Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Art. 51. Nenhum tributo será exigido ou aumentado sem que a lei o
estabeleça, nenhum será cobrado em cada exercício sem prévia autorização
orçamentária, ressalvados a tarifa aduaneira e o imposto lançado por motivo de
guerra.
Relativamente ao teor deste artigo, dois pontos despertam atenção: primeiro, quando se refere
à “Lei”, o que deve ser entendido no sentido restrito da palavra, pois há instituto específico para
esse fim ─ no caso, “lei ordinária” −; segundo, quando destaca que não deve confundir o
aumento de uma alíquota com o aumento do imposto em si. O aumento da alíquota é
permitido.
Em seguida, vem a criação de tributo por meio de lei, que nada mais é do que a aplicação do
princípio da legalidade, de que trata o art. 37 da Constituição Federal de 1988.
Este dispositivo foi revogado pelo Código Tributário Nacional (CTN), que, sobre os tipos de
lançamentos, estabelece:
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo
lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente à verificar a ocorrência
do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o
montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da
penalidade cabível.
Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro,
quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa
informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação.
§ 1º. A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a
excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de
notificado o lançamento.
§ 2º. Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício
pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela.
Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o
preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo
regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as
declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito
passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação
contraditória, administrativa ou judicial.
Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos
seguintes casos:
II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da
legislação tributária;
III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do
inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de
esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste
satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade;
VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com
dolo, fraude ou simulação;
VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do
lançamento anterior;
Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito
da Fazenda Pública.
Art. 150 - O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação
atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade
administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da
atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.
Art. 53. O lançamento da receita é ato da repartição competente, que
verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e
inscreve o débito desta.
Neste artigo, a Lei preocupa-se em estabelecer os principais passos a serem seguidos pela
Administração Pública com vistas à realização do lançamento direto, a saber:
2. Identificar o credor ─ ação da repartição para, ante o fato gerador e demais documentos que
lhe dão suporte, reconhecer o montante e o devedor do Estado.
§ 1º - O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos desse artigo extingue o crédito, sob
condição resolutória da ulterior homologação do lançamento.
§ 4º - Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da
ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha
pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo
se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
De forma bem simplificada, os arts. 147 a 150 do CTN, que dispõem sobre as modalidades de
lançamentos, têm a finalidade de deixar os entendimentos ‘a seguir:
É aquele de iniciativa da administração que procede na forma do art. 142 do CTN. Depois de
identificar o devedor e apurar o montante, notifica-o para que este possa realizar o pagamento.
São submetidos a esse tipo de tratamento o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial
Urbana (IPTU) e o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
É o lançamento feito pelo próprio contribuinte em livros próprios, depois de calculado o imposto
devido, sendo, posteriormente, verificada a legalidade do procedimento pela autoridade
administrativa competente, Por exemplo, ISS e ICMs.
Restou ainda dúvida sobre o verbete rendas. A Lei não esclarece que tipo de renda poderia ser
objeto de lançamento direto, em prejuízo do leitor, que tem que recorrer a outras literaturas e
leis para reconhecer aquelas que são objeto de lançamento direto. Observa-se, no entanto,
que a Lei foi aprovada em 1964, o que significa que ela encampou o texto Constitucional de
1946, o qual dispõe:
Art. 73. O orçamento será uno, incorporando-se à receita, obrigatoriamente, todas as rendas e
suprimentos de fundos, e incluindo-se discriminadamente na despesa as dotações necessárias
ao custeio de todos os serviços públicos.
Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza
tem como fato gerador à aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica:
Conclui-se, portanto, que renda pode ser, num primeiro instante, apenas os proventos ─ inciso
II do art. 43 do CTN ─, pois é por meio destes que se chega a bens de capital. De posse de
bens de capital e dos proventos é que se obtêm a renda e os proventos, ou a combinação de
ambos.
Trata-se de um assunto bastante polêmico. O novo Código Civil, sobre este tema, prescreve:
Art. 368. Se duas pessoas forem, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra, as duas
obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.
Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis.
Art. 370. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas prestações,
não se compensarão, verificando-se que diferem na qualidade, quando especificada no
contrato.
Art. 371. O devedor somente pode compensar com o credor o que esse lhe dever; mas o fiador
pode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado.
Art. 372. Os prazos de favor, embora consagrados pelo uso geral, não obstam a compensação.
Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:
Art. 375. Não haverá compensação quando as partes, por mútuo acordo, a excluírem, ou no
caso de renúncia prévia de uma delas.
Art. 376. Obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode compensar essa dívida com a que o
credor dele lhe dever.
Art. 377. O devedor que, notificado, nada opõe à cessão que o credor faz a terceiros dos seus
direitos, não pode opor ao cessionário a compensação, que antes da cessão
teria podido opor ao cedente. Se, porém,, a cessão lhe não tiver sido notificada, poderá opor ao
cessionário compensação do crédito que antes tinha contra o cedente.
Art. 378. Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se podem
compensar sem dedução das despesas necessárias à operação.
Art. 379. Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis, serão
observadas, no compensá-las, as regras estabelecidas quanto à imputação do pagamento.
Art. 380. Não se admite a compensação em prejuízo de direito de terceiro. O devedor que se
torne credor do seu credor, depois de penhorado o crédito desse, não pode opor ao exeqüente
[...].
Assim, o teor deste dispositivo dá lugar aos artigos do Código Civil apresentados, os quais
evidenciam essa possibilidade, porém nos limites que o próprio Código impõe.
Por se tratar de matéria exclusiva e de competência do fisco, o art. 374 foi revogado. Assim,
em se tratando de tributos, é de competência da legislação tributária, estabelecer as regras
para esse fim.
Um procedimento que todos os cidadãos não devem deixar de praticar é a exigência de recibos
de pagamentos feitos a terceiros. Neste caso, inclui-se também o Estado.
Este recibo deve ter todas as informações que permitam caracterizar, para as duas partes
(devedor e credor), o montante, o objeto e outras informações de caráter acessório que posam,
no futuro, vir a dirimir qualquer tipo dúvida.
Este parágrafo não oferece nenhuma controvérsia para o leitor. O Estado, ao receber a quantia
paga, tem de fornecer recibo, com os dados enumerados no parágrafo anterior. Caso o
contribuinte necessite de mais de uma via, basta tirar uma cópia e pedir ao próprio agente
público para autenticar, pois este está investido desse poder, não podendo se recusar a
autenticar o documento.
Cumpre esclarecer, no entanto, que qualquer recurso, até mesmo de Fundo especial, que não
passa pelo controle pelo caixa único, ilide o princípio da unidade de tesouraria.
Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 3º desta
lei serão classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias,
tôdas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de
crédito, ainda que não previstas no Orçamento. (Veto rejeitado no D.O.
05/05/1964)