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Finanças Pessoais

para

DO ENDIVIDAMENTO
AO INVESTIMENTO
O PEQUENO MANUAL DO ENDIVIDADO

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Índice

Introdução 03
Raio-X 04
Antes de tudo 06
Entendendo os porquês 08
Encarando o problema 11
Negociando e reestruturando as dívidas 13
Comemore muito, mas não perca o rumo 17
De devedor a credor: uma nova vida 18

INTRODUÇÃO
Introdução
Introdução
Olá, amigo! Você está lendo este eBook porque, provavelmente, está com
problemas em sua vida financeira, correto? Antes de mais nada, parabéns!
O fato de procurar ajuda mostra disposição, vontade de sair da inércia e
interesse em começar a arrumar a casa. Acredite: nada é mais prejudicial
a sua vida do que ficar parado, repetindo velhos erros. Outra coisa que
precisa saber é que, infelizmente, você não está sozinho – pelo contrário:
o número de endividados no mundo, sobretudo no Brasil, só aumenta. Em-
bora não resolva o problema, traz algum alento saber que você não é o
único, não é?

A partir deste momento, convidamos você a uma jornada recompensado-


ra, através dos meandros da posição de endividado, desde a análise do que
leva uma pessoa a se endividar até os passos para livrar-se das dívidas e
iniciar a construção de reserva e patrimônio, a fim de transformar-se em
investidor.

Acredite quando falamos que “o principal você já fez”, isto é, assumiu que
existe um problema e está procurando alternativas para resolvê-lo. Aliás,
esse é o equívoco básico da maioria: manter o foco no problema e não na
solução. Dado este primeiro e importante passo, agora, é preciso força de
vontade, disciplina e paciência para enfrentar os desafios que irão se inter-
por entre você e seu objetivo de liquidar suas dívidas e começar a investir
seu dinheiro. É preciso, portanto, não relaxar e manter-se nesse caminho
virtuoso, até que você tenha atingido o almejado objetivo. Em bom portu-
guês: não cometa os mesmos erros. Afinal, errar uma vez, tudo bem; duas…
você já sabe.

Vamos lá?

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Raio-X
É muito comum usar de forma equivocada os termos “dívida” e “endivi-
damento” ou confundi-los com “inadimplência” ou “insolvência”. Como é
importante que se entenda o inimigo para, então, combatê-lo, vejamos as
definições a seguir:

Dívida

Pontual e singular, refere-se a algo específico, como a dívida de um carro


ou em um cartão de crédito. Nem todas as dívidas são, necessariamente,
temerárias. Tudo depende de uma série de fatores que as compõem. Se
você usa o cartão de crédito, por exemplo, mesmo que pague em dia, até o
momento da quitação da fatura existe um montante devido. Dessa forma,
existe uma dívida.

Endividamento

Chamamos de endividamento o conjunto das


dívidas de uma pessoa ou empresa. Quando
falamos em “grau de endividamento”, estamos
nos referindo à comparação da soma das dívi-
das frente à capacidade de gerar renda ou ao
patrimônio total da pessoa. Há graus de endivi-
damento aceitáveis, quando, por exemplo, seu
pagamento não ultrapassa 10% de sua renda
mensal ou, em última instância, fica abaixo do
limite de seu patrimônio (líquido e imobilizado).

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Inadimplência

É quando o nível de despesas supera a capacidade das receitas. Assim, os


compromissos financeiros deixam de ser honrados até suas datas de ven-
cimento. Nesse momento, você deixa de ser um cliente adimplente e passa
a ser inadimplente. Por conseguinte, a dívida deixa de ser “sadia” para ser
“tóxica”. As consequências são desastrosas: multas, juros, inclusão do nome
no cadastro de “mau pagador” (SCPC e SARASA), protesto em cartório e,
em última instância, processos judiciais – que podem envolver, inclusive,
arresto (medida preventiva que consiste na apreensão judicial dos bens do
devedor).

Insolvência

É a última e derradeira etapa de qualquer derrocada financeira. Diz respei-


to ao fato de seu patrimônio não ser suficiente para a liquidação de suas
dívidas ou seu nível de endividamento superar o valor total de seu patri-
mônio. O termo também é conhecido como falência, bancarrota ou, sim-
plesmente, fundo do poço. Nesse momento, há muito pouco a ser feito. Por
isso, como verá nas próximas páginas, seremos enfáticos sobre a necessi-
dade de praticar o “senso de urgência” ao menor sinal de problemas finan-
ceiros. Como qualquer doença
curável, quanto antes ocorrer
o diagnóstico, mais simples e
rápida é a cura.

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Antes de tudo
Já ouviu dizer que antes de correr você precisa aprender a andar? Pois
bem: antes de atacar os sintomas, você precisa atacar a doença. Quando o
assunto é dinheiro, a doença é um orçamento desequilibrado, resultando
em um fluxo de caixa “desencaixado”. Os sintomas são: alto endividamento,
inadimplência e morte (financeira). Assim, prezado leitor, é fundamental
olhar para seu orçamento antes de ir adiante para renegociar dívidas. O
motivo é simples: se seu orçamento continuar da mesma maneira, haverá
um alívio momentâneo, mas, logo, o quadro geral tende a piorar.

“Custo é como Se para ele essa é uma regra de ouro,


unha, tem que imagine para nós, que temos muito
cortar sempre.” menos recursos. Como dissemos no
começo: se está endividado, é porque
Jorge Paulo Lemann, o homem
mais rico do Brasil e um dos sai mais dinheiro do que entra: hora de
mais ricos do mundo. fechar as torneiras.

É importante preparar-se emocionalmente para isso, uma vez que “cortar


na carne” é dolorido. Mais dolorido ainda é perder patrimônio e noites de
sono por ter gasto demais em nome de um “estilo de vida” incompatível
com sua realidade. Veja por onde começar a fazer esse ajuste.

Identifique o desperdício e deixe de lado a ideia do supérfluo. Parece


mera questão semântica, mas são coisas muito distintas: o que é supérfluo
para um pode não ser importante para outro. Tire o gosto de viver de uma
pessoa e a vida ficará insuportável (endividados costumam deixar de lado
os prazeres em prol de pagar contas). Além disso, o desperdício é mais
visível e, normalmente, as pessoas concordam que ele é prejudicial – por
exemplo, pagar por algo que você não usa, como aquele pacote de canais
de TV dos quais sua família assiste a apenas dois ou as assinaturas de revis-
tas que ninguém mais lê.

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Refaça seu orçamento do zero, de trás para frente. Comece colocando o
que é fundamental para você e sua família, isto é, faça uma enumeração
das suas prioridades, por ordem de importância, por mais fúteis que elas
possam parecer. Assim, se a prioridade da família é a escola dos filhos que
custa bem acima da média, esta despesa deve estar no topo e as outras
precisam vir em sequência. Afinal, se a prioridade é a escola, então, vocês
podem remanejar o restante e, por exemplo, escolher morar em um lugar
mais barato ou dirigir um carro mais simples.

Alinhe as expectativas à realidade e fuja da armadilha do “estilo de vida”, no


qual você e sua família devem se encaixar para serem aceitos socialmen-
te. Na verdade, em prol de sentir-se parte de determinada esfera social,
muitas famílias cometem um “suicídio financeiro”. Você não deve tentar se
adaptar a nada, se tiver que comprometer sua saúde financeira para isso. É
fundamental entender e viver dentro de sua realidade econômica. Se, para
cultivar certas amizades, você precisa gastar o que não tem, tenha certeza
de que esses “amigos” não são bons o suficiente para estar em sua
companhia. O verdadeiro “estilo de vida” é aquele
que “cabe no seu bolso” e ainda lhe
permite formar reserva financei-
ra: é possível fazer o que se gosta,
basta deixar de fazer o que os ou-
tros gostam.

Uma vez que seu orçamento estiver


adequado a sua realidade, e isso signifi-
ca, com “folga financeira”, é exatamente
dentro dessa folga que o pagamento de
suas dívidas deverá se encaixar, pois, do
contrário, e seremos repetitivos, mesmo, o
problema voltará com muito mais força.

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Entendendo “os porquês”
Para não repetir os mesmos erros, mesmo antes de repará-los, é impor-
tante que você entenda o caminho que o fez chegar até aqui. É como diz o
Gato que Ri de Alice no País das Maravilhas: “Se você não sabe aonde quer
chegar, pouco importa o caminho”. Fazendo uma adaptação: se você não
quer ir, novamente, a algum lugar degradável, é muito importante conhecer
os caminhos que o levaram até lá.

Com raríssimas exceções, os endividados têm muitas coisas em comum em


sua trajetória até chegarem à insolvência financeira. Começa pela quebra
da regra fundamental e sagrada de qualquer orçamento:

“Gastar menos do que se ganha”.

Parece óbvio e repetitivo (nós avisamos!), mas essa é a raiz de qualquer


endividamento, do contrário, de que outra forma vai endividar-se a não ser
gastando aquilo que você não tem? Dentro dessa categoria do que “você
não tem” entra todo e qualquer tipo de crédito, desde o cheque especial
até um dinheiro que você pegou de um parente. Receitas que ainda não
entraram, como o salário do mês que vem ou o décimo terceiro, também
entram nessa categoria. Já ouviu a expressão “gastar por conta”? Trata-
se disso: gastar antecipadamente um dinheiro que ainda não está em seu
poder. Imagine, agora, o que acontece se esse dinheiro, porventura, não
entrar?

Qual a razão de alguém gastar o que não tem? Seria simples se houvesse
apenas uma explicação definitiva. Contudo, as motivações são muitas: vão
de imprevistos (algo até aceitável) a problemas emocionais.

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Imprevistos

Por mais que esteja preparado, os imprevistos podem ser mais sérios e
maiores do que suas reservas: desde um acidente até um problema gra-
ve de saúde. Algumas famílias, infelizmente, jamais se recuperam de algo
assim. De qualquer sorte, é importante o máximo possível de precaução,
acumulando uma boa reserva financeira e contratando seguros, que po-
dem cobrir morte, invalidez ou mesmo sua renda mensal por qualquer tipo
de impossibilidade de trabalhar. Em última instância, não tenha pena de
vender um bem para evitar as altas taxas de juros dos bancos. Resumindo:
é impossível prever o imprevisível, logo, algumas vezes, as coisas fogem do
planejado. Assim, resta fazer um controle de danos e partir para a recons-
trução.

Emocional

A outra vertente, a emocional, que pode en-


volver desde a insatisfação com o trabalho até
a necessidade patológica de reconhecimento
alheio por “status” (falamos rapidamente disso
no capítulo anterior), é algo “tratável”. O pri-
meiro passo é assumir que o problema existe.

A autorrecompensa, através do consumo, é um


mecanismo de compensação de nosso cérebro
muito semelhante àquele ativado por drogas,
bebidas e comida. Do mesmo jeito que um vi-
ciado em uma dessas coisas precisa reconhecer
o problema para só então procurar a solução,
o viciado em gastar precisa passar pelo mesmo
caminho. A maioria é de solução relativamente
fácil: através de pequenas mudanças

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de hábito diárias é possível colocar sua vida financeira e emocional nos
trilhos. Apenas uma pequena parcela de pessoas necessita, antes, de trata-
mento psicológico, já que o consumo emerge de questões que a educação
financeira, sozinha, não é capaz de resolver.

Há, no entanto, aqueles que vivem em estado de negação, apegados em


suas próprias mentiras. Estas pessoas só se dão conta da dimensão do pro-
blema quando é tarde demais – como um casal endividado que me procu-
rou durante meus dias de planejador financeiro: o único bem que “tinham”
era uma suntuosa casa em um condomínio de luxo, da qual eles não acei-
tavam se desfazer. O que não percebiam (eis o estado de negação) é que,
dado o tamanho da dívida, a casa “não era mais deles” e, em pouco tempo,
poderiam perdê-la para um dos credores. Ou-
tra coisa problemática, nesse contexto, era que
seu próprio custo de vida, em função da casa,
era incompatível com a renda da família. Enfim,
a última notícia que tenho desse casal é que
sua atual situação financeira está muito pior,
embora eles continuem na casa.

Veja a importância do senso de urgência fren-


te ao problema e, mais ainda, do uso da razão
para não trocar seu bem-estar por uma crença,
como o casal que citei. Por isso, jamais se es-
queça: problemas acontecem, mas cabe a você
enfrentá-los antes que seja tarde.

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Encarando o problema
É muito comum ver uma pessoa endividada fugindo do problema, não aten-
dendo a telefonemas de credores e até mudando de endereço. Resumindo
em uma frase: não faça isso! Problemas são resolvidos com ação e foco nas
possíveis soluções. Fugir só faz o “problema aumentar”. Lembre-se de que,
a cada dia, os juros exorbitantes praticados em nosso país fazem com que
sua dívida cresça, tornando a possibilidade de pagamento cada vez mais
distante.

Agora que seu orçamento está em ordem, veja o passo a passo para enfren-
tar seu endividamento:

I - Conheça profundamente seu endividamento
Jogar faturas e cartas de cobrança no lixo e esquecer a senha de seu banco
são atitudes que afastarão você de qualquer chance de sair do revés finan-
ceiro em que vive. Por isso, mapeie suas dívidas, saiba exatamente QUAN-
TO deve, ONDE deve, POR QUE deve e COMO pagar. Todos os detalhes,
como prazo, número de parcelas, taxa de juros, multas e se há garantia real
(como no financiamento de um carro), são fundamentais para começar a
traçar um plano para sair da situação atual.

II - Converse com seus credores


Embora pareça banal, estar disposto a conversar com as empresas e pesso-
as para quem deve mostra que você está engajado em resolver o problema.
Além disso, é uma ótima chance para quem está do outro lado entender um
pouco sobre suas agruras.

Muitas vezes, dessas conversas surgem soluções e propostas que aceleram


o processo de pagamento. As pessoas são simpáticas a outras que têm co-
ragem de assumir o erro e mostram disposição para resolvê-lo. O contrário,

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no entanto, causa danos, geralmente maiores que os juros. Fugir aumenta
a desconfiança dos credores e diminui sua disposição em qualquer tipo de
flexibilização na dívida para ajudá-lo. Pior ainda, cria antipatia e má vonta-
de. No limite, apressa o acionamento de cartórios e da justiça para a co-
brança da dívida – isso pode ser evitado quando você se mantém próximo
daqueles que lhe deram crédito. Lembre-se de que há vida após a dívida.
Então, por que não manter as portas abertas?

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Negociando e reestruturando as dívidas
Agora que você manteve o canal aberto para conversar com seus credores,
é hora de partir para a ação. Existem, basicamente, dois caminhos a serem
seguidos: renegociação ou substituição (reestruturação), que podem resul-
tar em um terceiro, a consolidação. Veja:

Renegociação

O primeiro passo para resolver qualquer dívida é procurar o credor para


renegociá-la. Esse processo pode envolver um desconto, um novo parcela-
mento e até a entrega de um bem (carro, por exemplo) a troco da baixa do
débito. O problema da renegociação, quando existem muitos e diferentes
credores, é a nova perda de controle, resultando na piora do quadro que já
era ruim. É importante ter cuidado, para não criar um novo problema em
vez de resolver o antigo.

Reestruturação

Ou substituição, como o nome sugere, é “trocar uma dívida cara por uma
opção mais barata”. Isso quer dizer que, se você deve no cheque especial
(o qual possui juros superiores a 10% ao mês), você pode procurar uma

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opção de crédito pessoal, com parcelas compatíveis com seu orçamento e
juros significativamente mais baixos – um crédito pessoal “caro” tem taxas
em torno de 5% ao mês; metade do cheque especial.

Há opções interessantes, como refinanciar um veículo ou um imóvel, os


quais podem servir de garantia do empréstimo e tendem a trazer taxas
ainda melhores ao acordo. Se você é empregado com carteira assinada ou
funcionário público, os empréstimos consignados também costumam ter
boas taxas.

Consolidação

É a parte final da reestruturação, quando há grande diversidade de credo-


res. Consiste em consolidar todas as suas dívidas em uma única, de forma a
baixar o custo geral e organizar seu fluxo de caixa com apenas uma parcela.

Há diversos pontos importantes que devem ser observados:

• Ao tomar dinheiro emprestado para quitar dívidas menores, você irá


pagá-las à vista e, assim, terá chance de negociá-las por um valor menor,
reduzindo o impacto geral.
• Você reduzirá o custo total de sua dívida, pelo fato de negociar a melhor
taxa possível para esse empréstimo, além de fazer o pagamento das
demais pendências à vista, conforme falamos no tópico anterior.
• Seu fluxo de caixa ficará mais simples de ser controlado, diminuindo,
assim, o risco de cometer o mesmo erro que lhe trouxe até aqui.
• Por outro lado, cuidado com a “falsa sensação de poder financeiro” pelo
alívio do orçamento. Tenha sempre em mente, e destacado em seus
controles, o tamanho total de seu endividamento, para não fazer outras
dívidas ao primeiro sinal de afrouxamento do seu fluxo financeiro.

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As modalidades disponíveis para reestruturação e consolidação são as
seguintes:

CDC Aval Próprio: é o Crédito Direto ao Consumidor, sem garantia, ou


seja, lastreado apenas em sua assinatura. Dependendo do grau de seu endi-
vidamento, e o fato de haver insolvência, essa pode ser uma opção inviável,
já que o banco avaliará o risco da operação.

CDC Aval Terceiros: pouco conhecida do grande público, esta modalida-


de de empréstimo usa um terceiro, com bom histórico junto ao banco e ao
sistema financeiro, como “fiador” (avalista) da operação. Nesse contrato, o
aval deixa de ser do tomador e passa a haver um “garantidor” do emprésti-
mo. A dificuldade aqui está em conseguir alguém que aceite a responsabili-
dade.

CDC com Garantia Real: muito confundida com o “refinanciamento”, essa


modalidade usa um bem como garantia da operação, mas sem aliená-lo;
isso quer dizer que não constará no documento do carro, por exemplo,
“Alienado ao Banco Tal”. Em tese, seu bem continuará desimpedido para
você fazer com ele o que quiser. Estamos dizendo “em tese”, porque, caso o
banco necessite executar sua dívida por inadimplência e você tenha vendi-
do o bem, o banco ainda pode alegar má fé e o problema ficar ainda maior
na justiça.

Refinanciamento de Bem: aqui, sim, é como se você estivesse “readquirin-


do” seu carro ou casa e, desse modo, o bem passa a “ser do banco” até que o
empréstimo seja quitado. Cada banco tem um percentual em cima do valor
de mercado do bem, que pode ser carro ou imóvel; nesse caso, chama-se a
operação de “hipoteca” –esta será liberada em sua conta e paga em parce-
las. Essa é, de longe, a forma mais barata de financiamento, justamente por
ser uma transação garantida por algo real, de forma a impedir sua venda.

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Crédito Consignado: pesadelo de muitos brasileiros, essa modalidade con-
siste em tomar dinheiro do banco, de forma que as parcelas sejam debita-
das em seu holerite. Por, de certa forma, ser garantida pela empresa em-
pregadora, está entre as formas mais baratas de empréstimo. As pessoas
que podem tomar esse tipo de crédito são: empregados com carteira assi-
nada, funcionários públicos, aposentados e pensionistas do INSS. No início,
falamos “pesadelo”, pois muitas pessoas se enrolam por não terem discipli-
na para lidar com as parcelas descontadas de seus rendimentos mensais e
continuam gastando normalmente, sem considerá-las em seu orçamento.

A reestruturação também pode se dar pela venda simples de um bem, de


forma a readequar o orçamento de sua família, compatibilizando-o às suas
receitas: paga-se as dívidas com parte do dinheiro e, ao mesmo tempo, re-
duz-se a despesa mensal partindo para um bem de menor valor.

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Comemore muito, mas não perca o rumo
O relaxamento após o cum-
primento de uma meta é
muito comum e esperado,
senão não escreveríamos
esse capítulo. Assim, quan-
do o grande dia chegar…
comemore! Leve a família
para um jantar e celebre
muito esse que será o início
de um novo ciclo.

Feito isso, é hora de manter o barco na rota, sem jamais perder de vista que
o verdadeiro objetivo é aprender com o erro para não repeti-lo. Sem sombra
de dúvida, isso resultará em uma vida equilibrada e repleta de satisfação.

A disciplina usada até aqui deve ser mantida, sem deixar de lado alguns
prazeres, mas sempre dentro de um planejamento. Disciplina e hábito são
as chaves para deixar esse passado obscuro, de fato, no passado. Desse
momento em diante, aquele valor que era destinado ao pagamento da dívi-
da, agora, poderá ser destinado à poupança da família. Assim, você deixará
de ser um devedor e passará a ser credor ou investidor.

Vamos repetir: não deixe de lado toda a luta que trouxe você até aqui,
quanto mais o tempo passa, menos margem de erro você (e seus entes que-
ridos) tem para outro infortúnio financeiro. Mantenha-se firme e vigilante,
cuidando de seu orçamento com o mesmo carinho com que cuida das coi-
sas que você mais ama. Enfatizamos, pois sabemos que evitar a tentação de
repetir o erro é um desafio tão grande quanto a busca pelo fim da penúria.

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De devedor a credor: uma nova vida!
Como foi dito no capítulo anterior: até aqui você fez um exercício enorme
e inúmeras concessões para enxugar seu orçamento, arredondar seu fluxo
de caixa e, desse modo, conseguir pagar suas dívidas. Ufa! Mas também
dissemos que não é hora de relaxar, certo? Então, você não é mais deve-
dor, parabéns! Hora ideal para se tornar CREDOR; que é quem empresta o
dinheiro e recebe por isso, também conhecido como investidor.

Não é hora de mudar nada em sua vida financeira, pois será preciso, justa-
mente, poupar aquele valor que antes era destinado ao pagamento de suas
dívidas. Além disso, se houver incremento na renda da sua família (aumen-
to de salário, por exemplo) é fundamental que estes recursos extras tam-
bém sejam destinados à construção de patrimônio. Isso dará mais velocida-
de ao processo.

Antes de investir, é preciso poupar. Não, as duas coisas não são iguais. Pou-
par é o processo de conseguir separar do orçamento um dinheiro cujo fim é
a acumulação (como você fez com o seu, para pagar suas dívidas, por exem-
plo). Investir, por outro lado, é o destino dado ao dinheiro poupado. Agora
que aprendeu a poupar, é hora de investir e compreender como objetivos e
prazos afetam suas decisões. Veja como você deve pensar seu patrimônio:

Capital de Giro

Muito se fala em capital de giro no âmbito empresarial, mas quando o as-


sunto chega em nossas casas, é como se as pessoas soubessem de forma
mágica sobre esse tipo de coisa. O fato é que o conceito de capital de giro
é totalmente aplicável às finanças pessoais – não apenas aplicável, mas
fundamental. Em poucas palavras, o capital de giro é o dinheiro necessário
para o cumprimento de suas obrigações financeiras mensais. Nessa hora, a

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rentabilidade não é tão importante, a disponibilidade, porém, é fundamen-
tal. Este é um dinheiro que deve ficar na sua conta corrente – hoje em dia,
esta é atrelada à poupança para prover uma remuneração mínima ao di-
nheiro que ali fica “parado”. Assim, deixe lá a quantia suficiente para pagar
suas contas com uma folga de 10%, assim, em caso de “desencaixe no fluxo
de caixa” – isto é, uma conta vencendo em uma data que não seja boa em
relação a suas receitas –, você terá dinheiro disponível para não entrar no
vermelho.

Reserva de Emergência

Agora que as contas do mês estão garantidas, é hora de pensar nos impre-
vistos e constituir sua reserva de emergência, antes mesmo de pensar nos
demais investimentos. Afinal, uma casa é construída pelos alicerces. Como
o nome sugere, é uma reserva cuja finalidade é suprir sua família em um
momento agudo de estresse financeiro, como em caso de perda do empre-
go, doença ou fatalidades semelhantes. Trocar de carro não é emergência,
certo? Aqui, também, a liquidez (disponibilidade) é mais importante do que
a rentabilidade, mas, diferentemente do capital de giro, você pode buscar
aplicações melhores – como TESOURO SELIC, que tem boa disponibili-
dade e rende mais do que a Poupança.
Lembre-se de repor o capital caso tenha
necessidade de usar essa reserva.

Aposentadoria

Em algum momento, você irá querer se


dedicar a outras atividades ou poderá
ser impedido de trabalhar. Por isso, é
preciso estar preparado financeiramen-
te para quando esse dia chegar. Infeliz-
mente, a aposentadoria oficial do gover-

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no não é suficiente para garantir a qualidade de vida que se imagina. Dessa
forma, é preciso que você crie sua própria reserva. Analisamos esse tema
a fundo, para mostrar exatamente o que deve ser feito, no eBook “O Novo
Aposentado”.

Objetivos Pontuais
Para cada sonho ou objetivo é
importante guardar o dinheiro
correspondente. Em vez de entrar,
novamente, naquela ciranda de
prestações para comprar o próximo
carro, que tal pagar essas parcelas
para “si mesmo”, em um tipo de in-
vestimento adequado ao prazo que
você estipulou? Da primeira vez
não é tão simples, mas depois fica
automático.

Por exemplo, você pretende trocar de carro. Em vez de fazê-lo agora e pa-
gar juros pelos próximos anos, por que não postergar o consumo, guardar o
dinheiro e pagar a diferença à vista? Ou então, pense em comprar um car-
ro usado ou mais barato, para que não faça nenhuma dívida. Dessa forma,
você fará o uso inteligente de seus recursos, evitando que caia nas mesmas
armadilhas do passado.

Seguro de vida

Jamais se esqueça de dedicar uma parcela de seu orçamento para pagar o


Seguro de Vida e produtos correlatos, como seguro para invalidez, seguro
para doenças graves e assim por diante. Mesmo com toda a economia que
puder fazer no curto prazo, é impossível ter o mesmo capital que um segu-

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ro é capaz de proporcionar. Por isso, jamais veja o seguro como dinheiro
jogado fora. Veja-o como a garantia do conforto financeiro de sua família,
caso você venha a faltar. Além da perda afetiva, passar por dificuldades
financeiras pode gerar um transtorno incalculável.

Portanto, você tem as ferramentas necessárias para mudar o seu rumo e


mantê-lo em prol de uma vida mais equilibrada e plena. Não lamente os er-
ros do passado. Aproveite-os como uma oportunidade única de aprendiza-
do e mudança. Se você é um novo investidor e um ex-endividado, aproveite
e espalhe sua experiência para ajudar mais pessoas na mesma condição,
como fizemos por você, com esse eBook. As coisas boas são assim, deve-
mos dividi-las para ajudar o maior número possível de pessoas, para que
elas também tenham a chance de evoluir. Por isso, conte conosco: estare-
mos sempre aqui para dar a mãozinha necessária nesse processo.

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Sobre os autores

Conrado Navarro Ricardo Pereira


Sócio fundador do Dinheirama.com, Sócio fundador do Dinheirama.com,
autor de diversos livros sobre educação com vasta experiência em educação
financeira e colunista de importantes financeira e no mercado financeiro,
veículos. Foi eleito o “Guru Financeiro tendo passagens por bancos de investi-
do Ano”, em 2012, pela comunidade de mento e também grandes organizações.
investidores ADVFN.

Giovanni Coutinho Renato de Vuono


Investidor, colaborador do Dinheirama Apaixonado por finanças pessoais, é
e praticante da educação financeira investidor, colaborador do Dinheirama,
como estilo de vida. Possui ampla expe- além de especialista em comunicação
riência em vendas, marketing, gestão de social e comportamento humano. Foi
conteúdo e comunicação. fundador da WEME/Galileo e do site
Café com Finanças.

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www.dinheirama.com

facebook.com/dinheirama
@Dinheirama
youtube.com/dinheirama

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