resíduos sólidos. Neste sentido, entende-se
que ela também tem um papel importante na redução da degradação ambiental. Por
isso, atualmente gestores ambientais estão contemplando estudos de hábitos e
comportamentos das pessoas em relação aos resíduos, ou seja, estudos sobre
percepção ambiental.
Esses estudos servem principalmente para a elaboração de estratégias de
educação ambiental com o objetivo de provocar nos indivíduos atitudes
responsáveis em relação ao meio ambiente, visto que estratégias de sensibilização
contribuem para atitudes ambientalmente corretas.
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Dessa forma, para que estratégias de Educação Ambiental sejam


direcionadas corretamente são importantes estudos que contemplem a Percepção
Ambiental, pois essa é uma ferramenta fundamental no entendimento das inter-
relações entre o homem e o meio ambiente.
Em investigação realizada por docentes e discentes da Universidade Federal
do Amapá sobre as características dos resíduos sólidos produzidos no restaurante
da instituição apontam que há elevado quantitativo de produção de resíduos.
A pesquisa realizou coleta, seleção e classificação dos resíduos num período
de cinco dias com base na composição gravimétrica. Os resultados mostram que
86% foram de resíduos orgânicos e 14% de resíduos inorgânicos. Nesse período
foram servidas 6.191 refeições com peso total de 4.952,8 quilos, sendo que 566,45
foram de sobras de alimentos não consumidos do refeitório (UNIFAP, 2016).
Diante dessa problemática surgiu o seguinte questionamento: Qual a
percepção dos discentes em relação aos impactos negativos sobre o meio ambiente
desses resíduos por eles produzidos?
A hipótese da pesquisa é que o elevado quantitativo de resíduo sólidos gerado
no RU da UNIFAP é um indicativo da limitação ou falta de percepção dos discentes
em relação aos impactos negativos desses resíduos sobre o meio ambiente.
Nesse sentido, a presente pesquisa teve o objetivo de analisar a percepção
ambiental dos discentes sobre os resíduos sólidos gerados no restaurante
universitário da Universidade Federal do Amapá buscando identificar o entendimento
deles sobre os impactos que esses resíduos causam sobre o meio ambiente.
Para alcançar o objetivo geral a pesquisa tem como objetivos específicos: a)
realizar levantamento da produção de resíduos no RU da UNIFAP; e b). Averiguar a
percepção que os discentes possuem sobre os impactos que os resíduos sólidos
produzidos no RU causam sobre o meio ambiente.
Com base nesses pressupostos o trabalho está estruturado em cinco
capítulos, sendo o primeiro a introdução e o último a conclusão.
O capítulo 1 destina-se à introdução onde se descreve a relevância do tema
abordado, apresentando os objetivos geral e específicos, problema, justificativa e
hipótese.
No capítulo 2 realizou a fundamentação teórica com conceitos e definições
chaves da pesquisa, tais como: Resíduos Sólidos, resíduos sólidos gerados em
16

restaurantes, aspectos e impactos ambientais de resíduos de restaurantes,


alternativas sustentáveis para redução de impactos ambientais de restaurantes,
percepção ambiental, percepção ambiental frente a problemática dos resíduos
sólidos.
O capitulo 3 foi destinado para descrição dos materiais e métodos utilizadas
na investigação. Realizou-se a caracterização da área de estudo e os procedimentos
para coleta e análise de dados.
No capítulo 4 foram apresentados os resultados da pesquisa, onde se buscou
realizar a discussão dos resultados com base no referencial teórico.
Uma das principais contribuições da pesquisa sobre a percepção ambiental
dos discentes no Restaurante Universitário da UNIFAP reside no subsidio para plano
de manejo de gestão resíduo melhorando a eficiência dos processos produtivos,
bem como a redução de consumos e de produtos. Além dessas vantagens tem-se o
ainda a melhoria da imagem e da realidade do restaurante institucional quanto a sua
qualidade ambiental.
17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os resíduos sólidos produzidos num país é um indicador importante de


desenvolvimento econômico, visto que está diretamente relacionado com o poder
aquisitivo da população, pois a produção de resíduos é um sinal de que há consumo
e crescimento (LOPES, 2006).
Entretanto, os resíduos sólidos também são considerados uma das principais
causas da degradação ambiental, pois poluem os solos com acúmulos de
embalagens de plástico, papel e metais, e de produtos químicos, como fertilizantes,
pesticidas e herbicidas. Esse material sólido demora muito tempo para desaparecer
no ambiente. O vidro, por exemplo, leva em torno de cinco mil anos para se
decompor, enquanto determinados tipos de plástico nunca se decompõem, pois são
resistentes ao processo de biodegradação promovido pelos micro-organismos.
(NAIME, 2009).
No Brasil, de acordo com dados de 2010 do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA) a produção em média de 161.084 mil toneladas de resíduos sólidos
urbanos (RSU) por dia, o que representa um crescimento de 23% em 10 anos.
Deste total apenas 2,4% é reciclado (IBGE, 2010)
Esses dados são alarmantes, pois de acordo com informações do censo do
ano de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, grande parte dos
municípios brasileiros (86%) não possui local adequado para a destinação destes
resíduos (aterro sanitário), fazendo com que sejam levados para vazadouros a céu
aberto ou lixões, ou ainda, podem simplesmente ser deixadas pelos geradores em
locais impróprios, como rios, loteamentos, construções abandonadas, entre outros
(IBGE, 2010).
A disposição inadequada de resíduos sólidos pode causar graves problemas
à saúde pública, como a proliferação de vetores de doenças (ratos, baratas,
mosquitos, moscas, parasitas, etc.); mau cheiro, crescimento acelerado de pragas
nas proximidades do local de lançamento, poluição do solo e das águas superficiais
(córregos, ribeirões, riachos e outros) e subterrâneas. Um dos principais poluentes é
o chorume, líquido negro proveniente da decomposição da matéria orgânica e de
composição complexa e tóxica (BRAGA et al., 2005).
Diante da problemática gerada pelos resíduos sólidos e da importância da
percepção ambiental no sentido de contribuir para reduzir ou minimizar os impactos
18

ambientais, nesta seção serão abordados definições e classificações de resíduos


sólidos, resíduos sólidos gerados em restaurantes, bem como seus aspectos e
impactos ambientais, além das alternativas sustentáveis para redução de impactos,
conceitos de percepção ambiental.

2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS

2.1.1 Definições

No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da


Norma Brasileira (NBR) nº. 10.004 de 2004 definem resíduos sólidos como aquele
material que:
Resulta da atividade da comunidade de origem industrial, doméstica
hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de variação. Considera
também resíduo solido os lodos provenientes de sistemas de tratamento de
água, aqueles gerados em equipamentos e instalações, de controle de
poluição bem como, determinados líquidos cujas particularidades tornam
invariável o seu lançamento em redes públicas de esgotos ou corpos
receptores.

Ficam evidentes através dessa definição a diversidade e complexidade dos


resíduos sólidos. Observa-se que os resíduos sólidos de origem urbana
compreendem aqueles produzidos pelas inúmeras atividades desenvolvidas em
áreas com aglomerações humanas do município, abrangendo resíduos de várias
origens, como residencial, comercial, de estabelecimentos de saúde, industriais, da
limpeza pública (varrição, capina, poda e outros), da construção civil e, finalmente,
os agrícolas (ZANTA; FERREIRA, 2016).
Na Agenda 21 Nacional, Resíduos Sólidos consistem em “Restos domésticos
e resíduos não perigosos, tais como os resíduos comerciais e institucionais, o lixo da
rua e os entulhos de construção” (CNUMAD, 1997).
Em 2010 foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei nº
12.305/2010, a qual define resíduos sólidos como:

Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades


humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe
proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou
semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de
19

esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou


economicamente inviável em face da melhor tecnologia disponível.

A Política Nacional dos Resíduos Sólidos estabelece obrigações aos


empresários, ao Poder Público e aos cidadãos, bem como princípios, diretrizes,
objetivos e instrumentos para a gestão integrada e compartilhada de resíduos
sólidos, com vistas à prevenção e ao controle da poluição, a proteção e a
recuperação da qualidade do meio ambiente e a promoção da saúde pública
(BRASIL, 2010).
A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabeleceu o ciclo de prioridades
para a gestão dos resíduos, compreendendo a não geração, a redução, o reuso, a
reciclagem, o tratamento e a destinação final. Foram previstos, ainda, a elaboração
de planos de resíduos sólidos em várias esferas da Administração Pública e do setor
privado; a estruturação de cadeias de logística reversa (a fim de retornar
mercadorias e embalagens ao setor produtivo após o seu ciclo de vida, tal como
hoje já ocorre com pilhas e pneus); a ampliação da cobertura por coleta seletiva; e a
instalação de aterros sanitários em todos os municípios do Brasil (BRASIL, 2010).

2.1.2 Classificações

Os resíduos sólidos são classificados segundo a sua origem, natureza física e


riscos potenciais ao meio ambiente.

2.1.2.1 Classificação quanto à origem

Quanto à origem dos resíduos sólidos, estão divididos em várias categorias, são
elas:

Quadro 1: Classificação dos resíduos sólidos quanto à origem


RESIDUOS CARACTERISTICAS
Domiciliar Resíduos provenientes das residências, constituído por restos de alimentos,
produtos deteriorados, embalagens em geral, papéis, jornais etc.;
Comercial São os resíduos originados nos diversos estabelecimentos comerciais de
serviços, tais como supermercados, bancos, lojas, restaurantes etc.;
Público São aqueles originados nos serviços de limpeza urbana pública;
Serviço de Resíduos provenientes de hospitais, clínicas médicas ou odontológicas,
saúde laboratórios, farmácias etc., é potencialmente perigoso, pois pode conter
materiais contaminados;
20

Industriais São resultantes de processos industriais. O tipo de lixo varia de acordo com
o ramo da atividade industrial;
Agrícola Resulta das atividades da agricultura e da pecuária. É constituído por
embalagens de agrotóxicos, rações, adubos, restos de colheita, dejetos da
criação de animais, etc.
Entulho Resto da construção civil, reformas demolições, etc.
Fonte: ABNT/NBR (10004/2004)

2.1.2.2 Classificação quanto à natureza física

Quanto à natureza física os resíduos sólidos podem ser classificados em seco


ou molhados, conforme as características descritas no Quadro 2.

Quadro 2: Classificação dos resíduos sólidos quanto à natureza física


RESIDUOS CARACTERISTICAS

Seco Composto por materiais potencialmente recicláveis


Molhado Correspondem à parte orgânica dos resíduos, como as sobras de
alimentos, cascas de frutas, restos de poda, etc., estes podem ser
utilizados na compostagem. Essa classificação é muito utilizada nos
programas de coleta seletiva, por ser facilmente compreendida pela
população.
Fonte: ABNT/NBR (10004/2004)

Os resíduos sólidos quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente são


classificados conforme o Quadro 3.

Quadro 3: Classificação dos resíduos sólidos quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente
RESIDUOS CARACTERISTICAS
Classe I Perigosos: são aqueles que podem apresentar riscos à saúde pública e
ao meio ambiente devido as suas propriedades físicas, químicas ou
infectocontagiosas. Incluem neste grupo os inflamáveis, corrosivos,
patogênicos ou tóxicos;
Classe II Não perigosos, que estão divididos em:
Classe IIA Não inertes - que apresentam características como biodegradabilidade,
como os restos de alimentos e papel.
Classe IIB Os inertes – que não são decompostos facilmente, como plástico e
borracha.
Fonte: ABNT/NBR (10004/2004)

2.1.2.3 Classificação em função de características físicas – composição gravimétrica


21

Os resíduos sólidos, segundo Zanta e Ferreira (2016), em função de suas


caraterísticas físicas podem ser classificados de acordo com a composição
gravimétrica. A determinação da composição gravimétrica possibilita a seleção de
processos de tratamento e técnicas de disposição final. Pessin et al (2002) com
base na composição gravimétrica elaboraram a seguinte classificação:

Quadro 4: Classificação quanto à composição gravimétrica


CATEGORIA EXEMPLOS
Matéria Orgânica Restos de alimentos, flores, podem de árvores
Plástico Sacos, sacolas, embalagens de água, recipiente de produtos de
limpeza
Papel Revistas, jornais, cartões, guardanapos, pastas
Papelão Caixas, cartões, cadernos, pastas
Vidro Copos, garrafas, pratos, espelhos, embalagens de produtos
alimentícios
Material Ferroso Palha de aço, alfinetes, agulhas, embalagens de produtos
alimentícios
Material não ferroso Latas de bebidas, restos de cobre
Madeira Caixas, tabuas, palitos de fosforo, móveis
Panos Panos de limpeza, pedaços de tecido
Contaminante Lâmpadas, pilhas, embalagens de produtos químicos
químico
Contaminante Papel higiênico, cotonetes, algodão, curativos, gazes, panos com
biológico sangue, fraldas,
Pedra, terra e Vasos de flores, restos de construção, terra, tijolos, pedras
cerâmica decorativas
Diversos Velas de cera, restos de sabão e sabonete, carvão, giz, pontas de
cigarro, etc.
Fonte: Pessin et al (2002)

A gravimetria possibilita conhecer os resíduos gerados em determinado setor,


identificando o percentual dos materiais em sua constituição, viabilizando assim,
interpretar sobre a viabilidade da implantação de coleta diferenciada, instalações
adequadas, equipe de trabalho, equipamentos, além de estimar receitas e despesas
decorrentes. A gravimetria também identifica tipos de componentes potencialmente
perigosos presentes na composição dos resíduos, por exemplo, solventes, sabões e
detergentes, produtos de higiene, pigmentos, colas, polidores, lâmpadas, pilhas,
baterias, medicamentos, entre outros (PESSIN et al., 2002)

2.2 RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS EM RESTAURANTES


22

Dados da Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas -


ABERC (2013) divulgada anualmente informam que em 2010 foram servidas 14,89
milhões de refeições por dia, em 2011 foram 16,65 milhões e em 2012 foram
contabilizadas 17,41 milhões de refeições. Estima-se que o setor continuará
crescendo e, do mesmo modo, haverá aumento na geração de resíduos sólidos.
Estima-se que, no Brasil, de 30 a 40% do que é produzido vá para o lixo. Isso
porque o brasileiro, em relação à quantidade de alimentos, come menos do que
aquilo que joga fora, caracterizando dessa forma desperdício de alimento
(GONÇALVES, 2005; LOPES 2012).
Sales (2009) em sua pesquisa sobre o diagnóstico da geração de resíduos
sólidos em restaurantes públicos populares do município do Rio de Janeiro, afirma
que são vários os fatores que determinam os níveis de desperdício, como
planejamento inadequado do número de refeições a serem produzidas, variações no
número de clientes diariamente e suas preferências alimentares, produção e
posicionamento inadequados dos alimentos por falta de treinamento dos
funcionários.
Venzke (2001) ao analisar a geração de resíduos de um restaurante industrial
verificou que o processo produtivo do local e a etapa de higienização dos alimentos
de origem vegetal eram a que mais gerava resíduos. A partir desta constatação, o
autor acompanhou esta etapa por uma semana, pesando cada alimento antes e
depois da limpeza. Considerando 22 dias úteis em um mês e mil refeições servidas
por dia, constatou que foram geradas 3,97 toneladas de resíduo orgânico por mês.
Sendo assim, o autor apresentou duas alternativas para atenuar o impacto ambiental
gerado. A primeira é a redução na fonte, com a utilização de produtos previamente
higienizados, os quais chegam prontos para o consumo no restaurante. Os resíduos
decorrentes da limpeza destes são mais facilmente destinados para compostagem,
pois ficam concentrados na unidade de processamento. A segunda opção foi à
realização de compostagem pelo restaurante, porém esta alternativa requer que o
restaurante possua uma área específica para esta finalidade.
Costa et al. (2004) em seu estudo qualitativo e quantitativo dos resíduos
sólidos do Campus I da Universidade Estadual da Paraíba consideraram uma
frequência de 800 pessoas por dia no restaurante do Campus I da Universidade
Estadual da Paraíba. Dos 463,7 kg de resíduos avaliados em uma semana, 450,77
23

kg eram resíduo orgânico, o equivalente a 97,21%. Para os demais resíduos


encontraram-se as seguintes porcentagens: aterro 1,32%, resíduo patogênico
0,00%, papel 0,51%, plástico 0,36%, vidro 0,09% e metal 0,51%. Os resíduos mais
comuns encontrados num restaurante, considerando todas as etapas do processo
produtivo estão apresentados no Quadro 5.

Quadro 5: Origem dos resíduos sólidos gerados no processo produtivo de refeições do


Restaurante Público Popular do município do Rio de Janeiro
RESÍDUOS MATÉRIAS-PRIMAS
SÓLIDOS
Papelão Caixas para embalagens de: carnes, sorvetes, chá; sobremesa
industrializada (exemplo: goiabada), açúcar, ovos, descartáveis
(exemplo: copos, guardanapos), sachê (sal e palito), azeite, vinagre,
leite em pó, entre outros.
Lata Sobremesa industrializada (exemplo: doce de leite e pêssego em
calda), óleo, margarina.
Plástico Luvas e aventais descartáveis, copos (300) mL, 50 mL (café e chá), e
100 mL com tampa (sobremesa), embalagem de pão e cobertura das
preparações, embalagens de perecíveis (carnes, frango, linguiça,
salsichão, almôndegas, quibe, steak), filme PVC e sacos (proveniente
da embalagem dos talheres).
Fita Lacre Utilizado na embalagem de perecíveis (carnes)
Plástico Rígido Bombona de suco, balde de margarina, bombona de material de
limpeza
Madeira Espeto (utilizado na preparação do prato principal), palito de dente e
vassoura
Orgânicos Pré-preparo (hortifrutigranjeiros e carnes), sobra, resto e ossos,
guardanapo sujo, pó de café e chá, óleo usado.
Fonte: Sales (2009).

Os resíduos gerados em restaurantes, oriundos do processo de produção de


refeições em larga escala, são classificados como comercial e, geralmente, os
restaurantes são considerados grandes geradores, por produzirem volume médio
superior a 120 litros por dia (SALES, 2009).

2.2.1 Aspectos e impactos ambientais de resíduos de restaurantes

A produção de refeições coletivas no Brasil tem crescido vertiginosamente. É


um setor de grande importância na econômica nacional, movimentando
aproximadamente 9,8 bilhões de reais por ano, oferecem 180 mil empregos diretos,
consome diariamente volume de 3,0 mil toneladas de alimentos e representa para os
24

governos receita de um bilhão de reais anuais entre impostos e contribuições.


Entretanto, as consequências desse aumento não tem sido discutido, principalmente
no que diz respeito à gestão ambiental (ABERC, 2010; CORREA, 2014).
Dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL)
mostram que esse setor atualmente congrega cerca de um milhão de empresas e
que gera seis milhões de empregos diretos em todo o país, representando
atualmente 2,4% do produto interno bruto (PIB) brasileiro. Além disso, o hábito de
alimentação fora de casa é cada vez mais crescente e corresponde a 26% dos
gastos dos brasileiros com alimentos.
Mesmo sendo um mercado de relevância nacional as indústrias brasileiras de
produção de refeições coletivas ainda não despertaram para o gerenciamento
ambiental, visto que esses empreendimentos geram considerável volume de
poluentes e a disposição inadequada dos resíduos causa sérios impactos ao meio
ambiente (NUTRINEWS, 2009). No Brasil o resíduo gerado a partir de matéria
orgânica é responsável por 60% do lixo urbano, o que equivale em valores
financeiros a 12 bilhões de reais, que são literalmente jogados fora por ano, mas que
poderia alimentar aproximadamente 30 milhões de pessoas (LAYARGUES et al.,
2002; EMBRAPA, 2005).
Dias (2007) afirma que de 20 a 60% da produção de alimentos brasileira se
perde entre o campo e a mesa e não há estudos sobre a quantidade exata de
desperdício nos restaurante, entretanto estima-se que a perda nos serviços de
alimentação coletiva chegue a 15%. No contexto de restaurante no processo de
transformação de matéria-prima em alimentos, são geradas sobras diversas, que
são formadas na sua maioria por matéria orgânica que causam impactos negativos
ao meio ambiente (VENZKE, 2001).
Correa et al. (2010) afirmam que os lixões contam com mais de 50% de sua
capacidade ocupada por restos de produtos orgânicos, o que representa um
desperdício de matéria e de energia que poderiam estar sendo reincorporadas ao
sistema, sob forma de composto, proporcionando elevado ganho ambiental. Neste
sentido os impactos ambientais devem minimizados com medidas bem planejadas e
direcionadas. Por exemplo, o preparo industrial de alimentos deve estar relacionado
à produção, transformação e separação, processos que utilizam grandes
25

quantidades de recursos naturais e geram resíduos de diversos tipos (CORREA,


2014)
Além disso, é preciso considerar também que na fase de industrialização,
têm-se o consumo de energia e a produção de resíduos sólidos, líquidos e gasosos.
Mesmo após o ciclo de produção estar completo e o produto final chegar à mesa dos
consumidores, o impacto continuará presente, devido ao descarte das sobras, das
embalagens e das substâncias utilizadas na higienização dos utensílios, dos
equipamentos e das instalações (CORREA, 2014).
Silva et al (2013) afirmam que a disposição inadequada de resíduos sólidos
urbanos em lixões a céu aberto, sem o devido tratamento é problema de saúde
pública, pois os resíduos decompostos anaerobicamente emitem de forma
descontrolada o gás metano, grande causador do efeito estufa.
Para Venzke (2001) a matéria orgânica descartada nos restaurantes causa
impacto ambiental, em virtude da sua quantidade e suas possibilidades de
destinação, por várias razões, tais como a ausência de um controle sobre as
matérias-primas, o que gera maiores desperdícios.

2.2.2 Alternativas sustentáveis para redução de impactos ambientais de


restaurantes

Em virtude de diversos impactos ambientais gerados por resíduos sólidos, a


Política Nacional de Resíduos Sólidos preconiza a gestão dos resíduos sólidos
considerando variáveis ambientais, sociais, culturais, econômicas tecnológicas e de
saúde pública (BRASIL, 2010).
Pesquisa realizada por Rezende (2009) com foco na gestão ambiental em
Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) visando controlar a produção de
resíduos evidencia que a toda cadeira de produção até a distribuição é geradora de
resíduos. Para este autor o controle de resíduos visando à preservação do meio
ambiente depende da interação das diversas ferramentas de gestão ambiental com
as rotinas operacionais.
Para Spinelli e Cale (2009) o desperdício de alimentos nas UAN’s contribui
significativamente na geração de impactos ambientais. O autor sugere medidas
simples para resolver esse problema, tais como planejamento na produção, critério
26

nas compras, conhecimento sobre a sazonalidade de gêneros alimentícios e


qualificação dos profissionais responsáveis pela manipulação e seleção de matérias
primas.
A Green Restaurant Association University, uma instituição americana que
representa empreendimentos alimentícios, afirma que a responsabilidade ambiental
com objetivo de diminuir a geração de resíduos deve ser alvo de auditorias visando
à sustentabilidade dessas atividades. Para essa instituição os principais itens a
serem avaliados devem ser: a) eficiência e a conservação energética; b)
conservação de água; c) reciclagem e a compostagem; d) aquisição de alimentos
orgânicos e produtos reciclados ou biodegradáveis; e) utilização de fontes
renováveis de energia e f) construção de edifícios verdes e investimento em
educação ambiental (GREEN RESTAURANT ASSOCIATION UNIVERSITY, 2011).
Ribeiro et al. (2005) asseveram que as ações visando a diminuição dos danos
causados ao meio ambiente em decorrência da produção de resíduos devem ser
devidamente planejadas e implantadas através de sistemas de gestão ambiental.
Neste sentido, no âmbito de UAN’s o sistema de gestão ambiental deve levar
em consideração as condições da estrutura física, aspectos relacionados na
transformação de matérias primas, embalagens dos produtos industrializados, além
de aspectos relacionados aos trabalhadores envolvidos no sistema de produção
(ADA, 2007). A geração excessiva de resíduos em restaurantes, na visão de Abreu,
Spinelli e Zanardi (2009) está relacionada a falta de planejamento, principalmente no
que diz respeito a restos e sobras. O autor, visando a redução de resíduos,
apresenta algumas alternativas viáveis, tais como a padronização de processos e
serviços, elaboração de rotinas e procedimentos técnicos operacionais, treinamento
de equipe e monitoramento de atividades através de check list, além da manutenção
de registros.
Zanetti (2015) ao abordar alternativas viáveis para redução de resíduos
apresenta a compostagem como prática sustentável e benéfica ao meio ambiente. O
autor cita o método leiras estáticas com aeração passiva, a qual centra-se na
arquitetura da leira e no equilíbrio dos componentes. As leiras são montadas em
paredes retas tendo nas paredes grossa camada de grama cortada ou cavado
oriundo de picador florestal. Essas experiências mostram que é possível a
implementação de medidas eficientes e viáveis para o aproveitamento, redução ou
27

destinação dos resíduos produzidos nos restaurantes. Tais alternativas servem


ainda como subsidio para criação e implementação de políticas públicas visando a
sustentabilidade por intermédio de um sistema de gestão ambiental.

2.3 PERCEPÇÃO AMBIENTAL

Para Del Rio (1999) percepção ambiental refere-se ao processo de interação


dos indivíduos com o ambiente, envolvendo mecanismos perceptivos e cognitivos,
podendo constituir importante instrumento para a avaliação das práticas e
fundamentos da educação ambiental, uma vez que permitem expor as visões,
imagens e valores que estes desenvolvem a respeito do que os cerca.
Pinheiro et al. (2016) e Fernandes et al. (2004) concebem percepção
ambiental como sendo uma tomada de consciência do ambiente pelo homem, ou
seja, o ato de perceber o ambiente em que está inserido, aprendendo a proteger e a
cuidar do mesmo. Cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente às
ações sobre o ambiente em que vive. As respostas ou manifestações daí
decorrentes são resultado das percepções (individuais e coletivas), dos processos
cognitivos, julgamentos e expectativas de cada pessoa (FERNANDES et al., 2004).
Neste sentido, pesquisa sobre percepção ambiental é de suma importância
para que possamos entender melhor as inter-relações entre o homem e o ambiente,
suas expectativas, anseios, satisfações e insatisfações, julgamentos e condutas.
Melazo (2009) infere que a percepção ambiental ocorre no momento em que
as atividades dos órgãos dos sentidos estão associadas com atividades cerebrais,
compreendida como um processo participativo, que envolve uma série de fatores
sensoriais, valores sociais, culturais e atitudes ambientais das comunidades urbanas
em relação ao espaço natural e transformado.
Para Brandalise et al. (2009) a percepção ambiental se refere à conduta
ambiental no cotidiano, podendo ser utilizada considerando os elementos
redução/conservação de recursos no consumo, reutilização e reciclabilidade,
buscando verificar o grau de percepção das pessoas e seus comportamentos
perante as variáveis ambientais.
Percepção ambiental, de acordo com Ferrara (1993) é a operação que expõe
a lógica da linguagem que organiza os signos expressivos dos usos e hábitos de um
28

lugar. É uma explicitação da imagem de um lugar, veiculada nos signos que uma
comunidade constrói em torno de si. Neste entendimento, a percepção ambiental é
revelada mediante uma leitura semiótica da produção discursiva, artística ou
arquitetônica de uma comunidade.
Para Masson (2004) a percepção ambiental é um processo que permite a
interação do indivíduo com o meio onde vive, percebendo a realidade diretamente
interligada aos padrões culturais existentes na sociedade e modificando esses
padrões. Historicamente ao se modificar padrões culturais modifica-se também a
percepção que o indivíduo possui sobre o ambiente.
Pacheco e Silva (2006) afirmam que a percepção ambiental é uma
representação cientifica e, como tal, tem seus propósitos. Neste sentido é importante
discutir o conceito de percepção ambiental, pois, uma questão de dizer quais das
representações parecem corresponder melhor à realidade, mas elucidar as
perspectivas cientificas, sociais ou politicas veiculadas através da utilização desse
conceito.
A percepção ambiental diferencia e reúne os segmentos necessários para o
entendimento das ciências, intervindo junto a conceitos socioambientais essenciais
para a sociedade contemporânea, contribuindo para a construção de uma reflexão
que propicie ações interdisciplinares (MIRANDA, 2007).

2.3.1 Percepção ambiental frente à problemática dos resíduos sólidos

Costa; Do Carmo e Magalhaes. (2012), ao realizar pesquisa sobre a


caracterização e percepção ambiental dos resíduos sólidos urbanos nas diferentes
classes sociais em Minas Gerais observou que o menor índice de resíduo orgânico
coletado para a classe baixa foi 50%, em relação às classes média que foi 61% e a
classe alta foi de 55%. Isso pode ser justificado pelo uso deste para alimentar
animais domésticos como aves, cães e gatos. Este procedimento é comum em
famílias de classe baixa, devido ao alto impacto econômico causado na renda
familiar na compra de alimentação animal industrializado (ração).
Cavalcante et al. (2012) ao analisar a percepção ambiental e a sensibilização
de educandos do ensino fundamental de uma escola pública para realização da
coleta seletiva em campina grande – PB, verificou que uma média de 34,6% dos
29

estudantes da Educação de Jovens e Adultos possui uma concepção distorcida do


que é resíduo sólido uma vez afirmaram que lixo e resíduos sólidos são sinônimos.
Entretanto é de conhecimento científico que lixo é todo aquele material sem
nenhuma possibilidade de reciclagem ou reutilização, que deve ser encaminhado
aos aterros sanitários, e os resíduos sólidos é todo material sólido resultante das
atividades diárias do homem em sociedade, que pode ser reutilizado ou reciclado,
porém isso só é possível se o resíduo for selecionado na fonte geradora, evitando a
contaminação destes materiais, aumentando o seu valor agregado. Na referida
pesquisa o autor constatou que 49,9% dos estudantes percebem os resíduos
sólidos, como sinônimo de algo que prejudica o meio ambiente e que não têm mais
utilidade, ou seja, tudo aquilo que não serve mais para consumo e deve ser jogado
fora sendo algo que polui e pode gerar doenças (CAVALCANTE et al., 2012).
A partir dessas constatações de que há uma visão distorcida sobre os
resíduos sólidos é indiscutível o investimento na formação inicial e continuada de
professores, que deve ter como base o trabalho contínuo e permanente de
Educação Ambiental, como afirma a Lei 9.795/99, pois, através de processos de
sensibilização e a partir da percepção ambiental do grupo envolvido, permite a
compreensão da complexidade do meio ambiente e o reconhecimento da
interdependência existente entre os diversos elementos da natureza, visando à
utilização racional dos recursos naturais (CAVALCANTE et al., 2012).
Ao analisar a percepção ambiental frente ao gerenciamento de resíduos
sólidos em município baiano, Figueiredo (2013) observou que 44% dos
entrevistados apresentam definições de resíduos sólidos do modo que, muitas
vezes, sem saber definir, usam exemplos para tentar explicar suas respostas. Por
exemplo, resíduo sólido é mesmo que lixo na forma de garrafas PET, vidro e papel.
Na referida pesquisa Figueiredo (2013) constatou ainda que 65% dos
entrevistados indicaram que a população é a maior responsável por danos
ambientais na cidade, 2% setor comercial e 33% acreditam que é a prefeitura,
ficando claro que boa parte dos entrevistados tem consciência da responsabilidade
dos danos, mas isso não livra a prefeitura de sua responsabilidade, sendo assim
preciso a união entre a prefeitura e a comunidade, afinal ambos são geradores de
resíduos, e devem ajudar a dar um destino adequado a seu lixo.
30

No município mineiro de Viçosa, Lopes (2012) ao realizar pesquisa sobre a


percepção ambiental dos moradores sobre resíduos sólidos, constatou que todos os
entrevistados possuem uma percepção limitada do que sejam lixo e resíduos
sólidos. Esse fato é bastante preocupante, pois sem conhecer as diferenças entre
lixo e resíduos sólidos fica difícil saber qual é o melhor local para a sua destinação e
qual destino será mais benéfico ao meio ambiente e a própria população. Ao indagar
o que são resíduos sólidos nota-se que o catador tem uma percepção mais voltada
ao lado ambiental. Ele relata que “resíduo sólido é boa parte do lixo que pode ser
usado para ajudar a natureza”. Já a dona de casa acha que “resíduo sólido é o
mesmo que lixo”, e cita exemplos de metais, garrafas pet, materiais químicos,
baterias, pilhas, produtos eletrônicos. Segundo a percepção do comerciante “resíduo
sólido é aquilo que demora mais para se decompor”, como por exemplo, garrafas
pet, sacolas plásticas, caixas de papelão, latas e vidros. E, segundo o funcionário da
UFV “resíduos sólidos são garrafas pet, sacolas, latas, papelão”. Com base nessas
respostas, nota-se que os entrevistados não apresentam uma definição de resíduos
sólidos consistentes e muitas vezes, sem saber definir, usam exemplos para tentar
explicar (LOPES 2012).
No município de Recife, Paula (2012) Ao realizar a pesquisa sobre Percepção
ambiental do manejo dos resíduos sólidos no bairro do morro da conceição observou
que os moradores não realizavam corretamente o manejo de seus lixos. Os
entrevistados ao serem questionados sobre a maneira como o lixo chegava até a
encosta, dizem não saber, mostrando a falta consciência ambiental dos moradores.
Essa falta de sensibilização em relação ao lixo ficou evidente, pois a maioria dos
entrevistados não se mostrou preocupados com o lixo após deixarem suas casas.
Nesse contexto de sensibilização em relação aos resíduos sólidos, mostra a
necessidade da inserção da educação ambiental nos diferentes ambientes, pois
essa é uma ferramenta para se encontrar um caminho alternativo para melhorar a
qualidade ambiental, todavia isso só pode ser observado com o diagnóstico da
percepção ambiental dos discentes sobre os resíduos sólidos gerados no
restaurante universitário da Universidade Federal do Amapá buscando identificar o
entendimento deles sobre os impactos que esses resíduos causam sobre o meio
ambiente.
31

3 MATERIAIS E MÉTODO
32

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE INVESTIGAÇÃO

A pesquisa foi realizada no restaurante da Universidade federal do Amapá


(Mapa 1), localizado no Campus Marco Zero na Rodovia Juscelino Kubitschek, KM-
02, bairro Jardim Marco Zero – Macapá.

3.1.1. Histórico da Universidade Federal do Amapá

A Fundação Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) iniciou suas


atividades em 1970 como Núcleo Avançado de Ensino (NEM), vinculado à
Universidade Federal do Pará (UFPA), com a oferta de aproximadamente 500
(quinhentas) vagas voltadas para o campo do magistério (licenciatura curta),
implantando, assim, o ensino superior no Amapá (UNIFAP, 2015).
Na década de 1990, cria-se, de fato, a Fundação Universidade Federal do
Amapá, autorizada por meio do Decreto n.º 98.977, de 2 de março de 1990,
publicado no Diário Oficial da União n.º 43, de 5 de março de 1990, nos termos da
Lei n.º 7.530, de 29 de agosto de 1986, que autoriza o Poder Executivo a instituí-la,
tendo seu estatuto aprovado pela Portaria Ministerial n.º 868/90, de acordo com o
Parecer n.º 649/90-SESu, aprovado em 9 de agosto de 1990 e publicado na
Documenta MRC n.º 35, tornando-a uma Instituição de Ensino Superior (IES),
mantida pela União. Em 1991, com a nomeação de um reitor pro tempore.
Nesse período a UNIFAP realizou o primeiro vestibular para os cursos de
Direito, Secretariado Executivo, Geografia, História, Matemática, Letras, Educação
Artística e Enfermagem. Com isso, institui-se de fato a Fundação Universidade
Federal do Amapá (UNIFAP, 2015).
A UNIFAP possui autonomia didático-científica, disciplinar, administrativa e de
gestão financeira e patrimonial. Conforme estabelecido no Artigo 3º do Regimento
Geral, a UNIFAP tem por objetivos e funções:

I - ministrar o ensino, que é indissociável da pesquisa e extensão;


II - desenvolver as ciências, as letras e as artes;
III - prestar serviços a entidades públicas e privadas e à comunidade
em geral; e IV- promover o desenvolvimento nacional, regional e
local.
33

Na Universidade Federal do Amapá a sustentabilidade socioambiental norteia


os valores expressos no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) para o
período 2015-2019. De acordo com o PDI “a responsabilidade socioambiental é
compromisso de uma instituição que se preocupa com as consequências de suas
ações no meio ambiente”. Dessa forma a UNIFAP entende que precisa de uma de
uma gestão estratégica dos impactos sociais e ambientais, visando à redução do
consumo, a otimização processos, contribuindo para o desenvolvimento uma cultura
organizacional sustentável (PDI, 2015).

Mapa 1: localização da Unifap.

3.1.2. O Restaurante Universitário


34

A pesquisa foi realizada no Restaurante Universitário (RU) da Universidade


Federal do Amapá (UNIFAP) tendo como público alvo os discentes que em suma
são a maioria que se alimentam no referido estabelecimento.
O RU foi inaugurado em setembro de 2011, e está diretamente vinculado a
Pró-reitoria de Extensão e Ações Comunitárias (PROEAC). O público atendido
compreende os acadêmicos, os docentes e técnicos da instituição e o público
externo (PDI, 2015)
Atualmente o Restaurante Universitário produz refeições para atender o
desjejum, almoço e jantar de segunda à sexta-feira. Em atendimento a Lei Federal
8.666 a UNIFAP adota a modalidade terceirização no Restaurante Universitário. A
empresa contratada em vigência denomina-se Arena Distribuidora (UNIFAP, 2016).
Consta no PDI (2015) que o Restaurante Universitário segue os princípios da
Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), que tem como propósito a
melhoria das condições de alimentação, nutrição e saúde da população brasileira,
mediante a promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, articulando
política, ética e sustentabilidade na produção de refeições.
O gerenciamento aplicado aos resíduos sólido ainda é precário. Os
recipientes para coleta de matéria são apenas dois nas cores branca e azul. A lixeira
branca é para resíduos inorgânicos recebe papel e plástico e a azul para resíduos
orgânicos (Figura 1).

Figura 1- Placas de identificação e as lixeiras coletoras


35

Fonte: Pesquisa de campo (2016).

Durante a gravimetria dos resíduos sólidos, no projeto Caracterização dos


resíduos sólidos produzidos no restaurante universitário (RU) da UNIFAP ao abrir os
sacos de resíduos orgânicos do saguão foi verificado certa quantidade de resíduos
inorgânicos, assim como no saco de resíduos inorgânicos uma quantidade
expressiva de orgânicos demonstrando a falta de hábito de separação correta e
também pela quantidade de lixeiras para o descarte de resíduos serem insuficientes.
Os guardanapos de papel deveriam ser descartados em lixeiras de papel assim
como os copos de plásticos na sua respectiva lixeira.
O restaurante possui uma área de descarte dos resíduos sólidos, uma sala
dividida ao meio, respectivamente uma área para o descarte dos residuos
inorganicos que posteriormente são recolhidos pela coleta de residuos sólidos da
36

prefeitura de Macapá e na outra área de descarte de orgânicos, que é refrigerada,


são doados para um criador de suinos.

Figura 2 – Salas de armazenamento de resíduos. (a) Resíduo Orgânico. (b) Resíduo


Inorgânico

Orgânico

Inorgânico
Fonte: Pesquisa de campo (2016)

O restaurante não possui um estruturado sistema de gestão ambiental ou um


plano de gerenciamento de resíduos sólidos.

3.1.3 O Projeto Caracterização dos resíduos sólidos do restaurante


universitário (RU) da UNIFAP

O projeto de extensão “Caracterização dos resíduos sólidos produzidos no


restaurante universitário (RU) da UNIFAP” teve como objetivo subsidiar um plano de
gerenciamento dos resíduos sólidos pautado na legislação, através de um
levantamento sobre o processo de produção e destinação de resíduos produzidos
no restaurante universitário. O projeto foi coordenado por docente do curso de
Ciências Ambientais e discente também do referido curso, além da participação de
outras instituições parceiras (UNIFAP, 2016).
37

A metodologia adotada para a investigação deu-se em duas etapas. A


primeira parte foi de entrevista com os usuários e a observação do local. A segunda
parte consistiu na separação e análise da composição gravimétrica dos resíduos
sólidos gerados pelo estabelecimento durante cinco dias (UNIFAP, 2016).
Posteriormente, os resíduos foram classificados em dois grupos: orgânicos e
inorgânicos e foram separados e pesados. Foram considerados para pesagem os
resíduos orgânicos provenientes do pré-preparo da cozinha, preparações da linha de
distribuição, que não foram mais utilizadas e descarte de estoque, assim como os
resíduos inorgânicos provenientes do refeitório ((UNIFAP, 2016).
Foram aplicados 93 formulários junto aos usuários do RU. Os dados das
entrevistas foram sistematizados em planilhas Excel e posteriormente geraram-se
gráficos e tabelas.
Os resultados de cinco dias de coleta, separação e classificação mostraram:
1) Elevado quantitativo de resíduos sólidos originados de matéria orgânica, o
valor equivalente a aproximadamente 12% da produção de alimentos foram para o
lixo.
2) A composição gravimétrica dos resíduos sólidos gerados no RU no período
de coleta aponta que 947,50 quilos foram de matéria orgânica (restos e sobras);
3) A fonte geradora de resíduo é o refeitório, local com maior produção de
resíduos sólidos orgânicos (691,30 kg) e a menor quantidade de resíduos
inorgânicos (56,65 kg);
4) A cozinha gerou mais resíduos inorgânicos (119,33 kg) que o refeitório. A
cozinha é a fonte geradora onde se produz menos resíduo orgânico, com produção
de 244,70 kg nos cinco dias de coleta;

Em relação aos resultados das entrevistas, essas apontaram que:

1) Os usuários do restaurante são acadêmicos de cursos da UNIFAP, docentes,


técnicos da instituição e membros da comunidade;
2) 70% dos acadêmicos que usam o serviço de alimentação pagam o valor
parcial;
3) O turno mais frequentado para realização da refeição é o almoço;
38

4) 57% dos acadêmicos realizam pelo menos uma refeição os cinco dias da
semana;
5) 53% dos usuários classificam os alimentos como de “boa qualidade”;
6) 50% avaliam o cardápio como regular
7) 80% avaliam que a quantidade destinada para cada pessoa é suficiente
8) Em relação à sobra de alimentos na bandeja, 60% afirmam que não sobra,
35% afirmam que não e 5% dizem que apenas às vezes;
9) A sobra de alimentos está associada ao cardápio e ao fato de estar
determinada a quantidade de alimentos para cada bandeja;
10) Em relação as lixeiras para recebimento de resíduos, 70% afirmam que estão
bem identificadas;
11) 90% dos usuários afirmaram que realizam a separação de resíduos
orgânicos e inorgânicos em seus devidos recipientes.

3.2 COLETA DE DADOS

3.2.1 Universo da pesquisa

Os dados da pesquisa foram coletados através da pesquisa documental e


pesquisa de campo. A pesquisa documental foi realizada no relatório do projeto
“Caracterização dos resíduos sólidos no Restaurante Universitário da Universidade
Federal do Amapá” onde se coletou dados quantitativos e qualitativos sobre os
resíduos sólidos produzidos no RU.
Para a pesquisa de campo foi elaborado o formulário direcionado aos
discentes, buscando identificar a percepção que os discentes possuem sobre os
impactos que os resíduos sólidos produzidos no RU causam sobre o meio ambiente.

3.2.1 Formulário da pesquisa

A pesquisa utilizou como instrumento de coleta os formulários


semiestruturados e os fichamentos. Os formulários foram direcionados aos discentes
e o fichamento foi para sistematizar as informações obtidas no projeto de extensão
que realizou o diagnóstico dos resíduos sólidos no RU da UNIFAP.
39

3.3 ANÁLISES DOS RESULTADOS

Após a aplicação dos formulários os dados foram sistematizados em planilha


Excel para geração de tabelas e gráficos. Os dados da pesquisa documental serão
devidamente sistematizados em software Word.

3.4 FLUXOGRAMA METODOLOGICO

Fluxograma 1 - Planejamento metodológico da pesquisa

Análise
Realizar documental
Analisar levantamento da
a
produção de
percepçã Fichamento
o resíduos no RU Software Word
ambienta da UNIFAP
l dos Obj
discentes Entrevista Discentes usuários
etiv
sobre os do RU
resíduos os
sólidos Esp Formulário
gerados Software Excel
semiestruturado
no ecífi Averiguar a percepção
restauran cos que os discentes
te possuem sobre os Organização de
universit impactos que os dados
ário da resíduos sólidos do RU
Universid causam sobre o meio Análise e Confirmar
ade discussão dos ou refutar a
ambiente
Federal resultados hipótese
do
Amapá
buscand
o Técnica Instrumento de coleta Organização de dados
identifica
ro
entendim
Fonte: Elaborado pela autora
ento
deles
sobre os
impactos
que
esses
resíduos
causam
sobre o
meio
ambiente
.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A pesquisa de campo teve início em dezembro com utilização da entrevista


semiestruturada. Foram entrevistados 201 acadêmicos da Universidade Federal do
Amapá no período 06 a 08 Dezembro de 2016.
40

Desse modo foi possível analisar a percepção ambiental dos discentes sobre
os resíduos sólidos gerados no restaurante universitário da Universidade Federal do
Amapá buscando identificar o entendimento deles sobre os impactos que esses
resíduos causam sobre o meio ambiente.

4.1 PERFIL DOS USUÁRIOS DO USO DO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO

4.1.1 Perfil dos usuários

As informações sobre sexo e idade dos entrevistos estão dispostas na Tabela


1, sendo 91 (45,27%) são do sexo feminino e 110 (54,73%) do sexo masculino.

Tabela 1 – Sexo e idade dos usuários do restaurante universitário da UNIFAP


Feminino Masculino
FA FR
Faixa Etária Frequência Frequência Frequência Frequência (FA1+FA2) (FR1+FR2)
Absoluta Relativa Absoluta Relativa acumulada Acumulada
(FA1) (FR1) (FA2) (FR2)
17 - 20 anos 43 21,39 37 18,41 80 39,80
21 - 24 anos 28 13,93 41 20,40 69 34,33
25 - 28 anos 10 4,98 14 6,97 24 11,94
29 - 32 anos 6 2,99 9 4,48 15 7,46
33 - 36 anos 3 1,49 5 2,49 8 3,98
37 - 40 anos 1 0,50 1 0,50 2 1,00
41 - 44 anos 0 0,00 1 0,50 1 0,50
45 - 48 anos 0 0,00 1 0,50 1 0,50
53 - 56 anos 0 0,00 1 0,50 1 0,50
Total 91 45,27 110 54,73 201 100,00
Fonte: pesquisa de campo (2017)

Em relação à idade, 80 (39,80%) são acadêmicos na faixa de idade de 17 a


20 anos, seguindo de jovens de na faixa etária de 21 s 24 anos. Observou-se que a
faixa de idade de 37 a 40 anos de acadêmicos-usuários do restaurante foi de
apenas 2 (1%) dois. Na faixa de idade 41 a 56 não houve registro de pessoas do
sexo feminino, apenas 3 (1,50%) do sexo masculino.
Na Tabela 2, estão informações relativas ao curso dos acadêmicos e a
quantidade de refeições realizadas no restaurante.

Tabela 2 – Curso dos acadêmicos e quantidade de refeições consumidas no RU


41

Número de refeições realizadas no RU por dia


Uma Duas Três Frequência
Frequência
Curso Frequên Frequên Frequên Frequên Frequên Frequên Absoluta
Relativa
cia cia cia cia cia cia Acumulada
(FA1+FA2+FA3) Acumulada
Absoluta Relativa Absoluta Relativa Absoluta Relativa (FR1+FR2+FR3)
(FA1) (FR1) (FA2) (FR2) (FA3) (FR3)

Arquitetura e Urbanismo 5 2,49 6 2,99 1 0,50 12 5,97


Artes Visuais 2 1,00 1 0,50 0 0,00 3 1,49
Administração 11 5,47 1 0,50 2 1,00 14 6,97
Ciências Biológicas 3 1,49 5 2,49 2 1,00 10 4,98
Ciências da
Computação 1 0,50 5 2,49 0 0,00 6 2,99
Ciências Sociais 1 0,50 1 0,50 2 1,00 4 1,99
Ciências Ambientais 14 6,97 0 0,00 0 0,00 14 6,97
Direito 7 3,48 0 0,00 0 0,00 7 3,48
Educação Física 3 1,49 3 1,49 1 0,50 7 3,48
Enfermagem 0 0,00 0 0,00 3 1,49 3 1,49
Engenharia Civil 5 2,49 0 0,00 0 0,00 5 2,49
Engenharia Elétrica 6 2,99 5 2,49 4 1,99 15 7,46
Engenharia Química 1 0,50 0 0,00 0 0,00 1 0,50
Farmácia 8 3,98 3 1,49 2 1,00 13 6,47
Fisioterapia 0 0,00 0 0,00 1 0,50 1 0,50
Física 2 1,00 4 1,99 3 1,49 9 4,48
Geografia 6 2,99 2 1,00 3 1,49 11 5,47
Historia 0 0,00 1 0,50 1 0,50 2 1,00
Letras 2 1,00 7 3,48 2 1,00 11 5,47
Jornalismo 4 1,99 2 1,00 0 0,00 6 2,99
Matemática 5 2,49 6 2,99 5 2,49 16 7,96
Mestrado Farmácia 0 0,00 0 0,00 1 0,50 1 0,50
Mestrado em
Biodiversidade Tropical 2 1,00 0 0,00 1 0,50 3 1,49
Medicina 3 1,49 6 2,99 3 1,49 12 5,97
Pedagogia 3 1,49 1 0,50 1 0,50 5 2,49
Relações Internacionais 3 1,49 1 0,50 0 0,00 4 1,99
Secretariado 2 1,00 2 1,00 0 0,00 4 1,99
Teatro 1 0,50 1 0,50 0 0,00 2 1,00
Total 100 49,75 63 31,34 38 18,91 201 100
Fonte: pesquisa de campo (2017)

O RU são frequentados por alunos da graduação e da pós-graduação. No


período da entrevista registrou-se acadêmicos de 26 cursos de graduação e
acadêmicos de 2 cursos de pós-graduação.

4.1.2 Perfil do uso dos serviços do Restaurante Universitário


42

Em relação ao turno frequentado que almoço e jantar são os turnos de maior


frequência, o almoço representa cerca de 27% e jantar 24%, uma hipótese seria que
a composição gravimétrica dos resíduos gerados no almoço e no jantar, na cozinha
e refeitório, é bastante semelhante.

Gráfico 1 - Turno frequentado


Turno frequentado pelos acadêmicos
27%
24%

18%
14%
10%
5%
1%

Fonte: Pesquisa de campo (2017)

O Gráfico 1 aponta que o período de menor uso dos serviços do RU é do


desjejum-jantar, sendo que apenas 1% frequentam esses dois momentos
regulamente. Os acadêmicos foram questionados sobre a frequência semanal de
utilização dos serviços do RU (Gráfico 2).

Gráfico 2- Frequência semanal de utilização semanal


43

Frequência da utilização semanal dos serviços do R.U

58%

18%

11%
8%
4%

Apenas um dia Dois dias Três dias Quatro dias Cinco dias

Fonte: Pesquisa de campo (2017)

De acordo com o Gráfico 2, 116 (58%) acadêmicos afirmam que se alimentam


cinco dias durante a semana, 17 (18%) três dias, 23 (11%) quatro dias e apenas 8
(4%) fazem uso do RU apenas um dia durante a semana. Observa-se que a maioria
dos acadêmicos frequenta todos os dias letivos da semana.

4.2 PERCEPÇÃO AMBIENTAL SOBRE OS IMPACTOS CAUSADOS PELOS


RESÍDUOS SÓLIDOS

Os acadêmicos foram questionados se está correto lixeiras para recebimento


dos resíduos (Gráfico 3). 175 (87%) acreditam estarem bem identificadas e 26
(13%) consideram que falta identificação nas lixeiras.
44

Gráfico 3- Lixeiras para o recebimento dos resíduos


Lixeiras para o recebimento dos resíduos
Estão bem identificadas Falta identificação nas lixeiras

0%

13%

87%

Fonte: Pesquisa de campo (2017)

Os acadêmicos consideram que as lixeiras estão bem identificadas,


entretanto o Conama 275/01, orienta que a correta separação dos resíduos deve
obedecer a cor corresponde a um tipo de material (BRASIL, 2001).
No RU-UNIFAP tem-se apenas uma lixeira branca para resíduos inorgânicos
onde para receber papel e plástico e uma azul para resíduos orgânicos, sendo que
na realidade lixeira branca é para resíduos hospitalar e azul para papel ou papelão
(BRASIL, 2001).
Questionou-se sobre a quantidade de recipientes para coleta dos resíduos
(Gráfico 4). 103 (51%) entrevistados afirmaram que lixeiras estão em quantidade
suficientes. Entretanto, foram observados resíduos recicláveis nas lixeiras de
resíduos orgânicos do refeitório e em dias de muito movimento de comensais há
uma sobrecarga dos recipientes, demonstrando que duas lixeiras apenas não são
suficientes (UNIFAP, 2016).
45

Gráfico 4- Quantidade de recipientes


Opinião sobre a quantidade de recipientes dos resíduos
São suficientes São insuficientes

49%
51%

Fonte: Pesquisa de campo (2017)

Dentre os pontos negativos desta situação podem ser listados: potencial


reciclável desperdiçado, ocupação desnecessária de espaço em aterro e dificuldade
no manejo do material numa possível compostagem.
O elevado quantitativo de recicláveis justifica-se pela praticidade encontrada
pelos acadêmicos em abrir apenas uma lixeira, a de resíduos orgânicos, para
descartar o resto dos pratos e quaisquer demais resíduos para não precisar abrir a
outra, considerando o trabalho a ser feito e o tempo gasto. Isto agiliza a fila de
comensais que se forma para devolução de bandejas, porém traz impactos
negativos ao meio ambiente (UNIFAP, 2016).
Indagou-se sobre a conduta dos entrevistados quanto à separação correta de
resíduos orgânicos e inorgânicos (Gráfico 5). 182 (91%) acadêmicos afirmam que
realizam corretamente a separação e 19 (9%) dizem que não realizam a separação
de forma adequada. Entretanto, durante a realização da avaliação dos resíduos
gerados no RU pelo projeto de extensão, observou-se que não há preocupação em
separar resíduo orgânico do inorgânico (UNIFAP, 2016).
46

Gráfico 5- Costume rotineiro de depositar separadamente


Costume rotineiro de depositar separadamente os resíduos
orgânicos e inorgânicos

Não
9%

Sim
91%

Fonte: Pesquisa de campo (2017).

O ato de não separar adequadamente os resíduos, segundo Paula (2012) é


falta de sensibilização em relação aos impactos que tais resíduos geram sobre meio
ambiente, necessitando de ações que venham a sensibilizar esses atores sociais
para essa questão.
Buscou-se identificar o entendimento dos acadêmicos sobre a diferença entre
lixo e resíduos sólidos. 121 (60%) afirmaram que sim e 80 (40%) afirmaram que não.
Entretanto, dos que afirmaram que há diferença, 73 (60%) não souberam explicar a
diferença e 47 (40%) afirmaram que os resíduos sólidos podem ser reciclados,
enquanto que o lixo é tudo que não tem utilidade.
Esses dados corroboram as informações da pesquisa realizada por
Cavalcante et al. (2012) no que diz respeito a visão distorcida dos jovens em relação
aos resíduos sólidos. Lixo e resíduos sólidos não são sinônimos, pois os resíduos
sólidos são úteis e podem ser reciclados e reutilizados (CAVALCANTE et al., 2012).
Segundo Cavalcante et al. (2012) o equívoco em associar resíduos sólidos a
lixo pode estar na ausência de projetos de Educação Ambiental no ambiente
educacional. A sensibilização das pessoas reside em ações que pautem essas
questões a partir de reflexões sobre essas temáticas.
Lopes (2012) afirma que o entendimento correto de resíduo sólido traz
inúmeros benefícios a sociedade principalmente na redução dos impactos causados
no meio ambiente por materiais que podem ser reciclados.
47

Os acadêmicos foram questionados sobre o conceito de resíduos sólidos


(Tabela 3). 145 (72%) possuem um correto entendimento do que é resíduo sólidos,
29 (14%) não sabem.

Tabela 3 – Entendimento dos entrevistados sobre o que é resíduos sólidos


Frequência
Conceito de Resíduo sólido %
Absoluta
Material sem utilidade 4 2
Restos domésticos 22 11
Resultante da atividade de origem
Industrial,domestica,hospitalar,comercial,serviços 145 72
agrícolas e de varrição
Não sei 29 14
Não declarou 1 0
Total 201 100
Fonte: pesquisa de campo (2017)

Apesar de conceituarem corretamente o que é resíduo sólido, não possuem


entendimento quanto a manejo correto dos resíduos, visto que em suas práticas
quanto à separação desse material ainda não é a pratica mais adequada.
Esses dados apontam que os acadêmicos possuem uma percepção
distorcida quanto aos impactos causados pelos resíduos sólidos. Segundo Pacheco
e Silva (2006) a percepção ambiental tem a finalidade de representar de maneira fiel
à realidade das pessoas, buscando dar elementos necessários para uma mudança
de comportamentos a partir da sensibilização quanto as problemáticas em questão.
Os acadêmicos foram questionados sobre qual seria o local mais apropriado
para destinação dos resíduos sólidos (Tabela 4). Os entrevistados acreditam que
estes resíduos não podem simplesmente serem descartados sem uma destinação
correta, devendo ser destinado ao local mais adequado de acordo com a sua
característica. 132 (66%) entrevistados afirmam que os locais apropriados para uma
destinação final são as cooperativas de reciclagem, demonstrando uma boa
percepção do correto destino dos resíduos sólidos.
48

Tabela 4 – Opinião dos entrevistados sobre os locais apropriados para destinação final dos
resíduos sólidos
Frequência
Locais para a destinação final dos resíduos sólidos %
Absoluta
Aterro Sanitário 37 18
Cooperativas de reciclagem 132 66
Incineração 4 2
Não sei 27 13
Não declarou 1 0
Total 201 100
Fonte: pesquisa de campo (2017)

Entretanto, ainda há acadêmicos que não sabem 27 (13%) e outros que


afirmam que o aterro sanitário, 37 (18%) é a melhor opção. A problemática da
destinação final dos resíduos sólidos tem gerado sérios problemas a sociedade
moderna, implicando diretamente na esfera econômica, na qualidade de vida de
seus habitantes e, sobretudo no meio ambiente (SALES, 2009).
Buscou-se identificar a quem os acadêmicos responsabilizam pelos danos
ambientais causados pela destinação inadequada de resíduos sólidos (Tabela 5).
142 (71%) afirmam que a responsabilidade a sociedade, 14 (7%) dizem que é o
setor comercial, 31 (15%) afirmaram que é a Prefeitura e 14 (7%) não sabem.

Tabela 5 – Opinião sobre a responsabilidade pelos danos ambientais causados pela


destinação inadequada de resíduos sólidos
Responsáveis pelos danos ambientais causados pela Frequência
%
destinação incorreta dos resíduos sólidos Absoluta
A sociedade 142 71
Setor comercial 14 7
Prefeitura 31 15
Não sei 14 7
Total 201 100
Fonte: pesquisa de campo (2017)

Os dados da Tabela 5 apontam que os acadêmicos são conscientes quanto o


papel da sociedade diante da responsabilidade no que se refere ao bem ambiental,
ou seja, a maioria dos discentes atribui a responsabilidade para toda sociedade
pelos danos ambientais causados pela destinação incorreta dos resíduos sólidos.
Esses dados corroboram as informações da pesquisa realizada por
Figueiredo (2013) em relação à responsabilidade pelos danos ambientais causados
49

pela destinação inadequada de resíduos sólidos. Ficou evidente que boa parte dos
entrevistados tem ciência de que a responsabilidade dos danos é a população, mas
isso não livra a prefeitura, é preciso à união entre a prefeitura e a comunidade, afinal
ambas são geradoras de resíduos, e devem ajudar a dar um destino adequado a
seu lixo (FIGUEIREDO, 2013).
Os acadêmicos foram indagados sobre a ordem de gravidade dos problemas
causados pela destinação incorreta dos resíduos sólidos (Gráfico 6). Foi feito uma
relação de problemas e os acadêmicos ordenaram por grau de gravidade cada
problema. 74 acadêmicos afirmaram que o primeiro e segundo grau de gravidade
dos problemas são as doenças (dengue, leptospirose, peste bubônica) decorrentes
da dispersão de insetos são ocasionados quando há a destinação incorreta dos
resíduos sólidos.

Gráfico 6 - Ordem de gravidade dos problemas causados pela destinação dos RS


Ordem de gravidade os problemas causados pela
destinação incorreta dos resíduos sólidos
1ª ordem 2ª ordem 3ª ordem 4ª ordem

111 116

74 74 67 71
48 40 37 37 39
18 24 13 11
24

Alteração da paisagem Doenças (dengue, Assoreamento de Contaminação dos solos,


leptospirose, peste mananciais aquíferos e lençóis
bubônica) decorrente da freáticos pelo chorume
dispersão de insetos

Fonte: Pesquisa de campo (2017).

De acordo com o Gráfico 6, o problema ordenado em terceiro lugar é o


assoreamento de mananciais e com 111 indicações o problema de quarta ordem é
alteração da paisagem.
Sabe-se que o correto tratamento dado aos resíduos sólidos tem influência
direta nas condições de saúde pública da população. Diversas enfermidades são
decorrentes da forma de acondicionamento e destinação dos resíduos, estando
relacionadas a vetores e micro-organismos (SALES, 2009).
50

Os impactos provocados pelos resíduos sólidos podem atingir moradores


próximos aos locais de despejos inadequados (“lixões” ou “vazadouros”) e podem se
estender para a população em geral, por meio da poluição e contaminação dos
corpos d’água e dos lençóis subterrâneos, direta ou indiretamente, dependendo do
uso da água e da absorção de material tóxico ou contaminado (SALES, 2009).
Em relação ao desperdício de alimentos gerado no RU, os acadêmicos foram
questionados a que fatores atribuem essa prática (Tabela 6). 116 (58%)
entrevistados afirmaram que é devido a variações no número de clientes diariamente
e suas preferencias alimentares determinam o desperdício, 40 (20%) acreditam que
o motivo é o planejamento inadequado do número de refeições a serem produzidas
e 45 (22%) acreditam serem outros fatores que influenciam no desperdício.

Tabela 6 – Fatores determinam os níveis de desperdício em um R.U ?


Frequência
Resposta %
Absoluta
Planejamento inadequado do número de refeições a serem produzidas 40 20
Variações no número de clientes diariamente e suas preferencias alimentares 116 58
Outros fatores 45 22
Total 201 100
Fonte: pesquisa de campo (2017)

A prática do desperdício para 45 (22%) está associada e outros fatores, tais


como: Excesso de alimento na bandeja, o consumidor não sabe a quantidade
correta para sua saciedade, qualidade da comida, forma de distribuição dos
alimentos e falta de consciência sobre o desperdício.
Os acadêmicos foram questionados se há relação entre lixo e meio ambiente.
30 (15%) afirmaram que não, 169 (84%) que sim e 2 (1%) não souberam responder.
Os acadêmicos que afirmaram haver relação entre lixo e meio ambiente (169), 106
afirmaram que a relação reside no fato do descarte inadequado do lixo e 63 apesar
de afirmarem que há relação, não souberam identificar onde está a relação.
O fato de alguns poucos do total de entrevistados afirmarem que entulho,
papel higiênico e resto de comida são recicláveis, pode ser justificado pelo não
correto entendimento de reciclagem e, muitas vezes, achar que reciclagem e
reutilização é a mesma coisa. Esta dúvida sobre o que é reciclável e o que não é
também foi apontada em pesquisa de sensibilidade ambiental com moradores de um
bairro de Maringá por Georg, Matsueda e Lopes (2009). Foi listada uma relação de
51

materiais para que os discentes classificassem aqueles que são recicláveis (Gráfico
7). Observa-se que todos associam plástico, latas e vidro como “recicláveis”.
São estes materiais justamente os responsáveis imediatos pelo mercado
paralelo das cooperativas de reciclagem que sobrevive da comercialização destes
tipos de materiais, que ainda em grande parte do país, trabalham em vias públicas,
em lixões a céu aberto ou até mesmo em aterros controlados, coletando e
separando estes materiais de restos de comidas, materiais de construção, entre
outros. (COSTA; DO CARMO; MAGALHÃES, 2012).

Gráfico 7- Materiais recicláveis

Fonte: Pesquisa de campo (2017).

Entretanto, observa-se no Gráfico 7 que houve indicação de entulho, papel


higiênico e resto de comida como recicláveis (18%). Isso demonstra um
entendimento equivocado de reciclagem, visto que muitas vezes a reciclagem e
reutilização são entendidas como sinônimo.
52

5 CONCLUSÃO

A pesquisa teve como objetivo analisar a percepção ambiental dos discentes


sobre os resíduos sólidos gerados no restaurante universitário da Universidade
Federal do Amapá buscando identificar o entendimento deles sobre os impactos que
esses resíduos causam sobre o meio ambiente. A finalidade dessa identificação é
subsidiar projetos de Educação Ambiental. A metodologia adotada para realização
da pesquisa foi constituída de pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e
pesquisa de campo.
Para testar a hipótese foram aplicados 201 formulários semiestruturados com
alunos usuários do serviço de alimentação do RU. Os resultados da pesquisa
corroboram as hipóteses embasadas nas seguintes considerações:
1. Os acadêmicos consideram que as lixeiras são suficientes e bem identificadas,
entretanto a legislação vigente dá outra orientação diferente da adota pela
empresa gestora do RU. Pela Resolução CONAMA 275/2001 cada tipo de
resíduos sólidos deve possuir um recipiente de tonalidade especifica para aquele
resíduo.
2. Apesar de haver dois recipientes (na visão dos acadêmicos estão bem
identificados) não há conduta correta dos acadêmicos em relação à separação
de resíduos orgânicos e inorgânicos, visto que um elevado número de discentes
que ainda despejam seus resíduos apenas num recipiente.
3. O entendimento dos acadêmicos sobre a diferença de lixo e resíduo sólido
demonstra que os acadêmicos ainda estão construindo uma visão sobre os
malefícios que os resíduos causam ao meio ambiente, visto que parte do que é
descartado poderia ser tratado dentro do próprio RU. Ao entender que lixo e
resíduos são sinônimos, os acadêmicos deixam de praticar a reciclagem ou a
reutilização de determinados materiais.
4. Em relação ao local de disposição final dos resíduos, observa-se que há
acadêmicos que desconhecem alternativas sustentáveis para o destino dos
resíduos, visto que houve acadêmicos que afirmam que aterro sanitário, 37
(18%) é a melhor opção.
A visão equivocada sobre os resíduos sólidos implica inferir que os discentes
não têm consciência dos impactos ambientais gerados por tais resíduos. É
53

necessárias campanhas de Educação Ambiental juntos aos discentes visando


despertar neles a conscientização sobre o meio ambiente.
54

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59

APÊNDICE A-FORMULÁRIO DIRECIONADO AOS ACADÊMICOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ


DEPARTAMENTO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO
CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS

Sr.(a) Entrevistado (a),

Este formulário é parte integrante do PROJETO de TCC: PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS


DISCENTES SOBRE OS RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS NO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ. Neste sentido, os dados coletados serão utilizados para
fins científicos. Haverá sigilo do nome dos entrevistados.

Gênero: a.( ) Masc. b. ( ) Fem. Idade: ______ anos Curso:...........................................................

1. Quantas refeições você realiza por dia 8. Quais fatores determinam os níveis de
no RU? desperdício em um R.U?
a.( ) uma b.( ) duas c.( ) três a. ( ) Planejamento inadequado do numero
de refeições a serem produzidas
b. ( ) Variações no numero de clientes
2. Em qual (is) turno você frequenta o diariamente e suas preferencias alimentares
R.U.?
c. ( ) Outro. Qual:
a.( ) Manha/Desjejum b. ( ) Meio ______________________________
dia/Almoço
c.( ) Noite/Jantar 9. O que são resíduos sólidos?
a.( ) material sem utilidade
3. Qual a frequência de utilização semanal b.( ) restos domésticos
dos serviços do R.U.? c.( ) resultante da atividade de origem
industrial, domestica, hospitalar, comercial,
a. ( ) dois dias b. ( ) três dias c. ( )
quatro dias serviços agrícola e de varrição
d.( ) não sei
d.( ) cinco dias e.( ) apenas um dia
10. Há a diferença entre lixo e resíduo
5. Em relação a orientação das lixeiras para sólido?
recebimento dos resíduos a. ( ) sim b.( ) não.
Se a resposta for sim.
a. ( ) Estão bem identificadas b. ( ) Falta
identificação nas lixeiras Qual:..............................................

11. Qual o melhor local para a destinação


6. Quanto a quantidade de recipientes para final dos resíduos sólidos?
recebimento dos resíduos? a.( ) aterro sanitário b.( )
cooperativas de reciclagem c.( )
a.( ) São suficientes b. ( ) São incineração d.( ) não sei
insuficientes
12. Quem são os responsáveis pelos danos
7. Você costuma rotineiramente depositar ambientais causados pela destinação
separadamente os resíduos orgânicos e incorreta dos resíduos sólidos?
inorgânicos a.( ) a sociedade
a. ( ) Sim b. ( ) Não b.( ) setor comercial
60

c.( ) prefeitura b.( )Papel higiênico


d.( ) setor agrícola c.( ) Plástico
e.( ) não sei d.( ) Lata de alumínio
e.( ) Vidro
13. Há uma relação entre meio ambiente e f. ( ) Resto de comida
lixo?
a.( ) sim b.( ) não. Se a resposta for sim 16. Numero por ordem de gravidade os
qual: problemas causados pela destinação
incorreta dos resíduos sólidos.
14. Há utilidade nos resíduos sólidos? a.( ) Alteração da paisagem
a. ( ) sim b. ( ) não. Se a resposta for b.( ) Doenças (dengue, leptospirose, peste
sim, qual:....................................................... bubônica) decorrente da dispersão de insetos
c.( ) Assoreamento de mananciais
15. Dentre os materiais abaixo quais são d.( ) Contaminação dos solos, aquíferos e
recicláveis? lençóis freáticos pelo chorume
a.( )Entulho

.
61

APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

(Resolução 466/2012 CNS/CONEP)

O Sr.(a) está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado


“PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS DISCENTES SOBRE OS RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS NO
RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ”. O objetivo
deste trabalho é analisar a percepção ambiental dos discentes sobre resíduos
sólidos gerados no restaurante universitário da Universidade Federal do Amapá
buscando identificar o entendimento deles sobre os impactos que esses resíduos
causam sobre o meio ambiente. Para realizar o estudo será necessário que o (a) Sr.
(a) se disponibilize a responder este formulário direcionado aos acadêmicos (de
acordo com sua disponibilidade). Para a instituição e para sociedade, esta pesquisa
servirá como parâmetro para identificar a percepção que os discentes possuem
sobre os impactos que os resíduos sólidos produzidos no RU causam sobre o meio
ambiente. Os riscos da sua participação nesta pesquisa poderá ser
constrangimento, em virtude de as informações coletadas serem utilizadas
unicamente com fins científicos, sendo garantidos o total sigilo e confidencialidade,
através da assinatura deste termo.

O (a) Sr.(a) terá o direito e a liberdade de negar-se a participar desta pesquisa total
ou parcialmente ou dela retirar-se a qualquer momento, sem que isto lhe traga
qualquer prejuízo com relação ao seu atendimento nesta instituição, de acordo com
a Resolução CNS nº466/12 e complementares.

Para qualquer esclarecimento no decorrer da sua participação, estarei disponível


através dos telefones: 984054966 ou 991117673. O senhor (a) também poderá
entrar em contato com, o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade
Federal do Amapá Rodovia JK, s/n – Bairro Marco Zero do Equador - Macapá/AP,
para obter informações sobre esta pesquisa e/ou sobre a sua participação, através
dos telefones 4009-2804, 4009- 2805. Desde já agradecemos!

Eu ___________________________________________(nome por extenso) declaro


que após ter sido esclarecido (a) pela pesquisadora, lido o presente termo, e
entendido tudo o que me foi explicado, concordo em participar da Pesquisa intitulada
“___________________________________________________________________
______________”.

Macapá, _____ de _________________ de 2017.


62

_Naira Fatima de Sousa

Assinatura do Pesquisador ou pesquisadores

Nome por extenso


Instituição........
Cel: (XX)
e-mail:

_________________________________

Assinatura do paciente

Caso o paciente esteja impossibilitado de assinar:

Eu _______________________________________, abaixo assinado, confirmo a


leitura do

presente termo na integra para o(a) paciente


_______________________________________,

o(a) qual declarou na minha presença a compreensão plena e aceitação em


participar desta pesquisa, o qual utilizou a sua impressão digital (abaixo) para
confirmar a participação.

Polegar direito (caso não assine).

Testemunha n°1:_________________________________________

Testemunha n°2:_________________________________________

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