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Orientação nutricional para atletas: ensino, pesquisa,

extensão e intervenção

Autoria: Josely Correa Koury – jckoury@openlink.com.br


Emílson Souza Portella – portella@uerj.br
Amanda de Carvalho Mello
Astrogildo Vianna de Oliveira Junior – avojr@uerj.br
Gustavo Casimiro Lopes – gustavo_casimiro@yahoo.com.br
Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Brasil

Resumo

O sucesso de um atleta competitivo é determinado por alguns fatores, entre eles a


nutrição. A busca por alimentos que tragam melhor desempenho atlético é tão antiga quanto
o próprio esporte. A nutrição é um fator ambiental que o atleta pode controlar, isto
dependerá de sua disciplina e das orientações do nutricionista. Este artigo tem por finalidade
descrever o desenvolvimento do projeto: “Acompanhamento dietético e antropométrico de
atletas”, realizado no Instituto de Nutrição e cadastrado na Sub-Reitoria de Extensão da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro sob o número 537-2005. Desenvolvido na cidade
do Rio de Janeiro desde maio de 2000, é mantido até o presente. Temos por objetivo,
determinar o estado nutricional, através de indicadores dietéticos, bioquímicos e
antropométricos, e oferecer orientação nutricional, como intervenção, para a melhoria do
desempenho físico e da saúde de atletas de diferentes modalidades esportivas e faixas
etárias. Além da orientação nutricional, realizada individualmente, são desenvolvidos
materiais educativos sobre nutrição e saúde que são distribuídos aos atletas e seus pares.
Ao longo deste período, foram atendidos cerca de 258 atletas. O projeto mostrou-se eficaz
na incorporação de novos hábitos alimentares, noções de saúde e consequente melhora no
estado nutricional e desempenho esportivo.

Introdução e objetivos

Atividade física é definida como qualquer movimento corporal voluntário produzido


por contração de músculos esqueléticos que resultam em gasto energético (DIÁRIO
OFICIAL DA UNIÃO, 1997). Os praticantes de atividade física com o objetivo de
rendimento esportivo são denominados de atletas. Estes podem ser subdivididos em
profissional – aqueles que vivem do esporte e possuem desempenho notável, e amador –
aqueles que apenas praticam a modalidade, sendo que alguns visam o profissionalismo,
outros não. Em algumas modalidades estão divididos em categorias conforme a faixa etária
ou massa corporal total. Os atletas ainda podem estar classificados como atletas de nível-
aqueles que participam de competições nacionais e estão entre os 3 primeiros
classificados; e atletas de elite- aqueles que participam de competições nacionais e
internacionais e estão entre os 3 primeiros colocados (FELTZ, 1987). Os atletas de elite
chegam a treinar de oito a nove horas/dia, além de participar de competições do calendário
anual específico para cada modalidade. Devido a esse ritmo, excedem sua capacidade
fisiológica o que pode acarretar prejuízos a sua saúde no presente, e trazer seqüelas no
futuro.
O Brasil é reconhecido mundialmente como o país do futebol, sendo que agora
também mostra bons resultados internacionais em outras modalidades esportivas como o
vôlei de quadra e de praia, ginástica olímpica, judô, natação, entre outras. Em todas
competições o Brasil se faz presente e mostra suas possibilidades no esporte amador e
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Olímpico. Nas Olimpíadas de Sydney no ano 2000 participaram, no total, 10.651 atletas,
sendo que 205 brasileiros. Em 2004, mesmo realizada sob o medo do terrorismo, as
Olimpíadas de Atenas alcançaram recordes históricos, com a participação de 11.099 atletas
que representaram 202 países. A delegação brasileira contou com 494 atletas de diversas
modalidades (COMITE OLIMPICO INTERNACIONAL, 2004). Em 2007, será realizado os
Jogos Pan-Americanos no estado do Rio de Janeiro, onde se estima a participação de 5.500
atletas de 42 países e 28 modalidades esportivas. Em 2003, nos Jogos Pan-Americanos de
Santo Domingo, o Brasil conquistou 123 medalhas, mostrando sua capacidade esportiva
(RIO - JOGOS PAN-AMERICANOS 2007)
Vários são os fatores que influenciam o desempenho dos atletas, entre eles as
características genéticas individuais e o treinamento específico. Associado a esses fatores
está a alimentação que pode ser manipulada para maximizar a bio-utilização dos
nutrientes, e melhorar o desempenho. A nutrição dos atletas deve ser controlada com o
objetivo de atender as necessidades energéticas e nutricionais, não só no período de
treinamento mas principalmente durante e após as competições.
A nutrição pode otimizar o desempenho físico, reduzir a fadiga, as injúrias, ou
repará-las mais facilmente, favorecer a síntese de glicogênio e minimizar as possibilidades
de lesões. Estes fatores colaboram com a saúde geral do atleta além de propiciar
condições para melhora do desempenho físico tanto para os atletas de força quanto para
os de resistência. A alimentação do atleta deve ser adequada energeticamente à
modalidade esportiva, a duração do exercício, ao nível de aptidão física, a massa corporal
total, a composição corporal, ao gênero, a idade e a estatura.
Segundo, a DIRETRIZ DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DO
ESPORTE (2003) para alimentação de atletas e indivíduos fisicamente ativos, há diferença
entre a adequação dietética para os indivíduos fisicamente ativos que se exercitam sem
preocupação com o desempenho e atletas que treinam em busca de melhora de
desempenho. Para os primeiros, a dieta equilibrada, que atenda às recomendações
nutricionais sugeridas para a população em geral, é suficiente para manter a saúde e a
atividade física diária. Porém, para os atletas competitivos há necessidade de adequação
de acordo com o aumento de gasto energético gerado pela atividade física muito intensa,
para isso é sugerido que o cálculo do valor energético da dieta varie entre 30 e 50
kcal/kg/dia.
Embora, se conheça a necessidade de adequação dietética específica para atletas
este conhecimento fica restrito aos profissionais envolvidos na área acadêmica. Este fato
foi revelado em estudo realizado em São Paulo, onde foi observado que de 55 treinadores
de atletas adolescentes de diferentes modalidades esportivas, cerca de 25 (27%)
recomendavam práticas de perda de peso prejudicais, além de superestimar a ingestão de
proteínas, subestimar a de lipídeos e valorizar o consumo de alimentos considerados como
“mitos” (JUZWIAK & ANCONA-LOPEZ, 2004).
Para reduzir as margens de erro na alimentação dos atletas é necessário que
sejam realizadas orientações nutricionais fornecidas por profissionais nutricionistas
qualificados e experientes, não só diretamente ao atleta mas também à todos os
envolvidos com a saúde e desempenho deste.
Considerando, o exposto acima e ainda que “a extensão é o processo educativo,
cultural e científico, articulado com o ensino e a pesquisa de forma indissociável, e tem por
objetivo ampliar a relação entre universidade e sociedade” (FÓRUM NACIONAL DE PRÓ-
REITORES UNIVERSITÁRIOS, 2000) o presente projeto apresentou os seguintes objetivos
geral e específicos.
Objetivo geral

• Intervir na alimentação de atletas competitivos de diferentes modalidades esportivas


e faixas etárias, modificando hábitos alimentares errôneos melhorando sua qualidade de
vida e consequentemente seu desempenho físico.

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Objetivo específico educacional
• desenvolver a iniciativa dos bolsistas acadêmicos do curso de graduação em
nutrição da UERJ para a orientação nutricional de atletas competitivos sob
supervisão de professores nutricionistas envolvidos no projeto.
• desenvolver nos alunos o domínio de técnicas de abordagem nutricional.
• capacitar o aluno à transmitir conhecimentos de nutrição e promoção a saúde em
linguagem de fácil entendimento e compreensão.
• desenvolver material educativo sobre nutrição e saúde.

Objetivo específico de pesquisa


• coletar dados para o desenvolvimento de monografias de especialização,
dissertações de mestrado, de teses de doutorado, além da elaboração de artigos e
textos científicos.

Objetivo específico de extensão


• promover intervenção nutricional para atletas.
• realizar orientações sobre nutrição e saúde para familiares, técnicos e treinadores.

Objetivo específico de intervenção


• melhorar o estado nutricional dos atletas.
• utilizar técnicas de educação nutricional para adequação dos hábitos alimentares.

Metodologia

Desenvolvimento do projeto

Inicialmente, foram desenvolvidos questionários e formulários adequados ao


atendimento nutricional. Os alunos bolsistas, foram selecionados de acordo com o interesse
pela área de nutrição esportiva, após seleção houve treinamento para aplicação correta dos
formulários e questionários. Desde a implantação do projeto foi solicitado aos alunos que
observassem e anotassem relatos espontâneos sobre os atendimentos e a intervenção
nutricional.
Para a quantificação dos nutrientes de forma mais adequada, foi realizada
atualização e complementação da base de dados do software Programa de Apoio à Nutrição
da Escola Paulista de Medicina (CIS/EPM-1993).
Com a finalidade de obtermos mensuração das dobras cutâneas de forma
adequada e precisa, entramos em contato com o Instituto de Educação Física e do Desporto
da UERJ, sendo encaminhado profissionais qualificados para tal atividade.
Para a determinação dos indicadores bioquímicos e laboratoriais, contamos com o
apoio do Laboratório Central do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE / UERJ) e do
Laboratório de Bioquímica Nutricional e de Alimentos do Instituto de Química da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Antes de iniciarmos o projeto, o mesmo foi
submetido e aprovado pelo Comitê de Ética do HUPE/UERJ.
O Instituto de Nutrição da UERJ, cedeu a área física para o desenvolvimento do
projeto, que é mantida até a presente data, onde realizamos os atendimentos. Este local foi
denominado de Centro de Orientação Nutricional para Atletas. Após constituição da equipe
de trabalho, contato com os laboratórios e obtenção de local apropriado para os
atendimentos, selecionamos algumas federações esportivas e solicitamos que, caso
houvesse interesse, nos enviassem atletas competitivos para receberem orientações
nutricionais a partir dos dados dietéticos, antropométricos e laboratoriais.

Avaliação dietética

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Os dados de ingestão habitual foram obtidos através de um docente nutricionista na
presença de bolsistas acadêmicos do curso de graduação em Nutrição, foi aplicado um
recordatório alimentar de 3 dias não consecutivos, avaliando-se o consumo de alimentos e
bebidas durante 2 dias úteis e 1 dia de fim de semana. Foi aplicado também um
questionário de freqüência de consumo de alimentos, que considerava o relato de consumo
diário, de 4 a 6, 2 a 3 e 1 vez por semana. As orientações nutricionais eram fornecidas de
acordo com o momento de treinamento ou competição e conforme com a necessidade do
atleta. Além disso, era fornecido ao atleta informações quanto a similaridade na composição
de alguns alimentos (os mais citados), para que o mesmo pudesse selecionar e realizar
substituições adequadas as orientações prescritas.

Avaliação antropométrica

Para determinar o tecido adiposo subcutâneo foram mensuradas as dobras


cutâneas (tríceps, peitoral, axilar média, subescapular, abdominal, suprailíaca e crural)
utilizando o espessímetro de Lange. Todas as medidas foram feitas do lado direito do corpo,
em triplicata, sendo utilizada a média das medidas. Para reduzir os erros associados à
metodologia, todas as medidas foram realizadas por um antropometrista, nível 3, certificado
pela International Society for the Advancement of Kinanthropometry (ISAK). Para
determinação da composição corporal foram aplicados protocolos de acordo com a idade
gênero e modalidade esportiva conforme descrito em Koury et al, 2003 e Koury et al, 2004a.

Avaliação do grau de hidratação

Para avaliar o grau de hidratação foi utilizado o método de bio-impedância. As


medidas foram realizadas pela manhã, em jejum, com os indivíduos em decúbito dorsal com
flexão de cintura escapular a 30o com os braços separados do corpo com angulação
aproximada de 45o, sem sapatos e meias e com roupas leves. A resistência e a reactância
foram obtidas utilizando o aparelho tetrapolar RJL (RJL Quantum System), com corrente de
freqüência fixada em 50 kHz (800 µA) aplicado entre a região dorsal próximo a linha
imaginária que divide a cabeça da ulna e o 3o osso metacarpo da mão e a região dorsal
próximo a linha imaginária que divide os maléolos medial e lateral e o 3o osso metacarpo do
pé, ambos do lado dominante. A resistência (R) e a reactância (Xc) foram obtidas através da
redução do potencial elétrico entre o lado extensor (mão) e o lado correspondente (pé). Os
eletrodos utilizados foram semelhantes aos eletrodos de eletrocardiograma, sendo as áreas
de contato limpas com álcool imediatamente antes da colocação dos eletrodos, que foram
utilizados uma única vez.

Avaliação bioquímica

Amostras de sangue de cada atleta foram obtidas às 8:00 horas, por punção
venosa, em tubos contendo heparina como anticoagulante. Foram tomadas todas as
precauções de assepsia para não causar transtornos posteriores. As amostras de sangue
foram subdivididas, sendo uma parte do sangue fresco utilizada para as determinações dos
valores hematimétricos por automação eletrônica (Cell Dyn/Cobas Vega).

Desenvolvimento de material informativo.

Com o avanço dos contatos com os atletas, familiares, técnicos, treinadores entre
outros, verificamos que vários questionamentos eram levantados com freqüência. Para
conseguirmos que as informações alcançassem o maior número de pessoas, elaboramos
panfletos e cartilhas com linguagem e ilustração adequada para o bom entendimento sobre
os temas mais relevantes, tais como hidratação, consumo de alimentos antes, durante e
após esforço.

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Mecanismos de avaliação do desenvolvimento do projeto

O acompanhamento do projeto foi realizado por reuniões semanais que ocorriam


todas as quintas-feiras, ora na parte da manhã ora na parte da tarde, de acordo com a
disponibilidade de horários dos alunos e colaboradores. Durante esta reunião eram
discutidos pontos importantes como evolução dos atletas, relato das impressões dos atletas
e seus pares sobre o desenvolvimento do projeto, forma de atendimento e intervenção.
Para avaliar o grau de aprendizagem dos alunos, os mesmos eram questionados
sobre o fundamento das orientações nutricionais com base no aprendizado teórico.

Resultados e discussão

Número de atendimentos

A carência de atendimentos, à atletas, que se ocupem especificamente com a


orientação nutricional, fez com que cerca de 224 atletas de diferentes modalidades
esportivas e faixas etárias participassem deste projeto.
A distribuição dos atletas de acordo com a modalidade e faixa etária é mostrada na
Tabela 1.

Tabela 1- Distribuição dos atletas atendidos de acordo com a modalidade e faixa etária
(ambos os gêneros).

Modalidades Crianças Adolescentes Adultos Adultos Total


(<30 anos) (>31 anos)
Triatlo - - 12 - 12

Judô - - 20 - 20

Corrida - - 33 - 33

Natação 15 25 20 28 88

Pólo Aquático - - 15 - 15

Futebol - 56 - - 56

Total 15 81 100 28 224

A partir das respostas aos questionários e formulários observamos que 54% (<30
anos) e 95% (>30 anos) dos atletas além da prática da modalidade esportiva, estuda e/ou
trabalha cerca de seis horas por dia. Quando questionados sobre qual profissional oferecia
orientação nutricional, somente 15% respondeu que já recebia orientação de nutricionistas,
porém no momento da consulta estava sem acompanhamento nutricional em função do
afastamento do profissional do clube e/ou federação. Todos os atletas e acompanhantes
informaram ter conhecimento sobre a influência da alimentação correta no bom
desempenho, no entanto acham difícil obter tais informações de nutricionistas.
Estes resultados mostram a importância do desenvolvimento de estratégias que
valorizem o atendimento nutricional à atletas.

Composição corporal

A maior parte (80%) dos atletas atendidos buscava a redução da massa corporal
adiposa e aumento da massa corporal magra. Embora, poucos (15%) apresentassem real
necessidade de redução de massa corporal total. Neste momento foi importante o

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esclarecimento de que a gordura corporal, dentro dos limites para cada modalidade, exerce
papel fundamental no desempenho do atleta e na manutenção da saúde. Por exemplo, os
atletas ligados aos esportes aquáticos, necessitam de massa corporal gorda para lhes
garantir a flutuação e para a manutenção da qualidade da constituição das membranas
celulares, principalmente dos eritrócitos (KOURY, 2004). Através de estratégias educativas,
conseguimos mostrar que esta idéia não era adequada para a manutenção da saúde ou
melhora do desempenho físico.

Grau de hidratação

A análise da bioimpedância elétrica (BIA) é um método rápido, de relativo baixo


custo e não invasivo, capaz de estimar a água corporal total. Esta estimativa pode ser
aplicada para monitorar o estado de hidratação bem como manter a saúde e o desempenho.
No presente projeto, os resultados da BIA demonstraram que aproximadamente
47% dos atletas apresentavam diferentes graus de desidratação. Para corrigirmos os erros
detectados, durante a orientação dietética individual, iniciamos um trabalho de
conscientização sobre a importância da ingestão hídrica para o bom desempenho físico e
manutenção da saúde. Salientamos junto aos atletas e seus pares a importância do
consumo de bebidas durante os treinos e competições, principalmente em dias quentes e
secos.

História dietética

A análise da história dietética revelou que cerca de 85% dos atletas, possuíam
erros alimentares, principalmente, em relação ao excesso de ingestão de proteína; reduzida
ingestão de carboidratos, lipídeos (principalmente dos ácidos graxos polinsaturados) e dos
minerais cálcio e ferro. Durante as consultas de orientação nutricional salientamos:- a
importância do consumo de todos os grupos de alimentos para obtenção de todos os
nutrientes diariamente, - que não existe um nutriente com maior destaque do que outro, - e
que todos os nutrientes desenvolvem suas funções de forma integrada, caso um nutriente
for consumido em quantidade maior do que outro pode causar desequilíbrio na homeostasia
e prejuízos no desempenho físico.
No presente estudo, cerca de 40% dos atletas que apresentavam erros na ingestão
diária de minerais eram adolescentes e crianças. A baixa ingestão de cálcio (<1.200 mg/dia)
entre os adolescentes pode trazer prejuízos à saúde óssea, já que durante este período
ocorre aumento da retenção de cálcio para formação óssea, sendo um momento crítico para
mineralização quando cerca de 90% da massa óssea é incorporada. O consumo
inadequado de alimentos fonte de ferro, tem sido associado à anemia ferropriva.
Atualmente, a avaliação da prevalência de anemia em adolescentes tem despertado o
interesse dos pesquisadores devido às peculiaridades de intenso crescimento e
desenvolvimento nesta faixa etária, a dieta pobre em ferro associada a longo período de
crescimento compensatório, pode comprometer as reservas desse micronutriente.

Elaboração de material educativo

A distribuição de cartilhas (250 unidades impressas) e folhetos (500 unidades


impressas) educativos para todos os participantes do projeto foi utilizada como estratégia de
fixação dos conceitos sobre alimentação. Esta estratégia gerou bons resultados para que
ocorresse aderência a orientação dietética e fossem fornecidas informações sobre nutrição
aos seus acompanhantes. Além dos participantes do estudo, o material educativo também
foi distribuído durante a 8a Mostra de Extensão da UERJ em 2004.

Exames laboratoriais

Os resultados dos exames laboratoriais mostraram que 56% dos atletas


apresentavam quadro alérgico ou de parasitose intestinal (eosinofilia >6%). Cerca de 47%
apresentava anemia microcítica e hipocrômica, possivelmente devido a parasitose intestinal

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e/ou erro alimentar. Foi possível minimizar este resultado com o uso de vermífugos e
orientação nutricional para melhorar a biodisponibilidade do ferro dietético.
Produtos gerados a partir do desenvolvimento do projeto
A qualidade e a importância dos dados levantados pelo presente projeto propiciou a
elaboração de diversos produtos técnicos e científicos entre eles, monografias, dissertações
e teses, além de participações em reuniões científicas no Brasil e no exterior (Tabela 2).

Tabela 2- Número de produtos elaborados a partir do levantamento de dados do


presente projeto de extensão

Número de produtos
Produtos Em Concluídos
andamento
Monografias
(Especialização) - 04

Dissertações
(Mestrado) 01 01

Teses
(Doutorado) 03 01

Artigos publicados 2 3

Encontros científicos 5 15

Reuniões de extensão 2 4

Conclusões

• Através da metodologia adotada e da seriedade com que é conduzido o presente


projeto, os resultados obtidos nos permitem afirmar que o grupo de atletas atendidos
obteve melhora no seu estado nutricional, os acompanhantes passaram a ter mais
atenção e cuidados com a a própria alimentação e não somente com a do atleta. Foram
“desmistificados” vários pontos sobre nutrição e desempenho e, principalmente, os
atletas se tornaram independentes quanto a busca de alimentos corretos de acordo com
os períodos pré, durante e pós competição e/ou treinos.
• Os alunos que participaram do projeto, após término do período de envolvimento com o
mesmo, demonstraram maior autonomia e iniciativa na busca da solução de problemas.
O interesse pela área de nutrição esportiva conduziu os alunos à cursos de pós-
graduação.
• A distribuição de cartilhas e panfletos foi fundamental, como instrumento de
sedimentação dos conhecimentos em nutrição para todos os envolvidos com o projeto,
além de permitirem aos alunos que desenvolvessem técnicas de elaboração de material
educativo.
• Há necessidade crescente de estratégias que insira as orientações nutricionais,
realizados por nutricionistas qualificados, para atletas competitivos já que estes possuem
necessidades nutricionais especiais visando garantir não só a vitória no presente mas a
saúde no futuro.

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Referências

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