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TEMAS LIVRES FREE THEMES


Modernidade alimentar e consumo de alimentos:
contribuições sócio-antropológicas para a pesquisa em nutrição

Dietary modernity and food consumption:


socio-anthropological contributions to research in nutrition

Alexandre Brasil Fonseca 1


Thaís Salema Nogueira de Souza 1
Daniela Sanches Frozi 2
Rosangela Alves Pereira 3

Abstract The scope of this work was to illustrate Resumo Este trabalho buscou apresentar o que a
what dietary modernity represents for sociology modernidade alimentar representa para a socio-
and anthropology, which is a subject based on a logia e a antropologia, questão que é discutida a
bibliographic review that is discussed in this ar- partir de revisão bibliográfica. Considera-se ini-
ticle. Initially, the presence of the theme of food cialmente a presença do tema alimentação nos
and nutrition was assessed in studies in the social estudos das ciências sociais, enfocando-se as abor-
sciences, by focusing on the approaches related to dagens relacionadas à modernidade alimentar,
dietary modernity, especially as found in the works especialmente o trabalho de Claude Fischler. Pri-
of Claude Fischler. The main subjects of discus- vilegiou-se o registro das questões relacionadas à
sion were related to food and nutrition and chang- alimentação e às mudanças no mundo do traba-
es in the work environment, the expansion of lho, ampliação do comércio, feminização da soci-
1
Programa de commerce, the feminization of society and the edade e a questão das identidades. Ao compreen-
Pósgraduação question of identity. By understanding the food der o fenômeno alimentar e o seu consumo em
em Educação em
phenomenon and consumption thereof using a uma abordagem mais qualitativa pode-se avan-
Ciências e Saúde, Núcleo de
Tecnologia Educacional more qualitative approach, it is possible to make çar na construção das ciências nutricionais, pri-
para a Saúde, Centro de progress in configuring the nutritional sciences, vilegiando-se uma abordagem compreensiva so-
Ciências da Saúde,
adopting a comprehensive approach to food and bre o alimento e a alimentação nos dias atuais.
Universidade Federal do
Rio de Janeiro. Av. Carlos nutrition in this day and age. Future studies Como recomendação os estudos atuais devem se
Chagas Filho, 373 - UFRJ/ should be dedicated to investigating food con- dedicar à investigação do consumo alimentar
CCS/NUTES - Bl.A/28.
sumption as a social phenomenon in order to ag- como um fenômeno social para que se agreguem
21941-902 Rio de Janeiro
RJ. abrasil@ufrj.br gregate new analytical components with a bio- novos componentes analíticos ao conjunto de re-
2
Departamento de Nutrição medical emphasis to the body of results. sultados com o enfoque biomédico.
Social, Instituto de
Key words Anthropology, Food, Feeding Behav- Palavras-chave Antropologia, Alimentação,
Nutrição,
Universidade do Estado do ior, Food Consumption, Sociology Comportamento alimentar, Consumo alimentar,
Rio de Janeiro. Sociologia
3
Programa de Pós-
graduação
em Nutrição,
Instituto de Nutrição Josué
de Castro, Centro de
Ciências da Saúde,
Universidade Federal do
Rio de Janeiro.
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Fonseca AB et al.

A sapiência de como consumir temporânea. Os aspectos centrais deste debate se


é oculta das massas. referem desde uma discussão sobre o grau de esta-
Maimônides (1135-1204) bilidade-desestruturação da alimentação contem-
porânea9 ou ainda discussões sobre a pertinência
O interesse das ciências sociais pelo fenômeno do conceito de classe ou de diferenciação social como
alimentar não é novo e abrange diversos campos geradores de normas alimentares6.
de estudo das ciências sociais: Antropologia Cul- A preocupação com a sustentabilidade só-
tural, Sociologia da Saúde, Sociologia do Consu- cio-ambiental também tem contribuído para este
mo, Antropologia Social entre outros1. De acor- debate, ao tentar estabelecer vínculos entre a pro-
do com a análise feita por Contreras e Gracia dução do alimento e o seu consumo. A preocu-
Arnáiz2, a maior parte desses estudos não tinha a pação do consumidor sobre os riscos trazidos
preocupação de construir teorias e métodos es- pelos alimentos e os recentes problemas para a
pecíficos para abordar o tema da alimentação, sua produção, associados às crises alimentares,
sendo uma novidade os esforços empreendidos têm baseado esta perspectiva10,11.
a partir dos anos de 1980 para definir e concei- Uma outra abordagem teórica sobre o fenô-
tuar o que poderia ser uma Socioantropologia meno alimentar é o que podemos identificar em
da Alimentação. Roland Barthes12, estudioso do campo da lingu-
É possível identificar uma variada gama de re- ística, que se inspira na semiologia para traduzir
visões a fim de encontrar as origens dessa Socio- a alimentação na sociedade contemporânea. Ele
logia ou Antropologia da Alimentação1-8. Esses promove uma discussão sobre a comunicação e
autores buscaram nas obras de cientistas sociais o a publicidade dirigida ao consumo de alimentos,
interesse por este âmbito da vida e a maneira como para abordar a relação do consumidor com a
as grandes correntes de pensamento sócio-an- comida. Seus comentários e percepções ocorrem
tropológico se depararam com o fato alimentar. numa época em que a propaganda ainda não
A sócio-antropologia da alimentação extra- tinha a proeminência que hoje ocupa, movimen-
pola o ato de comer e envolve o consumo ali- tando menos recursos financeiros e, provavel-
mentar feito no espaço domiciliar, fora dele, e o mente, mobilizando menos as pessoas.
estudo dos diversos canais que os produtos ali- Inicialmente, a comida é percebida como um
mentares fazem até chegar ao comensal: coleta, sistema de comunicação, um corpo de imagens, um
caça e pesca direta; auto-produção de alimentos protocolo de usos, situações e condutas12. Quando
(hortas familiares, criação de animais); doação; um alimento é comprado e consumido, ele deixa
compra de alimentos processados ou não; e aqui- de ser apenas um alimento e passa a ser um sig-
sição em serviços de alimentação (restaurantes, no. Consumido, esse mesmo alimento expõe e
refeitórios institucionais). É importante ressal- transmite uma situação, e assim constitui uma
tar que os alimentos não se deslocam sozinhos informação, tornando-se significante. Na lingu-
pelos canais; o fluxo é controlado por indivíduos ística, o signo representa a união de significado -
e grupos sociais que agem de acordo com suas entendido como conceito - e significante, que
próprias lógicas, sejam familiares, religiosas, eco- pode ser uma imagem acústica ou gráfica do ele-
nômicas ou profissionais, entre outras. mento. Em relação ao alimento, esse significante
O objetivo deste artigo é discutir o conceito ganha uma nova dimensão ao ser fisicamente
de modernidade alimentar a partir de formula- consumido, acionando uma gama ainda maior
ções de autores contemporâneos. Na conclusão de sentidos.
discute-se a importância do uso de marcos teóri- Neste contexto, coloca-se a seguinte questão:
cos das ciências sociais nos estudos de consumo de onde surgem as significações alimentares?
alimentar, numa abordagem que considera a Barthes alega que por meio da publicidade de
perspectiva sócio-cultural e vá além do modelo alimentos pode-se compreender a vasta trama
biomédico. de temas e situações que envolvem essas signifi-
cações, mencionando três eixos de valores.
Questões vivenciadas pelo comensal O primeiro eixo diz respeito à memória e à
na contemporaneidade tradição. Neste sentido, a comida teria uma fun-
ção rememorativa, suas técnicas de preparo de-
O conceito de modernidade alimentar sintetiza teriam virtudes históricas e garantiriam a so-
e representa os impactos que a alimentação tem brevivência de algumas tradições. O segundo eixo
sofrido em função das transformações sociais, eco- direciona seu foco para o consumidor moderno.
nômicas e culturais ocorridas na sociedade con- Para isso, a publicidade utiliza uma série de re-
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cursos que permitem transferir para os alimen- A mulher na sociedade contemporânea
tos informações subliminares, reconhecidas no
subconsciente e que são associados ao desejo de É possível afirmar que parte das evoluções
querer ser dos consumidores. Podem expressar ocorridas na indústria de alimentos foram im-
virilidade, força, leveza, modernidade, associan- pulsionadas por uma tendência social mundial,
do a comida a uma nova esfera de situações psi- a qual Fischler3 chama de feminização da socie-
co-afetivas. dade. Os movimentos sociais das décadas de 1960
O terceiro eixo para Barthes é formado por e 1970, principalmente o movimento feminista,
um conjunto de valores ambíguos referentes ao potencializaram esse fenômeno. Nos anos de
conceito de saúde. A relação da saúde com a co- 1980, essa tendência se afirmou de forma eviden-
mida se manifestaria por meio das disposições te com a feminização do mundo do trabalho.
corporais, das situações que o corpo pode passar Essa tendência tem gerado mudanças marcantes
de acordo com as características atribuídas a cer- na estrutura e nas relações familiares, além de
tos alimentos e situações cotidianas relacionadas repercutir de forma considerável no conjunto da
à alimentação. O alimento continua tendo sua sociedade. Apesar das conquistas alcançadas no
função fisiológica, só que transvestido de novas que se refere à equidade entre os gêneros, a mu-
significações. A noção de cuidado consigo e com dança na divisão das tarefas domésticas parece
o outro por meio da alimentação, com foco na ter alterado pouco a vida cotidiana da mulher. A
promoção da saúde e no bem estar, passa a ser pesquisa Hábitos Alimentares na Sociedade Bra-
algo cada vez mais valorizado. sileira encontrou que, com a exceção do lanche, é
A grande questão vivenciada pelo comensal responsabilidade da mulher o preparo das refei-
contemporâneo é a preocupação de saber o que ções, além da definição do cardápio, em cerca de
comer e em que proporção, ou seja, fazer a me- 2/3 dos lares pesquisados14.
lhor escolha para o seu consumo alimentar. A A verdadeira novidade reside na tensão vi-
preocupação quantitativa, predominante nas venciada pelas novas profissionais, que precisam
sociedades que conviviam com períodos de guerra dividir seu tempo entre a carreira e a família.
e marcante escassez alimentar, não está totalmente Devido a isso, além das dificuldades práticas pre-
ausente. No entanto, a preocupação quantitati- sentes nessa conciliação, algumas mulheres sen-
va atual se refere aos excessos alimentares e à tem mal-estar e até culpa por um possível des-
necessidade de se fazer restrições em busca do prendimento do espaço doméstico15. Esta ten-
equilíbrio. são tem gerado uma crise na percepção que as
Algumas questões trazidas pela contempo- mulheres têm sobre sua identidade e seu papel
raneidade, tais como as mudanças ocorridas no na sociedade. A crise da identidade feminina3 se
mundo do trabalho, marcadas pela industriali- tornou um tema relevante na mídia, que divulga
zação, pela ampliação do comércio e pela femini- o estereotipo da super-mulher.
zação da sociedade, e as novas relações entre o Parece que o surgimento de uma nova femi-
indivíduo e a coletividade, influenciaram direta- nilidade originou uma crise no universo mascu-
mente na gênese deste comensal moderno e de- lino, como constata a pesquisa com empreende-
terminaram suas novas relações com a alimen- doras de Jonathan e Silva16 Características como
tação. As pessoas passaram a ter preocupações sensibilidade, criatividade e intuição, considera-
com uma alimentação saudável e com a composi- das mais femininas, estariam em alta, e os valo-
ção nutricional daquilo que ingerem, tribos ali- res considerados masculinos tendem a retroce-
mentares são formadas a partir dos diferentes der ou são revistos17. Nesse sentido, algumas prá-
tipos de alimentos ingeridos: orgânico, vegetari- ticas, próprias da cultura feminina, tendem a ser
ano, macrobiótico, etc. Situação que poderia ser adotadas gradativamente pelos homens, em par-
entendida como uma espécie de alimentalização ticular no domínio do corpo e da moda. E, por
da sociedade, numa compreensão similar às exis- outro lado, também se identificam processos de
tentes acerca das discussões sobre medicalização13. masculinização de mulheres em ambientes do-
É neste contexto que é definido o conceito mo- minados por homens, além de ser necessário su-
dernidade alimentar, entendido como o momento blinhar a limitação desse processo, especialmen-
histórico em que diversas mudanças ocorrem em te quando se observa a situação de mulheres das
torno do sistema alimentar no contexto contem- classes populares.
porâneo. Algumas das quais serão trabalhadas a Em relação à alimentação, é possível perceber
seguir. que homens têm adotado condutas alimentares
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Fonseca AB et al.

que, até pouco tempo, eram consideradas femi- ção que possui: lembranças familiares, livros e
ninas, a exemplo da prática de dietas para ema- revistas, dicas de amigos e parentes recorrendo
grecer e do consumo de refeições mais leves18, em tanto à tradição oral como à tradição escrita,
consonância com a preocupação dietético-cosmé- num processo de reaprendizagem individual que
tica existente na modernidade alimentar3. As pode expressar influências culinárias diversas e
mulheres têm um papel importante nessa ado- sincréticas3. Somado a esse processo, o comensal
ção de novos hábitos, já que são elas, em sua moderno deve, ainda, dialogar com as orienta-
maioria, que continuam conduzindo as deman- ções dietéticas, cada vez mais presentes nas recei-
das alimentares da família14, como compras e tas culinárias, sendo estimulado a elaborar pra-
organização do cardápio, além de serem reco- tos criativos e originais, como forma de experi-
nhecidas como cuidadoras da saúde da família mentação lúdica da cozinha enquanto ambiente
por intermédio da alimentalização: há dieta para de lazer.
diferentes patologias e necessidades e diferentes A alimentação passa a ser um espaço de múl-
teores e qualidades são elencadas para alimentos tiplos significados e informações, situação em que
que passaram a ser funcionais. o estabelecimento de referências se torna um pro-
É importante destacar que, além da indústria cesso de maior complexidade. Neste contexto,
ter identificado e explorado esse novo consumi- discutir o papel das identidades pode represen-
dor masculino, ela também alterou suas estraté- tar uma importante abordagem ao considerar-
gias de publicidade e marketing junto ao público mos o tema da alimentação na contemporanei-
feminino. No passado, as propagandas se dirigi- dade, questão que trataremos a seguir.
am às mães de família encarregadas da tarefa de
fazer as escolhas em função dos gostos da famí- Resignificação das identidades
lia. Hoje, a mulher se converteu em uma consu- e sociedade gastro-anômica
midora direta, com suas próprias preocupações,
necessidades e demandas. Nesta perspectiva, a Apesar de todas as transformações ocorri-
indústria vem desenvolvendo uma série de pro- das nos processos de aprendizagem e realização
dutos alimentares, voltados a atender às diver- das práticas culinárias e da diversidade inerente
sas demandas existentes. Para ilustrar as dife- aos sistemas alimentares, um aspecto é funda-
renciações de necessidade de consumo de alimen- mental na significação da alimentação: a identi-
tos, é interessante citar alguns nichos identifica- dade. O comensal precisa se identificar com o
dos pelo mercado: o dos produtos que propor- alimento para reconhecê-lo e significá-lo. Porém,
cionam saúde ao consumidor, o dos produtos no contexto contemporâneo, é muito difícil iden-
que oferecem praticidade e rapidez no manejo e tificar os alimentos: sua origem é desconhecida,
preparação das refeições e o dos produtos diet e distante; sua preparação escapa ao controle do
light, cujo consumo vem aumentando vertigino- consumidor final.
samente nos últimos anos19. Esta situação de desconhecimento da origem
Outro aspecto relevante associado às trans- e do conteúdo dos alimentos e das formas de
formações ocorridas no universo feminino diz res- preparo tem gerado um conflito interno no co-
peito à transmissão do saber e das habilidades culi- mensal: ao mesmo tempo que os alimentos re-
nárias3. Tradicionalmente, esta transmissão se re- cém lançados são atrativos, pela novidade e pra-
alizava de mãe para filha, pela participação destas ticidade, eles se tornam objetos misteriosos,
quando pequenas nos trabalhos domésticos e em trazendo à tona a desconfiança do onívoro, pois
seguida, pela iniciação nas práticas culinárias e de ao desconhecer sua origem se estabelece a possi-
aprendizagem de receitas familiares, passadas de bilidade de incorporação do objeto mau.
geração em geração. Pesquisa, ainda em desenvol- Uma das principais críticas feita ao alimento
vimento, realizada por parte dos autores encon- industrializado, é que estes seriam uma trapaça.
trou que entre 809 estudantes de nutrição da cida- Nas palavras de Fischler3: o alimento moderno já
de do Rio de Janeiro, 77,3% afirmou ter aprendido não tem identidade, pois não é identificável. Tal
a cozinhar com a mãe, 11,54% com avós e 3,8% acontecimento se configura como uma das fon-
com tias. O pai foi citado por apenas 4,3% dos tes profundas de mal-estar da modernidade ali-
entrevistados. Isso numa amostra composta por mentar: se trata de um transtorno de identidade.
uma significativa maioria feminina (92,2%), pa- Também indaga se a fórmula ‘diga o que comes
drão que acompanha o perfil do curso. que te direi quem és’ reflete [...] uma verdade não
Na experimentação culinária o indivíduo pode só biológica e social, mas também simbólica e sub-
utilizar e integrar as diversas fontes de informa- jetiva, temos que admitir que o comensal moder-
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no, duvidando do que come, pode muito bem duvi- necessários critérios morais, econômicos, entre
dar de quem ele é. outros. Como as crenças tradicionais tendem a
Diante dessa incerteza, um dos movimentos ser questionadas, os critérios que derivam delas
observados é a reidentificação do alimento. Viria têm enfraquecido gradativamente, abrindo, con-
daí, a obsessão pelo selo de qualidade, pela ga- sequentemente, espaço para o delineamento de
rantia da origem e da pureza original dos ali- novas regras.
mentos. Dessa forma, se cria, ou se recria, mais O autor considera que esta situação de flutu-
ou menos magicamente, um laço entre o produ- ação anômica, de férias dos princípios sociais acei-
to e a sua origem, rompendo a barreira simbóli- tos, tem também, consequências importantes nas
ca da embalagem. A marca cumpre uma função representações e nas práticas relativas à alimenta-
similar. Ela é um nome, uma referência e uma ção3. Essa anomia deixa os comensais sozinhos
identidade em potencial para os produtos e, con- frente às suas pulsões e apetites fisiológicos. Uma
sequentemente, para os consumidores. situação que pode ser desconfortável, pois eles
Na relação consumidor-indústria percebem- estão submetidos às múltiplas solicitações da
se mudanças bilaterais. O comensal moderno abundância alimentar moderna e às diversas pres-
está familiarizado com a produção industrial e crições dietéticas. Exercer a autonomia frente às
tem apreciado sua regularidade e comodidade diferentes escolhas alimentares tornou-se algo
de uso. O alimento industrializado traz também particularmente delicado.
um status de modernidade. A indústria, por sua Uma das principais características da moder-
vez, tem desenvolvido, cada vez mais, sua pró- nidade alimentar é o excesso, a abundância22. Isso
pria cozinha, integrando as informações, as téc- pode se manifestar de diferentes formas, seja pela
nicas e as tendências culinárias. oferta de incontáveis opções alimentares, seja pela
Independente do aprimoramento da indústria, enorme quantidade de canais de informação re-
a nostalgia da cozinha caseira permanece e parece ferentes à alimentação. Fischler3 propõe os con-
que permanecerá fortemente viva. A comida casei- ceitos de polifonia dietética e cacofonia alimentar,
ra tem nome e os alimentos ganham novo status: para representar essa profusão e difusão de in-
é o feijão da mamãe; o bolo da tia ou o pato do pai, formações. Ele analisa que nas sociedades con-
p. ex.. É sabido que fazer refeições fora de casa temporâneas, uma polifonia dietética se instalou
virou uma necessidade da sociedade contemporâ- praticamente de maneira constante: o Estado, o
nea20, apesar disso a comida caseira é valorizada movimento organizado dos consumidores, os mé-
pela segurança oferecida, pelo conhecimento dos dicos de diversas especialidades, a indústria, a pu-
ingredientes e de sua forma de manipulação, além blicidade, a mídia, contribuem com essa situação,
do comensal estar acostumado com seus tempe- de maneira mais ou menos confusa e contraditó-
ros, modos de preparo e apresentação. ria para o comensal. Esta polifonia dietética se fun-
Tradicionalmente, alguns aspectos da vida da em uma verdadeira e planetária cacofonia ali-
social como o casamento e as estratégias educa- mentar: os discursos dietéticos se mesclam, se con-
cionais das crianças eram, na maioria das vezes, frontam ou se confundem com os discursos culiná-
pré-determinados socialmente21. Os interesses rios e gastronômicos, os livros de regime com os
familiares e religiosos, de manutenção da tradi- livros de receitas, os manuais de nutrição com as
ção e reprodução de certos modelos não eram guias gastronômicas. Por todas as partes crescem
muito questionados. Nas sociedades urbanas as prescrições e as proibições, os modelos de consu-
contemporâneas, estes determinismos vêm di- mo e as advertências: nesta cacofonia, o comensal
minuindo substancialmente. Nos diversos do- desorientado, em busca de critérios de escolha, de-
mínios do cotidiano, os indivíduos se encontram seja, sobretudo, nutrir suas incertezas.
cada vez mais confrontados com a necessidade Garcia23, em seu artigo que analisa os refle-
constante de fazer suas próprias escolhas. Com xos da globalização da cultura alimentar, consi-
isso, as escolhas se distanciam do âmbito coleti- dera que a difusão da ciência nos meios de co-
vo e se aproximam segundo a esfera de compe- municação e o uso do discurso científico na pu-
tência dos indivíduos, favorecendo o exercício de blicidade de alimentos exercem um papel signifi-
sua autonomia. cativo no cenário das mudanças alimentares. A
A partir desta reflexão, Fischler3 defende a ampla difusão dessas informações, vinda de di-
tese de que essa autonomia crescente é, também, ferentes fontes, é percebida por alguns indivídu-
portadora de anomia, compreendida como a au- os como um aspecto positivo, pois o acesso a
sência de normas e regras. Apresenta-se aqui uma elas estaria conscientizando os comensais à mu-
situação complexa: para se tomar decisões são dança de hábitos alimentares considerados não
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Fonseca AB et al.

saudáveis. Ao mesmo tempo, percebemos que leiras –, Barbosa14 afirma não ter identificado
esta polifonia dietética tem feito com que os co- situações de gastro-anomia por parte dos entre-
mensais se questionem se suas escolhas alimen- vistados e que a profusão de informações parece
tares estão corretas ou não e, se o que irão con- não levar necessariamente a tensão ou a momen-
sumir trará resultados benéficos ou prejudiciais tos de angústia pela indefinição diante de varia-
à saúde, numa postura de reflexividade que en- das opções. Segundo a autora, a alimentação foi
contra ressonância com o tempo presente24. geralmente relacionada ao prazer, à união fami-
Ao pensar no comensal moderno, que vive liar e à comensalidade.
num grande centro urbano, observa-se que ele é Ao se pensar o consumo de alimentos na so-
alvo direto ou indireto do assédio da mídia inte- ciedade brasileira contemporânea é preciso con-
ressada em mediar seus produtos ou informa- siderar tanto a existência de cenários sociais em
ções. Desse modo, a polifonia dietética e a caco- que as pessoas experimentam a gastro-anomia,
fonia alimentar fazem surgir uma infinidade de como também situações em que se associa o pra-
critérios, proibições e prescrições alimentares que zer e o encontro à alimentação. No caso brasilei-
passam a compor um mosaico particular do co- ro não é possível se esquecer das situações de
mensal que irá orientar suas escolhas e práticas fome e pobreza35, as quais comportam várias
alimentares25. outras possibilidades, como, por exemplo, as
Por fim, interessa-nos um desenvolvimento sensações e estratégias alimentares que se expres-
teórico elaborado por Fischler3, que possui um sam na escassez de alguns alimentos ou mesmo
interessante jogo linguístico, é a diferenciação entre em sua ausência.
sociedades gastro-nomicas e gastro-anômicas. Para
ele, as sociedades tradicionais que seguem regras As transformações no mundo do trabalho
alimentares – elementares e estruturais – rígidas, e a reordenação do tempo
podem ser classificadas como sociedades gastro-
nomicas. Inversamente, ele qualifica as tendênci- A partir de meados do século XX, estabele-
as mais modernas da alimentação como gastro- ceu-se uma nova composição social, marcada
anômicas, pois tendem a flexibilizar as regras e pela urbanização e pelo desenvolvimento de no-
permitem uma maior liberdade individual. Nes- vas tecnologias, que alteraram os modos de pro-
sa situação, a aplicação das condutas alimenta- dução e as relações de trabalho de uma forma
res tradicionais, já não faz mais sentido para al- geral em todo o mundo. No Brasil, os anos de
guns comensais que vivem nas grandes cidades. 1950 vivenciaram o início de significativo êxodo
Estudos tanto no âmbito da epidemiologia nu- rural e a implementação da industrialização pe-
tricional26-28, saúde pública29,30, sociologia31 e an- sada, o que fez surgir nacionalmente um novo
tropologia 32, têm identificado mudanças nos padrão de desenvolvimento econômico. Houve
hábitos alimentares e nas refeições. melhor integração das cidades, ampliação do
A flexibilização da regularidade, da composi- transporte público, ampliação da cobertura tele-
ção e da realização das refeições como, por exem- visiva e radiofônica, e, neste contexto de mudan-
plo, a simplificação do jantar e a irregularidade ças, também houve aumento da valorização do
dos horários, seriam alguns dos indicadores de consumo.
uma espécie de desordem que ocorre na alimen- Num primeiro momento, os objetos de con-
tação33,34. É importante ressaltar, que outros au- sumo tinham foco nos equipamentos facilitado-
tores informam que esta desestruturação não é res das tarefas domésticas, ou poupadores das
geral, pelo contrário, o sistema tradicional das atividades físicas cotidianas, e que promoviam
refeições (café da manhã, almoço e jantar), suas maior facilidade no deslocamento em grandes
regras de composição (acompanhamento, prato distâncias (eletrodomésticos e automóveis, por
principal ou mistura e sobremesa) e seus horá- exemplo). Posteriormente, se priorizou um con-
rios continuam sendo amplamente praticados, sumo mais hedonista, valorizando o lazer e o
porém flexibilizações e adequações à época tam- consumo cultural. Estes novos mercados, do tu-
bém têm sido identificadas4. rismo e da indústria cultural, experimentaram
No Brasil, a partir dos resultados da pesqui- um grande crescimento nas últimas décadas3.
sa Hábitos Alimentares na Sociedade Brasileira – Os modos de produção, no contexto urba-
realizada pelo Centro de Altos Estudos de Pro- no, demandam do indivíduo pouco esforço físi-
paganda e Marketing da ESPM (CAEPM) e pela co e baixo gasto energético, configurando um
Toledo & Associados, que foi concluída em 2006 estilo de vida pouco ativo, que marca uma época
e entrevistou 2.136 pessoas de 10 capitais brasi- e que tem sido cada vez mais recorrente entre as
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pessoas. A influência e a importância desse tipo tema agroalimentar instituiu uma cadeia de pro-
de estilo de vida no aumento da obesidade tem dução organizada em escala regional, nacional e
sido abordada na literatura científica em discus- mundial, a qual engloba distintos atores43.
sões que se propõem a pensar numa sociedade A expansão agroalimentar e industrial mobi-
obsogênica36. lizou o nascimento e a instauração das grandes
Além dos aspectos socioeconômicos, temos redes de supermercados, facilitando o escoamen-
que o gasto energético médio diminuiu de ma- to da produção e incrementando a distribuição
neira progressiva, se gastamos menos, devería- de seus produtos. Com isso, a maioria dos pe-
mos consumir menos, porém, o que se observou quenos mercados fechou as portas e lojas tradi-
é que o consumo alimentar diminuiu menos que cionais praticamente desapareceram. É esta ex-
as necessidades, fato diretamente relacionado ao pansão do comércio e dos negócios, mais do que
aumento da obesidade37. As disparidades sociais o fortalecimento da indústria, que Goody44 iden-
em relação ao consumo alimentar e ao gasto ener- tifica como elemento central que influencia os
gético são consideráveis e implicam na distribui- processos de produção e distribuição e, conse-
ção social da gordura e da obesidade23. quentemente, também a cozinha em todos os
A relação com o tempo também se modifi- diferentes tipos de sociedades modernas.
cou profundamente, se caracterizando por um A ascensão dos grandes supermercados revo-
ritmo de vida acelerado. A incorporação de tec- lucionou o consumo e os modos de vida da po-
nologias facilita e economiza o tempo dedicado à pulação. As estratégias de compras se transfor-
realização de atividades cotidianas, por outro, a maram, passando das compras cotidianas para
competitividade imposta pelo mercado e a fragi- as compras planejadas, em longo prazo. Além
lidade dos vínculos de trabalho levam a uma nova disso, as estratégias de marketing, como promo-
organização do tempo e à eleição de prioridades, ções, brindes e sorteios, e de publicidade das mar-
restringindo o período dedicado à convivência cas, buscaram incentivar o consumo, intensifi-
familiar, sobretudo à alimentação Esse reorde- cando com isso, as compras por impulso.
namento solicita uma revisão das atividades que Com os avanços tecnológicos referentes à
irão ocupar o tempo de obrigação e o tempo de comercialização e à exportação de alimentos, pro-
ócio38. No Brasil, alguns estudos comprovam o dutos que até pouco tempo eram exóticos e ra-
aumento do consumo de alimentos pré-prepa- ros se tornaram mais acessíveis, sendo introdu-
rados e prontos e, também, o aumento de refei- zidos nos mais diversos sistemas culinários. Esse
ções realizadas fora de casa, o que sugere a redu- processo gerou o que Fischler3 chama de sincre-
ção da prática culinária intradomiciliar39,40. tismo culinário generalizado. É importante des-
A fim de atender as demandas do comensal tacar que a ampliação dos mercados e a maior
moderno, a indústria de alimentos vem se adap- difusão de artigos alimentares geraram transfor-
tando a essa nova configuração, na qual se verifi- mações na composição dos alimentos e nas for-
ca uma redução do tempo alimentar41. Fischler3 é mas de consumo. Analisando esse processo, al-
enfático ao afirmar que a alimentação se conver- guns autores defendem que os novos alimentos
teu em uma indústria e que os alimentos que come- industrializados tendem a se padronizar, a se
mos estão cada vez mais transformados por ela. A homogeneizar, levando a uma mundialização dos
preparação culinária ou pré-culinária se desloca gostos e dos costumes alimentares. Fischler3 con-
cada vez mais da cozinha para a fábrica: os novos sidera que seria um erro acreditar que a industri-
alimentos-serviço incorporam trabalho e tempo, alização da alimentação [...] e a distribuição de
liberando o consumidor desta tarefa. massa, só podem desagregar e igualar as particula-
A cozinha se industrializa, tal qual a agricultu- ridades locais e regionais. Na realidade, em certos
ra e a transformação de seus produtos. Até pou- casos, a modernidade não exclui, pelo contrário,
co tempo, em muitos países, a agricultura local favorece a formação de particularidades locais.
proporcionava uma boa parte da alimentação Daí que se torna imperativo pensar a alimen-
cotidiana e o repertório culinário se construía a tação e a sua relação com a sociedade e a educa-
partir do leque de recursos disponíveis42. Do exte- ção em saúde dentro deste intrincado contexto,
rior, vinha somente um número relativamente o qual deve dialogar com um amplo leque de
pequeno de produtos, na maioria das vezes, valo- autores e abordagens. Neste ponto, um ilustrati-
rizados pela população receptora, seja porque só vo exemplo seria pensar, mutatis mutandis, a ali-
os consumia em casos especiais, ou porque per- mentação dentro das reflexões de Hall45 sobre a
mitiam modificar o sabor da culinária local, a identidade na pós-modernidade. Este autor re-
exemplo das especiarias. A reestruturação do sis- vela que existe uma tensão entre o global e o local
3860
Fonseca AB et al.

na transformação das identidades, assim como A presença de crenças, valores e significados


afirmam Hill E Gaines46 e Mintz & Bois47 é possí- precisa ser considerada nos estudos sobre con-
vel identificar movimentos semelhantes dos efei- sumo alimentar. A compreensão do que repre-
tos desta tensão nos sistemas alimentares. senta a modernidade alimentar é um exemplo da
A primeira tendência indica que os sistemas contribuição que a sociologia e a antropologia
alimentares nacionais e locais estariam se desin- podem oferecer para os estudos de nutrição.
tegrando como resultado da homogeneização Pouco se conhece sobre quais aspectos da esco-
cultural e, com isso, provocando a mundializa- lha alimentar são capazes de diferir um grupo
ção dos gostos e dos costumes alimentares, situa- social do outro ou mesmo um país do outro.
ção que certamente não é automática e que tem Nesse aspecto é que a sociologia e a antropolo-
sido problematizada48. A segunda tendência pro- gia, enquanto ciências humanas, podem ajudar
vocaria um efeito inverso, os sistemas alimenta- o conhecimento sobre a alimentação de grupos
res nacionais e locais estariam sendo valorizados sociais específicos46,50,51.
como forma de reforçar as particularidades e No Brasil, os estudos ainda são insuficientes
resistir à globalização. E por fim, a terceira ten- para gerar uma teoria contemporânea que possa
dência enuncia que as identidades ligadas ao sis- dar conta do fenômeno das mudanças no pa-
tema alimentar estão em declínio, mas novas iden- drão alimentar. Parece-nos ser promissor assu-
tidades locais e globais estão se produzindo nesse mir um atento olhar para as discussões existen-
âmbito da vida social, num processo eivado de tes em relação à modernidade alimentar, as quais
paradoxos 49. foram aqui sumariamente apresentadas. Estu-
dos atuais devem se dedicar à compreensão do
consumo alimentar como um fenômeno social e
Considerações finais não apenas como um conjunto de resultados que
podem auxiliar o enfoque biomédico a reprodu-
A epidemiologia nutricional durante anos tem zir e a produzir políticas públicas, ou mesmo
aprimorado uma série de instrumentos capazes ações prescritivas na área da dietoterapia. Ao
de mensurar os nutrientes contidos no consumo compreender o fenômeno alimentar e o seu con-
alimentar humano e relacioná-los com a presen- sumo em uma abordagem mais qualitativa pode-
ça de doenças crônicas. De fato, tal avanço tem se avançar na construção do conhecimento na
permitido que o conhecimento acumulado sobre ciência nutricional, construindo no país catego-
as associações entre nutrientes e doença sejam cada rias sociológicas e antropológicas próprias e ade-
vez mais conhecidos, embora o ser humano em quadas ao fenômeno alimentar, numa aborda-
suas diferentes culturas não costume associar o gem mais compreensiva sobre o alimento e a ali-
seu consumo alimentar a uma prática preventiva mentação nos dias atuais.
ou mesmo prescritiva para a doença38.

Colaboradores

AB Fonseca participou da concepção, levanta-


mento bibliográfico, análise e discussão dos re-
sultados e redação do artigo; TSN Souza e DS
Frozi participaram do levantamento bibliográfi-
co, análise e discussão dos resultados e redação
do artigo; e RA Pereira contribuiu na análise e
discussão dos resultados e redação do artigo.
3861

Ciência & Saúde Coletiva, 16(9):3853-3862, 2011


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Artigo apresentado em 14/11/2008


Aprovado em 27/06/2009
Versão final apresentada em 10/07/2009

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