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FERNANDO HENRIQUE GOMES NUNES

A MODA ENQUANTO FENÔMENO ECONÔMICO


MIDIÁTICO NA SOCIEDADE BRASILEIRA NA DÉCADA
DE 2000

CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC


FACULDADE DE EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO – FECOM
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – CCOS
MACEIÓ/AL
JUNHO DE 2010
FERNANDO HENRIQUE GOMES NUNES

A MODA ENQUANTO FENÔMENO ECONÔMICO


MIDIÁTICO NA SOCIEDADE BRASILEIRA NA DÉCADA
DE 2000

Projeto de Pesquisa entregue como requisito parcial


para conclusão da unidade curricular de Teoria e
Métodos de Pesquisa no curso de Comunicação
Social, do Centro Universitário CESMAC, sob a
orientação do prof. Esp. Zoroastro Pereira de Araújo
Neto.

CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC


FACULDADE DE EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO – FECOM
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – CCOS
MACEIÓ/AL
JUNHO DE 2010
TEMA:

A moda enquanto fenômeno econômico midiático na sociedade brasileira na década de


2000.

PROBLEMA:

Que relação existe entre a visão do consumo de moda como efemeridade e sua posição
de setor de grande movimentação econômica da sociedade brasileira na década de
2000?

HIPÓTESE:

Acredita-se que existe uma relação de subjugamento entre a indústria da moda e o


consumidor, onde a indústria manipula o consumidor para que ele não perceba o quanto
a moda é determinante na vida cotidiana.
JUSTIFICATIVA:

O presente projeto de pesquisa se propõe a esclarecer a relação que existe entre


a visão que se tem do consumo de moda como uma efemeridade ou frivolidade, na vida
cotidiana e a posição do setor como um dos maiores na produção de bens de consumo
nos últimos anos, mais precisamente na década de 2000 na sociedade brasileira. Propõe-
se ainda a traçar um paralelo sobre o percurso feito pela indústria de moda brasileira na
última década. Analisando-a enquanto manifestação social e simbólica, a fim de
compreender os caminhos midiáticos percorridos para o estabelecimento de uma relação
de subjugo com o consumidor.
Para tal lançaremos mão do olhar marxista da história, e através do
materialismo histórico dialético buscaremos vislumbrar a moda compreendida não só
como grande produtora de bens de consumo, mas também como um mecanismo da
Indústria Cultural. Adorno e Horkheimer escreveram que a cultura “se confunde tão
cegamente com seu uso que não se pode mais usá-la” (2006, p.151). É nesse contexto
que a moda se insere como manifestação cultural de maneira, talvez alternativa, de uso
da cultura. Uma maneira que se apodera da capacidade de se fazer o uso crítico da
razão.
A visão da moda que se tem na atualidade está completamente ligada e visão
do efêmero, do frívolo e do superficial, um lócus completamente distante da categoria
de necessidade inerente ao viver em sociedade, principalmente no modo de produção
capitalista. Autores como Veblen, Simmel, Bourdieu partilham da ideia de que a moda
caracteriza-se como um mecanismo de distinção entre as diferentes classes sociais e os
indivíduos da mesma classe. Como será discutido, a propulsão econômica alcançada
pela indústria da moda encontra sua força motriz no próprio íntimo do homem, tal como
afirma filósofo francês Gilles Lipovetski sobre essa característica peculiar: “é uma das
faces do artificialismo moderno, do empreendimento dos homens para se tornarem
senhores de sua condição de existência” (2009, p. 36). Desta maneira fica evidente a
ideia de que a moda é fruto da necessidade de auto-afirmação do ser humano, seja como
indivíduo distinto ou pertencente a determinado grupo social.
Historicamente é impossível separar o surgimento da dinâmica da moda da luta
de classes. Se lançarmos mão de um olhar ao passado, veremos que a mobilidade
incorporada pela busca do “novo” tem sua origem no surgimento e estabelecimento da
classe burguesa na Europa. É justamente nesta época, em que o sistema feudal começou
e entrar em colapso e as rígidas regras sociais, até religiosas, impostas para diferenciar a
nobreza da plebe, começam a se afrouxar diante da nova ordem social existente,
exercida pelos atuais detentores de fortunas no continente, a rica classe de comerciantes
que tentava copiar a nobreza no hábito de vestir, que a moda começa a modificar sua
função no viver em sociedade.

Segundo um modelo cuja paternidade é atribuída a Spencer, e que é


retomado sem modificação inúmeras vezes até nossos dias, as classes
inferiores, em busca de respeitabilidade social, imitam as maneiras de
ser e de parecer das classes superiores. Estas para manter a distância
social e apagar as suas marcas, vêem-se obrigadas à inovação, a
modificar sua aparência uma vez alcançada por seus concorrentes. À
medida que as camadas burguesas conseguem adotar, em razão de sua
prosperidade e de sua audácia, tal ou tal marca prestigiosa em vigor na
nobreza, a mudança se impõe no alto para reinscrever o afastamento
social. Desse duplo movimento de imitação e de distinção nasce a
mutabilidade da moda (LIPOVETSKY. 2009, p. 60).

No Brasil este processo, como verificado por Lipovetsky, foi também retomado
muitas vezes ao longo da historia, e tem sido essa retomada que aquece o setor têxtil no
país, maior beneficiado do calor deste confronto social. É preciso ainda hoje manter a
distância. Este sentimento de apatia a classe inferior é alimentado pelo mercado do luxo,
que aliado a propaganda produz a imagem do consumo ideal, reavivando a cada dia a
cultura do parecer. Dentro desta linha observamos os números do setor têxtil e o
fortalecimento de eventos relacionados à produção e consumo de moda, principalmente
no tocante ao vestuário.
Dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de
Confecção – ABIT, no primeiro trimestre de 2010, referentes ao ano de 2009, apontam
o Brasil como sexto maior produtor têxtil do mundo e o setor têxtil como o segundo
maior empregador da indústria de transformação no país. Porém outro dado enfatiza a
relevância do setor: a indústria têxtil é o segundo maior gerador do primeiro emprego, o
que a coloca em um patamar elevado de responsabilidade, uma vez que representa 3,5%
do PIB total brasileiro.
Esta pesquisa visa desvendar o perfil acontecimentos na última década, bem
como a movimentação midiática que procurou manter o consumo de moda como uma
atividade relativa, ora dando a conhecer sua necessidade, ora alimentando a eterna luta
da distinção social reforçada pela inversão de valor da mercadoria, tal como Marx
defende em O Capital. O fato de o Brasil ter passado por profundas mudanças
econômicas na última década fez com que uma nova visão de consumo fosse
estabelecida, uma visão retomada do status social. “Sempre ao lado da mercadoria,
consome-se um bem cultural, um sistema de hábitos e valores conotativos de uma
sociedade e de seu sistema ideológico” (MARANHÃO. 1988, p. 56).
Se a economia nacional avança, os valores conotativos da sociedade tendem a
seguir o mesmo caminho, o da manifestação simbólica. Não restam dúvidas que
entender este processo, que se apresenta em forma de fenômeno, é de relevância
profunda, posto que partamos da premissa de explicar a sociedade através de sua
economia, entenderemos que não há uma visão difusa da indústria do vestuário
enquanto catalisadora do mimetismo do homem.

OBJETIVOS:
GERAL

Identificar a relação existente entre a indústria da moda e o


consumidor brasileiro e seu impacto econômico na sociedade.

ESPECÍFICOS

1. Analisar a moda do ponto de vista econômico a fim


perceber sua influência na organização social;
2. Observar a ação e a influência da mídia no comportamento
de consumo de moda;
3. Estabelecer a relação entre desenvolvimento
socioeconômico e consumo de moda;
4. Avaliar a fenômeno econômico produzido pela moda na
década de 2000.

METODOLOGIA:
Através da teoria do materialismo histórico dialético
desenvolvida por Karl Marx (1883) se analisará as relações
econômicas da sociedade brasileira, no que diz respeito à indústria, o
consumo de moda durante a década de 2000. Utilizando como fonte
de informação dados estatísticos do setor têxtil brasileiro no referidos
anos.
A analise será feita apoiando-se em teóricos que apontam as
relações da moda com a sociedade, buscando estabelecer um vínculo
com o desenvolvimento econômico atravessado pelo Brasil no
período que compreende o ano de 2000 até 2010.

CRONOGRAMA
MÊS/ANO 2010
ATIVIDADES FEV MAR ABR MAIO JUN
Definição da ideia X
Escolha do prof. X
orientador
Leitura, resumo e X X
fichamento de 2
obras
Construção do X X
Projeto
Encontro com o X X X X
prof. orientador
Revisão do projeto X
Entrega do Projeto X
revisado

REFERÊNCIAS:
• ADORNO, Theodor W. e HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento,
fragmentos filosóficos, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed. 2006.

• CIDREIRA, Renata Pitombo. A moda enquanto manifestação simbólica. Revista


O Sentido e a Época, UFBA, 1997. Disponível em :
http://www.facom.ufba.br/sentido/moda.html. Acesso em 06 jun. 2010.

• FERRAZ, Laura. Artigo científico: Teoria Social da Moda, 09 out. 2007.


Disponível em: http://artigos.com/artigos/sociais/sociedade/teoria-social-da-
moda-2291/artigo/ . Acesso em 07 jun.2010.

• LIPOVETSY, Gilles. O Império do efêmero: a moda e seus destinos nas


sociedades modernas. Tradução: Maria Lúcia Machado. 2ª. Ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 2009.

• MARANHÃO, Jorge. A arte da publicidade: estética, crítica e kitsh. Campinas:


São Paulo, 1988.

REFERÊNCIAS:
DeFler, Melvin L. e Ball-Rokeach, Sandra. Teorias da comunicação em massa.
Tradução: Octávi Alves Velho. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 1993

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