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+s palavras servem apenas para expressar a dor, o amor, a saudade, a $elicidade,

con$irmando o que larice -ispector disse em seu livro /m 0opro de 1ida2todo o mundo
que aprendeu a ler e escrever tem uma certa vontade de escrever. a poesia
é, paradoxalmente, o mais complexo e o mais simples. Escrever poemas é quase um ato
natural. Talvez por ser o jeito mais comum de expressar sentimentos, emoções, crises
existenciais t picas da juventude

Partindo da legitimidade da criação poética, a escrita poética é natural no humano. Não


basta ter a capacidade de fazer poemas, precisa, sim, ter a capacidade de brincar com as
palavras, de assumir um poder muito maior do que expressar o que se sente. Tem de se ter
o poder de inventar algo novo, de delirar com a linguagem

[OH MY LOVELY NKULUKUMBA]

: procria
antes que os zumbires erdoa
as mãos calosas
a poeira e seu brilho
a palavra acoita
em panos

GMH – Como acontece o seu encontro com a poesia?


MHG – O meu encontro com a poesia deu-se no Liceu em 1971. Mas, a ligação mais forte
aconteceu em 1975 quando descobri Cesário Verde, Bocage, Fernando Pessoa e redescobri
Camões. Foi também por essa altura que pela primeira vez, escrevi algo a que nunca chamei
poesia, antes um estado de alma.

GMH – Escreve apenas poesia ou a prosa também o/a consegue seduzir?


MHG – Essencialmente escrevo prosa. Tenho dois romances escritos e muitas histórias infantis e
para adultos.
Como disse antes, não escrevo poesia, mas estados de alma, os meus estados de alma.

GMH – Prefere escrever na solidão da sua intimidade ou a vida que a rodeia é também a sua
inspiração?
MHG – Acho que estou sempre a escrever, ainda que seja mentalmente. A escrita permite-me
olhar o mundo criando a minha própria solidão e abrindo-me para o mundo.

GMH – Para si, escrever poesia é falar de amores utópicos e fantasias ou a realidade, por mais
dura que seja, também lhe serve de musa?
MHG – Escrever, seja poesia ou prosa, é sempre sobre a realidade, a fantasia, a utopia e
incondicionalmente sobre experiências que vivi.
Tudo o que escrevo tem pinceladas de mim.

GMH – A poesia é cultura de elites ou um “bem” essencial à vida?


MHG – Acho que na minha juventude a poesia era para elites, ainda que elites culturais. Mas,
não podemos esquecer-nos dos poetas populares que nunca escreveram poesia, mas criavam
poesia oral. Hoje, creio que a poesia é de e para todos.

GMH – A que autor(es) escreveria um poema em agradecimento ou homenagem pela inspiração


que lhe transmitiu?
MHG – Acho que não tenho nenhum poeta em especial a quem dedicar o que escrevo. O meu
maior agradecimento que posso fazer é ler e divulgar esses poetas.

GMH – Alguma vez sentiu necessidade de frequentar Cursos de Escrita Criativa?


Em 2011, quando comecei a escrever e a ganhar coragem para mostrar o meu “trabalho” ainda
pensei no assunto porque achava que ser escritora era algo fora do meu alcance e do meu talento.
Hoje creio que cada autor deve escrever sendo o mais honesto consigo mesmo e procurando
corrigir aquilo que a experiência lhe vai indicando como aula prática.
Mas cada autor sabe o que é melhor para si e deve seguir esse caminho ouvindo os conselhos e
criticas construtivas.
GMH – Prefere sentir o cheiro dos livros ou é adepta dos livros digitais?
MHG – Confesso que prefiro os livros em papel. Quando olhos para os meus livros, vejo quais
foram os que mais me fizeram vibrar. Estão “usados” porque os li várias vezes e eu estou lá, em
cada folha. No entanto, reconheço que mais vale ler um livro em digital do que não ler nenhum e
é uma boa maneira de o fazer nestes tempos tão apressados.

GMH – Quando começa a escrever, já sabe como vai terminar ou a inspiração vai surgindo a
cada verso terminado?
MHG – Nunca sei como vai acabar… Nem mesmo como vai começar, geralmente surge-me no
pensamento uma frase e o resto vai surgindo do nada.

GMH – Quais as suas maiores referências literárias nacionais ou estrangeiras?


MHG – Sem sombra de dúvida Eça de Queirós, Júlio Dinis, Camilo Castelo Branco, Cesário
Verde, Sebastião da Gama e dos muitos autores estrangeiros que li sobressaem Pearl Buck, John
Steinbeck, Irwing Wallace, Jorge Amado…

GMH – Na sua opinião os escritores portugueses partilham entre si as experiências ou cada um, é
um Mundo?
MHG – Desde que me envolvi no meio com a minha primeira publicação em 2012 fiz amigos,
partilhei experiências e descobri que para alguns, só eles são merecedores de elogios, os restantes
são apenas paisagem.

GMH – Qual é a sua opinião sobre antologias e colectâneas? É maneira possível de um novo
autor se dar a conhecer?
MHG – Com as colectâneas e antologias descobri um mundo novo que envolve partilha,
opiniões, divulgação e teoricamente união.
Sem elas e sem a minha primeira publicação em Ocultos Buracos da Studios Editora, talvez não
estivesse por aqui nem teria aprendido tanto nem conhecido tanta gente por esse mundo
lusófono.

GMH – Para si, a internet e o FaceBook são ferramentas essenciais para um escritor divulgar o
seu trabalho?
MHG – Tenho que agradecer ao FB por ter ganho a coragem para mostrar o que escrevia, mas
confesso que por vezes me assusta tanta maldade e hipocrisia que venho por aqui. Mas o saldo é
positivo.

GMH – Tem obra publicada ou a publicar? Quer falar-nos desses projectos?


A publicar em breve “Os fantasmas de Constança”, romance escrito em 2012 e de cariz
autobiográfico.
Na gaveta, dois livros, várias histórias infantis, contos e poesia.
Entretanto fui descobrindo o mundo das editoras, da escrita, livros e escritores através de
participações em antologias, colectâneas e concursos literários.
Sob a chancela da Pastelaria Stúdios Editora publiquei diversos contos, textos temáticos e
poéticos em várias antologias e coletâneas:
A primeira foi “A Máscara” em Ocultos Buracos em Outubro 2012; e depois disso participei em
mais 60 outras colectâneas de prosa e poesia no Grupo Múltiplas Histórias, desde a Pastelaria
Studios, Papel de Arroz, Orquídea Editora e Silkskin Editora
Fiquei em 1º lugar no Concurso “Literatura no Grémio – 1º Concurso de Contos” com A
Herança – 2014 (Neste caso e devido a clausulas do regulamento pouco explicitas fui
desclassificado – não publicado);
Com a UniVersus Editora, publiquei poemas na antologia UniVersus da Poesia – 2014;
Na Lugar da Palavra Editora participei com 3 contos em Lugares e Palavras de Natal – 2014,
2015 e 2016
Na Papel D´Arroz participei em várias colectâneas e concursos:
Cartas de Amor como júri, a convite da editora e participação com “Carta de amor” extra-
concurso – 2014;
2º lugar no 2º Concurso Papel D’ Arroz Eu tenho um sonho com “A casa de avós e netos” ;
Na SINAPSIS, poema na antologia ENIGMA(S) – 2015
Com a Chiado Editora, publiquei textos poéticos nas Antologias “Entre o sono e o sonho” IV e V
– 2013 e 2014;
Nas antologias da Lua de Marfim publiquei alguns textos temáticos: A Carta – 2014; Confissões
– 2014; Premonições – 2015;
No Brasil e a convite de Alexandre Leão e Luíz Amato, participei com “Um beijo sobre o
Vesúvio” em Chão de Estrelas, publicação digital na plataforma Wattpad;
A convite de João Bernardino tive uma participação especial na revista Divulga Escritores (Dez-
Jan) com dois poemas;

ainda há zumbires atravessando os ares


algo ruminava catetos da minha alma

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