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De acordo com o Art.

27º da Resolução 04/2013-CSJEs, onde consta os documentos


necessários para formalização da designação, o inciso III disciplina sobre a necessidade de
declaração, manifestando “que não ocupa outro cargo, emprego ou função remunerada pelos
cofres públicos”. Qualquer descumprimento do que foi declarado na ocasião, seria colidente com
os pressupostos exigidos para a regularidade de sua atuação como juiz leigo.
No tocante a parte “remunerada pelos cofres públicos”, fica claro que o “Programa
Patronato de Francisco Beltrão”, se encaixa nessa definição, pois, é subsidiado pelo “Programa
Universidades sem Fronteiras”, elaborado e desenvolvido pela “Secretaria de Estado da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior do Paraná”. Logo, há dispêndio de valores pelos cofres públicos.
Outrossim, referindo-se as expressões “cargo, emprego ou função remunerada”, não há
citação ao status bolsista, forma na qual se dá a relação entre o “Programa Patronato de Francisco
Beltrão” e a Dra. Sara Naszeniak. O estudante que desfruta de bolsa de estudos não é detentor de
vínculo empregatício, pois, o valor da ajuda recebida ostenta natureza de ajuda de custos para o
estudante, e não relação de emprego. Sendo assim, não há possibilidade de enquadramento do
bolsista nas situações expostas no referido trecho.
Dessa maneira, não havendo relação entre a situação de fato e o regulamentação
normativa, por parte do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, não há impedimento do exercício
da função de Juíza Leiga com o recebimento da Bolsa do “Programa Patronato de Francisco
Beltrão”.

OBS: Porém, não sei se o status bolsista se enquadra no referido caso, pois, não
há uma contrapartida por estudo/aperfeiçoamento de estudo, e sim por um trabalho
prestado. Na lei que institui bolsas para programas subsidiados pela “Universidade sem
Fronteiras”, há menção a bolsas para “profissionais recém-formados”, que é a situação do
caso em questão. Em suma, talvez a expressão “recém-formados” é que vem como
caracterização de “bolsa”, pois, cria uma relação com estudo/aperfeiçoamento de estudo.
Porém, no meu entendimento, não há certeza que isso se caracterize como bolsa, além e
que, como agravante, no Edital do patronato, exige-se a comprovação de inscrição na OAB.
De toda maneira isso não é competência nossa, acredito eu. Se no edital diz que quem
passar no processo de seleção é bolsista, então é bolsista.

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