Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
E PÓS-ESTRUTURALISMO NA PERSPECTIVA
DO CONHECIMENTO HISTÓRICO
Temis tocles Cezar
INTRO I>UÇ;i.O
A E.\IERGÊ:-;C JA 0 0 ESTRln'URALIS~JO :
A OTSSOI ,UÇ;\0 DA :-<OÇÃO OE lfiST ()RIA
130 Anos 90
sentido da história. ·(... )esta maítre.>se que foi durmrte lal!to tempo ti·
râuica, wues de se tomar infiel.>
Claude Lévi-Srr.wss represenrou como nenhum outro este papel de
crítico da noção de história, embora nunca rcnh" proposto seu desap:~rc
crmcnto.• Em 1-fi~tória e Dialéllca Lé\'i-Srrauss, em cunfl ito aberto <.'Qm
Sal'lrc, sistematiza noravclmenle o que ar é e n tão vi nhn sendo lratad<) por
ele c<.>m m enor veemênci a.'
Inicialmente l .évi-Strau ss situa a importância do conhecimento hi.,tó-
rico: "o etnólogo respeita a história, ma~ não lhe dá um valor privilegiado.
Ele" concebe como uma pesquisa oomplementar à sua".' Pode-se supor que
a recíproca seja ,·erdadci r3 para os historiadores: o esl\1do sincrõnicoao abrir
o leque das socíedadc.r no esp:tço seria complemetltur ao d iacrónico. l:lr111'e-
truHO, ~cgnndo Lév i-.Str:luSs, não há um consenso nesta relação de simetria
c sim uma deliberada negação por parte dos fi lósofos da hisrória da equiva-
lénca:o resultam e cntn: a:. pesquisas hbtóricas e etno<.;r.\!icas:
l31
i~lo iníciosimpütizamos com os motivo.<; conscientes dos a to res his-
tóricos, e depois percebemos que nossa própria escolha e class((i-
cação do passado é, basicamemc, uma p rojcção da nossa própria
s ituaçâo atual. Longe de assegurar mais objetividade atral.'és da
distância, a história atrela nosso conhecimento ao círculo restrito
da nossa vida e tetnpo.10
132 Anos90
Esta condição, cuja innuência ultrapassa as fronteiras francesas,
orie ntou a recepção da análise estrutural entre os marx istas q ue p rocura-
vam allcrnativas para rea1ivar seus pressupostos teóricos desgastados pela
versão de Stalin dos tex tos de Marx.
A renovação do marxismo itúciada com o althusserimúsmo propunha
que o materialismo histórico se revestis.-;e de inflexíveis procedimentos cien-
tíficos a fim de inibir as coações ideológicas provenientes de uma práxis
cquivocadn (sralinismo). A fónnula cncontracL~ por Althusser para cfctivar
esta proposta foi apropriar-se da noção desenvolvida por Gaston Bad\elatd
de cmte epistemológico, estabelecendo uma n tptura entre a ideologia e a
ciêt\cia. Com efeito, seria possível romper com o marxismo sem sair dele;
rejeita-se o marxismo vulgar emecaniú~taque havia impregnado a história
de interpretações prodtrl.idas a partir de axiomas vagos c imprecisos, tais
como a primazia necessária do fator econó mico sobredeterminando as de-
m~is instfinci~lS org~niz.1.dorus do mundo social. 2.;
O tema do corte também deve incidi r e m uma nova leitura dos tnt-
balhos de Marx, nos quais, segundo Altbusser, fica claro a cesura entre
um jovem M arx e um Marx da maturidade: o pri meiro mais ideológico,
o segu ndo mais científico. 15
1\ releitura altbusscriana implica, por outro lado, em um afastamento
de roda e qualquer tendência historicista - de acordo com o aná tema
presentista proferido contra os historiadores por Lévi-Strauss - suplan-
tada por uma an:\Jise c mincntememc teórica e descontextua lizad<J com a
qual p rocura evi tar a associação entre a ciência hi stórica e o mundo vi-
vido e a d ecorrência lógica desta relação: o ernpirirismo.'"
Um dos exemplos apresentados por Althusser de uma leitura equi-
vocada q ue os historiadores fazem de Ma rx c que ao mesmo tempo re-
força a ati rude inovadora de sua perspectiva teórica é a seguinte :
Anos 90
turalista, mas so fre um sério deslocamento: como saber teóriC<l desvinctJia -
do de evidências e mpíricas não há m;tisconeJaçócs processua is unificadas
sob uma tem po ra lidade unitária, mas temporalidad es múllipl~•s c uj<l
consequência imediata é a elisfto de uma história g eral e o aparecime nto
de uma o utra história, o u decstruturas e.\pecificas de hisroricidade." Pan•
congrega r est;lS unidades diferenciais do saber h istórico
134 Anos 90
passíveis de urna recepção favorável. A tercetra geração dos Annalc:.
beneficiar-se-á desta uusência de rompimento.
As impl icaçõc~ da interpretação d e i\Jthussc r seguem um o utro
percurso. Na perspecti va d<t tcorü• da histó ria certa mente uma das mais
d uras c ríticas a Allhusscr partiu do historiado r inglês Edward Thom pson.
Para este a o brn althusscriana não passa de um teorismo a-histórico idett-
lista, en tre ou tros fatores. por se afastar das evidências empíric>tS, e tapa
inerente d a p rodução do conhecimento e da prática man<ista: "o estrutu-
ralismo de i\Jthus.~cr é um estrutuntlismo de cxtase. desviando-se do
método histórico do próprio Marx.''~
Não é possível reproduzir neste ttrtigo a detalhada polêmica de
Thompson com Allhusser, mas este embate teóriro parece ter comribu-
íd o, na v isão de Perry Anderson, no nú nimo para se pe nsar que
O termo pós-estru tura lismo é mais polê mico c menos dese nvolvi-
do do q ue o cstnllul·a lismo. Apontar a q ues1ão da h istória como u ma d as
possibilidades de se marcar d ifere nças conccituHiS é u rna hipótese <JUC
vem sendo descn,olvida.'•
Alguns resultados, neste sentido, já foram computados. O prefixo
pós, por exemplo, não é anteposto a expre,..~ão pós-estruturalista apenas
Anos90 135
para delimitar cronologicamente uma etapa posterio r ao estruturalismo.
O pós parece antes designar uma tendência que ainda congrega um con·
junto de variáveis e instrumentos da análise estrutural do que verdadei-
ramente um movimento reativo ou de renovação paradigmática.
N:1 realidade, por um lado quando se fala em pós-estruturalismo
pensa-se de imed iato em Michel Foucault c Jacques Dcrrida, eventual-
mente cm um s uposto segundo Roland Barthes, entre outros menos ex-
pressivos. Em comum, tan to Derrida quanto Foucault historicizam seus
objetos de pesquisa; entretanto, não da mesma forma.
Por outro lado, é preciso considerar que if posr-srructuralism
reintroduces /riswry into structuralism (01; more uccuratel)\ slrows that
effects ofhistory h ave been reduce) it also poses ques1ions 10 rire concept
oi lristory as sucil. 17
i\ recusa CJn obliterar a dimensão hi st6rica e a transiç5o d<Jgera-
ção braudeliana para uma outra geração, mais receptiva às novas tendên-
cias entre as quais as de Foucault c Dcrrkla7 confirmaria cm nteados da
déc:•da de setenta não somen te um retorno à histo ricid ade, mas umn
notória recopCW<,iâO dos pres tígio da disciplina.
Michel Foucault nunca assumiu-se plenamente como um estrutu-
ralista e não parece ter aceito melho r o rótulo de pós-estw turalista. O tà to
de não transigir em relação a conceitos desta natureza não impediu que
seus comentadores, apologistas ou detratores, o situassem o ra nos limi-
tes do estrutura lismo, ora no centro do pós-estruturalismo.
As razões para uma tal ambiguidade podem ser encontradas nos
próprios trabalhos d<: Foucault. No Ih•roAs Pcdavras e as Coisas, de 1966,
considerado seu trabalho mais próximo ao estruturalismo, bá um elogio
aberto à análise eslrutural: O estruturalisnro não é um tnétodo novo; é {l
consciêucia desperta e inquiew do sa})er modema."
No entanto, esta post ura não pode ser percebida como um indica-
dor do nível de aderência de Poucault ao programa estruturalista. A frá·
gil ortodoxia foucaldiana a ordenações cognitivas, políticas ou acadêmi -
cas revela-se na irônica resposta de Foucault a um virtual interlocutor
em um dos seus textos mais importantes: l'ários, como eu sem dúvida,
escrevem para niio ter nwis tun rosto. 1Vlío Jne pergunte que111 sou e não
me diga para permanecer o mesmo. ~•
Seria demasiado estender-se no inventário das diferenças de como
e porque Foucault é estruturalista ou pós-estruturalista. Mas uma SÚllC·
se de referenciais mínimos é elucida!iva. Foucault mantém-se atrelado a
certas premissas comuns ao es trutu ralismo, tais como a ausência do su-
jeito, a destituição do homem como objeto central das ciências humanas
136 Anos 90
c a descontinuidade histórjça; e inversamente àquele paradigma para
l"oucault a .i nscrição da historicidade cm suas pesquisas é uma premissa
inconteste, além de não mostrar-se convencido das po>-sibilidodes for -
mais apresentadas por um sisfellUl como a linguagem.3J
De modo geral verifica-se que Foucaulr procurou afastar-se gradual-
mente do cstruwralismo desviando-se de temas e investigações cujos
resttltados conduzem a invariantes universais, e que na falta de uma rne-
lhor defini~r-ão vem sendo chamado principalmente pelos norte-america-
nos de pó..~-estru turalismo.
O projeto foucaldiano em relação it história fundamentou-se teori-
camente cm 1969, quando da publicação da Arqueologia do Saber. Nes-
te ensa io, ao comenta r os novos problemas existentes no campo rnetodo·
lógico do saber histórico Foucault desarticula a dicotomia entre história
e estl'utu ra:
Anos90 137
de l'étude des n!gles du discours."" Uma histori adora lúcida como Pa·
tricia O ' Brien sen tencia:
odocuJnefltOJpois, não é mai~ para a hisró ria, essa matéria inerte atra-
vés da qual ela tenta reconsíiíuir o q;<e os homens fizeram ou disse·
rauz, o que é pas:utdo e o que dei.\-a apenas rasrtos: ela pTVCuraJ 110
próprio tecido docutucnta~. uniclt1des, conjunto!>~ séries, rela~:ões..M·
138 Anos90
q uanto a história trad iciona l memorizava os monumentos do passado
transformando-os cm documento, hoje a !Jjstôria é que transforma "os
documentos em monumentos" voltando-se para a sua descrição intrín ·
seca." A revisão da forma de intervir-se nas fontes documentais impli·
ca, por o utro Jado, uma alteração no es tatuto do próprio historiador: ain ·
da um h istori ado!~ mas com mãos arq ueológicas.
Estar-se-ia nes te plano, segundo Ha bermas, diante de uma despe-
dida da hermenêutica, posto que:
Anos 90 139
établirles séries diverses, emrecroisées, divergentes souvent mais 11011
aucononres, qui permettent de cin:onscril-e le licu de l't!~.c·éneJneru, les
marges de son aléa, les conditions de son apparition. Les 11otionsfon-
damelltales (. ..) som celles de l'évé11emem et de la série, a"-cc /e jcu
eles no1i01~~ qui leur sont liécs; regularité, aléa, discominuité, dépeJt-
dance, trcmsformation; c'est par Wl rel ensenú>le que cefle analyse des
discours à laquelle j e songe s'articule 11011 point certes sur la tlufma-
tique traditionelle que les plrilosophes d'hier prennent encore pour
l'hL~toire vivante mais sur !e travai/ effecti;f des histotiem•'
AJéro disto, para a dinâmica que movi menta este jogo os conceitos
de causas o riginárias ou n)OnOC<HISas deixam de ter sentido:Foucault nos
deu tun jogo scnrcausas. E u1n unillerso de rup turas e partSas, mas, mesn1o
assim, um universo. Ele não foi ne11Jzum atwrquista pós-estmturalisw.
Seu j ogo tem regras c um ob}elo.""
O conjunto de questões decorrentes das noções desenvolvid as por
Foucau lt acerca da história o levaram a uma renovação do seu projeto
por interméd io da introdução do conceito de genealogia. Alguns auto-
res afirmam q ue entre a Arqueologia do Saber c sua aula inaugural no
"College de France" teria ocorrido uma espécie de corte onde a análise
arqueológica seria substituída pela genealógica.•' É desnecessário entrar
nesta <.-eleuma no momento. O importame é que Foucault havia encon-
trado cm l"ietzsche um suporte teórico - a genealogia - que de modo geral
não acusa uma n•ptura com seus tnobalbos precedentes.
O método genealógico, tal como o arqueológico evita as reco rrências
e as evoluções e tem por objetivo descrever e isolar as diferenças:
140 Anos 90
porquê o s aber e o poder vinculam-se e através de que dispos itivos for-
mam suas estratégias de atuaçiio. O exercido do binômio poder-saber
efetiva-se historicameme segu ndo Foucault sobre
Ano~90 141
(...) vocês podem conlinuar a explicar alris lúria como sempre o fi-
zeram: sontente, atençdo: se obsen·arent com exatidão, despojan-
do os esboços, verificarão que cxislcm mais coisas que de•·em ser
explicadas do q ue ·vocêspensav(J)n; existem contornos bizarros q ue
não eram percebidos. 49
Outros, menos devotados que Veyne, dizem que se Fo ucault faz his-
tória nito é uma boa história, é passional, genéri ca, sem método, fo ra os
descuidos cronolúgicos. A estes historiadores Foucaull respondia com iro-
nia: f.lão sou um historiador profissional - IIW."i ninguénz é perfeito .~~'
Foucaull, filósofo por formaçito, revi\'e - em uma analogia fo rçada -um a
espécie modernizada do dilema do Proudton no século X [X, que de acor-
do com Marx passav<1 por bom filósofo e mau economista na França, en-
quanto na Alemanha passa por mau fi lósofo c bom cconomist<L Foucault
seria entre os historiadores antes apenas um filósofo e não um historiador.
e ao que tudo indica. para os filósofos scri<l mais um historiador do q ue
um filósofo.
Ta l como Marx fez em relação a Proudhon, só que em sentido inver-
so, é preciso protestar contra este duplo erro. Foucault tomou-se para os
his!oriadores sell(io um modelo, pelo menos uma mâ consciência/ ' par-
que rompeu com os !.imites (Lem{tlicos mas também epistemológicos) a que
estava submetida a disciplina histól'ica e parece difícil hoje ignorar sua
conlribuiçiio.lncondicionalmente aceito ou totalmente rejeitado, talvez os
historiadores não tenham atingido o idea l metodológico que o próprio
Foucaull reivindicava para s i: quanto a mim, os tJutores que gosro) t~u os
urilizo.52 Lê-lo c ntilizft-lo mais do que cit;:l-lo, eis a questão.
C O /\SIDERAÇÓES Fl!\AIS
142 Anos 90
cional às suas variaçócs tcm<itiC<ls em implicações relalivas à produção
do conhecimento histórico.
Neste sentido, muitos historiadores na m~ior parte das vezes de
extração marxista. atribuem ao I>Ó~·~truturalismo os signos do irracio-
nalismo, da condição pós moderna ou de mero epifcnõmeno dos modis-
mos intelectuais com os qu<ÚS. segundo eles, os franceses nos brindari-
tun de vez em quando.
ent re tanto. ho uve criticas ao estruturalismo e 110 pós-estruturalis-
mo CJUC ultrapassaram o rúvcl ncintu:.umemc prcconccituoso ou antiacadê-
mico. Em primeiro lugar, a répl ic.1 de Pcrry Anderson ao estrutu ralismo
e ao pós-estruturalismo continua sendo Ulllll referência obrig atória e
apropriado dos historiadores assumidamcnte marxistas, embora mereça
reparo~. Em segundo lugar é preciso vcriricar a validade da inserção de
1-oucault ou do pós-estruturalismo como rcpresentame da pós-modcrni·
dadc c ad,·crsário da razão. Ambas as que~tõcs ~crão apenas expostas
com a intenção de contr..1star com as duas panes descnvol"idas até aqui.
Anos 90 143
para ele congregam tanto o estrutura lismo q u anto o pós-estruturalis mo
em um campo comum, onde ocorreu a batalha e houve a de rrota p ara um
exérc it.o cujos argu me ntos nfto parecian1 muiLO convinccnLes.
1) 11. c xorbitação da linguagem. De acordo com Perry Anderson, as
re lações em re a língua e fala constituem uma bússola aberta para mapear
as diversas posições da estrutura c do sujeito t\0 mu ndo exterior à lingua-
gem po r três razões : a) as es truturas ling(iís ticas tem um coefid c ntc m uilo
baixo de mudan ça histórica q uando comparadas as dem ais estrutums so-
ciais; b) a língua é congenitamellle inventiva: o sujeito é livre para falar,
enqu anto as o utras práticas são c oagidas por re gularidades c a leis d e es-
cassez na tural, sendo que os efeitos da fala na história são quase nu los; c)
o sujeito da fala é axiologicamente ind ividual, e nquanto os s ujeitos re le -
vantes nas outras estrutt1ras sociais são <.:Olclivo:): cxércilo, nação~ classes,
grupos. e tc. D es te modo, so mente a ação de stes sujeitos é que alteram e
modificam as estruturas. Ou sej a, não há como le gitimamente tra nspor os
modelos lingiiísticos para o processo h istó rico-'S
2) A te nuaç.'ioda verdade. A dicotomia queSauss ure opera no interior
do signo entre significante (imagem acústica) e signific ado (conceito) teria
nas v ersões estrutural e pós-estrutural sofrido um deslocamento que g radu-
almente foi gerando uma megalomcmia dosignificante. Isto é, cmre as pal<t-
vras c as coisas haveriam múltiplas correspondê ncias: o real do ravante per-
de seu referente concreto. l'erry Anderson vê nesta assimetria a impossibi-
lidade de se dislingt1ir em uma pesquisa o que é ve rdadeiro c mo q ue é falso,
premissa."> funda me mais "de qualquer conhec imento racional"."
3) A causalização d a h istória. Efeito da ada ptação do p aradigma
ling iiístico às ciêndas humanas ~~ idéi a d e causas determ ináve is se en -
fraq uece em detrimento dos jogos da d ifere nça, sentido. significado. A
caus alidade deixa de ser pensada como nexo ncccss~rio para se construir
a in teligibilidade do processo hisrórico ."
A conclusão de Perry Anderson é de que as armas do e s truturalis-
mo c pós· cstruturalisrno eram mais virtuais do que reais, e que fica ram
devendo respostas para a s questões pelas qua is tanto se criticou o m<Jr-
x ismo . Na verdade "ocorreu pouco CJúrentamento d ireto e autêntico e ntre
os dois antagon istas", havendo de fato ';unta adaptação passiva ~lS n10 ..
da s e d isposições predominantes nn época.".5 '
S eria impossíve l no s limites deste a rtigo e s tabelecer uma tréplica
a Perry Anderson e espe ra -se q ue a leitura do s pontos an te rio res a renham
induzido avan! la leure. Conrudo, fica claro que l'erry A nde rso n man-
tém-se atrelado a uma concep~'âo segundo a qua l criticar o marxismo é
afrontá-lo. ainda que por ingenuidade ou infidelidad e.
144 Anos 90
II - I-Iabermas em 1980 pmfere uma palestra intilulada Modemida-
de- w11 projeto incompleto na qual identifica três tipos de conservadores:
J) os velhos conservadores (pré-modernos) q ue pretendem uma volta a
um período <lntcrior à mod ernid ade; 2) neoconservadores (pós-modernos)
que rejeitam os conteúdos subversivos da modernidade mas apóiam suas
estruturas sociais, inclusive a aplicação da ciêncüo c da técnica para es ti-
mu lar o crescimento econõmico; 3) jovens co nservado res (antimodemos)
<1uc se opõem à razão instrumental associada a modcrnidade atravésde um
princípio transcendente <."'mo a vontade de poder, o Ser o u a força dio nisíaca
do poético, onde encontram-se ButaiUe, Derrid a e Foucault."'
Em 1985, Haberrmas redefi ne a posição de Foucau lt a partir de sua
teoria definida agora: c 0 1n0 une rlléorie fXJSt -modenre.u.1 Para o f ilósofo
alemfto a pós-modernidade divic;le-sc agora em pós-mode rnidade neocon-
servadora e pós-modernidade a narquista: a primei<a rejcit~ ~modernidade
cultural e apóia a modernidade social; a segunda realiza uma d upla rc-
jciçáo c é nesta <IIIC é enquad rado l'oucauJL
A noção de modernidade para Ha bermas ta mbém divid e-se cm dois
blocos: a modernidade c ultural que se caracteriza pela d essac ralização
das v isões d e m undo tradicionais e sua su bs tituição po< esferas axioló-
gicas diferenciadas, reg id as pela ratito c sujeitas à ação consciente do
homem; a modernidade social caracte riza-se pelos complexos institucio-
nais (Estado e economia) c co rresponde ao processo de btuocrat ização
d a sociedade.
O ponto ce ntral d a divisão da modern idade e pós-modernidad e é
port<t nto a modernidade c ultural admitida pela primeira e negada pe Ja
segunda. T amhém '' aceitação e rejeição su bdiv idem-se cada qual e m
a preensões conservadoras ou críticas. Consequentemente aqueles q ue
aceitam a modernidade cultural e a social ao mesmo tempo são conser-
vadores ; enquanto aqueles que aceitam apenas a modernidade cultural
e nvocam a razão iluminista para denunciar a perversidade da moderni-
d ade social são os críticos, onde se si tu;oria o próprio Habe rmas. Já aqueles
q ue rejeitam a modernidade cu ltural em nome de valores pré-capitalis-
tas c defendem a modernidade social são pós -modernos conservadores;
por outro lado, os q ue rejeitam a modernid ade cultural justificando o a to
pelo fato de a razão iluminista ser um s imples agente da dorninaçiio, e
nega m a modernidade social por ser o locus da re pressão políti ca econô-
mica são os pós-modernos c ríticos, e aí esta ria Foucault-
i\'(as quais são os argu me ntos p:lr;.• H verten1e pós-estruLuralista
centrada em Foucault se r considerada pós-moderna? Parece inquestionável
que Foucault é \ l lll crítico mas isto não bastaria para classificá-lo como pós-
Anos YO 1'15
modemo. Rouanct enumera quatro contra-argumemos :
1) Foucauh não contes ta o iluminismo mas sua filantropia. Se para
ser moderno é preciso acreditar na bondade dos reformadores iluministas
é necessário " cassat· as credenciais de Marx", que denuncia a parciali-
dade da ema ncipação conduzida pelo idcãrio iluminist a em favor da
domin<lÇãO de classe bmguesa;
2) Foucaul! não pretendeu destruir a ciência, e sim mostrar os con-
d icionamentos pré-científicos de cada campo de saber (as contlgu rac;:ões
de podet) e sua utili zação extra-científicos, o que csi<Í na melhor tradi-
ção da filosofia não-positivista. Propõe à historiografia tradicio nal uma
arqueogenealogia que atenda a princípios de cientificidade pelo menos
tão exigentes quanto os aplicados a ciências tradiciomlis;
3) T<l l corno Marx desconfia do progresso burguês, Foucault des-
contla da própria noção de progresso. Segundo Rouanel, acreditar na idéia
de progresso fonn ulada teoricamente pelo iluminismo é ser infiel com a
prÓpria modernidade no que ela tem de mais profundo: a capacidade de
aprender com a experiência. Nérn disso, a crença cm uma bistória con-
tínua condu7. a expectativas finalistas e futuras através das quais a luta
presente é amortecidt>.
4) Foucault por fi m, para Rouanet, não foi um niilista, porque lu-
tou pela reforma penal, contra os regimes autoritários c as instituições
repressoras. Foucault se auto-insere na tradição de Kant à escola de Frank-
furt, passando por Nietzsche e Max Weber. Te ria s ido e nfim um pe nsa-
dor moderno pela sua visão crítica da sociedade, mas como não situa
cl aramente sua obra dentro da modernidade produz interpretaçi'les plau-
síveis como a de Harbcrmas . Desta forma, para Rouanet o Foucault pós-
Jnoderno se evaporo6 1
Em sentido semelhante mas de modo m;tis geral Andreas Huyssen
afirma que
14ú Anos90
Em termos históricos, entretanto, a qtte!;tào da p6s-modcnúdadc
conlioua sendo mais comumente associada ao pós-estruturalismo e ao
retorno das teorias narr;.ujvus ;,tos domínios d0:s csLUdos ltislóricos. De
acordo com T- Hutcheon : (.._j i! is narrative rlutl mosr clearly m ·erlaps
willt 1he concems of posimodem fiction a11d th.eOJy"
Esta j(i é uma questão correlata, mas que surpreendentemente vem
sendo mais discutida entre os historiadores do q ue foi a própria análise
das relações do saber histórico, o cslnllurillismo c o pós-estruturalismo:
de cena forma. os códigos teóricos queape11aspossibilitaram um repensar
na historiogntfia conten1porânea.
NOTAS E RE FEilli'<ClAS
Anos 90 147
7. De LÉVJ-STRAUSS, C, ver "História c Dia lética", in -0 Pet~samemoSelm
gem. S P: Nacional, 19i6. ·'Ra~a e his tória" (1952) e "O campo da antropo -
logia" in - Amropologia estrutum/11. R .I.: Tempo Brasiliense, 19i8. "His -
tó ria c etnologia" ( 1949) in - ltntropc!ogia Esrmtuml. lU. : 'lc rnpo Drasili -
cnse, 196 7.
8 . LÉVI-S TRAUSS. " História c Dialética, op. cit. p. 292.
9. I dem. O livro de Sanre que Lé vi.Strauss refere-se c cril ica é ((Crilique de la
Raison Dia1ctiquc: Vol. l Tbéorie desenscmblcs pratique.~". Paris: Gallimard,
1960.
10. MERQU !O R , J. G. o p. c it. p. '1'1 I. E. Carr, cm ao·tigo publicado em 1961,
ofercc<: ~ sem considerar em nemhum rnomcnto a crítica cstruturalis1a, uma
análise que se tornou clássica sobre as relações entre o histori ado r~ fontes c
fatos . VerG\ RRt E. H. •fo histori ador e seus fatos" ioQueéhi.o;tól'ia ? RJ:
Paz c Terra, 1978, pp. 't1 -29.
1J . LÊVI-STRAUSS, C. '·Histcíria c Dia lCiica" op. cit. p 294 .
12. Idem. p. 296.
13. MERQt;JO R. op. cit. p. 113.
14. ;\ noção de "Corte epistemológico=' foi influenciaria por Ga.o;ton Bachclard.
Ver BACHEI.ARD. O. Epistemologia. RJ: Zahar, 1983, p. 16. Segundo E.
T hompson "a cesura epistemológica": com Ahhusscr: é uma cesura com o
autoconhççinwnto <lisçiplinado e um sa lto na au to-gcra~ão dt) conhecimen-
to, de acordu com seus proccdünentos rcório.Js. isto é, um salto para fora do
conhecimento c para dentro da teologia" A :\1iséria da Te01·in. RJ: Zahi.l r~
1981, p. 43. Sobre a importância c crítica de Altlousscr, ver I'URET, 1'. op.
d t. p. 55 c V 1LAR 1 P. ~'1-IisEória marxista, hist6ria cm construção.. i n LE
G OFF, JJNO RA, P. (org).llislóri(t.' no vos p rol>lemas. R.l: F. Alves, 1988,
p. 152. Sobre o marxismo vulgao·, ver I !OBSI3AWM, E. '' r\ contribuição de
Karl !'"larx pa.ra a histografia··. in BLACKB URK, R. (org) ltleologia na crl-
tica social: ensaios criticos sobre a teoria social. lU : Paz. c 'l(::rra, 1982, pp.
248-249.
15. Al:I'H USSER, L. A favor de Marx ( pour Marx) . RJ: Zahar, 1979, p. 24. O
marco desta " irada seria o livro "A Ideologia A lemã" de 184S, nãn publi-
cado d urante a ' 'ida de Marx.
16. Ver ,\ LTH l;SS ER. LJ BALI BAR, E. Para leer e/ capital. México: Siglo XXI,
1978, pp. 116-130.
17. ALTHVSSER, L. Sobre o rrabafho teórico. l.isho a: Presença. 1988, pp. 40-
4 1.
18. Ver DOSS ER, P. op. c it. vol I, p. 340.
19. A LTHUSSER, L. op. cit. ('19 79 ) p. 174.
20. Idem, pp. 202-203. Segundo P. Anderson t>ara Althusser" ns trabalhos de
Luckác~ Korch. Oramsci. Sar1re, Goldmann; Dellil Vo1 pe e ('..oltetti eram
suscetíveis de serem classificados como variantes do lris tnricismo: ideoJo..
g i<~ na qual a sociedade se lransfonna nu ma totalidaclcexpressiva circular. a
hislória nun1 fluxo homogênco Oc tempo lincart a filosofia numa auto-cons-
148 Aoos90
ciência do processo histórico, a luta de classes> num c()mhatc de s ujeitos
coletin)S, o capital ismo num universo csscncialmcnl.'é definido pela aliena·
ção: o comunismo num estado de verdadeiro humanismo para lá da aliena-
ção"'. Cnnsideraç6es sobre o marxismo ocidental. Porto: A frontamen1o. S/
d . PP· 92-93 .
21. O conceito de estrutura hraudel iano cncon1ra-se cm ·• História e Ciência
Sociais: a lo nga duração'' in BRAUDE L, F. Escritos sobre " hislóáa. S I' :
Perspectiva, ·1978, p. 49. 13rauclcl afirma que tentou "mostrar, não o nso di-
zer demonstra(, que toda a nova pesquisa de Claude l .évi-Strauss só é coro-
ada de êxilo quando seus modelos navegam nas águas da longa duraliào."-
" Hi stória e S cx:iologhl"', in BRAUDEL, F. o p. cil. p. 107. i>a.a F. Dossc Brau-
del .r tem o mérito de 1cr-sc rcapropriado da noção de estrutura c de lhe 1cr
dado a dimeos5o temporal: ( BRAUDEL, F essa.-. esjruwras históricas sâo
desr endth·eis lle certa maneira Jlh!/Zsuníveis: Srt<t duração J a m edida (
BRAt.;D EL, f. Cirili.tation matérielle, J::couomie el capiwnwre. A . Col in,
1979, T2. p . 4 10).'' DOS SE, F. i\ história em m iga/lws: dos Annnlcs à Nm>a
H istória. S P: Ensaio, 1992, p. 146. Já para K. Pomian " l'ernand Braudel
montreque J•histoirc loin dcs'cnferrner dane I 'étude des événcmcnls, cst non
sculcrnem capabJe de dégagcr tcs srtucwres, mais que c•e.o;;.t à cede tâchc
qu 'c li c duil s 'inléresser en premier Iieu."- " L' histoirc dcs struclurcs" i n LE
GOFF, J. (dir) /.-<~ Nouvelle Hisloire. Pa ris: Complcxc, ·1988, p . !09.
22. T H0\1PSON, E. P. op. ci t. p. 13. l'crry Andcrson avaliou a crílica d e T homp-
son a Allhusscr em seu livro Argumeuts within eng lish marxism. London:
N LB a nd Verso, l9SO.
23. A NDERSON, P. A crise: da crise do marxismo. S P: Brasiliense, 1984, p. 31.
24. Ver A LTJI USSER, L /..enin and phi!osophy . Lo ndon: Newle ft Books, 1971.
pp. 22-22. Ver também ;\ NDF.RSON, P. op. cit. 1984, p. 45.
r.
25. Ver DOSS E, Hislória do Eslmt!lra/ismo 2: o canto do cisne, de 1967 a
'!ossos dias. S I' : Ensaio, 1993, pp. 209-218.
26. E o caso de Bcn nington c Young; •· Thc question of thc rcl:.ltions bctween
sr luctu raH.s.tn, post-structuralism and histOf)' is (herefore an cxtrcmcly com-
plcx onc~ and the purpose of 1his volume is to bcgin to siwate and untanglc
itsc<>mplcxities by engaging with it in a numbcr o f intcrrelated wnys: ( ... )."
o p. cir. p. 02.
27. Idem. O grande ausenlc deste tó pico é Jacques Derrida porque s ua apreen-
são pelos historiadore-S ainda é recente c pouco desenvolvid:t. Sohrc Ocrri-
tla ver OOSS E, f . op. cit., vol 2 . i\1TRJDGE, D., DENNIKGTON, G. and
YOUNG, R., op. cit. E do próprio Derrida ver Gralllltlologia. SP : Perspec-
tiva, 1973. DERRIOA, J. A escriwra c a dijàençfl. S P: Pcrspccliva, 1971 .
28. fOUCAULT, M .As p alavm s e <IS coisas. SI' : :-·Janins Fontes, 1981, p. 282.
29. FOUCAULT, M./lrqueo!ogia do S <1ber. RJ: J'Q,·ense, I 987, J). 20. S egundo
A llan 1'-·1egili " Foucault does not so much have a position as a number of
succcssivc positions." in ~ The reception of Foucauh by Historians." Jour·
na/ nf lhe history of i<let•s. 48 ( !987): p. 255.
Anos90 149
30. Trecho de uma entrevista de FouC(Iult citada em 1\lERQL:IOR. J. G. M ichel
Foucau/(, ou o niilismo de cátedra. RJ: L'ova f-ronteira, 1985~ p . III . HaydCil
\Vhitc dcsconsid cm esta observação do p ró prio Foucault c o situa como o fi-
lóso fo princi pa l do mo \·imento estruturalista fr:ltlcê..o; por part i Ihar •· wilh Lé v i-
Strauss and Lacan a.n intereS1 i.n tbedcep structures of human co nsciousncss a
oonviclion tha1 srudy of sueh decp s1 ructures nl usl bcgin wilh an analysis of
languagc! and a conccplion of l anguagc \..,. hich has i1s origins in lhe w ork of
thc rccogoizcd falhcr of structural linguis.lics. Fcn.Jinand de Sauss urc." - F<m. .
caul! dccodcd : note.~ from undcrground'·. in WH ITE, H. Tropics ofdiscourse.
Baltimore nnd L<.mdon: TheJohns Hopkins Uni,·ersity Press. 1990, p. 230.
3 1. FO L!CAULT, M. o p. ci1. 1987, p. 13. Ko mes mo sem ido Paul Vc ync diz <juC
'· a oposiÇ{lO diacro ni a-sincroni a, gêncse-cstrutt•ra, é um fal so prob lem a" - ··
Fouca ult revol ucio na a hist6ria ~' in VEY N E~ P. Como se escren! a história.
B rasília : EUnB. 1982, p. 173.
32. Ver BARTHES, R . Essais cr i fiques. Paris: Edit ions du Seu ii, 1971. p. 17 1.
r.
33. DOSSE, ' ·I>ouca uh face 1t l'histoirc". ln li.waces{ femps. 30!l9S5, p. 12.
34 . O ' B RIEK, P. " História da Cultura de Michel F'o ucault". ln HUNT, L. (org).
i\ JU'JVa história cu!turtd. S P: Martins Fon1e-s, 1995, pp. 33-3·L
3 5. T'O UCAIJLT. M. op. cit, 1987. p. 0 7.
36. Idem.
37. Sobre •·os doct• mcntos transformado~ c m rnonumcnlos"'. Ver Idem. p. OS.
Sobre o co nce ito d e ·'arq uivo '' ver idem p p . .14R-1 5 I .
38 . HAB ERMAS, J. " Les sdenses humaines dérnas q uécs par la critique de ta
raison: Fo ue-au ll'' in- /..(! di.scmll's philosoplliqLte de la modet·nitt!. Pa ris :
Gallimard, 1988, p. 296.
39. MEGJLL. A, " Foucault, s truclura li sm and thc cnd of history" in.Joumal o}'
Mm/em 1/is tmy. no 5 1i09 - 1979, p . 4S7.
40. Fo ucautt d iria que jamais apresento u ··a :trquco logia co mo uma ciêocin ( ... )
mas, em q uase lOd~lS as suas dimensões e c-m quase todas as suas arcscas, a
empresa relaciona-se a ciências~ a anál ises de tipo cicntífi.co ou a teu rias que
respondem a critérios de rigo r: · op. c il., 1 987~ p. 234.
4 1. FOUCAU L:r. M . l.'o rd re d u di.<co11rs. Paris : Gallimard. 1971, pp. 58-59.
42. O'BRIEK, P. op. cit.. 1995, p. 58 .
43. Ver DR EYFUS. 1-l!RABINOW, P. Michd Fo<~w11lt: /Jeyond stmCt11ralism
tmd hermeneutic~·. Chicago; 1'hc Univcrsily o r Chicago Prcss ~ 1983, tam~
bém OOSSE, r.op, c it. 1993, vo l, 2. MEROUIOR, J. G. op. cit., 1985. Suhrc
a ge nealogia ver FoucauH, ·1971, pp. 62 .. 72.
44. FO UCAULT, M '·Nietzsche, a genealogia e a história· in - Micr·o{isicn do
Poder. RJ : Graal. 1984, pp. 15-16. Obs: os grifos s õo citações e xll'a ídos de
Niw:sc heem J-1. D. 1·1 § 3. Ver também O 'BR IE N, P. op. cit. 1995. p. 49 ,
Segundo t JabCi ma.s: ··L'historiu~~raphic généalogi4uc fait lahle r..1sc non seu-
lc men1de l' autonomlc tlcsdiscours cn autorégulation. mais encorc cle la .su ite
epoquale ct dirigêe dc.s formes globales du savoi r' ' . ··Aporics d ' une théorie
du pou,·oir'' in- op. cit. p, 318.
150 Anos 90
45. Jdem. p. 22. ·· 111c gcnealogist is a dirtgtlO,Siician wbo concenfratcs on thc
re lationsofpowcr, knowlcdge and thebody in modero society". DREYFUS.
J-liRABI~OW, P. op. cit. p. 105.
46. FOL:CAULT. 1\,1 , Vigiar e punir. PctJ6polis: VO?~. 1984. p. 28. Para 1l.Urc) fus
e P. Rabioow <'lgum a~ análises conlidas cm Visiar e Punir como a i<lói:l etc
organizaçtio espacial ~o anal<>gias quase pcrfeila.s das definições através \.lOS
quajs os pensadores cstruturalista.•ç francc:-.es cnconlrarnm princípios univer-
sais: ..as. wcsnwearlicr. Fouca.ult wrote "TI\Cordcroflhings··as an :.rchenlogy
os srtucwrolism. \\'c are rcadiog "Discipline antl punish" broadl} as a genea-
loJ,')' of structuroliSI discoursc and associatcd prn<:ticcs". op. cit.. p. 155. Já I"''''
Habermas "dans la généalogie de Fouc<~uh, l cpou>'Ciir est d'abord synonymc
d'une purc tonetion structuralis1e". op.cil., pp. 302-303.
47. Idem. p. 30.
48. FOUCAULT. :0.1. Verdade c poder, op. c it. p. 05.
49. VEY NE, 1'. op. cit. 1982. p. 160.
50. MEGIIL, A . op. cit.. p. 117, citado também cm O'BRIEN, op. c it .. 1\195, p.
37. Outros crít icos no trabalho de FOUCAUL:l~ cm sentido mais geral en-
contram-se cm SA H.UP, ~1.A n imnwluctnry guide to post-Slructurtdism muJ
JWSI modemi.<m. Athcns. Ocorgia: U. Georg ia Press.I9S9, pp. 88-95.
51. GRISET, Á. "Poucaull. um projeto histórico" in I.F. GOFF. J. cl ali i. A r\O\ a
hi•tória. Lis.bon: Fd. 70. 1986, p. 59.
52. FOUCAUt.:l: M. -Sobre a prisão" (cnlrcvrMa) in • op. cil., 198-1, p. 14).
53. ANDERSO!':. P. up. cit .. p. 38.
54. Idem, pag. 43. O autor ha" ia defendido n contrihuic;ão de Alhusscr cm op.
cil. 19SO.
55. Idem. pp. 47-52.
56. Idem. pp. 52·55.
57. Idem. 1' 1'· 55 -59.
5!!. Idem. pp. 65-M.
59. HABER~lAS. J. "Modcrnity ·ao incomplctc project" inAmi-esthetic.>·l:.s·
sttys on p()::.l~mOtlt!rn culuue. Port10wserd: 8ny Pres..", 1983.
60. HABERMAS. J. op. cit. p. 338. 19S8. A análise que seseguee<tá largamcn·
te base:rda cm ROUAKET. S . P. " Foucaull c a modernidade~ in . ,1$ ra:()cs
do ilumi11i.wro. SP: Cia das Letras, !987. pp. 217-22S.
61. ROUA~ET. S. P. op. dt. p. 223. Mark Posterconsidcra que ~Fcucault is thc
only poststructuralist who activcly souglu lo a.$..~iatc hi.s ' "'ork w ith th:n of
the Frankfurt School." Critica i tlteory mui PQjiStructuralism. lthaca: Cor-
neli University Prc;,. 1989.
62. HUYSSF.N. A. ' ·Mapeando o pós-moderno" in- HOLLANDA, H. B. (org.)
Pás-modemis mo "política. RJ : Rocco. I '191, p. 60.
63. HUTCHEON. L. " ll iSioricizing lhe postrnodcm: TI1e problemal izi ng ufhb-
tory'' in ·A fXJi!IÍ<:i o[posullodemism: history, theor}, fiction. USA: Rou·
tledge. 1987. I'· 96. A bibliografia sobre a quc;tão já é bem signitlcativa c
polêmica. e seria dcm:c.iado lislá-las neste c>paço.
Anos90 151