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De 22 a 26 de julho de 2013.
Marcia Baratto
Universidade Estadual de Campinas
UNICAMP
Belo Horizonte
2013
Marcia Baratto
Belo Horizonte
2013
RESUMO
1
Este artigo é o resultado preliminar de uma pesquisa em andamento. Na
tese de doutorado em desenvolvimento: “Direitos Indígenas nas Cortes
constitucionais do Brasil, Colômbia e Bolívia”, a autora tem por objetivo
compreender como estas instituições absorvem os novos discursos
constitucionais dos direitos indígenas. Para os três estudos de casos, há
processos recentes que envolvem a apreciação de decisões da OEA sobre
direitos indígenas. Desta forma, este artigo é a primeira tentativa de explorar
uma das arenas internacionais utilizadas por atores que também mobilizam as
cortes constitucionais nacionais. O objetivo não é exaustivo, mas sim criar um
mapa da questão que permita a escolha de casos emblemáticos das tensões
que perpassam a promoção dos direitos indígenas.
campo político discursivo da temática dos direitos indígenas no sistema OEA,
buscando identificar padrões e mudanças em relação às reivindicações e suas
conexões com os processos políticos nacionais de mudança institucional do
paradigma dos direitos indígenas.
A análise dos documentos selecionados permitiu compreender a trajetória de
definição da agenda dos direitos indígenas e as mobilizações possíveis no fórum de
direitos humanos da OEA. Esta análise aponta para a importância dos momentos de
constitucionalização nacionais que institucionalizam uma lista mais ampla de direitos
do que aqueles discutidos dentro dos fóruns específicos do sistema OEA. É importante
frisar que esses ainda são valorados por ativistas pró-direitos indígenas como
importantes para a mobilização transnacional, sobretudo, nos conflitos que envolvem
comunidades indígenas e os estados. Ainda sim, a análise preliminar aponta para o
tratamento periférico que a questão recebeu na comissão de direitos humanos como
na Corte da OEA, ressaltando-se que a emergência contemporânea do tema se dá
após os processos constituintes recentes que mudaram o paradigma de concepção
dos direitos indígenas na América do Sul.
Esta primeira parte do artigo será dedicada à compreensão do funcionamento do
sistema OEA e a pauta de direitos indígenas promovida pelos órgãos e a escolha dos
três estudos de casos.
2 A escolha dos três casos está baseada em três critérios de escolha (obtidos via revisão
bibliográfica e análise da questão indígena nos sistemas de direitos nacionais do continente
americano): 1. relação entre população indígena e população não indígena; 2. Tipo de
Dos processos constituintes nos três países resultaram as seguintes
Constituições: a Constituição da República Federativa do Brasil, em 1988; a
Constitucion Politica de Colombia, de 1991 e a Constitución Política Del Estado – da
Bolívia, de 2009. A principal chave de leitura que permite compreender quais direitos e
de que forma foram constitucionalizados, é o privilégio que os constituintes deram as
relações entre Estado e comunidades indígenas, como tema principal do objeto dos
direitos especiais que deveriam ser assegurados nos textos das novas constituições. É
a positivação da dimensão coletiva dos direitos especiais e como estas comunidades
se relacionam com o Estado, o que marca a chegada dos direitos indígenas às
constituições nacionais nos três estudos de caso. Direitos indígenas dizem respeito
aos direitos assegurados especialmente aos indivíduos e, sobretudo, coletividades que
se identificam como diferentes e merecedoras de atenção especial para a valoração
das suas tradições culturais (BRYSK, 1996, p.43).
O que estava em jogo nos processos constituintes, era o espaço institucional
reconhecido à diversidade cultural, que será traduzido em quatro questões centrais às
reivindicações dos ativistas pró-direitos indígenas: (1) o reconhecimento da
diversidade étnica como premissa fundante dos Estados; (2) o direito ao território
como Habit, incluindo o uso coletivo e permanente das terras tradicionais; (3) a
manutenção e o ‘empoderamento’ das instituições tradicionais de autogoverno, e (4) a
participação de representantes indígenas nas instituições estatais3.
3. Considerações finais
A corte-interamericana é mais eficaz em contribuir para os direitos humanos
quando suas decisões são incorporadas nas estratégias mais amplas de promoção de
mudança de atores domésticos. Uma análise dos casos julgados pela corte
interamericana, referente aos direitos indígenas, parece indicar que o não
cumprimento das determinações dos julgamentos é a reação freqüente às suas
sentenças. Os governos podem rejeitar abertamente certas ordens, mas ainda mais
comumente eles afirmam que vão cumprir ou estão em processo de cumprir, mas não
conseguem tomar as medidas necessárias para tornar suas práticas condizentes com
o respeito aos direitos humanos da forma como se coloca nas decisões da corte. Uma
violação de direitos humanos na corte interamericana normalmente recebe ordens de
reparação material individual para as vítimas (como o pagamento valores monetários),
bem como reparações simbólicas (geralmente incluindo uma ordem para o Estado de
realizar uma cerimônia pública reconhecendo sua responsabilidade pelas violações).
Sobre as influências citadas pela bibliografia, destaca-se nesta análise preliminar
que a pauta nacional dos direitos indígenas só logrou encontrar caminho recente na
comissão e na corte. Os casos apontados poderão ilustrar os contornos internacionais
da perspectiva de ativistas envolvidos nos processos recentes de constitucionalização
dos direitos indígenas.
4. Bibliografia
SITES ACESSADOS:
Decisões de mérito da Comissão Interamericana de direitos humanos
http://www.oas.org/en/iachr/decisions/merits.asp
http://www.oas.org/en/iachr/reports/annual.asp