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DIREITO PENAL I
Universidade Autónoma de Lisboa
Ano lectivo 2005/2006 2ºsemestre
Aulas teóricas: ....................................Dr. Fernando Silva
Aulas práticas: ........................Dra. Sónia Reis
Bibliografia : Manual de Direito Penal Doutor Figueiredo Dias
Textos dos Drs. Rui Pereira, J. A. Veloso, Claus Roxin, Sónia Reis
Dicionário de DP e DPP dos Drs. Henrique Eiras e G. Fortes
Apontamentos e resumos do curso, passíveis de eventuais erros ("errare humanum est"), "destilados" por
António Filipe Garcez José, aluno n° 20021078,
FORMAS DO CRIME
Iter criminis Nuda cogitatio > actos preparatórios > tentativa > consumação
- actos preparatórios
Quanto às suas
fases -tentativa
- crime consumado
São actos que preparam o crime mas ainda não são crimes. Comentário [filipe1]: Artigo 274º
Actos preparatórios
Quem, para preparar a execução de
A noção de actos preparatórios interessa para se determinar se um acto é um dos crimes previstos nos artigos
272º e 273º, fabricar, dissimular,
ou não criminalmente punível. adquirir para si ou para outra pessoa,
entregar, detiver ou importar substância
explosiva ou capaz de produzir
No caso de apenas terem sido praticados actos preparatórios não há explosão nuclear, radioactiva ou
própria para fabricação de gases
tentativa. tóxicos ou asfixiantes, ou aparelhagem
necessária para a execução de tais
crimes, é punido com pena de prisão
até 3 anos ou com pena de multa.
Os actos preparatórios não são geralmente puníveis. (mas há situações em
que, por se revestirem de especial perigosidade, o legislador determinou a punibilidade) Comentário [Filipe2]: Artigo 22º
(Tentativa)
1 - Há tentativa quando o agente
Os actos preparatórios são puníveis se constituírem crimes autónomos. praticar actos de execução de um
crime que decidiu cometer, sem que
(Ex: promoção ou fundação de organizações criminosas) este chegue a consumar-se.
2 - São actos de execução:
a) Os que preencherem um elemento
Os actos preparatórios são puníveis quando a lei, em casos especiais, constitutivo de um tipo de crime;
determina a punibilidade. (ex: crimes de empreendimento, em que o legislador faz b) Os que forem idóneos a produzir o
resultado típico; ou
recuar a tutela penal, equiparando a tentativa à consumação crimes de mera actividade, c) Os que, segundo a experiência
crimes de perigo). comum e salvo circunstâncias
imprevisíveis, forem de natureza a
fazer esperar que se lhes sigam actos
das espécies indicadas nas alíneas
Nos crimes de perigo comum previstos nos arts. 272° e 273° é punido anteriores.
quem praticar alguns dos actos preparatórios plasmados no artigo 274°.
Comentário [filipe3]: Artigo 22º
(Tentativa)
Tentativa (art. 22º) 1 - Há tentativa quando o agente
praticar actos de execução de um
É a realização incompleta do comportamento típico de um determinado tipo de crime que decidiu cometer, sem que
este chegue a consumar-se.
crime previsto na lei (Germano M. Silva) 2 - São actos de execução:
a) Os que preencherem um elemento
constitutivo de um tipo de crime;
Há tentativa quando não foram praticados todos os actos de execução b) Os que forem idóneos a produzir o
resultado típico; ou
(tentativa inacabada) ou quando o agente pratica todos os actos de c) Os que, segundo a experiência
comum e salvo circunstâncias
execução de um crime que decidiu cometer, sem que o resultado típico se imprevisíveis, forem de natureza a
fazer esperar que se lhes sigam actos
produza (tentativa acabada). das espécies indicadas nas alíneas
anteriores.
A tentativa é um tipo ideal porque resulta da articulação entre normas da Comentário [filipe4]: Artigo 23º
Parte Geral do CP (arts. 22° e 23°) com as de um dos tipos previstos na (Punibilidade da tentativa)
1 - Salvo disposição em contrário, a
Parte Especial. tentativa só é punível se ao crime
consumado respectivo corresponder
pena superior a 3 anos de prisão.
2 - A tentativa é punível com a pena
aplicável ao crime consumado,
especialmente atenuada.
3 - A tentativa não é punível quando for
Crime consumado manifesta a inaptidão do meio
empregado pelo agente ou a
Crime em que o agente realizou todos os elementos essenciais do tipo. inexistência do objecto essencial à
consumação do crime.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
O iter criminis termina com a consumação. A consumação pode ser
formal ( jurídica) e material (exaurimento) do crime.
Há consumação material (exaurimento) quando tiveram lugar através do Comentário [filipe5]: Consiste na
produção dos efeitos do crime, que, não
crime as consequências prejudiciais que o agente se propôs. sendo exigidos como elementos essenciais,
constituem a plena realização do objectivo
pretendido pelo agente
Os crimes consumados podem ser crimes de consumação imediata ou Comentário [filipe6]: São aqueles em
que a consumação se dá imediatamente,
crimes de consumação permanente face à acção produzida. A acção posterior
não interfere na produção do resultado. É o
caso do crime de homicídio (art. 131°)
Autoria simples Comentário [filipe7]: São aqueles em
Há autoria singular quando o autor pratica o crime por si só. que a acção do agente é contínua. A
consumação perdura enquanto durar a
acção . É o que acontece no caso de
sequestro (art. 159°)
Ao crime de autoria simples aplica-se a norma do tipo, tal como descrito na
parte especial do CP.
Comparticipação
Consiste no envolvimento de vários agentes na prática do facto jurídico ilícito-
criminal.
Instigação
O instigador cria dolosamente no autor uma vontade ex novo , convence outra
pessoa a praticar o crime.
Cumplicidade
É uma forma de participação criminosa que consiste em prestar auxílio ao autor
do crime; a participação do cúmplice não é determinante para gerar a resolução
criminosa.
Cumplicidade material
É a prestação de uma ajuda material para a execução do crime; o cúmplice
material ajuda materialmente na prática do facto típico e ilícito, fornecendo os
meios para a execução do crime.
Cumplicidade moral
É o auxílio moral à prática por outrém de um facto doloso (art. 27°/1). Trata-se de Comentário [Filipe8]: Artigo 27º
(Cumplicidade)
um conselho, um acto não determinante da prática do facto criminoso (se for 1 - É punível como cúmplice quem,
dolosamente e por qualquer forma,
determinante é autoria). prestar auxílio material ou moral à
prática por outrem de um facto doloso.
2 - É aplicável ao cúmplice a pena
fixada para o autor, especialmente
atenuada.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Concurso de crimes
Acumulação de infracções que implica a punição do agente por uma pluralidade
de crimes. O concurso efectivo pode ser real ou ideal e homogéneo ou
heterogéneo.
Concurso heterogéneo
No caso de os tipos de crime cometidos serem diferentes
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Se as normas violadas só na aparência são aplicáveis cumulativamente, mas
na verdade ou se aplica uma ou se aplica outra.
de especialidade
Quando a norma especial contém todos os elementos de outra e lhe acrescenta
(sem a contrariar) um ou vários elementos especializadores. A norma especial
prevalece sobre a norma geral.
de consumpção
Nos casos em que, sendo potencialmente aplicáveis duas ou mais normas
criminais, uma delas consome a protecção que a outra visava. Só em concreto se
pode decidir qual das normas vai ser aplicada e essa será aquela que conceder maior protecção ao bem
jurídico.
- consumpção pura
Quando a norma que prevê e pune o crime mais grave consome a que
prevê e pune o menos grave.
- consumpção impura
quando um crime é meio para praticar outro mas em que se aplica a
norma do crime meio, porque o crime principal crime resultado é
consumido pelo crime meio.
de subsidiariedade
Quando a norma só se aplica se a outra não se aplicar.
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Crimes específicos
APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
De mão própria
Praeter intencional
Quanto à
Crimes materiais De resultado cortado ou parcial
relação ou de resultado Agravado pelo resultado
entre a De omissão impura ou imprópria
conduta e o
resultado Crimes formais De mera actividade
ou de mera actividade
De omissão pura ou própria
Quanto à
Lesão efectiva ou dano
intensidade
de lesão do
bem jurídico Abstracto (292º/1)
Concreto (291º)
Quanto ao
Forma livre (131º)
Modo de
execução Forma vinculada (217º)
Quanto ao
Tipos básicos (131º)
Modo de
Qualificados (132º)
formação Tipos especiais
Crimes por acção Privilegiados (133º)
Têm a ver com a estrutura do comportamento do autor, sendo aqueles que são
praticados através de uma acção positiva.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
que não tenham executado o crime pelas suas próprias mãos, não podendo Comentário [filipe15]: Artigo 28º
(Ilicitude na comparticipação)
verificar-se a comunicabilidade do art. 28°. Ex: nos artigos 165° e 166° diz-se 1 - Se a ilicitude ou o grau de ilicitude
do facto dependerem de certas
que só quem pratica por si mesmo o acto sexual incriminado pode ser considerado como autor. qualidades ou relações especiais do
agente, basta, para tornar aplicável a
todos os comparticipantes a pena
Crimes materiais ou de resultado respectiva, que essas qualidades ou
relações se verifiquem em qualquer
São aqueles que, segundo o tipo desenhado na lei, pressupõem a verificação de deles, excepto se outra for a intenção
certo resultado, ou seja, só se dá a consumação quando é produzido um da norma incriminadora.
2 - Sempre que, por efeito da regra
prevista no número anterior, resultar
para algum dos comparticipantes a... [3]
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
resultado que seja espácio-temporalmente distinto da conduta. Ex: o art. 131°
pressupõe a verificação da morte de pessoa, como resultado. Comentário [Filipe16]: Artigo 145º
Agravação pelo resultado
1 - Quem ofender o corpo ou a saúde
de outra pessoa e vier a produzir-lhe a
Crimes praeter intencionais (arts.145/2º) morte é punido:
Aqueles em que se produz um resultado para além da intenção do agente. a) Com pena de prisão de 1 a 5 anos
no caso do artigo 143º;
Exemplo: A dá um estalo a B ; este cai, bate com a cabeça e morre. b) Com pena de prisão de 3 a 12 anos
no caso do artigo 144º.
2 - Quem praticar as ofensas previstas
- Há uma conjugação entre um crime fundamental doloso com um no artigo 143º e vier a produzir as
ofensas previstas no artigo 144º é
resultado mais grave, por negligência. punido com pena de prisão de 6 meses
a 5 anos.
Neste crime há dois resultados da conduta do agente: Comentário [Filipe17]: Artigo 148º
Ofensa à integridade física por
negligência
- o 1° resultado é a ofensa corporal que a vítima sofre com a estalada. 1 - Quem, por negligência, ofender o
corpo ou a saúde de outra pessoa, é
punido com pena de prisão até 1 ano
- o 2° resultado é a própria morte. ou com pena de multa até 120 dias.
2 - No caso previsto no número
anterior, o tribunal pode dispensar de
pena quando:
Nos crimes praeter-intencionais há um misto de dolo + negligência a) O agente for médico no exercício da
sua profissão e do acto médico não ... [4]
Comentário [u18]: Artigo 18º
Crimes agravados (ou qualificados) pelo resultado (art.148º°/3) (Agravação da pena pelo resultado)
Quando a pena aplicável a um facto for
Trata-se de um crime em que também há dois resultados da conduta do agente, agravada em função da produção de
um resultado, a agravação é sempre
mas em que o 2° resultado ( o mais grave) pode ser imputado ao agente, desde condicionada pela possibilidade de
que entre o 2° e o 1° resultado haja um nexo de causalidade; desde que em imputação desse resultado ao agente
pelo menos a título de negligência.
relação à morte da vítima, haja pelo menos negligência do agente, nos termos do
art. 18° CP. Comentário [Filipe19]: Pressupost
os da punição
Artigo 10º
Neste crimes há um misto de negligência + negligência. (Comissão por acção e por omissão)
Crimes de resultado cortado ou parcial 2 - A comissão de um resultado por
São aqueles crimes em que os elementos subjectivos do tipo vão para além omissão só é punível quando sobre o
omitente recair um dever jurídico que
dos elementos objectivos. (Ex: o furto art. 296°- para, objectivamente, haver furto basta pessoalmente o obrigue a evitar esse
resultado.
que haja subtracção da coisa, mas, subjectivamente, exige-se algo mais, ou seja, que haja
intenção de apropriação)
Comentário [Filipe20]: Artigo 146º
Ofensa à integridade física
qualificada
Crimes materiais de omissão impura ou imprópria 1 - Se as ofensas previstas nos artigos
é uma inacção que não evita a produção do evento típico. (Ex: crime de 143º, 144º ou 145º forem produzidas
em circunstâncias que revelem
homicídio por omissão art. 131° conjugado com o art. 10°/2 nadador-salvador que tem o dever especial censurabilidade ou
de intervir, deixa morrer o banhista.) perversidade do agente, este é punido
com a pena aplicável ao crime
respectivo agravada de um terço nos
seus limites mínimo e máximo. ... [5]
Crimes formais ou de mera actividade
Comentário [Filipe21]: Artigo 132º
São aqueles em que basta uma determinada actividade tipificada na lei Homicídio qualificado
independentemente de se alcançar um resultado. Ex: para haver crime de envenenamento, 1 - Se a morte for produzida em
circunstâncias que revelem especial
basta a actividade de ministrar a substância venenosa que pode conduzir à morte, não sendo necessário censurabilidade ou perversidade, o
que se verifique essa morte art. 146°/2 articulado com o 132°/2/h). agente é punido com pena de prisão de
12 a 25 anos.
2 - É susceptível de revelar a especial
censurabilidade ou perversidade a que
se refere o número anterior, entre
outras, a circunstância de o agente:
... [6]
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Crimes formais de mera actividade : o tipo descreve meramente uma
conduta
Crimes de perigo abstracto, são aqueles em que o legislador descreve certa Comentário [Filipe24]: Artigo 138º
Exposição ou abandono
conduta presumindo, inilidivelmente, que ela é perigosa. Há uma presunção 1 - Quem colocar em perigo a vida de
outra pessoa:
juris et de jure de perigo. a) Expondo-a em lugar que a sujeite a
uma situação de que ela, só por si, não
possa defender-se; ou
Crimes de perigo concreto b) Abandonando-a sem defesa, sempre
que ao agente coubesse o dever de a
São aqueles em que o perigo além de ser motivo ou fundamento de incriminação, guardar, vigiar ou assistir;
2 - Se o facto for praticado por
é também elemento do próprio tipo. Neles, o perigo surge como o próprio ascendente ou descendente, adoptante
ou adoptado da vítima, o agente é
resultado ou evento típico. (Ex: art. 138º) punido com pena de prisão de 2 a 5
anos.
3 - Se do facto resultar:
Nos casos de crime de perigo concreto, não é suficiente que se prove que o a) Ofensa à integridade física grave, o
agente é punido com pena de prisão de
agente expôs a vítima, é necessário provar, para que o agente seja punido, 2 a 8 anos;
b) A morte, o agente é punido com
pena de prisão de 3 a 10 anos.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
que da sua acção resultou efectivamente um crime ou perigo para a vida
da vítima.(art.138º/1/a).) Comentário [Filipe25]: Artigo 138º
Exposição ou abandono
1 - Quem colocar em perigo a vida de
outra pessoa:
Crimes de perigo abstracto-concreto a) Expondo-a em lugar que a sujeite a
uma situação de que ela, só por si, não
São crimes em que por um lado, o fundamento é a actividade em si que coloca em possa defender-se;
perigo os bens jurídicos em geral, mas em que, por outro lado, revela-se perigo no
caso concreto.
Categorias analíticas
- Acção
- Tipicidade
- Ilicitude
- Culpa
- Punibilidade
Acção
Segundo o Dr. Figueiredo Dias não faz sentido autonomizar a acção da tipicidade,
porque na tipicidade, um dos elementos objectivos do tipo é a conduta, a qual pode
ser por acção ou por omissão. Logo, se a acção não é dominada pela vontade, não
há conduta e por conseguinte, não havendo conduta, falta um dos elementos
objectivos do tipo e consequentemente não está preenchida a categoria analítica
da tipicidade.
O conceito de acção assume um papel secundário, tendo apenas uma função de
delimitação ou função negativa de excluir da tipicidade comportamentos jurídico-
penalmente irrelevantes.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Tipicidade
É a descrição da conduta que preenche o ilícito criminal. É o preenchimento de um
tipo de crime.
No tipo distingue-se entre a tipicidade objectiva, ou elementos objectivos do tipo
e a tipicidade subjectiva, ou elementos subjectivos do tipo.
- tipicidade objectiva
O preenchimento da tipicidade objectiva de um crime consiste no
estabelecimento do nexo de causalidade (ou de causalidade potencial) entre
a conduta e o resultado.
- tipicidade subjectiva
O preenchimento da tipicidade subjectiva consiste na imputação do
facto ao agente. Essa imputação é normalmente feita a título de dolo; A
actuação negligente também pode preencher a tipicidade subjectiva,
mas só nos casos especialmente previstos na lei.
Ilicitude
Qualidade do que é ilícito. Quando o tipo está preenchido, tanto do ponto de vista
objectivo como subjectivo, diz-se que está indiciada a Ilicitude. Quando a conduta
do agente é típica, a consequência que daí se tira é que a conduta é ilícita. O tipo
indicia a ilcitude.
conteúdo do ilícito
é composto pelo desvalor da acção e o desvalor do resultado (quando não há
desvalor do resultado estamos perante uma tentativa).
tipo de ilícito
é a reunião de todos os elementos que fundamentam o conteúdo material do ilícito.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Culpa
No juízo de culpabilidade é apreciada a formação da vontade do agente e se ela
se deveu a uma atitude defeituosa diante do Direito.
Punibilidade
É o conjunto de condições de que depende a punição do agente. Um facto só
será punível se for típico, ilícito e culposo. Mas, em certos casos, para que o facto
seja punível é ainda necessário que se verifiquem elementos exteriores ao tipo que
são os pressupostos de punibilidade.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
- a ilicitude
- a culpabilidade
De Dt°. Processual
Penal
- Excepções à punibilidade
Pressupostos Subjectivos
Especiais de - Causas pessoais de
levantamento da pena
punibilidade
De Dt° Penal
Material
Próprios
Objectivos
Impróprios
Pressupostos subjectivos
Pressupostos objectivos
Trata-se de circunstâncias intimamente associadas ao facto típico, mas que são
extrínsecas ao tipo de ilícito e ao tipo de culpa
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
- Condições objectivas de punibilidade próprias estas
condições são extrínsecas ao facto típico, mas a punição do agente
depende da sua efectiva verificação (ex: art. 5° /1/c) II)
TIPICIDADE
Tipicidade
É a descrição da conduta que preenche o ilícito criminal.
Elementos objectivos
Através destes elementos a questão é de saber se podemos imputar
objectivamente ao agente a prática de determinado crime.
- Agente
- Conduta
- Objecto da acção
- Resultado ( só nos crimes de resultado)
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
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Nexo de causalidade (só no caso de crimes de resultado)
Elementos subjectivos
- Dolo
- Elementos subjectivos especiais
- Negligência
Imputação objectiva
Imputação
É o nexo que liga o crime ao seu autor. É a causa do crime.
Imputação objectiva
Consiste em estabelecer o nexo de causalidade entre a acção e o resultado.
1. O resultado há-de ter ocorrido, não sendo bastante que a causa seja
adequada a produzi-lo
.
2. Depois de se estabelecer o nexo de ligação entre a causa e o efeito é
preciso apurar se aquela causa geraria, possivelmente, aquele resultado.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Exemplo:
Se A mata B com um tiro, também é possível considerar uma condição da morte de B o facto de os pais
de A o terem concebido.
Exemplo
A provoca um arranhão a B, que é hemofílico, provocando-lhe a morte.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
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De acordo com esta teoria, se A não tivesse arranhado o B, este não teria morrido, logo a imputação
objectiva neste caso é fácil de estabelecer. Portanto A seria punido por um crime de homicídio,
consequência que seria particularmente grave na medida em que levaria ao reconhecimento da
existência da responsabilidade objectiva em Direito Penal, a qual é afastada , como já se sabe, pelo
princípio da culpa.
O art. 18° exige a existência de um nexo subjectivo entre o agente e o resultado mais grave
Em conclusão
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
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É um juizo de previsão (prognose) feito a posteriori (póstumo), mas
reportado ao momento ex ante , de que se serve a teoria da causalidade
adequada, para fazer a imputação objectiva do resultado.
Dolo
É o elemento subjectivo do tipo de crime que consiste no conhecimento dos
elementos objectivos essenciais desse tipo (elemento intelectual) e na vontade de
praticar um certo acto ou, nos crimes materiais, de atingir um certo resultado
(elemento volitivo)
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
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- Elemento intelectual
Consiste, em o agente representar o facto que preenche um tipo de
crime, isto é, no conhecimento de todos os elementos da factualidade
típica.
- Elemento volitivo
É o querer, é a intenção de praticar o acto.
- Elemento emocional
Consiste na consciência da ilicitude
.
Elemento intelectual
Artigo 16º
No artigo 16°/1 prevê-se outro tipo de erro que exclui o dolo ...
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
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O erro sobre proibições cujo conhecimento seja razoavelmente indispensável para que
o agente possa tomar consciência da ilicitude do facto.
... o agente dispara um tiro contra a vítima para a matar, mas ignora que em
Portugal, por absurdo que seja, o homicídio é um crime
A falta deste conhecimento de modo algum exclui que o agente seja punível
por um crime de homicídio doloso nos termos do art. 131°,
porque...
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António Filipe Garcez José
Modalidades de dolo
Dolo directo(art. 14°/1) Comentário [u30]: Artigo 14º
(Dolo)
O dolo é directo quando o fim subjectivo do agente é o próprio facto tipicamente 1 - Age com dolo quem, representando
um facto que preenche um tipo de
ilícito; O facto representado é o facto querido e o agente actua com vontade de crime, actuar com intenção de o
realizar.
realizar esse mesmo facto. No dolo directo a vontade, a intenção de praticar o
acto prevalece sobre o seu conhecimento
Basta que o agente queira, isto é, que tenha a intenção de realizar o facto
típico.
Exemplo:
O agente decide matar a vítima através de um tiro disparado a grande distância, sabendo que é provável
que não lhe acerte; ainda assim o agente actua em dolo directo
Comentário [u31]: Artigo 14º
(Dolo)
Dolo necessário (art. 14°/2) 1 - Age com dolo quem, representando
um facto que preenche um tipo de
Existe dolo necessário quando o facto tipicamente ilícito é consequência crime, actuar com intenção de o
realizar.
necessária da realização pelo agente do fim que se propõe, algo que é inevitável
em consequência da sua conduta. Comentário [u32]: Artigo 14º
O agente conhece o facto, sabe que vai realizar-se, sabe que vai acontecer (Dolo)
necessariamente, não o quer, mas actua. 2 - Age ainda com dolo quem
representar a realização de um facto
Para a realização do fim que se propõe, representa, como consequência que preenche um tipo de crime como
consequência necessária da sua
necessária da sua conduta, a perpetração de um facto tipicamente ilícito, mas essa conduta.
representação não o impede de agir.
O elemento intelectual é que é decisivo para a sua caracterização.
Do art. 14º/2 não se conclui que a previsão do agente seja correcta: o que é
indispensável é que a realização do facto seja inevitável na sua cabeça, de
acordo com a sua representação.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
É a previsão da possibilidade de realização do facto típico e conformação com ela.
O agente aceita como possível a realização do facto que preenche o tipo e
conforma-se com essa realização. Com a sua conduta prevê o resultado nocivo,
não se importando se este se concretizará ou não. No dolo directo e no dolo
necessário há prevalência de um dos elementos, no dolo eventual há paridade.
- por um lado
é problemática na medida em que é definida paredes meias com a negligência
consciente a que se refere o art. 15º/a). Comentário [Filipe34]: Artigo 15º
(Negligência)
Age com negligência quem, por não
proceder com o cuidado a que,
- por outro lado segundo as circunstâncias, está
obrigado e de que é capaz:
as consequências práticas derivam do facto de se tratar de uma modalidade de a) Representar como possível a
dolo. realização de um facto que preenche
um tipo de crime mas actuar sem se
conformar com essa realização; ou
b) Não chegar sequer a representar a
O elemento intelectual do dolo eventual e o da negligência consciente é possibilidade de realização do facto.
comum : a representação da realização do facto típico como consequência
possível do comportamento do agente
- no dolo eventual
o agente prevê a realização do facto típico como possível e conforma-
se com essa realização.
- Na negligência consciente
o agente prevê a realização do facto típico como possível, mas não se
conforma com essa realização.
Exemplo :
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
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Um automobilista está a conduzir em excesso de velocidade, tem pressa de
chegar a casa e o piso está molhado
Exemplo:
A quer matar B, mas confunde-o com C e este é que acaba por ser morto.
Exemplo 1 :
O agente A pensa que está a disparar para uma peça de caça e acerta numa
pessoa.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
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Aqui o agente não pode ser punido por um crime de homicídio doloso pois
actuou sem dolo, já que não pretendeu matar nenhuma pessoa. Logo só
será eventualmente punido por um crime de homicídio negligente
Exemplo 2 :
A pretende matar o cão do vizinho, mas acaba por matar o próprio vizinho, a quem
confunde com o cão.
Neste caso o agente será punível em concurso por uma tentativa e por
um crime negligente consumado.
Exemplo: O agente dispara, para matar um cão, contra a casota desse cão.
Extravagantemente quem está lá dentro da casota .é o dono do cão que morre.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Exemplo 1: O agente pretende matar o seu pai, mas confunde-o, no escuro, com
uma outra pessoa sendo esta que é morta.
Neste caso também o agente deve ser punível pela prática de um crime de
homicídio tentado a pedido da vítima, pela conjugação dos arts. 134° e
72°em concurso com o crime de homicídio negligente consumado, nos
termos do art. 137°.
Numa situação destas o Dr. Rui Pereira defende que o agente seria punível
nos termos do art. 131°. É certo que ele ignorava o pedido da vítima, mas a
sua responsabilidade seria atenuada, pois, na determinação da medida da
pena deveria ser tido em conta que existia um pedido da vítima que a
matassem, embora o agente do crime o tenha ignorado.
ABERRATIO ICTUS
Exemplo: A quer matar B. Dispara contra ele mas, por falta de pontaria, acaba
por matar C que se encontrava próximo de B.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Exemplo:
O agente esfaqueia a vítima sucessivamente deixando-a prostrada no chão. No
entanto, antes de a vítima morrer, cai-lhe um raio e a vítima vem a morrer em
consequência disso.
Exemplo:
O agente lança a vítima de uma ponte abaixo com o intuito de a matar por
afogamento. Simplesmente a vítima bate com a cabeça na estrutura da ponte e
morre.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Exemplo:
O agente do crime esfaqueia sucessivamente a vítima e pensa tê-la matado. A
seguir atira-a da ponte abaixo para se desfazer do cadáver. Mas a vítima não tinha
morrido, acabando por morrer por ter sido atirada da ponte abaixo.
Trata-se de uma situação de dolo geral, dolo genérico que abarca todo o
processo causal, não havendo qualquer desvio desse processo causal.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Nos crimes de intenção
Nestes crimes para além do dolo é necessário que haja uma certa intenção.
- o furto (art.203°)
- a burla (art.217°°)
Artigo 203º
Objecto do crime
Furto agente
conduta Elemento subjectivo especial
1 - Quem, com ilegítima intenção de apropriação para si ou para outra pessoa,
subtrair coisa móvel alheia, é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena
de multa.
2 - A tentativa é punível.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
- O crime de difamação (art. 180°) Comentário [u39]: Artigo 180º
Difamação
1 - Quem, dirigindo-se a terceiro,
imputar a outra pessoa, mesmo sob a
Nestes crimes, para além de ser requerido o dolo, é também requerido a forma de suspeita, um facto, ou
formular sobre ela um juízo, ofensivos
intenção de injuriar ou difamar da sua honra ou consideração, ou
reproduzir uma tal imputação ou juízo,
é punido com pena de prisão até 6
Nos crimes sexuais meses ou com pena de multa até 240
dias.
2 - A conduta não é punível quando:
a) A imputação for feita para realizar
Nestes crimes para além do dolo é comum a doutrina exigir como elemento interesses legítimos; e
b) O agente provar a verdade da
subjectivo especial do tipo ou da ilicitude o animus lubricus mesma imputação ou tiver tido
fundamento sério para, em boa fé, a
reputar verdadeira.
3 - Sem prejuízo do disposto nas
alíneas b), c) e d) do nº 2 do artigo 31º,
o disposto no número anterior não se
aplica quando se tratar da imputação
de facto relativo à intimidade da vida
privada e familiar.
4 - A boa fé referida na alínea b) do nº
2 exclui-se quando o agente não tiver
cumprido o dever de informação, que
as circunstâncias do caso impunham,
sobre a verdade da imputação.
5 - Quando a imputação for de facto
que constitua crime, é também
admissível a prova da verdade da
imputação, mas limitada à resultante de
condenação por sentença transitada
em julgado.
ILICITUDE
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Normas permissivas
São aquelas que prevêem as causas de justificação ou de exclusão da ilicitude.
Estas normas são a excepção.
Exemplo:
Se A dispara um tiro contra a cabeça de B porque este o quer matar, então A está
a actuar em legítima defesa.
Exclusão da ilicitude
1 - O facto não é punível quando a sua ilicitude for excluída pela ordem jurídica
considerada na sua totalidade.
a) Em legítima defesa;
b) No exercício de um direito;
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
Há causas de exclusão supra-legais, não previstas em qualquer norma,
mas que são de admitir tendo em conta os princípios justificadores.
A LEGÍTIMA DEFESA
Artigo 32º
2° requisito animus defendendi”
Legítima defesa 1° requisito
Constitui legítima defesa o facto praticado como meio necessário para repelir a
agressão actual e ilícita de interesses juridicamente protegidos do agente ou
de terceiro.
1° pressuposto 2° pressuposto
Pressupostos
Circunstâncias de facto que revelem uma situação de legítima defesa, por outras
palavras, são os elementos extrínsecos à causa de justificação e sem a
verificação dos quais não é admissível a legítima defesa.
Requisitos
Elementos intrínsecos à causa de justificação sem cuja verificação o exercício da
defesa não é legítimo, embora seja possível.
Pressupostos
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Tratando-se de um crime dirigido à colectividade como um todo, se a
agressão afectar imediatamente um particular, é admissível a legítima
defesa. ( crime de exibicionismo art. 171°)
Para que haja uma agressão, é necessário que haja acção, no sentido do
Direito Penal, isto é, uma acção definível como comportamento dominado
ou dominável pela vontade.
Necessidade de defesa
Animus defendendi
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- Intelectual
É necessário conhecer-se a agressão que é pressuposto do
exercício da legítima defesa.
- volitivo
Ter vontade de repelir a agressão.
Artigo 33º
No preceito n°1
deste artigo prevê-se uma situação em que o agente utiliza como meio de repelir a
agressão, um meio mais grave que outro menos grave que tinha à sua disposição.
Exemplo:
O agente que para repelir a agressão de quem lhe vai dar uma bofetada, dá um
tiro no agressor, quando podia ter repelido a agressão com um murro.
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António Filipe Garcez José
No preceito n°2
Trata-se do excesso resultante de medo, perturbação ou susto não censuráveis.
O DIREITO DE NECESSIDADE
( objectivo ou justificando)
Artigo 34º
Direito de necessidade
Não é ilícito o facto praticado como meio adequado para afastar um perigo actual
que ameace interesses juridicamente protegidos do agente ou de terceiro, quando
se verificarem os seguintes requisitos:
a) Não ter sido voluntariamente criada pelo agente a situação de perigo, salvo
tratando-se de proteger o interesse de terceiro;
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1. existência de interesses juridicamente protegidos do agente ou de
terceiro.
3. Que a situação de perigo não tenha sido criada pelo próprio agente.
Exemplo:
O agente está confrontado com um incêndio e a sua vida está em perigo. Para se
salvar do incêndio tem de arrombar a porta da casa do vizinho.
Requisito da adequação
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Que o agente deve utilizar o meio menos gravoso que tenha ao seu alcance
para repelir a situação de perigo.
Elemento subjectivo
Exemplo:
Se o agente arrombar a porta do vizinho ignorando que existe um incêndio, salvará
a sua vida mas deverá ser punível por tentativa de dano e não por crime de dano
consumado.
CAUSAS DE EXCLUSÃO SUPRA-LEGAIS
Legítima defesa preventiva
Exemplo:
Uma senhora encontra-se retida num quarto, à janela, e sem a menor hipótese de
se deslocar porque é paralítica dos membros inferiores .Não tem acesso ao
telefone e não pode pedir socorro a ninguém. Ela sabe de ciência certa que um
homem que esta na rua a vai matar dentro de meia hora. Ela tem junto de si uma
arma e mata-o visando-o na rua.
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No estado de necessidade defensiva é de exigir a verificação de todos os
pressupostos e requisitos do estado de necessidade justificante (direito de
necessidade - art. 34°) com excepção da existência da própria agressão.
Exemplo:
B aproxima-se de A
A pensa que B o vai agredir
A defende-se de B
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Consentimento do ofendido putativo
O agente pensa que a vítima consentiu num crime de ofensas corporais simples.
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António Filipe Garcez José
Artigo 17º
1 - Age sem culpa quem actuar sem consciência da ilicitude do facto, se o erro lhe
não for censurável.
2 - Se o erro lhe for censurável, o agente é punido com a pena aplicável ao crime
doloso respectivo, a qual pode ser especialmente atenuada.
Exemplo:
Suponhamos que na Suécia existe uma causa de justificação do aborto que se
refere às condições sociais em que vive a mulher que o pratica, isto é, o aborto
será justificado quando a mulher não tiver condições materiais ou sociais para
sustentar ou criar um filho.
Ora em Portugal tal situação não é causa de justificação.
Suponhamos ainda que uma cidadã sueca vive em Portugal e realiza um aborto
por não ter condições para criar o filho. Ao mesmo tempo está convencida que a
legislação portuguesa, tal como a sueca, prevê uma causa de justificação.
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António Filipe Garcez José
CULPA
Princípio da culpa
O princípio da culpa significa, por um lado, que uma pessoa só pode ser
responsabilizada criminalmente se tiver agido com dolo ou negligência; por outro,
que a pessoa que praticou um acto ilícito há-de ser imputável, isto é, há-de ter
liberdade de entendimento e de decisão para que lhe possa ser atribuída
responsabilidade.
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António Filipe Garcez José
Pune-se porque se pecou; punitur quia peccatum est (já lá dizia o velho Platão)
A pena é vista como um castigo e uma expiação do mal do crime.
Qual o mérito das doutrinas absolutas ?
Culpa
O termo culpa é usado com diferentes sentidos:
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António Filipe Garcez José
Teoria neo-clássica do crime (Frank)
- o dolo ou a negligência
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António Filipe Garcez José
Culpa em sentido formal
Abarca o conjunto de elementos psíquicos do facto e que, num determinado
ordenamento jurídico, constituem os pressupostos de imputação subjectiva.
Elementos da culpa
a) Imputabilidade
b) Consciência da ilicitude
IMPUTABILIDADE
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António Filipe Garcez José
FALTA DE CONSCIËNCIA DA ILICITUDE
- a vida
- a integridade física
- a honra
- a liberdade
A COMPARTICIPAÇÃO
Comparticipação
Consiste no envolvimento de vários agentes na prática do facto jurídico ilícito-
criminal
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comparticipantes
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António Filipe Garcez José
Autor material
Autores Autor mediato
Co-autores
Instigador
Participantes
Material
cúmplice
moral
AUTORIA
Autor (teoria do domínio do facto Klaus Roxin, Welzer )
Aquele que tem o domínio do facto. Quem tem o poder de conduzir o processo
até ao fim e de o fazer parar a qualquer momento. Quem tem em seu poder o
sucesso da acção ilícita.
O autor tem o domínio do processo causal, quer positivo, porque é dele que
depende a prática de actos de execução, quer negativo, porque pode fazer
parar a execução do crime.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
ou no mínimo ...
PARTICIPAÇÃO
Comparticipação
Consiste no envolvimento de vários agentes na prática do facto jurídico ilícito-
criminal.
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
a expressão comparticipantes abrange os participantes , ou seja, os
instigadores e cúmplices.
Instigação
O instigador cria dolosamente no autor uma vontade ex novo , convence outra
pessoa a praticar o crime.
Cumplicidade
É uma forma de participação criminosa que consiste em prestar auxílio ao autor do
crime; a participação do cúmplice não é determinante para gerar a resolução
criminosa.
Cumplicidade material
É a prestação de uma ajuda material para a execução do crime; o cúmplice
material ajuda materialmente na prática do facto típico e ilícito, fornecendo os
meios para a execução do crime.
Cumplicidade moral
É o auxílio moral à prática por outrém de um facto doloso (art. 27°/1). Trata-se de Comentário [Filipe41]: Artigo 27º
(Cumplicidade)
um conselho, um acto não determinante da prática do facto criminoso (se for 1 - É punível como cúmplice quem,
dolosamente e por qualquer forma,
determinante é autoria). prestar auxílio material ou moral à
prática por outrem de um facto doloso.
2 - É aplicável ao cúmplice a pena
fixada para o autor, especialmente
atenuada.
Tonybrussel
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS
António Filipe Garcez José
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Página 7: [1] Comentário [filipe11] tonybrussel 01/01/1900 00:00:00
Artigo 375º
Peculato
Do abuso de autoridade
Artigo 378º
Violação de domícilio por funcionário
Artigo 28º
(Ilicitude na comparticipação)
Artigo 148º
Ofensa à integridade física por negligência
Artigo 146º
Ofensa à integridade física qualificada
Artigo 132º
Homicídio qualificado