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1. INTRODUÇÃO
1
Figura 1 - Sedimentação em proveta
2
De acordo com Gomide (1980), um ensaio de decantação feito através do teste
de proveta fornece os dados necessários para traçar a curva de decantação, dessa forma,
pode-se dimensionar o equipamento. O projeto de um sedimentador baseia-se no
cálculo da área de decantação (S), obtida pelo quociente da vazão volumétrica da
suspensão alimentada (QA) pela velocidade de decantação (u), obtida
experimentalmente, de acordo com a Equação 1:
QA
S= (1)
u
a) Coe e Clevenger
1 1
QA C A ( − )
C CE
S= (3)
u
b) Kynch
Esse método permite, por meio da curva de decantação, calcular diversos pares
de concentrações e velocidades, para então calcular a área do sedimentador, como segue
abaixo:
Zi −Z
u= (4)
θ
Zo Co
C= (5)
Zi
1 1
QA C A ( − )
C CE
S= (6)
u
c) Talmadge e Fitch
QA C A θ E
S= (7)
Z o Co
d) Roberts
1 1
QA C A ( − )
CC CE
S= u
(8)
3
Sendo:
Considerando que:
ρs = massa específica do sólido (kg/m3)
ρ = massa específica do fluido (kg/m3)
ρsusp = massa específica da suspensão (kg/m3)
θE − θC = tempo de residência do sólido na região de compressão (h)
HT = 1,5 + H (11)
2. CAMPANHA EXPERIMENTAL
2.1. Materiais utilizados
Os materiais utilizados no experimento foram: duas provetas de diferentes
dimensões, balão volumétrico contendo uma suspensão de carbonato de cálcio a 30 g/l,
bastões de vidro, tiras de papel, cronômetro e régua.
4
foram transferidas para a primeira proveta. A suspensão foi novamente agitada e, então,
450 ml foram transferidos para a segunda proveta, enquanto o volume previamente
transferido para a primeira proveta era agitado com o auxílio de um bastão de vidro, a
fim de impedir que os processos de sedimentação se iniciassem em momentos
diferentes.
Após a transferência do segundo volume de suspensão, a agitação na primeira
proveta foi interrompida, e a sedimentação se iniciou em ambas as provetas. Com o
auxílio de um cronômetro, foram registradas as alturas da interface entre o líquido
clarificado e a zona de concentração uniforme em determinados instantes, em tiras de
papel coladas externamente a cada uma das provetas. Durante os 4 primeiros minutos, o
intervalo de tempo entre dois registros sucessivos da altura da interface foi de 20
segundos; durante os 6 minutos seguintes, o intervalo foi ampliado para 40 s;
posteriormente, o registro passou a ser realizado a cada minuto por 34 minutos; em
seguida, de 2 em 2 minutos por mais 8 minutos; e, então, de 4 em 4 minutos por mais 8
minutos. Dessa forma, o procedimento de registro periódico da altura da interface foi
realizado por 1 hora após o início da sedimentação. Finalmente, foi registrada também a
altura da interface no dia seguinte. Dessa forma, foram registrados, no total, 63 valores
da altura da interface em diferentes instantes; esses valores foram medidos com uma
régua, para que fossem construídas as curvas características de sedimentação.
3. Resultados e Discussão
Para cada uma das provetas, foi construída a curva característica de
sedimentação, que relaciona a altura da interface ao respectivo intervalo de tempo
decorrido desde o início da sedimentação. A Figura 3 ilustra a curva referente à proveta
1, enquanto a Figura 4 representa a curva referente à proveta 2
20
15
10
0
0 1200 2400 3600 4800 6000 7200 8400 9600 10800 12000 13200 14400
Tempo (s)
5
Proveta 2 - Variação da altura da interface no decorrer do tempo
25
20
Altura da interface (cm)
15
10
0
0 1200 2400 3600 4800 6000 7200 8400 9600 10800 12000 13200 14400
Tempo (s)
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Para o ensaio 2, os valores calculados foram:
𝜃𝑐 = 1860 s
𝑢𝑐 ≈ 0,00292 cm/s
𝐶𝑐 ≈ 50,62 g/l
A ≈ 116,45 m²
Em seguida, foram calculadas as alturas dos sedimentadores industriais, a partir
da Equação 11. O valor utilizado para a área, em cada caso, foi o valor obtido na etapa
anterior para o ponto crítico de cada uma das curvas. Os valores utilizados para as
densidades do líquido (água) e do sólido (carbonato de cálcio) foram:
Carbonato de cálcio: 𝜌 = 2,71 𝑔/𝑐𝑚³
Água: 𝜌′ = 1,0 g/cm³
As densidades médias das suspensões foram calculadas, em cada caso, a partir
da média ponderada das densidades do sólido e do líquido de acordo com as suas
respectivas frações volumétricas no lodo espessado. Dessa forma, foram obtidos os
seguintes resultados:
𝜌𝑚1 ≈ 1,058783 𝑔/𝑐𝑚³
𝜌𝑚2 ≈ 1,054408 𝑔/𝑐𝑚³
Os valores de 𝜃𝑐 , em cada curva, correspondem ao tempo decorrido até o ponto
crítico. O valor de 𝜃𝑒 para cada um dos ensaios, por sua vez, corresponde ao valor do
tempo decorrido até que a interseção entre a reta tangente que passa pelo ponto crítico e
a reta horizontal que passa pelo valor da altura do espessado obtido no final do
experimento. Os valores obtidos para 𝜃𝑒 foram:
𝜃𝑒1 ≈ 3500 𝑠
𝜃𝑒2 ≈ 3367 𝑠
A partir da Equação 11 e dos valores obtidos nas etapas anteriores, a altura de
cada sedimentador industrial foi calculada. Novamente, foram utilizados os valores de
50 m³/s e de 30 g/l para a vazão e a concentração de sólidos da corrente de alimentação,
respectivamente. Para o primeiro ensaio, o valor obtido foi de aproximadamente 1,535
m; no segundo ensaio, o valor obtido foi de aproximadamente 1,563 m.
𝐻1 ≈ 1,535 𝑚
𝐻2 ≈ 1,563 𝑚
Os desvios entre os valores obtidos para a velocidade média de sedimentação e
as dimensões do sedimentador projetado a partir de cada ensaio cada ensaio se devem às
diferenças que as provetas utilizadas apresentam quanto ao formato e,
consequentemente, às suas respectivas áreas transversais. Na proveta 2, o mesmo
volume de suspensão atingiu uma altura menor, em comparação com a proveta 1. Dessa
forma, não se trata de um procedimento realizado em duplicata; os resultados obtidos
em cada um dos ensaios devem ser avaliados separadamente. O desvio médio entre as
alturas das interfaces em cada proveta, ao longo do experimento, foi de
aproximadamente 0,458 cm.
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4. Conclusão
A partir dos procedimentos experimentais realizados e dos resultados obtidos a
partir da análise dos dados coletados, verifica-se que o método de Kynch pode ser
utilizado para determinar as dimensões necessárias de um sedimentador a partir de um
único ensaio de proveta, de acordo com os valores da vazão e da concentração de
sólidos na corrente de alimentação. Verificou-se que houve desvios significativos entre
os valores obtidos em cada ensaio devido à diferença entre os formatos das provetas
utilizadas; portanto, não se trata de um procedimento realizado em duplicata.
Outros métodos, como o de Talmadge-Fitch, permitiram a obtenção de
resultados mais exatos; entretanto, a partir dos dados experimentais coletados, não foi
possível identificar com clareza o ponto crítico por meio de uma curva de Roberts, o
que inviabilizou a utilização desse método.
A realização do procedimento em duplicata, com a utilização de provetas de
mesmas dimensões, permitiria a construção de uma curva de sedimentação de melhor
qualidade e a identificação de eventuais outliers entre os dados registrados. Além disso,
a coleta de maior número de dados experimentais (por mais tempo após o início da
sedimentação) também constitui uma possibilidade de aprimoramento dos
procedimentos experimentais, pois houve variação significativa da altura da interface
por mais de 1 hora. Dessa forma, seria possível construir a curva característica de
sedimentação de forma mais exata.
5. Referências
CREMASCO, M. A. Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecânicos.
2ª edição. São Paulo: Blucher, 2014.
FOUST, A. S.; ANDERSEN, L. B.; CLUMP, C. W.; MAUS, L.; WENZEL, L. A.
Princípios das operações unitárias. 2ª edição. Rio de Janeiro: LTC, 1982.
GOMIDE, R. Operações unitárias, v. 3: separações mecânicas. São Paulo: Edição do
autor, 1980.