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Noções Básicas

1. SEGURIDADE SOCIAL
Antes de se avançar no estudo da previdência social, deve-se fazer uma análise da
seguridade social, visto que a previdência está inserida dentro do sistema de seguridade.
Como se pode observar do Título VIII da Constituição Federal, que trata Da Ordem
Social, a previdência é apenas uma das seções da seguridade social (tratada em todo o
Capítulo II desse mesmo Título).
Segundo essas disposições da Lei Maior, a seguridade social compreende um
conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade,
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência social e à assistência
social (artigo 194, “caput”, Constituição Federal).
Assim sendo, a seguridade social compreende: saúde; previdência social; assistência
social. Assim, percebe-se que a previdência social é uma das formas de atuação estatal
na área de seguridade social.
1.1. Saúde
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantida mediante políticas sociais
e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação
(artigo 196 da Constituição Federal).
A Constituição Federal de 1988 previu a criação de um Sistema Único de Saúde
(SUS). Busca-se, assim, uma ação conjunta entre União, Estados, Distrito Federal e
Municípios (artigo 194, “caput”, da Constituição Federal). O SUS está disciplinado
basicamente por meio das Leis n. 8.080, de 19.09.90, e n. 8.142, de 28.12.90.
Como regra, a União fixa as políticas gerais. Compete a ela, por exemplo, fazer as
grandes campanhas publicitárias de prevenção a doenças. Aos Estados e Distrito Federal
incumbe a prestação do serviço de saúde (Hospitais Regionais), enquanto aos
Municípios incumbe o atendimento emergencial, bem como a triagem e o
acompanhamento dos casos que demandam intervenção especializada.
Percebe-se, assim, que na área da saúde há uma união, uma coordenação, entre União,
Estados, Municípios e Distrito Federal.
A saber: antes da Constituição Federal de 1988, quem cuidava do sistema de saúde do
Brasil era o INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social),
que era uma autarquia federal.

1.2. Previdência Social – artigo 201 da Constituição Federal.


Segundo Wladimir Novaes Martinez, a previdência social é “como a técnica de
proteção social que visa a propiciar os meios indispensáveis à subsistência da pessoa
humana – quando esta não pode obtê-los ou não é socialmente desejável que os aufira
pessoalmente através do trabalho, por motivo de maternidade, nascimento,
incapacidade, invalidez, desemprego, prisão, idade avançada, tempo de serviço ou
morte – mediante contribuição compulsória distinta, proveniente da sociedade e de cada
um dos participantes”.
O artigo 1.º da Lei n. 8.213/91 dispõe que “a Previdência Social, mediante
contribuição, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de
manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada,
tempo de serviço, encargos familiares e de prisão ou morte daqueles de quem
dependiam economicamente”.
A previdência social, no que se refere ao Regime Geral, pertinente à maioria dos
trabalhadores é atualmente administrado pelo INSS – Instituto Nacional do Seguro
Social, autarquia federal resultante da fusão dos antigos INPS (que cuidava da
concessão e manutenção de benefícios) e IAPAS (que cuidava da gestão administrativa
e financeira do Sistema), que tem por objetivo a prática das ações estatais na área da
previdência social.
Incumbe ao Instituto Nacional de Seguro Social: a arrecadação e a administração das
contribuições previdenciárias; a concessão e a manutenção das prestações
previdenciárias.
1.3. Assistência Social – artigo 203 da Constituição Federal
Wladimir Novaes Martinez define a assistência social como “um conjunto de
atividades particulares e estatais direcionadas para o atendimento dos hipossuficientes,
consistindo os bens oferecidos em pequenos benefícios em dinheiro, assistência à saúde,
fornecimento de alimentos e outras pequenas prestações. Não só complementa os
serviços da -Previdência Social, como a amplia, em razão da natureza da clientela e das
necessidades providas”.
Artigo 4.º da Lei n. 8.212/91: “a Assistência Social é a política social que provê o
atendimento das necessidades básicas, traduzidas em proteção à família, à maternidade,
à infância, à adolescência, à velhice e à pessoa portadora de deficiência,
independentemente de contribuição à Seguridade Social” .
Trata-se de direito constitucional, previsto no artigo 203 da Lei Maior. Todo
brasileiro que se encontre em situação de hipossuficiência tem o direito à assistência
social, como forma de promoção social.
A assistência social é, em parte, realizada pela Comunidade Solidária, programa
segundo o qual que os projetos surgem da própria comunidade e, posteriormente, são
submetidos a uma comissão que avaliará a possibilidade de sua implementação. Uma
vez aprovados, recebem o apoio técnico da Comunidade Solidária, sendo que os
recursos financeiros necessários a sua implementação são buscados no orçamento
público.
Além da Comunidade Solidária, atuam na assistência social entidades particulares
– Associações Beneficentes – que gozam de benefícios tributários (assim, há a
colaboração indireta do Governo).
O Instituto Nacional de Seguro Social, extraordinariamente, também atua na área
da assistência social. Isso ocorre no caso da garantia de um salário-mínimo de benefício
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios
de prover a própria manutenção, ou de tê-la provida por sua família, o que é previsto no
artigo 203, inciso V, da Constituição Federal. Esse benefício assistencial pago pelo
Instituto Nacional de Seguro Social foi regulamentado pela Lei n. 8.742/93, que
determina que fará jus ao benefício quem ganhar até ¼ do salário mínimo, como renda
per capita da família.
1.4. Objetivos que devem ser perseguidos na área da Seguridade Social
O artigo 194, parágrafo único, da Constituição Federal estabelece objetivos comuns à
seguridade social. Na verdade, taisobjetivos são verdadeiros princípios constitucionais
de seguridade social, pois são normas constitucionais que albergam valores jurídicos
superiores que condicionam a atividade do legislador infraconstitucional, fornecem
diretrizes interpretativas e conferem unidade ao Sistema de Seguridade Social.

1.4.1. Universalidade de cobertura e do atendimento


a) Universalidade de cobertura
A finalidade é fazer com que todas as situações que demandem intervenção estatal na
área da saúde, previdência e assistência social sejam atendidas.
• Na área da saúde: já foi atingida, pois todos os eventos têm cobertura pelo Estado.
• Na área da previdência: ainda não foi atingida, pois não são todos os eventos que são
atendidos, mas apenas os previstos em lei.
• Na área de assistência social: ainda não foi atingida. O governo apenas dá uma
cobertura esporádica a determinados eventos.
b) Universalidade do atendimento
Todos os sujeitos em situação de necessidade devem ser atendidos.
• Na área da saúde: teoricamente, o acesso é universal, pois todas as pessoas têm direito
de serem atendidas em hospitais públicos. Existe, porém, uma limitação material do
sistema, como a falta de leitos e de remédios (antes da Constituição Federal /88, só
podia ser atendido em hospitais públicos quem fosse contribuinte do INPS - Instituto
Nacional de Previdência Social).
• Na área da previdência: também há limites, uma vez que só têm direito as pessoas que
contribuem, sendo que a filiação é aberta mediante contribuição. Ressalta-se, porém,
que os menores de 16 anos não podem ser filiados a plano de previdência social.
• Na área de assistência social: ainda não foi atingida, uma vez que não são todas as
pessoas necessitadas que recebem atendimento.
1.4.2. Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas
e rurais
• Na área da saúde: não é atendida, uma vez que o trabalhador rural normalmente tem
que se deslocar até a cidade mais próxima para ser atendido.
• Na área da previdência: após a Constituição Federal/88, a equiparação existe, uma vez
que os benefícios para o rural e o urbano são os mesmos. Ressalta-se, ainda, que o
tempo de trabalho rural conta para a aposentadoria se o trabalhador passar a ser urbano
e vice-versa.
• Na área de assistência social: não há equiparação, uma vez que quase nada é feito
para o trabalhador rural.
1.4.3. Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e
Serviços
O constituinte quis com esse princípio que o legislador tenha bom senso, uma vez
que as verbas são poucas, devendo, assim, as prestações e os serviços serem
selecionados, a fim de que sejam escolhidos os mais necessários.
Deve-se levar em conta, ainda, a necessidade de atender o maior número possível de
pessoas.
1.4.4. Irredutibilidade do valor dos benefícios
Aplica-se principalmente na previdência e assistência social, nesta, apenas quando
se trata do benefício previsto no artigo 203, inciso V, da Constituição Federal, vez que
as demais prestações da assistência social não são pecuniárias.
Trata-se da irredutibilidade do valor real, ou seja, do valor de compra do benefício. Em
caso de inflação, os benefícios devem ser reajustados.
Lembre-se que nenhum benefício que seja substitutivo do rendimento do
trabalhador (exemplo: aposentadorias, pensões, salário maternidade etc) poderá ser
inferior a um salário mínimo (piso dos benefícios) nem superior, a partir de junho de
2002, a R$ 1.561,56 (teto dos benefícios). Esses valores sofrem alteração periódica, que
atualmente acontece em junho de cada ano. Obviamente, os benefícios pagos pelo valor
mínimo são reajustados antes, em maio, quando há reajustamento do salário mínimo.
1.4.5. Eqüidade na forma de participação do custeio
Toda ação na área da previdência social tem que ser custeada; para isso são
necessários recursos financeiros. Tais recursos provêm da própria população, de forma
indireta (recursos orçamentários da União, Estados, Distrito Federal e Municípios) ou
direta (contribuições sociais, exemplo: contribuição sobre o lucro) – artigo 195 da
Constituição Federal.
Dessa forma, as contribuições para o custeio da previdência social têm natureza
tributária, assim, devem ser respeitados os Princípios Gerais do Direito Tributário.
A eqüidade é atingida com o respeito aos Princípios da Isonomia e da Capacidade
Contributiva. Devido à eqüidade, cada um contribui com a previdência de acordo com
sua capacidade contributiva (quem pode mais, paga mais, quem pode menos, paga
menos ou até não paga). Além da capacidade contributiva, a equidade impõe que
empresas que provoquem uma maior atuação estatal, por produzirem mais situações de
risco social, devem pagar contribuições maiores. Assim sendo, a lei prevê que a
empresa que provoque maior risco de acidente do trabalho deve contribuir
progressivamente mais que outra que produza menos acidentes, mesmo que esta última
tenha a mesma capacidade contributiva.
1.4.6. Diversidade da base de financiamento
Tem por objetivo a arrecadação de recursos de diversas fontes. Assim, caso uma fonte
passe por crise, haverá outras, garantindo-se a segurança do sistema. São duas as formas
de financiamento da seguridade social: a indireta e a direta .
A formaindireta consiste no repasse de recursos orçamentários da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios. Diz-se indireta porque a sociedade está participando do
custeio do Sistema de forma oblíqua, ou seja, os cidadãos não estão vertendo
individualmente recursos para o Sistema, mas dele participando através de recursos
públicos previstos nos orçamentos dos referidos entes da federação. Os recursos
orçamentários destinados à seguridade social constarão dos orçamentos de cada uma das
pessoas políticas acima mencionadas (artigo 195, § 1o, da Constituição Federal).
A forma direta se dá por meio do pagamento das contribuições previstas no artigo 195
da Constituição Federal, que são as seguintes:
a) Cobradas da empresa, incidentes sobre:
• folha de salários e demais rendimentos; lucro; receita ou faturamento;
b) Cobradas do segurado;
c) Incidente sobre receita de concurso de prognósticos
Há ainda a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras),
recentemente prorrogada pela Emenda Constitucional 37/2002 e a contribuição do
PIS/PASEP, prevista no artigo 239 da Constituição.
Finalmente, são ainda previstas outras receitas,quais sejam:
• Multas. Cobrança de correção monetária. Juros. Receitas patrimoniais (exemplo:
locação de imóveis do Instituto Nacional de Seguro Social).
• 50% dos valores obtidos e aplicados na forma do parágrafo único do artigo 243 da
Constituição (venda de bens apreendidos em decorrência de tráfico ilícito de
entorpecente).
• 40% do resultado dos leilões dos bens apreendidos pela Secretaria da Receita Federal.

1.4.7. Caráter democrático e descentralizado da Administração


A Constituição Federal estabelece que as ações na área de seguridade social devem ser
democráticas; as decisões devem ser tomadas com a participação de todos.
A Constituição Federal determina, ainda, que existam órgãos que sejam
compostos por representantes de quatro segmentos sociais: trabalhadores,
empregadores, aposentados e Governo (gestão quadripartite).
1.5. Princípios relacionados com a previdência social
No que diz respeito especificamente à previdência social, organizada em forma de
Regime Geral, devem ainda ser elencados os princípios prescritos no artigo 201 da
Constituição Federal:
caráter contributivo; filiação obrigatória: não há autonomia de vontade. Existe, porém,
uma categoria de segurado que pode facultativamente contribuir com a previdência, mas
a regra é a filiação obrigatória;
• devem ser observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.

2. PREVIDÊNCIA
Assentadas as noções básicas sobre o sistema no qual está inserida a previdência social,
oportuna se faz a análise dos diversos regimes em que essa se decompõe.

pessoalmente através do trabalho, por motivo de maternidade, nascimento,


incapacidade, invalidez, desemprego, prisão, idade avançada, tempo de serviço ou
morte – mediante contribuição compulsória distinta, proveniente da sociedade e de cada
um dos participantes”.
O artigo 1.º da Lei n. 8.213/91 dispõe que “a Previdência Social, mediante
contribuição, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de
manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada,
tempo de serviço, encargos familiares e de prisão ou morte daqueles de quem
dependiam economicamente”.
A previdência social, no que se refere ao Regime Geral, pertinente à maioria dos
trabalhadores é atualmente administrado pelo INSS – Instituto Nacional do Seguro
Social, autarquia federal resultante da fusão dos antigos INPS (que cuidava da
concessão e manutenção de benefícios) e IAPAS (que cuidava da gestão administrativa
e financeira do Sistema), que tem por objetivo a prática das ações estatais na área da
previdência social.
Incumbe ao Instituto Nacional de Seguro Social:

a arrecadação e a administração das contribuições previdenciárias;

a concessão e a manutenção das prestações previdenciárias.
1.3. Assistência Social – artigo 203 da Constituição Federal
Wladimir Novaes Martinez define a assistência social como “um conjunto de
atividades particulares e estatais direcionadas para o atendimento dos hipossuficientes,
consistindo os bens oferecidos em pequenos benefícios em dinheiro, assistência à saúde,
fornecimento de alimentos e outras pequenas prestações. Não só complementa os
serviços da -Previdência Social, como a amplia, em razão da natureza da clientela e das
necessidades providas”.
Artigo 4.º da Lei n. 8.212/91: “a Assistência Social é a política social que provê o
atendimento das necessidades básicas, traduzidas em proteção à família, à maternidade,
à infância, à adolescência, à velhice e à pessoa portadora de deficiência,
independentemente de contribuição à Seguridade Social” .
Trata-se de direito constitucional, previsto no artigo 203 da Lei Maior. Todo
brasileiro que se encontre em situação de hipossuficiência tem o direito à assistência
social, como forma de promoção social.
A assistência social é, em parte, realizada pela Comunidade Solidária, programa
segundo o qual que os projetos surgem da própria comunidade e, posteriormente, são
submetidos a uma comissão que avaliará a possibilidade de sua implementação. Uma
vez aprovados, recebem o apoio técnico da Comunidade Solidária, sendo que os
recursos financeiros necessários a sua implementação são buscados no orçamento
público.
Além da Comunidade Solidária, atuam na assistência social entidades particulares
– Associações Beneficentes – que gozam de benefícios tributários (assim, há a
colaboração indireta do Governo).
O Instituto Nacional de Seguro Social, extraordinariamente, também atua na área
da assistência social. Isso ocorre no caso da garantia de um salário-mínimo de benefício
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios
de prover a própria manutenção, ou de tê-la provida por sua família, o que é previsto no
artigo 203, inciso V, da Constituição Federal. Esse benefício assistencial pago pelo
Instituto Nacional de Seguro Social foi regulamentado pela Lei n. 8.742/93, que
determina que fará2
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jus ao benefício quem ganhar até ¼ do salário mínimo, como renda per capita da
família.
1.4. Objetivos que devem ser perseguidos na área da Seguridade
Social
O artigo 194, parágrafo único, da Constituição Federal estabelece objetivos comuns
à seguridade social. Na verdade, taisobjetivos são verdadeiros princípios constitucionais
de seguridade social, pois são normas constitucionais que albergam valores jurídicos
superiores que condicionam a atividade do legislador infraconstitucional, fornecem
diretrizes interpretativas e conferem unidade ao Sistema de Seguridade Social.
1.4.1. Universalidade de cobertura e do atendimento
a) Universalidade de cobertura
A finalidade é fazer com que todas as situações que demandem intervenção estatal
na área da saúde, previdência e assistência social sejam atendidas.

Na área da saúde: já foi atingida, pois todos os eventos têm cobertura pelo
Estado.

Na área da previdência: ainda não foi atingida, pois não são todos os eventos
que são atendidos, mas apenas os previstos em lei.

Na área de assistência social: ainda não foi atingida. O governo apenas dá uma
cobertura esporádica a determinados eventos.
b) Universalidade do atendimento
Todos os sujeitos em situação de necessidade devem ser atendidos.

Na área da saúde: teoricamente, o acesso é universal, pois todas as pessoas têm
direito de serem atendidas em hospitais públicos. Existe, porém, uma limitação material
do sistema, como a falta de leitos e de remédios (antes da Constituição Federal /88, só
podia ser atendido em hospitais públicos quem fosse contribuinte do INPS - Instituto
Nacional de Previdência Social).

Na área da previdência: também há limites, uma vez que só têm direito as
pessoas que contribuem, sendo que a filiação é aberta mediante contribuição. Ressalta-
se, porém, que os menores de 16 anos não podem ser filiados a plano de previdência
social.

Na área de assistência social: ainda não foi atingida, uma vez que não são todas
as pessoas necessitadas que recebem atendimento.
1.4.2. Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às
populações urbanas e rurais

Na área da saúde: não é atendida, uma vez que o trabalhador rural normalmente
tem que se deslocar até a cidade mais próxima para ser atendido.

Na área da previdência: após a Constituição Federal/88, a equiparação existe,
uma vez que os benefícios para o rural e o urbano são os mesmos. Ressalta-se, ainda,
que o tempo de trabalho rural conta para a aposentadoria se o trabalhador passar a ser
urbano e vice-versa.

Na área de assistência social: não há equiparação, uma vez que quase nada é
feito para o trabalhador rural.
1.4.3. Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e3
3
serviços
O constituinte quis com esse princípio que o legislador tenha bom senso, uma vez
que as verbas são poucas, devendo, assim, as prestações e os serviços serem
selecionados, a fim de que sejam escolhidos os mais necessários.
Deve-se levar em conta, ainda, a necessidade de atender o maior número possível de
pessoas.
1.4.4. Irredutibilidade do valor dos benefícios
Aplica-se principalmente na previdência e assistência social, nesta, apenas quando
se trata do benefício previsto no artigo 203, inciso V, da Constituição Federal, vez que
as demais prestações da assistência social não são pecuniárias.
Trata-se da irredutibilidade do valor real, ou seja, do valor de compra do benefício.
Em caso de inflação, os benefícios devem ser reajustados.
Lembre-se que nenhum benefício que seja substitutivo do rendimento do
trabalhador (exemplo: aposentadorias, pensões, salário maternidade etc) poderá ser
inferior a um salário mínimo (piso dos benefícios) nem superior, a partir de junho de
2002, a R$ 1.561,56 (teto dos benefícios). Esses valores sofrem alteração periódica, que
atualmente acontece em junho de cada ano. Obviamente, os benefícios pagos pelo valor
mínimo são reajustados antes, em maio, quando há reajustamento do salário mínimo.
1.4.5. Eqüidade na forma de participação do custeio
Toda ação na área da previdência social tem que ser custeada; para isso são
necessários recursos financeiros. Tais recursos provêm da própria população, de forma
indireta (recursos orçamentários da União, Estados, Distrito Federal e Municípios) ou
direta (contribuições sociais, exemplo: contribuição sobre o lucro) – artigo 195 da
Constituição Federal.
Dessa forma, as contribuições para o custeio da previdência social têm natureza
tributária, assim, devem ser respeitados os Princípios Gerais do Direito Tributário.
A eqüidade é atingida com o respeito aos Princípios da Isonomia e da Capacidade
Contributiva. Devido à eqüidade, cada um contribui com a previdência de acordo com
sua capacidade contributiva (quem pode mais, paga mais, quem pode menos, paga
menos ou até não paga). Além da capacidade contributiva, a equidade impõe que
empresas que provoquem uma maior atuação estatal, por produzirem mais situações de
risco social, devem pagar contribuições maiores. Assim sendo, a lei prevê que a
empresa que provoque maior risco de acidente do trabalho deve contribuir
progressivamente mais que outra que produza menos acidentes, mesmo que esta última
tenha a mesma capacidade contributiva.
1.4.6. Diversidade da base de financiamento
Tem por objetivo a arrecadação de recursos de diversas fontes. Assim, caso uma
fonte passe por crise, haverá outras, garantindo-se a segurança do sistema.
São duas as formas de financiamento da seguridade social: ain d ireta e ad ireta .
A formaindireta consiste no repasse de recursos orçamentários da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios. Diz-se indireta porque a sociedade está participando do
custeio do Sistema de forma oblíqua, ou seja, os cidadãos não estão vertendo
individualmente recursos para o Sistema, mas dele participando através de recursos
públicos previstos nos orçamentos dos referidos entes da federação. Os recursos4
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orçamentários destinados à seguridade social constarão dos orçamentos de cada uma das
pessoas políticas acima mencionadas (artigo 195, § 1o, da Constituição Federal).
A formad ireta se dá por meio do pagamento das contribuições previstas no artigo
195 da Constituição Federal, que são as seguintes:
a) Cobradas da empresa, incidentes sobre:

folha de salários e demais rendimentos;

lucro;

receita ou faturamento;
b) Cobradas do segurado
c) Incidente sobre receita de concurso de prognósticos
Há ainda a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras),
recentemente prorrogada pela Emenda Constitucional 37/2002 e a contribuição do
PIS/PASEP, prevista no artigo 239 da Constituição.
Finalmente, são ainda previstas outras receitas,quais sejam:

Multas.

Cobrança de correção monetária.

Juros.

Receitas patrimoniais (exemplo: locação de imóveis do Instituto Nacional de
Seguro Social).

50% dos valores obtidos e aplicados na forma do parágrafo único do artigo 243 da
Constituição (venda de bens apreendidos em decorrência de tráfico ilícito de
entorpecente).

40% do resultado dos leilões dos bens apreendidos pela Secretaria da Receita
Federal.
1.4.7. Caráter democrático e descentralizado da Administração
A Constituição Federal estabelece que as ações na área de seguridade social devem
ser democráticas; as decisões devem ser tomadas com a participação de todos.
A Constituição Federal determina, ainda, que existam órgãos que sejam
compostos por representantes de quatro segmentos sociais: trabalhadores,
empregadores, aposentados e Governo (gestão quadripartite).
1.5. Princípios relacionados com a previdência social
No que diz respeito especificamente à previdência social, organizada em forma de
Regime Geral, devem ainda ser elencados os princípios prescritos no artigo 201 da
Constituição Federal:

caráter contributivo;

filiação obrigatória: não há autonomia de vontade. Existe, porém, uma categoria de
segurado que pode facultativamente contribuir com a previdência, mas a regra é a
filiação obrigatória;

devem ser observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
2. PREVIDÊNCIA
Assentadas as noções básicas sobre o sistema no qual está inserida a previdência
social, oportuna se faz a análise dos diversos regimes em que essa se decompõe.
5
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Três são os regimes previdenciários previstos na Constituição Federal: o regime
estatutário, o regime geral e o regime complementar facultativo.
2.1. Regime Estatutário
Esse é o regime obrigatório dos servidores titulares de cargos efetivos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, previsto no artigo 40 da Constituição
Federal. Esse regime garante aos servidores públicos regras de aposentadoria e pensão
diferentes daquelas impostas aos trabalhadores comuns, principalmente no que diz
respeito ao valor dos benefícios. O regime do funcionário público da União é regido
pela Lei n. 8.112/90, enquanto os servidores municipais e estaduais possuem regimes
estatutários próprios, previstos em leis dos entes políticos a que estão vinculados.
2.2. Regime Geral
É o regime obrigatório aplicado a todos os que não pertencem ao regime
estatutário. Está previsto no artigo 201 da Constituição Federal, disciplinado pelas Leis
n. 8.213/91 (Plano de Benefícios da Previdência Social) e n. 8.212/91 (Lei de
Organização e Custeio da Seguridade Social) e regulamentado pelo Decreto n. 3.048/99.
Como regra, pertencem a esse regime as pessoas que atuam na iniciativa privada.
Entretanto, pertencem ainda a tal regime os funcionários públicos não abrangidos por
regime próprio, como por exemplo os ocupantes de cargo em comissão, sem vínculo
efetivo com o Poder Público (artigo 37, inciso V, da Constituição Federal). A esse
regime serão dedicadas as lições deste curso.
O artigo 201 da Constituição Federal descreve o rol de eventos que devem ser
cobertos pela previdência social. Para cada um desses eventos a legislação prevê a
cobertura por uma prestação previdenciária:
• Doença: corresponde à incapacidade temporária. O benefício é o auxílio-doença.
• Invalidez: é uma incapacidade definitiva. O benefício é a aposentadoria por invalidez.
• Morte: os benefícios previdenciários são personalíssimos; sendo assim, com a morte
do segurado, eles são extintos. É concedido, entretanto, aos dependentes do segurado o
benefício denominado pensão por morte.
• Idade avançada (idade cronológica): o benefício é a aposentadoria por idade.
• Para proteção à maternidade, especialmente à gestante, o benefício é o salário-
maternidade;
• Desemprego: que decorre da perda involuntária do trabalho, coberto pelo seguro-
desemprego (o auxílio-desemprego, apesar de ser benefício previdenciário, não é pago
pelo Instituto Nacional de Seguro Social. Ele é concedido pelo Fundo de Amparo ao
Trabalhador - FAT, que é administrado pela Caixa Econômica Federal);
• Encargos familiares: é previsto o salário-família, pago ao trabalhador de baixa renda
que tiver filho de até 14 anos ou inválido de qualquer idade;
• Recolhimento à prisão: paga-se auxílio-reclusão aos dependentes do segurado de
baixa renda que se encontre detido ou recluso em razão de condenação judicial.
2.3. Regime Complementar (Facultativo)
Trata-se da previdência complementar, que pode ser pública ou privada, de acordo com
o que dispõem os artigos 40, §§ 14 a 16, e 202 da Constituição Federal.
2.3.1. Previdência Complementar Pública
A Emenda Constitucional n. 20/98 acrescentou os §§ 14 a 16 ao artigo 40 da
Constituição Federal, possibilitando a criação de regimes de previdência complementar
por União, Estados, Distrito Federal e Municípios para seus servidores, caso em que os
benefícios do regime ordinário do servidor poderão ser limitados ao teto do regime geral
(Comentários à Lei de Benefícios da Previdência Social, Daniel Machado Rocha e José
Paulo Baltazar Júnior).
Apesar de estar constitucionalmente prevista, ainda não está em vigor no Brasil.
Seu fundamento é estabelecer um teto máximo ao funcionário público inativo
pertencente ao Regime Estatutário, não importando o quanto ele ganhava no período em
que estava na ativa.
Assim, caso o funcionário público queira ganhar mais que o teto máximo
estabelecido, a fim de alcançar o valor que recebia quando na ativa, poderá ingressar no
Regime Complementar Público.
O Regime Estatutário sofrerá alterações somente no momento em que a Previdência
Pública Complementar for criada.
Hoje, pelo Regime Estatutário, o aposentado recebe o valor que ganhava quando estava
na ativa.
2.3.2. Previdência Complementar Privada
Compreende planos de previdência complementar administrados por instituições de
natureza privada. Podem ser contratados por qualquer pessoa e se classificam em:
• Planos mantidos por entidades abertas: são aqueles mantidos por instituições
financeiras (bancos) e que se dirigem a todos os interessados, sem distinções .
• Planos mantidos por entidades fechadas: ocorre quando uma empresa ou grupo de
empresas cria um sistema de previdência complementar para seus funcionários.
Exemplo: os funcionários aposentados pelo Banco do Brasil recebem o teto do Instituto
Nacional de Seguro Social e o que falta para completar o que eles ganhavam na ativa é
pago pela previdência privada mantida pelo Banco.
A Previdência Complementar Privada está atualmente regulamentada pelas Leis
Complementares 108 e 109, ambas de 29 de maio de 2001.
Atenção: tanto o Regime Complementar Público quanto o Privado são regimes
facultativos.

MÓDULO II
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Lei n. 8.213, de 24.7.1991
1. BENEFICIÁRIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
Beneficiários da previdência social são todas as pessoas naturais titulares de direitos
subjetivos perante o Sistema Previdenciário. O quadro abaixo fornece sua classificação.
– empregado
– empregado doméstico
– contribuinte individual
– trabalhador avulso
– segurado especial
– Facultativos
– 1.ª Classe
– 2.ª Classe
– 3.ª Classe
A Lei n. 8.213/91 estabelece quem são as pessoas que têm direito aos benefícios
previdenciários e quais os requisitos necessários para fazer jus aos benefícios.
“Segurados são as pessoas físicas que, em razão de exercício de atividade ou mediante o
recolhimento de contribuições, vinculam-se diretamente ao Regime Geral”.
“Dependentes são as pessoas cujo liame jurídico existente entre elas e o segurado
permite que a proteção previdenciária lhes seja estendida de forma reflexa.”
– Segurados
– Obrigatórios
Beneficiários
(Artigos 10 a 17 da Lei n. 8.213/91
- Dependentes
Os segurados são titulares de direitos próprios. Os dependentes também exercem
direitos próprios, mas sua vinculação com a previdência está condicionada à
manutenção da relação jurídica do segurado com o Sistema Previdenciário.
Os vínculos que os segurados e os dependentes mantêm com a previdência social são
diferentes.
Não se confunde odependente da previdência social com os dependentes dos
demais ramos do Direito.
2. SEGURADO
O segurado mantém um vínculo com a previdência social baseado em contribuição – ele
contribui com a previdência.
O segurado mantém com a previdência uma relação que implica direitos e deveres
para ambas as partes, sendo que a previdência tem o direito de receber contribuições e o
dever de conceder as prestações, e o segurado tem o dever de contribuir e o direito de
receber as prestações.
Trata-se de uma relação que não tem caráter contratual, pois o segurado é
obrigado a filiar-se à previdência, com exceção do segurado facultativo, pois a relação
aqui tem caráter contratual (contrato de adesão). Há, nesse caso, autonomia da vontade.
A lei não impõe ao segurado facultativo o dever de ser filiado à previdência e, uma vez
filiado, ele pode desfiliar-se a qualquer momento.
2.1. Segurado Obrigatório
São segurados do Regime Geral de Previdência Social:
• empregado;
• empregado doméstico;
• contribuinte individual (empresário, autônomo, equiparado ao autônomo);
• trabalhador avulso;
• segurado especial.
O segurado empregado começa a ser considerado filiado à previdência no momento em
que é contratado como empregado.
O contribuinte individual só é considerado filiado à previdência após pagar a 1.ª
contribuição.
Percebe-se, nestes exemplos, que o vínculo com a previdência, nos dois casos, começou
em momentos distintos.
O segurado empregado não precisa comprovar que contribui, basta ser empregado para
ser considerado filiado.
Outra regra distinta é a de que o contribuinte empregado pode contribuir, desde o início
da sua filiação, pelo valor máximo, ou seja, o teto da contribuição; já ocontribuinte
individual passa por fases, escalas de salário-base. A escala de salário-base está sendo
extinta. Já não se aplica mais aos segurados que se filiarem a partir de 29.11.1999 (ver
Lei n. 9.876/99).
Percebe-se, assim, que cada tipo de segurado tem tratamento específico.
2.1.1. Categoria de segurados obrigatórios
a) Empregado
É o segurado que presta pessoalmente serviço de natureza urbana ou rural a empresa,
em caráter não eventual, sob suasubordinação e mediante remuneração.
Se o Estado mantiver alguém na condição de empregado, deverá ser segurado
obrigatório do Instituto Nacional de Seguridade Social, na categoriaempregado.
Todos os funcionários públicos federais comissionados são segurados obrigatórios
Como empregados (ver Lei n. 8.213/91, artigo 11, inciso I, alíneas “a” a “i”).
“Por força da Lei n. 9.876/99, o empregado de organismo oficial internacional ou
estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por sistema próprio de
previdência social, anteriormente classificado como equiparado a autônomo, passou a
integrar o grupo dos empregados.” (“in” Comentários à Lei de Benefícios da
Previdência Social.
b) Empregado doméstico
É aquele que presta serviço de natureza contínua, mediante remuneração, a pessoa ou
família, no âmbito residencial destas, em atividades sem fins lucrativos.
Diarista: se trabalhar duas ou mais vezes por semana, já é considerado o vínculo
empregatício.
Caso haja alguma atividade comercial na residência, já não pode mais ser
considerado empregado doméstico (ver Lei n. 8.213/91, artigo 11, inciso II).
c) Contribuinte individual
Considera-se contribuinte individual o antigoautônomo, o equiparado a autônomo e o
empresário.
Também se enquadra na condição de contribuinte individual a pessoa física,
proprietária ou não, que explora atividade agropecuária ou pesqueira, em caráter
permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos e com auxílio de
empregados (é o antigo empregador rural).
São ainda considerados contribuintes individuais equiparados a autônomo o padre, o
pastor, o pai de santo, o bispo etc.
Por fim, também é autônomo a pessoa que mantém firma individual, urbana ou rural
(ver artigo 11, inciso V, da Lei n. 8.213/91).
d) Trabalhador avulso
É aquele que trabalha com a intermediação obrigatória do sindicato ou do órgão gestor
de mão-de-obra. Exemplo: trabalhadores da área portuária.
e) Segurado especial
É o pequeno produtor rural, o parceiro, o meeiro, o pescador artesanal, o garimpeiro e
os que exerçam a sua atividade em regime de economia familiar.
O segurado especial não contribui mensalmente; sua contribuição é anual.
Estes segurados podem requerer vários benefícios, no valor de um salário
mínimo, comprovando apenas o tempo de serviço, sem precisar comprovar a
contribuição (artigo 39 da Lei 8213/91).
Observação: Não confundir o contribuinte individual (artigo 11, inciso V, alínea “a”, da
Lei n. 8.212/91) com o segurado especial (inciso VII), pois o primeiro possui auxílio de
empregados no exercício da atividade rural, já o segurado especial conta apenas com a
ajuda dos membros da família para a exploração da atividade rural.
2.2. Segurado Facultativo (artigo 13 da Lei n. 8213/91)
É toda pessoa que, sem exercer atividade que determine filiação obrigatória, contribui
voluntariamente para a previdência social.
É todo aquele que não é considerado obrigatório. Exemplos:
• dona de casa; estudante, com mais de 16 anos; síndico de edifício que não seja
empregado. Lembrete: a idade mínima para ingressar no sistema previdenciário é 16
anos.
As pessoas que começaram a trabalhar com 14 anos, portanto, antes da mudança
constitucional ocorrida com a Emenda Constitucional n. 20, de 15.12.1998, que proíbe o
trabalho aos menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz aos 14 anos (artigo 7.º,
inciso XXXIII), continuaram a ser filiadas da previdência social, em face do direito
adquirido.
2.3. Período de Graça (Artigo 15 da Lei n. 8.213/91)
Como regra, a pessoa mantém a sua condição de segurado enquanto contribui, ou seja,
enquanto estiver filiado à previdência.
Entretanto, a legislação prevê que, em determinadas circunstâncias, mesmo
havendo a interrupção das contribuições e não estando o trabalhador exercendo
atividade que o vincule obrigatoriamente à previdência, o segurado mantém o seu
vínculo com a previdência social.
Este período é denominado pela doutrina de Período de Graça.
Período de Graça, portanto, é aquele período em que, mesmo sem contribuir e/ou
sem exercer atividade que o vincule obrigatoriamente à previdência, o segurado mantém
seu vínculo com o Sistema, com todos os direitos inerentes a essa condição.
Exemplos:
Quem está recebendo auxílio-doença não está contribuindo, mas este período, apesar de
não haver contribuição, é contado como se tivesse ocorrido.
Casos diferentes são os que seguem:
• quem trabalha, mas vai prestar o serviço militar. Durante três meses, após o término
do serviço militar, o segurado encontra-se no Período de Graça;
• o preso tem um Período de Graça de 12 meses após o livramento.
Tanto no caso de quem vai prestar serviço militar como no caso do preso, o tempo de
graça não conta como contribuição para fim de aposentadoria.
2.4. Regra Geral do Período de Graça Aplicada aos Segurados (artigo 15, § 1.º)
O segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela
previdência social mantém sua condição de segurado até doze meses após a cessação
das contribuições. Esse prazo será prorrogado para até vinte e quatro meses se o
segurado já houver pagado mais de vinte e quatro contribuições.
2.5. Regra do Período de Graça Aplicada ao Segurado Empregado (artigo 15, § 2.º)
O segurado empregado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida
pela previdência social também mantém sua qualidade por doze meses após a cessação
das contribuições, prazo esse que pode ser prorrogado da seguinte forma: para até vinte
e quatro meses, se tiver pagado mais de cento e vinte contribuições; em mais doze
meses, inclusive de forma cumulativa com a prorrogação acima mencionada, para o
segurado desempregado que registrou essa condição no órgão próprio do Ministério do
Trabalho.
Assim sendo, o prazo que era inicialmente de doze meses pode atingir trinta e seis
meses se o segurado empregado estiver desempregado e contar com mais de cento e
vinte contribuições.
Importante: o Período de Graça não conta como contribuição. Apenas mantém o
vínculo com a Previdência Social.
Se, durante o Período de Graça, houver pelo menos uma contribuição, ele será
interrompido e começará a contar novamente.
Pergunta: Como saber que a pessoa perdeu a condição de segurado?
Resposta: A lei estabelece que a perda da condição de segurado se dá no 16.º dia do
segundo mês seguinte àquele em que terminou o Período de Graça.
“O Regulamento da Previdência Social unificou o prazo, levando em conta a data
para o recolhimento da contribuição dos contribuintes individuais, favorecendo, assim,
os demais segurados”. (“in” Comentários à Lei de Benefícios da Previdência Social,
Daniel Machado da Rocha e José Paulo Baltazar Júnior, Porto Alegre, ed. Livraria do
Advogado e ESMAFE – Escola Superior da Magistratura Federal do Rio Grande do
Sul, pág. 75, artigo 15)
3. DEPENDENTES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (Artigo 16 da Lei 8.213/91)
Os dependentes são titulares de direitos próprios. Mantêm uma relação jurídica pessoal
com a Previdência.
A Lei da Previdência diz quem são seus dependentes e os classifica em dependentes de
1.ª classe, 2.ª classe e 3.ª classe.
Os dependentes de 1.ª classe preferem aos de 2.ª classe que preferem aos de 3.ª classe.
Assim, o dependente de 2.ª

3.1. Dependentes de 1.ª Classe


• cônjuge (a);
• companheiro (a);
• filhos de qualquer condição: menores de 21 anos, não emancipados, ou inválidos de
qualquer idade.
Os dependentes de 1.ª classe gozam da presunção legal de dependência econômica.
Os dependentes de 1.ª classe concorrem entre si. Havendo mais de um, deve-se
dividir o valor da pensão em cotas-partes iguais. Exemplo: esposa legítima, com dois
filhos maiores de 21 anos e dois filhos menores, provenientes de uma relação
extraconjugal: a pensão será dividida em três partes.
Não basta existir dependentes de 1.ª classe, é necessário que haja a habilitação dos
dependentes junto à previdência social.
Caso os dependentes de 1.ª classe não se habilitem, subsistirá o direito das classes
inferiores.
No momento que o dependente deixar de sê-lo, por completar 21 anos, por
exemplo, a sua cota-parte passará aos outros dependentes da mesma classe. Caso seja o
único dependente, cessará o benefício.
Exemplo: três dependentes de 1.ª classe: cada um receberá ⅓ do valor do
benefício. Caso um deixe de ser dependente, o benefício passará a ser dividido em duas
partes somente (a cota-parte dele vai para os outros). No momento em que os demais
também perderem o benefício, este cessará.
Os dependentes da 1.ª classe podem se habilitar a qualquer tempo.
Caso o filho perca a condição de dependente por completar 21 anos e depois vier a se
tornar inválido, não terá mais direito a ser dependente.
Equiparam-se a filho, mediante prova de dependência econômica, concorrendo
em condições de igualdade com os demais dependentes da classe 1, o menor sob tutela e
o enteado. Por fim, ressalta-se que o direito de ser dependente não se transmite. Assim,
o filho do filho dependente não terá o direito.
3.1.1. Cônjuge
Perdem a condição de dependentes caso se separem (separação de fato, separação
judicial ou divórcio) e não fiquem com direito a pensão alimentícia. Caso tenham direito
a pensão alimentícia, subsiste o direito de ser dependente.
Assim, se a mulher ficar com direito a alimentos, mas não o exercer, continuará a
ser dependente; caso o ex-marido venha a falecer, ela poderá se habilitar como
dependente e terá direito à pensão. O marido possui o mesmo direito.
Ressalta-se que a convolação de núpcias não faz perder o direito à pensão. Esse fato só
ocorrerá caso morra o segundo marido e a esposa opte pela pensão deste.
Ressalta-se, ainda, que é possível cumular aposentadoria com a pensão por morte do
marido (ou da mulher).
3.1.2. Companheiro/companheira
Podem habilitar-se como dependentes da previdência as pessoas que vivem em
união estável. Tem sido admitido, por força de decisões judiciais ainda passíveis de
reforma, tal direito, inclusive para os casais de mesmo sexo.
3.1.3. Filhos
São dependentes da previdência os filhos de qualquer natureza. O menor tutelado e o
enteado são considerados dependentes, equiparados aos filhos, desde que não possuam
recursos próprios.
Ressalta-se que, ao completar 21 anos, perde a condição de dependente, mesmo
que esteja fazendo faculdade. Caso seja inválido, a condição de dependente se
perpetuará enquanto durar a invalidez.
Frisa-se também que, caso a pessoa se emancipe antes dos 21 anos, perderá a
condição de dependente, exceto se a emancipação ocorrer em razão da aquisição de
título universitário. Nesta última situação, a condição de dependente será mantida.
3.2. Dependentes de 2.ª Classe
Pais (pai ou mãe): naturais ou adotivos.
É necessário que comprovem a dependência econômica, ainda que parcial, com
o segurado da previdência. Basta que comprovem que o filho ou filha contribuía para a
manutenção da casa.
Caso haja dependentes habilitados de 1.ª classe, os pais não terão direito ao benefício da
previdência como dependentes.
3.3. Dependente de 3.ª Classe
Irmãos: de qualquer natureza, menores de 21 anos, não emancipados, ou inválidos de
qualquer idade.
Também é necessário que comprovem a dependência econômica, ainda que parcial,
com o segurado da previdência.
Esses dependentes também só terão direito se não houverem habilitados de 1.ª ou 2.ª
classe. Observação: Havia uma 4.ª classe, composta por pessoas designadas pelo
segurado.Hoje, essa 4.ª classe não existe mais.
3.4. Perda da Condição de Dependente
3.4.1. Para todos os dependentes (1.ª, 2.ª ou 3.ª classe)
A perda da condição de dependente ocorre com a morte
3.4.2. Marido/mulher
Perdem a condição de dependente: Na separação de fato, judicial ou divórcio, caso não
seja reconhecido o direito a alimentos.
• Após a convolação de novas núpcias, antes do óbito do segurado. Neste caso, a perda
da condição de dependente decorre do fato de o novo casamento implicar na perda do
direito à pensão alimentícia fixada quando da separação ou do divórcio.
• Quando a pessoa ficar novamente viúva e optar pela pensão do último marido.
3.4.3. Companheiro/companheira
A perda da condição de dependente ocorre com a separação de fato ou judicial, se não
for reconhecido o direito de alimentos.
3.4.4. Filhos
• ao se emanciparem;
• ao completarem 21 anos;
• se inválidos, quando recuperarem a capacidade.
O filho que completar 21 anos perde a condição de dependente no mês seguinte ao seu
aniversário; no mês do aniversário, ainda recebe o benefício.
O inválido, para a previdência, é aquele que não pode trabalhar devido a sua doença e,
assim, não possui recursos para sobreviver.
3.4.5. Pais
A perda da condição de segurado ocorre somente com a morte.
3.4.6. Irmãos
• ao se emanciparem;
• ao completarem 21 anos;
• se inválidos, quando recuperarem a capacidade.
4. CARÊNCIA. CONCEITO
Carência é o número mínimo de contribuições mensais necessário para que o
beneficiário faça jus ao benefício.
As contribuições devem ser mensais.Exemplo: carência de 12 meses deve ser
paga em 12 meses; não é permitido pagar contribuições atrasadas ou antecipar o
recolhimento de contribuições futuras para suprir período de carência.
Caso haja atraso no pagamento de uma prestação, esta não contará como carência.
Exemplo: a primeira prestação foi paga no dia certo, a segunda foi paga com atraso,
deverão ser pagas mais onze contribuições (desconsidera-se a segunda, que foi paga
com atraso).
4.1. Período de carência dos benefícios
4.1.1. Aposentadoria por invalidez e auxílio-doença
O período de carência é de 12 contribuições mensais.
Se a causa for acidente de qualquer natureza ou doença relacionada com o trabalho
(doença profissional ou doença do trabalho), dispensa-se a carência.
Dispensa-se também a carência se o segurado for portador de moléstia grave. O
artigo 151 da Lei n. 8.213/91 traz o rol das moléstias graves; esse rol elaborado pelos
Ministérios da Saúde, do Trabalho e da Previdência e Assistência Social, a cada três
anos, por meio de portaria conjunta, de acordo com os critérios de estigma, deformação,
mutilação, deficiência, ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que
mereçam tratamento particularizado. Exemplo: AIDS, cegueira total etc.
O segurado facultativo, para que seja considerado filiado ao sistema, deve ter
contribuído pelo menos uma vez. Ressalta-se que essa contribuição não diz respeito à
carência, mas sim ao aperfeiçoamento da sua filiação ao Regime Geral de Previdência.
4.1.2. Aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuição e
aposentadoria especial
A carência exigida é de 180 contribuições mensais.
Deve-se observar, nesses três casos, a tabela progressiva do artigo 142 da Lei n.
8.213/91, aplicável àqueles que já eram segurados da previdência quando da publicação
da Lei 8213/91, que é de 27 de julho de 1991. Para o ano de 2001, a carência para esses
benefícios é de 120 contribuições mensais.
A cada ano a carência aumenta em 6 contribuições. No ano 2011, chegará ao número de
180 contribuições mensais, patamar no qual se estabilizará.
4.1.3. Salário-maternidade
A carência é de 10 contribuições mensais.
As seguradas: empregada, empregada doméstica e trabalhadora avulsa estão, porém,
dispensadas do período de carência.
Para as demais seguradas, a carência é de 10 meses. Essa carência, porém, é
móvel, sendo possível ser menor. Exemplo: se o bebê nasce com oito meses, a carência
é de nove meses; se o bebê nasce com sete meses, a carência é de oito meses.
4.2. Benefícios em que não é exigida a carência
• pensão por morte;
• auxílio-reclusão;
• auxílio-acidente;
• salário-família;
• serviço social;
• habilitação e reabilitação profissionais;
• benefícios previstos no artigo 39 e no artigo 143 da Lei 8213/91.
Bastam os segurados ou dependentes serem filiados para receberem o benefício. Na
última hipótese devem o segurado especial e/ou trabalhador rural comum comprovar
essa sua condição nos meses imediatamente anteriores ao requerimento dos benefícios
previstos naqueles artigos, por período igual ao exigido como carência para prestação.
Exemplo: o segurado especial não precisa provar que contribuiu doze meses para ter
direito ao auxílio- doença, no valor de um salário mínimo; basta provar que exerceu
essa atividade nos doze meses anteriores ao requerimento da prestação, ainda que de
forma descontínua.
4.3. Problema Sobre a Carência
O problema surge quando o filiado perde a condição de segurado e, após um
período, volta a ser filiado. Nesse caso, surge a indagação: deve-se contar novamente a
carência?
Por exemplo:
• trabalhou 15 anos = fez 180 contribuições mensais;
• perdeu o emprego = ficou 48 meses sem trabalhar e contribuir;
• usufruiu do período de graça = 36 meses de período de graça;
• perdeu a condição de segurado no 16.º dia do 38.º mês.
A lei diz que se pode aproveitar a contribuição da 1.ª filiação para efeito de carência,
desde que, na 2.ª filiação, o segurado cumpra pelo menos 1/3 da carência exigida.
Exemplo: em caso de auxílio-doença exigem-se 12 contribuições mensais, então,
na 2.ª filiação deve haver no mínimo 4 contribuições. Em caso de aposentadoria por
idade, exigem-se 180 contribuições, então, na 2.ª filiação exigem-se no mínimo 60
contribuições.
Nesse caso, não houve perda da condição de segurado. Todas as contribuições
fazem parte da 1.ª filiação. Assim, caso o segurado necessitasse, por exemplo, de
auxílio-doença, para o qual são exigidas 12 contribuições, ele já teria direito, pois já
cumpriu o período de carência.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Benefício em espécie
Benefícios devidos aos segurados
1. BENEFÍCIOS DEVIDOS AOS SEGURADOS
1.1. Aposentadoria por Invalidez
Tem por objetivo substituir a remuneração do segurado que se encontre incapaz total e
definitivamente para o exercício de atividade que lhe garanta sobrevivência.
1.1.1. Requisitos
• Condição de segurado
Carência: 12 contribuições mensais. Se for em razão de acidente de qualquer natureza
ou moléstia grave, a carência é dispensada.
• Incapacidade total e definitiva para o exercício de atividade que garanta a
sobrevivência do segurado e dos seus dependentes. O perito do INSS deve comprovar
essa incapacidade.
1.1.2. Moléstia preexistente
No tocante à moléstia preexistente, o segurado pode receber o benefício. Só não o
receberá se a moléstia já era incapacitante quando se filiou à Previdência, pois, nesse
caso, caracteriza-se fraude.
Se a moléstia era preexistente e o segurado era incapaz, não importa se estava de boa ou
má-fé, o segurado não receberá o benefício.
Caso se trate de moléstia de progressão e o segurado já a possuía antes de se
filiar, para receber o benefício, basta que seja comprovada a progressão da moléstia.
Ex.: Mal de Chagas.
1.1.3. Necessidade da realização de exames
O segurando que recebe o benefício tem que se submeter a todos os tratamentos
recomendados e custeados pela Previdência Social, sob pena de cessação do benefício.
Existem, porém, dois procedimentos médicos que não são obrigatórios. São eles:
cirurgia; transfusão de sangue.
Esses procedimentos são considerados de risco, portanto, a pessoa pode escolher se quer
faze-los ou não.
É fundamental, porém, que o segurado compareça à Previdência para reavaliação
e realização dos demais exames e tratamentos, sob pena de cessação do benefício. Se o
segurado não tiver como ir ao local da perícia, o perito deverá ir até ele.
1.1.4. Comprovação de que o segurado possui incapacidade
O segurado é considerado incapaz quando não tem condição de desenvolver
atividade remunerada compatível com o grau de complexidade da atividade que exercia
anteriormente ou quando a atividade que ele puder desenvolver não lhe garantir posição
social equivalente àquela que ocupava anteriormente à enfermidade (deve-se analisar o
caso concreto).
O alcoolismo é considerado doença incapacitante.
1.1.5. Reabilitação profissional/ habitação profissional
O INSS pode submeter o segurado à reabilitação/habilitação; conseqüentemente, o
segurado deixa de receber o benefício.
Em alguns Estados, o INSS mantém programas para reabilitação, mas são poucos. Hoje,
normalmente, quando os peritos percebem a possibilidade de reabilitação, é concedido o
benefício de auxílio-doença e não o de aposentadoria por invalidez.
1.1.6. Termo inicial do benefício
• Para o segurado empregado, é a contar do 16.º dia do afastamento da atividade. Os 15
primeiros dias de afastamento quem paga é o empregador (é salário).
Esse termo inicial será mantido se o segurado requerer o benefício em até 30 dias
contados da data do afastamento.
Caso requeira após o 30.º dia, o termo inicial para o segurado empregado será a
contar da data do requerimento, exceto se ele conseguir comprovar que não fez o
requerimento dentro dos 30 dias por encontrar-se hospitalizado ou submetido a
tratamento ambulatorial.
• Para os demais segurados, o termo inicial é a contar da data do início da incapacidade
ou a contar da data do requerimento, se entre a data do afastamento e a data do
requerimento transcorrerem mais de 30 dias, exceto se conseguir comprovar que não fez
o requerimento dentro dos 30 dias por se encontrar hospitalizado ou submetido a
tratamento ambulatorial.
1.1.7. Valor do benefício
Será fixado em 100% do salário de benefício, que será calculado com base no
salário de contribuição.
O salário de contribuição é o valor da remuneração do segurado sobre o qual
incide a contribuição social. Nem sempre a contribuição social incide sobre a
remuneração total do segurado, é necessário observar o teto previdenciário.
Teto: R$ 1.430,00.
Piso: corresponde a 1 salário mínimo.
Ex.: O contribuinte ganha R$ 10.000,00, mas a contribuição incidirá sobre R$
1.430,00. É com base nesse valor que se chega ao salário-benefício.
O salário de contribuição para a aposentadoria por invalidez será a média
aritmética simples de 80% dos maiores salários de contribuição apurados no período
básico de cálculo. O período básico de cálculo é aquele compreendido entre o mês
anterior ao requerimento do benefício e julho de 1994.
Exemplificando:
Período contributivo = 180 meses
Utiliza-se 80% do período contributivo, que será igual a 144 contribuições. O
passo seguinte é selecionar as 144 maiores contribuições de todo o período contributivo.
Somam- se os valores, atualizam-se e divide-se o resultado por 144. O valor encontrado
será o valor do salário de benefício.
Quando o segurado tiver menos que 144 contribuições, utilizam-se todas as
contribuições (100%), somam-se, atualizam-se e divide-se o resultado pelo número de
contribuições, assim, será encontrado o valor do salário benefício.
Exemplificando:
Período de contribuição = 50 meses
Somam-se todas as contribuições, atualizam-se e divide-se o resultado por 50, o valor
encontrado é o do salário de benefício.
Para esses cálculos de aposentadoria por invalidez, não há utilização do fator
previdenciário.
Temos ainda, na aposentadoria por invalidez, a possibilidade de o segurado, além
dos 100% do salário de benefício, receber mais 25% desse valor, ainda que ultrapasse o
teto, na hipótese de o segurado depender do auxílio de terceiros para os atos da vida
comum (higiene, alimentação etc.). Esses 25% serão reajustados sempre que o benefício
for reajustado. Mas ele não se transmite no caso de pensão por morte.
1.1.8.Termo final do benefício

A aposentadoria por invalidez termina:


• como regra, com a morte do segurado (os benefícios previdenciários são
personalíssimos, extinguem-se com a morte);
• quando o próprio segurado requer uma reavaliação da sua condição física. Caso a
perícia médica conclua que o segurado está recuperado, a aposentadoria por invalidez
será cancelada;
• se o segurado voltar à atividade voluntariamente. Nesse caso, cessa imediatamente a
partir da data do seu retorno. Se o aposentado por invalidez for contratado, sem registro,
ele perde o benefício e o empregador sofre sanções (multa);
• se o segurado é considerado apto, após 5 anos, no máximo, de afastamento, e tiver o
direito de retornar à mesma função, na mesma empresa, cessa imediatamente a
aposentadoria por invalidez a partir do momento que o segurado reassume o cargo;
• se o segurado recupera a capacidade após, no máximo, 5 anos de afastamento e não
tem o direito de retornar à mesma empresa, o benefício será cancelado após tantos
meses quantos forem os anos que ele esteve afastado. Ex:. ficou afastado por 3 anos,
receberá o benefício ainda por três meses. Após isso, cessa o benefício. Ocorre na
hipótese de não se tratar de segurado empregado;
• se o segurado não recuperar totalmente a capacidade ou se a recuperar após 5 anos, ou
ainda, se ele for declarado apto para exercer atividade diversa daquela que
anteriormente exercia. Nesses casos, a aposentadoria por invalidez cessa
progressivamente:
− do 1.º ao 6.º mês após a recuperação, o segurado receberá 100% do valor do
benefício;
− do 7.º ao 12.º mês, o segurado receberá 50% do valor do benefício;
− do 13.º ao 18.º mês, o segurado receberá 25% do valor do benefício.
Assim, durante um ano e meio, o segurado ainda receberá o benefício, mesmo que
volte a trabalhar. Se, durante esse período, o segurado voltar a ficar doente, ele deverá
esperar acabar o benefício para só depois requerer outro.
2. APOSENTADORIA POR IDADE
Encontra-se disciplinada nos arts. 48 a 51 da Lei n. 8.213/91. É um benefício que teve
sua denominação modificada: antes de 1991 era chamado “aposentadoria por velhice”.
Esse benefício parte do pressuposto da incapacidade pela idade cronológica, premiando
o segurado em razão de sua idade.
2.1. Requisitos
2.1.1. Condição de segurado
2.1.2. Carência
A carência é de 180 contribuições mensais, porém deve ser observada a tabela
progressiva do art. 142 da Lei n. 8.213/91. Para o ano de 2001, a carência é de 120
contribuições mensais.
2.1.3. Idade mínima
Homem: 65 anos.
Mulher: 60 anos.
Ressalte-se que não basta ter a idade exigida. É preciso ter a idade, cumprir a
carência e ser segurado.
Para o trabalhador rural, a idade mínima exigida diminui 5 anos, tendo em vista as
condições em que ele exerce o seu trabalho: sol, chuva, frio; às vezes trabalha sem parar
sábado, domingo. Assim, a idade para o segurado rural é:
• homem: 60 anos;
• mulher: 55 anos.
Essa distinção não fere o princípio da isonomia, pois é a própria CF que faz
a distinção (feita pelo próprio constituinte originário). Soma-se ainda o fato de que
isonomia é tratar os iguais de maneira igual e os desiguais de maneira desigual, ou seja,
a lei reconhece as diferenças.
2.2. Termo Inicial
Paraempregado e empregado doméstico, inicia-se a contagem da data do
desligamento, quando requerida a aposentadoria em até 90 dias. Se o segurado requerer
depois dos 90 dias ou se não se desligar do emprego, conta-se da data do requerimento.
Para os demais segurados, é a contar da data do requerimento.
2.3. Valor do Benefício
Sofreu alteração a partir da Lei n. 9.876/99, que introduziu o fator previdenciário.
O fator previdenciário é uma forma de cálculo dos benefícios de aposentadoria
por idade e por tempo de contribuição e leva em conta a expectativa de sobrevida do
segurado no momento da aposentadoria.
A Previdência, com base em uma tabela do IBGE, que é anual, tem a média de
sobrevida das pessoas. Quanto menor for a expectativa de sobrevida, maior será o
benefício. Quanto mais jovem o contribuinte se aposentar, menor será o valor do
benefício.
Basicamente, a Previdência utiliza o valor poupado pelo segurado e divide pelo tempo
de sua sobrevida.

2.4. Fator Previdenciário (artigo 32, §11, do decreto n. 3.048, de 6-5- 1999) f= Tc x
a x [1 + ( Id + Tc x a)] Es 100
F = fator previdenciário
Es = expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria;
Tc = tempo de contribuição até o momento da aposentadoria;
a = alíquota de contribuição (igual a 0,31);
Id = idade no momento da aposentadoria.
(Os valores para esses cálculos já estão prontos na tabela que segue junto deste
módulo).
Na aposentadoria por idade, o fator previdenciário só será utilizado se for mais benéfico
ao segurado.
2.5. Cálculo da Aposentadoria por Idade
Será calculada com base no salário de benefício.
Será 70% do salário de benefício, acrescido de tantos 1% quantos forem os grupos de
12 contribuições mensais, até o limite de 30%. Exemplificando:
a) Segurado homem de 65 anos e tempo de contribuição de 20 anos
Cada ano = 12 meses = 1%
1% x 20 = 20%
Então será = 70% + 20% =90%,
Este segurado terá direito a 90% do salário de benefício.
b) Segurada mulher de 60 anos e tempo de contribuição de 25 anos
Cada ano = 12 meses = 1%
1% x 25 = 25%
Então será = 70% + 25% =95%,
Esta segurada terá direito a 95% do salário de benefício.
2.6. Cálculo do Salário de Benefício
Essa fórmula se aplica na aposentadoria por idade e por tempo de contribuição.
O salário de benefício será a média aritmética simples de 80% dos maiores
salários de contribuição apurados em todo o período contributivo, compreendido entre o
mês anterior ao requerimento do benefício e julho de 1994, multiplicada pelo fator
previdenciário.
A Lei n. 9.876, de 26.11.1999, que disciplinou o fator previdenciário, previu,
porém, que ele será aplicado de forma progressiva, incidindo sobre 1/60 (um sessenta
avos) da média aritmética do salário de benefício por mês que se seguir à publicação da
citada lei, cumulativa e sucessivamente, até completar 60/60 (sessenta sessenta avos).
Assim, teremos uma incidência do fator previdenciário em:
• maio de 2001 de 19/60;
• junho de 2001 de 20/60;
• julho de 2001 de 21/60, e assim sucessivamente até que se complete 60/60.
2.7. Termo Final
Morte do assegurado.
2.8. Aposentadoria Compulsória por Idade
O art. 51 da Lei n. 8.213/91 prevê a aposentadoria compulsória por idade. Essa
aposentaria é um direito do empregador.
É concedida essa aposentadoria ao segurado empregado com idade de:
• homem: 70 anos;
• mulher: 65 anos.
Ela é concedida independentemente da vontade do segurado. O segurado, porém, deve
ter preenchido todos os requisitos: idade, carência, tempo de contribuição. Caso o
empregado não preencha todos os requisitos, o empregador não poderá requerer a
aposentadoria ao seu empregado.
Ressalte-se, por fim, que essa aposentadoria é uma faculdade do empregador, ele não é
obrigado a requerer a aposentadoria compulsória de seu empregado

Benefícios devidos aos segurados


1. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
Encontra-se disciplinada no Dec. n. 3048/e art. 201, § 7.º, da CF.
Antigamente, essa aposentadoria era chamada de aposentadoria por tempo de
serviço, porém esta deixou de existir com a EC n. 20, passando a subsistir a
aposentadoria por tempo de contribuição
5 anos x 12 meses = 60 meses
40% dos 60 meses = 24 meses (período adicional de contribuição)
Assim, essa segurada terá que trabalhar mais 24 meses, além dos 5 anos que faltavam
para requerer sua aposentadoria proporcional.
b) Aposentadoria integral
• omem: 35 anos de tempo de serviço + 53 anos de idade + período adicional de
contribuição equivalente a 20% do tempo que faltava para a aposentadoria (tempo de
serviço) no momento que a EC n. 20 entrou em vigor.
• Mulher: 30 anos de tempo de serviço + 48 anos de idade + período adicional de
contribuição equivalente a 20% do tempo que faltava para a aposentadoria (tempo de
serviço), no momento que a EC n. 20 entrou em vigor.
Exemplificando:
Segurado homem que, quando a EC n. 20 entrou em vigor, tinha 25 anos de tempo de
contribuição. Faltavam, portanto, 10 anos para se aposentar.
10 anos x 12 meses = 120 meses
20% dos 120 meses = 24 meses (período adicional de contribuição)
Ele terá que trabalhar mais 24 meses, além dos 10 anos, para requerer sua aposentadoria
integral.
Importante ressaltar que a EC n. 20 entrou em vigor em 15.12.1998. O salário de
benefício desses segurados será:
• aposentadoria proporcional: 70% do salário de benefício;
• aposentadoria integral: 100% do salário de benefício.
Se os segurados que se encontram nessa situação preferirem a nova regra, enquadrar-se-
ão na situação 2.3.
2.3. Pessoas que ingressaram na Previdência após a entrada em vigor da EC n. 20, ou
aqueles que se encontravam na situação anterior, mas fizeram opção pela regra nova
(definitiva)
Regras definitivas: não há mais aposentadoria proporcional, apenas a integral; nesta
nova aposentadoria, não há mais necessidade de idade mínima, bastando o tempo de
contribuição e o de carência (ressalta-se que, no regime estatutário, além do tempo de
contribuição, é exigida a idade mínima de 53 anos para o homem e 48 para a mulher);
tempo de contribuição: homem: 35 anos; mulher: 30 anos. O tempo de serviço anterior à
EC n. 20 é contado como tempo de contribuição.
3. APOSENTADORIA DO PROFESSOR
Para o professor da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino
médio, o tempo de contribuição exigido, desde que todo o tempo de contribuição seja de
exercício efetivo do magistério, será de:
• homem: 30 anos;
mulher: 25 anos.
O professor universitário e o diretor de escola foram excluídos desta regra. Caso
o professor queira contar tempo de contribuição que não seja do magistério, cairá na
aposentadoria comum.
4. CÁLCULO DO SALÁRIO DO BENEFÍCIO DA APOSENTADORIA
POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO – REGRA DEFINITIVA
O valor da aposentadoria por tempo de contribuição será de 100% do salário de
benefício.
4.1. Cálculo do Salário de Benefício
Devem-se utilizar 80% dos maiores salários de contribuição, compreendido entre
o mês anterior ao requerimento do benefício e julho de 1994, somar, atualizar, dividir
pelo número de salários-contribuições que foram utilizados e multiplicar pelo fator
previdenciário (lembrando que o fator previdenciário será aplicado de forma
progressiva). O resultado encontrado será o valor do salário de benefício.
A EC n. 20 estabeleceu que para calcular o valor da aposentadoria por tempo de
contribuição, utilizando-se o fator previdenciário, deve-se acrescentar mais 5 anos ao
tempo de contribuição da mulher; mais 5 anos ao tempo de contribuição do professor;
mais 10 anos ao tempo de contribuição da professora. Assim, o fator previdenciário
utilizado para o homem e para a mulher será o mesmo.
Ex.: mulher que contribuiu 30 anos utiliza na tabela do fator previdenciário o valor
correspondente a 35 anos de contribuição.
Professor que contribuiu 30 anos utiliza na tabela do fator previdenciário o valor
correspondente a 35 anos de contribuição.
5. APOSENTADORIA ESPECIAL
É um benefício concedido em razão do exercício, pelo segurado, de atividade
considerada excessivamente gravosa, física ou mentalmente. Ela será concedida aos 15,
20 ou 25 anos de tempo de serviço, dependendo do tipo de serviço exercido pelo
segurado.
Quanto mais desgastante for a atividade, menor será o tempo de serviço necessário para
aposentar-se.
No regulamento da Previdência, há um anexo (anexo IV, Decreto n. 3.048/99)
que prevê o tipo de atividade e o número de anos que são necessários trabalhar para
fazer jus à aposentadoria. O rol constante naquele anexo é exemplificativo. Exs.:
• para quem trabalha em abertura de mina de subsolo, são necessários 15 anos de tempo
de serviço para fazer jus à aposentadoria especial;
• para o mineiro que trabalha na exploração de minérios em mina de subsolo, são
necessários 20 anos de tempo de serviço para pleitear o benefício quem trabalha como
segurança, motorista profissional, enfermeira, operador de raio X, com energia elétrica
em alta voltagem tem direito à aposentadoria especial com 25 anos de tempo de serviço.
Atualmente, para fazer jus a essa aposentadoria, todo o tempo de serviço deve ser
especial. Até 1997 podia ser feita a conversão de tempo de serviço simples em especial.
Outros requisitos necessários para essa aposentadoria, além do tempo de serviço da
atividade, são:
• condição de segurado;
• carência de 180 contribuições; para o ano de 2001, a carência é de 120 contribuições
(tabela do art. 142 da lei 8213/91).
O indivíduo, uma vez aposentado com esse benefício, não poderá voltar a
trabalhar em atividade especial, sob pena de perder o benefício. Ele pode voltar a
trabalhar em atividade comum.
O segurado pode requerer administrativamente ou judicialmente a condição de atividade
especial.
A EC n. 20/98 diz que lei complementar estabelecerá quais as atividades
consideradas especiais. Essa lei ainda não foi editada; atualmente, vale o Decreto n.
3.048/99 (anexo IV). O tempo de férias, licença e auxílio-doença são considerados
tempo de atividade especial.
Pode-se contar tempo de serviço especial de determinada atividade com tempo de
serviço especial de atividade diversa. A lei traz uma tabela para fazer a conversão.
Converte-se para o tempo de serviço especial que a pessoa exerceu por maior período.
Atualmente, não é possível converter tempo comum em tempo especial. É
possível, porém, converter tempo de serviço especial em tempo de serviço comum, se a
pessoa trabalhou até 28.05.1998.
5.1. Conversão de Tempo Especial em Comum
Requisitos:
• é possível a conversão se a pessoa trabalhou até 28.05.1998;
• para essa conversão, é preciso que a pessoa tenha trabalhado 20% do tempo necessário
para aposentadoria especial.
Ex.: segurada, operadora de raio X. São necessários 25 anos de tempo de serviço
para fazer jus à aposentadoria especial. Essa segurada precisa trabalhar no mínimo 05
anos (ou seja, 20% de 25 anos) nessa atividade para poder pleitear a conversão.
No exemplo acima, preenchidos os requisitos pela segurada, a conversão se faz da
seguinte forma: utilizando a tabela do anexo IV, Dec. n. 3.048/99, bem como o art. 70
do citado decreto, temos que, para a conversão em tempo comum, multiplica-se o
número de anos trabalhados por 1,20. Assim temos: 1,20 x 5 = 6 anos. Portanto, 6 anos é
o tempo especial para ser acrescido à atividade comum.
Como se trata de segurada mulher, que terá direito a aposentadoria comum com
um tempo de contribuição de 30 anos, ela deverá trabalhar mais 24 anos para fazer jus
ao benefício (aposentadoria comum).
Caso o segurado não preencha os requisitos necessários para conversão, conta-se
o tempo especial como se fosse tempo comum. Assim, o segurado perde a condição de
tempo especial, mas esse tempo é contado como comum.
5.2. Conversão de Tempo Especial em Tempo Especial
Para essa conversão, utiliza-se a tabela do art. 66 do Dec. n. 3.048/99.
Exemplificando: um segurado que trabalhou 5 anos em abertura de mina, cuja
aposentadoria é em 15 anos, passando, posteriormente, a trabalhar como mineiro, cuja
aposentadoria é em 20 anos. A tabela diz que para converter 15 anos de tempo especial
em 20 anos o fator é 1,33.
Então teremos: 5 X 1,33 = 6,65.
Portanto, seis anos e meio é o tempo que o segurado trabalhou em abertura de mina,
convertido em tempo para aposentadoria de 20 anos de tempo especial.
Ante o exposto, esse segurado terá que trabalhar treze anos e meio como mineiro para ter
direito ao benefício de aposentadoria especial (20 anos - 6,5 = 13,5).
5.3. Termo Inicial
Será fixado nos mesmos moldes da aposentadoria por idade, com uma única diferença: o
segurado tem que se desligar do trabalho quando começar a receber.
Para o empregado doméstico, é a contar da data do desligamento, quando
requerida em até 90 dias depois do desligamento. Se ele requerer depois do 90.º dia ou
se ele não se desligar do emprego, é a contar da data do requerimento. Para os demais
segurados, é a contar da data do requerimento.
5.4. Valor do Benefício
O valor do benefício de aposentadoria especial será de 100% do salário de benefício.
Não se aplica o fator previdenciário.
O cálculo de salário de benefício se faz da seguinte forma: pela média aritmética
simples dos salários de contribuição (80% dos maiores salários de todo o período
contributivo). Soma-se, atualiza-se e divide-se pelo número de salários de contribuição
que foi utilizado. Caso o segurado tenha menos que 144 salários de contribuição,
consideram-se todas as contribuições e não apenas 80%.
5.5. Termo Final
Como regra, dá-se com a morte do segurado. Caso o segurado volte, porém, a
desenvolver atividade especial, ele também perderá o benefício
Benefícios devidos aos segurados
1. AUXÍLIO-DOENÇA
Encontra-se disciplinado nos arts. 59 a 64 da Lei n. 8.213/91.
É um benefício devido ao contribuinte portador de incapacidade. Essa
incapacidade pode ser em razão de moléstia comum, profissional ou acidente de
trabalho. Geralmente, esse benefício antecede a aposentadoria por invalidez (antes de
conceder a aposentadoria por invalidez, o INSS concede o auxílio-doença).
O auxílio-doença é concedido quando a pessoa está temporariamente incapacitada para
o trabalho.
1.1. Requisitos
1.1.1. Condição de segurado
1.1.2. Carência
São necessárias 12 contribuições mensais. Exceto se a incapacidade for resultante
de acidente de qualquer natureza ou das moléstias elencadas no art. 151 da Lei n.
8.213/91; nesses casos não há carência.
1.1.3. Incapacidade total e temporária para o trabalho
Importante ressaltar que todas as regras da aposentadoria por invalidez, relativas a
tratamento médico, reabilitação, doença pré-existente e obrigação de avaliação, são
aplicadas nesse benefício.
1.2. Termo Inicial
1.2.1. Segurado empregado
O termo inicial será a contar do 16º dia do afastamento. Os 15 primeiros dias é a
empresa quem paga, e esse valor tem natureza salarial.
Será a contar do 16º dia do afastamento se o segurado empregado requerer o benefício
em até 30 dias contados da data do afastamento.
Se o segurado empregado requerer após o 30º dia, o termo inicial é a contar da
data do requerimento, a não ser que o segurado comprove que estava internado ou em
tratamento ambulatorial.
1.2.2. Demais segurados
É a contar da data do início da incapacidade, se requerido em até 30 dias dessa
data, ou se o segurado conseguir comprovar que não requereu neste prazo porque estava
hospitalizado ou em tratamento ambulatorial.
Caso o segurado solicite após o 30º dia, o termo inicial será a contar da data
do requerimento.
1.3. Situações a Considerar
• O empregado afastou-se em licença médica e voltou a trabalhar no 15º dia.
Posteriormente, voltou a se afastar em razão da mesma enfermidade. Esse segundo
afastamento ocorreu a menos de 60 dias do primeiro afastamento.
Nesse segundo afastamento do segurado, a empresa não está obrigada a pagar os
15 primeiros dias de afastamento. A Previdência deve pagar, já como auxílio- doença.
Caso a empresa pague ao segurado esse período, não terá como compensar com o INSS.
• Segurado empregado afasta-se da atividade. Os 15 primeiros dias são pagos pela
empresa. O segurado não volta a trabalhar. A partir do 16º dia até o seu retorno ao
trabalho, a Previdência paga auxílio-doença. A perícia relata que o segurado está
curado. Sendo assim, o mesmo volta a trabalhar. Até o 60º dia, caso volte a ficar doente
pelo mesmo motivo, considera-se que o auxílio-doença foi prorrogado. Mas, no que diz
respeito ao tempo em que ele trabalhou e recebeu salário, não cabe o pagamento de
auxílio- doença.
• Um segurado exerce duas ou mais atividades iguais. Caso tenha que deixar uma
atividade devido à incapacidade, mas continue na outra, não pode pedir auxílio-
doença. Só pode pedir caso se afaste das duas atividades.
• Um segurado que exerce duas atividades, concomitantemente, porém, distintas (ex:
professor e advogado), caso se afaste de uma, pode requerer o auxílio-doença em
relação a uma delas apenas. E, quanto aos requisitos necessários para o benefício, serão
contados somente os da atividade referente à qual será concedido o auxílio-doença. Ex:
Atividade de advocacia: 30 contribuições mensais; atividade de professor: 6
contribuições mensais.
• Caso o segurado exerça duas 2 atividades (ex: professor e advogado) e fique
incapacitado para sempre para exercer uma dessas atividades (professor, p. ex.), não
poderá pedir aposentadoria por invalidez.
Continuará recebendo auxílio-doença até poder se aposentar na outra profissão
(advogado), com o benefício de aposentadoria por tempo de serviço. Mas, caso o
segurado se torne incapaz nas duas atividades, poderá converte o auxílio-doença em
aposentadoria por invalidez.
1.4. Valor do Benefício
Será calculado no percentual de 91% do salário de benefício.
1.5. Cálculo do Salário de Benefício
Esse cálculo será igual ao da aposentadoria por invalidez.
Utilizam-se 80% dos maiores salários de contribuição de todo período
contributivo a partir de julho de 1994, soma-se, atualiza-se e divide-se pelo número de
contribuições utilizadas.
Se o segurado tiver menos que 144 salários de contribuição, após julho de
1994 deverão ser considerados todos e não apenas 80%.
1.6. Termo Final
Dá-se o termo final:
• com a recuperação da capacidade de trabalho;
• com a morte do segurado;
• com a conversão em aposentadoria por invalidez (depende de perícia
médica);
• se o segurado completar a idade para se aposentar.
2. SALÁRIO-FAMÍLIA
Esse benefício encontra-se disciplinado nos arts. 65 a 70 da Lei 8.213/91. A EC n. 20,
de 15.12.1998, estabeleceu que o salário-família será permitido apenas ao segurado de
baixa renda.
Segurado de baixa renda, para a Previdência Social, é o segurado que recebe até R$
468,47 por mês.
3. VALOR DO BENEFÍCIO
Atualmente, o valor do salário-família é de R$ 11,26 por filho.
4. REQUISITOS PARA RECEBER O BENEFÍCIO
Esse beneficio é devido aos segurados empregados, exceto ao doméstico, ao
trabalhador avulso e inclusive ao aposentado de baixa renda, desde que eles tenham
filhos de até 14 anos de idade ou inválidos de qualquer idade.
Equipara-se a filho, para fins de receber esse benefício, o menor tutelado e o enteado.
Caso pai e mãe trabalhem e o salário de cada um não seja superior a R$ 468,47 por mês,
ambos terão direito ao salário-família.O segurado deve, ainda, comprovar que seu filho
recebeu as doses de vacina consideradas obrigatórias.
Hoje também se exige a comprovação da freqüência escolar, caso o filho já tenha idade
para freqüentar a escola. A legislação pune o segurado que não comunica à Previdência
que não tem mais direito ao salário-família: isso é considerado crime.
Quem paga o salário-família é a empresa e depois ela compensa esse valor na folha
de salário.
A empresa deve guardar os demonstrativos do salário-família por, pelo menos, 10 anos.
Esse é o prazo de prescrição das ações para a Previdência Benefícios Devidos aos
Segurados
1. SALÁRIO MATERNIDADE
Esse benefício encontra-se disciplinado nos artigos 201, inciso II e 7.º, inciso XVIII,
ambos da Constituição Federal e nos artigos 71 a 73 da Lei n. 8.213/91.
Segundo Sérgio Pinto Martins, o salário-maternidade consiste na remuneração paga
pelo Instituto Nacional de Seguridade Social à segurada gestante durante seu afastamento, de
acordo com o período estabelecido por lei e mediante comprovação médica.
Existem várias denominações para este benefício, como licença à gestante – artigo 7.º
da Constituição Federal, licença-maternidade e salário-maternidade. Todavia, consoante o
autor acima citado, licença-maternidade ou licença-gestante é apenas o período de 120 dias de
afastamento da empregada, e o salário-maternidade corresponde ao próprio pagamento
realizado pelo Instituto Nacional de Seguridade Social do benefício no período de afastamento
da segurada gestante.
Tem por objetivo a proteção da mulher e do bebê.
A legislação trabalhista concede a licença maternidade, ficando a mulher afastada
do trabalho; e, nesse período, ela recebe o benefício. Atualmente, conforme a Lei n.
9.876/99, o salário maternidade é pago a todas as seguradas.
1.2. REQUISITOS PARA RECEBER O BENEFÍCIO
1.2.1. Condição de segurada
Para receber o benefício, a mulher deve ter a condição de segurada (artigo 71 da
Lei n. 8.213/91), ou seja: segurada empregada, trabalhadora avulsa, empregada
doméstica, segurada especial, contribuinte individual ou até mesmo facultativa.
A Lei n. 10.421, de 15.04.2002, acrescentou o artigo 71-A na Lei n. 8.213/91,
estendendo tal benefício à segurada que adotar ou obtiver a guarda judicial para fins, de
adoção de criança, estabelecendo uma relação entre a idade da criança e o período de
dias devidos como salário-maternidade,
1.2.2. Período de Carência
Esse benefício possui carência móvel: em princípio, a carência é de 10
contribuições mensais, mas, se o parto for antecipado, a carência será reduzida
conforme o número de meses da antecipação. A carência será, sempre, o período de
gestação acrescido de um mês. Exemplo: 7 meses de gestação = carência de 8
contribuições mensais. Assim, ocorrendo antecipação do parto em 02 meses, a carência
será reduzida de 10 meses para 08 meses.
A segurada empregada, a empregada doméstica e também a trabalhadora avulsa
não têm carência, portanto, no momento em que se filiarem à Previdência, já terão
direito. As seguradas facultativa e contribuinte individual seguem a regra geral acima
explicada.
A segurada especial, para exercer o direito que tem a um benefício no valor de um
salário mínimo, deve comprovar que exerceu essa atividade nos 12 meses anteriores ao
requerimento da prestação, independentemente de contribuição.
1.3. Termo Inicial e Final
Pelo fato de a mulher estar grávida e dar à luz, o benefício será concedido por 28
dias antes e 91 dias depois do parto, totalizando 120 dias de salário maternidade
(somando-se o dia do parto).
Havendo requerimento após o parto, a data do início do benefício será fixada na
do afastamento do trabalho constante do atestado médico apresentado pela segurada, se
a do afastamento for anterior à data de nascimento da criança.
Tratando-se de parto antecipado, ainda que ocorra parto de natimorto,
comprovado mediante atestado médico, a segurada terá direito aos 120 (cento e vinte)
dias previstos na lei.
Vale observar que a legislação previdenciária considera o parto como ofato
gerador da prestação e que, para fins de concessão da prestação, parto é o evento
ocorrido a partir da 23ª semana (6.º mês de gestação), inclusive em caso de natimorto
(artigo 236, § 2.º, da Instrução Normativa INSS/DC, n. 78, de 16 de julho de 2002).
Em caso de aborto, é necessário saber se se trata de aborto espontâneo ou
provocado. Se espontâneo, a mulher terá direito a duas semanas de salário- maternidade.
Se o aborto for provocado, há duas hipóteses.
A legislação atual, vigente desde a edição da Lei n. 9.528/97, prevê que o auxílio-
acidente será pago até que a pessoa se aposente. Pela legislação anteriormente vigente, a
prestação era vitalícia. Dessa forma, se o segurado adquiriu o direito ao auxílio-acidente
antes da edição daquela Lei, a superveniência de aposentadoria não pode extinguir sua
prestação, pois se trata de direito já incorporado ao seu patrimônio jurídico (direito
adquirido).
Após a edição da Lei n. 9.528/97 (ressalvada a hipótese dos segurados que já
tinham adquirido direito ao auxílio-acidente, como explicado supra) esse benefício
passou a ser considerado no cálculo de aposentadoria.
Exemplo: “A” recebe R$ 200,00 de salário e R$ 100,00 de auxílio-doença.
Quando “A” for se aposentar, será levado em conta, para o salário benefício, o valor de
R$ 300,00. Porém, assim que começar o recebimento do benefício da aposentadoria,
cessará o auxílio-acidente. A soma desses dois valores, entretanto, não deverá
ultrapassar o limite-teto do salário de contribuição.
2.1. Objetivo
O auxílio-acidente tem por objetivo indenizar o segurado empregado (exceto o
doméstico), o trabalhador avulso e o segurado especial, por seqüelas resultantes da
consolidação de lesões de acidente de qualquer natureza.
A lesão ocorrida não impede o segurado de trabalhar, mas a seqüela existe (pode
ser inclusive de natureza estética) e possui caráter de definitiva, por isso passível de
indenização.
2.2. Requisitos
São requisitos para o recebimento do auxílio-acidente:
• condição de segurado;
• existência de seqüela resultante de acidente de qualquer natureza;
• redução definitiva da capacidade para o trabalho.
Quanto ao terceiro dos requisitos acima apontados, vale observar que para a
concessão da prestação basta que o segurado apresente redução da capacidade para o
trabalho, ainda que a mesma represente somente um maior esforço para o desempenho
da função que exercia na data do infortúnio.
Essa observação se faz necessária porque antes da edição da Lei n. 9.032, de 27
de abril de 1995, havia gradações na redução da capacidade, de forma que quanto mais
grave a lesão, maior era a indenização.
Havia três situações básicas:
a) redução da capacidade, sem necessidade de mudança de função;
b) redução de capacidade, com necessidade de mudança para outra função de igual
nível de complexidade e;
c) redução da capacidade, com necessidade de mudança para função de menor nível de
complexidade
Pela atual redação do artigo 86 da Lei n. 8.213/91, não há diferença de
indenização para essas diversas situações. A obrigação do Instituto Nacional de
Seguridade Social é quantitativamente igual, independente, por exemplo, de o segurado
estar enquadrado na situação “a” (menos grave) ou “c” (mais grave).
2.4. Termos Inicial e Final
O termo inicial será contado do dia seguinte àquele em que cessou o auxílio- doença.
Exemplo: auxílio-doença cessa dia 16, conseqüentemente o auxílio-acidente será
contado a partir do dia 17.
Nas hipóteses em que o trabalhador requer o benefício diretamente ao Judiciário,
há divergência jurisprudencial quanto ao início do benefício. Há julgados no sentido de
que o benefício será devido a partir da data da citação do Instituto Nacional de
Seguridade Social, momento em que há constituição da mora; outros julgados,
principalmente do Superior Tribunal de Justiça, determinam que a data do início do
benefício deverá coincidir com a data da apresentação do laudo médico- pericial em
juízo.
O termo final da prestação se dá no momento em que o segurado falece ou se
aposenta; nesse último caso, desde que o auxílio-acidente tenha sido concedido a partir
da vigência da Lei n. 9.528/97, conforme explicado acima.
2.5. Valor do Benefício
A legislação anterior previa valores que variavam segundo as situações indicadas
no item 2.2., em percentuais que incidiam sobre o salário-de-benefício ou sobre o
salário-de-contribuição do dia do acidente, o que fosse mais vantajoso para o segurado.
Os percentuais eram: a) 30%, para as situações que não exigiam mudança de função; b)
40%, para os casos que determinavam mudança para outra função do mesmo nível de
complexidade e c) 60%, nas hipóteses em que o obreiro era readaptado em função de
nível inferior de complexidade.
Hoje em dia (a partir da Lei n. 9.032/95), o benefício é calculado com base no
percentual único de 50%, incidente sobre o salário-de-benefício do segurado,
independente da graduação já explicada.
Em regra, os segurados que fazem “jus” a esse benefício receberão 50% do valor
do salário de benefício que deu origem ao auxílio-doença (lembrando que o valor do
auxílio-doença é de 91 % do salário de beneficio).
Exemplo – salário benefício que deu origem ao auxílio-doença: R$ 200,00; auxílio-
acidente: R$ 100,00.
O benefício de auxílio-acidente poderá ser pago em valor inferior a um salário
mínimo. Ressalte-se que só podem ser pagos benefícios inferiores a um salário mínimo
nos casos em que os mesmos não subsistem à remuneração. Assim ocorre com o
auxílio-acidente, que representa indenização em virtude de perda parcial e definitiva da
capacidade laborativa do segurado.
5. TERMO FINAL
O termo final será quando o último dependente com direito a pensão perder a condição
de dependente. A pensão por morte pode ser cumulada com outros benefícios, exceto
com outra pensão por morte do cônjuge ou companheiro (nesses casos, tem-se que
optar).
É permitido cumular, por exemplo: pensão de marido e de filho, se se conseguir
comprovar que dependia do filho; pensão de dois filhos. Mas a cumulação não pode
ultrapassar o teto previdenciário.
Se os regimes previdenciários forem diferentes, podem-se cumular benefícios de
dois maridos, mas o valor não poderá ser superior ao dos ministros do Supremo
Tribunal Federal (pois os dois valores vêm dos cofres públicos).
6. AUXÍLIO-RECLUSÃO
O benefício encontra-se disciplinado no art. 80 da Lei n. 8.213/91.
O princípio que deu origem a esse benefício é o de que a pena não pode passar da
pessoa do criminoso. Não pode, dessa forma, atingir a família do criminoso (art. 5.º, inc.
XLV, da CF).
O auxílio reclusão é pago aos dependentes do recluso.
6.1. Requisitos
6.1.1. Condição de dependente
A partir da Emenda Constitucional n. 20 (art. 13), quem possui direito a esse beneficio
são apenas os dependentes do segurado recluso de baixa renda. É considerado de baixa
renda o segurado que possui salário igual ou inferior a três salários mínimos.
6.1.2. Carência
Não há período de carência para o benefício.
6.1.3. Detenção ou reclusão do segurado
Faz-se necessário que o segurado do INSS se encontre detido ou recluso em razão da
aplicação de sanção pela prática de ato ilícito. Os dependentes do segurado,
trimestralmente, terão que apresentar uma certidão comprovando que o segurado
continua detido ou recluso. Não há necessidade do trânsito em julgado da sentença
condenatória para que os dependentes do segurado tenham direito ao benefício.
Caso o preso continue recebendo remuneração do seu trabalho (o que nunca ocorre na
prática), os dependentes não terão direito ao auxílio reclusão. Se o preso tiver apenas
filhos menores, o Ministério Público não só pode como deve requerer o benefício
6.2. Termo Inicial
O termo inicial do benefício é a data do efetivo recolhimento do segurado à
prisão, se for requerido até 30 dias da mesma; caso contrário, observar-se-á a data do
requerimento.
6.3. Valor do Benefício
O valor do benefício será calculado nos mesmos termos em que é calculada a pensão
por morte. Primeiro, faz-se o cálculo do valor da aposentadoria por invalidez. Assim,
100% desse valor será o auxílio-reclusão. Caso o segurado seja aposentado, não terá
direito ao auxílio-reclusão, pois os dependentes continuarão a receber a
aposentadoria.Se o segurado estiver no período de graça, os dependentes terão direito ao
benefício.
6.4. Termo Final
6.4.1. Morte do segurado
Nesse caso, os dependentes passam a receber pensão por morte.
6.4.2. Perda da condição de dependente
Quando os dependentes perdem essa condição, também o benefício chega a seu termo.
6.4.3. Segurado solto
Quando o segurado é solto, cessa o benefício. Isso ocorrerá quando o segurado
cumprir a pena, for beneficiado com o regime aberto ou obtiver o livramento
condicional.
Caso o segurado fuja da cadeia, cessará o benefício. Se for recapturado e durante
o período da fuga não tiver perdido a condição de segurado, os dependentes terão direito
ao benefício. Se perdeu, contudo, a condição de segurado, os dependentes não terão
direito ao auxílio-reclusão
Os dependentes não terão mais direito, pois o segurado foi recapturado após o período
de graça, que é de 12 meses.
Importante ressaltar que, se durante o período em que esteve foragido o segurado
contribuiu, essa contribuição valerá para continuar segurado. Nesse caso, ao ser
novamente preso, os dependentes terão direito ao auxílio reclusão, desde que o novo
trabalho do segurado não tenha salário superior a três salários mínimos.
Ressalta-se, por fim, que a cota-parte de quem deixar de ser dependente transfere-se aos
demais dependentes

. ABONO ANUAL (GRATIFICAÇÃO NATALINA)


O abono anual, também chamado gratificação natalina, possui fundamento
constitucional no artigo 201, § 6.º da lei maior. Está previsto na Lei n. 8.213/91, em seu
artigo 40, sendo regulamentado no artigo 120 do Decreto n. 3.048/99. Esse abono
equivale ao décimo terceiro salário do trabalhador em atividade.
Se o segurado recebeu auxílio-doença, auxílio-acidente, aposentadoria, salário-
maternidade, pensão por morte ou auxílio-reclusão da Previdência, terá direito ao abono
anual, que é pago nos moldes do décimo terceiro salário. Exemplificando: uma segurada
que recebeu por seis meses auxílio-doença, terá direito ao abono proporcional,
semelhante ao recebimento do décimo terceiro salário.
O valor do abono será o do benefício recebido no mês de dezembro.A soma dessa
prestação com os benefícios acima elencados pode ultrapassar o limite-teto dos
benefícios previdenciários. Dispõe o artigo 120 do Decreto n. 3.048/99:
“Será devido abono anual (décimo terceiro salário ou gratificação natalina) ao
segurado e ao dependente que, durante o ano, recebeu auxílio-doença, auxílio- acidente,
aposentadoria, salário-maternidade, pensão por morte ou auxílio-reclusão.
§ 1.° – O abono anual será calculado, no que couber, da mesma forma que a
gratificação natalina dos trabalhadores, tendo por base o valor da renda mensal do
benefício do mês de dezembro de cada ano.
§ 2.° – O valor do abono anual correspondente ao período de duração do salário-
maternidade será pago, em cada exercício, juntamente com a última parcela do
benefício nela devida.”
2. CONTAGEM RECÍPROCA DO TEMPO DE SERVIÇO
Os juízes federais Daniel Machado da Rocha e José Baltazar Junior, em sua
obra Comentários à Lei de Benefícios da Previdência Social, conceituam a contagem
recíproca como sendo “um instituto previdenciário, contaminado pelo princípio da
universalidade do seguro social, tendo por finalidade franquear ao segurado que esteve
vinculado a diferentes regimes a obtenção dos benefícios previdenciários, quando ele
não preenche os requisitos, considerando-se unicamente um determinado regime
previdenciário”.
É possível a contagem de tempo de serviço exercido na Administração Pública
para concessão de benefícios no Regime Geral de Previdência Social – RGPS, e vice-
versa, sejam as atividades exercidas de natureza urbana ou rural.
Exemplificando: “A” trabalhou 10 anos como trabalhador rural e depois passou
em concurso público, ou vice-versa. Os dois tempos contam como tempo de serviço
para a aposentadoria de “A”. Segurado que contribuiu como advogado (iniciativa
privada – Regime Geral de Previdência) e depois passou em concurso (Regime
Estatutário de Previdência), ou vice-versa. Os dois tempos também contam como tempo
de serviço para aposentadoria.
Para ser computado o tempo do serviço público para concessão de benefícios no
Regime Geral de Previdência Social deve ser obtida, do regime próprio de previdência a
que pertencia o servidor, certidão contendo o tempo do serviço público, que deverá ser
apresentada ao Instituto Nacional de Seguridade Social para efeito de averbação. O
contrário também acontece: O ex-segurado do Regime Geral de Previdência Social que
deseje considerar o tempo em que esteve vinculado à Previdência do setor privado para
concessão de benefícios em regime próprio do setor público, deve obter do Instituto
Nacional de Seguridade Social certidão, contendo o tempo de serviço privado, que
deverá ser apresentado ao ente da federação onde deseja ver computado esse tempo de
serviço/contribuição.
Há sempre um regime de origem, que é aquele de onde se obtém a certidão e um regime
instituidor, que é sistema que concederá benefício com base no tempo certificado.
Exemplo: ex-servidor que aproveita tempo de serviço público para concessão de
aposentadoria no Regime Geral de Previdência Social. O regime de origem é o regime
previdenciário próprio do servidor, de onde se obtém a certidão; o regime instituidor é o
Instituto Nacional de Seguridade Social, que concederá aposentadoria com base na
certidão emitida.
A contagem recíproca é permitida, uma vez que há compensação entre o Regime
Geral de Previdência e o Regime Estatutário. A compensação financeira será feita ao
sistema a que o interessado estiver vinculado ao requerer o benefício pelos demais
sistemas (regime instituidor), em relação aos respectivos tempos de contribuição ou de
serviço, conforme dispuser o Regulamento. Só é permitida a contagem recíproca,
todavia, se o tempo dos serviços ligados ao regime geral ou estatutário não forem
concomitantes.
No caso de período concomitante, o melhor a fazer é continuar a contribuir nos dois
regimes e aposentar-se em ambos.
Assim, só pode contar os tempos de serviços de regimes diferentes, se eles forem
exercidos em épocas diversas.
A certidão de tempo de contribuição (CTC) emitida pelo Instituto Nacional de
Seguridade Social será única, devendo constar o período integral de contribuição ao
Regime Geral de Previdência Social. No caso de se desejar o fracionamento dos
períodos, a certidão de tempo de contribuição poderá ser emitida, a pedido do segurado,
devendo constar a informação de todo o tempo de contribuição ao Regime Geral de
Previdência Social e a indicação dos períodos que o segurado deseja averbar no órgão
ao qual estiver vinculado.
O tempo de contribuição ao Regime Geral de Previdência Social que constar da
certidão de tempo de contribuição, mas que não tenha sido aproveitado em regime
próprio de previdência, poderá ser utilizado para fins de benefícios junto ao Instituto
Nacional de Seguridade Social.
Ressalta-se, ainda, que não se pode usar o mesmo tempo de serviço para requerer
mais de um benefício, ainda que seja em regimes distintos. O tempo de contribuição
vale para concessão de apenas um benefício.
É possível contar o tempo de serviço rural ou urbano, bastando que o indivíduo tenha
efetivamente contribuído.
3. SERVIÇOS PAGOS PELA PREVIDÊNCIA AOS DEPENDENTES E
SEGURADOS
A Lei n. 8.213/91, nos artigos 88 a 93, trata dos serviços que a Previdência prestará aos
segurados e dependentes. São eles:
• serviço social;
• habilitação/reabilitação profissional.
A mencionada lei reconhece os limites do sistema em prestar esses serviços.
Sendo assim, prioriza o atendimento ao segurado. O atendimento do dependente,
portanto, dependerá das disponibilidades estruturais e/ou financeiras do sistema.
. Alíquotas
1.1 Empresa ou Equiparado
– 20% (vinte por cento) sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas, a
qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que
lhes prestam serviços.
Nota 1: tratando-se de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de
desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, de financiamento ou de
investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de
títulos ou de valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de
crédito, empresas de seguros privados ou de capitalização, agentes autônomos de
seguros privados ou de crédito e entidades de previdência privada abertas ou fechadas, é
devida a contribuição adicional de 2, 5% (dois e meio por cento) incidente sobre a
remuneração dos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes
individuais.
- 1% (risco leve), 2% (risco médio) ou 3% (risco grave) incidente sobre o total das
remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, durante o mês, aos
segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhes prestam serviços, para o
financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de
incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho.
Nota 2: o enquadramento nos correspondentes graus de risco é de responsabilidade da
empresa, que deverá fazê-lo mensalmente, com base na atividade econômica
preponderante, observando a Relação de Atividades Preponderantes e Correspondentes
Graus de Risco contida no Anexo V do Decreto 3.048, de 1999.
- 20% (vinte por cento) sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, a qualquer
título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhes prestam
serviços, para fatos geradores ocorridos a partir de 1° de março de 2000.
- 15% (quinze por cento) sobre o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de
prestação de serviços, relativamente aos serviços que lhes são prestados por cooperados
por intermédio de cooperativas de trabalho, para fatos geradores ocorridos a partir de 1°
de março de 2000.
- Alíquotas variáveis, a depender da atividade da empresa, para outras entidades e
fundos (terceiros), incidentes sobre o total das remunerações pagas, devidas ou
creditadas, a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores
avulsos que lhes prestam serviços.
Nota 3: a empresa ou equiparado sujeita-se também ao recolhimento de contribuições a
terceiros (entidades e fundos), incidentes sobre o total de remuneração de empregados e
trabalhadores avulsos a seu serviço, de acordo com o enquadramento de sua atividade
no FPAS e as alíquotas constantes do Anexo III da Instrução Normativa MPS/SRP n.
03, de 2005.
Contribuição Adicional Devida pela Empresa – Aposentadorias Especiais
Exercendo o segurado atividade em condições especiais que possam ensejar
aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de trabalho sob
exposição a agentes nocivos prejudiciais à sua saúde e integridade física, é devida pela
empresa ou equiparado a contribuição adicional destinada ao financiamento das
aposentadorias especiais.
- Incidentes sobre a remuneração paga, devida ou creditada ao segurado empregado e
trabalhador avulso
a) quatro, três e dois por cento, para fatos geradores ocorridos no período de 1º de abril
de 1999 a 31 de agosto de 1999;
b) oito, seis e quatro por cento, para fatos geradores ocorridos no período de 1º de
setembro de 1999 a 29 de fevereiro de 2000;
c) doze, nove e seis por cento, para fatos geradores ocorridos a partir de 1º de março de
2000.
- Incidentes sobre a remuneração paga ou creditada ao contribuinte individual filiado à
cooperativa de produção
doze, nove e seis por cento, para fatos geradores ocorridos a partir de 1º de abril de
2003, conforme o tempo exigido para a aposentadoria especial seja de quinze, vinte ou
vinte e cinco anos, respectivamente.
sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços emitida por
cooperativa de trabalho em relação aos serviços prestados por cooperados a ela filiados,
nove, sete e cinco por cento, para fatos geradores ocorridos a partir de 1º de abril de
2003, observado o disposto no art. 294, conforme o tempo exigido para a aposentadoria
especial seja de quinze, vinte ou vinte e cinco anos, respectivamente.
Nota: a empresa contratante de serviços mediante cessão de mão-de-obra, inclusive em
regime de trabalho temporário, quando submeter os trabalhadores cedidos a condições
especiais de trabalho, deverá efetuar a retenção de 11% (onze por cento) incidente sobre
o valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços, acrescida, quando
for o caso, de quatro, três ou dois pontos percentuais, relativamente ao valor dos
serviços prestados pelos segurados empregados cuja atividade permita a concessão de
aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição,
respectivamente.
Contribuição sobre a Produção Rural
- 2,6% (dois vírgula seis por cento) incidentes sobre a receita bruta proveniente da
comercialização da produção rural, para fatos geradores ocorridos a partir de 1º de
agosto de 1994, em substituição à contribuição de 20% e daquelas destinadas ao custeio
dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa
decorrente dos riscos ambientais do trabalho.
1.2 Associação Desportiva que Mantém Equipe de Futebol Profissional
5 % da renda bruta dos espetáculos desportivos da associação desportiva que mantém
equipe de futebol profissional incidente sobre a receita bruta decorrente de espetáculos
desportivos e de qualquer forma de patrocínio, de licenciamento de uso de marcas e
símbolos, de publicidade, de propaganda e transmissão de espetáculos.
1.3 Empregador Doméstico
- 12% (doze por cento) do salário de contribuição do empregado doméstico a seu
serviço.
1.4 Segurados Empregado, Trabalhador Avulso de Empregado Doméstico
Tabela de contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e
trabalhador avulso, para pagamento de remuneração a partir de 1º de janeiro de
2010
1ª competência janeiro/2010 - pagamento em fevereiro/2010

Salário de Contribuição (R$) Alíquota para fins de Recolhimento ao INSS

Até R$ 1.040,22 8,00%


De R$ 1.040,23 até R$ 1.733,70 9,00%

De R$ 1.733.71 até R$ 3.467,40 11,0%

As alíquotas de contribuição previdenciária dos segurados empregado, empregado


doméstico e trabalhador avulso foram restabelecidas devido à retirada da redução que
era concedida em razão da CPMF (Portaria MF/MPS nº 77/08). De acordo com a
norma, as alíquotas restabelecidas somente se aplicam às remunerações pagas já no ano-
calendário de 2008. O que determina se haverá ou não redução a ser aplicada é o
momento do pagamento da remuneração.
1.5 Contribuinte Individual
- 11% (onze por cento) para o Contribuinte individual que presta serviço à empresa,
inclusive cooperativa de trabalho, a partir de abril/2003.
- 20% (vinte por cento) para o contribuinte individual que presta serviços à pessoa
física; a outro contribuinte individual; à entidade beneficente de assistência social,
isenta da cota patronal; a missões diplomáticas ou a repartição consular de carreira
estrangeira.
1.6 Segurado Facultativo
- 20 % (vinte por cento) do salário de contribuição por ele declarado, observados os
limites mínimo e máximo do salário de contribuição.
1.7 Alterações Introduzidas pela Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de
2006
Com a edição da LC/123, de 14//12/2006, que instituiu o Estatuto Nacional da
Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e alterou dispositivos das Leis nos 8.212 e
8.213, ambas de 24 de julho de 1991, foi criada a alíquota de 11% para os segurados
contribuinte individual e facultativo, que optarem pela exclusão do direito ao
benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, desde que atendidos os requisitos
abaixo:
a) o contribuinte individual trabalhe por conta própria (não preste serviços à empresa);
b) o contribuinte individual (empresário ou sócio de sociedade empresária), cuja receita
bruta anual no ano-calendário anterior seja de até R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais),
e
c) o facultativo.
A alíquota de 11% é válida apenas para o segurado que contribui sobre o salário
mínimo. Caso o salário-de-contribuição seja superior ao salário mínimo, o percentual é
de 20%.
Inscrição: se o segurado já possui uma inscrição, seja um número de PIS, PASEP ou
NIT, esse número será utilizado para fins de pagamento das contribuições. Caso não
possua nenhuma inscrição, poderá realiza-la por meio da Internet ou pelo 135, não
precisando ir a uma Agência da Previdência Social.
Início do recolhimento no percentual de 11% e códigos para recolhimento:
a) a alíquota de 11% vigorará a partir da competência 04/2007, podendo o
recolhimento ser realizado até o dia 15/05/2007;
b) para o pagamento de competências anteriores a 04/2007 o percentual é de 20% do
salário-de-contribuição;
c) o recolhimento de 11% será feito em Guia da Previdência Social (GPS), com códigos
de recolhimento específicos.
2. Salário de Contribuição:
I - para os segurados empregado e trabalhador avulso, a remuneração auferida em
uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos que lhe são pagos,
devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho,
qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de
utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços
efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de
serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou de acordo coletivo
de trabalho ou de sentença normativa, observados os limites mínimo e máximo
II - para o segurado empregado doméstico a remuneração registrada em sua CTPS ou
comprovada mediante recibos de pagamento, observados os limites mínimo e máximo
III - para o segurado contribuinte individual:
a) filiado até 28 de novembro de 1999, que tenha perdido a qualidade de segurado após
esta data, considerando os fatos geradores ocorridos a partir da nova filiação, a
remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de atividade por
conta própria, durante o mês, observados os limites mínimo e máximo do salário de
contribuição;
b) filiado até 28 de novembro de 1999, considerando os fatos geradores ocorridos até 31
de março de 2003, o salário-base, observada a escala transitória de salários-base;
c) filiado a partir de 29 de novembro de 1999, a remuneração auferida em uma ou mais
empresas ou pelo exercício de atividade por conta própria, durante o mês, observado os
limites mínimo e máximo do salário de contribuição;
d) independentemente da data de filiação, considerando os fatos geradores ocorridos
desde 1º de abril de 2003, a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo
exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observados os limites
mínimo e máximo do salário de contribuição;
IV - para o segurado facultativo:
a) filiado até 28 de novembro de 1999, considerando competências até março de 2003, o
salário-base, observada a escala transitória de salários-base;
b) filiado a partir de 29 de novembro de 1999, o valor por ele declarado, observados os
limites mínimo e máximo do salário de contribuição;
c) independentemente da data de filiação, a partir da competência de abril de 2003, o
valor por ele declarado, observados os limites mínimo e máximo do salário de
contribuição:
V – para o segurado especial que usar da faculdade de contribuir individualmente
(deverá ter uma inscrição no NIT), o valor por ele declarado.
Com a Medida Provisória Nº 83 de 12/12/2002 e a conversão desta na Lei nº 10.666 de
08 de maio de 2003 foi extinta, a partir de 01 de abril de 2003, a escala transitória de
salários-base, utilizada para fins de enquadramento e fixação do salário-de-contribuição
dos contribuintes individual e facultativo filiados ao Regime Geral de Previdência
Social, estabelecida pela Lei nº 9.876, de novembro de 1999.
3. Limites Mínimo e Máximo do Salário-de-Contribuição
O limite mínimo do salário de contribuição corresponde:
3.1 para os segurados empregado e trabalhador avulso:
ao piso salarial legal ou normativo da categoria ou ao piso estadual conforme definido
na Lei Complementar nº 103, de 2000, ou, inexistindo estes, ao salário mínimo, tomado
no seu valor mensal, diário ou horário, conforme o ajustado, e o tempo de trabalho
efetivo durante o mês.
3.2 para o empregado doméstico:
ao piso estadual conforme definido na Lei Complementar nº 103, de 2000, ou,
inexistindo este, ao salário mínimo, tomados nos seus valores mensal, diário ou horário,
conforme o ajustado, e o tempo de trabalho efetivo durante o mês.
3.3 para os segurados contribuinte individual e facultativo:
ao salário mínimo.
O limite máximo do salário de contribuição corresponde:
ao valor definido, periodicamente, pelo Ministério da Previdência Social - MPS e
reajustado na mesma data e com os mesmos índices usados para o reajustamento dos
benefícios de prestação continuada da Previdência Social.
Observação:
A empresa que remunerar contribuinte individual deverá fornecer a este, comprovante
de pagamento pelo serviço prestado consignando, além dos valores da remuneração e
do desconto feito a título de contribuição previdenciária, a sua identificação completa,
inclusive com o número do cadastro Nacional de Pessoa Jurídica(CNPJ) e o número de
inscrição do contribuinte individual do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS);
Para efeito da observância do limite máximo do salário-de-contribuição, o contribuinte
individual que prestar serviço, no mesmo mês, a mais de uma empresa, deverá informar
a cada empresa , o valor recebido sobre o qual já tenha incidido o desconto de
contribuição, mediante a apresentação do comprovante de pagamento.
O contribuinte individual que prestar serviço a empresas e, concomitantemente,
exercer atividade como empregado ou trabalhador avulso, para observância do limite
máximo de contribuição, deverá apresentar às contratantes o recibo de pagamento de
salário relativo à competência anterior à da prestação de serviços ou prestar declaração,
sob as penas da lei, de que é segurado empregado, inclusive doméstico ou trabalhador
avulso, consignando o valor sobre o qual é descontada a contribuição naquela atividade
ou declarando que a remuneração recebida naquela atividade atingiu o limite máximo
do salário-de-contribuição e identificando a empresa ou o empregador doméstico que
efetuou ou efetuará o desconto sobre o valor por ele declarado.
Na hipótese de o segurado exercer as duas atividades, conforme previsto acima e ser
efetuado primeiro o desconto da contribuição como segurado contribuinte individual, o
fato deverá ser comunicado à empresa em que estiver prestando serviços como segurado
empregado ou trabalhador avulso, ou ao empregador doméstico, no caso de segurado
empregado doméstico, mediante declaração .
4. Responsabilidade pelo Recolhimento das Contribuições Sociais Previdenciárias
4.1 A empresa é responsável:
I - pelo recolhimento das contribuições incidentes sobre a remuneração dos
segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais;
II - pela arrecadação, mediante desconto na remuneração paga, devida ou
creditada, e pelo recolhimento da contribuição dos segurados empregado e
trabalhador avulso a seu serviço, observado o limite máximo do salário-de-
contribuição;
III - pela arrecadação, mediante desconto no respectivo salário de contribuição, e
pelo recolhimento da contribuição do segurado contribuinte individual que lhe
presta serviços, para fatos geradores ocorridos a partir de 1º de abril de 2003;
IV - pela arrecadação, mediante desconto no respectivo salário de contribuição e
pelo recolhimento da contribuição ao SEST e ao SENAT, devida pelo segurado
contribuinte individual transportador autônomo de veículo rodoviário (inclusive o
taxista) que lhe presta serviços;
V - pela arrecadação, mediante desconto, e pelo recolhimento da contribuição do
produtor rural pessoa física e do segurado especial incidente sobre a
comercialização da produção, quando adquirir ou comercializar o produto rural
recebido em consignação, independentemente dessas operações terem sido
realizadas diretamente com o produtor ou com o intermediário pessoa física;
VI - pela retenção de 11% (onze por cento) sobre o valor bruto da nota fiscal, da
fatura ou do recibo de prestação de serviços executados mediante cessão de mão-
de-obra ou empreitada, inclusive em regime de trabalho temporário, e pelo
recolhimento do valor retido em nome da empresa contratada;
VII - pela arrecadação, mediante desconto, e pelo recolhimento da contribuição
incidente sobre a receita bruta decorrente de qualquer forma de patrocínio, de
licenciamento de uso de marcas e símbolos, de publicidade, de propaganda e
transmissão de espetáculos desportivos, devida pela associação desportiva que
mantém equipe de futebol profissional;
VIII - pela arrecadação, mediante desconto, e pelo recolhimento da contribuição
incidente sobre a receita bruta da realização de evento desportivo, devida pela
associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional, quando se tratar
de entidade promotora de espetáculo desportivo.
Observações
A apuração da contribuição descontada do segurado empregado, trabalhador
avulso ou contribuinte individual que presta serviços remunerados a mais de uma
empresa será efetuada da seguinte forma:
I - tratando-se apenas de serviços prestados como segurado empregado,
empregado doméstico e trabalhador avulso:
a) quando a remuneração global for igual ou inferior ao limite máximo do salário de
contribuição, a contribuição incidirá sobre o total da remuneração recebida em cada
fonte pagadora, sendo a alíquota determinada de acordo com a faixa salarial
correspondente ao somatório de todas as remunerações recebidas no mês;
b) quando a remuneração global for superior ao limite máximo do salário de
contribuição, o segurado poderá eleger qual a fonte pagadora que primeiro efetuará
o desconto, cabendo às que se sucederem efetuar o desconto sobre a parcela do
salário de contribuição complementar até o limite máximo do salário de
contribuição, observada a alíquota determinada de acordo com a faixa salarial
correspondente à soma de todas as remunerações recebidas no mês;
O desconto da contribuição social previdenciária e a retenção da contribuição de
11% sobre o valor da nota fiscal da empresa prestadora de serviço mediante cessão
de mão-de-obra ou empreitada, por parte do responsável pelo recolhimento,
sempre se presumirão feitos, oportuna e regularmente, não lhe sendo lícito alegar
qualquer omissão para se eximir da obrigação, permanecendo responsável pelo
recolhimento das importâncias que deixar de descontar ou de reter.
II - tratando-se de serviços prestados como segurado contribuinte individual:
Quando prestar serviço a mais de uma empresa ou, concomitantemente, exercer
atividade como segurado empregado, doméstico ou trabalhador avulso, e o total
das contribuições ultrapassar o limite máximo do salário-de-contribuição, deverá,
para efeito de controle, informar o fato à empresa em que isso ocorrer, mediante a
apresentação:
a) do comprovante de pagamento, relativo à competência anterior à da prestação de
serviços, ou declaração, sob as penas da lei, de que é segurado empregado, inclusive o
doméstico, consignando o valor sobre o qual é descontada a contribuição naquela
atividade ou que a remuneração recebida atingiu o limite máximo do salário de
contribuição, identificando com nome e CNPJ a(s) empresa(s) contratantes, ou o
empregador doméstico responsável pelo desconto sobre o valor por ele declarado.
b) do comprovante de pagamento com a identificação completa da empresa contratante
(razão social, CNPJ, o número de inscrição do segurado no RGPS, valor da
remuneração paga, valor descontado a título de contribuição previdenciária e o
compromisso de que a remuneração paga será informada na GFIP e a contribuição
correspondente será recolhida.
Notas:
O contribuinte individual que no mês teve contribuição descontada sobre o limite
máximo do salário de contribuição, em uma ou mais empresas, deverá comprovar o fato
às demais para as quais prestar serviços, mediante apresentação de um dos documentos
previstos no item anterior.
Quando a prestação de serviços ocorrer de forma regular a pelo menos uma empresa, da
qual o segurado como contribuinte individual, empregado ou trabalhador avulso receba,
mês a mês, remuneração igual ou superior ao limite máximo do salário de contribuição,
essa declaração poderá abranger um período dentro do exercício, desde que
identificadas todas as competências a que se referir, e, quando for o caso, daquela ou
daquelas empresas que efetuarão o desconto até o limite máximo do salário de
contribuição, devendo a referida declaração ser renovada ao término do período nela
indicado ou ao término do exercício em curso, o que ocorrer primeiro.
O segurado contribuinte individual é responsável pela declaração prestada, e se deixar
de receber a remuneração declarada ou receber remuneração inferior à informada na
declaração, deverá recolher a contribuição incidente sobre a soma das remunerações
recebidas das outras empresas sobre as quais não houve o desconto em face da
declaração por ele prestada, observados os limites mínimo e máximo do salário de
contribuição e a alíquota correspondente.
4.2 Contribuinte Individual
O segurado contribuinte individual é responsável pelo recolhimento da contribuição
social previdenciária incidente sobre a remuneração auferida por serviços prestados por
conta própria às pessoas físicas, a outro contribuinte individual equiparado a empresa, a
produtor rural pessoa física, à missão diplomática ou à repartição consular de carreira
estrangeiras.
O disposto acima se aplica ao brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo
oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, bem como ao consultor técnico
contratado por organismo internacional para atuar em acordo de cooperação
internacional com a Administração Pública Federal nos termos do Decreto nº 5.151, de
22 de julho de 2004, ambos enquadrados na categoria de contribuinte individual.
4.3 Segurado Facultativo
O segurado facultativo é responsável pelo recolhimento de sua contribuição.
4.4 Empregador Doméstico
O empregador doméstico é responsável pelo recolhimento das contribuições decorrentes
do contrato celebrado com o trabalhador doméstico, que são calculadas sobre o valor
registrado na Carteira de Trabalho e Previdência Social. A parcela devida pelo
trabalhador, conforme alíquota constante da tabela de contribuição, será descontada de
seu salário e recolhida juntamente com a contribuição devida pelo empregador (12%).
Observações:
O segurado empregado, inclusive o doméstico, que possuir mais de um vínculo, deverá
comunicar a todos os seus empregadores, mensalmente, a remuneração recebida até o
limite máximo do salário de contribuição, envolvendo todos os vínculos, a fim de que o
empregador possa apurar corretamente o salário de contribuição sobre o qual deverá
incidir a contribuição social previdenciária do segurado, bem como a alíquota a ser
aplicada.
Para o cumprimento do disposto no item anterior, o segurado deverá apresentar os
comprovantes de pagamento das remunerações como segurado empregado, inclusive o
doméstico, relativos à competência anterior à da prestação de serviços, ou declaração,
sob as penas da lei, de que é segurado empregado, inclusive o doméstico, consignando o
valor sobre o qual é descontada a contribuição naquela atividade ou que a remuneração
recebida atingiu o limite máximo do salário de contribuição, identificando o nome
empresarial da empresa ou empresas, com o número do CNPJ, ou o empregador
doméstico que efetuou ou efetuará o desconto sobre o valor por ele declarado.
Quando o segurado empregado receber mensalmente remuneração igual ou superior ao
limite máximo do salário de contribuição, a declaração prevista no item anterior poderá
abranger várias competências dentro do exercício, devendo ser renovada após o período
indicado na referida declaração ou ao término do exercício em curso, ou ser cancelada
caso houver rescisão do contrato de trabalho, o que ocorrer primeiro.
O segurado deverá manter sob sua guarda cópia dessa declaração juntamente com os
comprovantes de pagamento, para fins de apresentação ao INSS ou à fiscalização da
RFB, quando solicitado.

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