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Química Aplicada

CURSO DE FORMAÇÃO DE OPERADORES DE REFINARIA


QUÍMICA APLICADA

1
Química Aplicada

2
Química Aplicada

QUÍMICA APLICADA
CAPÍTULO I
SANDRA MARA ALBERTI
CAPÍTULO II
SANDRA MARA ALBERTI

EQUIPE PETROBRAS
Petrobras / Abastecimento
UN´S: REPAR, REGAP, REPLAN, REFAP, RPBC, RECAP, SIX, REVAP
3

CURITIBA
2002
Química Aplicada

540 Alberti, Sandra Mara.


A334 Curso de formação de operadores de refinaria: química aplicada / Sandra
Mara Alberti. – Curitiba : PETROBRAS : UnicenP, 2002.
104 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm.

Bibliografia: p. 102.
Financiado pelas UN: REPAR, REGAP, REPLAN, REFAP, RPBC,
RECAP, SIX, REVAP.
4
1. Química. 2. Química orgânica. I. Título.
Química Aplicada

Apresentação

É com grande prazer que a equipe da Petrobras recebe você.


Para continuarmos buscando excelência em resultados,
diferenciação em serviços e competência tecnológica, precisamos
de você e de seu perfil empreendedor.
Este projeto foi realizado pela parceria estabelecida entre o
Centro Universitário Positivo (UnicenP) e a Petrobras, representada
pela UN-Repar, buscando a construção dos materiais pedagógicos
que auxiliarão os Cursos de Formação de Operadores de Refinaria.
Estes materiais – módulos didáticos, slides de apresentação, planos
de aula, gabaritos de atividades – procuram integrar os saberes téc-
nico-práticos dos operadores com as teorias; desta forma não po-
dem ser tomados como algo pronto e definitivo, mas sim, como um
processo contínuo e permanente de aprimoramento, caracterizado
pela flexibilidade exigida pelo porte e diversidade das unidades da
Petrobras.
Contamos, portanto, com a sua disposição para buscar outras
fontes, colocar questões aos instrutores e à turma, enfim, aprofundar
seu conhecimento, capacitando-se para sua nova profissão na
Petrobras.

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5
Química Aplicada

Sumário
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 7
ORIGEM ..................................................................................................................................................................... 8
1 TÓPICOS ESPECIAIS DE QUÍMICA GERAL ................................................................................................... 9
1.1 A constituição da matéria ............................................................................................................................. 9
1.1.1 Átomo e Elemento Químico ............................................................................................................ 9
1.1.2 Formação de Íons – Cátions e Ânions ........................................................................................... 11
1.1.3 Substâncias Químicas .................................................................................................................... 11
1.2 Misturas ..................................................................................................................................................... 13
1.2.1 Misturas Homogêneas .................................................................................................................... 13
1.2.2 Misturas Heterogêneas ................................................................................................................... 14
1.3 Transformações da matéria ........................................................................................................................ 14
1.3.1 Transformações Físicas .................................................................................................................. 14
1.3.2 Transformações Químicas .............................................................................................................. 16
1.4 Desdobramento de misturas ....................................................................................................................... 17
1.5 Ligações químicas ...................................................................................................................................... 19
1.5.1 Configuração Eletrônica dos Gases Nobres ................................................................................... 19
1.5.2 Ligação Iônica ................................................................................................................................ 19
1.5.3 Ligação Covalente ......................................................................................................................... 21
1.5.4 Ligação Metálica ............................................................................................................................ 22
1.6 Funções Inorgânicas ................................................................................................................................... 24
1.6.1 Conceito de Ácidos ........................................................................................................................ 25
1.6.2 Conceito de Bases .......................................................................................................................... 28
1.6.3 Conceito de Sais ............................................................................................................................. 29
1.6.4 Conceito de Óxidos e Peróxidos .................................................................................................... 30
1.6.4.1 Óxidos ................................................................................................................................ 30
1.6.4.2 Peróxidos ........................................................................................................................... 31
1.7 Reações Químicas ...................................................................................................................................... 31
1.7.1 Classificação das Reações Químicas ............................................................................................. 32
1.7.2 Fatores que influem nas Reações Químicas ................................................................................... 33
1.8 Cálculos Estequiométricos ......................................................................................................................... 34
1.9 Estudo de soluções ..................................................................................................................................... 36
1.9.1 Concentração de soluções .............................................................................................................. 37
1.10 Equlíbrio Químico e Noções de pH ........................................................................................................... 38
1.10.1 Equilíbrio Químico ........................................................................................................................ 38
1.10.2 Equilíbrio Iônico ............................................................................................................................ 38
1.10.3 Dissociação e Produto Iônico da Água .......................................................................................... 38
1.10.4 Noções de pH ................................................................................................................................. 39
1.10.5 Titulação e Indicadores de Titulação ............................................................................................. 40
1.11 Propriedades de alguns elementos metálicos ............................................................................................. 41
1.11.1 Propriedades Físicas dos Metais .................................................................................................... 41
1.11.2 Propriedades Mecânicas dos Metais .............................................................................................. 41
1.11.3 Metais Ferrosos .............................................................................................................................. 42
1.11.4 Metais não Ferrosos ....................................................................................................................... 43
1.12 Algumas substâncias industrialmente importantes .................................................................................... 45

2 TÓPICOS ESPECIAIS DE QUÍMICA ORGÂNICA .......................................................................................... 51


2.1 Introdução à química orgânica ................................................................................................................... 51
2.1.1 Cadeias Carbônicas ........................................................................................................................ 51
2.2 Derivados Halogenados ............................................................................................................................. 61
2.3 Constituintes do petróleo ........................................................................................................................... 75
2.4 Compostos de cadeia aberta ou alifáticos .................................................................................................. 77
2.4.1 Série das Parafinas - CnH2n + 2 ..................................................................................................................... 77
2.4.2 Série das Isoparafinas - CnH2n + 2 ..................................................................................................... 78
2.4.3 Série Olefínica - CnH2n ................................................................................................................. 78
2.4.4 Propriedades dos Hidrocarbonetos Saturados ................................................................................ 79
2.4.5 Reações dos Hidrocarbonetos Saturados ....................................................................................... 79
2.5 Hidrocarbonetos insaturados ...................................................................................................................... 80
2.5.1 Os Alcenos ..................................................................................................................................... 80
2.5.2 Os Alcinos ...................................................................................................................................... 80
2.5.3 Propriedades dos Hidrocarbonetos Insaturados ............................................................................. 80
2.5.4 Reações dos Hidrocarbonetos Insaturados ..................................................................................... 81
6 2.6 Compostos de cadeia fechada .................................................................................................................... 81
2.6.1 Série Naftênica, CnH2n .................................................................................................................... 81
2.6.2 Série Aromática ou Benzênica ....................................................................................................... 81
EXERCÍCIOS ............................................................................................................................................................ 97
ANEXO ................................................................................................................................................................... 101
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................................... 102
Química Aplicada

Introdução
A indústria do petróleo, nos seus setores O óleo é tratado, separado da água, sais
de prospecção, de exploração, de projeto, de minerais e suspensão de partículas sólidas
operação, de desenvolvimento, de vendas e (dessalgação ou dessalinização) que geralmen-
executivo, tornou-se de tal forma multidisci- te contém e armazenado para posterior trans-
plinar que exige não só a presença de quími- porte às refinarias ou terminais.
cos e engenheiros químicos, mas muitos ou- Nas refinarias, os processos e fenômenos
tros profissionais de diferentes ramos da ciên- químicos são os mais diversos e envolvem a
cia e da engenharia. Este fato é, especialmen- química não só em seus aspectos gerais, mas,
te, relevante nos tempos atuais, uma vez que de forma muito ampla, a química orgânica.
as destilações simples dos primeiros anos da Com uma visão da complexidade do as-
indústria do petróleo foram substituídas, em
sunto e buscando a abrangência necessária à
geral, por procedimentos mais complicados de
formação de operadores, nossa contribuição
refinação, envolvendo numerosas operações
físicas e conversões químicas, ou processos vem trazer, sem a pretensão de ser completa
químicos unitários de grande complexidade. ou esgotar o assunto, informações sobre os
Além disto, a indústria do petróleo vem am- principais fenômenos químicos que ocorrem
pliando suas necessidades, pois está atingindo dentro de uma refinaria de petróleo, os princi-
muitos outros setores químicos, fornecendo- pais elementos e compostos químicos que são
lhes matérias-primas e usando novas substân- utilizados e processados bem como as reações
cias. Todos os profissionais da indústria do químicas fundamentais. Todos estes assuntos
petróleo devem estar informados sobre os ou- serão abordados através de uma íntima rela-
tros setores para poderem contribuir, de forma ção com os aspectos básicos da química fun-
mais eficiente, com o desenvolvimento desse damental. Serão abordados ainda, através de
inesgotável ramo da indústria. exercícios aplicativos, os tratamentos quími-
Dentre os fenômenos químicos, a origem, cos das águas de caldeiras e trocadores de ca-
a exploração, o processo de refino, incluindo lor, dos processos de refino, utilidades, trans-
a separação, conversão e tratamento do petró- ferência e estocagem dos produtos gerados em
leo, bem como toda a indústria petroquímica, refinarias de petróleo. Serão também objeto
pode-se dizer, compreendem um dos exemplos de discussão teórica, os fenômenos de corro-
mais completos e abrangentes da utilização da são e incrustação de sistemas de resfriamento,
ciência química. caldeiras, etc, situações do cotidiano que ocor-
A química começa a ser necessária já no rem em refinarias como conseqüência da ope-
processo de exploração, pois, em algumas
ração de sistemas.
situações é utilizada a injeção de gás, de água,
ou às vezes de ambos, simultaneamente, com Para que nossa contribuição seja de uma
o objetivo de estimular a extração do petró- forma mais didática, este curso será dividido
leo. Ainda, dependendo do tipo de petróleo, em dois capítulos:
da profundidade e do tipo da rocha-reservató- Capítulo 1. Tópicos Especiais de Química
rio, é necessária a injeção de gás carbônico Geral,
(CO2), vapor de água, soda cáustica (NaOH),
polímeros e vários outros produtos, com o 7
Capítulo 2. Tópicos Especiais de Química
objetivo de aumentar a recuperação ou extra- Orgânica,
ção do petróleo.
Após a exploração, o petróleo segue para todos ilustrados com exercícios envolvendo
os separadores, onde é retirado o gás natural. situações do cotidiano de uma refinaria.
Química Aplicada
Origem petróleo tenha sido formado a partir de maté-
Existem muitas teorias sobre a origem do ria orgânica em depósitos marítimos nas vizi-
nhanças da terra firme, em um ambiente defi-
petróleo. Algumas defendem a origem vege-
tal ou animal e outras o parentesco com o car- ciente em oxigênio e, associado a sedimentos,
que posteriormente se solidificariam em ro-
vão de pedra. Algumas delas realçam que qual-
quer material orgânico, de qualquer origem, chas; calcários, dolomitas, folhelhos e arenitos.
A Figura 1 apresenta os diversos estratos
pode ser transformado em produtos do petró-
em torno da rocha ou areia portadora de óleo.
leo. Há, entretanto, concordância em que o

Folhelho impermeável

Gás

Petróleo
te
ixan
a enca
h
Roc
 Água salgada
 Água salgada
 

 

 


Caminho do óleo numa rocha porosa ou areia


Figura 1 – Jazimento de óleo em um reservatório natural (Americam Petroleum Institute).

No depósito original, a concentração de ta que “as proteínas e os carboidratos solúveis


matéria orgânica pode não ter sido elevada, são, indubitavelmente, destruídos com rapidez,
mas o petróleo migrou e acumulou-se nos lo- nos processos iniciais de decaimento, pela ação
cais mais favoráveis à sua retenção, por exem- bacteriana... Os óleos graxos são relativamente
8 plo, em arenito poroso, em domos protegidos resistentes à ação das bactérias... Os óleos graxos
por estratos impermeáveis ao óleo, ou em fa- (ou ácidos graxos) são, provavelmente, a princi-
lhas oclusas nos sedimentos. Brooks (1) comen- pal fonte de onde se formou o petróleo”.
(1)
Science of Petroleum, v. 1, p. 52; ECT. v. 10, p. 97-109, 1953 – com 52
referências e discussão detalhada.
Química Aplicada

Tópicos Especiais de
Química Geral
Capítulo 1
1
Autora: Sandra Mara Alberti
Este capítulo tem como principal objeti- químicas, sejam elas entre sólidos, líquidos ou
vo introduzir o aluno aos conceitos básicos de gases, obedecem a leis relativas a suas massas
química geral para melhor compreensão dos ou seus volumes. As leis ponderais tratam das
processos, subsidiando a tomada de decisões relações entre as massas de reagentes e as
em situações de operação e/ou manutenção de massas dos produtos de uma reação química.
sistemas e/ou equipamentos em uma refinaria.
A Tabela 1 apresenta as leis ponderais atra-
1.1 A constituição da matéria vés da reação de combustão do carvão. A quei-
No final do século XVIII e começo do sé- ma do carvão (C), quimicamente denominada
culo XIX, três cientistas, Lavoisier, Proust e de reação de combustão, com o oxigênio do ar
Dalton, através de diversas experiências, des- (O2), irá produzir o gás carbônico (CO2). O gás
creveram três das mais importantes leis que carbônico é um dos maiores contribuintes para
buscam explicar a constituição da matéria. o efeito estufa e, pode também ser encontrado
Estas leis dizem que todas as combinações nos refrigerantes e em extintores de incêndio.

Tabela 1. Leis Ponderais(2)


Primeira Experiência Conclusão
Carbono + oxigênio gás carbônico Lei de Lavoisier
C + O2 CO2
Lei da Conservação das Massas
3g + 8g 11 g
A soma das massas antes da reação é igual à soma das massas após a
reação.
Segunda Experiência Conclusão
Carbono + oxigênio gás carbônico Lei de Proust
C + O2 CO2
Lei das Proporções Constantes
3g + 8g 11 g
A proporção das massas que reagem permanece sempre constante.
6g + 16 g 22 g
9g + 24 g 33 g
Terceira Experiência Conclusão
Carbono + oxigênio gás carbônico Lei de Dalton
C + O2 CO2
Lei das Proporções Múltiplas
3g + 8g 11 g
Quando dois elementos químicos formam vários compostos, se a massa de
um participante permanecer constante, a massa do outro só poderá variar
Carbono + oxigênio gás carbônico
segundo valores múltiplos.
2 C + O2 CO
6g + 8g 14 g
9
Química Aplicada
A Tabela 2 apresenta uma explicação para Como o número de prótons define a espé-
as Leis Ponderais discutidas anteriormente. cie de átomo, ele passou a ser chamado de
número atômico, simbolizado pela letra Z.
Tabela 2. Explicação das Leis Ponderais(2)
Número de prótons (p) = número atômico (Z) ou Z = p
Lei Explicação
Na primeira experiência: De onde vem a definição:

Lei de
Elemento químico é um conjunto de átomos
Lavoisier com o mesmo número atômico.
As partículas (átomos) iniciais e finais são as mes-
mas. Portanto, a massa permanece inalterada.
Exemplos:
Na segunda experiência: Hidrogênio – átomos que possuem 1 próton
Carbono – átomos que possuem 6 prótons
Lei de Oxigênio – átomos que possuem 8 prótons
Proust
Enxofre – átomos que possuem 16 prótons

Número de Massa
Como praticamente toda a massa do áto-
Duplicando a quantidade de átomos, todas as mas-
sas dobrarão. mo está contida em seu núcleo, denominamos
o número de prótons (p) mais o número de
Na terceira experiência:
nêutrons (n) de um átomo, como sendo, o seu
número de massa, simbolizado pela letra A.
Então:
Lei de A = p + n , ou ainda, se p = Z, então: A = Z + n
Dalton
Exemplo:
Considerando-se que um átomo possua 11
A segunda reação dessa experiência usa o dobro prótons, 12 nêutrons e 11 elétrons, seu núme-
do número de átomos de carbono, em relação ao ro atômico Z será 11 (Z = p) e seu número de
mesmo número de átomos de oxigênio. Conseqüen- massa A será 23 (A = Z + n).
temente, a massa de carbono necessária à segunda Observação importante: o número de
reação será o dobro da quantidade usada na pri-
meira. massa é distinto do conceito de massa do áto-
mo e de massa atômica.
Para explicar as leis ponderais, os cientis-
tas estabeleceram a hipótese de que toda ma- Massa do Átomo = expressa em unidades
de massa atômica = u
téria seria formada por minúsculas partículas,
indivisíveis, chamadas de Átomos – Teoria
Massa Atômica = é, por definição, o nú-
Atômica de Dalton.
mero que indica quantas vezes a massa do áto-
mo é mais pesada que a unidade de massa atô-
1.1.1 Átomo e Elemento Químico mica (u).
Número Atômico
Atualmente, são conhecidos, aproximada-
Na Tabela Periódica (em anexo), são
mente, 110 tipos de átomos diferentes que,
apresentados todos os elementos químicos,
combinados entre si, das mais diversas ma-
com seus respectivos números atômicos,
neiras, vão dar origem a todo o tipo de maté-
massas atômicas, enquanto que na Figura 2
ria existente.
10 é demonstrada a distribuição de Linus
Átomos de mesmo tipo são aqueles que
Pauling. Na natureza, podem ser encontra-
possuem o mesmo número de prótons (o nú- dos cerca de noventa elementos químicos
mero de nêutrons e o número de elétrons não diferentes; os demais são produzidos artifi-
precisam ser os mesmos). cialmente pelo homem.
(2)
Química Geral, Ricardo Feltre, v. 1, 4. ed., Editora Moderna, 1995.
Química Aplicada

Níveis
Subníveis
Número máximo de
A Figura 4, exemplifica o conceito de
elétrons por níveis cátion, utilizando, para tanto, o átomo do ele-
(K) 1 1s 2
mento sódio (Na).
(L) 2 2s 2p 8

(M) 3 3s 3p 3d 18

(N) 4 4s 4p 4d 4f 32

(O) 5 5s 5p 5d 5f 32

(P) 6 6s 6p 6d 18

7s Figura 4 – Cátion de Sódio – Na+.


(Q) 7 2

O átomo normal de sódio (Na) tem 11


Número máximo de 2 6 10 14
elétrons por subníveis prótons, 12 nêutrons e 11 elétrons. Ele pode
perder um elétron e transformar-se em cátion
Figura 2 – Diagrama de Linus Pauling.
sódio (Na+), que terá 11 prótons, 12 nêutrons
e 10 elétrons.
1.1.2 Formação de Íons – Cátions e Ânions
Um átomo, em seu estado natural, é ele- Observe que quando um átomo ganha elé-
tricamente neutro, isto é, o número de elétrons trons, seu tamanho aumenta; quando perde elé-
de sua eletrosfera é igual ao número de prótons trons, seu tamanho diminui; mas, em ambos
do núcleo, e, em conseqüência, suas cargas os casos, sua massa praticamente não se alte-
anulam-se. ra, pois a massa do elétron é desprezível
Um átomo, pode, contudo, ganhar ou per- (9,109390 x 10–24 g).
der elétrons da eletrosfera, sem sofrer altera-
ções em seu núcleo, resultando então em par- 1.1.3 Substâncias Químicas
tículas denominadas íons.
Quando um átomo ganha elétrons, ele se Havendo apenas cerca de 90 elementos
transforma em um íon negativo, também cha- químicos diferentes na natureza, por que en-
mado de ânion. contramos uma variedade tão grande de mate-
A Figura 3 exemplifica o conceito de riais diferentes?
ânion, utilizando, para isto, o átomo do ele- Porque esses tipos de átomos diferentes
mento cloro. podem reunir-se das mais variadas maneiras
possíveis, através das ligações químicas, for-
mando uma infinidade de agrupamentos dife-
rentes, que podem ser as chamadas moléculas
ou aglomerados iônicos.
Cada molécula ou aglomerado iônico pas-
sa a representar uma substância pura ou es-
pécie química bem definida. Cada substância
por sua vez é representada por uma abrevia-
Figura 3 – Ânion Cloreto – Cl –. ção denominada fórmula.
Em cada molécula, encontramos um cer-
O átomo normal de cloro (Cl) tem 17 to número de átomos ligados entre si. Nos aglo-
prótons, 18 nêutrons e 17 elétrons. Ele pode merados iônicos, existem os chamados íons,
ganhar um elétron e transformar-se em ânion que são átomos ou grupos de átomos carrega-
cloreto (Cl–), que terá 17 prótons, 18 nêutrons dos eletricamente. 11
e 18 elétrons.
Quando um átomo perde elétrons, ele se A Figura 5 exemplifica o que é chamado
torna um íon positivo, também chamado de de molécula e o que é denominado aglome-
CÁTION. rado iônico.
Química Aplicada
Molécula ou A Tabela 3, abaixo, exemplifica o concei-
Substância Fórmula
aglomerado iônico to de substância, fórmula, massa molar e Mol.
Hidrogênio
Gás incolor, combustí- Tabela 3. Exemplos de Substâncias Químicas e
vel, menos denso que o H2 Fórmulas
ar (e, por isso, usado em
balões meteorológicos) Molécula de hidrogênio. Substância Fórmula Massa molar Mol
Oxigênio Cloreto de sódio NaCl 23 + 35,5 = 58,5 58,5 g
Gás incolor, existente
Amônia NH3 14 + 3 (1) = 17 17 g
no ar e indispensável à O2
respiração dos animais Ácido sulfúrico H2SO4 2 (1) + 32 + 4 (16) = 98 98 g
e vegetais. Molécula de oxigênio.
Gás carbônico CO2 12 + 2 (16) = 44 44 g
Enxofre
Etanol C2H6O 2 (12) + 6 (1) + 16 = 46 46 g
Pó amarelo, muito usa-
do para fabricar outras Propano C3H8 3(12) + 8 (1) = 44 44 g
substâncias úteis (coran- S8
tes, vulcanizadores da É possível a elaboração de alguns questio-
borracha, etc.) Molécula de enxofre. namentos envolvendo Mol e Número de Mols.
Água
Exemplos:
Indispensável à vida dos
H2O 01. Converter a massa em gramas de ácido
vegetais e animais.
sulfúrico – H2SO4 – para número de mols.
Molécula de água.
Quantos mols há em 49 g de H2SO4?
Gás carbônico
Gás incolor, usado em Resposta:
extintores de incêndio, CO2 A massa molar do H2SO4 é = 98 g
em bebidas refrigeran- Assim: 98 g = 1 Mol
Molécula de gás corbônico.
tes, etc.
Portanto: 49 g = x Mol → x Mol = 0,5 mol
Álcool comum
Líquido incolor, usado Cálculo de massa a partir do número de
em bebidas alcoólicas, CH3 — CH2OH mols também é possível, basta considerar o
como combustível, etc. oposto do exemplo acima.
Molécula de álcool.

Sal comum 02. Qual a massa, em gramas, de 0,2 mols do


Sólido branco, também gás amônia – NH3?
chamado “sal de cozi- NaCl
nha”, muito importante Resposta:
na alimentação. A massa molar do gás NH3 = 17 g, corres-
ponde a 1 Mol
Aglomerado iônico de Na+
e Cl– que forma o sal de co-
Assim:
zinha. 17 g = 1 Mol
Figura 5 – Molécula ou Aglomerado Iônico.(2) x g = 0,2 Mols
Portanto
Uma comparação bastante interessante
x g = 3,4 g de gás amônia
sobre o significado de moléculas e aglomera-
dos iônicos é a construção de uma casa, pois
1.1.3.1 Substâncias Químicas Simples
tem-se tijolos, areia, cimento, cal, pedras, fer-
Substâncias simples – são aquelas for-
ro, etc, com que se podem construir casas e
madas por átomos de um mesmo elemento quí-
prédios totalmente diferentes.
mico.
A representação de uma molécula é dada
Exemplos: oxigênio (O2), hidrogênio (H2),
através de sua fórmula. A somatória das mas-
ozônio (O3)
sas atômicas dos elementos que fazem parte
dessa fórmula chama-se massa molar.
Comentários:
Massa molar = é o número que identifi-
1. Há exemplos de alguns átomos que,
12 ca quantas vezes a molécula de uma substân-
simultaneamente, representam o átomo
cia é mais pesada do que 1/12 do átomo de
e a substância simples. Um átomo de
carbono – C12.
hélio (He) representa um átomo de
Molécula grama ou mol = é a massa mo-
hélio e também a molécula de uma
lar expressa em gramas.
substância simples.
Química Aplicada
2. Há átomos que podem agrupar-se de 1.2 Misturas
maneiras diferentes, formando substân-
Após a compreensão do que seja a subs-
cias diferentes. Por exemplo, o oxigê-
tância simples e a composta, agora é possível
nio pode formar, com dois átomos, uma
entender o conceito de mistura. Foi visto tam-
molécula da substância simples oxigê-
bém que a cada substância corresponde um tipo
nio e, com três átomos, uma molécula
de molécula ou de aglomerado iônico bem
simples de ozônio.
definido e, que existe uma infinidade de subs-
Este fenômeno é chamado de Alotro-
tâncias puras diferentes.
pia – isto é, o oxigênio e o ozônio são
Exemplos dessas substâncias misturadas
formas alotrópicas do elemento quími-
podem ser observados na Figura 6.
co oxigênio. Outros exemplos de
alotropia são o carbono, pois forma o
carbono grafítico e o diamante; o fósfo-
ro branco (P4) e o fósforo vermelho (P∞).
3. O número de átomos do mesmo ele-
mento é chamado de Atomicidade
– moléculas monoatômicas: têm um
átomo, exemplo: Hélio (He);
No álcool comum, além das
– moléculas diatômicas: têm dois áto- moléculas do próprio álcool
mos, exemplo: oxigênio (O2); O ar que respiramos é uma (CH3 — CH2OH), que são em
mistura onde predominam número predominante, en-
– moléculas triatômicas: têm três áto- moléculas de nitrogênio (N2) contramos algumas molécu-
e de oxigênio (O2). las de água (H2O)
mos, exemplo: ozônio (O3);
– moléculas poliatômicas: têm mais
que três átomos, exemplo: fósforo
branco (P4).

1.1.3.2 Substâncias Químicas Compostas


Substâncias compostas ou compostos
químicos – são aquelas formadas por átomos
de elementos químicos diferentes. Se você observar, cuidadosamente, um paralelepípedo de
É o que ocorre, por exemplo, com a água granito, verá um grande número de pontinhos brilhantes e
(H2O), amônia (NH4), álcool comum (CH3 – um grande número de pontinhos escuros, dispersos pela
massa cor de cinza que constitui a pedra.
CH 2OH), sal comum ou cloreto de sódio
(NaCl). Figura 6 – Exemplos de Misturas.

Comentários: 1.2.1 Misturas Homogêneas


Substância Pura: é qualquer substância, Não se pode distinguir, mesmo com auxí-
simples ou composta, formada por átomos, lio de microscópios sofisticados, os compo-
moléculas ou aglomerados iônicos, todos nentes de uma mistura. Uma mistura homo-
iguais entre si. gênea é também chamada de sistema homo-
a) Uma substância pura tem propriedades gêneo ou solução.
características bem definidas. Por exem- Em uma solução, há o conceito de soluto
plo: a água, nas condições ambientais, é e solvente.
líquida, incolor, inodora, não inflamá- Soluto: é a substância que, em geral, en-
vel, etc. contra-se em menor quantidade em uma mis-
tura estando dissolvida pelo solvente.
b) Tem composição química constante: Solvente: substância que dissolve o soluto.
Quando é simples – é formada por um Para exemplificar o conceito de solvente
único elemento químico; e soluto, pode-se citar o açúcar dissolvido na 13
Quando é composta – é formada pelos água, ou ainda, o oxigênio dissolvido na mis-
mesmos elementos químicos, ligados tura de nitrogênio, constituindo o ar que respi-
na mesma proporção em massa (Lei de ramos.
Proust).
Química Aplicada
1.2.2 Misturas Heterogêneas Não têm propriedades características e bem
Em uma mistura heterogênea, é possível definidas: a água pura congela sempre a
distinguir as substâncias que a compõem, sen- 0ºC; uma mistura de água e sal congelará
do cada porção homogênea denominada fase. sempre abaixo de 0ºC, temperatura esta que
Assim, as misturas podem ser classifica- dependerá da quantidade de sal na mistura.
das nos seguintes sistemas: 4. A Figura 8 apresenta um fluxograma
1. sistemas monofásicos – têm uma úni- dos conceitos estudados até o momento.
ca fase e, portanto, são sistemas ou mis-
turas homogêneas;
2. sistemas bifásicos – têm duas fases, são
sistemas heterogêneos;
3. sistemas trifásicos – têm três fases dis-
tintas, são sistemas heterogêneos;
4. sistemas polifásicos – têm mais de três
fases distintas.
Figura 8 – Fluxograma da constituição da matéria.
Comentários:
1. Misturas homogêneas apresentam pro- 1.3 Transformações da matéria
priedades iguais em todos os seus pon-
tos; nas misturas heterogêneas, as pro- 1.3.1 Transformações Físicas
priedades variam quando se atravessa a Denomina-se transformação física ou fe-
superfície de separação entre uma fase e nômeno físico toda mudança que ocorre em
outra. Exemplo: mistura de água e óleo. um sistema em observação, quando esta não
transforma a matéria em sua identidade.
Uma mesma substância, por exemplo, a
Óleo (com certas propriedades)
água, pode apresentar-se em diferentes esta-
Superfície de separação
dos físicos, isto é: na forma sólida, líquida e
Água (com propriedades diferentes)
gasosa. Esses estados são denominados esta-
dos físicos da matéria.
Embora existam muitos fenômenos físi-
Gelo
cos, como o aquecimento de um corpo, a pas-
Água salgada sagem de corrente elétrica por um fio e ou-
Sal não-dissolvido tros, os que mais interessam à Química são as
mudanças de estado físico conforme ilustra a
Figura 7 – Mistura Heterogênea. Figura 9.

2. É muito importante não confundir as


fases com as substâncias (ou compo-
nentes) existentes em um sistema. Por
exemplo:
Três fases:
Figura 9 – Fluxograma de Mudança de Estados.
Uma fase sólida – gelo;
Outra fase sólida – sal não dissolvido;
Uma líquida – que é uma solução (mis- É importante observar que as mudanças
tura homogênea) de sal em água. de estado físico de uma substância pura irão
ocorrer em condições constantes e bem defi-
Duas substâncias nidas. São as chamadas constantes físicas.
Água – seja na solução, seja na forma Na Figura 10, é possível observar que,
de gelo, é água; durante a fusão da água, por exemplo, a tem-
Sal – seja na solução, seja depositado peratura permanece constante e igual a 0ºC.
no fundo do recipiente. Este fato define o primeiro patamar do gráfi-
14 3. Ao contrário das substâncias puras, co na Figura 11, o qual apresenta a tempera-
pode-se dizer que as misturas: tura de fusão (P.F.) do gelo. Fato idêntico
Não têm composição constante: pode- ocorre durante a ebulição (100ºC), resultando
se juntar um soluto em maior ou me- no segundo patamar e que define a temperatu-
nor quantidade; ra ou temperatura de ebulição (P.E.) da água.
Química Aplicada
É possível também observar na Figura 11
o gráfico de resfriamento de uma substância,
que nada mais é do que o processo inverso.
No processo de aquecimento, as transforma-
ções são ditas endotérmicas, isto é, absorvem
calor para mudarem de estado físico. No pro-
cesso de resfriamento, as transformações são
ditas exotérmicas, isto é, perdem calor nas mu-
danças de estado. Figura 12 – Temperatura de ebulição de diversas substâncias.(2)

Além das temperaturas de fusão (ou soli-


dificação) e de ebulição (ou de condensação),
outras constantes físicas têm grande importân-
cia para uma substância pura. São elas:
a) densidade ou massa específica – cal-
culada como o quociente da massa pelo
volume da substância.
d = m/V
Figura 10 – temp x quant. Calor absorvida.(3) m = massa da substância em gramas
V = volume da substância em cm3
d = densidade em g/cm3 ou g/mL

A densidade dos líquidos é medida, dire-


tamente, através de densímetros, como os exis-
tentes em postos de gasolina.
De acordo com as densidades, os produ-
tos do petróleo podem ser classificados em
leves (baixa densidade ou menos densos) e
pesados (alta densidade ou mais densos).
b) calor específico – quantidade de calor
necessária para aumentar em 1ºC a tem-
peratura de 1 g da substância.
Por exemplo: 1 g de água necessita de 1
caloria para ter sua temperatura aumen-
tada em 1ºC. Assim, pode-se dizer que o
calor específico da água é 1cal / g . ºC.
c) solubilidade –definida como a maior
quantidade (em gramas) de uma subs-
tância que pode ser dissolvida em uma
dada quantidade de um líquido (em ge-
ral em litros), a uma dada temperatura.
Por exemplo: é possível dissolver, no máxi-
mo, 365 g de sal comum em 1 L de água a 20ºC.
Sendo específicas para cada substância
Figura 11 – Gráfico de aquecimento e gráfico de resfriamento.(2)
pura, as constantes físicas permitem identificar
e caracterizar as substâncias. Por exemplo:
Comentários Água
1. Cada elemento puro ou substância Líquido, incolor, inodoro e insípido
pura tem sua temperatura de ebulição Temperatura de fusão: 0ºC 15
e de fusão, que variam muito de uma Temperatura de ebulição:100ºC a 1 atm
para a outra, conforme demonstra a (atmosfera)
Figura 12. densidade: 1 g/cm3 a 4ºC e 1 atm
calor específico: 1 cal/g.ºC
Química Aplicada
As propriedades das substâncias puras são Óleo de carga
catalogadas em livros especiais. As constan- C7H15.C15H30.C7H15

tes físicas são a identidade de uma substância, Óleo craqueado


sendo utilizadas como critério de pureza. C7H16 + C6H12:CH2 + C14H28:CH2

Craqueamento Reiterado
C2H6 + (C4H8:CH2 + C8H18 + C6H12:CH2) + CH2:CH:CH:CH:CH3 + C2H4
1.3.2 Transformações Químicas Gás gasolina materiais formadores gás
de goma
Denomina-se transformação química ou
fenômeno químico toda mudança que ocorre Polimerização
C2H6 + (C4H8:CH2 + C8H18) + C12H22 C2H4
em um sistema e que provoca transformação Gás gasolina alcatrão
+
gás
da matéria. Isto é, a matéria perde sua identi-
dade original transformando-se em outra. É importante mencionar que há variações
Exemplos de transformações químicas são dos processos de conversão via craqueamen-
as reações de combustão, oxidação, neutrali- to. Existem os processos de conversão via cra-
zação e outras que serão estudadas mais tarde, queamento térmico, catalítico, retardado, hi-
no capítulo de reações químicas. drocraqueamento catalítico e o hidrocraque-
amento catalítico brando. Todos, entretanto,
Toda transformação química é uma rea- têm a função de quebra de cadeia carbônica
ção química. para a obtenção de moléculas menores que
as originais e serão discutidos em detalhes
1.3.2.1 Transformações Químicas no Petróleo no Capítulo 2 – Tópicos Especiais de Quími-
Exemplos muito importantes de trans- ca Orgânica.
formações químicas são aquelas observadas
nos Processos de Conversão do Petróleo. b) Viscorredução
Ali ocorrem diversas reações químicas, es- É um processo que segue a linha do cra-
pecíficas de cada processo e que são, em queamento térmico e tem como objetivo a re-
geral, conjugadas com temperatura e pres- dução do tamanho das moléculas das substân-
são. É muito comum, ainda, a presença de cias, transformando-as em substâncias mais
um agente que pode acelerar ou diminuir a leves e mais fluidas. Processo atualmente em
velocidade de uma reação química sem, en- desuso.
tretanto, participar quimicamente dela – o
catalisador. Estes processos serão detalha- c) Alcoilação catalítica
dos no Capítulo 2, Tópicos Especiais de A alcoilação catalítica ou apenas alcoila-
Química Orgânica. ção, consiste na junção de duas moléculas le-
Dentro dos Processos de Conversão do ves (menores) para a formação de uma tercei-
Petróleo, podem ser citados: ra de maior massa molar. Esta reação é
a) Craqueamento catalisada por um agente de forte caráter ácido
Decomposição de substâncias com gran- (ácido fluorídrico – HF, ou ácido sulfúrico –
des moléculas em outras de moléculas meno- H2SO4). Exemplo de uma reação de alcoilação:
res, pela ação de temperatura ou de um catali-
sador. Como catalisador, em geral, são utili-
zadas substâncias denominadas de zeólitos.
Os zeólitos são aluminossilicatos, como
por exemplo, o KMg(Si3AlO10)(OH)2.
Um exemplo de transformação química
pelo craqueamento é a quebra do gasóleo pe-
sado, gerando gasolina e óleo de reciclo, con-
forme reação química a seguir:
C7H15 . C15H30.C7H15 C7H16 + C6H12:CH2 + C14H28:CH2
gasóleo pesado gasolina gasolina óleo de reciclo
(antidetonante)
16
As várias fases do craqueamento foram
resumidas no livro “Indústria de Processos
Químicos” e são aqui reproduzidas conforme
as reações seguintes.
Química Aplicada
d) Reformação catalítica A Figura 13 apresenta um modelo, embo-
A reformação catalítica ou reforma, como ra antigo, de filtro-prensa.
é mais conhecida, tem por objetivo principal
transformar uma nafta de destilação direta, rica
em hidrocarbonetos parafínicos, em outra, rica
em hidrocarbonetos aromáticos. Converte,
portanto, a nafta em compostos com maior
número de octanas. É semelhante ao craquea-
mento, mas são usadas cargas mais voláteis.
Os catalisadores contêm, em geral, elementos
como o rênio, platina ou cromo. É um proces-
so de aromatização. Um exemplo desse pro-
cesso de conversão é apresentado pela reação Figura 13 – Filtro Prensa.(2)
química abaixo.
b) Decantação
É também um processo mecânico, que
serve para desdobrar misturas heterogêneas de
um sólido disperso em um líquido ou de dois
líquidos imiscíveis entre si.
No desdobramento do petróleo, este pro-
cesso também não tem grande utilização.
A Figura 14 apresenta um típico processo
de decantação. Há, entretanto, outras formas
de decantação como a sedimentação fracionada
e a centrifugação. Os funis de separação ou
decantação têm como propósito a separação
1.4 Desdobramento de misturas de líquidos imiscíveis, como por exemplo, óleo
O petróleo, para que possa ser efetivamen- e água. Não é adequado para aplicação em
te aproveitado, deve ser desdobrado em ou- grandes volumes, como no caso da indústria
tras substâncias. Para esse processo, são utili-
de petróleo.
zadas as faixas de ebulição de cada uma de-
las, denominadas frações.
ão
Os processos de desdobramento de mis- can
taç
Sedimen- De
turas, convencionalmente utilizados na quími- tação

ca, deram origem àqueles utilizados para o pe-


tróleo. Sifonação

Os processos mais comumente utilizados


são a filtração, a decantação, a destilação e a Figura 14 – Processo de decantação típico.
cristalização.
a) Filtração c) Destilação
É um processo mecânico, que serve para É um processo físico que serve para des-
desdobrar misturas heterogêneas de um sóli- dobrar as misturas homogêneas, como as so-
do disperso em um líquido ou gás. No desdo-
bramento do petróleo, este processo não tem luções de sólidos em líquidos ou soluções de
grande utilização, entretanto, em processos de dois ou mais líquidos. A destilação, por ser
regeneração ou recuperação de óleos minerais um processo físico de separação, não altera as
e produtos do refino do petróleo, é muito co- propriedades físicas dos componentes da mistu-
mum o uso dos chamados filtros-prensa. Este ra ou de cada fração do petróleo, por exemplo.
procedimento pode retirar, conforme o tipo de 17
É um processo que tem como base as di-
filtro utilizado, partículas sólidas em suspen- ferenças de temperatura de ebulição existentes
são e, se houver aquecimento, pode ainda di-
entre os compostos que coexistem em uma mis-
minuir o conteúdo de água presente como
contaminante. tura, como é o caso do petróleo. Variando-se as
Química Aplicada
condições de aquecimento do petróleo, é pos- A conjunção desses dois parâmetros, tem-
sível vaporizar-se compostos leves, interme- peratura e pressão, encontrados nas torres de
diários e pesados (função do tamanho das destilação de refinarias, permite que o petró-
moléculas), que, ao se condensarem, podem leo seja separado em suas diversas frações.
ser separados. A Figura 15 apresenta uma típica torre de
Além da temperatura, pode-se utilizar o destilação de petróleo e a Figura 16 um equi-
processo de destilação a vácuo, uma vez que a pamento de destilação em laboratório, que deu
temperatura de ebulição de uma substância é origem às torres de destilação fracionada, apre-
função da pressão sobre ela exercida. sentadas na Figura 15.

Termômetro Saída de água


de resfriamento

Condensador
Garras de
Ferro
Balão de
destilação
Mistura a ser fracionada
(digamos dois líquidos
D HALPERN / PR-SOCK PHOTOS

miscíveis entre si)

Tela de aquecimento
(tela metálica revestida Entrada de água Líquido mais
com amianto) de resfriamento
volátil que já
se destilou
Suportes
de ferro

Figura 16 – Sistema de destilação em laboratório.


Figura 15 – Torre de destilação em
uma refinaria de petróleo.

d) Cristalização
A cristalização é um processo físico que
serve para separar e purificar sólidos. A água
do mar contém muitos sais. Com a evapora-
ção da água, há a cristalização destes sais, prin-
cipalmente o cloreto de sódio (NaCl, sal de
cozinha). Este procedimento não é utilizado
na indústria do petróleo.

e) Dessalinização
Este não é um processo que pode ser consi-
derado de desdobramento de misturas. Contudo, Figura 18 – Dessalinizador ou Dessalgadora – REPAR –
uma análise mais detalhada dos processos de des- Araucária – PR.
dobramento mostra que existe o processo de de-
cantação para separar líquidos imiscíveis de den- A dessalinização ou dessalgação, no pro-
sidades diferentes, óleo e água, por exemplo. cesso de refino do petróleo, é muito importan-
A Figura 17 apresenta um decantador utiliza- te, pois se trata de um procedimento de “lava-
do em laboratório e a Figura 18 um exemplo de gem” ou de limpeza do cru, para remoção de
dessalinizador utilizado em refinarias de petróleo. sais minerais, água e sedimentos dissolvidos,
Funil de decantação
que são arrastados nos processos de extração
Líquido menos denso
do petróleo. Antes do refino, o petróleo deve
ser “lavado” para não provocar danos às tor-
Líquido mais denso res de destilação.
Torneira
A dessalinização ou dessalgação não alte-
ra a composição do petróleo, apenas retira
18 impurezas pelo processo de diluição, dissolu-
ção, lavagem, decantação e arraste.
Para este procedimento, é utilizada a cha-
mada água de processo, água tratada através
Figura 17 – Sistema de decantação. dos processos convencionais para a indústria,
Química Aplicada
isto é, clarificação e, neste caso, sem cloração, Comparando as propriedades dos gases
para que o cloro residual não ofereça possibi- nobres com os outros elementos, observa-se
lidades de transformações químicas nesta fase. que eles são elementos muito estáveis e, em
geral, apresentam elevados potenciais de io-
1.5 Ligações químicas nização e baixa reatividade química.
Uma ligação química é uma união entre
átomos. Os químicos entendem as proprieda- 1.5.1 Configuração Eletrônica dos Gases Nobres
des da matéria em termos dos tipos de ligação Qualquer ligação química é feita através
que mantêm os átomos unidos. Por exemplo, da eletrosfera, envolvendo somente os elétrons
por que o fosfato de cálcio é tão duro que a mais externos do átomo, sem jamais atingir o
natureza o adotou para a formação dos ossos? núcleo. Logo, é indispensável observar a con-
Por que é tão difícil fazer compostos a partir figuração eletrônica dos gases nobres, para
do nitrogênio do ar? Como podemos fazer entender o motivo da grande estabilidade que
aviões e foguetes mais fortes e mais leves? possuem.
Responder perguntas como estas depende do A configuração eletrônica é obtida atra-
entendimento dos diferentes tipos de ligação vés do Diagrama de Linus Pauling, confor-
e como podem originar compostos com dife- me foi apresentado na Figura 2.
rentes propriedades. A Tabela 4 apresenta os gases nobres, seu
Uma ligação química forma-se entre dois número atômico e sua distribuição eletrônica.
átomos se o arranjo resultante de seus dois
núcleos e de seus elétrons tem energia mais Tabela 4. Distribuição Eletrônica dos Gases Nobres
baixa que a energia total dos átomos separados.
Elementos Número Configuração Eletrônica
Se a energia mais baixa é atingida pela Símbolos Atômico (Z)
transferência completa de um ou mais elétrons Hélio – He 2 1s2
de um átomo para outro, formam-se íons, e o Neônio – Ne 10 1s / 2s2 2p6
2

composto é mantido pela atração entre esses


Argônio – Ar 18 1s2 / 2s2 2p6 / 3s2 3p6
íons (atração eletrostática). Esta atração é tí-
Kriptônio – Kr 36 1s / 2s2 2p6 / 3s2 3p6 3d10/ 4s2 4p6
2
pica de uma ligação iônica.
Se o abaixamento de energia pode ser atin- Xenônio – Xe 54 1s2 / 2s2 2p6 / 3s2 3p6 3d10/ 4s2 4p6 4d10 / 5s2 5p6

gido pelo compartilhamento de elétrons, en- Radônio – Rn 86 1s2 / 2s2 2p6 / 3s2 3p6 3d10/ 4s2 4p6 4d10 / 5s2 5p6 5d10 / 6s2 6p2
tão, os átomos unem-se através de uma liga-
ção covalente. Relacionando a estabilidade dos gases no-
Outro aspecto que explica a combinação bres e o fato de não realizarem, espontaneamen-
de átomos através das ligações químicas é a te, ligações com outros elementos, é possível
busca da estabilidade química, conseguida por concluir que sua estabilidade é conseqüência
exemplo pelos gases nobres. da configuração eletrônica. Os outros elemen-
Os gases nobres são os 6 elementos da tos estabelecem ligações para adquirir uma
família 8A da tabela periódica: hélio (He), configuração eletrônica parecida à dos gases
neônio (Ne), argônio (Ar), criptônio (Kr), nobres e, assim, adquirirem a estabilidade.
xenônio (Xe) e radônio (Rn). A principal ca-
racterística desses elementos é a inércia quí- A Regra do Octeto (Gilbert Newton Lewis)
mica, ligada ao fato de possuírem a camada
de valência completa (camada de valência Os átomos dos diferentes elementos li-
completa = 8 elétrons na última camada de gam-se uns aos outros, doando, recebendo ou
elétrons ou camada eletrônica). Desse modo, compartilhando elétrons, na tentativa de ad-
os gases nobres não apresentam tendência em quirir uma configuração eletrônica igual à de
formar íons (doar ou receber elétrons) espon- um gás nobre: 8 elétrons na camada de
taneamente. Por serem muito estáveis, não se com-
valência ou, então, 2 elétrons se a camada de
binam com outros átomos espontaneamente.
valência for a 1ª camada.
É fato que, dos 110 elementos químicos
conhecidos, apenas 6, os gases nobres, são 19
encontrados na forma de átomos isolados. Os 1.5.2 Ligação Iônica
demais elementos encontram-se sempre liga- Denomina-se ligação iônica aquela que
dos uns aos outros, de diferentes maneiras e ocorre pela atração elétrica entre íons positi-
nas mais diversas combinações. vos (cátions) e negativos (ânions).
Química Aplicada
Esses íons são formados, de modo geral, O átomo de sódio possui um elétron na última
pelos metais e ametais ou não metais. camada ou camada de valência. Se perder esse elé-
tron, sua camada de valência passa a ser a anterior,
METAIS(3) NÃO METAIS
Elementos muito eletropositivos. Elementos muito eletronegativos. que já está completa (2s2 2p6). Ao perder 1 elétron,
Normalmente possuem de 1 a 3 Normalmente possuem de 5 a 7 o sódio transforma-se em cátion Na+, que possui a
elétrons na última camada ou elétrons na última camada ou mesma configuração do gás nobre Neônio.
camada de valência. Têm camada de valência. Têm
facilidade em perder esses facilidade em ganhar esses O átomo de cloro possui cinco elétrons na
elétrons e formar cátions. elétrons e formar ânions. última camada ou camada de valência. Se ga-
nhar mais 1 elétron, sua camada de valência
fica completa (3s2 3p6). Ao ganhar 1 elétron, o
Transferência de elétrons cloro transforma-se em ânion Cl–, que possui
a mesma configuração do gás nobre Argônio.
Assim, quando os átomos de sódio e clo-
Cátions + Ânions
ro entram em contato, ocorre a transferência
de 1 elétron do sódio para o cloro, formando
SUBSTÂNCIA IÔNICA OU COMPOSTO IÔNICO cátions e ânions, respectivamente. A atração
entre cátinos (+) e ânions (–) irá formar um
A ligação iônica pode ser explicada, de composto iônico.
forma mais objetiva, utilizando-se o exemplo A representação da Figura 19 pode ser
dos átomos de sódio e cloro. simplificada para:
O átomo de sódio (Na) tem Z = 11 e con-
figuração eletrônica de
1s2 / 2s2 2p6 / 3s1 última camada = 1 elétron
O átomo de cloro (Cl) tem Z = 17 e confi- Tendo cargas elétricas opostas, os cátions
guração eletrônica de e ânions atraem-se, mantendo-se unidos pela
1s2 / 2s2 2p6 / 3s2 3p5 última camada = 7 elétrons. Ligação Iônica, que origina, desta forma, o
Nenhum dos dois elementos possui 8 elé- cloreto de sódio – NaCl – sal de cozinha. Na
trons na última camada, sendo portanto instá- prática, a reação química não envolve apenas
veis quimicamente. A Figura 19 exemplifica dois átomos, mas sim um grande número de-
a ligação química entre sódio e cloro. les de modo que no final teremos um aglome-
rado de íons, formando os chamados retículos
cristalinos, conforme apresenta a Figura 20.

20

Figura 19 – Representação da ligação iônica Na+ e Cl–

(3)
Química Integral, Marta Reis, Editora FTD, 1993, Figura 20 - Vistas Espaciais do Na+Cl–.
Química Aplicada
Observações: Dos elementos da coluna 4A, carbono, si-
1. O reticulado mostrado, na Figura 20, lício, germânio, estanho e chumbo, que apre-
não pode ser visto, pois é muito peque- sentam 4 elétrons em sua última camada, ape-
no. Sua forma foi elaborada por meio nas chumbo e estanho têm tendência a formar
de estudos com Difração de Raio X. ligações iônicas.
Contudo, é possível observar-se, atra-
vés de uma lupa, os cristais cúbicos do 1.5.3 Ligação Covalente
cloreto de sódio. Esta forma cúbica dos Os elementos não metálicos podem for-
cristais é função da cristalização inter- mar ânions, porém não formam cátions. En-
na ser cúbica. tão, como ligam-se entre si? Eles comparti-
lham elétrons. Uma ligação covalente é o com-
2. É importante lembrar que, na forma- partilhamento de elétrons entre elementos não
ção do íon, o átomo irá ganhar ou per- metálicos, os ametais.
der elétrons em sua última camada ele-
trônica (camada mais externa) e não no A ligação covalente comum baseia-se num
subnível mais energético. Os exemplos, compartilhamento de um ou mais pares de elé-
a seguir, esclarecem este fato. trons, entre dois átomos, para que ambos ad-
quiram a estabilidade, sendo que o par de elé-
Para o átomo de Fe0 a distribuição eletrô- trons compartilhado é formado por 1 elétron
nica, usando Linus Pauling, fica: desemparelhado de cada átomo envolvido(3).

1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d6 É importante observar, que o compartilha-
4s2 – última camada mento de elétrons é feito sempre aos pares,
6 porque em um orbital cabem, no máximo, dois
3d – subnível mais energético elétrons.
ou A ligação covalente ocorre, diferentemen-
K = 2; L = 8; M = 14 e N = 2 – última camada te da iônica, quando a diferença de eletrone-
gatividade entre os dois átomos não é muito
Como discutido no início desse assunto, acentuada. É feita quando, para ganhar a esta-
as ligações iônicas ocorrem entre elementos bilidade, os átomos precisam “ganhar” elé-
eletropositivos, que apresentam tendência em trons. Ela ocorre entre ametal e ametal, ametal
perder elétrons, tais como os metais, e elemen- e hidrogênio ou hidrogênio e hidrogênio.
tos eletronegativos com tendência em ganhar As ligações covalentes dão origem às
elétrons, como os ametais. A Tabela Periódi- moléculas, que são unidades distintas, forma-
ca (em anexo), mostra que os metais ficam à das por um número determinado de átomos que
esquerda e os ametais ou não-metais ficam à estabelecem ligações covalentes entre si.
direita. Das colunas A da Tabela Periódica, o Pode-se representar a formação de molé-
número de elétrons da última camada coinci- culas através de fórmulas distintas: a eletrôni-
ca, a estrutural e a molecular.
de com o próprio número da coluna. Assim,
pode-se elaborar uma tabela simplificada, Fórmula Eletrônica ou de Lewis
como a da Figura 21, que facilita a compreen- Todos os elétrons da última camada são
são da ligação iônica. representados ao redor de cada um dos áto-
mos envolvidos na ligação, colocando lado a
lado os elétrons que serão compartilhados.
Exemplos:
H• o H ou H:H
o o o o
o o
H• o Cl
o o
o ou Ho• o Cloo
o

Fórmula Estrutural 21
Esta fórmula evidencia a estrutura da li-
gação. O traço representa cada par de elétrons
que está sendo compartilhado.
Figura 21 – Ligação Iônica.(2) (5)
Química Integral, Marta Reis, Editora FTD, 1993,
Química Aplicada
Exemplos: C O dipólo é representado pela letra grega
mi, µ que é um vetor chamado vetor momen-


H — H; H — Cl ; H—C—H to de dipólo ou momento dipolar.


C Um vetor possui:
a) módulo ou intensidade: é o valor nu-
Fórmula Molecular mérico real relacionado a uma deter-
A fórmula molecular mostra apenas o tipo minada unidade;
e a quantidade de átomos que forma uma mo- b) direção: o que existe em comum a uma
lécula. De forma geral, é montada conforme série de retas paralelas;
os seguintes passos: c) sentido: uma das duas orientações pos-
síveis a partir de uma determinada di-
1. escrevemos os símbolos dos átomos em reção.
ordem crescente de eletronegatividade O vetor momento dipolar µ sempre apon-
(o menos eletronegativo primeiro); ta para o elemento mais eletronegativo, como
2. cada símbolo é seguido de um índice à por exemplo:
sua direita, indicando o número de áto- µ
mos de cada elemento na molécula; H Cll
3. o índice 1 não precisa ser escrito.
Exemplos: As ligações covalentes são típicas dos
H2; HCl; CH4; C6H12; H2SO4 compostos orgânicos, pois estes contêm, ba-
sicamente, elementos não metálicos como o
Polaridade de uma ligação covalente carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio, en-
Em uma ligação covalente pode ou não xofre e outros.
ocorrer a formação de um dipólo, dependendo O carbono, nas diversas moléculas que
da diferença de eletronegatividade dos átomos forma, faz sempre 4 ligações covalentes co-
que fazem a ligação. muns e forma uma figura geométrica tetraé-
drica.
Ligação Covalente Apolar Exemplos de compostos orgânicos de im-
Nessa ligação, os átomos possuem a mes- portância com ligações covalentes.
ma eletronegatividade, e o compartilhamento
de elétrons é de tal forma que a densidade ele-
trônica de um átomo é exatamente igual à do
outro.
Este tipo de ligação é denominada de
covalente ideal e ocorre entre ametais e Gás etano
ametais.
Exemplo:
H2; Cl2; N2.

Ligação Covalente Polar Gás eteno


Nessa ligação, pode ser observada a dife-
rença de eletronegatividade entre os átomos Eventualmente, o carbono poderá fazer
que compartilham o par de elétrons. O com- uma ligação tripla com outro átomo, ou ainda
partilhamento é de tal forma que o elemento duas ligações duplas com átomos distintos
mais eletronegativo tem a maior densidade como por exemplo:
eletrônica e o menos eletronegativo a menor. Gás etino H—C— —C—H
Exemplo: HCl; HBr; HF. Gás carbônico O — C — O
No exemplo do ácido clorídrico – HCl, o
cloro é mais eletronegativo do que o hidrogê- 1.5.4 Ligação Metálica
22 nio e atrai para mais perto de si o par de elé- Segundo a teoria da “nuvem” eletrônica;
trons da ligação, adquirindo um caráter nega- o metal seria um aglomerado de átomos, neu-
tivo, representado por; δ1–. O hidrogênio fica tros e cátions, mergulhados em uma “nuvem”
mais afastado, adquirindo um caráter positi- de elétrons livres (em linguagem mais técni-
vo, δ1+. ca: os elétrons estão deslocalizados). Os elé-
Química Aplicada
trons deslocalizados estariam funcionando Teoria das Bandas Eletrônicas
como Ligação Metálica, mantendo os átomos Utilizando o sódio metálico como exemplo:
aglomerados. Na tem Z = 11 e configuração eletrônica:
No estado sólido, os átomos dos metais (e
1s2 2s2 2p6 3s1, representada na Figura 24.
alguns semimetais) agrupam-se de forma ge-
ometricamente ordenada e originam células ou
retículos cristalinos. Os retículos unitários mais
comuns dentre os metais são apresentados na
Figura 22.

Figura 22 – Retículos Cristalinos.

Um conjunto muito grande de retículos


cristalinos, formados de estruturas geomé-
tricas organizadas – cristais, formam a es-
trutura dos materiais metálicos. Ao micros-
cópio, é possível observar-se algo semelhan-
te à Figura 23, onde uma grande quantidade
de cristais aparece disposta de forma desor-
denada e delineada pelos chamados contor- Figura 24 – Distribuição Eletrônica do Sódio.
no de grãos.
Segundo os Postulados de Bohr, os elé-
trons movem-se livremente apenas em níveis
permitidos de energia; contudo, entre cada
nível de energia há uma região proibida, que
pode ser ultrapassada quando o elétron ganha
energia (um quantum de energia).
No retículo cristalino, os átomos dos me-
tais encontram-se muito próximos e, em fun-
ção dessa proximidade, os níveis eletrônicos
mais externos também se aproximam e for-
Figura 23 – Microscopia Eletrônica do Aço Carbono Zincado.
mam uma banda de energia.
Considerando que nos metais, os elé-
Observação Prática trons de valência têm baixa energia (ou bai-
Ao limpar bem uma folha de zinco, que, xo potencial de ionização), fica fácil para
na realidade, é uma chapa de aço recoberta por estes ultrapassarem a banda de valência e 23
uma fina camada de zinco, poderão ser vistos, atingirem a banda de condução. (Figura 25),
mesmo a olho nú, os cristais de zinco que for- o que explica a alta condutividade dos
mam a superfície da chapa. metais.
Química Aplicada

Figura 25 – Bandas de Valência do Sódio.

Figura 27 – Bandas de Valência e Condução de um


Os não metais, pelo contrário, são, nor- Semicondutor (silício Si).
malmente, maus condutores (isolantes) de
eletricidade. O enxofre, por exemplo, que Da ligação entre dois ou mais metais, ob-
tem Z = 16 e configuração eletrônica de 1s2 tém-se as chamadas ligas metálicas, podendo
2s2 2p6 3s 2 3p 4, tem orbital 3s 2 lotado e o também conter semimetais ou não metais
3p4 quase lotado. O próximo orbital livre
só será o 4s 2, muito distante para permitir 1.6 Funções Inorgânicas
que o elétron ultrapasse facilmente sendo Os compostos estudados pela Química
assim, conseqüentemente, o enxofre não Inorgânica são divididos em funções como
conduz eletricidade. A Figura 26 ilustra este os ácidos, as bases, os sais, os óxido, os
fato. hidretos e os carbetos. Aqui serão estuda-
das apenas as funções ácidos, bases, sais e
óxidos.
Antes, porém, de dar início ao estudo das
funções inorgânicas, são necessários alguns
comentários sobre a chamada teoria da
dissociação iônica de Arrhenius. Arrhenius
verificou, em seus estudos, que algumas solu-
ções aquosas conduzem corrente elétrica e
outras não. Ele mostrou que, quando íons eram
dissolvidos em água, formando um eletrólito,
a solução conduzia corrente elétrica. Ao con-
Figura 26 – Bandas de Valência e Condução de Isolantes trário, se compostos não iônicos fossem dis-
(enxofre - S).
solvidos em água, não se observava a condu-
Os semimetais, especialmente o silício e ção de corrente.
o germânio, têm uma distribuição eletrônica Em sua experiência, para comprovar este
intermediária entre os metais e não metais e, fato, Arrhenius utilizou sal de cozinha e açú-
car, observando o fenômeno apresentado na
portanto, apresentam suas bandas de valência
Figura 28.
e condução muito próximas, conforme mostra
a Figura 27.
Em temperaturas baixas (< 0ºC), esses ele- Gerador
Gerador
mentos são isolantes e, à temperatura ambi- – +
– +

ente, esses elementos são pobres condutores


de energia, sendo, por isso, chamados semi-
condutores (semicondutores intrínsecos). O
24 Solução de água e açúcar Solução de água e sal comum
aumento da temperatura faz aumentar a A lâmpada se mantém apagada, A lâmpada se acende, provando que a
provando que a solução de água e solução de água e sal permite a
condutibilidade dos semicondutores, ao con- açúcar não permite a passagem da passagem da corrente elétrica
corrente elétrica (solução não- (solução eletrolítica).
trário dos metais. eletrolítica)

Figura 28 – Eletrólitos e Não Eletrólitos.


Química Aplicada
Eletrólitos são substâncias iônicas, que Tabela 7. Ânions Monovalentes
conduzem corrente elétrica em solução e tam- ÂNIONS MONOVALENTES: 1–
bém em estado fundido. Dos halogênios HSO1–3 bissulfito SNC1– tiocianato
O sal de cozinha e outras substâncias de F1– fluoreto HSO41– bissulfato HCO1–3 bicarbonato
Cl1– cloreto CHO1–2 formiato
caráter iônico, quando dissolvidos em água, 1–
ClO hipoclorito Do nitrogênio C2H3O1–2 acetato
se subdividem em partículas carregadas ele- ClO1–2 clorito N31– azoteto
ClO1–3 clorato NO1–2 nitrito Dos metais de transição
tricamente, denominadas íons. No caso do sal ClO41– perclorato NO1–3 nitrato CrO1–2 cromito
de cozinha (NaCl), tem-se o íon positivo Na+, Br1– brometo NH1–2 amideto MnO1–4 permanganato
BrO1– hipobromito FeO1–2 ferrito
denominado de cátion e, o íon negativo Cl-, BrO21– bromito Do fósforo AuCl1–4 cloroaurato
denominado de ânion. Os cátions caminham BrO1–3 bromato PO1–3 metafosfato
BrO41– perbromato H2PO21– hipofosfito Outros
para o pólo negativo e, ao contrário, os ânions I1– iodeto H2PO1–4 dihidrogenofosfato AlO1–2 aluminato
caminham para o pólo positivo. Desse modo, IO1– hipoiodito
1–
AsO21– metarsenito
IO 2 iodito Do carbono SbO1–2 metantimonito
a corrente elétrica também flui pela solução e IO1–3 iodato CN1– cianeto BiO31– bismutato
acende a lâmpada que está representada na IO41– periodato NC1– isocianeto H1– hidreto
OCN1– cianato OH1– hidróxido
Figura 28. Do enxofre NCO1– isocianato BO1–2 metaborato
Voltando à questão das funções inorgâni- HS1– bissulfeto ONC1– fulminato BF41– fluorborato
cas; as substâncias, para pertencerem à mes-
ma função, devem possuir o mesmo grupo fun- Tabela 8. Ânions Bivalentes
ÂNIONS BIVALENTES: 2–
cional. Grupo funcional significa um átomo,
Do oxigênio Do nitrogênio FeO42– ferrato
um íon ou ainda um agrupamento de átomos O2– óxido N2O22– hiponitrito PtCl2–6 hexacloroplatinato
ou íons, responsáveis pela semelhança no com- O2–2 peróxido ZnO22– zincato
O42– superóxido Do fósforo
portamento químico das substâncias. HPO32– fosfito Outros
Como a maioria dos compostos inorgâni- Do enxofre HPO42– monohidroge- BeO22– berilato
S2– sulfeto nofosfato B4O72– tetraborato
cos são iônicos ou podem formar íons, é im- SiO32– metassilicato
SO32– sulfito
portantíssimo que as tabelas de cátions, Tabe- SO42– sulfato
Do carbono SiF62– fluorsilicato
C22– carbeto SnO22– estanito
la 5 e 6, e de ânions, Tabelas 7, 8 e 9, sejam S2O32– tiossulfato CO32– carbonato SnO32– estanato
material de consulta freqüente. S2O42– hipossulfito C2O42– oxalato PbO22– plumbito
S2O52– pirossulfito PbO32– plumbato
S2O62– hipossulfato Dos metais de transição Se2– seleneto
Tabela 5. Tabela de Cátions Univalentes S2O72– pirossulfato CrO42– (orto)cromato
Cr2O72– dicromato
SeO32–
SeO42–
selenito
selenato
S2O82– peroxodissulfato
POSSUEM UMA ÚNICA VALÊNCIA MoO42– molibidato Te2– telureto
S4O62– tetrationato WO2–4 tungstato TeO2–3 telurito
monovalentes bivalentes trivalentes tetravalentes SnO62– politionato
(1+) (2+) (3+) (4+) MnO32– manganito TeO42– telurato
(n = 2, 3, 4, 5, 6) MnO42– manganato
H3O1+ hidrônio Be2+ berílio Al3+ alumínio
NH41+ amônio 2+
Mg magnésio Bi3+ bismuto
Li1+ lítio Ca2+ cálcio
Tabela 9. Ânions Trivalentes
Na1+ sódio Sr2+ estrôncio
ÂNIONS TRIVALENTES: 3–
Do nitrogênio Dos metais de transição Outros
K1+ potássio Ba2+ bário
N3– nitreto [Fe(CN)6]3– ferricianeto BO33– (orto)borato
Rb1+ ubídio Ra2+ rádio AsO33– arsenito
Cs1+ césio Zn2+ zinco Do fósforo AsO43– (orto)arsenato
P3– fosfeto SbO33– antimonito
Ag1+ prata Cd2+ cádmio
PO43– (orto)fosfato SbO43– (orto)antimonato

Tabela 6. Tabela de Cátions Polivantes Tabela 10. Ânions Tetravalentes


POSSUEM MAIS DE UMA VALÊNCIA ÂNIONS TETRAVALENTES: 4–
Cu1+ cuproso Cu2+ cúprico Do fósforo Do carbono Outros
Hg2+ mercuroso Hg2+ mercúrico P2O4–6 hipofosfato C4– carbeto (metaneto) SiO4–4 (orto)silicato
P2O4–7 pirofosfato As2O4–7 piroarsenato
Au1+ áuros Au3+ áurico 4–
Dos metais de transição Sb2O7 piroantimonato
Cr2+ cromoso Cr3+ crômico [Fe(CN)6]4– ferrocianeto
2+
Fe ferroso Fe3+ férrico
2+
Co cobaltoso Co3+ cobáltico
Ni2+ niqueloso Ni3+ niquélico
1.6.1 Conceito de Ácidos
Sn2+ estanoso Sn4+ estânico Segundo Arrhenius, ácidos são substâncias
Pb2+ plumbloso Pb4+ plúmbico que, em soluções aquosas iônicas, produzem,
Mn2+ manganoso Mn3+ manganês III Mn4+ manganoso como único cátion, o hidrônio – H3O+ (ver Ta- 25
Pt2+ platinoso Pt4+ platínico bela 5), formado pela reação de determinados
4+
Ti titanoso Ti4+ titânico
compostos covalentes com a água.
Arsênico (As) pode formar: As3+ arsenioso e As5+ arsênico Considere, por exemplo, a reação entre o
Antimônio (Sb) pode formar: Sb3+ antimonioso e Sb5+ antimônico cloreto de hidrogênio, HCl, e a água, H2O.
Química Aplicada

x x
Classificação dos ácidos
HCl + H2O → H Cl ⇒ H Cl Os ácidos podem ser classificados de acor-
do com alguns critérios de número de elemen-
Como o cloro é mais eletronegativo que o tos químicos que os compõem, número de hi-
hidrogênio, a molécula de HCl é polar e o par drogênio ionizáveis (que se tornam ânions ou
de elétrons compartilhado fica, naturalmente, cátions), quanto a presença de oxigênio, etc.
deslocado para perto do cloro. O hidrogênio Alguns exemplos mais importantes dessas
do HCl, por sua vez, fica com deficiência de classificações serão discutidos a seguir.
elétrons. Quando esse composto entra em con-
tato com a água, o hidrogênio acaba sendo a) número de elementos químicos
“atraído” pelo oxigênio da água e deixa seu O ácido é classificado segundo o número
único elétron com o cloro. de elementos químicos que forma o ácido, por
O átomo de hidrogênio é formado por um exemplo:
elétron e um próton. Se o único elétron que • ácido binário: HCl (ácido clorídrico);
possui for perdido, resta o próton, e o hidro- H2S (ácido sulfídrico ou gás sulfídrico);
gênio passa a ser representado por H+. HBr (ácido bromídrico).
Como o próton precisa de um par de elé- • ácido ternário: HCN (ácido cianídrico);
trons para adquirir estabilidade e o oxigênio H2SO4 (ácido sulfúrico); HNO3 (ácido
possui pares de elétrons disponíveis, acaba se nítrico); H3PO4 (ácido fosfórico).
estabelecendo uma ligação coordenada entre • ácido quaternário: HSCN (ácido
o próton e o oxigênio da água, formando o isocianídrico)
cátion hidrônio ou H3O1+.
O cloro ficando com um elétron a mais, b) presença de oxigênio
aquele do hidrogênio, forma o ânion cloreto, • hidrácidos: não possuem oxigênio na
Cl–. É importante observar que o ácido clorí- molécula, como por exemplo: gás
drico é de fato ácido, quando em solução aquo- sulfídrico – H2S(aq) e ácido cianídrico –
sa, pois produz íons, o cátion hidrônio, H3O1+ HCN(aq). Em um hidrácido, todos os
e o ânion cloreto, Cl–. hidrogênios são ionizáveis.
A reação química pode ser representada • oxiácido: possui o oxigênio na molé-
da seguinte forma: cula, como por exemplo o ácido
fosfórico – H3PO4(aq), o ácido fosforoso
HCl + H2O H3O+(aq) + Cl– (aq), – H3PO3(aq).
onde aq = aquoso A nomenclatura dos oxiácidos é função
do número de oxidação (NOX) do elemento
Nomenclatura dos ácidos central. Exemplo:
A nomenclatura dos ácidos segue o seguin- HN5+O3 = ácido nítrico – ico para o maior
te esquema: número de oxidação
A palavra ácido seguida do nome do ânion HN3+O2 = ácido nitroso – oso para o me-
(Tabelas 7, 8 e 9) com a terminação do ânion nor número de oxidação
trocada, conforme indicado abaixo.
c) grau de hidratação
Os exemplos da Tabela 11, podem ilus- • ácido orto: possui grau de hidratação
trar a questão da nomenclatura. normal. São aqueles ácidos oxigenados
cujos nomes terminam em ico. O prefi-
Tabela 11. Nomenclatura de Ácidos xo orto é optativo, pode ou não ser in-
Ácido Ânion (aq) Nox do elemento
cluído ao nome. Exemplo: H3PO4(aq) –
Fórmula (Fórmula/nome) Nome do Ácido principal e sua ácido fosfórico ou ácido ortofosfórico.
Molecular influência no nome
• ácido meta: é o ácido oxigenado que
HCl (aq) Cl–: cloreto Ácido Clorídrico HCl1-(aq): ídrico
26 possui o menor grau de hidratação pos-
1–
HClO (aq) ClO : hipoclorito Ácido hipocloroso HCl1+O(aq): hipo...oso sível. O prefixo meta é obrigatório. São
HClO2(aq) ClO21 –: clorito Ácido cloroso HCl3+O2(aq): oso obtidos pela desidratação (retirada de
1–
HClO3(aq) ClO : clorato
3 Ácido clórico HCl5+O3(aq): ico uma molécula de água) do ácido orto
HClO4(aq) ClO41 –: perclorato Ácido perclórico HCl7+O4(aq): per...ico correspondente.
Química Aplicada
Exemplo: Exemplos:
HI – ácido iodídrico - α (18ºC) = 95%
HBr – ácido bromídrico - α (18ºC) = 93,5%
HCl – ácido clorídrico - α (18ºC) = 92,5%
HNO3 - ácido nítrico - α (18ºC) = 92%
H2SO4 – ácido sulfúrico - α (18ºC) = 61%

Os ácidos são chamados semifortes ou


– ácido piro: é aquele cujo grau de hidra- médios se o seu grau de ionização estiver com-
tação é intermediário entre o orto e o preendido entre 5% e 50%.
meta. O prefixo piro é obrigatório. Es-
ses ácidos são obtidos pela condensa- Exemplos:
ção de duas moléculas do ácido orto H2SO3 – ácido sulfuroso - α (18ºC) = 30%
com a perda simultânea de uma molé- H3PO4 – ácido fosfórico - α (18ºC) = 27%
cula de água. Exemplo: ácido pirofos-
fórico – H4P2O7 (aq) HF – ácido fluorídrico - α (18ºC) = 8,5%

Os ácidos são chamados fracos se o seu


grau de ionização for inferior a 5%. Exemplos:
H2S – gás sulfídrico - α (18ºC) = 0,076%
H3BO3 – ácido bromico - α (18ºC) = 0,075%
HCN – ácido cianídrico - α (18ºC) = 0,008%
d) temperatura de ebulição: pontos de
Principais Ácidos presentes em Refina-
ebulição medidos à pressão normal (1 rias de Petróleo
atm) Ácidos fortes:
– ácido volátil: baixa temperatura de ebu- H2SO4 – ácido sulfúrico (oxiácido, terná-
lição (P.E.). Exemplos: HCl(aq) com P.E. rio e fixo).
85ºC; H2S(aq) com P.E. 59,6ºC; HCN(aq) nas reações de esterificação, hidratação e
com P.E. 26ºC. alcoilação catalítica;
– ácido fixo: alta temperatura de ebuli- no tratamento de efluentes industriais; tem
ção (P.E.). Exemplos: H2SO4(aq) com massa molar = 98 (H = 1; S = 32; O = 16; total =
P.E. 340ºC; H3PO4(aq) com P.E. 213ºC. 98); na concentração de 93,2%, como é encontra-
do comercialmente, não é muito corrosivo. Sua
e) grau de ionização: um dos critérios principal utilização é na correção de pH de
efluentes alcalinos. Na coagulação de efluentes
mais importantes de classificação dos fortemente alcalinos, o sulfato de alumínio (sal),
ácidos é segundo seu grau de ionização. geralmente, é usado para diminuir a concentração
Grau de Ionização (α): é a relação entre do coagulante. Em efluentes contendo bicarbona-
o número de moléculas ionizadas e o número tos (sal), reage formando o sulfato de cálcio (sal).
de moléculas dissolvidas. HCl – ácido clorídrico (hidrácido, binário
e volátil); massa molar = 36,5 (H = 1; Cl =
nº de moléculas ionizadas 35,5; total = 36,5); é usado em substituição ao
α= ácido sulfúrico, com a desvantagem de apre-
nº de moléculas dissolvidas sentar-se mais caro.

O grau de ionização também pode ser ex- Ácidos semifortes:


presso em % (0 < α < 100%) e mede, portan- HF – ácido fluorídrico (hidrácido, binário
to, a maior ou menor tendência à ionização. e volátil); massa molar = 20 (H=1; F = 19; total
O grau de ionização depende da tempera- = 20); é utilizado principalmente em reações
de alcoilação catalítica como catalisador. 27
tura.
H3PO4 – ácido fosfórico (oxiácido, terná-
Os ácidos são chamados fortes se o seu rio e fixo); massa molar = 97,9 (H = 1; O = 16;
grau de ionização for maior do que 50%. P = 30,9; total = 97,9); é utilizado na reação de
polimerização do diisobuteno à tetrapropeno
Química Aplicada
1.6.2 Conceito de Bases b) solubilidade em água
Bases são compostos de caráter predomi- Muito solúveis: são os hidróxidos de-
nantemente iônico ou molecular, capazes de rivados dos metais alcalinos (família 1
se dissociarem, em água, liberando íons, dos A da Tabela Periódica – Li, Na, K, Cs,
quais o único ânion é o hidróxido (OH1-). Rb e o hidróxido de amônio – NH4OH).
Exemplo:
Parcialmente solúveis: são as bases deri-
NaOH + H2O Na 1+
(aq)
1–
+ OH (aq) vadas dos metais alcalinos terrosos (família 2A
Hidróxido de sódio íon da Tabela Periódica: Mg, Ca, Sr, Ba).
hidróxido
Praticamente insolúveis: todos os outros
Nomenclatura das Bases hidróxidos.
Para dar nomes às bases, deve-se obser- c) grau de ionização
var os seguintes procedimentos: O grau de ionização de uma base mede a
a) quando o cátion possui uma única sua força. O conceito é análogo ao grau de
valência
dissociação dos ácidos.
hidróxido + de + nome do cátion
Bases fortes: bases iônicas e o grau de
Exemplos: dissociação chega a praticamente 100%. Nes-
AgOH – hidróxido de prata se grupo, estão incluídas as bases dos metais
alcalinos e dos alcalinos terrosos.
Bases fracas: são as bases predominante-
NaOH – hidróxido de sódio mente moleculares, cujo grau de dissociação,
em geral, é inferior a 5%. Nesse, incluem-se o
b) quando o cátion possui mais de uma
valência hidróxido de alumínio, hidróxido de amônio e
hidróxido + nome do cátion hidróxidos dos demais metais.

Exemplos: Principais Bases presentes em Refina-


Fe(OH)2 – hidróxido ferroso ou hidróxido rias de Petróleo
de ferro II Bases fortes:
Fe(OH)3 – hidróxido férrico ou hidróxido NaOH – hidróxido de sódio
de ferro III No tratamento MEROX para GLP,
NAFTA, querosene e diesel e, também na pré-
Observação: lavagem cáustica para a remoção do gás
– a menor valência de um cátion é
sulfídrico (H2S), conforme as reações a seguir:
indicada pelo sufixo oso;
– a maior valência de um cátion é
indicada pelo sufixo ico. 2 NaOH + H2S Na2S + 2 H2O
RSH + NaOH RSNa + H2O
Classificação das Bases
As bases são classificadas segundo três NaOH + R — COOH R — COONa + H2O
critérios principais:
a) número de hidróxidos No tratamento BENDER – oxidação
monobase: possui apenas um grupo catalítica de mercaptanas a dissulfetos, em meio
OH1- na fórmula: alcalino, na presença de catalisador de sulfeto
NaOH – hidróxido de sódio de chumbo (PbS), conforme reações seguintes:
Dibase: possui dois grupos OH1- na fór-
PbS
mula: 2 RSH + 1/2O2 RSSR + H2O
Ca(OH)2 – hidróxido de cálcio PbS
Tribase: possui três grupos OH1- na fór- 2 RSH + S + NaOH RSSR + Na2S + H2O
mula:
28 Al(OH)3 – hidróxido de alumínio No processo de tratamento de água – acerto
Tetrabase: possui quatro grupos OH1- do pH de floculação. Para correção de pH de
na fórmula: efluentes ácidos são utilizadas, de forma geral,
Sn(OH)4 – hidróxido de estanho duas importantes bases, o hidróxido de sódio ou o
hidróxido de cálcio, ambas bases fortes. As reações
Química Aplicada
que ocorrem nesse processo são de neutraliza- bém não possui o ânion hidróxido, OH1–. O
ção e serão estudadas nos próximos capítulos. nome do sal é formulado segundo:
O que é importante saber sobres essas duas
bases: Nome do ânion + de + nome do cátion
1. NaOH – hidróxido de sódio – nome co-
mercial: soda cáustica; massa molar = 40 A preposição de pode ser dispensada nos
(Na = 23; O =16; H = 1; total =40); é casos em que o cátion possui mais de uma
fornecida em solução concentrada, po- valência.
dendo ser diluída para aplicação; tem Exemplos:
reação rápida e uniforme, formando Ca3(PO4)2 = fosfato de cálcio
produtos solúveis. A desvantagem em Fe(NO2)2 = nitrito de ferro II ou nitrito ferroso
sua aplicação é o alto custo.
b) Sal Ácido
2. Ca(OH)2 – hidróxido de cálcio – nome É o sal que possui em sua fórmula o hi-
comercial: cal extinta ou cal hidratada; drogênio ionizável, produzindo o cátion H3O1+,
apresenta-se na forma de pó; massa mo- não possui porém o ânion OH1-. O nome desse
lar = 74 (Ca = 40; O = 16; H = 1; total tipo de sal pode ser formulado conforme um
= 74). Devido ao baixo custo, é o dos esquemas seguintes:
alcalinizante mais utilizado no trata-
mento de águas de abastecimento e de Nome do ânion + prefixo mono, di ou tri + ácido +
efluentes industriais. Suas principais de + nome do cátion
utilizações, no tratamento de efluentes ou
industriais, são a elevação do pH, pre- prefixo mono, di ou tri + hidrogênio + nome do ânion
cipitação de metais pesados e remoção + de + nome do cátion
de fósforo. As soluções são preparadas
em concentrações entre 2% a 10%. Po- Os prefixos, em ambos os casos, são para
dendo ser também utilizada a seco, atra- indicar o número de hidrogênios ionizáveis.
vés de dosadores volumétricos e
gravimétricos. Exemplos:
NH4HSO4 – sulfato monoácido de amônio
1.6.3 Conceito de Sais ou monoidrogenossulfato de amônio. Nesse
Sais são compostos de caráter predomi- caso em específico, há ainda a possibilidade
nantemente iônico ou predominantemente do nome usual, bissulfato de amônio.
molecular, capazes de se dissociar na água li- NaHCO3 – sulfato monoácido de sódio,
berando íons, mesmo que extremamente pou- monocarbonato de sódio ou, mais comumente
cos, dos quais pelo menos um cátion é dife- empregado, bicarbonato de sódio.
rente do hidrônio (H3O1+) e pelo menos um Ca(HSO4)2 – sulfato diácido de cálcio ou
ânion é diferente do hidróxido (OH–). dissulfito de cálcio;
Exemplos:
c) Sal Básico
CaSO4 – sulfato de cálcio É todo o sal que possui o ânion OH1– em
CaSO4 + H2O Ca2+ + SO42- sua fórmula e não possui o cátion H3O1+. O
NaCl – Cloreto de sódio nome do sal básico segue um dos procedimen-
NaCl + H2O Na1+ + Cl1– tos descritos:
Ca(HCO3)2 – bicarbonato de cálcio Nome do ânion + prefixo mono, di ou tri + básico +
Ca(HCO3)2 + 2H2O Ca2+ + 2H3O1+ + 2CO32– de + nome do cátion
ou
Prefixo mono, di ou tri + hidróxi + nome do ânion +
Nomenclatura dos Sais de + nome do cátion
Os sais são divididos em seis grupos, con-
forme apresentado a seguir. Exemplo: 29
a) Sal Neutro Mg(OH)Cl – cloreto monobásico de
É todo o sal que não possui, na sua fór- magnésio (cloreto básico de magnésio) ou
mula, o hidrogênio (não forma o H3O1+) e tam- monohidroxicloreto de magnésio ou ainda
hidroxicloreto de magnésio.
Química Aplicada
d) Sal Duplo ou Misto NaS – sulfeto de sódio:
É o sal que possui dois cátions ou dois Com massa molar = 55 (Na = 23; S = 32;
ânions diferentes, excluindo o ânion OH1– e o total = 55); na forma de pó branco e produto
cátion H3O1+. de reação na remoção de sulfetos através da
O nome do sal duplo quanto ao ânion se- Lavagem cáustica.
gue o procedimento abaixo. CaCO3 – carbonato de cálcio e MgCO3 –
carbonato de magnésio:
Nome do ânion + nome do ânion + nome do cátion Com massa molares = 100 (Ca = 40;
mais eletronegativo menos eletronegativo. C = 12; O = 16; total = 100) e = 84,3 (Mg =
24,3; C = 12; O = 16; total = 84,3); respec-
Exemplo: tivamente, e, na forma de pó branco, prati-
Mg(NO3)Cl – nitrato-cloreto de magnésio camente insolúveis em água, formam-se em
tubulações e/ou equipamento de troca tér-
O nome do sal duplo quanto ao cátion se- mica como resultado da evaporação da
gue o procedimento abaixo. água. Depositam-se nessas tubulações e/ou
equipamentos formando as chamadas
Nome do ânion + duplo + de + nome do cátion + nome do cátion incrustrações que impedem a troca térmica
mais eletropositivo menos eletropositivo
e, muitas vezes, podem levar a processos
Exemplo: de entupimento.
NaKSO4 – sulfato duplo de sódio e potás-
sio ou sulfato de sódio e potássio Al2(SO4)3 – sulfato de alumínio:
Com massa molar = 342 (Al = 27; S = 32;
e) Sal Hidratado O = 16; total = 342), um pó branco utilizado
É o sal que possui moléculas de água agre- como floculante/coagulante químico no trata-
gadas ao seu arranjo cristalino. As moléculas mento de efluentes e água industrial.
de água encontram-se em proporções determi- Outros sais como o sulfato férrico –
nadas em relação à fórmula do sal. A essa pro- Fe2(SO4)3, sulfato ferroso – FeSO4, cloreto
porção dá-se o nome de grau de hidratação, férrico – FeCl3 e cloreto ferroso – FeCl2, são
que é indicado na fórmula por um ponto. também utilizados como floculantes/coagulan-
A nomenclatura desses sais segue a regra tes em processos de tratamento de água e
geral: efluentes industriais.
Nome do sal + prefixo do grau de hidratação + hidratado 1.6.4 Conceito de Óxidos e Peróxidos
Exemplos: 1.6.4.1 Óxidos
São formados por apenas dois elementos
CaCl2 . 2 H2O – cloreto de cálcio diidratado; onde um deles é o oxigênio.
CuSO4 . 5 H2O – sulfato cúprico pentaidratado; A nomenclatura oficial para óxidos baseia-
Na2B4O7 . 10 H2O – tetraborato de sódio decaidratado. se no uso dos prefixos mono, di, tri, tetra, etc.,
para indicar tanto o número de átomos de oxi-
Principais Sais presentes em Refinarias de gênio como o número do outro elemento, pre-
Petróleo sente na fórmula do óxido.

Sais Neutros Exemplos:


AlCl3 – cloreto de alumínio: Cl2O7 = heptóxido de dicloro;
Com massa molar = 133,5 (Al = 27; Cl = Al2O3 = trióxido de dialumínio ou óxido
35,5; total = 133,5); na forma de pó branco e de alumínio
utilizado como catalisador no processo de Fe2O3 = trióxido de diferro ou óxido de
alquilação catalítica. ferro III ou óxido férrico
30 CaO = monóxido de cálcio
PbS – sulfeto de chumbo:
Os óxidos podem ser classificados
Com massa molar = 239 (Pb = 207; S = 32;
como iônicos, covalentes, anfóteros, neu-
total = 239); na forma de pó branco, utilizado
tros e mistos.
no Tratamento Bender.
Química Aplicada
Os óxidos iônicos ou básicos são, em ge- monóxido de silício (sílica), ambos utili-
ral, formados por metais alcalinos, alcalinos zados como catalisadores em reações dos
terrosos e metais de alta eletropositividade. processos de refino, principalmente as de
craqueamento.
Exemplos: A sílica ativada pode também ser utiliza-
Na2O – monóxido de sódio; da como auxiliar em processo de floculação/
MgO – monóxido de magnésio coagulação em tratamentos de água e efluentes
K2O – monóxido de potássio; industriais.
CaO – monóxido de cálcio (cal virgem)
CrO – monóxido de cromo; 1.6.4.2 Peróxidos
Os peróxidos são compostos binários que
Dentre os óxidos iônicos de importância apresentam dois oxigênios em sua estrutura
para uma Refinaria de Petróleo, o mais conhe- cada um deles com número de oxidação
cido é, sem dúvida, o CaO – monóxido de cál- (NOX) igual a 1–.
cio – utilizado como floculante/coagulante em Os peróxidos reagem com água ou ácido
processos de tratamento de água e efluentes produzindo água oxigenada ou peróxido de
industriais. hidrogênio – H2O2.
Os óxidos covalentes ou ácidos são aque- A nomenclatura é feita com a palavra
les formados por elementos que possuem alta peróxido seguida do nome do elemento que o
eletronegatividade como os ametais, ou ain- compõe.
da, por metais de baixa eletropositividade.
Por exemplo:
Exemplos: Na2O2 – peróxido de sódio;
CO2 – dióxido de carbono; H2O2 – peróxido de hidrogênio;
SO3 – trióxido de enxofre; K2O2 – peróxido de potássio.
CO – monóxido de carbono;
SO2 – dióxido de enxofre; Dentre os peróxidos, o que representa
ClO2 – dióxido de cloro. maior importância para uma refinaria é o
peróxido de hidrogênio.
Dentre os óxidos covalentes de importân- Pode ser utilizado como oxidante em pro-
cia para uma Refinaria de Petróleo, podem ser cessos de tratamento de água e efluentes in-
mencionados os seguintes: dustriais.
ClO2 – dióxido de cloro – utilizado como
oxidante de matéria orgânica em processos de
tratamento de água e efluentes industriais; 1.7 Reações Químicas
SO2 – dióxido de enxofre – utilizado como Todo o fenômeno químico é uma reação
substância redutora de compostos presentes em química.
águas e efluentes industriais. A reação química é representada pela
Os óxidos anfóteros são óxidos de caráter equação química. Assim, por exemplo, o fe-
intermediário entre o iônico e o covalente. São nômeno da combustão pode ser representado
formados por elementos de eletronegativida- por uma equação química como segue:
de média, que podem ser metais ou semime-
tais. O que irá determinar o comportamento 2 H2(g) + 1 O2(g) 2 H2O(l)
como iônico (básico) ou covalente (ácido) será
a substância com a qual forem reagir. coeficientes de reação

Exemplos: Uma reação química pode então ser repre-


Al2O3 – trióxido de dialumínio (alumina); sentada por:
ZnO – monóxido de zinco; 1. no primeiro membro (à esquerda), in-
PbO – monóxido de chumbo; dicamos a fórmula das substâncias que
SiO2 – monóxido de silício (sílica) vão interagir e sofrer a transformação. 31
Cada espécie de substância é separada
Dentre os óxidos anfóteros de importân- da outra pelo sinal de soma (+). A esse
cia para uma Refinaria de Petróleo podem ser conjunto dá-se o nome de reagentes;
citados o trióxido de dialumínio (alumina) e o 2. no segundo membro (à direita) são in-
Química Aplicada
dicados os produtos, substâncias que re- 2 H2 (g) + 1 O2(g) 2 H2O (l)
sultaram da reação (transformação quí- 2 : 1 : 2 coeficientes da reação
mica) entre os reagentes. Separam-se
os produtos, se houver mais de um, pelo Esses números são os coeficientes da rea-
sinal de soma (+) à semelhança dos ção e indicam o número de fórmulas (propor-
reagentes; ção) de cada substância participante.
3. os produtos e reagentes são separados
por uma seta que aponta na direção da
formação dos produtos. Por convenção, 1.7.1 Classificação das Reações Químicas
da esquerda para a direita; As reações químicas podem ser classifi-
4. sobre a seta podem ser colocados al- cadas segundo diversos critérios:
guns símbolos indicando em que con- a) reações com liberação ou absorção de
dições a reação química ocorreu, por calor;
exemplo: b) reações de adição ou síntese;
c) reações de decomposição ou análise;
Condições de Reação d) reações de deslocamento ou simples
λ – luz (energia luminosa) troca;
e) reações de dupla troca ou permutação;
– energia elétrica f) reações de hidrólise;
∆ – calor g) reações de oxi-redução.
cat – catalisador = substância que aumen-
ta ou diminui a velocidade de uma reação a) Reações Químicas com Liberação ou
química Absorção de Calor
aq. – meio aquoso Reações exotérmicas – reações que libe-
ram calor, por exemplo, a combustão (quei-
2 H2(g) + 1 O2(g) 2 H2O(l) ma) do carvão.
reagentes produtos C + O2 CO2 + calor

coeficientes de reação Reações endotérmicas – reações que absor-


vem (consomem) calor, por exemplo, a reação
Por exemplo, se uma reação química ne- de síntese do monóxido de nitrogênio.
cessita de calor para ocorrer, ela pode ser re-
presentada como segue: N2 + O2 + calor 2NO

REAGENTES ∆ PRODUTOS b) Reações Químicas de Adição ou Sín-


tese
Importante mencionar que, em uma rea- São reações em que duas ou mais substânci-
ção química, os átomos não se transformam as reagem produzindo uma única substância mais
em outros átomos. Também, não ocorre a per- complexa. A combustão (queima) do carvão e
da de átomos. A transformação ocorre apenas do enxofre são exemplos típicos de síntese.
em nível de substância. Os átomos das subs- C + O2 CO2 + calor
tâncias apenas se agrupam de forma diferente S + O2 SO2 + calor
para formarem novas substâncias. Os átomos
de cada elemento que aparecem no reagente Outro exemplo de reação de síntese é a
são os mesmos que aparecem nos produtos, formação de cal hidratada.
somente a combinação foi modificada. CaO + H2O Ca(OH)2
Coeficiente de uma reação química c) Reações Químicas de Análise ou De-
Os coeficientes são os menores números composição
inteiros que tornam verdadeira a igualdade de São aquelas em que uma substância divi-
32 átomos nos dois membros da equação quími- de-se em duas ou mais substâncias de estrutu-
ca, isto é, que tornam a reação corretamente ras mais simples. Por exemplo:
balanceada.
A equação de formação da água, por exem- ∆
2KClO3 2KCll + 3O2
plo, torna-se balanceada pelos seguintes números: MnO2
Química Aplicada
Certas reações de análise ou decomposi- As reações de precipitação têm duas apli-
ção recebem nomes especiais, por exemplo: cações principais. Uma é de produzir compos-
Pirólise: decomposição pelo calor, na in- tos. A estratégia é escolher soluções de parti-
dústria é também chamada de calcinação; da (reagentes) que possam dar, como produto,
Fotólise: decomposição pela luz; o composto desejado, na forma de precipita-
Eletrólise: decomposição por meio de cor- do, isto é, insolúvel. Este precipitado pode,
rente elétrica. então, ser recuperado através de técnicas físi-
cas de separação, por exemplo, a filtração.
d) Reações Químicas de Deslocamento Uma segunda aplicação é a análise quí-
ou Simples Troca mica, isto é, a determinação de substâncias
São reações também chamadas de substi- presentes em uma amostra – análise gravimé-
tuição e ocorrem quando uma substância sim- trica.
ples reage com uma substância composta e
“desloca”, desta última, uma nova substância Reação de Neutralização:
simples. Por exemplo: Nesse tipo de reação está incluída a rea-
ção de neutralização, isto é, a reação entre uma
Fe + CuSO4 FeSO4 + Cu↓ base e um ácido.

Esta reação pode ser facilmente compro- HCl + NaOH NaCl + H2O
vada: mergulhe um prego (ferro) em uma so-
lução de CuSO4 (pode ser comprada em loja O exemplo simples demostra a troca en-
de ferragens) e, após alguns minutos, retire o tre os reagentes, formando como produto sal e
prego da solução. Ele irá apresentar depósitos água. Em qualquer reação de neutralização, o
avermelhados – são depósitos de cobre. cátion do sal vem da base e o ânion vem do
Outra reação de deslocamento que pode ácido.
ser facilmente comprovada é a reação do ferro
com ácido clorídrico. f)Reações de Hidrólise
Mergulhe um prego em solução de áci- As reações de hidrólise ocorrem como um
do clorídrico (HCl) diluído em água; após processo inverso ao da neutralização. O rea-
alguns segundos, poderá ser observado o gente, ao reagir com água, produz uma base e
desprendimento de bolhas de hidrogênio, um ácido, isto é, as substâncias que lhe deram
segundo a reação: origem. Por exemplo:

Fe + 2HCl FeCl2 + H2↑ NH4Cl + H2O NH4OH + HCl

e) Reações Químicas de Dupla Troca ou Aqui aparece o conceito de reação rever-


Dupla Substituição sível, isto é, o sentido da reação tanto pode ser
Essas reações ocorrem quando dois com- da direita para a esquerda como da esquerda
postos reagem, permutando entre si dois ele- para a direita.
mentos ou radicais e originam dois novos com- Reações irreversíveis, como as já discuti-
postos. Por exemplo: das, só ocorrem em um único sentido. Con-
vencionalmente, as equações são representa-
NaCl + AgNO3 AgCl + NaNO3 das como reagentes = produtos, isto é, da es-
querda para a direita.
Reação de Precipitação: Reações de hidrólise são importantes nos
A reação entre cloreto de sódio e nitrato processos de refino, principalmente, quando
de prata pode ser denominada de reação de o óleo passa pela dessalinização. Nas dessal-
precipitação. Soluções de cloreto de sódio e gadoras, freqüentemente, ocorrem processos
nitrato de prata produzem eletrólitos fortes de hidrólise para a limpeza do cru.
(bons condutores de corrente elétrica). Quan-
do há a reação entre dois eletrólitos fortes, g) Reações de Oxi-Redução 33
ocorre uma reação de dupla troca, produzin- As reações de oxi-redução pertencem a
do um precipitado. No caso da reação acima, uma classe especial de reações químicas, pois,
o cloreto de prata é um sólido insolúvel que são muito versáteis. Muitas reações comuns,
precipita no fundo do recipiente de reação. como a combustão, a corrosão, a fotossíntese,
Química Aplicada
o metabolismo do alimento e a extração de Embora a discussão do fenômeno da oxi-
metais dos minérios, parecem completamen- redução tenha sido efetuada separadamente, é
te diferentes, mas, para o olho do químico, elas muito importante compreender que estas reações,
são, na verdade, diferentes aspectos de um oxidação e redução, ocorrem simultaneamente.
único tipo de evento. Sempre que um elemento perde elétrons, outro,
São reações em que há variação do nú- na mesma reação, deverá receber esses elétrons.
mero de oxidação dos elementos envolvidos. O elemento que se oxida (perde elétrons)
Os exemplos abaixo podem definir com exa- é chamado de agente redutor, e, o elemento
tidão o conceito. que se reduz (ganha elétrons) é dito agente
Reação de oxidação: perda de elétrons – oxidante.
aumento do número de oxidação (NOX) de um São reações de oxi-redução algumas rea-
elemento quando reage com outro. ções de síntese e análise e todas as reações de
deslocamento. Nenhuma reação de dupla tro-
Fe0 Fe3+ ca faz reação de oxi-redução.

Reação de oxidação do ferro, também cha- 1.7.2 Fatores que influem nas Reações
mada corrosão. O ferro perdeu três de seus elé- Químicas
trons, desequilibrando a reação entre as car-
Vários são os fatores que influenciam, di-
gas positivas (prótons do núcleo) e negativas
reta ou indiretamente, nas reações químicas.
(elétrons da eletrosfera).
Estes fatores podem aumentar ou diminuir a
A reação completa de oxidação do ferro
velocidade das reações.
pode ser representada da seguinte forma:
Dentre os fatores que afetam a velocidade
das reações químicas, expressa em quantida-
de de produto formado em relação ao tempo
4Fe0 + 3O20 2Fe23 + O32–
de reação, os mais importantes são tempera-
óxido de ferro III
tura, concentração e natureza dos reagentes e
ferrugem
presença de catalisadores.
Catalisador: substância que, sem sofrer
Na corrosão do ferro, e suas ligas, como o
transformações químicas ou físicas, acelera o
aço por exemplo, ocorre uma oxidação do fer-
tempo necessário para que a reação atinja o
ro que perde 3 elétrons e uma redução do oxi-
equilíbrio.
gênio, que ganha dois elétrons.
Os catalisadores podem ser positivo ou ne-
Para que ocorra o balanço eletrônico, isto
gativos. Os positivos aceleram a velocidade das
é, o produto formado sendo eletricamente neu-
reações, enquanto os negativos retardam-na.
tro, são necessários 2 ferros para cada 3 oxi-
gênios.
1.8 Cálculos Estequiométricos
Reação de redução: ganho de elétrons – Os cálculos estequiométricos são aqueles
diminuição do número de oxidação (NOX) de que relacionam as quantidades de reagentes e
um elemento. produtos nas reações químicas.
São úteis para prever rendimento de pro-
O20 2O2– cessos industriais, calcular a pureza de deter-
minados insumos ou substâncias químicas.
O oxigênio ganhou dois elétrons, ficando Nos cálculos estequiométricos, são aplicadas
com oito na camada mais externa. O fato de as leis ponderais e volumétricas, principalmen-
ganhar 2 elétrons faz com que se torne um íon te a lei das proporções constantes (Lei de
negativo (ânion). Proust). Aplicam-se, também, outros conhe-
Utilizando-se o ferro como exemplo, cimentos da química geral como:
pode-se representar como redução a reação
de extração de um metal de seu óxido, – cálculo do n.º de mol: n = m/M; onde
34 comumente pela reação com hidrogênio, car- m = massa e M = mol;
bono ou monóxido de carbono. Um exemplo – cálculo de volumes gasosos: PV = nRT
desta reação é a redução do óxido de ferro (equação de Clapeyron) ou ainda PV/
pelo monóxido de carbono na produção do T = P´V´/T´ (equação dos gases per-
aço. feitos).
Química Aplicada
A resolução de cálculos estequiométricos 1 mol de H2S = 34 g que é = 22,4 L nas CNTP
exige conhecer a equação química, ajustar os 2 x (34) Kg 2 x (22,4) m3
coeficientes e aplicar o cálculo das proporções, 4,6 Kg X
como regra de três, lembrando que a propor- então X = 4,6 x (44,8)/68 = 3,03 m3 nas CNTP
ção entre os coeficientes é uma proporção en-
tre as moléculas. Se forem substâncias gaso- cálculo do volume
sas, aplica-se a lei volumétrica de Gay-Lussac, PV/T = P1V1/T1 = (760 x 3,03)/273 =
que relata a influência da temperatura sobre o (690 x V)/ (273 + 27)
volume de uma massa mantida sobre pressão
constante. O volume V, nas condições do problema,
Com estes cálculos proporcionais é pos- será de 3,67 m3
sível determinar-se as quantidades de produ-
tos obtidos a partir dos reagentes dados ou 2. Relação massa x volume
então as quantidades dos reagentes necessá- Qual o gás e o volume, obtidos na com-
rios para obter-se certas quantidades de pro- bustão parcial de 1 Kg de coque, feita em um
dutos. reator a 400ºC e 20 atm?
Os problemas vinculados aos cálculos
estequiométricos são, basicamente, os retrata- Resposta:
dos pela reação de síntese da água, apresenta- 2 C + O2 2 CO = monóxido de carbono
da na Tabela 11. 1 mol = 12 Kg = 22,4 m3 (CNTP)
24 Kg = 44,8 m3
Tabela 11. Modelos de Cálculos 1 Kg = X
3
Estequiométricos de onde X = 1,86 m nas CNTP
cálculo do volume
2H2(g) + 02(g) 2H2O(g)
PV/T = P1V1/T1 = (1 x 1,86)/273 = (20 x V)/
Proporção (273 + 400)
2 moléculas 1 molécula 1 molécula
molecular
2 x 6,02 x 1023 6,02 x 1023 2 x 6,02x1023 Logo o volume (V) de CO- nas condições
moléculas moléculas moléculas do problema, será de 0,23 m3.
Proporção
2 mols 1 mol 2 mols
molar 2. Relação massa x massa
Proporção Ao reagirem 10 Kg de sulfato de alumí-
2x2g 1 x 32 g 2 x 18 g
ponderal nio (floculante para tratamento de água e
Proporção efluentes industriais) com cal hidratada para
volumétrica 2 x 22,4 L 22,4 L 2 x 22,4 L correção de pH, pergunta-se:
(CNTP) a) Qual a massa de hidróxido de alumí-
nio obtida, se a reação for com 100%
Qualquer que seja a solicitação do proces- de rendimento?
so, basta montar uma regra de três. Desta for- b) Qual a massa de cal hidratada necessá-
ma, o MOL pode ser representado por: ria, para que não sobre reagente (100%
a) gramas, pela molécula grama; de rendimento)?
b) número de moléculas (1mol = 6,02 x 1023 c) Se o rendimento for de 80%, qual será,
moléculas); nesse caso, a massa de hidróxido de
c) em volume, se for gás, nas condições alumínio, obtida com os mesmos 10 Kg
normais de temperatura e pressão de sulfato de alumínio?
(CNTP) (1 mol ocupa 22,4 litros)
Resposta:
Exemplos: Al2(SO4)3 + 3 Ca(OH)2 2 Al(OH)3 + 3 CaSO4
1. Relação volume x volume 1 mol 342 Kg 74 Kg 78 Kg
Qual o volume de dióxido de enxofre ob- X3 X2
tido na combustão de 4,6 Kg de H2S, a 27ºC e 222 Kg 156 Kg 35
690 mmHg,
Resposta: a) 342 Kg de Al2(SO4)3 156 Kg de Al(OH)3
2 H2S + 3O2 2 SO2 + 2 H2O 10 Kg X Kg
X = 4,56 Kg de All(OH)3
Química Aplicada
b) 222 Kg de Ca(OH)2 156 Kg de Al(OH)3 1 litro ............................... 1 mg
Y Kg 4,56 Kg 20000000 L ..................... x
Y = 6,49 Kg de Ca(OH)2 x = 20000000 mg/dia = 20 kg/dia =
= 600 kg/mês
c) 4,56 Kg de Al(OH)3 100% É bem verdade que grande parte é arrasta-
Z 80%, da e sai com a corrente de derivados do petró-
Z = 3,65 Kg de All(OH)3 leo, mas uma parcela significativa corrói, in-
crusta, estraga e diminui a vida útil de equipa-
3. ppm – Parte por milhão mentos e a produtividade dos catalisadores.
Uma das formas de se expressar a con- Transformação de ppm em % (peso) ou
centração de um soluto numa solução, é: vice versa:
% = ppm . 10–4 ppm = % . 104
C= m
V Exemplos:
Se a massa for em mg e o volume em li- 1. A que % (peso) correspondem 40 ppm?
tro, tem-se: % = ppm . 10–4 = 0,0001 . 40 = 0,004% (peso)
C = mg/litro 2. A que % (peso) correspondem 200 ppm?
Quando a densidade desta solução for igual % = ppm . 10–4 = 0,0001 . 200 = 0,02% (peso)
a 1,000, poderemos expressar: (m = d . V) 3. A quantos ppm correspondem 0,05% (peso)?
ppm = 104 . % = 10000 . 0,05 = 500 ppm
C=
m do soluto m do soluto m do soluto 4. A quantos ppm correspondem 0,01 % (peso)?
m da solução = d.V (litro) = m solucão (kg) ppm = 104 . % = 10000 . 0,01 = 100 ppm

Sendo a massa em mg: 1.9 Estudo de soluções


mg soluto mg soluto 1 parte Quando uma substância é fracionada em
C= 6 = = = ppm pequenas partículas e misturada em outra,
10 mg solucão 1000000 mg solucão 1000000 partes
forma-se a chamada dispersão. De acordo
com o tamanho das partículas dispersas no
“Se e somente se”, densidade = 1.000; então:
meio dispersante (meio que recebeu as par-
mg/1 = ppm
tículas dispersas), pode-se classificar as dis-
A concentração ppm ou mg/1 é muito uti-
persões em três categorias: suspensões,
lizada em indústrias e em laboratórios. Embo-
colóides e soluções.
ra o valor mensurado pareça pouco, durante
os processos industriais torna-se significativo.
Suspensões: o tamanho médio das partículas
Exemplo:
dispersas é maior que 100 mm (1 mµ = 106 mm).
Uma refinaria processa 20000 m3/dia de
petróleo. Este petróleo contém 80 mg/1 de sal
Exemplos:
(70% NaCl; 20% CaCl2; 10% MgCl2) como
água e areia
sendo NaCl. O sal deve ser eliminado pelas
ar com poeira
dessalgadoras por ser indesejável. (Cl–; Na+;
Ca++; Mg++; provocam corrosão, incrustação,
Colóides: o tamanho médio das partícu-
resíduos ou depósitos em equipamentos e
las dispersas é menor que 100 mm, porém
catalisadores). A seguir são apresentadas as quan-
maior que 1 mm.
tidades de sal antes e após as dessalgadoras.
Antes:
Exemplos:
1 litro .......................................... 80 mg
gelatina em água quente
20000000 L ................................... x
proteínas em água
x = 1600000000 mg/dia = 1600 kg/dia =
= 1,6 ton./ dia 48 ton./mês
Soluções: o tamanho médio das partícu-
las dispersas é inferior a 1 mm. Neste caso, o
36 Após:
disperso recebe o nome de soluto e o
Mesmo com uma boa eficiência das des-
dispersante de solvente.
salgadoras, a quantidade injetada está por vol-
Soluto = substância dissolvida;
ta de 1 mg/L.
Solvente = substância que dissolve.
Química Aplicada
Exemplos: A densidade pode ser absoluta ou relativa.
água e sal de cozinha Densidade absoluta: é a relação entre a
água e álcool etílico massa e o volume de um corpo. Para o caso de
ligas metálicas (aço) líquidos, é expressa, geralmente, no sistema
métrico, em g/cm3.
1.9.1 Concentração de soluções Densidade relativa: é a relação entre a
Há várias maneiras de exprimir as quanti- massa de certo volume de material e a massa
dades de soluto dissolvido em um solvente. de igual volume de água, a uma determinada
Aqui serão estudadas as mais importantes, do temperatura. É expressa em números abstra-
ponto de vista, da necessidade, de uma refina- tos.
ria de petróleo.
dr = massa de um certo volume do ma-
a) Concentração Comum – (C) terial à t (ºC) / massa de igual volume de
Concentração comum ou concentração em água a 4º.C
gramas/litro, indica a massa (em gramas) de
soluto em 1,0 litro de solução. A temperatura de referência utilizada no
Brasil é de 20ºC para a substância e 4ºC para
Pode ser expressa pela fórmula: a água; a densidade é, portanto, relativa a
C = m/V (em g/L) 20ºC/4ºC
A densidade pode ainda ser expressa em
Exemplo: Qual a concentração comum de Grau API: medida arbitrária, adotada pelo
1 mol de ácido sulfúrico que se encontra diluí- “American Petroleum Institute” dos Estados
do em 2,0 litros de solução? Unidos, relacionada com a densidade relativa
pela seguinte fórmula:
Resposta: 1 mol de H2SO4 = 98 g, ºAPI = (141,5 / (densidade 60ºF / 60ºF))
portanto: 98 g / 2,0 L = 49,0 g/L. – 131,5
Os métodos para determinação da densi-
b) Molaridade – (M) dade podem ser:
Indica o número de mols do soluto conti- a) Densímetro: a densidade é obtida pela
dos em 1,0 litro de solução. leitura direta. É utilizado para líquidos.
Pode ser expressa pela fórmula: b) Aerômetro API (ou densímetro API):
M = n/V a densidade é obtida pela leitura direta.
Onde: n = número de mols do soluto e V = É utilizado para líquidos.
volume de solução. c) Picnômetro: obtém-se a densidade re-
Mas como: n = m / Mol; lativa por meio da pesagem do sólido e
pode também ser escrita como: o respectivo volume do líquido de re-
M = m/ (M x V) ferência (água). É utilizado para líqui-
dos, sólidos e semi-sólidos.
Exemplo: Qual a molaridade de 49,0 g
d) Balança Hidrostática: a medida é obti-
de ácido sulfúrico diluídos em 2,0 litros de
da com base no princípio do empuxo.
solução?
Resposta: 1 mol de H2SO4 = 98 g, Em geral é utilizado para sólidos.
a massa dada no problema = 49,0 g.
volume dado no problema = 2,0 litros A medida da densidade de uma substân-
aplicando a fórmula M = m/ (M x V), cia, seja ela líquida ou sólida, serve para reco-
tem-se que M = 0,25 MOLAR nhecimento dessa substância, pois a densida-
de é uma característica intrínseca das substân-
c) Densidade cias. Serve, portanto, para controle de quali-
Densidade ou massa específica de uma dade e controle de processo, como indicação
solução é definida como sendo a massa de um de uniformidade de produção.
determinado volume dessa solução. Para refinarias de petróleo, a medida de
A densidade pode ser expressa em g/L, g/cm3 densidade representa um método fácil, rápido 37
ou ainda g/mL. e de baixo custo para reconhecer a base do cru
Densidade é a relação entre a massa e o (parfínica, naftênica ou aromática).
volume da solução e pode ser expressa como: A Tabela 12 apresenta alguns exemplos
d = m/V de densidades características.
Química Aplicada
Tabela 12. Densidades Características 1.10 Equlíbrio Químico e Noções de pH
PRODUTO ºAPI Dens. 20ºC/4ºC 1.10.1 Equilíbrio Químico
Quando numa reação reversível as velo-
Petróleo de 20,0 a 86,2 de 1,056 a 0,645 cidades das reações envolvidas igualam-se:
Gasolina natural de 70,0 a 96,0 de 0,697 a 0,617
Gasolina de 70,0 a 54,0 de 0,697 a 0,758 A+B C + D, isto é: v1 = v2
Querosene de 40,0 a 46,0 de 0,821 a 0,793
Diesel de 30,2 a 40,0 de 0,871 a 0,821 As concentrações de A, B, C e D não mais
variam, apesar das reações prosseguirem. Diz-
d) Porcentagem em Massa se que foi atingido um equilíbrio químico.
Comumente expressa gramas do soluto
por 100 gramas de solução. A = concentração molar (molaridade) de A
Exemplo: uma solução de hidróxido de B = concentração molar de B
sódio (NaOH) a 20% em massa é o mesmo
que se referenciar a 20 g de NaOH em 100 C = concentração molar de C
gramas de água, se for uma solução aquosa.
Exemplo: A densidade de uma solução de D = concentração molar de D
H2SO4 (ácido sulfúrico) para bateria de auto-
móvel é de 1,25 g/cm3 e esta solução contém No equilíbrio químico,
33,3% em massa de H2SO4. Pede-se: A = const.; B = const.; C = const.; D = const.
a) Qual a massa de 1 litro dessa solução C D
para bateria? = constante = kc, onde kc = cons-
b) Qual a massa de H2SO4 em 1 litro des- A B tante de equilíbrio.
sa solução? Para a reação: 2A + B C+D
c) Qual a M da solução? C D
kc = 2 , pois 2A = A + A
Resposta: A B
a) 1 cm3 da solução = 1,25 g
1000 cm3 = X Isto é, o coeficiente na equação aparece
X = 1250 g em 1 litro de solução como expoente em kc.
b) 100 g de solução = 33,3 g de H2SO4
1250 g = Y 1.10.2 Equilíbrio Iônico
Y = 416 g de H2SO4 em 1 litro de solução Para as dissociações iônicas ou eletrolíti-
cas, pode-se calcular também uma constante
c) 1 mol de H2SO4 = 98g de equilíbrio, que é denominada constante de
n.º de mols = m / MOL ∴ 416 / 98 = 4,24 mols ionização (Ki). Por exemplo para:
M = n.º mols /V (L) ∴ 4,24 /1 L ∴ H2S 2 . H+ + S– –
M = 4,24 MOLAR ou M
H+ 2
S−−
e) Porcentagem em Massa por Volume Ki =
H 2S
Indica apenas gramas do soluto em 100 mL
(1cm3) da solução.
Valores altos de Ki indicam grau de
Exemplo: Em 100 mL de uma solução de dissociação alto, e baixos valores para Ki in-
NaOH a 10% (m / V) existem 10 g de NaOH. dicam grau de dissociação baixo.
Pede-se a Molaridade da solução.
1.10.3 Dissociação e Produto Iônico da Água
Resposta: A água está fracamente dissociada, isto é,
100 mL da solução = 10 g de NaOH é um eletrólito fraco, de acordo com a equação:
1000 mL = X
38 X = 100 g de NaOH
H2O H+ + OH– Para este equilíbrio,
Como o mol do NaOH é (23 + 16 + 1) = 40 g, como a dissociação é
o n.º de mols em 1 litro dará a molaridade, H + OH − muito pequena (varia
isto é, Ki = =
H 2O pouco):
M = 100 / 40 = 2,5 Molar
Química Aplicada

então: Ki . H 2 O = constante = Kw, em que 3. Soluções básicas (alcalinas)


1
Kw = produto iônico da água: Como: H+ <10−7 ,vem pH > log. −7 ∴pH > 7
10
Kw = H + OH − Resumindo:
a 25ºC, verifica-se que: Kw = 10–14. pH + pOH = 14
O produto iônico da água é aplicável à
água pura ou à solução aquosa. H+ pH
100 0
1.10.4 Noções de pH 10–1 1
Lembrando que o produto iônico da água 10–2 2
é válido para água pura ou soluções, temos:
Soluções ácidas H + > OH − 10–3 3
1. Água pura
10–4 4
H + OH − = 10–14 como: H+ = OH− , logo 10–5 5
2 10–6 6
→ H + = 10–14 ∴
H + H + = 10–14 
Soluções neutras H + = OH − 10–7 7
+
∴ H = 10–7 o mesmo se aplica a solu- 10–8 8
ções neutras. 10–9 9
2. Soluções ácidas – Quando se dissolve Soluções básicas H + < OH − 10–10 10
um ácido HA: (alcalinas) 10–11 11

HA ← → H+ + A–, isto é: H + aumenta.

10–12 12
10–13 13
Para que Kw permaneça constante, OH − 10–14 14
diminuiu.
pH de Ácidos e Bases
∴ H + > OH − ou H + > 10–7 Solução ácida – Cada equivalente-grama
de um ácido, ao ionizar-se, fornece um cátion-
3. Soluções básicas (ou alcalinas) – grama de hidrogênio.
Quando se dissolve uma base BOH pH de Tampão (ácido fraco e sal do mes-
tem-se: mo ácido):
BOH ← → B+ + OH–,


→ H + + A − HA ≅ ácido
HA ←

então: OH − aumenta e H + diminui, de
onde vem: 
→ B+ + A −
BA ←
 A − ≅ sal
H + < OH − ou H+ < 10–7 H+ sal
Ka =
Noção de pH ácido
É o logarítmo do inverso da concentração
do H+, em uma solução ou na água pura: log Ka = log H + + log sal − log ácido
1 − log H + = − log Ka + log sal − log ácido
pH = log . + ou pH = − log H +
H
mas − log H + = pH
1. Soluções neutras (ou água pura)
sal
1 pH = pKa + log
H+ = 10−7 , vem : pH = log. −7 ∴ pH = 7 ácido
10
Exemplos:
2. Soluções ácidas 1. Qual o pH de uma solução de HCl 0,1 M?
1 α = 100% 39
Como : H + > 10−7 , vem : pH < log . N = xM ∴ N = 1.0,1 ∴ N = 0,1
10 −7 H + =N . α = 0,1 . 1 = 0,1 = 10–1
∴ pH = < 7 pH = – log (10–1) = 1
pH = 1
Química Aplicada
2. Qual o pH de uma solução de NaOH Antes da diluição: pH = 2 ∴− log H + = 2
0,01M? α = 100%
N=xM ∴ N = 1.0,01 ∴ N = 0,01 Após a diluição, a nova concentração será:
OH − = N . α = 0,01 . 1 = 0,01 = 10–2 H+
e o novo pH será:
pOH = – (log 10–2) = 2 10
pOH = 2, mas pH + pOH = 14 ∴
H+
pH = 14 – pOH ∴ pH = 14 – 2 pH = – log = – log H + – (–log 10) =
pH = 12 10
3. Qual o pH de uma solução contendo =2+1=3
3,65 g de HCl em 10 L de solução. pH = 3
mol HCl = 36,5
8. Um dos tampões responsáveis pela manuten-
36, 5 ção do pH do sangue é o H2CO3, que tem con-
Eqg HCl = = 36, 5
1 centração igual a 1,25 . 10–3 molar, e o HCO3,
m 3, 65 que apresenta concentração 2,5 . 10–2 molar. O
nº Eqg = = = 0,1 pKa do H2CO3 é 6,1. Qual o pH do tampão?
Eqg 36,5
sal 2,5 . 10−2
nº Eqg 0,1 pH = pKa + log = 6,1 + log
N= = = 0, 01 normal ácido 1, 25 . 10 −3
V(1) 10
pH = 6,1 + log 20 = 6,1 + 1,3 = 7,4
H + = N . α = 0, 01 . 1 = 10 −2 pH = 7,4
pH = – log (10−2 ) = 2 9. Considerando o tampão formado por ácido
pH = 2 acético 0,1 molar e acetado de sódio, 0,1
molar, qual o seu pH? Sabe-se que pKa do
4. Calcular o pH de uma solução molar ácido acético é 4,74.
de NH4OH cujo α = 2% 0,1
N = xM = 1 . 1 = 1 α = 0,02 pH = 4,74 + log = 4,74 + 0 = 4,74
OH– = N . α = 1.0, 02 = 2.10–2 0,1
pOH = –log (2.10–2) = –[log 2 + log 10–2] pH = 4,74
pOH = – (0, 3 – 2) = 2 – 0,3 = 1,7 ∴ pH = 14 – 1,7
pH = 12,3 1.10.5 Titulação e Indicadores de Titulação
5. Qual a concentração hidrogeniônica Análise Química: Processos usados
nas substâncias ou elementos que constitu-
H + de uma solução cujo pH é 2? em uma mistura ou uma substância pura.
Análise Qualitativa: Visa a determi-
pH = 2 ∴ – log H + = 2 ∴ log H + = –2 nar quais as substâncias ou elementos.
Análise Quantitativa: Visa a determi-
H + = 10–2
nar quais as quantidades das substâncias ou
6. Qual a concentração hidroxiliônica elementos. Os processos usados em análi-
se quantitativa são
OH − de uma solução cujo pH é 3? denominados do-
pH + pOH = 14 ∴ pOH = 14 – pH sagens.
pOH = 14 – 3 = 11 ∴
A

Titulação
– log OH − = 11
É o nome dado
log OH − = –11 à operação feita na
prática, em labora-
OH − = 10–11 tório, para determi-
40 nação da concentra- C
7. A solução de um certo ácido apresenta ção ou molaridade
pH = 2. Diluimos esta solução, de modo da solução de título
que seu volume torne-se 10 vezes maior. desconhecido. B
Qual o novo pH?
Química Aplicada
Na figura, coloca-se na bureta (A), presa 1.11 Propriedades de alguns elementos
ao suporte (C), a solução titulada, e no copo
(B), a solução a dosar. Adiciona-se, então, a metálicos
solução titulada no copo, de forma que haja A discussão de alguns elementos metáli-
reação com a solução a dosar. cos, componentes da Química Descritiva, con-
Ponto de equivalência ou ponto final teó- centra-se naqueles elementos mais importantes
rico – é o ponto em que a reação se completa. quimicamente e industrialmente. Inclui a mai-
Este ponto é determinado pela observação de or parte dos elementos da primeira série de tran-
uma transformação visível, o que se consegue sição e alguns da segunda e terceira série.
pela adição de um indicador.
Indicador: substância que, mudando de 1.11.1 Propriedades Físicas dos Metais
cor, indica que a reação se completou. Como São, geralmente, sólidos (exceção do mer-
regra geral, quando o indicador muda de cor, cúrio – líquido), apresentando temperaturas de
o ponto de equivalência já foi ultrapassado. fusão entre 30ºC (Cs e Ga) e 3.400ºC
Ponto de viragem ou ponto final de (tungstênio – W).
titulação: é o ponto em que ocorre a mudança Apresentam brilho característico, denomi-
de cor notada pelo observador. nado “brilho metálico”, sendo que alguns,
Erro de titulação: diferença entre o ponto muito ativos, perdem, rapidamente, o brilho
de viragem e o ponto de equivalênica. O valor pela oxidação.
deste erro depende da escolha do indicador. São bons condutores de eletricidade e ca-
No ponto de viragem, lê-se na bureta o volu- lor, sendo os melhores, de acordo com a se-
me (V) da solução padrão (M conhecida). Como guinte ordem: Ag, Cu, Al e Au.
o volume (V1) da solução a dosar é conhecido,
calcula-se a normalidade (M1) da solução a dosar. 1.11.2 Propriedades Mecânicas dos Metais
MV Maleabilidade: é a capacidade de serem
M1 = transformados em lâminas. A maioria dos
V1
metais é maleável, podendo ser reduzidos a
Métodos de Titulação lâminas extremamente delgadas, como por
Acidimetria: titulação de uma solução exemplo o ouro, do qual se obtém lâminas de
ácida por uma solução básica de N conhecida. espessura da ordem de 10-5 cm.
Alcalimetria: titulação de uma solução Ductibilidade: é a capacidade de serem
básica por uma solução ácida de N conhecida. transformados em fios, característica de mui-
Ambos os métodos usam reações de
tos, como por exemplo, o cobre.
neutralização, isto é:
Dureza: é a resistência ao corte mecâni-
co. Geralmente, é medida pela facilidade de

→ BA + H O
HA + BOH ←
 2 se submeter ao risco ou riscarem outros me-
– 

ou H OH ←
+
 H2O, isto é, durante a tais. A dureza é medida pela escala Mohs, que
fixa a dureza 1 para o talco e 10 para o
titulação, a H + varia, e o pH varia até a neu- diamente. A dureza dos metais fica, portanto,
tralização (pH = 7). compreendida entre 2 e 8, sendo os mais mo-
les os metais alcalinos e alcalinos terrosos, e o
Os indicadores usados nestes métodos mais duro, o cromo.
devem mudar de cor com o pH da solução. As propriedades mecânicas dos metais são
Esta mudança ocorre durante um certo inter- também denominadas propriedades plásticas.
valo de pH (zona de viragem). Vemos, a se- Os metais, do ponto de vista metalúrgico,
guir, alguns indicadores com os pH das suas podem ser classificados em metais ferrosos e
zonas de viragem. não ferrosos. Os metais ferrosos são aqueles
Alaranjado de metila – vermelho que, geralmente, estão associados ao ferro, seja
3,1 a 4, 4 amarelo (metilorange). como impureza ou em soluções (misturas) só-
Vermelho de metila – vermelho lidas, denominadas ligas e, em especial, nos 41
vários tipos de aços.
4, 2 a 6, 2 amarelo. Os metais não ferrosos são usados isola-
Fenolftaleína – incolor 8,3 a 10 vermelho. dos ou associados entre si e, raramente, em
ligas com o ferro.
Química Aplicada
1.11.3 Metais Ferrosos nhecido como “galvanização tripla” é utiliza-
Os metais que, em geral, estão associados do para depositar o crômio nesses metais e li-
ao ferro e que constituem esse grupo são: fer- gas. A galvanização tripla consiste em depo-
ro, titânio, vanádio, crômio, manganês, cobal- sitar sobre o metal base (ferro ou aço) sucessi-
to, níquel, molibdênio e tungstênio. Alguns vas camadas de cobre, níquel e, finalmente, o
desses metais serão discutidos por representa- crômio.
rem interesse do ponto de vista industrial. Dos compostos de crômio, os mais impor-
tantes são os cromatos e dicromatos.
Titânio e Ligas O íon cromato tem cor amarela e, por esse
O titânio é um metal branco prateado, que motivo, foi, no passado, utilizado como pig-
resiste bem à corrosão. É excepcionalmente mento para tintas.
duro, tem alta resistência mecânica e baixa Os dicromatos foram muito utilizados em
densidade (4,5 g/cm3) e um grande número de solução de limpeza em vidrarias de laborató-
aplicações em motores de avião a jato e fo- rios. Atualmente, estas soluções têm sido me-
guetes, em aeronaves e veículos espaciais. É nos empregadas devido à dificuldade de re-
também aplicado quando se necessita uma ele- mover-se traços de crômio das superfícies dos
vada resistência à corrosão. vidros após a limpeza e, pelo fato de o crômio
Dos compostos de titânio, o dióxido de (VI) ter apresentado propriedades carcinogê-
titânio, TiO2, é um sólido branco utilizado nicas.
como pigmento em tintas plásticas e outros Um outro composto de crômio é o óxido
materiais. Ocorre naturalmente como diversos de crômio – CrO2, importante condutor metá-
minerais, um dos quais é o rutílio. lico e ferromagnético muito utilizado como
As diversas ligas de titânio podem ter em revestimento em fitas de gravação de alta qua-
sua composição, elementos como alumínio, lidade.
estanho, vanádio, ferro, oxigênio, carbono,
nitrogênio e hidrogênio. As ligas de titânio são Manganês
reconhecidamente úteis para usos em baixas Metal branco, brilhante, consideravelmen-
temperaturas. A única restrição desse metal e te mais reativo do que o titânio, vanádio ou
de suas ligas, em baixas temperaturas, e o crômio. Seu principal uso encontra-se como
transporte ou armazenamento de oxigênio lí- constituinte de liga no aço.
quido, pois qualquer impacto sobre a peça cau- Dos compostos de manganês, o mais im-
sa ignição imediata do material. portante é o MnO2, comumente chamado de
dióxido de manganês. Tem cor variando de
Vanádio marrom a preta e ocorre na natureza como o
É um metal muito duro, tem grande resis- mineral pirolusita. O MnO2 é um forte oxidante
tência mecânica e a corrosão, porém é mais e tem sido utilizado em laboratório na prepa-
denso que o titânio. Raramente é produzido ração de cloro a partir do ácido clorídrico
na forma pura, mas é encontrado em ligas com (HCl).
o ferro, denominadas ligas ferro-vanádio. Sua
maior aplicação é em ligas de ferro, como por Ferro e Ligas
exemplo, no aço, ao qual confere resistência e O ferro encontra maior uso do que qual-
ductibilidade. quer outro material, sendo muito abundante
(em cerca de 5% da crosta terrestre) e de fácil
Crômio obtenção a partir de seus minerais. Ocorre,
Metal branco prateado, resistente à corro- naturalmente, nos minerais hematita (Fe2O3),
são, muito duro e um tanto frágil quando puro. limonita (Fe2O3. H2O), magnetita (Fe3O4),
É usado para formar ligas com o aço e na siderita (FeCO3), pirita (FeS2) e como impu-
galvanização do ferro e outros metais. reza de muitos outros minerais. Todos esses
O brilho nos pára-choques “cromados” é minerais servem como minérios de ferro,
consequência da formação de uma camada lisa exceto a pirita (ouro do trouxa) devido à difi-
42 e invisível de óxido de crômio, dificilmente culdade e ao custo de remoção do enxofre.
decomponível. A redução do minério de ferro, conhecida
O crômio é, muitas vezes, gerado eletroli- como siderurgia, é feita em um alto forno, com
ticamente, por isso não tem boa aderência ao gradientes de temperatura que vão de 300ºC
ferro ou aço. Nesses casos, um processo co- até 1600ºC, quando o FeO é reduzido a ferro.
Química Aplicada
O produto proveniente do alto forno é de- fato do potencial de redução do zinco ser mais
nominado ferro gusa, que contém cerca de 5% negativo que o do ferro.
de carbono (C) e até 5% (total) de silício, fós- O ferro forma compostos de ferro II, isto
foro, manganês e enxofre. A purificação par- é, íon ferroso (Fe2+), e compostos de ferro III,
cial fornece o ferro fundido que dá origem, ou seja, íon férrico (Fe3+). Ambos têm aplica-
após nova purificação, ao ferro fundido cinza ção em processos de floculação para tratamen-
e, dependendo do tipo de tratamento térmico, to de água e efluentes industriais.
poderá dar origem a outros tipos de ferro.
O aço bruto, liga de ferro, tem cerca de Cobalto
0,1% de carbono, enquanto outros tipos de aço O cobalto é um metal duro, de brilho azul
têm até cerca de 1,5%. São conhecidos cente- prateado e pouco reativo. Como o ferro, é
nas de aços inoxidáveis: ligas resistentes à ferromagnético e pode tornar-se passivo por
corrosão freqüentemente contêm crômio e/ou agentes oxidantes fortes. Sua maior aplicação
níquel. Outros metais como vanádio, titânio, é na composição de ligas com ferro, níquel,
manganês, tungstênio, etc são também usados alumínio e outros metais.
nas ligas.
O ferro apresenta,ainda,propriedades mag- Níquel e Ligas
néticas como o ferromagnetismo. O níquel pertence à chamada tríade do
ferro – ferro, cobalto e níquel. É um metal ra-
A Corrosão do Ferro zoavelmente duro, com um fraco brilho ama-
O ferro enferruja-se quando exposto ao ar relado, em parte, talvez à camada de óxido
úmido ou à água saturada com ar. A ferrugem é auto-protetora. O níquel é usado na segunda
constituída, primariamente, por óxido férrico camada protetora da “galvanização tripla” do
hidratado, de composição variável (Fe2O3. xH2O); crômio (vide crômio).
não forma um filme aderente, descamando e O níquel tem sido utilizado como catali-
expondo, assim, ainda mais a superfície do sador em reações de hidrogenação.
ferro à corrosão. A ferrugem é acelerada pela O custo bem mais elevado das ligas de ní-
presença de ácidos, sais e metais reativos, as- quel, em geral 20 a 100 vezes mais caras que o
sim como em elevadas temperaturas. Tanto a aço inoxidável, limita seu uso para situações es-
água, como o oxigênio são necessários para a peciais. O níquel é resistente a muitos meios cor-
formação da ferrugem, que se pensa iniciar rosivos, sendo especialmente indicado para solu-
com a oxidação do ferro ao estado 2+. ções alcalinas. A maioria dos problemas difíceis
de corrosão, relacionados com soluções cáusticas,
Fe(s) 
→ Fe2+(aq) + 2e–, é resolvida com o uso do níquel. Entretanto, este
não é resistente a soluções fortemente oxidantes,
formando pequenos sulcos na superfície do como o ácido nítrico e soluções de amônia.
ferro. O íon ferroso migra para fora do ferro
através da água, que em alguns casos, é ape-
nas uma fina película. O oxigênio é o agente
1.11.4 Metais Não Ferrosos
oxidante nessa reação: Dos metais não ferrosos, serão discutidos
o cobre, o zinco e o alumínio.
Fe2+(aq) 
→ Fe3+(aq) + e–
O íon férrico hidrolisa-se imediatamente Cobre e Ligas
e precipita como ferrugem: Os elementos cobre, prata e ouro, que
constituem um subgrupo de metais de transi-
Fe3+(aq) + (3 + x) H2O 
→ Fe2O3. xH2O(s) + 6H+(aq) ção, são conhecidos como metais de cunha-
O ferro pode ser protegido da corrosão por gem. O cobre é um metal muito conhecido;
diversos métodos, como cobrir a superfície seus minérios incluem sulfetos, tais como
com uma camada de tinta, graxa ou óleo. O chalcocita, Cu2S, e os óxidos, tais como a
ferro pode ser passivado pelo uso de um agen- cuprita, Cu20.
te oxidante incorporado na tinta (exemplo: O cobre é obtido, inicialmente, a partir da
zarcão = Pb3O4 e cromato de zinco = ZnCrO4). concentração do minério e, por aquecimento 43
Há, ainda, o processo de galvanização, ao ar, é purificado na forma de escória. O co-
recobrimento do ferro com uma camada de bre, nessa fase do processo, tem pureza de
zinco. A galvanização é um exemplo de pro- 97%, aproximadamente, e apresenta-se man-
teção catódica, na qual tem-se a vantagem no chado, por possuir bolhas de SO2.
Química Aplicada
A purificação final do cobre é feita eletro- ro, o metal puro é praticamente despido de
liticamente por um processo conhecido como valor econômico. As ligas de ferro são, quase
eletrorrefino. sempre, formadas com metais ferrosos ou
Quando puro, o cobre é bastante maleável, mesmo com alguns ametais (por exemplo: fer-
dúctil e, um excelente condutor de eletricida- ro-silício), denominando-se ligas ferrosas ou
de. Seu uso maior é na manufatura de fios elé- aços. Os metais não ferrosos formam ligas não
tricos, mas é também usado em tubulações de ferrosas.
água e em ligas com zinco (latões) e com esta- As ligas não ferrosas são geralmente de-
nho (bronze). nominadas de acordo com um dos seguintes
critérios:
Zinco a) Pelo metal existente em maior quanti-
Metal razoavelmente mole, cinza pratea- dade na liga: Assim, temos ligas de
do, com temperatura de fusão moderada cobre e ligas de alumínio. Uma das li-
(419ºC). É razoavelmente reativo e serve gas de cobre mais importantes é o la-
como protetor catódico para o ferro. O zin- tão, na qual predomina o cobre (com
co é usado em várias ligas e em baterias. O
60% a 80%), existindo em menor quan-
zinco fundido e cromado tem o aspecto do
tidade o zinco.
aço, porém não apresenta resistência mecâ-
b) Usando-se uma propriedade essencial
nica.
e importante da liga: Assim, temos li-
Alumínio e Ligas gas leves ou de aviação (exemplo:
O alumínio é um metal reativo, capaz de duralumínio Al – Cu – Mg), ligas de
formar uma camada de óxido de alumínio, que solda (exemplo: solda de bombeiro –
o protege da corrosão em muitos meios agres- Pb e Sn), ligas de cunhagem (exemplo:
sivos. Apresenta boa resistência à corrosão liga com Ag e Cu), etc.
atmosférica e a muitos meios aquosos. Algu- c) De acordo com o número de elemen-
mas de suas propriedades gerais e interessan- tos químicos existentes na liga: ligas
tes são sua baixa densidade (d = 2,71 g/cm3) e binárias, terciárias, quaternárias, etc.
boa condutividade térmica e elétrica.
A película de óxido de alumínio, que se Propriedades das ligas
forma naturalmente em muitos meios agressi- Propriedades Físicas: superiores ao ele-
vos, pode, também, ser produzida artificial- mento isolado.
mente pela passagem de corrente elétrica, num Propriedades Mecânicas: inferiores ao ele-
processo chamado de anodização. mento isolado.
O alumínio é sensível à corrosão por pon- Sua densidade, dureza, elasticidade e re-
tos (pitting) em águas que contenham o íon sistência à corrosão são geralmente superio-
cloreto (Cl–) (forma células galvânicas com o res às dos seus componentes isolados.
ferro e o cobre o que causará dissolução loca- A maleabilidade, ductibilidade, conduti-
lizada do alumínio). vidade elétrica e capacidade de dilatação cos-
Outros agentes corrosivos ao alumínio são tumam ser inferiores as de seus componentes.
os solventes clorados anidros, como, por exem- A cor de uma liga é, como regra geral, in-
plo, o tetracloreto de carbono (CCl4), usado termediária entre seus componentes, ocorren-
como desengraxante de peças fundidas. do casos em que a cor difere muito da dos com-
ponentes.
1.11.4 Ligas Metálicas O ponto de fusão de uma liga é sempre
Ligas são misturas ou combinações de menor do que, pelo menos, um dos seus com-
metais entre si ou com alguns não metais, ponentes. Existem ligas que apresentam tem-
preparadas de forma a se obter algumas peratura de fusão menor do que a dos seus
propriedades intermediárias e outras que componentes. São denominadas ligas euté-
44 não são apresentadas pelos componentes
ticas ou eutéticos como, por exemplo, as
isolados.
soldas.
A maioria dos metais existentes só é usa-
No quadro a seguir, vemos as principais
da em ligas. Em alguns casos, como o do fer-
ligas não ferrosas.
Química Aplicada
Nome Composição Uso Além do gusa, outros produtos siderúrgi-
cos importantes são os ferros fundidos e o fer-
Bronze de alumínio Cu 90% Al 12% Equipamentos expostos a
líquidos corrosivos. ro doce:
Bronze de canhão Cu 90% Sn 10% Engrenagens e moldes. a) Ferros fundidos – são o produto da
Constantan Cu 60% Ni 40% Par termoelétrico. refusão do gusa, em que, pela oxida-
Latão amarelo ou Cu 67% Zn 33% Tubos, chapas, cartuchos, ção de ferro, o percentual de carbono
metal amarelo válvulas, etc. passa a ser mais elevado.
Magnalium Al 90% Mg 10% Braços de balanças e b) Ferro doce – é ferro quase puro, obtido
instrumentos leves.
Metal de solda Mole – Pb 67% Sn 33% Solda de funileiro.
por processos não contínuos e de bai-
média – Pb 50% Sn 50% xo rendimento, que consistem em adi-
dura – Pb 33% Sn 67% cionar em fornos (forno catalão) ou em
Micron Ni 60% Cr 40% Resistência elétrica cadinhos, o minério, o coque e o
(temperatura de fusão fundente e injetar ar, de forma a redu-
elevada). zir o minério a ferro metálico.
Permalloy Ni 78% Fe 22% Ímãs e cabos telefônicos
(alta permeabilidade
O ferro doce é, relativamente, pouco
magnética). usado atualmente, sendo substituído
pelos aços doces. É também denomi-
Ligas Ferrosas nado ferro forjado.
São ligas nas quais predomina o ferro, apa-
recendo sempre o carbono, em pequenas por- Aços
centagens, ocorrendo muitas vezes outros ele- Aço carbono: são ligas de Ferro e Carbo-
mentos que dão propriedades especiais. Estas no que apresentam teor de C variado entre
ligas são os principais produtos dos processos 0,05% e 1,7% e contêm traços de outros ele-
chamados siderúrgicos. mentos como Si, Mn, P, S.
Em siderurgia, o principal produto obtido Os aços, de acordo com o teor de carbo-
é o ferro gusa ou simplesmente gusa, que é ob- no, podem ser classificados em: aço de baixo
tido diretamente de um alto-forno siderúrgico. carbono ou aço doce (contém até 0,3% de C),
O gusa obtido no alto forno, além de car- aço de médio carbono (contendo de 0,3% a
bono (de 2% a 5%), apresenta pequenas quan-
0,7% de C) e aço de alto carbono (contendo
tidades de Si, Mn, S, P, etc. Quando o gusa é
acima de 0,7 % de C).
resfriado lentamente, o Carbono transforma-
De acordo com a presença de outros ele-
se em grafite, restando uma pequena parte
mentos, além daqueles que aparecem normal-
como Fe3C, dando origem ao gusa cinzento,
que é relativamente pouco quebradiço, poden- mente em sua composição, temos os aços es-
do ser trabalhado. O resfriamento brusco for- peciais como, por exemplo, o aço inoxidável
ma o gusa branco, que contém relativamente (que contém Cr e Ni), o aço-cromo, o aço-cro-
mais Fe3C e é muito duro e quebradiço, sendo mo-vanádio, o aço rápido (que contém W), etc.
dificilmente trabalhável.

1.12 Algumas substâncias industrialmente importantes(4)


Vimos onde e de que forma são encontradas algumas substâncias simples na natureza; resta saber
como são obtidas industrialmente, quais as suas propriedades e aplicações.
As tabelas, a seguir, tratam exatamente disso e incluem, além das substâncias simples mais impor-
tantes, algumas substâncias compostas que são matérias-primas fundamentais na indústria química.
OBTENÇÃO PROPRIEDADES APLICAÇÕES
Hidrogênio
PF: –259,14oC Usado na hidrogenação
Na indústria de óleos vegetais para a
PE: –252,7oC
2 H2 O → 2 H 2 + 1 O 2 produção de margarinas;
d: 0,0709 g/cm3
2 NaCl + 2 H2O → 2 NaOH + H2 + Cl2 como combustível; na
C(s) + H2O → CO + H2 síntese da amônia, do
Gás incolor, inodoro,
ácido clorídrico e do 45
atóxico, mais leve que o
No laboratório metanol. Usado também
ar, altamente combustí-
Zn + 2 HCl(aq) → ZnCl2 + H2 em maçaricos de gás
vel.
2 Na + 2 H2O → 2 NaOH + H2 oxídrico.
(4)
Tabela reproduzida de: Química Integral, Marta Reis, Editora FTD, 1993, p. 201-205.
Química Aplicada

Oxigênio
Na indústria Gás incolor, inodoro e Usado na medicina em
Pela liquefação do ar atmosférico e insípido. Pouco solúvel inalações em casos de
posterior destilação fracionada em água. Não é combustí- intoxicação com gases
vel mas é comburente como o CO(g) e o H2S(g)
No laboratório (alimenta a combustão) e em aparelhos de respi-

2 KClO3  → 2 KCl + 3 O2 ração artificial. Na fa-

2 KNO3  → 2 KNO2 + 1 O2 bricação do aço, equipa-
mentos de mergulho, na
PF: –218,4oC síntese de outros com-
PE: 183,0oC postos e nas combus-
d: 1,14 g/cm3 tões em geral.

Tubo
interior

Tubo
exterior

Tanque de refrigeração
Ar
líquido

Válvula
de agulha

Recipiente
Dewar
Bomba de compressão

Enxofre
Na indústria PF: 112,8ºC Usado na síntese do áci-
Processo flash: injeção de vapor de PE: 444,6ºC do sulfúrico, na
água superaquecido nos depósitos sub- d: 2,07 g/cm3 vulcanização da borra-
terrâneos de enxofre. O enxofre se fun- cha, na fabricação da
de e é forçado a subir. Sólido cristalino, amare- pólvora e em fogos de
lo, insolúvel em água e artifício. Na medicina é
No laboratório solúvel em dissulfeto de usado em pomadas e
8 H2S + 8 I2 → 16 HI + S8 carbono CS2(l). sabonetes anti-acne.

Nitrogênio
Na indústria PF: –209,86ºC O gás (devido à inércia)
Pela liquefação do ar atmosférico e pos- PE: –195,8ºC é usado dentro de lâm-
terior destilação fracionada. d: 0,808 g/cm3 padas incandescentes e
em embalagens de ali-
No laboratório Gás incolor, inodoro, insí- mentos. Na fase líquida,
46 NH4NO2  ∆
→ 2 H2O + N2 pido e inerte. Pouco solú- é usado na conservação
vel em água. de alimentos e de sê-
men. Necessário na sín-
tese da amônia e do áci-
do nítrico.
Química Aplicada

Halogênios
Na indústria e/ou laboratório À temperatura e pressão F2: teflon, freon, UF6,
CaF2 + H2SO4 
H2 O
→ CaSO4 + 2 HF ambientais, o flúor e o bactericidas.
cloro são gases amarelo- Cll2: desinfetantes,
2 HF 
→ H2 + F2 esverdeados; o bromo é bactericidas e
2 NaCA (aq ) + 2H2O(A) 
→ 2 NaOH + H2 + CA 2 um líquido vermelho e o alvejantes.
iodo, um sólido cinza me- Br2: desinfetantes, in-
MnO2 + 4 HCA 
→ MnCA 2 + 2 H2O + CA 2
tálico que sublima libe- dústria fotográfica
MgBr2 + CA 2 
→ MgCA 2 + Br2 rando vapores violetas a (AgBr) e bromofórmio
2 KI + CA 2 
→ 2 KCA + I2 184oC. (CHBr3).
I2: tintura de iodo,
corantes, desinfetantes.

Metais alcalinos
Na indústria À temperatura e pressão Li: os sais de lítio são
Pela eletrólise ígnea (na ausência de ambientais, são sólidos usados no tratamento de
água) de seus sais fundidos, principal- prateados e moles; podem algumas formas de
mente os cloretos. ser cortados com uma doenças mentais.
Exemplos: faca. São muito reativos Na: trocador de calor
2 NaCl(l)  → 2 Na + Cl2 (reagem prontamente com em reatores nucleares.
2 KCl(l)  → 2 K + Cl2 o O2(g) e a H2O(l)) e de Rb: para localizar
perigoso manuseio. tumores cerebrais.
Devem ser mantidos Cs: relógios atômicos.
imersos em óleo mineral
ou querosene.

Metais alcalinos-terrosos
Na indústria À temperatura e pressão Be: ogivas de foguetes,
Pela eletrólise ígnea de seus sais fundi- ambientais, são sólidos desacelerador de nêu-
dos, principalmente os cloretos. prateados e de baixa trons em reatores nuclea-
Exemplos: dureza. Reagem facilmen- res.
MgCl2(l)  → Mg + Cl2 te com a água e o oxigênio Mg: ligas metálicas
CaCl2(l) → Ca + Cl2 do ar, por isso devem ser leves para rodas e
mantidos imersos em óleo aviões. “Metal de
mineral ou querosene. sacrifício” (protege
outros metais, sofrendo
corrosão primeiro).

Ouro
Na indústria PF: 1 064,4oC Usado no tratamento de
Através da mineração. O ouro é isolado PE: 2 600oC casos agudos de reuma-
de suas impurezas pela adição de d: 19,32 g/cm3 tismo e artrite. Na
mercúrio. O mercúrio forma uma liga odontologia, em coroas
(amálgama) com o ouro, facilmente Metal muito estável e dentárias. Como condu-
separável das outras impurezas. Aque- inerte. Reage somente tor de corrente elétrica
cendo-se o amálgama, o mercúrio com a água-régia: 3 partes em microcircuitos.
evapora e obtém-se ouro puro. de HCl(conc) + 1 parte de Fabricação de moedas e
HNO3(conc) jóias.
47
Química Aplicada
Ferro
Na indústria PF: 1 535oC Usado na fabricação do
Pela redução do ferro (reação de ganho PE: 3 000oC aço (uma liga metálica)
de elétrons), presente na hematita, d: 7,87 g/cm3 para estrutura de prédios
Fe2O3 (óxido férrico). e pontes; aço inoxidável
3Fe2 O3 + CO  → 2 Fe3O 4 + CO2 O ferro obtido dessa manei- (74% aço, 18% Cr e 8%
ra é o ferro-gusa, uma liga Ni) para peças diversas
+2 Fe3O 4 + 2 CO  → 6 FeO + 2 CO 2 metálica que contém de 2 a como talheres e
6 FeO + 6 CO  → 6 Fe + 6 CO 2 5% de carbono. Tratando-se maquinários. Na indús-
o ferro-gusa em fornos tria automobilística,
3Fe 2 O3 + 9 CO  → 6 Fe + 9 CO 2 elétricos, obtém-se o aço como catalisador de
ou cujo teor de carbono varia reações químicas, na
entre 0,5 e 1,7%. Quando a fabricação de latas,
Fe 2O3 + 3CO  → 2 Fe + 3 CO 2 parafusos, ferramentas e
porcentagem de carbono
torna-se menor que 0,5%, ímãs permanentes.
obtém-se o ferro-doce
(Pudlagem).
Descarregamento
do vagão Minério de ferro, coque e

1
Imensos queimadores de gás
aquecem o ar que é injetado no
alto-forno.
2
calcário são despejados no
topo do forno por vagões
deslizantes, que sobem e
descem pela rampa
continuamente .

O gás é drenado do

Gás quente 3
forno e são recuperados
inúmeros compostos
químicos.

As matérias-primas se

Forno
4
fundem, permanecendo no
fundo do forno onde a
temperatura é mais elevada.

Ar frio

A escória flutua na
Escória
(1,635ºC) 5
superfície do ferro
fundido e é drenada
para uma caçamba.

Elevatória

Carregamento
do vagão O ferro gusa fundido é drenado

6
do forno em vagões. É
transportado para outras partes
da usina onde é transformado
em aço.
Ferro fundido
Caçamba de ferro Caçamba de escória

Alumínio
Na indústria PF: 660oC Usado na fabricação de
Redução eletrolítica da bauxita PE: 2 056oC carros, foguetes, aviões,
(óxido de alumínio di-hidratado: d: 2,70 g/cm3 janelas e portas. Na
Al2O3 . 2 H2O) após a eliminação da odontologia, em obtura-
água, na presença da criolita: AlF3 . O alumínio puro é um ções. Em latas e folhas
3 NaF, que age como fundente abai- metal mole, de baixa para embalagens de
xando o ponto de fusão da bauxita de densidade e ótimo condu- alimentos e fogos de
48 2 060oC para 1 000oC. tor elétrico. É também artifício. Misturado a
2 AA 2O3(A )  → 4 AA + 3 O 2 muito versátil, podendo outros metais, forma
AAF3 .3 NaF
ser prensado e moldado ligas tão resistentes e
das mais diversas formas. duras como o aço.
Química Aplicada
Cobre
Na indústria PF: 1 083,4oC Usado na fabricação de
Pela ustulação (queima de um minério PE: 2 300oC arames, cabos elétricos,
de enxofre na presença de corrente de d: 8,92 g/cm3 circuitos impressos,
ar) da pirita de cobre. tubos, válvulas, caldei-

2 CuFeS2 + 5 O2  → 2 Cu + 2 FeO + O cobre é um metal ras, radiadores, encana-
4 SO2 avermelhado, inerte e um mentos (de água e gás)
excelente condutor e panelas. Em hélices
elétrico. para navios, sinos e
medalhas.

Hidróxido de sódio
Na indústria PF: 318oC Empregado na fabrica-
Pela eletrólise (quebra através da passa- PE: 1 390oC ção de sabões e deter-
gem de corrente elétrica) de soluções d: 2,13 g/cm3 gentes, na extração de
aquosas de NaCl. celulose e obtenção de
Sólido branco, muito papel, no refino do
2 NaCl + 2 H2O  → 2 NaOH + H2 + Cl2 tóxico, higroscópico petróleo e de óleos
(absorve água) e corrosi- vegetais, nos processos
vo. Na forma impura, é químicas das indústrias
denominado soda cáustica. têxteis, na recuperação
da borracha, no
desentupimento de pias
e esgotos.

Hidróxido de cálcio
Na indústria PF: 580oC Usado na preparação de
Obtido a partir da decomposição térmi- PE: - - - - argamassa (areia + cal),
ca do calcário e posterior hidrólise da d: 2,2 g/cm3 na construção civil. Na
cal virgem (CaO). purificação do açúcar

CaCO3  → CaO + CO2 Sólido branco, pouco comum e na preparação
CaO + H2O  → Ca(OH)2 solúvel em água, base de vários produtos
forte e de baixo custo químicos como a cal
Observação: comercial. É também clorada, CaCl (ClO),
O Ca(OH)2 absorve o CO2 do ar atmos- denominado cal extinta usada em branquea-
férico formando o CaCO . ou cal apagada. mento de tecidos e
3
como desinfetante.
Ca(OH)2 + CO2 
→ CaCO3 + H2O

Calcário (CaCO3)
CaO

+ H2O(l)
Forno

Calação
Argamassa
Ca(OH)2
cal extinta
Queima 49
(CaO) cal viva
Cimento
Química Aplicada
Amônia
Na indústria PF: –77,7oC Usado na fabricação de
Processo Haber-Bosh PE: –33,5oC fertilizantes, combustí-
1 N2(g) + 3 H2(g) →
P,T
2 NH3(g) d: 0,77 g/cm3 veis de foguetes, gás de
cat
refrigeração, produção
Gás incolor, de odor de polpa de madeira,
No laboratório intenso e irritante. Alta- pilhas, corantes, fibras
Processo Solvay mente tóxico. sintéticas.
2 NH4Cl + CaO→ CaCl2 + 2 NH3 + 2 H2O

Ácido nítrico
Na indústria PF: –41,59oC Usado na fabricação de
Início: produção de NO PE: 86oC sais de nitratos, destina-
Método de Ostwald d: 1,504 g/cm3 dos à produção de fertili-
zantes agrícolas (como o
4 NH3 + 5 O2 Pt
→ 4 NO + 6 H2O nitrato de amônio
600ºC O nitrato de hidrogênio
Método de Berkeland-Eyde (HNO3 anidro) é um líquido NH4NO3), explosivos
N2 + O2 
arco v oltaíco
→ 2 NO incolor, muito volátil e químicos como o TNT e
3 600ºC
solúvel em água. Em solução a pólvora (KNO3 e
Fim: produção de NO2 e de HNO3(aq) aquosa, dá origem a um ácido NaNO3), em fogos de
2 NO + O2  → 2 NO2 forte e corrosivo, o ácido artifício, corantes têxteis,
2 NO2 + H2O  → HNO3(aq) + HNO2(aq) nítrico, um líquido transpa- drogas medicinais e
rente, levemente amarelado, síntese de compostos
de cheiro irritante, sabor orgânicos. Conhecido
cáustico e muito venenoso se pelos alquimistas como
inalado ou ingerido. “aqua fortis”.

Ácido clorídrico
Na indústria PF: –115oC Usado na limpeza e
Síntese direta: PE: –85oC decapagem de metais, na
H2(g) + Cl2(g) 
→ 2 HCl(g) d: 1,19 g/cm3 limpeza do mármore,
HCl(g) + H2O  → HCl(aq) acidificação em poços de
Líquido levemente amare- petróleo, redução do ouro,
No laboratório lado, tóxico e corrosivo. processamento de alimen-
Denominado comercial- tos, na síntese de outros
H2SO4(aq) + NaCl 
→ NaHSO4 + HCl(aq)
mente ácido muriático. compostos químicos.

Ácido sulfúrico PF: 10,4oC Usado em baterias de


Na indústria PE: 338oC automóveis, na preparação
Método de “contato”: d: 1,84 g/cm3 de corantes, tintas, explo-
S8(s) + 8 O2(g) 
→ 8 SO2(g) sivos, adubos e medica-
Líquido oleoso, levemente mentos. Na refinação do
2 SO + 1 O  → 2 SO
V2 O5
2(g)
ou Pt
2(g) 3(g) amarelado, muito corrosi- petróleo, como decapante
SO3(g) + H2O(l) 
→ H2SO4(aq) vo, oxidante, reativo e de ferro e aço. Os alqui-
higroscópico. mistas o chamaram de
óleo de vitríolo.

H2O H2SO4 S2O + O2


S2O + O2 + impurezas

Ar
50

Ar Catalisador sólido

Perda H2SO4 + H2O H2SO4 + SO3


Química Aplicada

Tópicos Especiais de
Química Orgânica
Capítulo 2
2
Autora: Sandra Mara Alberti

2.1 Introdução à química orgânica Assim, as possibilidades do esqueleto


carbônico em compostos orgânicos, juntamen-
Para os antigos químicos, compostos or-
te com o fato de que outros átomos podem li-
gânicos eram aqueles encontrados nos orga-
gar-se ao carbono e até mesmo substituí-lo no
nismos vivos, e portanto faziam parte dos pro-
esqueleto, levam a uma variedade interminá-
cessos vitais. Wohler, entretanto mostrou que
vel de compostos orgânicos.
a teoria dos vitalistas estava errada e hoje os ter-
mos orgânico e inorgânico são usados indepen-
dentemente da existência dessa "força vital". 2.1.1 Cadeias Carbônicas
Atualmente, são conhecidos aproximada- Propriedades do átomo de carbono
mente 9 milhões de compostos orgânicos, isto 1. É tetravalente e apresenta 4 elétrons
é, cerca de 20 vezes o número de compostos externos:
inorgânicos conhecidos. A principal razão para 2. Pode se ligar a outros átomos de car-
esse número tão grande de compostos é a pos- bono, ou aos metais, ou aos ametais. É
sibilidade que apresenta o carbono de fazer li- dito de caráter anfótero.
gações entre si, sejam elas, simples, duplas ou 3. Ao se ligar com outros átomos de car-
triplas, possibilitando a existência de cadeias bono forma as cadeias carbônicas.
carbônicas longas, que podem ser simples e
lineares:

Ou podem ser ramificadas em qualquer


posição: Tipos de Átomos de Carbono Numa Cadeia
1. Carbono primário – liga-se apenas a 1
átomo de carbono.
2. Carbono secundário – liga-se a 2 áto-
mos de carbono.
3. Carbono terciário – liga-se a 4 átomos
de carbono.
4. Carbono quaternário – liga-se a 4 áto-
As cadeias às vezes se fecham em círculos, mos de carbono.
formando estruturas cíclicas:
Exemplo:

51
Os carbonos 1, 5, 6, 7, 8 são primários.
O carbono 2 é quaternário.
O carbono 3 é secundário.
O carbono 4 é terciário.
Química Aplicada
Ligações entre Átomos de Carbono II. Heterogêneas: no interior da cadeia
1. Ligação simples (AN) existe átomo diferente de átomo de
carbono.

2. Ligação dupla (EN)

c) Quanto à saturação:
3. Ligação tripla (IN) I. Saturadas: entre os átomos de car-
bono existem apenas simples ligação.

4. Ligação dupla e tripla – (EN; IN)

Classificação das Cadeias


1. Acíclicas (abertas ou alifáticas). II. Insaturadas (não saturadas): entre os
2. Cíclicas (fechadas). átomos de carbono existem duplas
3. Mistas. ou tripla ligação.

1. Cadeias Acíclicas
a) Quanto a disposição:
I. Normais: apresentam apenas carbo- 2. Cadeias Cíclicas
nos primários e secundários. a) Homocíclicas: apresentam apenas áto-
mos de carbono no ciclo. Dividem-se em:
I. Cadeias aromáticas: apresentam ao
menos um ciclo de 6 carbonos, com
duplas ligações alternadas (Núcleo
Benzênico).

II. Ramificadas: apresentam pelo me-


nos 1 carbono terciário ou quater-
ou ou
nário.

Outro exemplo

II. Cadeias alicíclicas: apresentam ci-


clo não aromático. Não possui nú-
cleo benzênico.

b) Quanto à natureza:
52 I. Homogêneas: só apresenta átomos
de carbono, no seu interior.
Química Aplicada
b) Heterocíclicas: apresentam hétero –
átomo no ciclo.  Ciclanos
 
Alicícli cos Ciclenos
Cícli cos 
→  Ciclinos
 
Aromáti cos (ou Benzêni cos)

Alcanos
Conceito
c) Saturadas: apresentam apenas simples Os alcanos, antigamente chamados para-
ligações entre os átomos do anel finas, são hidrocarbonetos acíclicos saturados,
carbônico. ou seja, compostos formados única e exclusi-
vamente por carbono e hidrogênio, possuido-
res de cadeia aberta e apresentando somente
ligações simples.
Os mais simples alcanos, de cadeia não
ramificada, são:
d) Insaturadas: apresentam dupla ou tri- CH3 — H ou CH4 Metano
pla ligação entre os átomos do anel CH3 — CH3 ou C2H6 Etano
carbônico. CH3 — CH2 — CH3 ou C3H8 Propano
CH3 — (CH2)2 — CH3 ou C4H10 Butano
CH3 — (CH2)3 — CH3 ou C5H12 Pentano
CH3 — (CH2)4 — CH3 ou C6H14 Hexano
........................................................................
CH3 — (CH2)72 — CH3 ou C74H150
e) Mistas: São cadeias carbônicas que
apresentam a união de cíclicas com Formam uma progressão aritmética, cujo
acíclicas. primeiro termo é CH4 e cuja razão é CH2.
Correspondem à fórmula genérica CnH2n + 2.

Fórmula Geral: CnH2n + 2

Propriedades Físicas
Os termos inferiores são gasosos: os mé-
dios, líquidos: os superiores, sólidos.
Os alcanos são insolúveis na água, solú-
veis no álcool e mais solúveis, ainda, no éter,
sendo que a solubilidade diminui com o au-
mento da cadeia. Os P.E. e o P. F. dos alcanos
crescem com o aumento da cadeia.

Hidrocarbonetos Propriedades Químicas


São compostos constituídos exclusiva- Os alcanos apresentam uma grande inér-
mente por carbono e hidrogênio. cia química, isto; é, dificilmente entram em
Exemplos: reação. Por serem compostos saturados não
dão reações de adição.
CH4, C2H4, C2H2, a) Combustão – Os alcanos, sendo aque-
cidos em presença do ar, entram em
combustão:
Classificação de hidrocarbonetos
CH4 +2O2 CO2 + 2 H2O
De acordo com sua cadeia, os hidrocarbo- 53
netos são classificados como se vê abaixo:
C7H16 + 11 O2 7 CO2 + 8 H2O
Saturados – Alcanos

Acícli cos 
→  Alcenos (ou alquenos)
 Não saturados Alcinos (ou alquinos) 12 volumes 15 volumes
 
Química Aplicada
b) "Cracking" – Os alcanos, sendo aque- Ocorrência
cidos em ausência do ar, sofrem uma Os alcenos se formam na destilação e cra-
decomposição chamada "cracking", queamento do petróleo, bem com na destila-
que consiste na ruptura da cadeia ção seca de produtos orgânicos, como madei-
carbonada, originando alcanos e alce- ra e hulha.
nos com menor número de átomos de
carbono. Alcinos
O "cracking"é de grande importância na Conceito
indústria petrolífera, pois permite transformar São compostos formados única e exclusi-
os termos superiores (de pequena aplicação vamente por carbono e hidrogênio, possuido-
industrial) em termos inferiores, de grande res de cadeia aberta e apresentando ligação tri-
aplicação industrial. pla entre dois átomos de carbono.
Os mais simples de cadeia não ramificada são:
Craqueamento: preferência pelos alcanos →
que vão resultar em olefinas. CH — —
— CH ou C2H2 etino ou acetilênio
CH — —
— C — CH3 ou C3H4 propino
C20H42 C10H22 + C8H16 + C2H4 C4H6 butino
eicosano
∆ decano octeno eteno C5H8 pentino
Ocorrências Formam uma progressão aritmética cujo
Os alcanos gasosos são encontrados no gás primeiro termo é C2H2 e cuja razão é CH2.
natural e no petróleo, ( o metano é encontrado Correspondem a fórmula genética CnH2n – 2.
ainda em minas de carvão, gás dos pântanos e
gás de iluminação): os líquidos, nos petróle- Fórmula Geral: CnH2n – 2
os; os sólidos, na ozocerite e nos petróleos.
Hidrocarbonetos Alicíclicos
Alcenos Conceito
Conceito Os hidrocarbonetos alicíclicos, também di-
Os alcenos, antigamente denominados tos cicloalifáticos, são hidrocarbonetos cíclicos
“olefinas”, são hidrocarbonetos acíclicos não não possuidores de núcleo benzênico. Os ciclos
saturados, portadores de uma ligação dupla. de 5 e 6 átomos de carbono são conhecidos como
Os mais simples alcenos, de cadeia não naftênicos devido ao sua faixa de destilação.
ramificada, são: Ocupam lugar de relevada importância no que
tange aos ácidos carboxílicos naftênicos.
CH2 —
— CH2 ou C2H4 eteno
CH2 — Divisão
— CH — CH3 ou C3H6 propeno
São divididos em ciclanos, ciclenos e
C4H8 buteno ciclinos. Os ciclanos só possuem ligação sim-
C5H10 penteno ples, os ciclenos uma ligação dupla, os ciclinos
uma ligação tripla.
Formam uma progressão aritmética, cujo
primeiro termo é C2H4 e cuja razão é CH2. A Ciclanos
fórmula genérica é CnH2n. Conceito
Os ciclanos são hidrocarbonetos de cadeia
Propriedades fechada que contêm apenas ligações simples
Os termos inferiores são gasosos: os mé- entre os átomos de carbono.
dios, líquidos; os superiores, sólidos. Exemplos:
São insolúveis na água, solúveis no álcool
e mais solúveis no éter. A solubilidade dimi-
nui com o aumento da cadeia.
54 Os pontos de ebulição, de fusão e a densi-
dade crescem com o aumento da cadeia.
São compostos que entram facilmente em
reação, devido à presença de ligação dupla.
C3H6 C4H8 C5H10
Química Aplicada
A sua fórmula geral é a mesma dos alcenos, monobromo-ciclo-pentano
com o mesmo número de átomos de carbono:

CnH2n

Ciclenos
Conceito Ocorrênia
São hidrocarbonetos cíclicos, não aromáti- Os hidrocarbonetos alicíclicos são encon-
cos, que contêm pelo menos uma dupla ligação. trados nos petróleos.
Exemplos:
Hidrocarbonetos Aromáticos
Conceito
C3H4 C4H6 São hidrocarbonetos cíclicos possuidores
do chamado núcleo benzênico, isto é, núcleo
A sua fórmula geral é a mesma dos alcinos, formado por seis átomos de carbono possuin-
com o mesmo número de átomos de carbono: do cada átomo de carbono uma valência dis-
ponível e, portanto, com as outras três ocupa-
CnH2n – 2 das no núcleo. O núcleo benzênico é repre-
sentado por:
Ciclinos
Conceito
São hidrocarbonetos cíclicos que contém
pelo menos uma ligação. ou
Exemplos:

C3H2 C5H6

ou
A sua fórmula geral é:

CnH2n – 4
Benzeno
Propriedades O mais simples hidrocarboneto aromáti-
As propriedades físicas dos ciclano, cicle- co é o benzeno de fórmula molecular C6H6. É
nos e ciclinos são análogoas às dos alcanos, representado por:
alcenos e alcinos, pois os hidrocarbonetos
alicíclicos muito se assemelham aos hidrocar-
bonetos acíclicos.
Quimicamente, porém, os ciclanos com
três ou quatro carbono, devido à sua pequena
estabilidade, se comportam à semelhança dos ou
alcenos, dando rações de adição, com ruptura
do núcleo.

dibromo-1-3 propano
55
Os ciclanos e núcleos maiores, devido à O benzeno é encontrado nos petróleos e
maior estabilidade, se comportam à semelhan- no alcatrão de hulha.
ça dos alcanos, dando reações de substituição,
sem ruptura do núcleo.
Química Aplicada
Outros exemplos: Ocorrência de HC
Os hidrocarbonetos são encontrados, prin-
cipalmente, nos petróleos e seus derivados (ga-
solina, óleo diesel, G.L.P. etc), no alcatrão da
hulha, etc.
Observação: G.L.P. significa – gás liqüefeito
do petróleo.

Nomenclatura dos hidrocarbonetos


Nomenclatura das substâncias orgânicas
1. Nomenclatura oficial – é regulada pelos
congressos e comissões da I.U.P.A.C.
(International Union of Pure and Aplied
Chemistry). A nomenclatura oficial deve in-
dicar os seguintes fatos:
a) O número de átomos de carbono na
substância.
b) Se há e onde estão localizadas as du-
plas e triplas ligações na cadeia.
c) Se há e onde estão localizadas as ra-
mificações na cadeia.
d) A função a que pertence a substância.

2. Nomenclatura dos Alcanos – o sufixo


característico do nome dos ALCANOS
é ANO. Os quatro primeiros da série
recebem prefixos especiais para desig-
nar o número de átomos de carbono,
em sua molécula.
Na ordem do número de átomos de carbo-
no, temos: MET, ET, PROP e BUT. Os HC
seguintes recebem prefixos numerais gregos
correspondentes ao número de átomos de car-
bono; PENT, HEX, HEPT, OCT, etc.
Exemplos:

CH4 metano

C2H6 etano
Exemplos de: Asfalteno de petróleo iraquiano.

Aromáticos
C3H8 propano

56

C6H6 C7H8 C10H8


C4H10 butano
Benzeno metil benzeno (tolueno) naftaleno
Química Aplicada
C5H12 pentano 4. Nomenclatura dos Alcenos – o sufixo ca-
racterístico é ENO e os prefixos, os mesmo
que os usados para os alcanos.
Exemplos:
C2H4 eteno
C6H14 hexano

C3H6 propeno

C7H16 heptano

C4H8 buteno 1
C8H18 octano

C4H8 buteno 2
3. Alcanos ramificados:
(CH3)3 CH metil propano

C5H10 penteno 1

CH3CH(CH3) CH2CH3 metil butano

C5H10 penteno 2
CH3CH(CH3) CH(CH3) CH3
dimetil 2,3 butano

5. Alcenos ramificados:
CH3CH2CH(C2H5)CH2CH3 etil pentano
C4H8 metil propeno

57
Química Aplicada
C5H10 metil 2 bueno 1 CH3CH2CH(CH3) CCH metil 3 pentino 1

C6H12 metil 4 penteno 2

8. Nomenclatura dos Alcadienos – o sufixo


será DIENO, seguido de números que indicam
a posição das duplas ligações, e os prefixos,
os mesmos usados nos HC já estudados.
Exemplos:
6. Nomenclatura dos Alcinos – o sufixo
caraterístico é INO e os prefixos, os mesmos C3H4 propadieno
dos alcanos e alcenos.
Exemplos:
C2H2 etino ou acetileno
C4H6 butadieno 1, 2

C3H4 propino

C4H6 butadieno 1, 3 ou eriteno

C4H6 butino 1

C5H8  metil 2  ou
 butadieno 1,3

C4H6 butino 2 isopreno

9. Nomenclatura dos Ciclanos – semelhante


à dos alcanos, antecedida da palavra ciclo.
Exemplos:
C5H8 pentino 2 C3H6 ciclo propano

7. Alcinos ramifiados: C4H8 ciclo butano


(CH3)2 CHCCH metil butino
58
Química Aplicada
C5H10 ciclo pentano 11. Nomenclatura dos Ciclinos – semelhante
à dos alcinos, antecedida de ciclo.
Exemplos:
C3H2 ciclo propino

C4H8 metil ciclo propano


C4H4 ciclo butino

C6H12 dimetil 1, 2 ciclo butano C6H8 dimetil 2, 3 ciclobutino

12. Nomenclatura dos Hidrocarbonetos Aro-


máticos – para os homólogos de benzeno, a
10. Nomenclatura dos Ciclenos – semelhante nomenclatura deriva do benzeno e para os de-
à dos alcenos, antecedida do ciclo. mais são dados nomes específicos.
Exemplos: Exemplos:
C3H4 ciclo propeno

ou

C4H6 ciclo buteno

C6H6 benzeno
C5H8 ciclo penteno

C7H8 metil benzeno ou tolueno

C4H6 metil 1 ciclo buteno


Orto hidroxi metil benzeno (ortocresol)
59
Química Aplicada
C8H10 1, 2 dimetil benzeno ou orto- Radicais derivados de hidrocarbonetos
dimetil benzeno ou orto xileno Por retirada de H de hidrocarbonetos
acíclicos, obtêm-se radicais denominados
alcoílas, e de hidrocarbonetos aromáticos ob-
têm-se arilas:
Exemplos:
CH4 – metano CH3 (metila)
C8H10 1, 3 dimetil benzeno ou meta-
dimetil benzeno ou meta xileno C2H6 – etano C2H5 (etila)
C3H8 – propano

ou

C8H10 1, 4 dimetil benzeno ou para- propila ou sec-propila


dimetil benzeno ou para xileno n-propila

C4H10 – butano

C8H10 etil benzeno n-butila

sec-butila

iso-butila
C10H8 naftaleno
terc-butil

C2H4 - eteno etenila ou vinila

C14H10 antraceno

Exemplos de arilas:

C6H6 benzeno fenila


C11H10 metil naftaleno

Posições no núcleo C7H8 metil benzeno ou tolueno


benzila
60
1 – ORTO o. 1–α
2 – META m.
2–β
3 – PARA p.
Química Aplicada
o-toluila São geralmente obtidos pela reação de
hidrocarboneto com halogênios (halogenação):
alcano + X 2 → derivado mono− halogenado + HX
alceno + X 2 → derivado di−halogenado

HC aromático + X 2 → halogeneto de arila + HX


m-toluil
Derivados halogenados importantes
Tricloro metano
(clorofórmico anestésico)

p-toluila
Dicloro diflúor metano
(freon, gás de geladeiras)

Tetraflúor eteno
2.2 Derivados Halogenados (dá origem ao teflon, um plástico)
São compostos constituídos por carbono,
hidrogênio e halogênio (F, Cl, Br ou I). Em
outras palavras, são compostos derivados dos
hidrocarbonetos pela substituição de um ou
mais átomos e H por um ou mais átomos de cloro 2 butadieno 1, 3
halogênio. (cloropreno, dá origem a uma borracha
Exemplos: sintética)

cloro eteno
cloro metano cloreto de vinila Nomenclatura dos Derivados Halogenados
cloreto de metila 1. Oficial: dá-se o nome do halogênio (nu-
merando-o se for o caso), seguido do
nome do NC correspondente.
2. Vulgar: dá-se o nome do halogênio,
com o sufixo ETO, seguido do nome
do radical ao qual se prende.
Exemplos
iodo benzeno CH3F 1. flúor metano
iodeto de fenila 2. fluoreto de metila

Podem ser representados pela fórmula


geral:
R–X C2H5Cl 1.cloro etano
onde: X – halogênio 2.cloreto de etila 61
R – alcoíla ou arila
Podem ser chamados de halogenetos de
alcoíla (quando R = alcoíla) ou de arila (quan-
do R = arila).
Química Aplicada
C3H7Br 1. Bromo 1 propano C7H7Cl 1. cloro tolueno
2. brometo de propila 2. cloreto de benzila

C3H7I 1. Iodo 2 propano


2. iodeto de sec-propila C7H7Br 1. bromo 1 metil benzeno
2. orto-bromo tolueno

C4H9I 1. iodo 1 butano


2. iodeto de butila C7H7Br 1. bromo 3 metil benzeno
2. para-bromotolueno

C4H9Cl 1. cloro 2 butano


2. cloreto de sec-butila

Funções oxigenadas
As substâncias orgânicas que contém oxi-
gênio estão grupadas em funções, as mais im-
C4H9Cl 1. cloro 1 metil propano portantes das quais são: álcoois, fenóis, éteres,
2. cloreto de iso-propila aldeídos, cetonas, ácidos carboxílicos e ésteres.
Existem outras funções oxigenadas de menor
importância, como por exemplo: anidridos,
sais de ácidos carboxílicos, enóis, cetenas, etc.
Os compostos oxigenados na forma de
ácidos carboxílicos, fenóis, cresóis e ésteres,
C5H11Cl 1. cloro dimetil propano aparecem principalmente nas frações mais
2. cloreto de iso-butila pesadas do petróleo.
São, quase sempre, responsáveis por for-
mação de gomas (polímeros), corrosividade,
odor e acidez nas frações do petróleo.
Alguns possuem estrutura complexa e
polinucleares.
C2H3Cl 1. cloro eteno Dentre as funções oxigenadas, estudare-
2. cloreto de vinila (ou etenila) mos os álcoois, éteres, aldeídos, cetonas, áci-
dos carboxílicos, ésteres, fenóis, no que diz
respeito a sua fórmula geral e nomenclatura.
ÁLCOOIS: São compostos orgânicos que
C2H5F 1. fluor benzeno apresentam o grupamento funcional hidroxila
2. fluoreto de fenila (–O–H) ligada diretamente a C saturado.
62 São utilizados como combustíveis e
solventes.
Apresentam a fórmula geral:
R – OH
Química Aplicada
Os álcoois podem ser classificados em: meta cresol para cresol
a) Álcool primário – OH ligada a C pri-
mário.
b) Álcool secundário – OH ligada a C se-
cundário.
c) Álcool terciário – OH ligada a C ter-
ciário.

Dependendo do número de (–OH) podem α - naftol β - naftol


ser mono, di, tri, poli-alcoóis,
Exemplos:
álcool etílico (etanol)

Os fenóis e cresóis podem ser utilizados


como desinfetantes e em sínteses orgânicas.
glicol (etanodiol) Podem ser extraídos das soluções orgâni-
cas por reação com álcalis, formando os
fenolatos, e estes podem ser neutralizados com
ácidos inorgânicos, regenerando os fenóis.
Exemplo:
glicerina (propanotriol) C6H5OH + NaOH C6H5ONa + H2O
2 C6H5ONa + H2SO4 2 C6H5OH + Na2SO4
Na indústria do petróleo, os fenóis, cresóis
e naftóis devem ser separados das correntes de
álcool benzílico H. C. e dos despejos hidricos.
São corrosivos e possuem odor forte e ca-
racterístico.
Éteres: São compostos orgânicos que
apresentam dois radiciais alcoílas ou arilas li-
metanol gados a um átomo de oxigênio.
São utilizados como solventes e, em al-
guns casos, como anestésicos. O éter etílico
(comercialmente denominado de éter sulfúri-
propenol co), devido a seu baixo poro de ebulição, pode
ser utilizado como combustível ignitor de al-
guns tipos de equipamentos industriais. Tam-
bém pode ser utilizado como agente secante e
desemulsificante.
Apresentam fórmula geral:
Fenóis: São substâncias que apresentam R – O – R’ onde R e R’, alcoílas ou arilas
o grupamento funcional hidroxila (–O –H) li-
gado diretamente a um núcleo benzênico. Exemplos:
Apresentam a fórmula geral:
éter etílico
Ar – OH
Exemplos:
fenol orto cresol
63
éter metílico
Química Aplicada
éter metilfenílico furano Ácidos carboxílicos: São compostos com
carboxila ligadas alquila ou arila. São deno-
minados também de carboxilácidos.
Derivam dos aldeídos por oxidação:

aldeído acético acido acético


Aldeídos: são compostos derivados dos
álcoois primários por oxidação parcial.
Apresentam a fórmula geral:

São utilizados na indústria alimentícia, nas


sínteses orgânicas, nas fabricações de tintas e
como ponto de partida para obtenção dos plás-
ticos acrílicos. Comportam-se com semelhan-
O principal aldeído é o metanal ou aldeído ça aos ácidos inorgânicos. Na indústria do pe-
fórmico. Pode ser utilizado na fabricação de tróleo, são responsáveis pelo grau de acidez
plásticos ou como conservador de peças (índice de acidez) orgânica. Tanto os ácidos
anatômicas. carboxílicos como os seus sais são corrosivos.
Apresentam fórmula geral:
Exemplos:
metanal ben-aldeído
R – COOH ou

Exemplos:

ácido propenóico ou ácido acrílico


etanol etanal

oxidação

ácido oxálico
Cetonas: São compostos derivados dos ál-
coois secundários por oxidação parcial.
Apresentam a fórmula geral:
ácido benzóico
R e R’ são alcoílas ou arilas

A principal cetona é a propanona (aceto-


na), utilizada como solvente, secante, desemul-
sificante. ácido fórmico
Exemplos:
propanona (acetona)
oxidação
Os ácidos dos ciclanos são conhecidos na
indústria de petróleo como ácidos naftênicos,
por se concentrarem na fração do petróleo de-
64 metil fenil cetona defenilcetona nominada de nafta.
As estruturas predominantes no petró-
leo são as do ciclopentano e ciclo-hexano.
Possuem, quase sempre, 1, 2 ou 3 ramifica-
ções parafínicas. Mas podem ocorrer, também,
Química Aplicada
formando 2 ou mais anéis isolados, conjuga- Reação de esterificação:
dos ou condensados. São nassíveis de saponi-
ficação e emulsificantes. São corrosivos, prin-
cipalmente na faixa de 200°C a 280°C, sem a
presença de água. Isto os torna indesejáveis ácido acético etanol etanoato de atila
nas correntes de derivados do petróleo.
Exemplos:
ciclano isolado

benzoato de etila

ciclano isolado por parafina

acetato de metila

Os ésteres sofrem hidrólise ácida ou básica.


Quando ácida, produzem ácido e álcool
(inverso de eterificação).

ciclano conjungado

éster ácido álcool

Quando básica, produzem sal e álcool. Esta


reação recebe o nome particular de saponifica-
ção. Na indústria do petróleo, podem ocasionar
emulsões e espuma nos despejos hídricos.
ciclano condensado

Nomenclatura dos compostos oxigenados


Nomenclatura dos álcoois
1. nome do HC + OL
2. ÁLCOOL + nome do radical
Os ácidos carboxílicos reagem com os
alcalis formando os respectivos sais: Exemplos:
CH3OH 1.Metanol
2. álcool metílico

Ésteres: São derivados dos ácidos carbo-


xílicos por substituição do hidrogênio da car-
boxila por radical alcoíla ou arila. Geralmente
resultam da reação de um ácido com álcool C2H5OH 1. Etanol
(esterificação). 2. álcool etílico 65
Apresentam a fórmula geral:

R – COO – R' ou
Química Aplicada
C3H7OH 1. Propano 1 Nomenclatura dos Fenóis
(Álcool primário) 2. Álcool propílico 1. HIDRÓXI + nome do HC (pouco usada)
2. Nomes vulgares
Exemplos:
1. hidroxi benzeno
2. fenol
C3H7OH 1. Propanol 2
(Álcool secundário) 2. Álcool isopropílico

C4H9OH 1. Butanol 2
2. álcool sec-butílico 1. orto-hidróxi metil benzeno
2. orto-cresol

C5H11OH 1. Metil 3 butanol 1


2. álcool isopentílico
1. meta-hidróxi metil benzeno
2. meta-cresol

C6H5CH2OH 1. Álcool benzílico

C2H4(OH)2 1. Etanodiol 1. para-hidróxi benzeno


(diol) 2. Glicol 2. para-cresol

C3H5(OH)3 1. Propanotriol
(triol) 2. Glicerina

1. para-di-hidróxi benzeno
2. hidroquinona
CH3CHOH CH2CHOH CH3
66 (diol) 1. Butanodiol 1, 3
Química Aplicada
1. α hidróxi naftaleno C6H5OC6H5 1. Benzóxi-benzeno
2. α naftol 2. éter fenílico

Nomenclatura dos Aldeídos


1. β hidróxi naftaleno 1. nome do HC + AL
2. β naftol 2. nomes tradicionais
H COH 1. Metanal
2. aldeído fórmico
(folmaldeído)

Nomenclatura dos éteres


1. nome do HC + OXI + nome do HC
2. ÉTER + nome dos radicais CH3COH 1. Etanal
Exemplos: 2. aldeído acético
(acetaldeído)
C2H6O 1. Metóxi-metano
2. éter metílico

C2H5COH 1. Propanal
2. aldeído propiônico
C3H8O 1. Metóxi-etano
2. éter metil etílico

C3H7COH 1. Butanal
2. aldeído butírico
C4H10O 1. Metóxi-propano
2. éter metil propílico

C3H7COH 1. Metil propanal


2. aldeído
C4H10O 1. Etóxi-etano metil-propiônico
2. éter etílico

C4H9COH 1. Pentanal
C6H5 OCH3 1. Metóxi-benzeno 2. aldeído pentílico
2. éter metilfenílico 67
Química Aplicada
C6H5COH 1. Aldeído benzóico Nomenclatura dos ácidos carboxílicos
(banzaldeído) 1. nome do HC + ÓICO
2. nomes vulgares
Exemplos:

HCCOH 1. Metanóico
Nomenclatura das cetonas 2. ácido fórmico
1. nome do HC + ONA
2. nome dos radicais (R e R') + CETONA
Exemplos:
C2H6CO 1. Propanona CH3COOH 1. Etanóico
2. dimetil cetona ou 2. ácido acético
acetona

C2H5COOH 1. Propanóico
C3H8CO 1. Butanona 2. ácido propiônico
2. metil etil cetona

C4H10CO 1. Pentanona 2 C3H7COOH 1. Butanóico


2. metil propil cetona 2.ácido butírico

C4H10CO 1. Pentanona 3 CH2CH COOH 1. Propenóico


2. dietil cetona 2. ácido acrílico

C5H13CO 1. Metil 3 pentanona 2 CH2CH(CH3)COOH


2. Metil sec-butil cetona 1. Metil propenóico
2. ácido metil acrílico

C6H5COH3 1. Metil fenil cetona HOOC COOH 1. Etanodióico


68 2. ácido oxálico
Química Aplicada
C6H5COOH ácido benzóico Os compostos nitrogenados apresentam-
se no petróleo, quase totalmente, na forma or-
gânica. Por serem termicamente estáveis, ten-
dem a se concentrar nas frações mais pesadas.
Podem, no entanto, transformar-se em NH3 e,
C6H4 (COOH)2 ácido meta-ftálico neste caso, depositar-se no topo de torres na
forma de sais de amônia. São oxidáveis, po-
dendo ocasionar variação e cor nos produtos
de petróleo.
São considerados venenos de catalisado-
res. Normalmente se apresentam como piridi-
C6H4 (COOH)2 ácido para-ftálico nas, quinolinas e pirróis.

Aminas: Derivam de NH3 pela substitui-


ção de um ou mais hidrogênios por uma alquila
ou arila.
Apresentam as fórmulas gerais:
Nomenclatura dos ésteres
1. nome do HC + ATO de (nome do radical) R — NH2 R — N — R’ R — N — R'



2. nome vulgar do ácido – ICO + ATO de
(nome do radical) H R’
amina primária amina secundária amina terciária
Exemplos:
HCOOCH3 1. Metanoato de metila De acordo como número de grupamentos
2 formiato de metila amino podem ser classificadas em monoaminas,
diaminas, etc.
Exemplos:
fenilamina (anilina)

CH3COOC2H5 1. Etanoato de etila


2. acetato de etila

dimetilamina

C2H3COOCH3 1. Propenoato de metila


2. acrilato de metila
dietanolamina

C6H5COOC2H5 benzoato de etila


pirrolidina

Funções Nitrogenadas
As substâncias orgânicas que contêm ni-
trogênio em sua molécula podem ser agrupa-
das em quatro funções mais importantes que piridina 69
são: aminas, amidas, nitrilas e isonitrilas. Exis-
tem outras funções nitrogenadas de menor im-
portância, tais como: iminas, imidas, nitrocom-
postos, etc.
Química Aplicada
quinolina Nitrilas: Derivam do HCN (H — C — —
— N)
pela substituição do H por uma alquila ou arila.
Apresentam a fórmula geral:

R — CN → podem ser denominadas


cianeto de alcoíla ou arila.
As aminas possuem caráter básico acen- Exemplos:
tuado. Isto lhes confere importância industrial,
principalmente às dietanolaminas (DEA) e benzonitrila (cianeto de fenila)
dimetanolaminas (MEA) utilizadas na indús-
tria do petróleo.
A DEA ou a MEA retêm por reação quí-
mica o H2S e CO2 de derivados, por exemplo,
GLP e gás combustível.
O H2S e CO2 retidos são liberados por
aquecimento sendo a amina regenerada e, por
processo específico, o H2S transformado em propano nitrila (cianeto de etila)
enxofre cristalizado.

(C2H4OH)2 NH + H2S (C2H4OH)2 NH2+ HS–

(C2H4OH)2 NH + CO2 + H2O (C2H4OH)2 NH2+ HCO3– Isonitrilas:


Derivam do HNC (H — H — —
— C) pela subs-
Amidas: São substâncias derivadas dos tituição de H por uma alquila ou arila.
ácidos carboxílicos por substituição da hidro- Apresentam fórmula geral:
xila da carboxila por radical amino.
Podem ser representadas pelas fórmulas R — NC → podem ser denominadas
gerais: carbilaminas ou isocianetos
Amida amida mono-substituída Exemplos:

isocianeto de metila isocianeto de etila


(metilcarbilamina) (propano isonitrila)
amida di-substituída
Tanto as nitrilas quanto as isonitrilas po-
dem, dependendo das condições, gerar os áci-
dos correspondentes, sendo então corrosivas, tó-
xicas e indesejáveis para a indústria do petróleo.

Nomenclatura dos compostos nitrogenados


São utilizadas como solventes orgânicos Nomenclatura das aminas
ou, no caso da carbamida, como fertilizante. 1. AMINO + nome e HC
Exemplos: 2. Nome(s) do(s) radical (s) + AMINA

Carbamida (uréia) Exemplos:


CH3NH2 1. Amino metano
2. metil amina

70
etanamida
Química Aplicada
C2H5NH2 1. Amino etano Exemplos:
2. etil amina HNONH2 1. Metanamida
2. formamida

CH3CH2CH2NH2 1. Amino 1 propano


2. n-propil amina
CH3CONH2 1. Estanamida
2. acetamida

CH3CH(NH2) CH3
1. Amino 2 propano
2. sec-propil amina C2H5CONH2 1. Propanamida
2. propionamida

NH2(CH2)3 NH2 CH3CONHCH3 1. N-metil etanamida


1. Diamino 1, 3 propano 2. N-metil acetamida
2. trimetileno diamina

(CH3)2HN
1. N-metil amino metano CH3CON (CH3)2
2. dimetil amina 1. N, N-dimetil
2. N, N-dimetil acetanamida

(CH3)3N
1. N,N-dimetil amino metano
2. trimetil amina C2H5CONH2 1. Benzamida

C6H5NH2 1. Amino benzeno


2. fenil amina (ou anilina)
CO(NH2)2 1. carbamida ou uréia

71
Nomenclatura das Nitrilas
Nomenclatura das Amidas
1. nome do HC + NITRILA
1. nome do HC + AMIDA
2. nome vulgar do ácido + AMIDA 2. CIANETO DE (nome do radical)
Química Aplicada
Exemplos: CH2CH2NC 1. Propeno isso-nitrila
CH3CN 1. Etano nitrila 2. isocianeto de vinila
2. cianeto de metila

Funções sulfuradas
São substâncias que contêm enxofre no
C2H5CN 1. Propano nitrila lugar do oxigênio os grupos funcionais. São
2. cianeto de etila denominados de tio-compostos. Recebem no-
mes particulares de mercaptans quando
apreentam a fórmula geral:
CH3CH2 (CH3) CN R — SH
1. Metil propano nitrila
2. cianeto de sec-propila a) derivam dos alcoois

b) derivam do H2S (ácido ou gás sulfídrico)


CH2CH2CN
1. Propeno nitrila
2. cianeto de vinila ( ou de etenila)
Exemplos:

C6H5CN cianeto de fenila


etanotiol (sulfeto ácido de etila)
(etil mercaptan)

butanodiol (sulfeto ácido de butila)


Nomenclatura das Isonitrilas (butil mercaptan)
1. nome do HC + ISONITRILA
2. ISOCIANETO DE (nome do radical) Podem também ser apresentados de acor-
Exemplos: do com as seguintes fórmulas gerais:

CH3NC 1. Etano isonitrila R — S — R' R — S — S — R'


2. isocianeto de metila
sulfetos dissulfetos
Exemplos:

C2H5NC 1. Propano isonitrila


2. isocianeto de etila
metil tio-metano tiofeno
dimetil sulfeto
sulfeto de dimetila
CH3CH(CH3)NC
1. Metil propano isonitrila
72 2. isocianeto de sec-propila

dietil disulfeto
dissulfeto de dietila
Química Aplicada
Os compostos sulfurados sempre estão CH3CH(SH)CH3
presentes nos petróleos. Quando a concentra- 1. propanotiol 2
ção de sulfurados é alta, o petróleo é denomi- 2. sulfeto ácido de sec-propila
nado de cru azedo. (0,05 ft3 e H2S em 100 ga-
lões de petróleo)
O H2S tende a se concentrar nas frações
mais leves (GLP, Naftas) podendo sofrer oxi-
dação do ar e passar a enxofre elementar.
Tio Éteres
Na faixa do GLP ao querosene, os com-
1. nome do HC + TIO + nome do HC
postos sulfurados mais importantes são os
alquil-mercaptans. 2. SULFETO DE (nome do radical)
Nas frações mais pesadas, concentram-se Exemplos:
os mercaptans aromáticos e os tiofenos. Estes
são, normalmente, instáveis termicamente, CH3SCH3 1. metanotiometano
transformando-se por craqueamento em HC 2. sulfeto de metila
mais leves, H2S e mercaptans.
Via de regra, os compostos sulfurados são
corrosivos, envenenam os catalisadores, são
tóxicos e produzem, por combustão, SO2 e SO3
CH3SC2H5 1. metanotioetano
altamente poluentes e irritantes.
2. sulfeto de metil-etila
À alta temperatura, no craqueamento os
compostos nitrogenados são mais corrosivos
que os sulfurosos.

Nomenclatura dos compostos sulfurados C2H5SCH5 1. etanotioetano


Compostos sulfurosos de baixa massa mo- 2. sulfeto de etila
lar são mais corrosivos que os nitrogenados.

Tio álcoois
1. nome do HC + TIOL
CH3SC3H7 1. metanotiopropano
2. SULFETO ÁCIDO DE (nome do radical)
2. sulfeto de metil n-propila
Exemplos:

CH3SH 1. Metanotiol
2. sulfeto ácido e metila
Organometálicos
São compostos em que o metal se encon-
tra ligado diretamente ao carbono.
C2H5SH 1. etanotiol Exemplos:
2. sulfeto ácido de etila

CH3CH2CH2H
1. propanotiol 1
2. sulfeto ácido de n-propila metil sódio
73

chumbo tetra etila (C T E)


Química Aplicada
Nos derivados de petróleo de uma refina-
ria, também ocorrem polimerizações. São po-
límeros, na maioria, chamados de goma. São
prejudiciais, principalmente, nas faixas da ga-
solina, querosene e diesel.
A goma é formada na gasolina devido à
presença de olefinas e diolefinas ou outros
chumbo tetra metila cloreto fenil magnésio
compostos ativos. Basicamente, a seqüência
(grignard)
inicial das reações é a peroxidação. Para ini-
bir estas reações, são adicionados anti-oxidan-
Alguns compostos organometálicos são
tes, ou seja, inibidores de goma que retardam a
adicionados aos derivados de petróleo para
reação de oxidação dos compostos ativos.
melhorar sua qualidade, por exemplo, anti-
detonante (CTE na gasolina). Exemplos:
Normalmente, estes compostos são tóxi-
cos devido aos metais pesados (Pb, V, Sb).
Os compostos metálicos existentes no pe-
tróleo podem ser apresentados de duas formas:
a) inorgânica – normalmente eliminados
pela dessalgação. estireno peróxido de estireno não
volátil
b) orgânica – normalmente se concentram
nas frações mais pesadas na forma de Ação do inibidor:
complexos denominados quelatos.
São responsáveis por envenenamento de
catalisadores. São fundentes e prejudicam os
materiais refratários.
Para amenizar a atuação dos metais nos
catalisadores, são adicionadas substâncias de-
nominadas de passivadores de metais. Alguns
passivadores são óxidos de metais pesados Combustões orgânicas
inertes aos catalisadores. Exemplo: óxido de Como foi visto anteriormente, as combus-
antimônio. tões são, basicamente, reações entre uma
substância, denominada combustível, e ou-
Sb2O5 ou Sb2O3 tra, o comburente, que, como regra geral, é o
oxigênio do ar. As reações de combustão
Polímeros ocorrem com desprendimento de calor, o que
São compostos resultantes da poli-conden- faz com que sejam aproveitadas como fonte
sação de certos compostos orgânicos. de energia.
O calor desprendido no processo de com-
Exemplos:
bustão, que representa a energia latente do
combustível, é denominado calor de combustão.
O calor de combustão é medido tomando-
se quantidades padronizadas do combustível.
Dependendo do fato deste ser sólido, líquido
ou gasoso, é denominado poder (ou potência)
cloreto de vinila policloreto de vinila calorífico do combustível.
Para combustíveis sólidos ou líquidos, o
poder calorífico é a quantidade de calor des-
prendida pela combustão de um quilograma
74 (1 kg) do combustível.
Para combustíveis gasosos, o poder
calorífico corresponde ao calor desprendido na
etileno polietileno combustão de um metro cúbico (1 m3) do com-
bustível.
Química Aplicada
O poder calorífico é medido à pressão at- Assim, uma gasolina de 100 octanas cor-
mosférica normal (1 atm ou 760 mm de H). responderia a 100% de iso-octano, o combus-
Assim, por exemplo, o poder calorífico tível padrão para motores à explosão interna.
do hidrogênio (H 2) é 34.100 kcal/kg ou O querosene (hidrocarbonetos com 11 a
3.070 kcal/m3, enquanto para o acetileno 16 átomos de C), o óleo diesel (de 15 a 18
(C2H2) é 12.000 kcal/kg ou 13.950 kcal/m3. átomos de C) são também importantes com-
bustíveis líquidos extraídos dos petróleos.
Produtos de combustões orgânicas Álcoois – entre os álcoois, os mais impor-
Toda combustão de substância orgânica tantes combustíveis são líquidos, o metanol
produzirá sempre gás carbônico (CO2) e va- (álcool metílico) e o etanol (álcool etílico).
por d'água. Além destes produtos, quando o Ambos podem substituir as gasolinas nos mo-
combustível contiver enxofre, como, por tores à explosão interna.
exemplo, nos tióis, aparece o anidrido
sulfuroso (SO2). Um combustível orgânico 2.3 Constituintes do petróleo
sulfurado apresenta como inconveniente o fato O petróleo cru é constituído por centenas
do SO2 formado ser corrosivo. de diferentes substâncias químicas, do metano
Como regra geral os compostos haloge- ao asfalto. Embora a maioria dos constituin-
nados e nitrogenados não são combustíveis. tes seja hidrocarboneto (83% a 87% em car-
Quando nas combustões se emprega o ar bono e 11% a 15% em hidrogênio), a análise
atmosférico como fonte de O2, aparecem, jun- elementar mostra a presença de traços de ni-
to com os produtos da combustão, o nitrogênio trogênio (0% a 0,5%), de enxofre (0% a 6%) e
(N) e o oxigênio O2 que estiver em excesso. de oxigênio (0% a 3,5%).
As equações das combustões de alguns
compostos orgânicos podem equacionar-se de Os hidrocarbonetos presentes no petróleo
maneira geral, como nos exemplo baixo. vão desde o metano até compostos com mais
a) Combustão de alcanos de 60 átomos de carbono. Os elementos oxigê-
nio, nitrogênio e enxofre, na forma de compos-
tos orgânicos, podem aparecer complexados
com metais. O enxofre pode também aparecer
b) Combustão de alcenos na forma inorgânica, H2S e S (enxofre elemen-
tar). Normalmente, os hidrocarbonetos tendem
a se concentrar nas frações mais pesadas.
O petróleo deve ser separado em frações
c) Combustão de alcinos para a sua utilização e melhor aproveitamen-
to. A separação em frações, é chamada de re-
fino, pode ser classificada como segue:
a) Separação física – serve de exemplo a
d) Combustão de mono-álcoois saturados: destilação, estudada no Capítulo 1 e,
também, a desasfaltação, uma extração
à solvente, o propano;
Principais combustíveis orgânicos b) Transformações químicas – conversões
Hidrocarbonetos – os hidrocarbonetos – serve como exemplo, o craqueamen-
derivados do petróleo constituem os principais to catalítico;
combustíveis conhecidos. Assim, como com- c) Acabamento – separação de impurezas
bustível gasoso, temos o gás liqüefeito do pe- por processos físicos ou químicos. Por
tróleo. (G.L.P.), que contém principalmente exemplo, a remoção de impurezas pela
propano e butano. As gasolinas, que contêm dessalgação, tratamento merox e extra-
hidrocarbonetos com cinco a onze átomos de ção dos compostos sulfurados com
carbono na cadeia, constituem o principal com- aminas.
O fluxograma apresentado na Figura 1 75
bustível líquido. A eficiência da gasolina com-
bustível é medida pelo índice de octanas, que
exemplifica um sistema básico de refino.
corresponde, aproximadamente, à porcenta-
gem de iso-octano (2, 2, 4 trimetil-pentano)
existente na gasolina.
76
Gás Gás liquefeito de petróleo
Cozinha

Gás
Aeronaves
Gasolina destilada POLIME- Diisobuteno
Gasolina destilada Isobutano RIZAÇÃO
Química Aplicada

Gasolina de alta RECUPERAÇÃO Buteno


REFORMA octanagem DE GÁS E
CATALITICA ESTABILIZAÇÃO Butano
Automóveis
DE GASOLINA HIDRO-
Nafta
GENAÇÃO
ALQUI-
DESTILAÇÃO ISOMERIZAÇÃO
LAÇÃO
DO ÓLEO
CRU Sítios e
Isobutano Isooctana fazendas
Gasolinas automotivas e de aviação

Alquilato

Gasolina de alta
Querosene ou óleo combustível leve Gasolina estabilizada

octanagem e gás
HOMOGE-
NEIZAÇÃO Aquecimento
doméstico
Querosene
Gasóleo
Óleo cru
CRAQUEAMENTO CATALÍTICO Óleo de fornalha leve
Óleo de fornalha Estradas de ferro
Gasóleo ou óleo Diesel Óleo de fornalha
pesado Óleos combustíveis
pesados Óleo Diesel
Fábricas
DESTILAÇÃO Óleos combustíveis pesados
ATMOSFÉRICA Óleo combustível pesado
As diversas Resíduo OU A VÁCUO Asfalto
operações e os
vários produtos Embarcações
dependem da DESTILAÇÃO
espéice de óleo Asfaltos REFINA- Óleos HOMOGE-
A VÁCUO
que está sendo Resíduo ÇÃO A lubrificantes NEIZAÇÃO
DESPARA-
destilada asfáltico SOL- Óleos E EMBA- Asfaltos
FINAÇÃO Estradas
Gasóleo pesado VENTE LAGEM
DESCO- lubrificantes
RAMENTO pesados
Resíduo de DESTILAÇÃO Óleo lubrificante destilado REFINA- Parafina USINA DE Parafinas refinadas
óleo A VÁCULO ÇÃO A REFINA- Papel
Óleo combustível pesado

lubrificante Resíduo de óleo lubrificante SOL- ÇÃO DE parafinado


VENTE PARAFINA

Figura 1 – Esquema Geral da Refinação do Óleo Cru até os Produtos Comercializáveis. (American Petroleum Institute) p. 593.(5)
(5)
Indústria de Processos Químicos, 4 ed., Editora Guanabara, Rio de Janeiro, 1977.
Química Aplicada
O equipamento básico neste processo, quatro outros átomos, C ou H. As fórmulas
além das dessalgadoras e fornos para aqueci- estruturais dos três primeiros alcanos, metano
mento, é a torre de destilação, onde o cru tem (CH4), etano (C2H6) e propano (C3H8), são vis-
suas frações separadas ao longo da torre, como tas na Figura 2. São mostrados, também, os
função de suas temperaturas de ebulição à pres- modelos “espaciais” referentes às moléculas.
são atmosférica. Desta forma, separam-se os
gases residuais, como GLP, naftas leves e pe-
sadas, querosene de aviação, querosene de ilu-
minação, óleo diesel e resíduo atmosférico.
Esse resíduo é levado a outro forno e ou-
tra torre, que opera a vácuo, sendo, então, des-
Metano Etano
tilado novamente e obtido o gás óleo. Em ge-
ral, o rendimento dessas operações está na or-
dem de 6% para o GLP, 25% de naftas (gaso-
lina), 30% de óleo diesel e 30% de óleo com-
bustível, ficando o restante para os derivados.
O craqueamento catalítico realiza a que- Propano
bra de moléculas maiores e mais pesadas em Figura 2. As estruturas dos três primeiros alcanos.
moléculas menores, na faixa da gasolina. A
carga é o gasóleo obtido na destilação a vá- 2.4.1 Série das Parafinas – CnH2n + 2
cuo. Os produtos do craqueamento, além da Alcanos que não apresentam ramificações
nafta para mistura em gasolina, são o GLP, nas cadeias são chamados normais, alcanos
gases e gasóleo craqueado (é misturado ao óleo de cadeia linear, ou ainda, parafinas. São to-
combustível para acertar sua viscosidade). Por dos compostos apolares, encontrados no gás e
esse processo, pode-se obter até 65% de nafta compreendem a maior fração de hidrocarbo-
de boa qualidade para compor gasolinas. netos encontrada na maioria dos petróleos.
Quanto à composição em hidrocarbone- Apresentam temperaturas de ebulição diferen-
tos dos produtos de destilação do petróleo, tes, como pode ser observado na Tabela 1 para
pode-se, de forma genérica, dizer que: os dez primeiros alcanos normais, de maneira
G.L.P. Hidrocarbonetos de até 5 carbonos que podem ser separados por destilação
Gasolina Hidrocarbonetos de 5 até 11carbonos fracionada, de maior importância na refinação
Querosene Hidrocarbonetos de 11 até 16 carbonos do petróleo. O aumento dos pontos de ebulição
Óleo diesel Hidrocarbonetos de 15 até 18 carbonos com o número de átomos de carbono depende
Óleo combustível e outros Hidrocarbonetos acima de 17 carbonos do aumento das forças de London no líquido.
Os alcanos de cadeia aberta ou parafinas, ocor-
Os hidrocarbonetos presentes nos produ- rem, principalmente, nos crus de Ponca,
tos de destilação do petróleo podem ser divi- Oklahoma, do Texas Oriental e de Bradford. As
didos em duas classes químicas, conforme parafinas ou alcanos alifáticos predominam na
descrito abaixo. maioria das gasolinas automotivas.
Compostos de cadeia aberta ou alifáticos;
Compostos de cadeia fechada; Tabela 1. Os dez primeiros alcanos normais(6)
Pto. Pto.
Líquidos do gás natural Fórmula fusão ebulição
Nome Fórmula estrutural condensada normal, normal,
molecular
o
C oC
2.4 Compostos de cadeia aberta ou Metano CH4 CH4 –182 –161
alifáticos Etano C2H6 CH3CH 3 –183 – 89
Propano C3H8 CH3CH2CH3 –188 – 42
O hidrocarboneto saturado (alifático ou de
Butano C4H10 CH3CH2CH2CH3 –138 –1
cadeia aberta) mais simples é o metano, CH4.
Pentano C5H12 CH3CH2 CH2CH2CH3 –130 36
Na molécula do metano o átomo de carbono Hexano C6H14 CH3CH2CH2CH2CH2CH3 – 95 69
uso quatro orbitais híbridos, equivalentes sp3, Heptano C7H16 CH3CH2CH2CH2CH2 CH2CH3 – 91 98
para se ligar tetraedricamente a quatro átomos 77
Octano C8H18 CH3CH2CH2CH2CH2 CH2CH2CH3 –57 126
de hidrogênio. O metano, é o primeiro de uma Nonano C9H20 CH3CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH3 – 50 151
série de hidrocarbonetos chamados de alcanos, Decano C10H22 CH3CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH3 – 30 174
todos de fórmula geral CnH2n + 2. Cada carbo- (6)
RUSSEL, J. B. Química geral. 2. ed. v. 2, Rio de Janeiro: Markron Books
no, em um alcano, liga-se tetraedricamente a do Brasil Editora Ltda, 1994.
Química Aplicada
2.4.2 Série das Isoparafinas – CnH2n + 2 Os grupos hidrocarbônicos (a exemplo do
Compostos com a cadeia ramificada, que grupo metila) derivados dos alcanos são cha-
são muito desejáveis e, freqüentemente, pro- mados grupos alquila. Alguns destes grupos
duzidos pela reforma catalítica, pela alquilação encontram-se na Tabela 2, com os respectivos
e por isomerização. Os membros da série que nomes comuns e do sistema IUPAC.
ocorrem naturalmente são os 2 e 3 metilpenta-
nos (0,8 a 1,5% e 0,9%), 2,3-dimetilpentano e Tabela 2. Alguns grupos alquila
2-metilexano (1,2 a 1,3% e 1,3%), nos crus de Grupo IUPAC Comum Comentários
Ponca, Oklahoma, do Texas Oriental e de
Bradford, Oklahoma. CH3 — Metila Metila
De acordo com o sistema da União Inter- CH3 CH2 Etila Etila
nacional de Química Pura e Aplicada –
IUPAC, os alcanos de cadeia ramificada são Propila n-propila n significa “normal”
denominados identificando-se, primeiramen- cadeia linear
te, a cadeia carbônica mais longa da molécu-
1-metiletila Isopropila iso = um grupo metila
la e usando-se, a seguir, o número de localiza- no penúltimo carbono
ção para indicar a posição dos grupos ou ca-
deias laterais. Por exemplo, a cadeia mais lon- Butila n-butila
ga no composto abaixo é a de
1-metilpropila sec-butila sec = de secundário = ao
primeiro carbono estão
ligados outros dois carbonos

1,1-dimetiletila terc-butila terc = de terciário = ao


primeiro carbono estão
quatro carbonos do butano. Pode-se ver que o ligados outros três carbonos
grupo metila está no segundo carbono e, por-
tanto, o número de localização 2 participa do
nome 2-metilbutano. Os carbonos em uma Isomeria de Cadeia = Os alcanos apre-
cadeia são numerados de maneira que o nú- sentam um tipo de isomeria estrutural conhe-
mero de localização do nome seja o menor cido como isomeria de cadeia. Dois alcanos
possível. Desta forma, o composto não pode- que possuem a mesma fórmula molecular, mas
ria ser chamado de 3-metilbuteno, como ocor- diferem na ramificação de suas cadeias carbô-
reria caso os carbonos fossem numerados co- nicas são denominados isômeros de cadeia. A
meçando-se pela outra extremidade da cadeia. isomeria de cadeia é possível quando a molé-
cula possui quatro ou mais átomos de carbono.
Comentários Adicionais Por exemplo, dois isômeros de fórmula
Observe que os carbonos de uma cadeia molecular C4H10 são:
são sempre contados a partir de uma das ex-
tremidades. A numeração é sempre iniciada a
partir da ramificação mais próxima. Veja os
exemplos. Butano 2-metilpropano
Todas as fórmulas são 2-metilbutano. (n-butano) (isobutano)
É importante, contudo, observar que são
compostos diferentes, com distintas temperatu-
ras de ebulição, fusão, densidade, reatividade, etc.
Nos alcanos, o número de isômeros au-
menta com o aumento da cadeia carbônica.
Para a fórmula molecular C20H42, foi calcula-
do 366.319 isômeros possíveis.
78
2.4.3 Série Olefínica-CnH2n
Um hidrocarboneto saturado, cujas molé-
culas possuem esqueletos de cadeias carbônicas
fechadas em anéis, é chamado de cicloalcano
Química Aplicada
(ou hidrocarboneto olefínico) e tem fórmula útil na fabricação de outros produtos, através
geral CnH2n. Cada carbono de um cicloalcano de diferentes processamentos e/ou conversões.
liga-se tetraedricamente, ou aproximadamen- Nas gasolinas craqueadas e nos produtos resi-
te isto, a dois outros carbonos e dois hidrogê- duais, são encontrados muitos dos membros
nios. A Tabela 3 apresenta as fórmulas estru- superiores dessa série.
turais regulares e simplificadas dos quatro pri-
meiros cicloalcanos. Observe que, à semelhan- 2.4.4 Propriedades dos Hidrocarbonetos
ça do que ocorre como os alcanos, os nomes Saturados
indicam o número de átomos de carbono de
cada molécula, adicionado apenas do prefixo Os alcanos e cicloalcanos são compostos
ciclo, que indica a estrutura cíclica do com- não-polares usados como solventes para ou-
posto carbônico. tras substâncias não polares, como matéria-
prima na indústria para a síntese de outros
Tabela 3. Alguns Hidrocarbonetos Olefínicos compostos orgânicos, e como combustíveis.
São, geralmente, menos densos do que a
ou Cicloalcanos água e apresentam pontos de fusão e de ebu-
Fórmula lição que tendem a aumentar com o peso
Fórmula Fórmula estrutural Nome
molecular estrutural IUPAC molecular (Tabela 1). Isômeros constituídos de
simplificada
moléculas mais compactas (com forças de
London mais fracas) em geral se fundem e fer-
C3H6 Ciclopropano vem a temperaturas mais baixas do que os
isômeros de cadeias mais extensas.
À temperatura ambiente, os alcanos fre-
C4H8 Ciclobutano qüentemente não reagem com ácidos, bases,
agentes oxidantes ou redutores. Os alcanos, en-
tretanto, reagem com agentes oxidantes pode-
rosos, como o O2 (em altas temperaturas, na
combustão), F2 e Cl2. Os cicloalcanos são
C5H10 Ciclopentano igualmente não reativos, com exceção do ci-
clo propano (C3H6) e o ciclobutano (C4H8), que
tendem a sofrer reações em que a cadeia
carbônica é aberta.
Os hidrocarbonetos saturados são encon-
trados no gás natural e no petróleo. O gás na-
tural é composto, principalmente, de metano,
C6H12 Ciclohexano mas contém algum etano e ainda outros hidro-
carbonetos de baixa temperatura de ebulição.
O metano é produzido pela decomposição de
animais e plantas nos pântanos e por isso foi
chamado de gás do pântano. Forma-se, tam-
bém, na decomposição do lixo caseiro e resídu-
os das fazendas; atualmente, tecnologias estão
Esta série está ausente do óleo cru ou sua sendo desenvolvidas para a exploração destas
concentração é muito baixa. Os processos de fontes potenciais de combustíveis valiosos.
craqueamento, entretanto, produzem grandes
quantidades de olefinas. As olefinas possu-
em propriedades antidetonantes melhores que 2.4.5 Reações dos Hidrocarbonetos Saturados
as parafinas normais, mas têm propriedades Os hidrocarbonetos saturados são, geral-
inferiores às parafinas muito ramificadas e às mente, muito pouco reativos. Queimam quan-
dos aromáticos. A utilidade das olefinas nas do em excesso de ar ou em oxigênio, produ-
misturas é pequena em função de sua zindo água e dióxido de carbono: 79
reatividade química, pois podem polimerizar-
se ou oxidar-se ao serem armazenadas. As ole- CH4(g) + 2 O2(g) CO2(g) + 2 H2O(g)
finas, entretanto, constituem a classe mais im-
portante dos derivados químicos do petróleo, ∆ HO = –802 kJ.mol–1
Química Aplicada
Limitando-se a quantidade de oxigênio, A dupla ligação carbono-carbono, em to-
forma-se o monóxido de carbono e menos calor: dos os alcenos, é semelhante àquela do eteno.
Os alcenos são denominados tomando-se o
CH4(g) + 3/2O2(g) CO(g) + 2 H2O(g) nome do alcano correspondente e substituin-
∆ H = –519 kJ.mol–1
O do-se o sufixo ano por eno e, quando necessá-
rio, empregando-se um número para localizar
Utilizando-se ainda menos oxigênio, há a o “início” da dupla ligação. Os carbonos são
formação de carbono, sob a forma de fuligem numerados de modo tal que esse número seja
ou negro de fumo: o menor possível. Exemplo:

CH4(g) + O2(g) C(s) + 2 H2O(g) CH3 — CH2 — CH2 — CH —


— CH2
∆ HO. = –409 kJ.mol–1 1 penteno e não 4 penteno

Os alcanos e cicloalcanos reagem com os 2.5.2 Os Alcinos


halogênios, produzindo misturas de vários hi- Hidrocarbonetos com uma tripla ligação
drocarbonetos halogenados. Por exemplo, o em suas moléculas são chamados de alcinos e
metano reage com o cloro gasoso, a tempera- possuem fórmula geral CnH2n – 2. O alcino mais
turas elevadas ou em presença de luz, forman- simples é o etino (nomenclatura IUPAC),
do os seguintes compostos: CH3Cl, CH2Cl2, comumente denominado de acetileno
CHCl3 e CCl4.
Os cicloalcanos sofrem certas reações de H—C—

—C—H Etino (acetileno)
abertura do anel.
Um exemplo é a hidrogenação catalítica A Tabela 4 apresenta os nomes e as estru-
do ciclopropano em presença de níquel. Re- turas de alguns alcinos. Os alcinos são deno-
presentando a molécula do ciclopropano minados da mesma maneira que os alcenos,
apenas empregando-se o sufixo ino em vez de
eno, de acordo com a IUPAC.

2.5.3 Propriedades dos Hidrocarbonetos


Insaturados
por , esta reação pode ser mostrada Os alcenos e alcinos são compostos não-
polares ou levemente polares que, semelhante
como: aos alcanos, apresentam temperaturas de fu-
são e ebulição que aumentam com a massa
molar. Estes compostos, entretanto, diferente-
ciclopropano propano mente dos alcanos, são bastante reativos qui-
micamente.
2.5 Hidrocarbonetos insaturados Não existem fontes naturais importantes
Hidrocarbonetos insaturados são aqueles de hidrocarbonetos insaturados. Os alcenos são
cujas moléculas possuem uma ou mais liga- obtidos industrialmente como produtos de re-
ções múltiplas. Incluem os alcenos e alcinos. finação do petróleo. Os alcenos podem ser sin-
tetizados por meio de reações de eliminação
2.5.1 Os Alcenos em que dois átomos ou grupos, em carbonos
São hidrocarbonetos que possuem ligação adjacentes de uma cadeia saturada, são remo-
dupla carbono-carbono e, de maneira idêntica vidos simultaneamente, deixando uma dupla
aos cicloalcanos, apresentam a fórmula geral ligação. Assim, cloreteno, quando aquecido
CnH2n. O alceno mais simples é o eteno (no- com uma solução de hidróxido de potássio em
menclatura IUPAC), chamado também de etanol, reage formando o eteno (etileno).
etileno.
80

cloreteno eteno
Eteno (etileno)
Química Aplicada
Etino (acetileno) pode ser preparado pela O benzeno – C6H6 – é uma molécula
adição de água ao carbeto de cálcio. cíclica que, de acordo com a teoria da ligação
pela valência, é descrita como um híbrido de
CaC2(s) + 2 H2O H — C—
— C — H(g) + Ca2+(aq) + 2OH–(aq)
— ressonância.
Etino (acetileno) A fórmula estrutural do benzeno é, algu-
mas vezes, abreviada como:
2.5.4 Reações dos Hidrocarbonetos Insaturados
Um alceno, em geral, deve sua reatividade
à presença de sua ligação π. Um eletrófilo, um
átomo ou grupo de átomos ávido por elétrons,
pode romper esta ligação π. Assim, bromo, por Ou, ainda, pode ser apresentada confor-
exemplo, reage com o propeno formando 1,2- me estrutura abaixo.
dibromopropano, conforme reação abaixo:

propeno 1,2-dibromopropano
O hexágono representa a cadeia sigma da
Esta reação é chamada de adição. Diz-se molécula, e o círculo, os elétrons deslocalizados
que o bromo adiciona-se à dupla ligação. A π. Todos os hidrocarbonetos aromáticos mais
adição do hidrogênio a um alceno fornece um simples contêm o anel benzênico como parte
alcano. de sua estrutura molecular.
Os hidrogênios, em uma molécula de
H2 + CH2 —
— CH — CH3 CH3 — CH2 — CH3
benzeno podem ser substituídos por grupos
propeno propano
alquila, dando origem ao metilbenzeno ou
Ácidos de halogênios, como o ácido clo- tolueno. Há, também, a possibilidade da adi-
rídrico, também adicionam-se às duplas liga- ção de dois grupos alquila, originando três
ções, por exemplo: compostos, conforme segue:

Propeno 2-cloropropano

2.6 Compostos de cadeia fechada


2.6.1 Série Naftênica, CnH2n
Esta série, cuja fórmula coincide com a
Outro tipo de hidrocarboneto aromático
das olefinas, tem seus membros completamen-
possui anéis benzênicos condensados. O exem-
te saturados. É a segunda série mais abundan-
plo mais simples de tais compostos é o
te, na maior parte dos crus. Seus membros são
naftaleno (antitraças)
o metilciclopentano (0,95%, 1,3% e 0,5%) ,
cicloexano (0,78%, 0,66% e 0,64%),
dimetilciclopentanos (1,75%, 2,0% e 1,0%) e
metilcicloexano (1,8%, 2,4% e 2,0%), nos óle-
os crus de Ponca, Oklahoma, do Texas Oriental
e de Bradford, Oklahoma. Estes naftenos pre- Misturas de hidrocarbonetos aromáticos
dominam na maioria dos gasóleos e dos óleos podem ser obtidas do alcatrão da hulha sepa-
lubrificantes de todos os tipos de petróleo. Tam- radas por destilação fracionada. Atualmente,
bém estão presentes nos produtos residuais. a maior parte do benzeno, tolueno e xileno é
obtida quimicamente a partir dos alcanos do
2.6.2 Série Aromática ou benzênica petróleo. 81
Os hidrocarbonetos aromáticos constitu- O hexano é aquecido a 400ºC, com platina
em um tipo especial de hidrocarbonetos insa- como catalisador, produzindo o benzeno. Este
turados. O exemplo mais conhecido de um é um processo que, na indústria de refino, rece-
hidrocarboneto aromático é o benzeno. be a denominação de reforma catalítica.
Química Aplicada
As quantidades de aromáticos presentes Gás natural – ocorre em acumulações sub-
na maioria dos petróleos é pequena. Na maio- terrâneas, em reservatórios porosos, com
ria das vezes, eles são obtidos no processa- ou sem petróleo. É composto, principalmente,
mento químico e, como as olefinas, têm boa de hidrocarbonetos da série parafínica, do
qualidade antidetonante. metano ao pentano, dióxido de carbono, ni-
Os petróleos crus caracterizam-se pela trogênio e, às vezes, hélio, quando aparecem
variabilidade de composição e devem ser ca- os hidrocarbonetos insaturados. Os produtos
racterizados antes da refinação. No decorrer mais importantes obtidos do gás natural são o
dos anos, consolidou-se a divisão dos crus em combustível, gasolina natural, o GLP, o negro
três “bases”: de fumo, o hélio, o hidrogênio e derivados pe-
1. Base Parafínica: são óleos constituídos troquímicos.
principalmente por compostos de ca-
deia aberta, que fornecem, por destila- Líquidos do gás natural – A gasolina ex-
ção, a gasolina de baixa octanagem e traída do gás natural é diferenciada da gasoli-
óleos lubrificantes de excelente quali- na de destilação pelo qualitativo natural ou
dade, porém cerosos. leve. A gasolina recuperada do gás natural é
2. Intermediária: são os crus que contêm bastante volátil, apropriada para misturas nos
grande quantidade de compostos para- combustíveis automotivos. As usinas de ga-
fínicos e naftênicos e fornecem gasoli- solina natural estão produzindo, por isomeri-
nas de tipo médio e óleos lubrifican- zação, grandes quantidades de isobutano e
tes. Nesse óleos, encontram-se ceras e isopentano puros para alquilação com olefi-
asfalto. nas leves, como buteno, para o fornecimento
3. Base Naftênica: esses crus contêm ele- de gasolina alquilada.
vada porcentagem de compostos
cíclicos (naftênicos) e fornecem gaso- Gases de craqueamento ou refinaria – o
lina de octanagem relativamente eleva- gás natural não tem hidrocarbonetos insatura-
da. As frações de óleos lubrificantes dos e hidrogênio; estes compostos estão pre-
devem ser refinadas a solventes. O as- sentes, contudo, nos gases de craqueamento
falto está presente. das refinarias. Em virtude das grandes quanti-
Os produtos do petróleo foram, há muito, dades de hidrocarbonetos insaturados, e, por-
divididas em frações comercializáveis obtidas tanto, quimicamente reativos produzidos nos
pelo fracionamento nas operações de refino. processos de craquemanto, a indústria do pe-
É uma divisão pelas faixas de ebulição. Na tróleo está desenvolvendo uma linha de sínte-
verdade, a separação natural que ocorre quan- se. Os hidrocarbonetos olefínicos destes ga-
do o petróleo deixa as jazidas, em gás natural ses craqueados são usados para a fabricação
e cru, está baseada no mesmo princípio. As de gasolina polimerizada ou alquilada, de an-
frações da refinaria podem ser classificadas, ticongelantes, de derivados petroquímicos, de
esquematicamente, da seguinte forma: explosivos, de solventes, de artigos medicinais,
Gasolina natural e gás natural de fumigantes, resinas, borrachas sintéticas e
muitos outros produtos. Quando o teor de ole-
GLP finas não é suficiente, elas são fabricadas pela
Destilados leves desidrogenação das parafinas.
Gasolinas automotivas, naftas, combustível
de jato, querosene e óleos combustíveis leves. Gases liqüefeitos de petróleo (GLP) – os
hidrocarbonetos leves, como o propano e o
Destilados médios butano, que são produzidos como subprodutos
Óleos combustíveis médios, óleo diesel e da gasolina natural, com ampla utilização
gasóleo. como gás de petróleo “engarrafado”, para uso
Destilados pesados doméstico e para aquecimento e como gás de
Óleos minerais pesados, óleo de flotação cidade; também são usados como combustí-
82 pesado, ceras, óleos lubrificantes. vel, em casos especiais (tratores de fazendas e
outros, caminhões, ônibus). Uma quantidade
Resíduos crescente está sendo usada na fabricação de
Óleos lubrificantes, óleos combustíveis, produtos petroquímicos. Parte do gás é usada
petrolato, óleos impermeabilizantes, asfaltos como fonte de energia para transporte. O GLP
e coque.
Química Aplicada
é competitivo com muitos tipos de combustí- Desidrogenação
vel em uso atualmente. O gás engarrafado é
usado em muitas áreas rurais – afastadas dos
dutos distribuidores de gás – para cozinha, ilu-
minação, aquecimento de água e refrigeração.
+
Produtos de refinação
Precursores petroquímicos – São subs-
tâncias convertidas a partir do gás natural, do
gás de craqueamento, do GLP e de frações de
cadeia fechada. Para distinguir e acentuar a im-
portância crescente do acetileno, das olefinas cicloexano benzeno
e dos aromáticos na obtenção dos petroquími- substituído
cos, estes compostos estão sendo designados
como “precursores” dos intermediários que Aromatização
levam aos produtos acabados e comercializa-
dos. Estes precursores ou são convertidos qui-
micamente, a partir de materiais do petróleo
natural bruto, ou são isolados de frações de
craqueamento. Os principais precursores são:
acetileno, eteno, propeno, buteno, benzeno,
tolueno, xileno e naftaleno.
As fontes de petróleo e de carvão dos pre-
cursores aromáticos das substâncias petroquí-
micas aparecem na Figura 3, juntamente com metil ciclo
pentano benzeno
as suas respectivas relações (Figura 4). A pro-
dução a partir do petróleo está aumentando ra-
pidamente. As reações típicas para a conversão
de cargas apropriadas a benzeno são:

Gás de refinaria 5.300 kg/h Gás residual


COMPRESSÃO, PURIFICAÇÃO

5.560 kg/h
Nafta leve destilada
E FRACIONAMENTO

Eteno 7.580 kg/h

Etano reciclado
GLP propano PIRÓLISE
1.605 barris/dia Propeno para
polimerização catalítica
Etano reciclado 1.768 barris/dia

Gás de reforma em
excesso 1.350 kg/h
Nafta leve Hidrocarbonetos em C4
destilada HIDROGENAÇÃO para adição à gasolina
1.193 barris/dia
ABSORÇÃO

Gás de reforma Óleo combustível


2.000 kg/h 70 barris/dia
Figura 3 – Fluxograma da produção do eteno e do propeno a partir do gás de refinaria.(5)

83
Química Aplicada
Negro de fumo
Cloreto de vinila

GÁS NATURAL Acetileno Acrilonitrila

Acetaldeído

Metano Álcool metílico

Álcool etílico

Eteno Óxido de eteno

Álcool isopropilico
Propeno Etibenzeno
PETRÓLEO
Polipropileno
Buteno
Butadieno

Anidrido maleico
Benzeno
Fenol

Tolueno Benzaldeído

Ácido benzoico
CARVÃO Xileno
MINERAL Anidrido itálico

Naftaleno

Coque
Figura 4 – Relações entre os percursores do gás natural, das frações de petróleo e do carvão.(5)

O tolueno, há muito, é feito de matérias-pri- dos motores com alta taxa de compressão, tor-
mas petrolíferas, existindo em quantidades re- nou-se comum a tendência de o combustível
cuperáveis em certos tipos de óleo. A maior par- detonar violentamente (bater pino) (o que se deve,
te, no entanto, é feita pela desidrogenação da nafta segundo se pensa, à auto-ignição de parte da car-
como mostra a seguinte reação típica: ga comprimida na frente da chama). O número
Desidrogenação: de octanas é igual à percentagem de isooctana
(2,2,4-trimetilpentano) numa mistura com
C6H11CH3 C6H5CH3 + H2 heptano normal, que, como amostra de combus-
(conversão de 80%) tível, tem as mesmas características de detona-
ção que a gasolina em questão. A gasolina de
Qualquer tolueno em excesso é desmeti- aviação, com um número de octana igual a 100
lado a benzeno ou usado para elevar o número ou maior, é composta por um terço de derivados
de octanas da gasolina. alquilados do isobutano de olefinas gasosas, mis-
O naftaleno com o benzeno foi feito pela turado com gasolina cataliticamente craqueada
desalquilação catalítica de uma corrente pesa- e destilados apropriados do óleo cru.
da de reforma a 1200ºF psi (649ºC), com um O termo nafta refere-se a qualquer produ-
catalisador de Cr2O3 e Al2C3, durante um tem- to leve tendo propriedades entre as da gasoli-
po de exposição de 10 s. O naftaleno é mais na e as do querosene. As naftas são usadas
puro que o produto corrente proveniente do extensamente como solventes industriais de
alcatrão da hulha. tintas, em lavagem a seco, e como matéria-
Destilados leves(5) – Compreendem as prima para o eteno. Nos aviões a jato, usa-se
84 naftas e óleos refinados, a gasolina de avia- mais querosene que toda a gasolina de avia-
ção, a gasolina de automóveis, os solventes ção usada em outras aeronaves. O querosene
do petróleo e o querosene para jatos. A gasoli- também é usado como combustível e como
na encabeça a lista como o mais importante iluminante. Os óleos leves combustíveis são
entre os produtos do petróleo. Com o advento empregados em fornalhas domésticas.
Química Aplicada
Aditivos dos produtos do petróleo(5) – e deve estar entre limites rígidos. Os destila-
As “diminutas” quantidades de produtos dos também podem ser usados como veículos
aditivos são de grande valor na melhoria do para inseticidas.
desempenho dos produtos de petróleo em ge-
ral, quando acrescentadas a gasolinas, aos des- Destilados pesados(5) – Fornecem os óle-
tilados, aos óleos combustíveis, aos óleos lu- os lubrificantes (que também são provenien-
brificantes e aos fluidos de freio. tes dos resíduos), os óleos pesados para diver-
A gasolina sem chumbo deve ter maior sos empregos e as parafinas. Os destilados pe-
teor de componentes de alta octanagem e exi- sados são também hidrocraqueados a combus-
ge maior reforma. Os aditivos organofosfora- tíveis mais leves e a gasolina. A Society of
dos, como os fosfodioatos e o fosfato de Automotive Engineers (SAE) teve grande pa-
tricresila, são modificadores de depósitos na pel na classificação dos óleos, mediante a in-
câmara de combustão e são aduzidos à maior trodução de um sistema numérico baseado na
parte das gasolinas extracomercializadas. viscosidade e na modificação da viscosidade
Os antioxidantes (derivados do fenol, com a temperatura (índice de viscosidade). Os
como 2,6-di-tert-butil-4-metilfenol) estabili- ensaios que envolvem a determinação do ponto
zam as diolefinas da gasolina e reduzem a for- de fulgor, da viscosidade, do ponto de fluidez,
mação de gomas. Os aditivos antiafogamento da emulsionabilidade e da resistência à forma-
aumentam de volume com o tempo frio e são, ção de lamas são importantes para a determi-
muitas vezes, agentes crioscópicos, como o nação do emprego que deve ter o óleo. No
álcool isopropílico. Entre os inibidores de cor- melhoramento dos lubrificantes, a extração por
rosão, estão os sulfonatos de amônio. solvente e o tratamento químico são, há mui-
Nos óleos diesel, é necessária, freqüente- to, operações importantes. O desempenho da
mente, a presença de aditivos para aumentar o maior parte dos lubrificantes é melhorado pelo
número de cetanas; usam-se nitratos de alquila. uso de aditivos como antioxidantes, detergen-
Os aditivos dos óleos lubrificantes são tes, agentes para pressão muito alta, compos-
dialquilditiofosfatos de zinco, obtidos pela re- tos antiespumantes, melhoradores do índice de
ação do pentassulfeto de fósforo com álcoois viscosidade e agentes antiarranhantes. A pa-
e fenóis, seguida pela neutralização com óxi- rafina refinada é amplamente utilizada na in-
do de zinco; inibem a corrosão e a oxidação e dústria, especialmente no tratamento do papel.
ajudam a formação de um verniz, ou película, A refinação pode ser feita pela separação em
nos motores de combustão interna. diversas frações com intervalo estreito de fu-
são, por transpiração e por cristalizações pro-
Destilados intermediários(5) – Incluem o gressivas. A parafina refinada é polida por um
gasóleo, o óleo de fornalha pesado (domésti- tratamento a ácido (sulfúrico) e percolação
co), o óleo de craqueamento, o óleo diesel com- através de um adsorvente, por exemplo, de uma
bustível, o óleo de absorção e destilados argila, como a atapulgita.
craqueados e reformados, para a obtenção de Os resíduos incluem o asfalto, o óleo com-
gasolina de qualidade adequada. bustível residual, o coque e o petrolato. São
co-produtos ou resíduos, do processo normal
Muitas vezes, misturam-se os destilados de refinação. O coque de petróleo é usado co-
com alcatrão pesado para reduzir a viscosida- mercialmente para a fabricação de eletrodos,
de do alcatrão, de modo que este possa ser na fabricação do carbeto de cálcio, em tintas e
comercializado como óleo combustível. na indústria de cerâmica.
Algumas naftas pesadas especiais são usa- O asfalto é de grande importância, sendo
das para reduzir a viscosidade do asfalto, de usado como material de pavimentação ou
modo que ele possa ser facilmente aplicado como material para telhados, em estruturas à
como óleo para revestimento de estradas; o prova de água. As propriedades do asfalto po-
material é conhecido como asfalto diluído. dem ser marcadamente alteradas pelo aqueci-
Antigamente, o gasóleo era pirolisado para mento a alta temperatura e pela oxidação pro-
enriquecer o gás artificial; hoje a maior parte vocada pela sopragem de ar. O material resul-
é usada como combustível ou craqueada em tante, o asfalto oxidado, é mais viscoso e me- 85
gasolina. O diesel combustível é um tipo es- nos resiliente que o asfalto ordinário e ampla-
pecial de gasóleo, que se tornou um material mente usado em telhados como massa ligante.
importante nos últimos anos. A viscosidade O asfalto muito duro é um tanto usado como
apropriada do diesel combustível é essencial aglutinante de briquetes.
Química Aplicada
As graxas, que constituem um grande gru- aos produtos uma cor aceitável; filtros, tan-
po de materiais diferentes, classificam-se em ques de homogeneização e mistura da carga;
três divisões: sistema de dutos para recepção do óleo cru;
1. Misturas de óleo mineral e de lubrifi- bombas para transferência dos óleos e para
cantes sólidos; carga e embarque dos produtos; tanques de
2. Misturas homogêneas de ceras, gordu- estocagem do suprimento de óleo e dos pro-
ras, óleos resinosos e piches; dutos acabados; sistema de recuperação de
3. Óleos minerais espessados a sabões. vapor e diversos auxiliares. Deve-se incluir,
também, uma usina para geração de vapor, e,
Produtos petroquímicos – São derivados possivelmente, de luz e eletricidade.
dos produtos do petróleo e do gás natural, em A separação do refino pode ser subdividi-
quantidades crescentes. São exemplos o amo- da em operações unitárias usuais:
níaco, o negro de fumo, o butadieno e o Destilação. Esta se classifica entre as mais
estireno, e mais diversos milhares de substân- importantes das operações unitárias. Nesta
cias químicas, inorgânicas e orgânicas de va- operação, a separação baseia-se na volatilida-
lor crescente. de, e a corrente de processo pode ser separa-
da, mediante a destilação, num componente
mais volátil, “mais leve”, e num outro menos
Refinação(5) volátil, “mais pesado”. As operações mais an-
A refinação dos produtos do petróleo e dos tigas de destilação descontínua foram quase
produtos petroquímicos envolve dois ramos inteiramente superadas pelas de destilação
principais, as modificações físicas, ou opera- contínua. Os sistemas usados compreendem o
ções de separação, e as modificações quími- aquecimento do óleo, mediante seu bombea-
cas, ou conversões. mento através de tubos colocados num forno,
A princípio, a refinação envolvia a sepa- seguido pela vaporização numa coluna de fra-
ração por destilação, que, por sua vez, com- cionamento com diversas saídas laterais, que
preende as operações unitárias de escoamento possibilitam a retirada de frações com várias
de fluidos, de transferência de calor e de des- faixas de ebulição, os cortes ou produtos. O
tilação. Estas separações puramente físicas resíduo do fundo da coluna pode ser sujeito à
foram, desde muito cedo, suplementadas pe- destilação a vácuo ou a vapor. A Figura 1 é
las conversões químicas no refino dos produ- uma representação esquemática de um grupo
tos de petróleo. Na pirolisação dos produtos de refinação, mostrando a separação do óleo
do petróleo, no processo conhecido industri- cru nas diversas frações e o tratamento subse-
almente como craqueamento, as moléculas qüente de cada fração. Os vários produtos são
longas são quebradas em moléculas mais cur- removidos da torre de óleo cru, conforme o
tas, convenientes para a nafta. Embora o cra- esquema. As frações de querosene e nafta con-
queamento, térmico ou catalítico, ainda seja a têm pequenas frações de gasolina imperfeita-
modificação química mais importante usada mente destilada, de volatilidade mais elevada
na indústria do petróleo, outras conversões
que a fração principal. A separação destas fra-
químicas têm sido usadas em grande escala nos
ções é feita em retificadores (pequenas colu-
últimos anos, para atender à demanda de me-
nas contendo somente alguns pratos) median-
lhor gasolina e de álcool, de acetona e de di-
versas outras substâncias derivadas do petró- te a sopragem de vapor de água. A gasolina
leo. Entre elas podemos citar a alquilação, a vaporiza-se no topo do retificador e retorna à
isomerização, a polimerização, a hidrogena- torre de cru.
ção, a reforma catalítica e a desidrogenação. Em muitas aplicações da destilação para
Operação de separação – Uma refinaria separar os produtos de petróleo, a diferença de
consiste em uma ou mais unidades, unidade de volatilidade é muito baixa para ser prática e deve
destilação, que compreende: um forno, um ser realçada pela adição de um solvente ou
calefator de óleo, uma torre de fracionamen- carreador. A variedade de destilação em que se
to, retificadores a vapor, equipamento de tro- usa um solvente de volatilidade baixa para re-
86 ca térmica, resfriadores e condensadores; tam- alçar a separação é denominada destilação
bores de acúmulo na unidade; agitadores extrativa. Um exemplo é a separação entre
descontínuos ou unidades a tanque fechado de butenos e butano mediante o furfural. Quando
operação contínua, para tratar os produtos e se adiciona como carreador um solvente de
remover compostos nocivos de enxofre e atribuir volatilidade alta, a operação é denominada
Química Aplicada
destilação azeotrópica. Um exemplo de des- importante no refino subseqüente dos óleos
tilação azeotrópica é o da produção de tolueno lubrificantes. Outro exemplo é a produção de
de elevada pureza mediante a metiletilcetona benzeno, de tolueno e de xilenos mediante a
e, também, a destilação para se ter álcool anidro. extração de petróleo especialmente processado.
É possível remover de óleos lubrificantes, com
Refinação do petróleo(5) este processo, hidrocarbonetos de baixo índi-
Para aumentar a eficiência da destilação, ce de viscosidade, suspensões instáveis e al-
usam-se bandejas de tela, ou bandejas de Linde. guns materiais corados. Em geral, a extração
A absorção é geralmente usada para se- é feita em contracorrente. Existem dois pro-
parar os constituintes de elevado ponto de ebu- blemas: obtenção de soluções em equilíbrio e
lição de outros componentes de um sistema separação de duas fases imiscíveis. Um exem-
de vapores e gases. Usualmente, o meio de ab- plo, o da refinação extrativa de óleos lubrifi-
sorção é um gasóleo especial. A absorção é cantes com o furfural, está ilustrado na Figu-
amplamente usada na recuperação da gasoli- ra. 5. O furfural é especialmente eficiente na
na natural no gás de poço e nos vapores dos remoção de substâncias coradas, de compos-
tanques de estocagem. A absorção também tos de enxofre e de moléculas que contenham
leva à obtenção de hidrocarbonetos leves de oxigênio, presentes em óleos lubrificantes. A
muitos processos de refinação (craqueamen- Figura 6 mostra um processo típico de refina-
to catalítico, hidrocraqueamento, coqueificação, ção, a extração por solvente para um óleo lu-
etc.). O óleo solvente pode ser gasolina pesada, brificante. O óleo é misturado com o solvente,
querosenes ou até óleos mais pesados. Os pro- ou com os solventes, numa coluna do extrator.
dutos absorvidos são recuperados por fraciona- Quando se escolhe apropriadamente o solven-
mento ou por retificação a vapor de água. te, a mistura separa-se em duas camadas, uma
A adsorção é um processo usado quase com rica no solvente contendo as impurezas dissol-
o mesmo objetivo que a absorção; nos casos que vidas (extrato), e a outra contendo pouco sol-
mencionamos, a gasolina natural pode ser sepa- vente e a maior parte do óleo desejado (refina-
rada do gás natural por adsorção em carvão. A do). Este é constituído, em grande parte, por
adsorção também é usada para remover colora- compostos e ceras parafínicas. A desparafina-
ção indesejável de óleos lubrificantes, geralmen- ção com propano ou com metiletilcetona é a
te, mediante o emprego de argilas ativadas. operação seguinte da separação seletiva por
A filtração, após o resfriamento, é o mé- solvente, na Figura 6. Algumas vezes, a desas-
todo usual de remoção de parafina dos desti- faltização é parte da seqüência (Figura 7).
lados. A mistura de parafina e de óleo aderen- O procedimento que aparece nas Figuras
te obtida na prensa de filtragem é congelada e, 5 e 6 envolve as seguintes operações unitári-
depois, deixada a aquecer lentamente; o óleo
as, usando-se o furfural como solvente:
é exsudado da torta, o que purifica mais ainda a
parafina. A filtração a contato envolve o uso de Extração do lubrificante em contracorrente
argila, e é o método comum de purificação dos contínua com o furfural, em temperaturas en-
óleos; simultaneamente, faz-se o descoramen- tre 130 e 280ºF (54 e 138ºC), dependendo do
to (este é um fenômeno de adsorção). São usa- óleo usado; operam trocadores de calor apro-
dos como solventes de desparafinação, o priados.
propano e a metiletilcetona (sigla inglesa MEK). Separação contínua entre o refinado e o
extrato.
A cristalização é uma das mais antigas
operações de separação. Mediante a cristali- Recuperação do solvente (furfural) por
zação, a parafina pode ser removida do óleo evaporação a vácuo do refinado, isto é, do óleo
cru ou do óleo lubrificante, dando parafina cris- refinado.
talina ou microcristalina de baixo teor de óleo. Retificação mediante destilação a vapor
A cristalização também é aplicável à separa- de pequenas quantidades de solvente remanes-
ção do p-xileno de outros aromáticos em Cx, centes no óleo refinado, obtendo-se furfural
dando produto de alta pureza para a fabrica- úmido ou solução aquosa de furfural.
ção do ácido tereftálico. Recuperação do solvente (furfural) no ex- 87
A extração envolve a remoção de um com- trato por destilações atmosféricas e sob pres-
ponente de um líquido mediante a ação sol- são, sendo a principal fração a de solvente
vente seletiva de outro líquido. O procedimen- úmido (furfural); o fracionamento deixa o resí-
to de extração seletiva mediante solventes é duo do solvente seco, pronto para ser reutilizado.
Química Aplicada
Retificação a vapor de pequenas quanti- vezes por dia, com uma perda muito pequena,
dades de solvente no extrato, obtendo-se sol- inferior a 0,03%, do solvente recirculado.
vente úmido ou solução aquosa do solvente. Outros solventes freqüentemente usados
são o dióxido de enxofre líquido, o propano e o
Indústrias de processos químicos ácido cresílico, o éter dicloroetílico, o fenol e o
Retificação final do solvente das soluções nitrobenzeno. Os solventes são também ampla-
aquosas reunidas; o produto de topo é resfria- mente usados na remoção de parafinas dos lu-
do e o solvente é remetido ao fracionador. brificantes e contribuem para abaixar o ponto
Quando se usa o furfural como solvente, de fluidez. As Figuras. 5 e 8 apresentam as
ele recircula pelo sistema no mínimo umas 15 purificações típicas de óleos lubrificantes.

Resfriador Furfural recuperado Vapor úmido do solvente

Furfural de Torre de flash Camada


do óleo a vác. aquosa
reposição Regul.
Óleo (+ solvente) de pres. Camada de Tambor de

Retificador do extrato a vapor


(Refinado) furtural decantação
Torre de flash

Água do furtural

Ext. furtural da água


Torre de extração do extrato
em contracorrente (1 atm)
Extrato
Aquecedor livre de
(Pressão 2,7 atm)

Vapor superaq. solvente

Água efluente
Conexões do
controle de Aquecedor Aquecedor
Torre de flash

Retificador
do extrato

temperatura
Vapor superaq.

Tambor de
acúmulo
do óleo a
Óleo Resfriador vapor
Vapor
Óleo
Tambor
lubrificante de Óleo mais de lubrificante
solvente água refinado
para o refino acúmulo
Extrato
Extrato (+ solvente) Troc. de calor Óleo purificado

Figura 5 – Fluxograma da refinação de óleo lubrificante por extração a furfural.(5)

Solvente
SOLVENTE recuperado REFINADO
RETIFICADOR
EVAP. A

A
VÁC.

Vapor
FRACIONADOR

Vapor
RETIFICADOR

Vapor de
Separador

água Condensadores
EXTRATOR

Vapor de
B Calefator extração
RETIFICADOR
EVAP.

PRES.
EVAP.

C
ÓLEO
Água isenta EXTRATO
AFLUENTE Vapor de
D de solvente
água

Processo de refinação do solvente Separação


solvente-água
Legenda:
A = refinado e solvente. C = solvente saturado por água.
B = extrato e água. D = água saturada por solvente.

Figura 6 – Processo típico de refinação a solvente, empregando furfural, com serapação entre o solvente e a água e recuperação
do solvente.(5)
88
Química Aplicada

CONDENSADOR A JATOS
H2O
Evaporação de
RETIFICADORES
propano COMPRESSOR
Vapor de água

AQUECEDOR
Condensador
Óleo cru
reduzido

Vapor de água
TAMBOR DE
PROPANO

TORRE DE Vapor de Vapor


DESASFALTIZAÇÃO água de
água
TAMBOR
Legenda Vapor de água
DE FLASH
Linhas de líquido Óleo desasfaLtizado
Linhas de vapor
FORNO Asfalto

Figura 7 – Exemplo de: Fluxograma da desasfaltização do óleo lubrificante.(5)

Propano de
reposição

CONDENSADOR
Vapor de propano
COMPRESSOR CONDENSADOR
TAMBOR DE COLETOR A JATOS
PROPANO A BAIXA H2O
TEMPERATURA TANQUE
DE
PROPANO
FRIO
TANQUE DE CONTACTOR
SOLUÇÃO Propano RETIFICADOR
QUENTE
RESFRIADOR REFRIGE- FILTRO
RADOR
Vapor
Óleo AQUECEDOR TANQUE DE
parafinado CARGA
Parafina
COND. TANQUE DE
ÁGUA FILTRADO
TAMBOR DE
PROPANO A ALTA RETIFICADOR
TEMPERATURA
EVAPORADORES DE PROPANO
Vap. a Vapor Vap.
baixa a alta Vap. Vapor
Linhas de líquido pres. pres. Óleo
Linhas de vapor desparafinado

Figura 8 – Exemplo de: Desparafinação do óleo lubrificante.(5)

Processos de conversão
O petróleo oferece um campo tão fértil para químicas aplicadas às matérias químicas pe-
a síntese química, não só para nafta, mas tam- trolíferas. Schmerling faz uma divisão em re-
bém para petroquímicos, que é difícil listar to- ações “na presença de catalisadores do tipo áci-
dos os processos unitários ou as conversões que do” e “reações que ocorrem termicamente ou
podem ser aplicadas a esta matéria-prima. Atu- são induzidas por peróxidos”. As primeiras 89
almente, “cerca de 70% do petróleo dos Esta- são explicadas por mecanismos com íon
dos Unidos são sujeitos a um processamento carbônico e as últimas mediante radicais li-
de conversão”. É grande o volume de investi- vres. As seguintes são exemplos de algumas
gação realizado em torno destas transformações das reações básicas importantes.
Química Aplicada
1. Craqueamento ou pirólise (Figuras 9 até 15). Decomposição das grandes moléculas de
hidrocarbonetos em moléculas menores, pela ação do calor ou de catalisadores. São co-
muns os catalisadores de zeólitos.(5)
C7H15 . C15H30 . C7H15 C7H16 + C6H12 : CH2 + C14H28 : CH2
Gasóleo pesado Gasolina Gasolina Óleo de reciclo
(antidetonante)

CONVERSOR
ORTHOFLOW

FRACIONADOR Vapor para a


unidade de
recuperação do
REATOR gás

Líquido para a
unidade de
recuperação do
gás

Óleo
enriquecido do
absorvedor
RETIFICADOR
RETIFICADOR DE ÓLEO
LEVE DE RECICLO

Gás de chaminé
Vapor de água
Vapor
de água Óleo leve
de reciclo

REGENERADOR

Vapor de água Óleo pesado


de reciclo
Ar
Calefator
do ar

Carga virgem
SOPRADOR DE AR de gasóleo
Figura 9 – Exemplo de: Conversor de craqueamento catalítico. As áreas pontilhadas representam o catalisador virgem ou
regenerado.

90

Figura 10 –
Craqueador
catalítico fluído.(5)
Química Aplicada
Hidrogênio reciclado GLP
Gás
combustível

Gasolina leve

Reator Gasolina pesada

Recomposição
de hidrogênio

Carga

Óleo Diesel
Óleo reciclado

Figura 11 – Exemplo de: Fluxograma do hidrocraqueamento.

Condensador
Câmara de reação Coluna de
Carga Retificador Destilado
fracionamento de fornalha
de cru Água
topeado Aquecedor Câmara de flash
Óleo pesado do
craqueamento

Gás
craqueamento
Óleo leve do

Receptor

Resíduo Gasolina
de óleo para o
combustível estabilizador

Figura 12 – Exemplo de: Unidade de craqueamento seletivo.

Condensador Condensador Suspiro


Condensador

Carga de
Separador

propano e Separador
butano Gás residual
condensados
Resfriador
Trocador de calor

Refervedor
Torre de flash

Gasolina de
do polimetro

Estabilizador

Absorvedor

Torre de flash

Forno polimerização
Retificador
Separador

Separador
Refervedor
Refervedor

Alcatrão de
pirólise
Reciclagem
Resfriador
Figura 13 – Exemplo de: Fluxograma para a gasolina por polimerização 91
Química Aplicada

PRÉ-FRACIONADOR

ESTABILIZADOR

REATORES
Dos
Gás leve trocadores
150ºF PA
Estabilizador
Carga de gasolina dos voláteis
425ºF PA
Carga de platformer SEPARADOR DE
400ºF PA PRODUTOS
AQUECEDOR INTERA-
DA CARGA QUECEDOR
COMBINADA

Borras Compressor Platformate


estabilizado

Hidrogênio
Figura 14 – Exemplo de: Fluxograma do processo platforming.

Retificador
Tambor do HF Desisobutanizador Despropanizador
Contactor retificador da
carga

Carga de Vapor
butano e de
butenos água
Alcatrão
Propano

Coluna de repassagem Desbutanizador


Torres de alumina

Alquilato leve Alquilato pesado


Butano
Figura 15 – Exemplo de: Fluxograma da alquilação a HF.

92
Química Aplicada
2. Polimerização: Reunião de moléculas análogas; reunião de olefinas leves.

3. Alquilação: União de uma olefina com um hidrocarboneto aromático ou parafínico.

Insaturado + isossaturado catalisador cadeia ramificada saturada. Por exemplo, alquilação catalítica:

4. Hidrogenação: Adição de hidrogênio a uma olefina.


93
Química Aplicada
5. Hidrocraqueamento:

6. Isomerização: Alteração da disposição dos átomos numa molécula, sem modificação do


número de átomos.

7. Reforma ou aromatização: Conversão de naftas visando a obter produtos de maior núme-


ro de octanas. É semelhante ao craqueamento, porém são utilizadas cargas mais voláteis.
Os catalisadores contêm, em geral, rênio, platina ou cromo.

8. Esterificação e hidratação:
C2H4 + H2SO4 C2H5O . HO . SO2 + (C2H5O)2 . SO2
C2H5O . HO . SO2 + (C2H5)2 O . SO2 + H2O H2SO4 dil. + C2H5OH + C2H5OC2H5

Craqueamento ou pirólise. O craqueamento (pirólise) é o processo de conversão de moléculas


grandes em moléculas menores pela aplicação de calor e/ou de catalisadores. Formam-se sempre
olefinas. Há uma polimerização significativa destas moléculas menores, e forma-se também uma
certa quantidade de carvão.
As reações, resumidas por Nelson, são:

94
Química Aplicada
“O processo de craqueamento”, de acor- queimam-se estes dois produtos com a inje-
do com Egloff, “é a maior força de conserva- ção de ar. Os dois ciclos, de craqueamento e
ção desenvolvida na indústria do óleo”. O cra- de regeneração, são contínuos.
queamento é de dois tipos: térmico e O modelo de unidade craqueadora a ca-
catalítico. Nos dias primitivos do craquea- talisador fluidizado realiza a reação, separa-
mento térmico, ou da reforma, a carga usada ção do catalisador, a regeneração e a circula-
era o gasóleo. ção do catalisador num único conversor (Fi-
O craqueamento catalítico, ou reforma, guras. 8 e 10). O reator fica montado sobre o
tem a vantagem de produzir gasolina de alta regenerador e a seção de separação do catali-
qualidade a partir de quase qualquer óleo cru, sador fica localizada intermediariamente, de
num equipamento sujeito a controle cuidado- modo que o separador suporta o reator.
so e operado a pressão baixa e, por isso, a um
custo comparativamente menor. Quadro 1 – Catalisadores usados na refinação(5)
Ver o quadro 1, que mostra os catalisado- Processo Tipo Milhões de Milhões de
res usados na reforma. Sachanen afirma que o libras por ano dólares por ano
craqueamento catalítico tem as seguintes van-
Craqueamento
tagens sobre o craqueamento térmico: catalítico
Leito fluido Alumina-sílica sobre base de zeólito 226,0 56,50
1. Craqueamento mais seletivo e menor Leito fluido Alumina-sílica e argila amorfas 14,0 2,30
número de produtos terminais. Leito móvel Zeólitos 27,2 9,50
Leito móvel Amorfo 6,8 0,77
2. Maior isomerização de olefinas, não só Total 274,0 69,07
nas ligações duplas, mas também nos Reforma catalítica
esqueletos de carbono. Substituição Monometálico 0,8 2,80
Substituição Bimetálico 3,2 13,60
3. Maior controle de saturação dos laços Novo Bimetálico 1,0 4,30
Novo Metais preciosos ... 9,60
duplos. Total 5,0 30,30
4. Maior produção de aromáticos. Hidrotratamento
Substituição Cobalto-molibdênio, níquel-molibdênio 8,0 8,20
5. Menor produção de diolefinas. Novo Níquel-tungstênio e areia 2,0 2,0
Total 10,0 10,20
6. Coque relativamente comercializável
com maior economia. Hidrocraqueamento
Novo e Substituição Metal nobre sobre suporte amorfo,
7. Maior capacidade de tolerar cargas com metal nobre e metal não nobre em
peneiras moleculares ... 12,80
alto teor de enxofre. Alquilação Ácido sulfúrico 3.100,0* 39,00*
O processo catalítico a leito fluidizado Ácido fluorídrico 22,0 6,70
Total 3.122 45,70
emprega um catalisador sólido finamente di-
vidido, que se obtém pela aeração de um gel Totais 3.411,0 168,07
de alumina-sílica em pó. Este catalisador é
mantido constantemente, como se fosse um A Figura 12 mostra o processo de craque-
fluido, pela suspensão nos vapores reacionais amento térmico seletivo. A carga é o óleo
ou no ar de regeneração. Para assegurar a uni- topeado ou reduzido, do qual foram retiradas
formidade da suspensão em todo o sistema, é as frações mais leves até o gasóleo, mediante
indispensável um elevado grau de turbulência. destilação prévia. (Figura 1) Este óleo topeado
Nestas circunstâncias, o catalisador sólido es- é injetado numa torre de fracionamento, que é
coa como um líquido e exerce uma pressão aquecida pelos vapores de um tambor de flash.
análoga. Em virtude da distribuição uniforme A parte mais leve de carga é vaporizada, mas
do catalisador e graças ao seu elevado calor não há calor suficiente para levá-la até o topo
específico em relação ao calor específico dos da coluna. Estes vapores de óleo leve são
vapores reacionais, o sistema reacional pode condensados acima de uma bandeja de reten-
ser mantido a uma temperatura notavelmente ção e remetidos a um forno de aquecimento.
exata. A separação entre os gases e vapores, A fração de óleo pesado da garga é removida
depois da reação e dos processos de regenera- pelo fundo da torre e também remetida ao for- 95
ção, é realizada, em grande parte, mediante no de aquecimento.
separadores ciclônicos. Pelo craqueamento, A reforma envolve o craqueamento e a
formam-se coque e alcatrão sobre o catalisa- isomerização. As gasolinas destiladas e as
dor. Durante a parte de regeneração do ciclo, naftas leves têm, usualmente, números de
Química Aplicada
octana muito baixos. Remetendo-se estas fra-
ções a uma unidade de reformação e dando-
lhes um ligeiro “craqueamento”, é possível
aumentar a respectiva octanagem. Esta melho-
ria deve-se, provavelmente, à produção de ole-
finas e à isomerização, na qual se formam com-
postos com cadeia ramificada, que têm maio- Alquilação. A alquilação é um processo
res números de octana. exotérmico e fundamentalmente semelhante à
Reforma catalítica. Envolve a conversão polimerização; só diferem pelo fato de apenas
de outros hidrocarbonetos a hidrocarbonetos uma parte da carga dever ser insaturada. Por
aromáticos. Em virtude da elevada octanagem isso, o produto alquilado não contém olefinas
dos compostos aromáticos e da conveniência e tem octanagem mais alta. Estes métodos são
prática do processo, a reforma catalítica quase baseados na reatividade do carbono terciário
substitui completamente a reforma térmica. do isobutano com as olefinas, como o propeno,
São usados como catalisadores a platina sobre os butenos e os pentenos. O alquilato obtido é
alumina ou sobre sílica-alumína, e o óxido de uma mistura de isoparafinas saturadas estáveis,
cromo sobre alumina. que destilam na faixa da gasolina, e é um com-
Outro exemplo de reforma catalítica é o ponente muito desejável de diversas gasolinas
processo de reforma a platina (platforming) de alta octanagem.
representado na Figura 14. Foi desenvolvido A alquilação é realizada industrialmente
pela Universal Oil Products Co. como “um mé- com dois catalisadores: fluoreto de hidrogê-
todo industrial econômico de aumentar a nio e ácido sulfúrico. No fluxograma da Figu-
octanagem de gasolinas destiladas, naturais ou ra 15, está ilustrada a alquilação como fluoreto
de craqueamento térmico, e de produzir gran- de hidrogênio líquido. O ácido pode ser reuti-
des quantidades de benzeno, de tolueno, de lizado repetidamente e não existe problema de
xilenos e de outros hidrocarbonetos aromáti- rejeito ácido. O ácido fluorídrico anidro, quan-
cos destilados à indústria química e ao com- do impurificado, regenera-se facilmente pela
bustível de aviação”. O nome do processo pro- destilação do alquilato pesado. A corrosão é
vém do fato de se usar um catalisador de Al2O3 pequena e o isobutano separado é reciclado.
em leito fixo com 0,25% de platina. Também ocorre alquilação na combinação de
As reações que ocorrem são, essencial- uma olefina ou um haleto de alquila com um
mente, as seguintes (Cq): hidrocarboneto aromático.
1. Isomerização dos alquilciclopentanos a Hidrogenação. Uma hidrogenação suave
cicloexanos. de cargas que vão de naftas leves até óleos lu-
2. Desidrogenação dos cicloexanos e aro- brificantes é usada seletivamente para conver-
máticos. ter o enxofre, o nitrogênio, o oxigênio, os
3. Desidrogenação das parafinas e aromá- halogênios, as diolefinas e os acetilenos a for-
ticos. mas menos perturbadoras. A hidrogenação
pode ser usada em lugar da extração a solven-
4. Hidrocraqueamento das parafinas e
te, com furfural. O diisobuteno obtido pela po-
naftenos.
limerização do isobuteno é freqüentemente hi-
5. Hidrogenação das olefinas. drogenado, para se ter um agente de mistura
6. Dessulfurização. mais conveniente ao uso em aviação.
Polimerização. O processo de polimeri- Isomerização. Este processo de conversão
zação converte os hidrocarbonetos gasosos co- tornou-se da maior importância no fornecimen-
produzidos no craqueamento em hidrocarbo- to do isobutano necessário para se ter alquilato
netos líquidos convenientes para combustíveis como base para gasolina de aviação (ver
automotivos e de aviação, de alta octanagem, alquilação). A reação pode ser escrita:
e para petroquímicos. Os hidrocarbonetos ga-
sosos das unidades de craqueamento, especi-
96 almente as olefinas, são a base da polimeriza-
ção. A seguinte equação é típica das reações Tratamento químico(5)
de polimerização. O propeno, o buteno normal Para remover ou alterar as impurezas nos
e o isobuteno são as olefinas usualmente produtos do petróleo e se ter um material
polimeralizadas na fase vapor. comercializável, em geral, é necessário efetuar
Química Aplicada
um certo tratamento químico. Conforme o tra- Exercícios
tamento particular adotado, é possível conse-
guir um ou mais dos seguintes objetivos: 01. Sabendo-se que o alumínio, componente
1. Melhoramento da coloração. da alumina, catalisador de craqueamento, pos-
sui 13 prótons e número de massa 27, calcule
2. Melhoramento do cheiro. o seu número de nêutrons e escreva seu sím-
3. Remoção dos compostos de enxofre. bolo indicando a posição correta do número
de massa e do número atômico.
4. Remoção de gomas, resinas e materiais
asfálticos. 02. Quando um átomo perde a neutralidade
5. Melhoramento da estabilidade ao ar e elétrica ele passa a ser chamado de íon. Se o
luz. número de prótons identifica o tipo de átomo,
Destes objetivos, a remoção do enxofre e ele pode variar quando um átomo se transfor-
o melhoramento da estabilidade são os fatores ma em íon? Caso a resposta seja negativa, in-
que determinam, em geral, o tratamento a ser dique o que deve acontecer para que um áto-
usado. Com a descoberta de que os conversores mo transforme-se em íon.
catalíticos provocam a emissão de vapores de
ácido sulfúrico das descargas dos automóveis, 03. Diga os elementos químicos que estão pre-
desenvolveu-se certa pressão para eliminar ou sentes de forma preponderante nos seguintes
reduzir o enxofre dos combustíveis para mo- materiais:
tores. O enxofre pode ser reduzido por: (1) a) aço d) transístor
hidrogenação (que também remove metais e o b) petróleo e) carvão
nitrogênio). (2) tratamento com soda cáustica. c) ar
(3) tratamento com soda cáustica mais um ca-
04. Aponte as substâncias puras e as misturas
talisador (Merox) e (4) tratamento com
na seguinte relação:
etanolaminas.
a) ferro d) petróleo
Diversos processos são disponíveis para
b) água e) gasolina
alterar o enxofre nocivo e, conseqüentemente,
c) ar f) aço
provocar a melhoria do odor. O tratamento
doctor era o método original de “adoçar” o óleo
05. Qual a técnica usada para a separação de
reduzindo-lhe o odor; ainda é o método de tes- misturas homogêneas como as descritas na
tar a qualidade de outros tratamentos. O pro- pergunta anterior? Explique.
cesso consiste em agitar o óleo com uma so-
lução alcalina contendo plumbito de sódio e uma
pequena quantidade de enxofre. Os compostos 06. A gasolina comercializada nos postos de
de enxofre usualmente encontrados nos óleos são serviços contém um teor padrão de álcool de
mercaptanas. São eles que atribuem ao líquido 22% (volume/volume), permitido por lei. O
um cheiro desagradável e provocam corrosão. teste utilizado para verificar esse teor é feito
O tratamento doctor converte os mercaptans a dis- da seguinte maneira: em uma proveta de 100 cm3
sulfetos. adicionam-se 50 cm3 de gasolina, 50 cm3 de
água e agita-se. Formam-se duas fases distin-
2 RSH + Na2 PbO2 (RS)2 Pb + 2 NaOH tas, ou seja uma fase superior de gasolina e
uma inferior de água mais álcool.
(RS)2Pb + S R2S2 + PbS a) Explique o fato de haver a formação
de duas fases e não três.
A oxidação dos mercaptans aos dissulfe- b) Qual o volume dessas duas fases?
tos menos inconvenientes pode ser conseguida c) Como esse teste indica se a gasolina
por muitos agentes oxidantes, por exemplo, vendida em um determinado posto con-
pelo oxigênio mais um catalisador, como o tém mais álcool que o permitido?
cloreto de cobre. A presença do enxofre pode
provocar aumento da corrosão e da poluição do 97
07. Três frascos de vidro transparente, fecha-
ar, e também pode diminuir a eficiência do chum- dos, têm formas e dimensões idênticas e con-
bo nos agentes antidetonantes. Os processos mo- têm, cada um, a mesma massa de líquidos di-
dernos visam, por isso, remover os compostos ferentes. Um contém água, o outro clorofór-
que contêm enxofre. mio e o terceiro etanol. Os três líquidos são
Química Aplicada
incolores e não preenchem totalmente os fras- 16. O que você entende por momento dipolar?
cos, os quais não têm nenhuma identificação. Dos compostos listados escolha aqueles com
Sem abrir os frascos, como você faria para momento dipolar diferente de zero.
identificar as substâncias? A densidade de O
cada um dos líquidos, à temperatura ambien- ——
a) H3C — C
te é: d (água) = 1,0 g/cm3; d (clorofórmio) =


1,4 g/cm3; d (etanol) 0,8 g/cm3. OH
b) HCl
08. Em um navio cargueiro, que estava trans-
portando algumas toneladas de sal, houve um H H


vazamento de óleo, contaminando toda a car-
ga de sal. O que você faria para deixar o sal c) H — C — C — H


novamente em condições de uso?
H H
09. Densidade ou massa específica, calor es-
pecífico, temperatura de fusão, temperatura de 17. Defina um eletrólito e dê exemplos.
ebulição e solubilidade são características su-
ficientes para identificar uma substância? De- 18. O ácido sulfúrico (H2SO4) é um ácido forte.
fina substância. Quais os principais usos deste ácido forte em
refinarias de petróleo?
10. O enferrujamento do ferro originando o fe-
nômeno conhecido como corrosão, a queima 19. O Hidróxido de sódio, uma base forte, é
do diesel para geração de energia, a injeção de bastante utilizado em uma refinaria de petró-
hidróxido de cálcio em tratamento de água para leo. Cite seus principais usos.
elevar o pH, bem como os tratamentos MEROX
e DEA/MEA são considerados processos de 20. Em uma refinaria de petróleo, qual a prin-
conversão, isto é, transformações químicas ou cipal função dos seguintes sais:
físicas da matéria? Explique o porque de sua es- a) AlCl3 – cloreto de alumínio;
colha para cada uma das transformações acima. b) PbS – sulfeto de chumbo;
c) NaS – sulfeto de sódio;
11. Mencione as transformações químicas de
importância para o refino de petróleo e expli- d) Fe2(SO4)3 – sulfato férrico;
que, em poucas palavras, cada uma delas. e) Al2(SO4)3 – sulfato de alumínio

12. Que tipo de ligação química é comumente 21. Em uma refinaria de petróleo a água de
observada em produtos do petróleo? Explique resfriamento é sempre um aspecto importante
o porquê. e de cuidadosa manutenção. Deve sempre
manter determinados índices de qualidade para
13. O carbonato de cálcio e o carbonato de permitir a adequada troca térmica. Dentro des-
magnésio são produtos de incrustação em tu- sa ótica, descreva o processo de incrustação
bulações e equipamentos de troca térmica. em equipamentos e sistemas de troca térmica
Estes compostos são iônicos, covalentes ou do ponto de vista dos principais sais respon-
metálicos? Explique. sáveis por esse processo.

14. O aço é uma liga de ferro que contém ele- 22. Dentre os compostos mencionados a seguir:
mentos traços ou elementos de liga como: a) CaO; b) ClO2 c) SO2
crômio, cobalto, cobre, vanádio, níquel e al- d) Al2O3 e) SiO2 f) H2O2
guns outros dependendo do tipo de aço. Con-
tém, também, o carbono que lhe confere dureza comentar sua função (ácido, base, sal, óxido
e resistência mecânica. Descreva o tipo de liga- ou peróxido) e identificar os processos onde
ção entre os metais e entre o ferro e o carbono. eles aparecem. Por exemplo: H2SO4 função:
98
ácido; nome: ácido sulfúrico; processos onde
15. Com base na teoria das bandas eletrônicas é encontrado: como catalisador nas reações de
como explicar a condutividade dos metais, o esterificação, hidratação e alcoilação catalítica,
poder isolante dos não-metais (ametais) e a e uma das principais utilizações desse ácido é
semicondutividade dos semimetais? na correção de pH de efluentes alcalinos.
Química Aplicada
23. As reações químicas podem ser classifi- 31. Explique o procedimento de titulação ácido –
cadas segundo diversos critérios, entre os quais base e escolha um indicador para visualizar o
os citados na seqüência. Descreva e dê exem- procedimento.
plos de cada um deles.
a) reações com liberação ou absorção de 32. Para que servem os sistemas tamponantes?
calor;
b) reações de adição ou síntese; 33. A indústria tem muitas aplicações para os
c) reações de decomposição ou análise; metais, entretanto, é muito mais usual a utili-
d) reações de deslocamento ou simples zação de ligas metálicas, pois elas concentram
troca; aspectos interessantes como dureza, resistên-
e) reações de dupla troca ou permutação; cia mecânica, resistência à corrosão e outros.
f) reações de hidrólise Nesse aspecto, a formação de compostos in-
g) reações de oxi-redução termetálicos tem fundamental importância.
Explique como eles aparecem.
24. Identifique o tipo de reação química que
acontece em cada uma das equações abaixo: 34. Fazendo uso do sistema IUPAC, dê o nome
a) CH4(g) + 2 O2(g) CO2(g) + 2 H2O(l) dos seguintes compostos:
b) 2 HCl (aq) + Ca(OH)2(aq) CaCl2(aq) + 2 H2O(l) a) C2H6 e) C10H22 h) C6H12
b) C5H12 f) C3H6 i) C4H8
c) 2 H2CO3(aq) + MgO(s) Mg(HCO3) 2(s) + H2O(l)
c) C7H16 g) C5H10 h) C6H12
Mg(HCO3) 2 (s) ∆ MgCO3 (s) d) CH4
25. Escreva uma equação balanceada para a 35. Sabe-se que o petróleo, em geral, não apre-
combustão completa do octano, C8H18, um senta grande concentração de hidrocarbonetos
componente típico dos hidrocarbonetos da aromáticos. Atualmente a maior parte do
gasolina, a dióxido de carbono e vapor de água. benzeno, tolueno e xileno é obtida química-
mente a partir dos alcanos do petróleo. Qual é
26. O octano, C8H18, é uma das moléculas tí- o método de obtenção do benzeno?
picas encontradas na gasolina.
36. Alguns compostos à base de parafinas são
a) Calcule a massa molar do octano; responsáveis pelo aumento da viscosidade de
b) Determine o número de moléculas de óleos lubrificantes. A extração ou remoção
octano em 1000 mL de octano de mas- desses compostos do petróleo mediante a ação
sa 0,82 g. de um solvente recebe uma denominação es-
pecial. Qual é essa denominação, e qual o sol-
27. Calcule a massa, em gramas, de uma mo- vente atualmente mais utilizado?
lécula de água. Determine o número de molé-
culas de água em 1,0 g de água. 37. Os hidrocarbonetos do petróleo são sepa-
rados por destilação fracionada, resultando em
28. Foram adicionados 180 g de sulfato de gasolina como um dos produtos. A quantida-
alumínio – Al 2 (SO 4) 3 – utilizado como de de gasolina obtida por esse meio é muito
floculante em sistemas de tratamento de água, pequena. De que forma a indústria de petróleo
obtendo-se uma solução de 10% em massa. pode aumentar a produção desse combustível.
Determinar a massa de Al2(SO4)3 dissolvida. Explique sua resposta.

29. Foram dissolvidos 100 g de NaOH em 20 L 38. A aromatização converte um alcano em


de efluente industrial com o objetivo de corri- que tipo de composto? Para essa conversão,
gir o pH para a posterior floculação. Determi- que tipo de catalisador é utilizado?
ne a concentração da solução em g/L.
39. Você poderia supor o resultado da hidro-
30. Foram adicionados 180 g de cloreto férrico genação catalítica do ciclopropano em pre- 99
– FeCl3 – utilizado como floculante em siste- sença de níquel?
mas de tratamento de água, em 50 litros de
água. Determine a concentração molar da so- 40. Quais os hidrocarbonetos que, na indús-
lução. tria, são designados por naftenos?
Química Aplicada
41. À luz da hidrogenação catalítica, quantos
anéis contêm cada um dos seguintes hidrocar-
bonetos aromáticos?
a) benzeno (C6H6) C6H12
b) naftaleno (C10H8) C10H18
c) tolueno (C7H8) C10H18
d) antraceno (C14H10) C14H24

42. Durante a Segunda Guerra Mundial, as ne-


cessidades de tolueno para a fabricação de
TNT excederam consideravelmente os 100 a
150 milhões de litros produzidos, anualmen-
te, a partir de petróleo e elcatrão de hulha. Para
satisfazer esta procura, desenvolveram-se mé-
todos de preparação de tolueno a partir de hi-
drocarbonetos alifáticos do petróleo. Descre-
va essa metodologia.

Anotações

100
Química Aplicada

Anexo

101
Química Aplicada
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HOLLAND, C. D.: Multicomponent Distillation, Control of Petroleum Processes, Gulf Publishing,
Prentice-Hall, 1963. 1961.
Química Aplicada

103
Química Aplicada

Principios Éticos da Petrobras


A honestidade, a dignidade, o respeito, a lealdade, o
decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios
éticos são os valores maiores que orientam a relação da
Petrobras com seus empregados, clientes, concorrentes,
parceiros, fornecedores, acionistas, Governo e demais
segmentos da sociedade.

A atuação da Companhia busca atingir níveis crescentes


de competitividade e lucratividade, sem descuidar da
busca do bem comum, que é traduzido pela valorização
de seus empregados enquanto seres humanos, pelo
respeito ao meio ambiente, pela observância às normas
de segurança e por sua contribuição ao desenvolvimento
nacional.

As informações veiculadas interna ou externamente pela


Companhia devem ser verdadeiras, visando a uma
relação de respeito e transparência com seus
empregados e a sociedade.

A Petrobras considera que a vida particular dos


empregados é um assunto pessoal, desde que as
atividades deles não prejudiquem a imagem ou os
interesses da Companhia.

Na Petrobras, as decisões são pautadas no resultado do


julgamento, considerando a justiça, legalidade,
competência e honestidade.

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