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Mulher

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SENADO FEDERAL
Mesa
Biênio 2015 – 2016

Senador Renan Calheiros


PRESIDENTE

Senador Jorge Viana


PRIMEIRO-VICE-PRESIDENTE

Senador Romero Jucá


SEGUNDO-VICE-PRESIDENTE

Senador Vicentinho Alves


PRIMEIRO-SECRETÁRIO

Senador Zeze Perrella


SEGUNDO-SECRETÁRIO

Senador Gladson Cameli


TERCEIRO-SECRETÁRIO

Senadora Ângela Portela


QUARTA-SECRETÁRIA

SUPLENTES DE SECRETÁRIO
Senador Sérgio Petecão
Senador João Alberto Souza
Senador Elmano Férrer
Senador Douglas Cintra
Secretaria de Editoração e Publicações
Coordenação de Edições Técnicas

Mulher

Brasília – 2015
Edição do Senado Federal
Diretora-Geral: Ilana Trombka
Secretário-Geral da Mesa: Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho

Impressa na Secretaria de Editoração e Publicações


Diretor: Florian Augusto Coutinho Madruga

Produzida na Coordenação de Edições Técnicas


Coordenadora: Anna Maria de Lucena Rodrigues

Organização: Tatiana Arruda e Beatriz Marques


Revisão de provas: Walfrido Vianna
Editoração eletrônica: Rejane Campos
Ficha catalográfica: Guilherme Dias
Capa e ilustrações: Daniel Marques
Projeto gráfico: Raphael Melleiro e Rejane Campos

Atualizada até agosto de 2015.

Mulher – Brasília : Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2015.


256 p.

Conteúdo: Dispositivos constitucionais pertinentes – Atos internacionais


não ratificados pelo Brasil – Atos internacionais ratificados pelo Brasil –
Normas correlatas.

ISBN: 978-85-7018-657-7

1. Direitos da mulher, legislação. 2. Brasil.

CDDir 341.2726

Coordenação de Edições Técnicas


Via N2, Secretaria de Editoração e Publicações, Bloco 2, 1o Pavimento
CEP: 70165-900 – Brasília, DF
E-mail: livros@senado.leg.br

Alô Senado: 0800 61 2211


Sumário

Dispositivos constitucionais pertinentes


10 Constituição da República Federativa do Brasil

Atos internacionais não ratificados pelo Brasil


18 Declaração e Programa de Ação de Viena
42 Declaração de Pequim, Adotada pela Quarta Conferência Mundial
sobre as Mulheres: Ação para Igualdade, Desenvolvimento e Paz

Atos internacionais ratificados pelo Brasil


48 Convenção Relativa ao Trabalho Noturno
53 Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime
Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição
do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças
61 Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra a Mulher
71 Protocolo Facultativo à Convenção sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação contra a Mulher
77 Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
contra a Mulher – “Convenção de Belém do Pará”
83 Convenção sobre a Nacionalidade da Mulher Casada
86 Convenção Concernente à Discriminação em Matéria de Emprego e
Profissão
89 Convenção Relativa ao Amparo à Maternidade
95 Convenção sobre os Direitos Políticos da Mulher
97 Convenção para a Repressão do Tráfico de Pessoas e do Lenocínio
103 Convenção Relativa ao Trabalho Noturno das Mulheres Ocupadas na
Indústria
107 Convenção Interamericana sobre a Concessão dos Direitos Civis à Mulher
108 Convenção Concernente à Igualdade de Remuneração para a Mão de Obra Masculina e a
Mão de Obra Feminina por um Trabalho de Igual Valor
112 Projeto de Convenção Relativo ao Emprego das Mulheres nos Trabalhos Subterrâneos nas
Minas de Qualquer Categoria
114 Convenção Internacional para a Repressão do Tráfico de Mulheres Maiores
117 Convenção sobre a Nacionalidade da Mulher
119 Convenção Internacional para a Repressão do Tráfico de Mulheres e de Crianças
122 Projeto de Convenção (no 41) Relativo ao Trabalho Noturno das Mulheres

Normas correlatas
126 Lei Complementar no 150/2015
136 Lei Complementar no 79/1994
138 Lei no 13.109/2015
140 Lei no 13.104/2015
141 Lei no 12.227/2010
143 Lei no 11.942/2009
144 Lei no 11.804/2008
145 Lei no 11.770/2008
146 Lei no 11.664/2008
147 Lei no 11.634/2007
148 Lei no 11.340/2006
156 Lei no 10.778/2003
158 Lei no 10.745/2003
159 Lei no 10.714/2003
160 Lei no 10.689/2003
162 Lei no 10.651/2003
163 Lei no 10.516/2002
164 Lei no 10.048/2000
165 Lei no 9.797/1999
166 Lei no 9.504/1997
168 Lei no 9.434/1997
173 Lei no 9.278/1996
174 Lei no 9.263/1996
177 Lei no 9.096/1995
178 Lei no 9.029/1995
179 Lei no 8.978/1995
180 Lei no 8.971/1994
181 Lei no 8.742/1993
183 Lei no 8.629/1993
184 Lei no 8.560/1992
186 Lei no 8.080/1990
188 Lei no 8.028/1990
189 Lei no 7.353/1985
191 Lei no 7.210/1984
193 Lei no 6.515/1977
199 Lei no 6.202/1975
200 Lei no 6.136/1974
201 Lei no 6.015/1973
202 Lei no 5.809/1972
204 Lei no 5.478/1968
208 Lei no 1.110/1950
210 Lei no 1.060/1950
213 Decreto-Lei no 546/1969
214 Decreto de 30 de março de 2015
215 Decreto no 7.959/2013
217 Decreto no 7.958/2013
219 Decreto no 7.901/2013
222 Decreto no 7.508/2011
223 Decreto no 7.393/2010
224 Decreto no 7.052/2009
226 Decreto no 6.690/2008
228 Decreto no 6.412/2008
231 Decreto no 6.307/2007
233 Decreto no 5.948/2006
239 Decreto no 5.390/2005
241 Decreto no 5.296/2004
242 Decreto no 5.099/2004
243 Decreto no 5.030/2004
244 Decreto no 4.675/2003
247 Decreto no 4.228/2002
249 Decreto no 3.361/2000
251 Decreto no 2.268/1997
252 Decreto no 1.093/1994
253 Decreto no 75.207/1975
255 Decreto no 71.885/1973

As notas de rodapé indicadas ao fim do caput dos artigos apresentam as normas modificadoras
de seus dispositivos. Consta ainda nas notas referência às normas que regulamentam ou
complementam a legislação compilada.
Dispositivos constitucionais
pertinentes
Constituição
da República Federativa do Brasil

TÍTULO I – Dos Princípios Fundamentais à maternidade e à infância, a assistência aos


desamparados, na forma desta Constituição.
Art. 1 o  A República Federativa do Brasil,
formada pela união indissolúvel dos Estados e Art. 7o  São direitos dos trabalhadores urbanos
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se e rurais, além de outros que visem à melhoria
em Estado Democrático de Direito e tem como de sua condição social:
fundamentos: I – relação de emprego protegida contra des-
�������������������������������������������������������������������������������� pedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos
III – a dignidade da pessoa humana; de lei complementar, que preverá indenização
IV – os valores sociais do trabalho e da livre compensatória, dentre outros direitos;
iniciativa; II – seguro-desemprego, em caso de desem-
�������������������������������������������������������������������������������� prego involuntário;
III – fundo de garantia do tempo de serviço;
Art. 3o  Constituem objetivos fundamentais da IV – salário mínimo, fixado em lei, nacio-
República Federativa do Brasil: nalmente unificado, capaz de atender a suas
�������������������������������������������������������������������������������� necessidades vitais básicas e às de sua família
IV – promover o bem de todos, sem pre- com moradia, alimentação, educação, saúde,
conceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e lazer, vestuário, higiene, transporte e previ-
quaisquer outras formas de discriminação. dência social, com reajustes periódicos que lhe
�������������������������������������������������������������������������������� preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua
vinculação para qualquer fim;
TÍTULO II – Dos Direitos e Garantias V – piso salarial proporcional à extensão e à
Fundamentais complexidade do trabalho;
CAPÍTULO I – Dos Direitos e Deveres VI – irredutibilidade do salário, salvo o dis-
Individuais e Coletivos posto em convenção ou acordo coletivo;
VII – garantia de salário, nunca inferior ao
Art. 5o  Todos são iguais perante a lei, sem dis- mínimo, para os que percebem remuneração
tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos variável;
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País VIII – décimo terceiro salário com base na re-
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, muneração integral ou no valor da aposentadoria;
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos IX – remuneração do trabalho noturno su-
termos seguintes: perior à do diurno;
I – homens e mulheres são iguais em direitos X – proteção do salário na forma da lei,
e obrigações, nos termos desta Constituição; constituindo crime sua retenção dolosa;
�������������������������������������������������������������������������������� XI – participação nos lucros, ou resultados,
desvinculada da remuneração, e, excepcio-
CAPÍTULO II – Dos Direitos Sociais nalmente, participação na gestão da empresa,
conforme definido em lei;
Art. 6o  São direitos sociais a educação, a saúde, XII – salário-família pago em razão do de-
a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, pendente do trabalhador de baixa renda nos
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a segurança, a previdência social, a proteção termos da lei;

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XIII – duração do trabalho normal não su- e rurais, até o limite de dois anos após a extinção
perior a oito horas diárias e quarenta e quatro do contrato de trabalho;
semanais, facultada a compensação de horários ��������������������������������������������������������������������������������
e a redução da jornada, mediante acordo ou XXX – proibição de diferença de salários, de
convenção coletiva de trabalho; exercício de funções e de critério de admissão
XIV – jornada de seis horas para o trabalho por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
realizado em turnos ininterruptos de reveza- XXXI – proibição de qualquer discriminação
mento, salvo negociação coletiva; no tocante a salário e critérios de admissão do
XV – repouso semanal remunerado, prefe- trabalhador portador de deficiência;
rencialmente aos domingos; XXXII – proibição de distinção entre tra-
XVI – remuneração do serviço extraordi- balho manual, técnico e intelectual ou entre os
nário superior, no mínimo, em cinquenta por profissionais respectivos;
cento à do normal; XXXIII – proibição de trabalho noturno,
XVII – gozo de férias anuais remuneradas perigoso ou insalubre a menores de dezoito e
com, pelo menos, um terço a mais do que o de qualquer trabalho a menores de dezesseis
salário normal; anos, salvo na condição de aprendiz, a partir
XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do de quatorze anos;
emprego e do salário, com a duração de cento XXXIV – igualdade de direitos entre o traba-
e vinte dias; lhador com vínculo empregatício permanente e
XIX – licença-paternidade, nos termos fi- o trabalhador avulso.
xados em lei; Parágrafo único.  São assegurados à categoria
XX – proteção do mercado de trabalho da dos trabalhadores domésticos os direitos pre-
mulher, mediante incentivos específicos, nos vistos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV,
termos da lei; XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI,
XXI – aviso prévio proporcional ao tempo XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições
de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos estabelecidas em lei e observada a simplificação
termos da lei; do cumprimento das obrigações tributárias,
XXII – redução dos riscos inerentes ao tra- principais e acessórias, decorrentes da relação
balho, por meio de normas de saúde, higiene e de trabalho e suas peculiaridades, os previstos
segurança; nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII,
XXIII – adicional de remuneração para as bem como a sua integração à previdência social.
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na ��������������������������������������������������������������������������������
forma da lei;
XXIV – aposentadoria; TÍTULO III – Da Organização do Estado
XXV – assistência gratuita aos filhos e depen- ��������������������������������������������������������������������������������
dentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de
idade em creches e pré-escolas; CAPÍTULO VII – Da Administração Pública
XXVI – reconhecimento das convenções e ��������������������������������������������������������������������������������
Dispositivos constitucionais pertinentes

acordos coletivos de trabalho;


XXVII – proteção em face da automação, na SEÇÃO II – Dos Servidores Públicos
forma da lei; ��������������������������������������������������������������������������������
XXVIII – seguro contra acidentes de tra-
balho, a cargo do empregador, sem excluir a Art. 40.  Aos servidores titulares de cargos efe-
indenização a que este está obrigado, quando tivos da União, dos Estados, do Distrito Federal
incorrer em dolo ou culpa; e dos Municípios, incluídas suas autarquias e
XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes fundações, é assegurado regime de previdência
das relações de trabalho, com prazo prescricio- de caráter contributivo e solidário, mediante
nal de cinco anos para os trabalhadores urbanos contribuição do respectivo ente público, dos

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servidores ativos e inativos e dos pensionistas, I – portadores de deficiência;
observados critérios que preservem o equilíbrio II – que exerçam atividades de risco;
financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. III – cujas atividades sejam exercidas sob
§ 1o  Os servidores abrangidos pelo regime condições especiais que prejudiquem a saúde
de previdência de que trata este artigo serão ou a integridade física.
aposentados, calculados os seus proventos a § 5o  Os requisitos de idade e de tempo de
partir dos valores fixados na forma dos §§ 3o contribuição serão reduzidos em cinco anos,
e 17. em relação ao disposto no § 1o, III, “a”, para o
I – por invalidez permanente, sendo os pro- professor que comprove exclusivamente tempo
ventos proporcionais ao tempo de contribuição, de efetivo exercício das funções de magistério
exceto se decorrente de acidente em serviço, na educação infantil e no ensino fundamental
moléstia profissional ou doença grave, conta- e médio.
giosa ou incurável, na forma da lei; § 6o  Ressalvadas as aposentadorias decor-
II – compulsoriamente, com proventos rentes dos cargos acumuláveis na forma desta
proporcionais ao tempo de contribuição, aos Constituição, é vedada a percepção de mais
70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta de uma aposentadoria à conta do regime de
e cinco) anos de idade, na forma de lei com- previdência previsto neste artigo.
plementar; § 7o  Lei disporá sobre a concessão do be-
III – voluntariamente, desde que cumprido nefício de pensão por morte, que será igual:
tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício I – ao valor da totalidade dos proventos do
no serviço público e cinco anos no cargo efetivo servidor falecido, até o limite máximo esta-
em que se dará a aposentadoria, observadas as belecido para os benefícios do regime geral
seguintes condições: de previdência social de que trata o art. 201,
a)  sessenta anos de idade e trinta e cinco acrescido de setenta por cento da parcela ex-
de contribuição, se homem, e cinquenta e cedente a este limite, caso aposentado à data
cinco anos de idade e trinta de contribuição, do óbito; ou
se mulher; II – ao valor da totalidade da remuneração
b)  sessenta e cinco anos de idade, se ho- do servidor no cargo efetivo em que se deu o
mem, e sessenta anos de idade, se mulher, falecimento, até o limite máximo estabelecido
com proventos proporcionais ao tempo de para os benefícios do regime geral de previ-
contribuição. dência social de que trata o art. 201, acrescido
§ 2o  Os proventos de aposentadoria e as de setenta por cento da parcela excedente a
pensões, por ocasião de sua concessão, não este limite, caso em atividade na data do óbito.
poderão exceder a remuneração do respectivo § 8 o  É assegurado o reajustamento dos
servidor, no cargo efetivo em que se deu a apo- benefícios para preservar-lhes, em caráter
sentadoria ou que serviu de referência para a permanente, o valor real, conforme critérios
concessão da pensão. estabelecidos em lei.
§ 3o  Para o cálculo dos proventos de apo- § 9o  O tempo de contribuição federal, esta-
sentadoria, por ocasião da sua concessão, serão dual ou municipal será contado para efeito de
consideradas as remunerações utilizadas como aposentadoria e o tempo de serviço correspon-
base para as contribuições do servidor aos re- dente para efeito de disponibilidade.
gimes de previdência de que tratam este artigo § 10.  A lei não poderá estabelecer qualquer
e o art. 201, na forma da lei. forma de contagem de tempo de contribuição
§ 4 o  É vedada a adoção de requisitos e fictício.
critérios diferenciados para a concessão de § 11.  Aplica-se o limite fixado no art.  37,
aposentadoria aos abrangidos pelo regime de XI, à soma total dos proventos de inatividade,
que trata este artigo, ressalvados, nos termos inclusive quando decorrentes da acumulação
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definidos em leis complementares, os casos de de cargos ou empregos públicos, bem como


servidores: de outras atividades sujeitas a contribuição
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para o regime geral de previdência social, e ao social de que trata o art. 201, com percentual
montante resultante da adição de proventos de igual ao estabelecido para os servidores titulares
inatividade com remuneração de cargo acumu- de cargos efetivos.
lável na forma desta Constituição, cargo em § 19.  O servidor de que trata este artigo que
comissão declarado em lei de livre nomeação tenha completado as exigências para aposenta-
e exoneração, e de cargo eletivo. doria voluntária estabelecidas no § 1o, III, “a”,
§ 12.  Além do disposto neste artigo, o re- e que opte por permanecer em atividade fará
gime de previdência dos servidores públicos jus a um abono de permanência equivalente
titulares de cargo efetivo observará, no que ao valor da sua contribuição previdenciária
couber, os requisitos e critérios fixados para o até completar as exigências para aposentadoria
regime geral de previdência social. compulsória contidas no § 1o, II.
§ 13.  Ao servidor ocupante, exclusivamente, § 20.  Fica vedada a existência de mais de um
de cargo em comissão declarado em lei de livre regime próprio de previdência social para os
nomeação e exoneração bem como de outro servidores titulares de cargos efetivos, e de mais
cargo temporário ou de emprego público, de uma unidade gestora do respectivo regime
aplica-se o regime geral de previdência social. em cada ente estatal, ressalvado o disposto no
§ 14.  A União, os Estados, o Distrito Federal art. 142, § 3o, X.
e os Municípios, desde que instituam regime § 21.  A contribuição prevista no § 18 deste
de previdência complementar para os seus artigo incidirá apenas sobre as parcelas de
respectivos servidores titulares de cargo efetivo, proventos de aposentadoria e de pensão que
poderão fixar, para o valor das aposentadorias e superem o dobro do limite máximo estabe-
pensões a serem concedidas pelo regime de que lecido para os benefícios do regime geral de
trata este artigo, o limite máximo estabelecido previdência social de que trata o art. 201 desta
para os benefícios do regime geral de previdên- Constituição, quando o beneficiário, na forma
cia social de que trata o art. 201. da lei, for portador de doença incapacitante.
§ 15.  O regime de previdência complemen- �������������������������������������������������������������������������������
tar de que trata o § 14 será instituído por lei de
iniciativa do respectivo Poder Executivo, obser- TÍTULO V – Da Defesa do Estado e das
vado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, Instituições Democráticas
no que couber, por intermédio de entidades �������������������������������������������������������������������������������
fechadas de previdência complementar, de na-
tureza pública, que oferecerão aos respectivos CAPÍTULO II – Das Forças Armadas
participantes planos de benefícios somente na �������������������������������������������������������������������������������
modalidade de contribuição definida.
§ 16.  Somente mediante sua prévia e ex- Art. 143.  O serviço militar é obrigatório nos
pressa opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá termos da lei.
ser aplicado ao servidor que tiver ingressado �������������������������������������������������������������������������������
no serviço público até a data da publicação do § 2o  As mulheres e os eclesiásticos ficam
Dispositivos constitucionais pertinentes

ato de instituição do correspondente regime de isentos do serviço militar obrigatório em tempo


previdência complementar. de paz, sujeitos, porém, a outros encargos que
§ 17.  Todos os valores de remuneração a lei lhes atribuir.
considerados para o cálculo do benefício pre- �������������������������������������������������������������������������������
visto no §  3o serão devidamente atualizados,
na forma da lei. TÍTULO VII – Da Ordem Econômica e
§ 18.  Incidirá contribuição sobre os pro- Financeira
ventos de aposentadorias e pensões concedi- �������������������������������������������������������������������������������
das pelo regime de que trata este artigo que
superem o limite máximo estabelecido para CAPÍTULO II – Da Política Urbana
os benefícios do regime geral de previdência �������������������������������������������������������������������������������
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Art. 183.  Aquele que possuir como sua área V – pensão por morte do segurado, homem
urbana de até duzentos e cinquenta metros ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e de-
quadrados, por cinco anos, ininterruptamente pendentes, observado o disposto no § 2o.
e sem oposição, utilizando-a para sua moradia § 1 o  É vedada a adoção de requisitos e
ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, critérios diferenciados para a concessão de
desde que não seja proprietário de outro imóvel aposentadoria aos beneficiários do regime geral
urbano ou rural. de previdência social, ressalvados os casos de
§ 1o  O título de domínio e a concessão de atividades exercidas sob condições especiais
uso serão conferidos ao homem ou à mulher, que prejudiquem a saúde ou a integridade físi-
ou a ambos, independentemente do estado civil. ca e quando se tratar de segurados portadores
§ 2o  Esse direito não será reconhecido ao de deficiência, nos termos definidos em lei
mesmo possuidor mais de uma vez. complementar.
§ 3o  Os imóveis públicos não serão adqui- § 2o  Nenhum benefício que substitua o
ridos por usucapião. salário de contribuição ou o rendimento do
������������������������������������������������������������������������������� trabalho do segurado terá valor mensal inferior
ao salário mínimo.
CAPÍTULO III – Da Política Agrícola e § 3 o  Todos os salários de contribuição
Fundiária e da Reforma Agrária considerados para o cálculo de benefício serão
������������������������������������������������������������������������������� devidamente atualizados, na forma da lei.
§ 4 o  É assegurado o reajustamento dos
Art. 189.  Os beneficiários da distribuição de benefícios para preservar-lhes, em caráter
imóveis rurais pela reforma agrária receberão permanente, o valor real, conforme critérios
Títulos de domínio ou de concessão de uso, definidos em lei.
inegociáveis pelo prazo de dez anos. § 5o  É vedada a filiação ao regime geral de
Parágrafo único.  O título de domínio e a previdência social, na qualidade de segurado
concessão de uso serão conferidos ao homem facultativo, de pessoa participante de regime
ou à mulher, ou a ambos, independentemente próprio de previdência.
do estado civil, nos termos e condições previs- § 6o  A gratificação natalina dos aposentados
tos em lei. e pensionistas terá por base o valor dos proven-
������������������������������������������������������������������������������� tos do mês de dezembro de cada ano.
§ 7o  É assegurada aposentadoria no regime
TÍTULO VIII – Da Ordem Social geral de previdência social, nos termos da lei,
������������������������������������������������������������������������������� obedecidas as seguintes condições:
I – trinta e cinco anos de contribuição, se ho-
CAPÍTULO II – Da Seguridade Social mem, e trinta anos de contribuição, se mulher;
������������������������������������������������������������������������������� II – sessenta e cinco anos de idade, se
homem, e sessenta anos de idade, se mulher,
Art. 201.  A previdência social será organizada reduzido em cinco anos o limite para os tra-
sob a forma de regime geral, de caráter con- balhadores rurais de ambos os sexos e para
tributivo e de filiação obrigatória, observados os que exerçam suas atividades em regime de
critérios que preservem o equilíbrio financeiro economia familiar, nestes incluídos o produtor
e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.
I – cobertura dos eventos de doença, invali- § 8o  Os requisitos a que se refere o inciso I
dez, morte e idade avançada; do parágrafo anterior serão reduzidos em cinco
II – proteção à maternidade, especialmente anos, para o professor que comprove exclusiva-
à gestante; mente tempo de efetivo exercício das funções
III – proteção ao trabalhador em situação de de magistério na educação infantil e no ensino
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desemprego involuntário; fundamental e médio.


IV – salário-família e auxílio-reclusão para § 9o  Para efeito de aposentadoria, é asse-
14 os dependentes dos segurados de baixa renda; gurada a contagem recíproca do tempo de
contribuição na administração pública e na �������������������������������������������������������������������������������
atividade privada, rural e urbana, hipótese em
que os diversos regimes de previdência social CAPÍTULO VII – Da Família, da Criança,
se compensarão financeiramente, segundo do Adolescente, do Jovem e do Idoso
critérios estabelecidos em lei.
§ 10.  Lei disciplinará a cobertura do risco de Art. 226.  A família, base da sociedade, tem
acidente do trabalho, a ser atendida concorren- especial proteção do Estado.
temente pelo regime geral de previdência social § 1o  O casamento é civil e gratuita a cele-
e pelo setor privado. bração.
§ 11.  Os ganhos habituais do empregado, a § 2o  O casamento religioso tem efeito civil,
qualquer Título, serão incorporados ao salário nos termos da lei.
para efeito de contribuição previdenciária e § 3o  Para efeito da proteção do Estado, é
consequente repercussão em benefícios, nos reconhecida a união estável entre o homem e
casos e na forma da lei. a mulher como entidade familiar, devendo a lei
§ 12.  Lei disporá sobre sistema especial de facilitar sua conversão em casamento.
inclusão previdenciária para atender a traba- § 4o  Entende-se, também, como entidade
lhadores de baixa renda e àqueles sem renda familiar a comunidade formada por qualquer
própria que se dediquem exclusivamente ao dos pais e seus descendentes.
trabalho doméstico no âmbito de sua residên- § 5o  Os direitos e deveres referentes à socie-
cia, desde que pertencentes a famílias de baixa dade conjugal são exercidos igualmente pelo
renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de homem e pela mulher.
valor igual a um salário mínimo. § 6o  O casamento civil pode ser dissolvido
§ 13.  O sistema especial de inclusão previ- pelo divórcio.
denciária de que trata o § 12 deste artigo terá § 7o  Fundado nos princípios da dignidade
alíquotas e carências inferiores às vigentes da pessoa humana e da paternidade respon-
para os demais segurados do regime geral de sável, o planejamento familiar é livre decisão
previdência social. do casal, competindo ao Estado propiciar
������������������������������������������������������������������������������� recursos educacionais e científicos para o
exercício desse direito, vedada qualquer forma
SEÇÃO IV – Da Assistência Social coercitiva por parte de instituições oficiais ou
privadas.
Art. 203.  A assistência social será prestada a § 8o  O Estado assegurará a assistência à fa-
quem dela necessitar, independentemente de mília na pessoa de cada um dos que a integram,
contribuição à seguridade social, e tem por criando mecanismos para coibir a violência no
objetivos: âmbito de suas relações.
I – a proteção à família, à maternidade, à �������������������������������������������������������������������������������
infância, à adolescência e à velhice;
II – o amparo às crianças e adolescentes ATO DAS DISPOSIÇÕES
Dispositivos constitucionais pertinentes

carentes; CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS


III – a promoção da integração ao mercado �������������������������������������������������������������������������������
de trabalho;
IV – a habilitação e reabilitação das pessoas Art. 10.  Até que seja promulgada a lei com-
portadoras de deficiência e a promoção de sua plementar a que se refere o art. 7o, I, da Cons-
integração à vida comunitária; tituição:
V – a garantia de um salário mínimo de I – fica limitada a proteção nele referida ao
benefício mensal à pessoa portadora de defici- aumento, para quatro vezes, da porcentagem
ência e ao idoso que comprovem não possuir prevista no art. 6o, caput e § 1o, da Lei no 5.107,
meios de prover à própria manutenção ou de de 13 de setembro de 1966;
tê-la provida por sua família, conforme dis- II – fica vedada a dispensa arbitrária ou sem
puser a lei. justa causa: 15
a)  do empregado eleito para cargo de di- b)  da empregada gestante, desde a con-
reção de comissões internas de prevenção de firmação da gravidez até cinco meses após o
acidentes, desde o registro de sua candidatura parto.
até um ano após o final de seu mandato; ������������������������������������������������������������������������������
Mulher

16
Atos internacionais
não ratificados pelo Brasil
Declaração e Programa de Ação de Viena

A Conferência Mundial sobre os Direitos reafirmar a fé nos direitos humanos fundamen-


Humanos, tais, na dignidade e valor da pessoa humana e
nos direitos iguais de homens e mulheres das
Considerando que a promoção e proteção dos nações grandes e pequenas,
direitos humanos são questões prioritárias para
a comunidade internacional e que a Conferên- Lembrando também a determinação contida no
cia oferece uma oportunidade singular para Preâmbulo da Carta das Nações Unidas, de pre-
uma análise abrangente do sistema internacio- servar as gerações futuras do flagelo da guerra,
nal dos direitos humanos e dos mecanismos de de estabelecer condições sob as quais a justiça e
proteção dos direitos humanos, para fortalecer o respeito às obrigações emanadas de tratados
e promover uma maior observância desses e outras fontes do direito internacional possam
direitos de forma justa e equilibrada, ser mantidos, de promover o progresso social e
o melhor padrão de vida dentro de um conceito
Reconhecendo e afirmando que todos os direi- mais amplo de liberdade, de praticar a tolerância
tos humanos têm origem na dignidade e valor e a boa vizinhança e de empregar mecanismos
inerente à pessoa humana, e que esta é o sujeito internacionais para promover avanços econô-
central dos direitos humanos e liberdades fun- micos e sociais em beneficio de todos os povos,
damentais, razão pela qual deve ser a principal
beneficiária desses direitos e liberdades e parti- Ressaltando que a Declaração Universal dos
cipar ativamente de sua realização, Direitos Humanos, que constitui uma meta
comum para todos os povos e todas as nações,
Reafirmando sua adesão aos propósitos e prin- é fonte de inspiração e tem sido a base utilizada
cípios enunciados na carta das Nações Unidas, e pelas Nações Unidas na definição das normas
na Declaração Universal dos Direitos Humanos, previstas nos instrumentos internacionais de
direitos humanos existentes, particularmente
Reafirmando o compromisso assumido no no Pacto Internacional dos Direitos Civis e
âmbito do artigo 56 da Carta das Nações Uni- Políticos e no Pacto Internacional dos Direitos
das, de tomar medidas conjuntas e separadas, Econômicos, Sociais e Culturais,
enfatizando adequadamente o desenvolvimento
de uma cooperação internacional eficaz, visan- Considerando as importantes mudanças em
do à realização dos propósitos estabelecidos curso no cenário internacional e as aspirações
no artigo 55, incluindo o respeito universal e de todos os povos por uma ordem internacional
observância dos direitos humanos e liberdades baseada nos princípios consagrados na Carta
fundamentais de todas as pessoas, das Nações Unidas, incluindo a promoção dos
direitos humanos e liberdades fundamentais
Enfatizando as responsabilidades de todos os de todas as pessoas e o respeito pelo princípio
Estados, em conformidade com a Carta das dos direitos iguais e autodeterminação dos
Nações Unidas, de desenvolver e estimular o povos em condições de paz, democracia, justi-
respeito dos direitos humanos e liberdades ça, igualdade, Estados de Direito, pluralismo,
fundamentais de todas as pessoas sem distinção desenvolvimento, melhores padrões de vida e
de raça, sexo, idioma ou religião, solidariedade,
Mulher

Lembrando o Preâmbulo da Carta das Nações Profundamente preocupada com as diversas


Unidas, particularmente a determinação de formas de discriminação e violência às quais
18
as mulheres continuam expostas em todo o Adota solenemente a
mundo,
DECLARAÇÃO E O PROGRAMA DE
Reconhecendo que as atividades das Nações AÇÃO DE VIENA
Unidas na esfera dos direitos humanos devem
ser racionalizadas e melhoradas, visando a for-
talecer o mecanismo das Nações Unidas nessa I
esfera e promover os objetivos de respeito uni-
versal e observância das normas internacionais A Conferência Mundial sobre Direitos Huma-
dos direitos humanos, nos reafirma o compromisso solene de todos
os Estados de promover o respeito universal e
Tendo levado em consideração as Declara- a observância e proteção de todos os direitos
ções aprovadas nas três Reuniões Regionais, humanos e liberdades fundamentais a todas as
realizadas em Túnis, San José e Bangkok e pessoas, em conformidade com a Carta das Na-
as contribuições dos Governos, bem como ções Unidas, outros instrumentos relacionados
as sugestões apresentadas por organizações aos direitos humanos e o direito internacional.
intergovernamentais e não governamentais A natureza universal desses direitos e liberdades
e os estudos desenvolvidos por peritos inde- está fora de questão.
pendentes durante o processo preparatório da
Conferência Mundial sobre Direitos Humanos, Nesse contexto, o fortalecimento da cooperação
internacional na área dos direitos humanos é
Acolhendo o ano Internacional dos Povos Indí- essencial à plena realização dos propósitos das
genas de 1993 como a afirmação do compromis- Nações Unidas.
so da comunidade internacional de garantir-lhes
os direitos humanos e liberdades fundamentais Os direitos humanos e as liberdades fundamen-
e respeitar suas culturas e identidades, tais são direitos naturais aos seres humanos;
sua proteção e promoção são responsabilidades
Reconhecendo também que a comunidade in- primordiais dos Governos.
ternacional deve conceber os meios para elimi-
nar os obstáculos existentes e superar desafios à Todos os povos têm direito à autodeterminação.
realização de todos os direitos humanos e para Em virtude desse direito, determinam livremen-
evitar que continuem ocorrendo casos de vio- te sua condição política e promovem livremente
lações de direitos humanos em todo o mundo, o desenvolvimento econômico, social e cultural.

Imbuída do espírito de nossa era e da realidade Levando em consideração a situação particular


de nosso tempo, que exigem que todos os povos dos povos submetidos à dominação colonial
do mundo e todos os Estados-membros das ou outras formas de dominação estrangeira, a Atos internacionais não ratificados pelo Brasil
Nações Unidas empreendam com redobrado Conferência Mundial sobre Direitos Humanos
esforço a tarefa de promover e proteger todos os reconhece o direito dos povos de tomar medi-
direitos humanos e liberdades fundamentais, de das legítimas, em conformidade com a Carta
modo a garantir a realização plena e universal das Nações Unidas, para garantir seu direito
desses direitos, inalienável à autodeterminação. A Conferência
Mundial sobre Direitos Humanos considera que
Determinada a tomar novas medidas em re- a negação do direito à autodeterminação consti-
lação ao compromisso da comunidade inter- tui uma violação dos direitos humanos e enfatiza
nacional de promover avanços substanciais na a importância da efetiva realização desse direito.
área dos direitos humanos, mediante esforços
renovados e continuados de cooperação e so- De acordo com a Declaração sobre os Princí-
lidariedade internacionais, pios do Direito Internacional Relativos à Rela-
19
ções Amistosas e à Cooperação entre Estados consideração, assim como diversos contextos
em conformidade com a Carta das Nações históricos, culturais e religiosos, é dever dos
Unidas, nada do que foi exposto acima será Estados promover e proteger todos os direitos
entendido como uma autorização ou estímulo humanos e liberdades fundamentais, sejam
a qualquer ação que possa desmembrar ou quais forem seus sistemas políticos, econô-
prejudicar, total ou parcialmente, a integrida- micos e culturais.
de territorial ou unidade política de Estados
soberanos e independentes que se conduzam 6. Os esforços do sistema das Nações Unidas,
de acordo com o princípio de igualdade de para garantir o respeito universal e a obser-
direitos e autodeterminação dos povos e que vância de todos direitos humanos e liberdades
possuam assim Governo representativo do fundamentais de todas as pessoas, contribuem
povo como um todo, pertencente ao território, para a estabilidade e bem-estar necessários
sem qualquer tipo de distinção. à existência de relações pacíficas e amistosas
entre as nações e para melhorar as condições
3. Devem ser adotadas medidas internacionais de paz e segurança e o desenvolvimento social
eficazes para garantir e monitorar a aplicação de e econômico, em conformidade com a Carta
normas de direitos humanos a povos submeti- das Nações Unidas.
dos a ocupação estrangeira, bem como medidas
jurídicas eficazes contra a violação de seus 7. O processo de promoção e proteção dos
direitos humanos, de acordo com as normas direitos humanos deve ser desenvolvido em
dos direitos humanos e o direito internacional, conformidade com os propósitos e princípios
particularmente a Convenção de Genebra sobre da Carta das Nações Unidas e o direito inter-
Proteção de Civis em Tempo de Guerra, de 14 nacional.
de agosto de 1949, e outras normas aplicáveis
do direito humanitário. 8. A democracia, o desenvolvimento e o res-
peito aos direitos humanos e liberdades funda-
4. A promoção e proteção de todos os direitos mentais são conceitos interdependentes que se
humanos e liberdades fundamentais devem reforçam mutuamente. A democracia se baseia
ser consideradas como um objetivo prioritário na vontade livremente expressa pelo povo de
das Nações Unidas, em conformidade com determinar seus próprios sistemas políticos,
seus propósitos e princípios, particularmente econômicos, sociais e culturais e em sua plena
o propósito da cooperação internacional. No participação em todos os aspectos de suas vidas.
contexto desses propósitos e princípios, a Nesse contexto, a promoção e proteção dos
promoção e proteção de todos os direitos hu- direitos humanos e liberdades fundamentais,
manos constituem uma preocupação legítima em níveis nacional e internacional, devem ser
da comunidade internacional. Os órgãos e universais e incondicionais. A comunidade
agências especializados relacionados com os internacional deve apoiar o fortalecimento e a
direitos humanos devem, portanto, reforçar a promoção de democracia e o desenvolvimento
coordenação de suas atividades com base na e respeito aos direitos humanos e liberdades
aplicação coerente e objetiva dos instrumentos fundamentais no mundo inteiro.
internacionais de direitos humanos.
9. A Conferência Mundial sobre Direitos
5. Todos os direitos humanos são universais, Humanos reafirma que os países menos de-
indivisíveis interdependentes e inter-rela- senvolvidos que optaram pelo processo de
cionados. A comunidade internacional deve democratização e reformas econômicas, muitos
tratar os direitos humanos de forma global, dos quais situam-se na África, devem ter o
justa e equitativa, em pé de igualdade e com apoio da comunidade internacional em sua
Mulher

a mesma ênfase. Embora particularidades transição para a democracia e o desenvolvi-


nacionais e regionais devam ser levadas em mento econômico.
20
10. A Conferência Mundial sobre Direitos Todas as pessoas têm o direito de desfrutar dos
Humanos reafirma o direito ao desenvolvi- benefícios do progresso científico e de suas apli-
mento, previsto na Declaração sobre Direito ao cações. A Conferência Mundial sobre Direitos
Desenvolvimento, como um direito universal e Humanos observa que determinados avanços,
inalienável e parte integral dos direitos huma- principalmente na área das ciências biomé-
nos fundamentais. dicas e biológicas, podem ter consequências
potencialmente adversas para a integridade,
Como afirma a Declaração sobre o Direito ao dignidade e os direitos humanos do indivíduo
Desenvolvimento, a pessoa humana é o sujeito e solicita a cooperação internacional para que
central do desenvolvimento. se garanta pleno respeito aos direitos humanos
e à dignidade, nessa área de interesse universal.
Embora o desenvolvimento facilite a realização
de todos os direitos humanos, a falta de de- 12. A Conferência Mundial sobre Direitos
senvolvimento não poderá ser invocada como Humanos apela à comunidade internacional,
justificativa para se limitar os direitos humanos no sentido de que a mesma empreenda todos
internacionalmente reconhecidos. os esforços necessários para ajudar a aliviar a
carga da dívida externa dos países em desen-
Os Estados devem cooperar uns com os outros volvimento, visando a complementar os esfor-
para garantir o desenvolvimento e eliminar obs- ços dos Governos desses países para garantir
táculos ao mesmo. A comunidade internacional plenamente os direitos econômicos, sociais e
deve promover uma cooperação internacional culturais de seus povos.
eficaz, visando à realização do direito ao de-
senvolvimento e à eliminação de obstáculos ao 13. Os Estados e as organizações internacionais,
desenvolvimento. em regime de cooperação com as organizações
não governamentais, devem criar condições
O progresso duradouro necessário à realização favoráveis nos níveis nacional, regional e
do direito ao desenvolvimento exige políticas internacional para garantir o pleno e efetivo
eficazes de desenvolvimento em nível nacional, exercício dos direitos humanos. Os Estados
bem como relações econômicas equitativas e devem eliminar todas as violações de direitos
um ambiente econômico favorável em nível humanos e suas causas, bem como os obstácu-
internacional. los à realização desses direitos.

11. O direito ao desenvolvimento deve ser rea- 14. A existência de situações generalizadas
lizado de modo a satisfazer equitativamente as de extrema pobreza inibe o pleno e efetivo
necessidades ambientais e de desenvolvimento exercício dos direitos humanos; a comunidade
de gerações presentes e futuras. A Conferência internacional deve continuar atribuindo alta
Mundial sobre Direitos Humanos reconhece prioridade a medidas destinadas a aliviar e Atos internacionais não ratificados pelo Brasil
que a prática de descarregar ilicitamente subs- finalmente eliminar situações dessa natureza.
tâncias e resíduos tóxicos e perigosos constitui
uma grave ameaça em potencial aos direitos de 15. O respeito aos direitos humanos e liberda-
todos à vida e à saúde. des fundamentais, sem distinções de qualquer
espécie, é uma norma fundamental do direito
Consequentemente, a Conferência Mundial internacional na área dos direitos humanos.
sobre Direitos Humanos apela a todos os A eliminação rápida e abrangente de todas as
Estados para que adotem e implementem vi- formas de racismo de discriminação racial,
gorosamente as convenções existentes sobre o de xenofobia e de intolerância associadas a
descarregamento de produtos e resíduos tóxicos esses comportamentos deve ser uma tarefa
e perigosos e para que cooperem na prevenção prioritária para a comunidade internacional.
do descarregamento ilícito. Os Governos devem tomar medidas eficazes
21
para preveni-las e combatê-las. Grupos, ins- do desenvolvimento econômico e social, da
tituições, organizações intergovernamentais e educação, da maternidade segura e assistência
não governamentais e indivíduos de modo geral à saúde e apoio social.
devem intensificar seus esforços de cooperação
e coordenação de atividades contra esses males. Os direitos humanos das mulheres devem ser
parte integrante das atividades das Nações Uni-
16. A Conferência Mundial sobre Direitos das na área dos direitos humanos, que devem
Humanos vê com bons olhos o progresso incluir a promoção de todos os instrumentos
alcançado no sentido de pôr fim ao apartheid de direitos humanos relacionados à mulher.
e solicitar que a comunidade internacional e
o sistema das Nações Unidas prestem auxílio A Conferência Mundial sobre Direitos Hu-
nesse processo. manos insta todos os Governos, instituições
governamentais e não governamentais a inten-
Por outro lado, a Conferência Mundial sobre sificarem seus esforços em prol da proteção e
Direitos Humanos deplora os atos persistentes promoção dos direitos humanos da mulher e
de violência que têm por objetivo frustar o da menina.
desmantelamento pacífico do apartheid.
19. Considerando a importância da promoção e
17. Os atos, métodos e práticas terroristas em proteção dos direitos das pessoas pertencentes
todas as suas formas e manifestações, bem a minorias e a contribuição dessa promoção e
como os vínculos existentes entre alguns países proteção à estabilidade política e social dos Es-
e o tráfico de drogas, são atividades que visam à tados onde vivem, a Conferência Mundial sobre
destruição dos direitos humanos, das liberdades os Direitos Humanos reafirma a obrigação dos
fundamentais e da democracia e que ameaçam Estados de garantir a pessoas pertencentes a
a integridade territorial e a segurança dos paí- minorias o pleno e efetivo exercício de todos
ses, desestabilizando Governos legitimamente os direitos humanos e liberdades fundamentais,
constituídos. A comunidade internacional sem qualquer forma de discriminação e em
deve tomar as medidas necessárias para for- plena igualdade perante a lei, em conformidade
talecer a cooperação na prevenção e combate com a Declaração das Nações Unidas sobre os
ao terrorismo. Direitos de Pessoas Pertencentes a Minorias
Nacionais, Étnicas, Religiosas e Linguísticas.
18. Os direitos humanos das mulheres e das
meninas são inalienáveis e constituem parte As pessoas pertencentes a minorias têm o
integral e indivisível dos direitos humanos uni- direito de desfrutar de sua própria cultura, de
versais. A plena participação das mulheres, em professar e praticar sua própria religião e de
condições de igualdade, na vida política, civil, usar seu próprio idioma privadamente ou em
econômica, social e cultural nos níveis nacio- público, com toda a liberdade e sem qualquer
nal, regional e internacional e a erradicação de interferência ou forma de discriminação.
todas as formas de discriminação, com base no
sexo, são objetivos prioritários da comunidade 20. A Conferência Mundial sobre Direitos
internacional. Humanos reconhece a dignidade inerente e a
contribuição singular dos povos indígenas ao
A violência e todas as formas de abuso e explo- desenvolvimento e pluralidade da sociedade e
ração sexual, incluindo o preconceito cultural e reafirma vigorosamente o compromisso com
o tráfico internacional de pessoas, são incompa- a comunidade internacional em relação ao
tíveis com a dignidade e valor da pessoa huma- bem-estar econômico, social e cultural desses
na e devem ser eliminadas. Pode-se conseguir povos e ao seu direito de usufruir dos frutos
Mulher

isso por meio de medidas legislativas, ações do desenvolvimento sustentável. Os Estados


nacionais e cooperação internacional nas áreas devem garantir a plena e livre participação
22
de povos indígenas em todos os aspectos da e de outras emergências. Deve-se promover a
sociedade, particularmente nas questões que cooperação e solidariedade internacionais, com
lhes dizem respeito. Considerando a impor- vistas a apoiar a implementação da Convenção e
tância da promoção e proteção dos direitos os direitos da criança devem ser prioritários em
dos povos indígenas e a contribuição dessa todas as atividades das Nações Unidas na área
promoção e proteção à estabilidade política e dos direitos humanos.
social dos Estados onde vivem, os Estados de-
vem tomar medidas positivas e harmonizadas, A Conferência Mundial sobre Direitos Huma-
em conformidade com o direito internacional, nos enfatiza também que o desenvolvimento
para garantir o respeito a todos os direitos pleno e harmonioso da personalidade dos
humanos e liberdades fundamentais dos povos meninos e das meninas exige que eles cresçam
indígenas em bases iguais e indiscriminatórias, em um ambiente familiar que merece, por
reconhecendo o valor e a diversidade de suas conseguinte, mais proteção.
distintas identidades, culturas e formas de
organização social. 22. Deve-se dar atenção especial às pessoas
portadoras de deficiências, visando a assegurar-
21. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- -lhes um tratamento não discriminatório e
manos, acolhendo positivamente a pronta rati- equitativo no campo dos direitos humanos e
ficação da Convenção sobre Direitos da Criança liberdades fundamentais, garantindo sua plena
por parte de um grande número de Estados e ob- participação em todos os aspectos da sociedade.
servando o reconhecimento do direitos huma-
nos das crianças na Declaração Mundial sobre a 23. A Conferência Mundial sobre Direitos
Sobrevivência, Proteção e Desenvolvimento das Humanos reafirma que todas as pessoas, sem
Crianças, e no Plano de Ação adotado na Cúpula qualquer distinção, têm direito a solicitar e go-
Mundial sobre a Criança, solicita vigorosamente zar de asilo político em outros países em caso de
a ratificação universal da Convenção até 1995 e perseguição, bem como a retornar a seu próprio
sua efetiva implementação por todos os Estados- país. Nesse particular, enfatiza a importância da
-partes mediante a adoção de todas as medidas Declaração do Direitos Humanos, da Conven-
legislativas, administrativas e de outra natureza ção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951,
que se façam necessárias, assim como mediante de seu Protocolo de 1967 e dos instrumentos
a alocação do máximo possível de recursos regionais. Expressa seu reconhecimento aos
disponíveis. A não discriminação e o interesse Estados que continuam a aceitar e acolher
superior das crianças devem ser considerados grandes números de refugiados, em seus ter-
fundamentais em todas as atividades dirigidas ritórios e ao Alto Comissariado das Nações
à infância, levando em devida conta a opinião Unidas para os Refugiados pela dedicação com
dos próprios interessados. Os mecanismos e que desempenha sua tarefa. Expressa também
programas nacionais e internacionais de defesa seu reconhecimento ao Organismo de Obras Atos internacionais não ratificados pelo Brasil
e proteção da infância devem ser fortalecidos, Públicas e Socorro das Nações Unidas para
particularmente em prol de uma maior defesa Refugiados Palestinos no Oriente Próximo.
das meninas, das crianças abandonadas, das
crianças de rua, das crianças econômica e A Conferência Mundial sobre Direitos Hu-
sexualmente exploradas, incluindo as que são manos reconhece que violações flagrantes de
vítimas da pornografia e prostituição infantis direitos humanos, particularmente aquelas
e da venda de órgãos, das crianças acometidas cometidas em situações de conflito armado,
por doenças, inclusive a síndrome da imuno- representam um dos múltiplos e complexos
deficiência adquirida, das crianças refugiadas fatores que levam ao deslocamento de pessoas.
e deslocadas, das crianças detidas, das crianças
em situações de conflito armado, bem como Em vista da complexidade da crise mundial
das crianças que são vítimas da fome, da seca de refugiados, a Conferência Mundial sobre
23
Direitos Humanos reconhece, em conformi- de pessoas pertencentes a grupos que se tor-
dade com a Carta das Nações Unidas e com naram vulneráveis, como os trabalhadores
os instrumentos internacionais pertinentes e migrantes, visando à eliminação de todas as
em sintonia com o espírito de solidariedade formas de discriminação contra os mesmos e o
internacional e com a necessidade de compar- fortalecimento e implementação mais eficaz dos
tilhar responsabilidades, que a comunidade instrumentos de direitos humanos existentes.
internacional deve adotar um planejamento Os Estados têm a obrigação de criar e manter
abrangente em seus esforços, para coordenar mecanismos nacionais adequados, particular-
atividades e promover uma maior cooperação mente nas áreas de educação, saúde e apoio
com países e organizações pertinentes nessa social, para promover e proteger os direitos de
área, levando em consideração o mandato do setores vulneráveis de suas populações e garan-
Alto Comissariado das Nações Unidas para os tir a participação de pessoas desses setores na
Refugiados. Esse planejamento deve incluir busca de soluções para seus problemas.
o desenvolvimento de estratégias que abor-
dam as causas e os efeitos dos movimentos 25. A Conferência Mundial sobre Direitos
de refugiados e de outras pessoas deslocadas, Humanos afirma que a pobreza extrema e a
o fortalecimento de medidas preparatórias exclusão social constituem uma violação da
e mecanismos de resposta, a concessão de dignidade humana e que devem ser tomadas
proteção e assistência eficazes, levando em medidas urgentes para se ter um conhecimento
conta as necessidades especiais das mulheres maior do problema da pobreza extrema e suas
e das crianças, e a identificação de soluções causas, particularmente aquelas relacionadas ao
duradouras, preferencialmente a repatriação problema do desenvolvimento, visando a pro-
voluntária de refugiados em condições de se- mover os direitos humanos das camadas mais
gurança e dignidade, incluindo soluções como pobres, pôr fim à pobreza extrema e à exclusão
as adotadas pelas conferências internacionais social e promover uma melhor distribuição dos
sobre refugiados. Nesse contexto, a Conferência frutos do progresso social. É essencial que os
Mundial sobre Direitos Humanos enfatiza as Estados estimulem a participação das camadas
responsabilidades dos Estados, particularmente mais pobres nas decisões adotadas em relação
no que diz respeito aos países de origem. às suas comunidades, à promoção dos direitos
humanos e aos esforços para combater a po-
À luz de tal abordagem global, a Conferência breza extrema.
Mundial sobre Direitos Humanos enfatiza a
importância de se prestar atenção especial, 26. A Conferência Mundial sobre Direitos
particularmente por meio de organizações Humanos vê com bons olhos o progresso al-
intergovernamentais e humanitárias, e de se cançado na codificação dos instrumentos de
encontrar soluções duradouras, para a questão direitos humanos, que constitui um processo
das pessoas deslocadas internamente, incluindo dinâmico e evolutivo, e recomenda vigorosa-
seu retorno voluntário e reabilitação. mente a ratificação universal dos tratados de
direitos humanos existentes. Todos os Estados
Em conformidade com a Carta das Nações devem aderir a esses instrumentos internacio-
Unidas e com os princípios de direito huma- nais e devem evitar ao máximo a formulação
nitário, a Conferência Mundial sobre Direitos de reservas.
Humanos enfatiza também a importância e a
necessidade da assistência humanitária às viti- 27. Cada Estado deve ter uma estrutura eficaz
mas de todos os desastres, sejam eles naturais de recursos jurídicos para reparar infrações ou
ou produzidos pelo homem. violações de direitos humanos. A administração
da justiça, por meio dos órgãos encarregados
Mulher

24. É extremamente importante que se enfatize de velar pelo cumprimento da legislação e,


a promoção e proteção dos direitos humanos particularmente, de um poder judiciário e
24
uma advocacia independentes, plenamente de Genebra de 1949 e consagrado em outras
harmonizados com as normas consagradas normas e princípios do direito internacional,
nos instrumentos internacionais dos direitos assim como os padrões mínimos de proteção
humanos, é essencial para a realização plena dos direitos humanos, estabelecidos em con-
e não discriminatória dos direitos humanos e venções internacionais.
indispensável aos processos de democratização
e desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, A Conferência Mundial sobre Direitos Huma-
as instituições responsáveis pela administração nos reafirma o direito das vítimas à assistência
da justiça devem ser adequadamente finan- oferecida por organizações humanitárias, como
ciadas e a comunidade internacional deve preveem as Convenções de Genebra de 1949
oferecer um nível mais elevado de assistência e outros instrumentos pertinentes ao direito
técnica e financeira às mesmas. Cabe às Nações internacional humanitário, e apela para que o
Unidas estabelecer, como prioridade, progra- acesso a essa assistência seja seguro e oportuno.
mas especiais de serviços de consultoria, com
vistas a uma administração da justiça forte e 30. A Conferência Mundial sobre Direitos
independente. Humanos expressa também consternação
diante da persistência, em diferentes partes do
28. A Conferência Mundial sobre Direitos mundo, de violações flagrantes e sistemáticas
Humanos expressa sua consternação diante que constituem sérios obstáculos ao pleno
do registro de inúmeras violações de direitos exercício de todos os direitos humanos. Essas
humanos, particularmente na forma de geno- violações e obstáculos incluem, além da tortura
cídio, limpeza étnica e violação sistemática dos e de tratamentos ou punições desumanos e
direitos das mulheres em situações de guerra, degradantes, execuções sumárias e arbitrárias,
que criam êxodos em massa de refugiados e desaparecimentos, detenções arbitrária, todas
pessoas deslocadas. Ao mesmo tempo que formas de racismo, discriminação racial e apar-
condena firmemente essas práticas abominá- theid, ocupação estrangeira, dominação exter-
veis, a Conferência reitera seu apelo para que na, xenofobia, pobreza, fome e outras formas
os autores desses crimes sejam punidos e essas de negação dos direitos econômicos, sociais
práticas imediatamente interrompidas. e culturais, intolerância religiosa, terrorismo,
discriminação contra as mulheres e a ausência
29. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- do Estado de Direito.
manos expressa profunda preocupação com as
violações de direitos humanos registradas em 31. A Conferência Mundial sobre Direitos
todas as partes do mundo, em desrespeito às Humanos apela aos Estados para que não to-
normas consagradas nos instrumentos inter- mem medidas unilaterais contrárias ao direito
nacionais de direitos humanos e no direito in- internacional e à Carta das Nações Unidas que
ternacional humanitário, e com a falta recursos criem obstáculos às relações comerciais entre Atos internacionais não ratificados pelo Brasil
jurídicos suficientes e eficazes para as vítimas. os Estados e impeçam a plena realização dos
direitos humanos enunciados na Declaração
A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- Universal dos Direitos Humanos e nos instru-
manos está profundamente preocupada com mentos internacionais de direitos humanos,
as violações de direitos humanos durante particularmente o direito de todas as pessoas
conflitos armados, que afetam a população a um nível de vida adequado à sua saúde e
civil, particularmente as mulheres, as crian- bem-estar, que inclui alimentação e acesso a
ças, os idosos e os portadores de deficiências; assistência de saúde, moradia e serviços sociais
portanto, a Conferência apela aos Estados e a necessários. A Conferência Mundial sobre Di-
todas as partes em conflitos armados para que reitos Humanos afirma que a alimentação não
observem estritamente o direito internacional deve ser usada como instrumento de pressão
humanitário, estabelecido nas Convenções política.
25
32. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- democracia, a assistência eleitoral, a promoção
manos reafirma a importância de se garantir a da consciência dos direitos humanos por meio
universalidade, objetividade e não seletividade de treinamento, ensino e educação e a partici-
na consideração de questões relativas aos direi- pação popular e da sociedade civil.
tos humanos.
Deve-se fortalecer e tornar mais eficientes e
33. A Conferência Mundial sobre Direitos transparentes os programas de consultoria
Humanos reafirma o dever dos Estados, con- e cooperação técnica do Centro de Direitos
sagrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, para que os mesmos se tornem im-
Humanos, no Pacto Internacional dos Direitos portantes meios de promover mais respeito aos
Econômicos, Sociais e Culturais e em outros direitos humanos. Solicita-se aos Estados que
instrumentos internacionais de direitos huma- aumentem suas contribuições a esses progra-
nos, de orientar a educação no sentido de que a mas, promovendo a alocação de mais recursos
mesma reforce o respeito aos direitos humanos do orçamento regular das Nações Unidas por
e liberdades fundamentais. A Conferência sobre meio de contribuições voluntárias.
Direitos Humanos enfatiza a importância de
incorporar a questão dos direitos humanos nos 35. A execução plena e efetiva das atividades das
programas educacionais e solicita aos Estados Nações Unidas voltadas à promoção e proteção
que assim procedam. A educação deve pro- dos direitos humanos deve refletir a elevada
mover o entendimento, a tolerância, a paz e as importância atribuída aos direitos humanos na
relações amistosas entre as nações e todos os Carta das Nações Unidas e a demanda por ati-
grupos raciais ou religiosos, além de estimular vidades das Nações Unidas na área dos direitos
o desenvolvimento de atividades voltadas para humanos, conforme o mandato conferido pelos
esses objetivos no âmbito das Nações Unidas. Estados-membros. Para esse fim, as atividades
Por essa razão, a educação sobre direitos huma- das Nações Unidas na área dos direitos huma-
nos e a divulgação de informações adequadas, nos devem contar com mais recursos.
tanto de caráter teórico quanto prático, desem-
penham um papel importante na promoção 36. A Conferência Mundial sobre Direitos
e respeito aos direitos humanos em relação a Humanos reafirma o importante e constru-
todos os indivíduos, sem qualquer distinção de tivo papel desempenhado pelas instituições
raça, idioma ou religião, e devem ser elementos nacionais na promoção dos direitos humanos,
das políticas educacionais em níveis nacional particularmente no assessoramento das autori-
e internacional. A Conferência Mundial sobre dades competentes, na reparação de violações
Direitos Humanos observa que a falta de recur- de direitos humanos, na divulgação das infor-
sos e restrições institucionais podem impedir a mações sobre esses direitos e na educação em
realização imediata desses objetivos. direitos humanos.

34. Devem ser empreendidos esforços mais A Conferência Mundial sobre Direitos Hu-
vigorosos para auxiliar países que solicitem manos estimula o estabelecimento e fortale-
ajuda, no sentido de estabelecerem condições cimento de instituições nacionais, tendo em
adequadas para garantir a todos os indivíduos o vista os “Princípios relativos ao estatuto das
exercício dos direitos humanos universais e das instituições nacionais”, reconhecendo o direito
liberdades fundamentais. Os Governos, o sis- de cada Estado de estabelecer a estrutura que
tema das Nações Unidas e outras organizações melhor convenha às necessidades particulares
multilaterais são instados a aumentar conside- em nível nacional.
ravelmente os recursos alocados a programas
voltados ao estabelecimento e fortalecimento da 37. Os acordos regionais desempenham um
Mulher

legislação, das instituições e das infraestruturas papel fundamental na promoção e proteção


nacionais que defendem o Estado de Direito e a dos direitos humanos. Eles devem reforçar as
26
normas universais dos direitos humanos, con- em conformidade com a legislação nacional e
sagrados nos instrumentos internacionais de em sintonia com a Declaração Universal dos
direitos humanos, e sua proteção. A Conferên- Direitos Humanos.
cia Mundial sobre Direitos Humanos endossa
os esforços que estão sendo empreendidos no 39. Ao enfatizar a importância de se dispor de
sentido de fortalecer esses acordos e melhorar informações objetivas, responsáveis e impar-
sua eficácia, ao mesmo tempo que enfatiza a ciais sobre questões humanitárias e de direitos
importância de os mesmos cooperarem com humanos, a Conferência Mundial sobre Direi-
as atividades das Nações Unidas na área dos tos Humanos encoraja uma maior participação
direitos humanos. dos meios de comunicação de massa nesse
esforço, aos quais a legislação nacional deve
A Conferência Mundial sobre Direitos Huma- garantir liberdade e proteção.
nos reitera a necessidade de se considerar a
possibilidade de estabelecer, onde não existam,
acordos regionais e sub-regionais, visando à II
promoção e proteção dos direitos humanos.
A. MAIOR COORDENAÇÃO NO
38. A Conferência Mundial sobre Direitos SISTEMA DAS NAÇÕES UNIDAS NA
Humanos reconhece o importante papel de- ÁREA DOS DIREITOS HUMANOS
sempenhado por organizações não governa-
mentais na promoção dos direitos humanos e 1. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu-
em atividades humanitárias em níveis nacio- manos recomenda uma maior coordenação
nal, regional e internacional. A Conferência em apoio aos direitos humanos e liberdades
Mundial sobre Direitos Humanos aprecia a fundamentais, no âmbito do sistema das Nações
contribuição dessas organizações no sentido de Unidas. Com essa finalidade insta todos os
tornar o público mais consciente da questão dos órgãos e organismos especializados das Nações
direitos humanos, desenvolver atividades de Unidas, cujas atividades envolvem os direitos
educação, treinamento e pesquisa nessa área e humanos, a cooperarem uns com os outros, no
promover e proteger todos os direitos humanos sentido de fortalecer, racionalizar e simplificar
e liberdades fundamentais. Reconhecendo que suas atividades, levando em consideração a ne-
a responsabilidade primordial pela adoção de cessidade de evitar duplicações desnecessárias.
normas cabe aos Estados, a Conferência aprecia A Conferência Mundial sobre Direitos Huma-
também a contribuição oferecida por organi- nos recomenda também ao Secretário Geral
zações não governamentais nesse processo. que, em suas reuniões anuais, funcionários de
Nesse contexto, a Conferência Mundial sobre alto nível de órgãos ou organismos competentes
Direitos Humanos ressalta a importância da das Nações Unidas, além de coordenarem suas
continuidade do diálogo e da cooperação entre atividades, avaliem também o impacto de suas Atos internacionais não ratificados pelo Brasil
Governos e organizações não governamentais. estratégias e políticas sobre a fruição de todos
As organizações não governamentais e seus os direitos humanos.
membros efetivamente ativos na área dos direi-
tos humanos devem desfrutar dos direitos e li- 2. Além disso, a Conferência Mundial sobre Di-
berdades reconhecidos na Declaração Universal reitos Humanos solicita às organizações regio-
dos Direitos Humanos e gozar da proteção da nais e às principais instituições internacionais e
legislação nacional. Esses direitos e liberdades regionais de financiamento e desenvolvimento
não podem ser exercidos de forma contrária que avaliem o impacto de suas políticas e pro-
aos propósitos e princípios das Nações Unidas. gramas sobre a fruição dos direitos humanos.
As organizações não governamentais devem ter
liberdade para desempenhar suas atividades na 3. A Conferência Mundial sobre Direitos
área dos direitos humanos sem interferências, Humanos reconhece que os organismos espe-
27
cializados e órgãos e instituições competentes Unidas que, ao considerarem a possibilidade de
do sistema das Nações Unidas, assim como elaborar novas normas internacionais, levem
outras organizações intergovernamentais em consideração essas diretrizes, consultem os
cujas atividades envolvem direitos humanos, órgãos de direitos humanos criados por tratados
desempenham um papel vital na formulação, sobre a necessidade de elaborar novas normas
promoção e implementação de normas relati- e solicitem à Secretaria que elabore um exame
vas aos direitos humanos sob suas respectivas técnico dos novos instrumentos propostos.
competências, e que esses organismos, órgãos
e organizações devem levar em consideração os 7. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu-
resultados da Conferência Mundial sobre Di- manos recomenda que, mediante solicitação
reitos Humanos nas áreas de sua competência. dos Estados-membros interessados, sempre
que necessário, sejam designados funcioná-
4. A Conferência Mundial sobre Direitos rios graduados aos escritórios regionais das
Humanos recomenda vivamente que se em- Nações Unidas para divulgarem informações
preenda um esforço coordenado, no sentido e oferecerem treinamento e outras formas de
de estimular e facilitar a ratificação e adesão assistência técnica na área de direitos humanos.
ou sucessão dos tratados e protocolos inter- Deve-se organizar cursos de treinamento na
nacionais de direitos humanos adotados no área de direitos humanos para funcionários
âmbito do sistema das Nações Unidas, visando internacionais designados para trabalhar em
a torná-los universalmente aceitos. Em regime áreas relacionadas a esses direitos.
de consultas com os órgãos estabelecidos em
virtude desses tratados, o Secretário Geral deve 8. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu-
considerar a possibilidade de iniciar um diálogo manos considera positiva a iniciativa de realizar
com Estados que não aderiram aos ditos trata- sessões de emergência no âmbito da Comissão
dos de direitos humanos, visando a identificar de Direitos Humanos e solicita aos órgãos
obstáculos e maios para superá-los. competentes do sistema das Nações Unidas
que considerem outros meios de responder a
5. A Conferência Mundial sobre Direitos violações flagrantes de direitos humanos.
Humanos solicita que os Estados considerem
a possibilidade de limitar o alcance de quais- Recursos
quer reservas que porventura tenham adotado
em relação a instrumentos internacionais de 9. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu-
direitos humanos, que formulem tais reservas manos, preocupada com a crescente dispari-
de forma mais precisa e estrita possível, que dade entre as atividades do Centro de Direitos
não adotem reservas incompatíveis com o ob- Humanos e os recursos humanos, financeiros
jeto e propósito do tratado em questão e que e de outra natureza disponíveis para a sua exe-
reconsiderem regularmente tais reservas com cução, e levando em consideração os recursos
vistas a eliminá-las. necessários para a implementação de outros
programas importantes das Nações Unidas,
6. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- solicita ao Secretário Geral e à Assembleia Ge-
manos, reconhecendo a necessidade de manter ral que tomem medidas imediatas, no sentido
consistência com a elevada qualidade dos pa- de aumentar substancialmente os recursos
drões internacionais existentes e evitar a proli- disponíveis a programas de direitos humanos
feração dos instrumentos de direitos humanos, nos orçamentos existentes e futuros das Nações
reafirma as diretrizes para elaboração de novos Unidas, bem como medidas urgentes para obter
instrumentos internacionais, consagradas na mais recursos extraorçamentários.
Resolução no 41/120, de 4 de dezembro de 1986,
Mulher

da Assembleia Geral das Nações Unidas e soli- 10. Nesse contexto, deve-se alocar uma propor-
cita aos órgãos de direitos humanos das Nações ção maior do orçamento regular ao Centro de
28
Direitos Humanos, visando a cobrir seus custos das Nações Unidas na área dos direitos huma-
e outros custos por ele assumidos, incluindo nos. A melhor forma de viabilizar o papel focal
os correspondentes aos órgãos de direitos hu- do Centro é permitir que o mesmo coopere ple-
manos das Nações Unidas. O financiamento namente com outros organismos e órgãos das
voluntário das atividades de cooperação técnica Nações Unidas. O papel coordenador do Cen-
do Centro deve reforçar esse incremento orça- tro de Direitos Humanos exige também que o
mentário; a Conferência Mundial sobre Direi- seu escritório em Nova Iorque seja fortalecido.
tos Humanos solicita contribuições voluntárias
ao fundos fiduciários existentes. 15. Deve-se fornecer ao Centro de Direitos
Humanos meios adequados para o sistema de
11. A Conferência Mundial sobre Direitos relatores temáticos e, por países, peritos, grupos
Humanos solicita ao Secretário Geral e à As- de trabalho e órgãos criados por tratados. O
sembleia Geral que forneçam uma quantidade exame da aplicação das recomendações deve
suficiente de recursos humanos, financeiros e ser uma questão prioritária para a Comissão
de outra natureza ao Centro de Direitos Hu- dos Direitos Humanos.
manos, para que o mesmo possa desempenhar
suas tarefas de forma eficaz, eficiente e rápida. 16. O Centro de Direitos Humanos deve assu-
mir um papel mais abrangente na promoção
12. A Conferência Mundial sobre Direitos dos direitos humanos. Pode-se moldar esse
Humanos, observando a necessidade de ga- papel em cooperação com os Estados-membros
rantir a disponibilidade de recursos humanos e ampliar os programas de consultoria e assis-
e financeiros para o desempenho das atividades tência técnica. Os fundos voluntários existentes
de direitos humanos, em conformidade com o devem crescer substancialmente para que esses
mandato atribuído por órgãos intergoverna- objetivos sejam logrados, bem como adminis-
mentais, solicita ao Secretário Geral, de acordo trados de forma mais eficiente e coordenada.
com o artigo 101 da Carta das Nações Unidas, Todas as atividades devem observar normas
e aos Estados-membros, que adotem critérios administrativas rápidas e transparentes no
coerentes para garantir a disponibilidade dos âmbito dos projetos e devem-se fazer avaliações
recursos necessários em virtude da ampliação periódicas regulares dos programas e projetos.
dos mandatos da Secretaria. A Conferência Com esse fim, os resultados dessas avaliações
Mundial dos Direitos Humanos convida o e outras informações pertinentes devem ser
Secretário Geral a considerar a necessidade regularmente divulgados. O Centro deve, par-
ou utilidade de modificar os procedimentos ticularmente, organizar reuniões informativas
do ciclo orçamentário, no sentido de garantir pelo menos uma vez por ano, aberta a todos os
a oportunidade e efetiva implementação de Estados-membros e organizações diretamente
atividades de direitos humanos, em confor- envolvidas nesses projetos e programas.
midade com os mandatos outorgados pelos Atos internacionais não ratificados pelo Brasil
Estados-membros. Adaptação e fortalecimento dos mecanismos
das Nações Unidas na área dos direitos
Centro de Direitos Humanos humanos, incluindo a questão da criação de
um cargo de Alto Comissariado das Nações
13. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- Unidas para os Direitos Humanos
manos enfatiza a importância de se fortalecer
o Centro de Direitos Humanos das Nações 17. A Conferência Mundial sobre os Direi-
Unidas. tos Humanos reconhece a necessidade de se
adaptar continuamente os mecanismos das
14. O Centro de Direitos Humanos deve desem- Nações Unidas na área dos direitos humanos às
penhar um papel importante na coordenação necessidades presentes e futuras de promoção
de todo o trabalho desenvolvido pelo sistema e defesa dos direitos humanos, em conformi-
29
dade com a presente Declaração e no contexto seja necessário, promulgando leis adequadas,
do desenvolvimento equilibrado e sustentável adotando medidas penais cabíveis e estabe-
de todos os povos. Em particular, os órgãos de lecendo instituições nacionais para combater
direitos humanos das Nações Unidas devem fenômenos dessa natureza.
melhorar sua coordenação, eficiência e eficácia.
21. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu-
18. A Conferência Mundial sobre Direitos manos acata a decisão da Comissão de Direitos
Humanos recomenda à Assembleia Geral que, Humanos de designar um Relator Especial para
ao examinar o relatório da Conferência em examinar formas contemporâneas de racismo,
seu quadragésimo-oitavo período de sessões, discriminação racial, xenofobia e manifestações
comece a analisar prioritariamente a questão análogas de intolerância. A Conferência Mun-
da criação de um Alto Comissariado para os dial sobre Direitos Humanos solicita também a
Direitos Humanos, visando à promoção e pro- todos os Estados-partes na Convenção Interna-
teção de todos os direitos humanos. cional sobre a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação Racial que considerem a
B. IGUALDADE, DIGNIDADE E possibilidade de fazer a declaração prevista no
TOLERÂNCIA artigo 14 da Convenção.

1. Racismo, discriminação racial, xenofobia 22. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu-
e outras formas de intolerância manos solicita a todos os Governos que tomem
todas as medidas adequadas, em conformidade
19. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- com suas obrigações internacionais e levando
manos considera a eliminação do racismo e da em devida conta seus respectivos sistemas jurí-
discriminação racial, particularmente em suas dicos, para fazer frente à intolerância e formas
formas institucionalizadas como o apartheid análogas de violência baseadas em posturas
ou as resultantes de doutrinas de superioridade religiosas ou crenças, inclusive práticas de dis-
ou exclusividade racial ou formas e manifesta- criminação contra as mulheres e a profanação
ções contemporâneas de racismo, um objetivo de locais religiosos, reconhecendo que todos
primordial da comunidade internacional e um os indivíduos têm direito à liberdade de pen-
programa mundial de promoção no campo dos samento, de consciência, de expressão e de re-
direitos humanos. Os órgãos e organismos das ligião. A Conferência convida também todos os
Nações Unidas devem fortalecer seus esforços Estados a aplicarem, na prática, as disposições
para implementar um programa de ação rela- da Declaração sobre a Eliminação de Todas as
tivo à terceira década de combate ao racismo e Formas de Intolerância e Discriminação Racial
à discriminação racial e desenvolver ações sub- Baseadas em Religião ou Crenças.
sequentes, no âmbito de seus mandatos, com
a mesma finalidade. A Conferência Mundial 23. A Conferência Mundial sobre os Direitos
sobre Direitos Humanos solicita vigorosamente Humanos enfatiza que todas as pessoas que
à comunidade internacional que faça contribui- cometem ou autorizam atos criminosos de
ções generosas ao Fundo do Programa para a limpeza étnica são individualmente responsá-
Década de Ação de Combate ao Racismo e à veis por essas violações dos direitos humanos e
Discriminação Racial. devem responder pelas mesmas, e que a comu-
nidade internacional deve empreender todos os
20. A Conferência Mundial sobre Direitos esforços necessários para entregar à justiça as
Humanos insta todos os Governos a tomarem pessoas responsáveis por essas violações.
medidas imediatas e desenvolverem políticas
vigorosas no sentido de evitar e combater 24. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu-
Mulher

todas as formas de racismo, xenofobia ou manos solicita a todos os Estados que tomem
manifestações análogas de intolerância, onde medidas imediatas, individual ou coletivamen-
30
te, para combater a prática da limpeza étnica e sentido de que o mesmo conclua o projeto de
eliminá-la rapidamente. declaração sobre os direitos dos povos indíge-
nas no seu décimo-primeiro período de sessões.
As vítimas da prática abominável de limpeza
étnica têm direito de exigir reparações ade- 29. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu-
quadas e efetivas. manos recomenda que a Comissão de Direitos
Humanos considere a possibilidade de renovar
2. Pessoas pertencentes a minorias e atualizar o mandato do Grupo de Trabalho so-
nacionais, étnicas, religiosas e linguísticas bre Populações Indígenas, uma vez concluída a
elaboração de uma declaração sobre os direitos
25. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- dos povos indígenas.
manos solicita à Comissão de Direitos Huma-
nos que examine formas e meios para promover 30. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu-
e proteger eficazmente os direitos das pessoas manos recomenda também que os programas
pertencentes a minorias previstos na Decla- de consultoria e assistência técnica no âmbito
ração sobre Direitos das Pessoas Pertencentes do sistema das Nações Unidas respondam
a Minorias Étnicas, Religiosas e Linguísticas. positivamente às solicitações pelos Estados
Nesse contexto, a Conferência Mundial sobre de formas de assistência que possam produzir
Direitos Humanos solicita ao centro de Direitos benefícios diretos para os povos indígenas. A
Humanos que forneça, mediante solicitação Conferência Mundial sobre Direitos Humanos
de Governos interessados e no âmbito de seu recomenda ainda que recursos humanos e
programa de consultoria e assistência técnica, financeiros adequados sejam colocados à dispo-
peritos qualificados em questões de minorias sição do Centro de Direitos Humanos, dentro
e direitos humanos, assim como na prevenção do objetivo geral de fortalecer as atividades do
e solução de controvérsias, para ajudar esses Centro, como prevê o presente documento.
Governos a resolver situações existentes ou
potenciais que envolvam minorias. 31. A Conferência Mundial sobre Direitos
Humanos insta todos os Estados a garantirem
26. A Conferência Mundial sobre Direitos a plena e livre participação dos povos indígenas
Humanos insta os Estados e a comunidade em todos os aspectos da sociedade, particular-
internacional a promoverem e protegerem os mente em questões de seu interesse.
direitos das pessoas pertencentes a minorias
nacionais, étnicas, religiosas ou linguísticas, 32. A Conferência Mundial sobre Direitos
em conformidade com a Declaração sobre os Humanos recomenda que a Assembleia Geral
Direitos das Pessoas Pertencentes a Minorias proclame uma década internacional dos povos
Étnicas, Religiosas e Linguísticas. indígenas do mundo a partir de janeiro de 1994,
que compreenda programas de ação a serem Atos internacionais não ratificados pelo Brasil
27. As medidas a serem tomadas devem incluir definidos em parceria com povos indígenas.
a facilitação de sua plena participação em todos Deve-se estabelecer um fundo adequado para
os aspectos da vida política, econômica, social, tal fim. No contexto dessa década, deve-se con-
religiosa e cultural da sociedade e no progresso siderar a criação de um foro de povos indígenas,
econômico e desenvolvimento de seu país. no âmbito do sistema das Nações Unidas.

Povos indígenas Trabalhadores migrantes

28. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- 33. A Conferência Mundial sobre Direitos
manos apela ao Grupo de Trabalho sobre Popu- Humanos insta todos os Estados a garantirem
lações Indígenas da Subcomissão de Prevenção a proteção dos direitos humanos de todos os
da Discriminação e Proteção das Minorias, no trabalhadores migrantes e suas famílias.
31
34. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- das Nações Unidas de Desenvolvimento para
manos considera particularmente importante a a Mulher, o Programa das Nações Unidas para
criação de condições que estimulem uma maior o Desenvolvimento e outros órgãos das Nações
harmonia e tolerância entre trabalhadores Unidas. Nesse contexto, deve-se fortalecer a
migrantes e o resto da sociedade do Estado cooperação e coordenação entre o Centro de
onde residem. Direitos Humanos e a Divisão do Promoção
da Condição da Mulher.
35. A Conferência Mundial sobre Direitos
Humanos convida os Estados a considerarem 38. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu-
a possibilidade de assinar e ratificar, na maior manos enfatiza particularmente a importância
brevidade possível, a Convenção Internacional de se trabalhar no sentido de eliminar todas as
sobre os Direitos de Todos os Trabalhadores formas de violência contra as mulheres na vida
Migrantes e seus Familiares. pública e privada, de eliminar todas as formas
de assédio sexual, exploração e tráfico de
3. A igualdade de condição e os direitos mulheres, de eliminar preconceitos sexuais na
humanos das mulheres administração da justiça e erradicar quaisquer
conflitos que possam surgir entre os direitos da
36. A Conferência Mundial sobre Direitos mulher e as consequências nocivas de determi-
Humanos insta firmemente que as mulheres nadas práticas tradicionais ou costumeiras, do
tenham acesso pleno e igual a todos os direitos preconceito cultural e do extremismo religioso.
humanos e que isto seja uma prioridade para A Conferência Mundial sobre Direitos Huma-
os Governos e as Nações Unidas. A Conferên- nos apela à Assembleia Geral para que adote o
cia Mundial sobre Direitos Humanos enfatiza projeto de declaração sobre a violência contra
também a importância da integração e plena a mulher e insta os Estados a combaterem a
participação das mulheres como agentes e violência contra a mulher em conformidade
beneficiárias do processo de desenvolvimento com as disposições da declaração. As violações
e reitera os objetivos estabelecidos em relação dos direitos humanos da mulher em situações
à adoção de medidas globais em favor das de conflito armado são violações de princípios
mulheres, visando ao desenvolvimento sus- fundamentais dos instrumentos internacionais
tentável e equitativo previsto na Declaração do de direitos humanos e do direito humanitário.
Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Todas as violações desse tipo, incluindo parti-
e no Capítulo 24 da Agenda 21, adotada pela cularmente assassinatos, estupros sistemáticos,
Conferência das Nações Unidas sobre Meio escravidão sexual e gravidez forçada, exigem
Ambiente e Desenvolvimento (Rio de Janeiro, uma resposta particularmente eficaz.
3 a 14 de junho de 1992).
39. A Conferência Mundial sobre Direitos
37. A igualdade de condição das mulheres e Humanos insta vigorosamente a erradicação
seus direitos humanos devem ser integrados de todas as formas de discriminação contra
nas principais atividades do sistema das Nações a mulher, tanto abertas quanto veladas. As
Unidas como um todo. Essas questões devem Nações Unidas devem promover a meta da
ser regular e sistematicamente abordadas em ratificação universal, por parte de todos os
todos os órgãos e mecanismos competentes Estados, da Convenção sobre a Eliminação
das Nações Unidas. Particularmente, devem-se de Todas as Formas de Discriminação contra
tomar medidas no sentido de aumentar a coo- a Mulher até o ano 2.000. Deve-se estimular
peração e promover uma maior integração de formas e meios para solucionar a questão do
objetivos e metas entre a Comissão de Condição número particularmente elevado de reservas
Jurídica e Social da Mulher, a Comissão de Di- à Convenção. Entre outras medidas, o Comitê
Mulher

reitos Humanos, o Comitê para a Eliminação para Eliminação da Discriminação contra a


da Discriminação contra a Mulher, o Fundo Mulher deve continuar examinando as reservas
32
à Convenção. Os Estados são instados a retirar para esse fim, dados discriminados por sexo.
todas as reservas contrárias ao objeto e propó- Os Estados devem ser estimulados a fornecer
sito da Convenção ou que de outra maneira informações sobre a situação de jure e de facto
são incompatíveis com o direito internacional das mulheres em seus relatórios a órgãos de
convencional. monitoramento de tratados. A Conferência
Mundial sobre Direitos Humanos observa com
40. Os órgãos de monitoramento de tratados satisfação que a Comissão de Direitos Humanos
devem divulgar informações necessárias para adotou, em seu quadragésimo-nono período
que as mulheres possam recorrer mais eficaz- de sessões, a Resolução no  1993/46, de 8 de
mente aos procedimentos de implementação março de 1993, a qual afirma que relatores e
disponíveis, em seus esforços para exercer seus grupos de trabalho envolvidos com questões
direitos humanos plenamente, em condições de direitos humanos devem também proceder
de igualdade e sem discriminação. Devem-se da mesma maneira. A Divisão para a Promoção
adotar também novos procedimentos para da Condição da Mulher também deve tomar
fortalecer a concretização do compromisso de medidas, em regime de cooperação com outros
promover a igualdade da mulher e seus direi- organismos das Nações Unidas, particularmen-
tos humanos. A Comissão sobre o Estatuto da te com o Centro de Direitos Humanos, para
Mulher e o Comitê para a Eliminação da Dis- garantir que as atividades de direitos humanos
criminação contra a Mulher devem examinar das Nações Unidas abordem regularmente
rapidamente a possibilidade de introduzir o os direitos humanos das mulheres, particu-
direito de petição, por meio de um protocolo larmente os abusos motivados pela condição
facultativo à Convenção sobre a Eliminação feminina. Deve-se estimular o treinamento de
de Todas as Formas de Discriminação contra a funcionários das Nações Unidas especializados
Mulher. A Conferência Mundial sobre Direitos em direitos humanos e ajuda humanitária para
Humanos acolhe a decisão da Comissão de Di- ajudá-los a reconhecer e fazer frente a abusos de
reitos Humanos de considerar a possibilidade direitos humanos e desempenhar suas tarefas
de designar um relator especial para o tema da sem preconceitos sexuais.
violência contra a mulher, no seu quinquagé-
simo período de sessões. 43. A Conferência Mundial sobre Direitos
Humanos insta os governos e organizações
41. A Conferência Mundial sobre Direitos regionais e internacionais a facilitarem o acesso
Humanos reconhece a importância do gozo das mulheres a cargos decisórios e a promove-
de elevados padrões de saúde física e mental rem uma participação maior das mesmas no
por parte da mulher, durante todo o ciclo de processo decisório. Defende também a adoção
vida. No contexto da Conferência de Todas de outras medidas no âmbito da Secretaria
as Formas de Discriminação contra a Mulher, das Nações Unidas, no sentido de designar e
assim como da Proclamação de Teerã de 1968, a promover funcionários do sexo feminino, em Atos internacionais não ratificados pelo Brasil
Conferência Mundial sobre Direitos Humanos conformidade com a Carta das Nações Unidas,
reafirma, com base no princípio de igualdade e solicita firmemente a outros órgãos principais
entre mulheres e homens, o direito da mulher e subsidiários das Nações Unidas que garantam
a uma assistência de saúde acessível e adequada a participação das mulheres em condições de
e ao leque mais amplo possível de serviços de igualdade.
planejamento familiar, bem como ao acesso
igual à educação em todos os níveis. 44. A Conferência Mundial sobre os Direitos
Humanos acolhe com satisfação a Conferência
42. Os órgãos criados em virtude de tratados Mundial sobre a Mulher a se realizar em Beijing
devem incluir a questão da condição das mu- em 1995 e insta a que os direitos humanos da
lheres e dos direitos humanos das mulheres mulher ocupem um papel importante em suas
em suas deliberações e verificações, utilizando, deliberações, em conformidade com os temas
33
prioritários da Conferência Mundial sobre a problema igualmente grave das crianças que
Mulher, a saber, igualdade, desenvolvimento vivem em situação de extrema pobreza.
e paz.
48. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu-
4. Os direitos da criança manos insta todos os Estados a abordarem, com
o apoio da cooperação internacional, o agudo
45. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- problema das crianças que vivem em circuns-
manos reitera o princípio da “Criança Antes de tâncias particularmente difíceis. A exploração
Tudo” e, nesse particular, enfatiza a importância e o abuso de crianças devem ser ativamente
de se intensificar os esforços nacionais e interna- combatidos, atacando-se suas causas. Deve-se
cionais, principalmente no âmbito do Fundo das tomar medidas eficazes contra o infanticídio
Nações Unidas para a Infância, para promover o feminino, o emprego de crianças em trabalhos
respeito aos direitos da criança à sobrevivência, perigosos, a venda de crianças e de órgãos, a
proteção, desenvolvimento e participação. prostituição infantil, a pornografia infantil e
outras formas de abuso sexual.
46. Deve-se também tomar medidas no sentido
de garantir a ratificação universal da Con- 49. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu-
venção das Nações Unidas sobre os Direitos manos apoia todas as medidas tomadas pelas
da Criança até o ano de 1995 e a assinatura Nações Unidas e seus órgãos especializados,
universal da Declaração Mundial sobre a So- no sentido de garantir a proteção e promoção
brevivência, a Proteção e o Desenvolvimento da efetivas dos direitos humanos das meninas. A
Criança e do Plano Mundial de Ação adotados Conferência Mundial sobre Direitos Humanos
na Conferência Internacional de Cúpula sobre insta aos Estados a repelirem leis e regulamen-
a Criança, bem como sua efetiva implemen- tos discriminatórios e prejudiciais às meninas
tação. A Conferência Mundial sobre Direitos e a eliminarem costumes e práticas da mesma
Humanos insta os Estados a retirarem reservas natureza.
à Convenção sobre os Direitos da Criança, que
sejam contrárias ao objetivo e propósito da 50. A Conferência Mundial sobre Direitos
Convenção ou de outra maneira contrárias ao Humanos apoia firmemente a proposta de
direito internacional convencional. que o Secretário Geral inicie um estudo sobre
meios para melhorar a proteção de crianças
47. A Conferência Mundial sobre Direitos em conflitos armados. Devem-se implementar
Humanos insta todos os países a colocarem normas e medidas visando a proteger e facilitar
em prática, no grau máximo permitido pelos a assistência de crianças em zonas de guerra.
recursos disponíveis, medidas voltadas para Essas medidas devem incluir proteção criança
a realização das metas do Plano Mundial de contra o uso indiscriminado de armas de guer-
Ação da Conferência Internacional de Cúpula, ra, particularmente minas antipessoais. A ne-
com o apoio da cooperação internacional. A cessidade de cuidados posteriores e reabilitação
Conferência apela aos Estados no sentido de de crianças traumatizadas por guerras é uma
que integrem a Convenção sobre os Direitos questão a ser abordada em regime de urgência.
da Criança em seus planos nacionais de ação. A Conferência apela ao Comitê dos Direitos da
Mediante esses planos nacionais de ação e es- Criança, no sentido de que o mesmo estude a
forços internacionais, deve-se dar prioridade possibilidade de aumentar a idade mínima de
especial à redução das taxas de mortalidade recrutamento das forças armadas.
materno-infantis, à redução das taxas de desnu-
trição básica. Sempre que necessário, os planos 51. A Conferência Mundial sobre Direitos
nacionais de ação devem ser projetados para Humanos recomenda que questões relaciona-
Mulher

combater emergências devastadoras resultantes das aos direitos humanos sejam regularmente
de desastres naturais e conflitos armados e o examinadas e acompanhadas por todos os
34
órgãos e mecanismos competentes do sistema tortura e a erradicarem esse mal para sempre,
das Nações Unidas e pelos órgãos supervisores mediante a plena implementação da Decla-
dos organismos especializados, no âmbito de ração Universal dos Direitos Humanos e das
seus mandatos. convenções pertinentes, fortalecendo também,
quando necessário, os mecanismos existentes.
52. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- A Conferência Mundial sobre Direitos Huma-
manos reconhece o importante papel desem- nos apela a todos os Estados no sentido de que
penhado por organizações não governamentais cooperem plenamente com o Relator Especial
na efetiva implementação de todos os instru- para a questão da tortura no cumprimento de
mentos de direitos humanos, particularmente seu mandato.
da Convenção sobre os Direitos da Criança.
58. É particularmente importante que se garan-
53. A Conferência Mundial sobre Direitos ta o respeito universal e a efetiva implementa-
Humanos recomenda que o Comitê dos Di- ção dos Princípios da Ética Médica aplicáveis
reitos da Criança, com a assistência do Centro ao pessoal da saúde, especialmente médicos,
de Direitos Humanos, seja dotado de meios na proteção de prisioneiros e pessoas detidas
necessários para cumprir seu mandato rápida contra a tortura e outras formas de tratamento
e eficazmente, particularmente em vista do ou punição cruéis, desumanas ou degradantes
alcance sem precedentes de ratificações e apre- adotados pela Assembleia Geral das Nações
sentações subsequentes de relatórios nacionais. Unidas.

5. Direito a não ser submetido a tortura 59. A Conferência Mundial sobre Direitos
Humanos enfatiza a importância de outras me-
54. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- didas concretas no âmbito das Nações Unidas,
manos celebra a ratificação, por parte de muitos no sentido de se prestar assistência a vítimas
Estados-membros, da Convenção das Nações de tortura e garantir recursos mais eficazes
Unidas contra a Tortura e Outras Formas de para sua reabilitação física, psicológica e social.
Tratamento ou Punição Cruéis, Desumanas ou Deve-se dar alta prioridade ao provimento dos
Degradantes, e encoraja sua pronta ratificação recursos necessários para esse fim, particular-
por todos os demais Estados-membros. mente mediante contribuições adicionais para
o Fundo Voluntário das Nações Unidas para as
55. A Conferência Mundial sobre Direitos Vítimas de Tortura.
Humanos assinala que uma das violações
mais atrozes da dignidade humana é o ato da 60. Os Estados devem ab-rogar leis conducen-
tortura, que destrói a dignidade e prejudica tes à impunidade de pessoas responsáveis por
a capacidade das vítimas de retomarem suas graves violações de direitos humanos, como a
vidas e atividades. tortura, e punir criminalmente essas violações, Atos internacionais não ratificados pelo Brasil
proporcionando, assim, uma base sólida para o
56. A Conferência Mundial sobre Direitos Estado de Direito.
Humanos reafirma que, no âmbito das normas
de direitos humanos e do direito internacional 61. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu-
humanitário, o direito de não ser torturado manos reafirma que os esforços para erradicar a
deve ser protegido em todas as circunstâncias, tortura devem, acima de tudo, concentrar-se na
mesmo em períodos de distúrbios internos ou prevenção e, portanto, solicita a pronta adoção
internacionais ou de conflitos armados. de um protocolo facultativo à Convenção con-
tra a Tortura e Outras Formas e Tratamento ou
57. A Conferência Mundial sobre Direitos Punição Cruéis, Desumanos ou Degradantes,
Humanos insta, portanto, a todos os Estados para que se estabeleça um sistema preventivo
a eliminarem imediatamente a prática da de visitas regulares a locais de detenção.
35
Desaparecimentos forçados adotado pelo Assembleia Geral no seu trigési-
mo-sétimo período de sessões, a Conferência
62. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- Mundial sobre Direitos Humanos apela à
manos, acolhendo a adoção, pela Assembleia Assembleia Geral e ao Conselho Econômico
Geral, da Declaração sobre a Proteção de Todas e Social, no sentido de que em suas reuniões
as Pessoas contra Desaparecimentos Forçados, de 1993 adotem o projeto de diretrizes sobre
apela a todos os Estados no sentido de que a igualdade de oportunidades para as pessoas
tomem medidas legislativas, administrativas, portadoras de deficiência.
judiciais ou de outra natureza para prevenir,
eliminar e punir eficazmente os desaparecimen- C. COOPERAÇÃO,
tos forçados. A Conferência Mundial sobre Di- DESENVOLVIMENTO E
reitos Humanos reafirma que é dever de todos FORTALECIMENTO DOS DIREITOS
os Estados, em qualquer circunstância, abrir HUMANOS
investigações sempre que surgirem suspeitas de
desaparecimento forçado em um território sob 66. A Conferência Mundial sobre Direitos
sua jurisdição e, sendo confirmada as suspeitas, Humanos recomenda que se dê prioridade à
processar criminalmente os responsáveis. adoção de medidas nacionais e internacionais
para promover a democracia, o desenvolvimen-
6. Os direitos das pessoas portadoras de to e os direitos humanos.
deficiências
67. Deve-se enfatizar, particularmente, medidas
63. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- para estabelecer e fortalecer instituições de di-
manos reafirma que todos os direitos humanos reitos humanos, promover uma sociedade civil
e liberdades fundamentais são universais e, pluralista e proteger grupos vulneráveis. Nesse
portanto, aplicáveis sem qualquer reserva às contexto, a assistência prestada em resposta a
pessoas portadoras de deficiências. Todas as solicitações de Governos para a realização de
pessoas nascem iguais e com os mesmos direitos eleições livres e justas, inclusive a assistência
à vida e ao bem-estar, à educação e ao trabalho, relacionada a aspectos de direitos humanos das
à independência e à participação ativa em todos eleições e informações públicas sobre eleições,
os aspectos da sociedade. Qualquer discrimina- é de particular importância. Igualmente impor-
ção direta ou outro tratamento discriminatório tante é a assistência a ser prestada no sentido
negativo de uma pessoa portadora de deficiência de consolidar o Estado de Direito, promover
constitui, portanto, uma violação de seus di- a liberdade de expressão e a administração da
reitos. A Conferência Mundial sobre Direitos justiça e a verdadeira e efetiva participação do
Humanos apela aos Governos no sentido de que, povo nos processos decisórios.
se necessário, adotem leis ou modifiquem sua
legislação para garantir o acesso a estes e outros 68. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu-
direitos das pessoas portadoras de deficiências. manos enfatiza a necessidade de se fortalecerem
os serviços de consultoria e as atividades de assis-
64. As pessoas portadoras de deficiências devem tência técnica do Centro de Direitos Humanos.
ter acesso igual a todo e qualquer lugar. Devem O Centro deve prestar assistência técnica em
ter a garantia de oportunidades iguais, mediante relação a temas específicos na área dos direitos
a eliminação de todas as barreiras socialmente humanos a países que a solicitarem, inclusive na
determinadas, sejam elas físicas, financeiras, so- preparação de relatórios de tratados de direitos
ciais ou psicológicas, que excluam ou restrinjam humanos e na implementação de planos de ação
sua plena participação na sociedade. coerentes e abrangentes, para promover e prote-
ger os direitos humanos. Serão elementos desses
Mulher

65. Recordando o Programa Mundial de Ação programas o fortalecimento das instituições de


para as Pessoas Portadoras de Deficiências direitos humanos e da democracia, a proteção
36
jurídica dos direitos humanos, o treinamento insta o Grupo de Trabalho a formular pronta-
de funcionários e de outras pessoas, uma ampla mente, em regime de consultas e cooperação
educação e o fornecimento de informações para com outros órgãos e organismos das Nações
promover o respeito aos direitos humanos. Unidas, para consideração imediata da As-
sembleia Geral das Nações Unidas, medidas
69. A Conferência Mundial sobre Direitos abrangentes e eficazes para eliminar obstáculos
Humanos recomenda firmemente o estabeleci- à aplicação e concretização da Declaração sobre
mento de um programa abrangente, no âmbito o Direito ao Desenvolvimento e propor formas
das Nações Unidas, para ajudar os Estados na e meios para garantir o direito ao desenvolvi-
tarefa de criar ou fortalecer estruturas nacionais mento a todos os Estados.
adequadas que tenham um impacto direto na
observância geral dos direitos humanos e a ma- 73. A Conferência Mundial sobre Direitos
nutenção dos Estado de Direito. Esse programa, Humanos recomenda que as organizações
que será coordenado pelo Centro de Direitos não governamentais e outras organizações de
Humanos, deverá oferecer, mediante solicitação base atuantes na área do desenvolvimento e/
dos Governos interessados, assistência técnica ou dos direitos humanos tenham espaço para
e financeira a projetos nacionais de reforma desempenhar um papel substancial, em níveis
de estabelecimentos penais e correcionais, de nacional e internacional, no debate e nas ativi-
educação e treinamento de advogados, juízes e dades relacionadas ao desenvolvimento e, em
forças de segurança, em direitos humanos, e a regime de cooperação com os Governos, em
projetos em qualquer outra esfera de atividade todos os aspectos pertinentes da cooperação
relacionada ao bom funcionamento da justiça. para o desenvolvimento.
O programa deve oferecer assistência aos Esta-
dos na implementação de planos de ação e na 74. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu-
promoção dos direitos humanos. manos apela aos Governos, órgãos competentes
e instituições, no sentido de que aumentem
70. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- consideravelmente os recursos aplicados no
manos solicita ao Secretário Geral das Nações desenvolvimento de sistemas jurídicos efica-
Unidas que apresente propostas à Assembleia zes para proteger os direitos humanos e em
Geral das Nações Unidas, com sugestões para o instituições nacionais atuantes nessa área. Os
estabelecimento, estrutura, modalidades opera- protagonistas da cooperação para o desen-
cionais e financiamento do programa proposto. volvimento devem levar em consideração as
relações mutuamente complementares entre
71. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- o desenvolvimento, a democracia e os direitos
manos recomenda que cada Estado considere a humanos. A cooperação deve basear-se no diá-
conveniência de elaborar um plano nacional de logo e na transparência. A Conferência Mundial
ação, identificando medidas, mediante as quais sobre Direitos Humanos solicita também o es- Atos internacionais não ratificados pelo Brasil
o Estado em questão possa melhor promover e tabelecimento de programas abrangentes, com
proteger os direitos humanos. bancos de dados e pessoal especializado, para
fortalecer o Estado de Direito e as instituições
72. A Conferência Mundial sobre os Direitos democráticas.
Humanos reafirma que o direito universal e ina-
lienável ao desenvolvimento, previsto na Decla- 75. A Conferência Mundial sobre Direitos
ração sobre Direito ao Desenvolvimento, deve Humanos encoraja a Comissão de Direitos
ser aplicado e concretizado. Nesse contexto, a Humanos, em regime de cooperação com o
Conferência Mundial sobre Direitos Humanos Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e
acolhe a indicação, por parte da Comissão de Culturais, a continuar examinando protocolos
Direitos Humanos, de um grupo de trabalho facultativos ao Pacto Internacional dos Direitos
temático sobre o direito ao desenvolvimento e Econômicos, Sociais e Culturais.
37
76. A Conferência Mundial sobre Direitos tário, a democracia e o Estado de Direito como
Humanos recomenda que sejam canalizados matérias dos currículos de todas as instituições
mais recursos para o fortalecimento ou esta- de ensino dos setores formal e informal.
belecimento de acordos regionais visando à
promoção e proteção dos direitos humanos 80. A educação em direitos humanos deve in-
no âmbito da consultoria e assistência técnica cluir a paz, a democracia, o desenvolvimento
prestada pelo Centro de Direitos Humanos. e a justiça social, tal como previsto nos instru-
Os Estados devem solicitar assistência para mentos internacionais e regionais de direitos
atividades regionais e sub-regionais, como a humanos, para que seja possível conscientizar
realização de workshops, seminários e inter- todas as pessoas em relação à necessidade de
câmbio de informações, visando a fortalecer os fortalecer a aplicação universal dos direitos
acordos regionais para a promoção e proteção humanos.
dos direitos humanos, em conformidade com
os padrões universais dos direitos humanos, 81. Levando em conta o Plano Mundial de Ação
consagrados nos instrumentos internacionais para a Educação em prol dos Direitos Humanos
de direitos humanos. e da Democracia, adotado em março de 1993
pelo Congresso Internacional sobre a Educação
77. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- em prol dos Direitos Humanos e da Democra-
manos apoia todas as medidas tomadas pelas cia da Organização das Nações Unidas para a
Nações Unidas e seus órgãos especializados Educação, a Ciência e a Cultura, bem como
competentes para garantir a efetiva promoção outros instrumentos de direitos humanos, a
e proteção dos direitos sindicais previstos no Conferência Mundial sobre Direitos Humanos
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, recomenda aos Estados que desenvolvam pro-
Sociais e Culturais e em outros instrumentos gramas e estratégias visando especificamente
internacionais pertinentes. Solicita ainda que a ampliar ao máximo a educação em direitos
todos os Estados observem plenamente suas humanos e a divulgação de informações públi-
obrigações nessa área, em conformidade com cas nessa área, enfatizando particularmente os
os instrumentos internacionais. direitos humanos da mulher.

D. EDUCAÇÃO EM DIREITOS 82. Os Governos, com a assistência de orga-


HUMANOS nizações intergovernamentais, instituições
nacionais e organizações não governamentais,
78. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- devem promover uma maior conscientização
manos considera a educação, o treinamento e a dos direitos humanos e da tolerância mútua. A
informação pública na área dos direitos huma- Conferência Mundial sobre Direitos Humanos
nos como elementos essenciais para promover enfatiza a importância de se intensificar a Cam-
e estabelecer relações estáveis e harmoniosas panha Mundial de Informação Pública sobre
entre as comunidades e para fomentar o enten- Direitos Humanos lançada pelas Nações Uni-
dimento mútuo, a tolerância e a paz. das. Os Governos devem empreender e apoiar
a educação em direitos humanos e efetivamente
79. Os Estados devem empreender todos os divulgar informações públicas nessa área. Os
esforços necessários para erradicar o analfabe- programas de consultoria e assistência técnica
tismo e devem orientar a educação no sentido do sistema das Nações Unidas devem atender
de desenvolver plenamente a personalidade imediatamente às solicitações de atividades
humana e fortalecer o respeito pelos direitos educacionais e de treinamento dos Estados na
humanos e liberdades fundamentais. A Con- área dos direitos humanos, assim como às so-
ferência Mundial sobre Direitos Humanos licitações de atividades educacionais especiais
Mulher

solicita a todos os Estados e instituições que sobre as normas consagradas em instrumentos


incluam os direitos humanos, o direito humani- internacionais de direitos humanos e no direito
38
humanitário e sua aplicação a grupos especiais, tratados, às reuniões dos presidentes desses
como forças militares, pessoal encarregado órgãos e às reuniões de Estados-partes que
de velar pelo cumprimento da lei, a polícia e continuem tomando medidas visando a coorde-
os profissionais de saúde. Deve-se considerar nar as múltiplas normas e diretrizes aplicáveis
a proclamação de uma década das Nações à preparação dos relatórios que os Estados
Unidas para a educação em direitos humanos, devem apresentar em virtude das convenções
visando a promover, estimular e orientar essas de direitos humanos, e que estudem a sugestão
atividades educacionais. da apresentação de um relatório global sobre as
obrigações convencionais assumidas por cada
E. MÉTODOS DE IMPLEMENTAÇÃO E Estado, o que tornaria esses procedimentos
CONTROLE mais eficazes e aumentaria o seu impacto.

83. A Conferência Mundial sobre Direitos 88. A Conferência Mundial sobre os Direitos
Humanos insta os Governos a incorporarem Humanos recomenda que os Estados-partes
as normas consagradas em instrumentos em instrumentos internacionais de direitos
internacionais de direitos humanos na legis- humanos, a Assembleia Geral e o Conselho
lação interna e a fortalecerem as estruturas e Econômico e Social considerem a possibilida-
instituições nacionais e órgãos da sociedade de de analisar os órgãos criados por tratados
atuantes na área da promoção e salvaguarda e os diversos mecanismos de procedimentos
dos direitos humanos. temáticos existentes, com vistas a promover
sua eficiência e eficácia, mediante uma me-
84. A Conferência Mundial sobre Direitos lhor coordenação entre os diversos órgãos,
Humanos recomenda o fortalecimento das mecanismos e procedimentos, levando em
atividades e programas das Nações Unidas de consideração a necessidade de evitar duplica-
assistência aos Estados desejosos de estabelecer ções ou sobreposições desnecessárias de seus
ou fortalecer sua próprias instituições nacionais mandatos e tarefas.
de promoção e proteção dos direitos humanos
e que solicitem assistência para tal fim. 89. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu-
manos recomenda a realização de um trabalho
85. A Conferência Mundial sobre Direitos contínuo para melhorar o funcionamento dos
Humanos estimula também o fortalecimento órgãos criados por tratados e suas tarefas de
da cooperação entre instituições nacionais de controle, levando em consideração as inúmeras
promoção e proteção dos direitos humanos, propostas apresentadas nesse sentido, particu-
particularmente por meio de intercâmbio de larmente aquelas apresentadas pelos próprios
informações e experiências, bem como da co- órgãos. Devem-se também encorajar o enfoque
operação entre estas e as organizações regionais nacional abrangente adotado pelo Comitê dos
e as Nações Unidas. Direitos da Criança. Atos internacionais não ratificados pelo Brasil

86. Nesse contexto, a Conferência Mundial 90. A Conferência Mundial sobre Direitos
sobre Direitos Humanos recomenda vigoro- Humanos recomenda que os Estados-partes
samente que representantes de instituições em tratados de direitos humanos considerem a
nacionais de promoção e proteção dos direitos possibilidade de aceitar todos os procedimentos
humanos realizem reuniões periódicas, sob facultativos para a apresentação e o exame de
os auspícios do Centro de Direitos Humanos, comunicações.
para examinar formas e meios para aperfeiçoar
seus mecanismos e compartilhar experiências. 91. A Conferência Mundial sobre Direitos
Humanos vê com preocupação a questão da
87. A Conferência Mundial sobre Direitos impunidade dos autores de violações de direitos
Humanos recomenda aos órgãos criados por humanos e apoia os esforços empreendidos
39
pela Comissão de Direitos Humanos e pela proteção dos direitos humanos e nas medidas
Comissão de Prevenção da Discriminação e destinadas a garantir a plena observância do
Proteção de Minorias, no sentido de examinar direito internacional humanitário em todas as
todos os aspectos da questão. situações de conflito armado, em conformidade
com os propósitos e princípios da Carta das
92. A Conferência Mundial sobre Direitos Nações Unidas.
Humanos recomenda que a Comissão de
Direitos Humanos examine a possibilidade 97. A Conferência Mundial sobre Direitos
de melhorar a aplicação de instrumentos de Humanos, reconhecendo o importante papel
direitos humanos existentes em níveis inter- desempenhado por componentes de direitos
nacional e regional e encoraja a Comissão de humanos em determinados acordos relativos
Direito Internacional a continuar seus trabalhos a operações das Nações Unidas para a manu-
visando ao estabelecimento de um tribunal tenção da paz, recomenda que o Secretário
penal internacional. Geral leve em consideração os relatórios, a
experiência e a capacidade do Centro de Di-
93. A Conferência Mundial sobre Direitos reitos Humanos e dos mecanismos de direitos
Humanos apela aos Estados que ainda não humanos, em conformidade com a Carta das
aderiram às Convenções de Genebra de 12 de Nações Unidas.
agosto de 1949 e seus Protocolos, no sentido de
que o façam e tomem todas as medidas nacio- 98. Para fortalecer os direitos econômicos,
nais necessárias, incluindo medidas legislativas, sociais e culturais, devem-se examinar outros
para fazê-los vigorar plenamente. enfoques, como a aplicação de um sistema de
indicadores para medir o progresso alcançado
94. A Conferência Mundial sobre Direitos na realização dos direitos previstos no Pac-
Humanos recomenda a rápida finalização e to Internacional dos Direitos Econômicos,
adoção do projeto de declaração sobre o di- Sociais e Culturais. Deve-se empreender um
reito e responsabilidade de indivíduos, grupos esforço harmonizado, visando a garantir o
e instituições de promover e proteger direitos reconhecimento dos direitos econômicos,
humanos e liberdades fundamentais universal- sociais e culturais em níveis nacional, regional
mente reconhecidos. e internacional.

95. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- F. ATIVIDADES DE


manos salienta a importância de se preservar e ACOMPANHAMENTO DOS
fortalecer o sistema de procedimentos especiais, RESULTADOS DA CONFERÊNCIA
relatores, representantes, peritos e grupos de MUNDIAL SOBRE DIREITOS
trabalho da Comissão de Direitos Humanos e HUMANOS
da Subcomissão de Prevenção da Discrimina-
ção e Proteção de Minorias, para que os mes- 99. A Conferência Mundial sobre Direitos
mos possam desempenhar seus mandatos com Humanos recomenda que a Assembleia Geral,
os recursos humanos e financeiros necessários. a Comissão de Direitos Humanos e outros ór-
Esses procedimentos e mecanismos devem gãos e agências do sistema das Nações Unidas
ser harmonizados e racionalizados por meio relacionados aos Direitos Humanos considerem
de reuniões periódicas. Solicita-se a todos os formas e meios de garantir a plena aplicação,
Estados que cooperem plenamente com esses sem demora, das recomendações contidas na
procedimentos e mecanismos. presente Declaração, incluindo a possibilida-
de de se proclamar uma década das Nações
96. A Conferência Mundial sobre Direitos Unidas dos Direitos Humanos. A Conferência
Mulher

Humanos recomenda que as Nações Unidas Mundial sobre Direitos Humanos recomenda
assumam um papel mais ativo na promoção e também que a Comissão de Direitos Humanos
40
avalie anualmente o progresso alcançado nesse ao Secretário Geral seus pontos de vista sobre
propósito. o progresso alcançado na aplicação da presente
Declaração. Deve-se prestar atenção especial
100. A Conferência Mundial sobre Direitos Hu- na avaliação do progresso alcançado rumo à
manos solicita ao Secretário Geral das Nações ratificação universal de tratados e protocolos
Unidas que, por ocasião do quinquagésimo ani- internacionais de direitos humanos adotados
versário da Declaração Universal dos Direitos no âmbito do sistema das Nações Unidas.
Humanos, convide todos os Estados, órgãos e
agências do sistema das Nações Unidas a lhe Adotados pela Conferência Mundial sobre Direitos
apresentarem um relatório sobre o progresso Humanos, Viena, 14-25 de junho de 1993. Fontes:
alcançado na aplicação da presente Declaração Direitos Humanos DHNet. Disponível em: <http://
e a apresentarem um relatório à Assembleia www.dhnet.org.br/direitos/anthist/viena/declaracao_
Geral no quinquagésimo-terceiro período de viena.htm>. Acesso em: 9 set. 2013. Procuradoria
sessões, por meio da Comissão de Direitos Geral da República de Portugal. Gabinete de
Humanos e do Conselho Econômico e Social. Documentação e Direito Comparado. Direitos
Além disso, as instituições de direitos humanos Humanos. Disponível em: <HTTP://direitoshumanos.
regionais e nacionais, assim como as organiza- gddc.pt/3_1?IIIPAG3_1_9.htm>. Acesso em: 9 set.
ções não governamentais, poderão apresentar 2013.

Atos internacionais não ratificados pelo Brasil

41
Declaração de Pequim, Adotada pela
Quarta Conferência Mundial sobre
as Mulheres: Ação para Igualdade,
Desenvolvimento e Paz

Nós, os Governos, participantes da Quarta mover o avanço e o fortalecimento das mulhe-


Conferência Mundial sobre as Mulheres, res em todo o mundo e concordamos que isto
requer medidas e ações urgentes, com espírito
Reunidos aqui em Pequim, em setembro de de determinação, esperança, cooperação e soli-
1995, no ano do 50o aniversário de fundação dariedade, agora e ao longo do próximo século. 
das Nações Unidas,
Nós reafirmamos o nosso compromisso rela-
Determinados a promover os objetivos da tivo:
igualdade, desenvolvimento e paz para todas
as mulheres, em todos os lugares do mundo, À igualdade de direitos e à dignidade humana
no interesse de toda a humanidade, inerente a mulheres e homens e aos demais
propósitos e princípios consagrados na Carta
Reconhecendo as aspirações de todas as mulhe- das Nações Unidas, na Declaração Universal
res do mundo inteiro e levando em considera- dos Direitos Humanos e em outros instrumen-
ção a diversidade das mulheres, suas funções tos internacionais de direitos humanos, em
e circunstâncias, honrando as mulheres que particular na Convenção sobre a Eliminação
têm aberto e construído um caminho e ins- de todas as Formas de Discriminação contra
pirados pela esperança presente na juventude as Mulheres e na Convenção sobre os Direitos
do mundo, da Criança, como também na Declaração sobre
a Eliminação da Violência contra as Mulheres
Reconhecemos que o status das mulheres tem e na Declaração sobre o Direito ao Desenvol-
avançado em alguns aspectos importantes des- vimento;
de a década passada; no entanto, este progresso
tem sido heterogêneo, desigualdades entre ho- Assegurar a plena implementação dos direitos
mens e mulheres têm persistido e sérios obstá- humanos das mulheres e das meninas como
culos também, com consequências prejudiciais parte inalienável, integral e indivisível de todos
para o bem-estar de todos os povos, os direitos humanos e liberdades fundamentais;

Reconhecemos ainda que esta situação é agra- Impulsionar o consenso e o progresso alcan-
vada pelo crescimento da pobreza que afeta çados nas anteriores Conferências das Nações
a vida da maioria da população mundial, em Unidas: sobre as Mulheres, em Nairóbi em
particular das mulheres e crianças, tendo ori- 1985, sobre as Crianças, em New York em 1990,
gem tanto na esfera nacional, como na esfera sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,
internacional, no Rio de Janeiro em 1992, sobre Direitos Hu-
manos, em Viena em 1993, sobre População e
Mulher

Comprometemo-nos, sem qualquer reserva, a Desenvolvimento, no Cairo em 1994 e sobre


combater estas limitações e obstáculos e a pro- Desenvolvimento Social, em Copenhague em
42
1995, com os objetivos de atingir a igualdade, todos os aspectos de sua saúde, em particular
o desenvolvimento e a paz; sua própria fertilidade, é básico para seu for-
talecimento;
Alcançar a plena e efetiva implementação das
Estratégias de Nairóbi para o fortalecimento A paz local, nacional, regional e global é alcan-
das Mulheres; çável e está necessariamente relacionada com
os avanços das mulheres, que constituem uma
O fortalecimento e o avanço das mulheres, força fundamental para a liderança, a solução de
incluindo o direito à liberdade de pensamento, conflitos e a promoção de uma paz duradoura
consciência, religião e crença, o que contribui em todos os níveis;
para a satisfação das necessidades morais,
éticas, espirituais e intelectuais de mulheres e É indispensável formular, implementar e moni-
homens, individualmente ou em comunidade, torar, com a plena participação das mulheres,
de forma a garantir-lhes a possibilidade de políticas e programas efetivos, eficientes e
realizar seu pleno potencial na sociedade e reforçadores do enfoque de gênero, incluindo
organizar suas vidas de acordo com as suas políticas de desenvolvimento e programas que
próprias aspirações.  em todos os níveis busquem o fortalecimento
e o avanço das mulheres;
Nós estamos convencidos de que:
A participação e contribuição de todos os atores
O fortalecimento das mulheres e sua plena da sociedade civil, particularmente de grupos
participação, em condições de igualdade, em e redes de mulheres e demais organizações
todas as esferas sociais, incluindo a participação não-governamentais e organizações comu-
nos processos de decisão e acesso ao poder, nitárias de base, com o pleno respeito de sua
são fundamentais para o alcance da igualdade, autonomia, em cooperação com os Governos,
desenvolvimento e paz; é fundamental para a efetiva implementação e
monitoramento da Plataforma de Ação;
Os direitos das mulheres são direitos humanos;
A implementação da Plataforma de Ação exige
A igualdade de direitos, oportunidades e aces- o compromisso dos Governos e da comunidade
so aos recursos, a distribuição equitativa das internacional. Ao assumir compromissos de
responsabilidades familiares entre homens e ação, no plano nacional e internacional, incluí-
mulheres e a harmônica associação entre eles dos os compromissos firmados na Conferência,
são fundamentais para seu próprio bem-estar os Governos e a comunidade internacional
e de suas famílias, como também para a con- reconhecem a necessidade de priorizar a ação
solidação da democracia;  para o alcance do fortalecimento e do avanço
das mulheres.  Atos internacionais não ratificados pelo Brasil
A erradicação da pobreza baseada no cresci-
mento econômico sustentado, no desenvolvi- Nós estamos determinados a:
mento social, na proteção do meio ambiente
e na justiça social, requer a participação das Intensificar esforços e ações para alcançar, até
mulheres no desenvolvimento econômico e o final deste século, os objetivos e estratégias
social, a igualdade de oportunidades e a plena de Nairóbi, orientados para os avanços das
e equânime participação de mulheres e homens mulheres;
como agentes beneficiários de um desenvolvi-
mento sustentado, centrado na pessoa; Garantir o pleno exercício de todos os direitos
humanos e liberdades fundamentais às mulhe-
O reconhecimento explícito e a reafirmação res e meninas e adotar medidas efetivas contra
do direito de todas as mulheres de controlar a violação destes direitos e liberdades;
43
Adotar todas as medidas necessárias para Promover e proteger todos os direitos humanos
eliminar todas as formas de discriminação das mulheres e das meninas;
contra mulheres e meninas e remover todos os
obstáculos à igualdade de gênero e aos avanços Intensificar os esforços para garantir o exer-
e fortalecimento das mulheres; cício, em igualdade de condições, de todos os
direitos humanos e liberdades fundamentais
Encorajar os homens a participar plenamente para todas as mulheres e meninas que enfren-
de todas as ações orientadas à busca da igual- tam múltiplas barreiras para seu fortalecimento
dade; e avanços, em virtude de fatores como raça,
idade, língua, origem étnica, cultura, religião,
Promover a independência econômica das incapacidade/deficiência, ou por integrar co-
mulheres, incluindo o emprego, e erradicar a munidades indígenas;
persistente e crescente pobreza que recai sobre
as mulheres, combatendo as causas estruturais Assegurar o respeito ao Direito Internacional,
da pobreza através de transformações nas incluído o Direito Humanitário, no sentido
estruturas econômicas, assegurando acesso de proteger as mulheres e as meninas em
igualitário a todas as mulheres, incluindo as particular;
mulheres da área rural, como agentes vitais
do desenvolvimento, dos recursos produtivos, Desenvolver o pleno potencial de meninas e
oportunidade e dos serviços públicos; mulheres de todas as idades, garantir sua plena
participação, em condições de igualdade, na
Promover um desenvolvimento sustentado construção de um mundo melhor para todos
centrado na pessoa, incluindo o crescimento e promover seu papel no processo de desen-
econômico sustentado através da educação volvimento. 
básica, educação durante toda a vida, alfabeti-
zação e capacitação e atenção primária à saúde Nós estamos determinados a:
das meninas e das mulheres;
Assegurar às mulheres a igualdade de acesso
Adotar as medidas positivas para assegurar a aos recursos econômicos, incluindo a terra, o
paz para os avanços das mulheres e, reconhe- crédito, a ciência, a tecnologia, a capacitação
cendo o papel de liderança que as mulheres profissional, a informação, a comunicação e os
têm apresentado no movimento pela paz, mercados, como meio de promover o avanço e
trabalhar ativamente para o desarmamento o fortalecimento das mulheres e meninas, in-
geral e completo, sob o estrito e efetivo con- clusive através da promoção de sua capacidade
trole internacional, e apoiar as negociações de exercer os benefícios do acesso igualitário
para a conclusão, sem demora, de tratado a estes recursos, para o que se recorre, dentre
universal e multilateral de proibição de testes outras coisas, à cooperação internacional; 
nucleares, que efetivamente contribua para o
desarmamento nuclear e para a prevenção da Assegurar o sucesso da Plataforma de Ação
proliferação de armas nucleares em todos os que exigirá o sólido compromisso dos Gover-
seus aspectos; nos, organizações e instituições internacionais
de todos os níveis. Nós estamos firmemente
Prevenir e eliminar todas as formas de violên- convencidos de que o desenvolvimento eco-
cia contra mulheres e meninas; nômico, o desenvolvimento social e a proteção
do meio ambiente são interdependentes e
Assegurar a igualdade de acesso e a igualda- componentes mutuamente enfatizadores do
de de tratamento de mulheres e homens na desenvolvimento sustentável, que é o marco
Mulher

educação e saúde e promover a saúde sexual de nossos esforços para o alcance de uma
e reprodutiva das mulheres e sua educação; melhor qualidade de vida para todos os povos.
44
Um desenvolvimento social equitativo que Garantir também o êxito da Plataforma de
reconheça a importância do fortalecimento Ação em, países cujas economias estejam em
dos pobres, particularmente das mulheres que transição, o que requer contínua cooperação e
vivem na pobreza, na utilização dos recursos assistência internacional;
ambientais sustentáveis, é uma base necessária
ao desenvolvimento sustentável, é necessário Pela presente nos comprometemos, na quali-
para estimular o desenvolvimento social e dade de Governos, a implementar a seguinte
a justiça social. O sucesso da Plataforma de Plataforma de Ação, de modo a garantir que
Ação ainda exigirá uma adequada mobilização uma perspectiva do gênero esteja presente
de recursos nos âmbitos nacional e inter- em todas as nossas políticas e programas. Nós
nacional, como também novos e adicionais insistimos para que o sistema das Nações Uni-
recursos para os países em desenvolvimen- das, as instituições financeiras regionais e in-
to, provenientes de todos os mecanismos ternacionais, as demais relevantes instituições
de financiamento disponíveis, incluídas as regionais e internacionais, todas as mulheres e
fontes multilaterais, bilaterais e privadas, a homens, como também as organizações não-
fim de que se promova o fortalecimento das -governamentais, com pleno respeito à sua
mulheres; recursos financeiros para aumen- autonomia, e todos os setores da sociedade
tar a capacidade de instituições nacionais, civil, em cooperação com os Governos, se
sub-regionais, regionais e internacionais; comprometam plenamente e contribuam para
o compromisso de garantir a igualdade de a implementação desta Plataforma de Ação. 
direitos, a igualdade de responsabilidades,
a igualdade de oportunidades e a igualdade Adotada pela Quarta Conferência Mundial sobre
de participação de mulheres e homens em as Mulheres, em 15 de setembro de 1995.
todos os órgãos e processos de formulação Fonte: Câmara dos Deputados. Disponível em:
de políticas públicas no âmbito nacional, <http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/
regional e internacional; o estabelecimento comissoes/comissoes-permanentes/cdhm/comite-
ou o fortalecimento de mecanismos em todos brasileiro-de-direitos-humanos-e-politica-externa/
os níveis para prestar contas às mulheres de DecPequimquartconfmulh.html>. Acesso em: 9
todo mundo; set. 2013.

Atos internacionais não ratificados pelo Brasil

45
Atos internacionais
ratificados pelo Brasil
Convenção Relativa ao Trabalho Noturno
Convenção 171 da Organização Internacional do Trabalho.

A Conferência Geral da Organização Interna- Após ter decidido que essas propostas deveriam
cional do Trabalho: tomar a forma de uma Convenção internacio-
nal, adota, nesse vigésimo sexto dia do mês de
Convocada em Genebra pelo Conselho Ad- junho de mil novecentos e noventa, a seguinte
ministrativo da Repartição Internacional do Convenção, que será denominada Convenção
Trabalho e tendo ali se reunido a 6 de junho Relativa ao Trabalho Noturno, 1990:
de 1990, em sua septuagésima sétima sessão;
ARTIGO 1
Tomando nota das disposições das Convenções
e Recomendações internacionais do trabalho Para os fins da presente Convenção:
sobre o trabalho noturno dos menores e, em
particular, das disposições da Convenção e da a) a expressão “trabalho noturno” designa
Recomendação sobre o trabalho noturno dos todo trabalho que seja realizado durante um
menores (trabalhos não industriais), 1964; da período de pelo menos sete horas consecutivas,
Convenção (revista) sobre o trabalho noturno que abranja o intervalo compreendido entre a
dos menores (indústrias), 1984; e da Recomen- meia noite e as cinco horas da manhã, e que
dação sobre o trabalho noturno dos menores será determinado pela autoridade competente
(agricultura), 1921; mediante consulta prévia com as organizações
mais representativas dos empregadores e de
Tomando nota das disposições das Convenções trabalhadores ou através de convênios coletivos;
internacionais do trabalho sobre o trabalho
noturno da mulher e, em particular, aquelas da b) a expressão “trabalhador noturno” designa
Convenção (revista) sobre o trabalho noturno todo trabalhador assalariado cujo trabalho
(mulheres), 1948, e de seu Protocolo de 1990; exija a realização de horas de trabalho noturno
da Recomendação sobre o trabalho noturno em número substancial, superior a um limite
das mulheres (agricultura), 1921, e do pará- determinado. Esse número será fixado pela au-
grafo 5 da Recomendação sobre a proteção da toridade competente mediante consulta prévia
maternidade, 1952; com as organizações mais representativas de
empregadores e de trabalhadores, ou através
Tomando nota das disposições da Convenção de convênios coletivos.
sobre a discriminação (emprego e ocupação),
1958; ARTIGO 2

Tomando nota das disposições da Convenção 1. Esta Convenção aplica-se a todos os trabalha-
sobre a proteção da maternidade (revista), dores assalariados, com exceção daqueles que
1952; trabalham na agricultura, a pecuária, a pesca,
os transportes marítimos e a navegação interior.
Após ter decidido adotar diversas propostas
sobre o trabalho noturno, questão que constitui 2. Todo Membro que ratificar a presente Con-
Mulher

o quarto item da agenda da sessão; e venção poderá excluir total ou parcialmente

48
da sua área de aplicação, com consulta prévia b) em intervalos regulares durante essa colo-
junto às organizações representativas dos em- cação;
pregadores e dos trabalhadores interessados,
categorias limitadas de trabalhadores, quando c) no caso de padecerem durante essa colocação
essa aplicação apresentar, no caso das categorias problemas de saúde que não sejam devidos a
citadas, problemas particulares e importantes. fatores alheios ao trabalho noturno.

3. Todo Membro que fizer uso da possibilidade 2. Salvo declaração de não serem aptos para
prevista no parágrafo 2 deste Artigo deverá in- o trabalho noturno, o teor dessas avaliações
dicar as categorias particulares de trabalhadores não será comunicado a terceiros sem o seu
assim excluídas, e as razões da sua exclusão, nos consentimento, nem utilizado em seu prejuízo.
relatórios relativos à aplicação da Convenção
que apresentar em virtude do Artigo 22 da ARTIGO 5
Constituição da OIT. Também deverá indicar
todas as medidas que tiver adotado a fim de Deverão ser colocados à disposição dos traba-
estender progressivamente as disposições da lhadores que efetuam trabalho noturno serviços
Convenção a esses trabalhadores. adequados de primeiros socorros, inclusive
disposições práticas que permitam que esses
ARTIGO 3 trabalhadores, em caso necessário, sejam trans-
ladados rapidamente até um local onde possam
1. Deverão ser adotadas, em benefício dos receber tratamento adequado.
trabalhadores noturnos, as medidas específicas
exigidas pela natureza do trabalho noturno, que ARTIGO 6
abrangerão, no mínimo, aquelas mencionadas
nos Artigos 4 a 10, a fim de proteger a sua saúde, 1. Os trabalhadores noturnos que, por razões de
ajudá-los a cumprirem com suas responsabi- saúde, sejam declarados não aptos para o traba-
lidades familiares e sociais, proporcionar aos lho noturno serão colocados, quando for viável,
mesmos possibilidades de melhoria na sua em função similar para a qual estejam aptos.
carreira e compensá-los de forma adequada.
Essas medidas deverão também ser adotadas 2. Se a colocação nessa função não for viável,
no âmbito da segurança e da proteção da ma- serão concedidos a esses trabalhadores os
ternidade, a favor de todos os trabalhadores que mesmos benefícios que a outros trabalhadores
realizam trabalho noturno. não aptos para o trabalho ou que não podem
conseguir emprego.
2. As medidas a que se refere o parágrafo
anterior poderão ser aplicadas de forma pro- 3. Um trabalhador noturno declarado tempo-
gressiva. rariamente não apto para o trabalhado noturno
gozará da mesma proteção contra a demissão
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

ARTIGO 4 ou a notificação de demissão que os outros


trabalhadores que não possam trabalhar por
1. Se os trabalhadores solicitarem, eles poderão razões de saúde.
ter direito a que seja realizada uma avaliação do
seu estado de saúde gratuitamente e a serem ARTIGO 7
assessorados sobre a maneira de atenuarem
ou evitarem problemas de saúde relacionados 1. Deverão ser adotadas medidas para assegurar
com seu trabalho: que existe uma alternativa do trabalho noturno
para as trabalhadoras que, a falta dessa alterna-
a) antes de sua colocação em trabalho noturno; tiva, teriam que realizar esse trabalho:

49
a)  antes e depois do parto, durante o período 4. As disposições do presente Artigo não de-
de, pelo menos, dezesseis semanas, das quais verão ter como efeito a redução da proteção e
oito, pelo menos, deverão ser tomadas antes os benefícios relativos à licença maternidade.
da data estimada para o parto;
ARTIGO 8
b)  com prévia apresentação de certificado
médico indicando que isso é necessário para a A compensação aos trabalhadores noturnos em
saúde da mãe ou do filho, por outros períodos termos de duração do trabalho, remuneração
compreendidos: ou benefícios similares deverá reconhecer a
natureza do trabalho noturno.
i)  durante a gravidez;
ARTIGO 9
ii) durante um lapso determinado além do pe-
ríodo posterior ao parto estabelecido em con- Deverão ser previstos serviços sociais apropria-
formidade com o item a) do presente parágrafo, dos para os trabalhadores noturnos e, quando
cuja duração será determinada pela autoridade for preciso, para aqueles trabalhadores que
competente e prévia consulta junto às organi- realizarem um trabalho noturno.
zações mais representativas dos empregadores
e de trabalhadores. ARTIGO 10

2. As medidas referidas no parágrafo 1 do pre- 1. Antes de se introduzir horários de traba-


sente Artigo poderão consistir da colocação em lho que exijam os serviços de trabalhadores
trabalho diurno quando for viável, a concessão noturnos, o empregador deverá consultar os
dos benefícios de seguridade social ou a pror- representantes dos trabalhadores interessados
rogação da licença maternidade. acerca dos detalhes desses horários e sobre as
formas de organização do trabalho noturno que
3. Durante os períodos referidos no parágrafo melhor se adaptem ao estabelecimento e ao seu
1 do presente Artigo: pessoal, bem como sobre as medidas de saúde
no trabalho e os serviços sociais que seriam
a)  não deverá ser demitida, nem receber necessários. Nos estabelecimentos que empre-
comunicação de demissão, a trabalhadora gam trabalhadores noturnos, essas consultas
em questão, salvo por causas justificadas não deverão ser realizadas regularmente.
vinculadas à gravidez ou ao parto;
2. Para os fins deste Artigo, a expressão “repre-
b)  os rendimentos da trabalhadora deverão sentantes dos trabalhadores” designa as pessoas
ser mantidos em nível suficiente para garantir reconhecidas como tais pela legislação ou a
o sustento da mulher e do seu filho em condi- prática nacionais, de acordo com a Convenção
ções de vida adequadas. A manutenção desses sobre os representantes dos Trabalhadores,
rendimentos poderá ser assegurada mediante 1971.
qualquer uma das medidas indicadas no
parágrafo 2 deste Artigo, por qualquer outra ARTIGO 11
medida apropriada, ou bem por meio de uma
combinação dessas medidas; 1. As disposições da presente Convenção
poderão ser aplicadas mediante a legislação
c)  a trabalhadora não perderá benefícios relati- nacional, convênios coletivos, laudos arbitrais
vos a grau, antiguidade e possibilidades de pro- ou sentenças judiciais, através de uma combi-
moção que estejam vinculados ao cargo de tra- nação desses meios ou de qualquer outra forma
Mulher

balho noturno que desempenha regularmente. conforme as condições e a prática nacionais.

50
Deverão ser aplicadas por meio da legislação anterior, ficará obrigado por novo período de
na medida em que não sejam aplicadas por dez anos e, posteriormente, poderá denunciar
outros meios. a presente Convenção ao expirar cada período
de dez anos, nas condições previstas no pre-
2. Quando as disposições desta Convenção sente Artigo.
forem aplicadas por meio da legislação, deverão
ser previamente consultadas as organizações ARTIGO 15
mais representativas de empregadores e de
trabalhadores. 1. O Diretor-Geral da Repartição Internacional
do Trabalho notificará a todos os Membros
ARTIGO 12 da Organização Internacional do Trabalho o
registro de todas as ratificações, declarações
As ratificações formais da presente Conven- e denúncias que lhe sejam comunicadas pelos
ção serão transmitidas ao Diretor-Geral da Membros da Organização.
Repartição Internacional do Trabalho e por
ele registradas. 2. Ao notificar aos Membros da Organização
o registro da segunda ratificação que lhe tenha
ARTIGO 13 sido comunicada, o Diretor-Geral chamará a
atenção dos Membros para a data de entrada
1. A presente Convenção somente vinculará em vigor da presente Convenção.
os Membros da Organização Internacional do
Trabalho cujas ratificações tenham sido regis- ARTIGO16
tradas pelo Diretor-Geral.
O Diretor-Geral da Repartição Internacional do
2. Esta Convenção entrará em vigor em doze Trabalho comunicará ao Secretário-Geral das
meses após o registro das ratificações de dois Nações Unidas, para fins de registro, conforme
Membros por parte do Diretor-Geral. o Artigo 102 da Carta das Nações Unidas, as
informações completas referentes a quaisquer
3. Posteriormente, esta Convenção entrará em ratificações, declarações e atos de denúncia
vigor, para cada Membro, doze meses após o que tenha registrado de acordo com os Artigos
registro da sua ratificação. anteriores.

ARTIGO 14 ARTIGO 17

1. Todo Membro que tenha ratificado a Sempre que julgar necessário, o Conselho de
presente Convenção poderá denunciá-la Administração da Repartição Internacional
após a expiração de um período de dez anos do Trabalho deverá apresentar à Conferência
contado da entrada em vigor mediante ato um relatório sobre a aplicação da presente
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

comunicado ao Diretor-Geral da Repartição Convenção e decidirá sobre a oportunidade de


Internacional do Trabalho e por ele registra- inscrever na agenda da Conferência a questão
do. A denúncia só surtirá efeito um ano após da sua revisão total ou parcial.
o registro.
ARTIGO 18
2. Todo Membro que tenha ratificado a pre-
sente Convenção e não fizer uso da faculdade 1. Se a Conferência adotar uma nova Conven-
de denúncia prevista pelo presente Artigo ção que revise total ou parcialmente a presente
dentro do prazo de um ano após a expiração Convenção e a menos que a nova Convenção
do período de dez anos previstos no parágrafo disponha contrariamente:

51
a) a ratificação, por um Membro, da nova Con- para os Membros que a tiverem ratificado e que
venção revista, implicará, de pleno direito, não não ratificaram a Convenção revista.
obstante o disposto pelo Artigo 22, a denúncia
imediata da presente Convenção, desde que a ARTIGO 19
nova Convenção revista tenha entrado em vigor.
As versões inglesa e francesa do texto da pre-
b) a partir da entrada em vigor da Convenção sente convenção são igualmente autênticas.
revista, a presente Convenção deixará de estar
aberta à ratificação dos Membros. Aprovada pelo Decreto Legislativo no 270, de 13
de novembro de 2002, publicado no DOU de
2. A presente Convenção continuará em vigor, 14/11/2002, e promulgada pelo Decreto no 5.005, de
em qualquer caso, em sua forma e teor atuais, 8 de março de 2004, publicado no DOU de 9/3/2004.
Mulher

52
Protocolo Adicional à Convenção
das Nações Unidas contra o Crime
Organizado Transnacional Relativo à
Prevenção, Repressão e Punição do
Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres
e Crianças

PREÂMBULO aberta, para elaborar uma convenção inter-


nacional global contra o crime organizado
Os Estados Partes deste Protocolo, transnacional e examinar a possibilidade de
elaborar, designadamente, um instrumento
Declarando que uma ação eficaz para prevenir internacional de luta contra o tráfico de mu-
e combater o tráfico de pessoas, em especial lheres e de crianças.
mulheres e crianças, exige por parte dos pa-
íses de origem, de trânsito e de destino uma Convencidos de que para prevenir e combater
abordagem global e internacional, que inclua esse tipo de criminalidade será útil completar
medidas destinadas a prevenir esse tráfico, a Convenção das Nações Unidas contra o
punir os traficantes e proteger as vítimas desse Crime Organizado Transnacional com um
tráfico, designadamente protegendo os seus instrumento internacional destinado a pre-
direitos fundamentais, internacionalmente venir, reprimir e punir o tráfico de pessoas,
reconhecidos, em especial mulheres e crianças,

Tendo em conta que, apesar da existência de Acordaram o seguinte:


uma variedade de instrumentos internacio-
nais que contêm normas e medidas práticas
para combater a exploração de pessoas, es- I. DISPOSIÇÕES GERAIS
pecialmente mulheres e crianças, não existe
nenhum instrumento universal que trate ARTIGO 1 – Relação com a Convenção das
de todos os aspectos relativos ao tráfico de Nações Unidas contra o Crime Organizado
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

pessoas, Transnacional

Preocupados com o fato de na ausência desse 1. O presente Protocolo completa a Con-


instrumento, as pessoas vulneráveis ao tráfico venção das Nações Unidas contra o Crime
não estarem suficientemente protegidas, Organizado Transnacional e será interpretado
em conjunto com a Convenção.
Recordando a Resolução 53/111 da Assem-
bleia Geral, de 9 de dezembro de 1998, na 2. As disposições da Convenção aplicar-se-ão
qual a Assembleia decidiu criar um comitê mutatis mutandis ao presente Protocolo, salvo
intergovernamental especial, de composição se no mesmo se dispuser o contrário.

53
3. As infrações estabelecidas em conformidade c) O recrutamento, o transporte, a transfe-
com o Artigo 5 do presente Protocolo serão rência, o alojamento ou o acolhimento de
consideradas como infrações estabelecidas em uma criança para fins de exploração serão
conformidade com a Convenção. considerados “tráfico de pessoas” mesmo que
não envolvam nenhum dos meios referidos da
ARTIGO 2 – Objetivo alínea a) do presente Artigo;

Os objetivos do presente Protocolo são os d) O termo “criança” significa qualquer pessoa


seguintes: com idade inferior a dezoito anos.

a) Prevenir e combater o tráfico de pessoas, ARTIGO 4 – Âmbito de Aplicação


prestando uma atenção especial às mulheres
e às crianças; O presente Protocolo aplicar-se-á, salvo dispo-
sição em contrário, à prevenção, investigação
b) Proteger e ajudar as vítimas desse tráfico, e repressão das infrações estabelecidas em
respeitando plenamente os seus direitos hu- conformidade com o Artigo 5 do presente
manos; e Protocolo, quando essas infrações forem de
natureza transnacional e envolverem grupo
c) Promover a cooperação entre os Estados criminoso organizado, bem como à proteção
Partes de forma a atingir esses objetivos. das vítimas dessas infrações.

ARTIGO 3 – Definições ARTIGO 5 – Criminalização

Para efeitos do presente Protocolo: 1. Cada Estado Parte adotará as medidas le-
gislativas e outras que considere necessárias
a) A expressão “tráfico de pessoas” significa de forma a estabelecer como infrações penais
o recrutamento, o transporte, a transferência, os atos descritos no Artigo 3 do presente
o alojamento ou o acolhimento de pessoas, Protocolo, quando tenham sido praticados
recorrendo à ameaça ou uso da força ou a intencionalmente.
outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao
engano, ao abuso de autoridade ou à situação 2. Cada Estado Parte adotará igualmente as
de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação medidas legislativas e outras que considere
de pagamentos ou benefícios para obter o necessárias para estabelecer como infrações
consentimento de uma pessoa que tenha au- penais:
toridade sobre outra para fins de exploração. A
exploração incluirá, no mínimo, a exploração a) Sem prejuízo dos conceitos fundamentais
da prostituição de outrem ou outras formas do seu sistema jurídico, a tentativa de cometer
de exploração sexual, o trabalho ou serviços uma infração estabelecida em conformidade
forçados, escravatura ou práticas similares com o parágrafo 1 do presente Artigo;
à escravatura, a servidão ou a remoção de
órgãos; b) A participação como cúmplice numa in-
fração estabelecida em conformidade com o
b) O consentimento dado pela vítima de tráfico parágrafo 1 do presente Artigo; e
de pessoas tendo em vista qualquer tipo de
exploração descrito na alínea a) do presente c) Organizar a prática de uma infração esta-
Artigo será considerado irrelevante se tiver belecida em conformidade com o parágrafo 1
sido utilizado qualquer um dos meios referidos do presente Artigo ou dar instruções a outras
Mulher

na alínea a); pessoas para que a pratiquem.

54
II. PROTEÇÃO DE VÍTIMAS DE 4. Cada Estado Parte terá em conta, ao aplicar
TRÁFICO DE PESSOAS as disposições do presente Artigo, a idade, o
sexo e as necessidades específicas das vítimas
ARTIGO 6 – Assistência e Proteção às de tráfico de pessoas, designadamente as ne-
Vítimas de Tráfico de Pessoas cessidades específicas das crianças, incluindo o
alojamento, a educação e cuidados adequados.
1. Nos casos em que se considere apropriado
e na medida em que seja permitido pelo seu 5. Cada Estado Parte envidará esforços para
direito interno, cada Estado Parte protegerá a garantir a segurança física das vítimas de trá-
privacidade e a identidade das vítimas de tráfi- fico de pessoas enquanto estas se encontrarem
co de pessoas, incluindo, entre outras (ou inter no seu território.
alia), a confidencialidade dos procedimentos
judiciais relativos a esse tráfico. 6. Cada Estado Parte assegurará que o seu sis-
tema jurídico contenha medidas que ofereçam
2. Cada Estado Parte assegurará que o seu às vítimas de tráfico de pessoas a possibilidade
sistema jurídico ou administrativo contenha de obterem indenização pelos danos sofridos.
medidas que forneçam às vítimas de tráfico de
pessoas, quando necessário: ARTIGO 7 – Estatuto das Vítimas de Tráfico
de Pessoas nos Estados de Acolhimento
a) Informação sobre procedimentos judiciais
e administrativos aplicáveis; 1. Além de adotar as medidas em conformida-
de com o Artigo 6 do presente Protocolo, cada
b) Assistência para permitir que as suas Estado Parte considerará a possibilidade de
opiniões e preocupações sejam apresentadas adotar medidas legislativas ou outras medidas
e tomadas em conta em fases adequadas do adequadas que permitam às vítimas de tráfico
processo penal instaurado contra os autores de pessoas permanecerem no seu território a
das infrações, sem prejuízo dos direitos da Título temporário ou permanente, se for caso
defesa. disso.

3. Cada Estado Parte terá em consideração a 2. Ao executar o disposto no parágrafo 1 do


aplicação de medidas que permitam a recupe- presente Artigo, cada Estado Parte terá de-
ração física, psicológica e social das vítimas de vidamente em conta fatores humanitários e
tráfico de pessoas, incluindo, se for caso disso, pessoais.
em cooperação com organizações não gover-
namentais, outras organizações competentes ARTIGO 8 – Repatriamento das Vítimas de
e outros elementos de sociedade civil e, em Tráfico de Pessoas
especial, o fornecimento de:
1. O Estado Parte do qual a vítima de tráfico
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

a) Alojamento adequado; de pessoas é nacional ou no qual a pessoa


tinha direito de residência permanente, no
b) Aconselhamento e informação, especial- momento de entrada no território do Estado
mente quanto aos direitos que a lei lhes reco- Parte de acolhimento, facilitará e aceitará, sem
nhece, numa língua que compreendam; demora indevida ou injustificada, o regresso
dessa pessoa, tendo devidamente em conta a
c) Assistência médica, psicológica e material; e segurança da mesma.

d) Oportunidades de emprego, educação e 2. Quando um Estado Parte retornar uma víti-


formação. ma de tráfico de pessoas a um Estado Parte do

55
qual essa pessoa seja nacional ou no qual tinha b) Proteger as vítimas de tráfico de pessoas,
direito de residência permanente no momento especialmente as mulheres e as crianças, de
de entrada no território do Estado Parte de nova vitimação.
acolhimento, esse regresso levará devidamente
em conta a segurança da pessoa bem como a 2. Os Estados Partes envidarão esforços para
situação de qualquer processo judicial relacio- tomarem medidas tais como pesquisas, cam-
nado ao fato de tal pessoa ser uma vítima de panhas de informação e de difusão através dos
tráfico, preferencialmente de forma voluntária. órgãos de comunicação, bem como iniciativas
sociais e econômicas de forma a prevenir e
3. A pedido do Estado Parte de acolhimento, combater o tráfico de pessoas.
um Estado Parte requerido verificará, sem de-
mora indevida ou injustificada, se uma vítima 3. As políticas, programas e outras medidas
de tráfico de pessoas é sua nacional ou se tinha estabelecidas em conformidade com o presente
direito de residência permanente no seu terri- Artigo incluirão, se necessário, a cooperação
tório no momento de entrada no território do com organizações não governamentais, outras
Estado Parte de acolhimento. organizações relevantes e outros elementos da
sociedade civil.
4. De forma a facilitar o regresso de uma vítima
de tráfico de pessoas que não possua os docu- 4. Os Estados Partes tomarão ou reforçarão
mentos devidos, o Estado Parte do qual essa as medidas, inclusive mediante a cooperação
pessoa é nacional ou no qual tinha direito de bilateral ou multilateral, para reduzir os fatores
residência permanente no momento de entrada como a pobreza, o subdesenvolvimento e a
no território do Estado Parte de acolhimento desigualdade de oportunidades que tornam as
aceitará emitir, a pedido do Estado Parte de aco- pessoas, especialmente as mulheres e as crian-
lhimento, os documentos de viagem ou outro ças, vulneráveis ao tráfico.
tipo de autorização necessária que permita à
pessoa viajar e ser readmitida no seu território. 5. Os Estados Partes adotarão ou reforçarão
as medidas legislativas ou outras, tais como
5. O presente Artigo não prejudica os direitos medidas educacionais, sociais ou culturais,
reconhecidos às vítimas de tráfico de pessoas inclusive mediante a cooperação bilateral ou
por força de qualquer disposição do direito multilateral, a fim de desencorajar a procura
interno do Estado Parte de acolhimento. que fomenta todo o tipo de exploração de
pessoas, especialmente de mulheres e crianças,
6. O presente Artigo não prejudica qualquer conducentes ao tráfico.
acordo ou compromisso bilateral ou multilate-
ral aplicável que regule, no todo ou em parte, o ARTIGO 10 – Intercâmbio de Informações e
regresso de vítimas de tráfico de pessoas. Formação

1. As autoridades competentes para a aplicação


III. PREVENÇÃO, COOPERAÇÃO E da lei, os serviços de imigração ou outros servi-
OUTRAS MEDIDAS ços competentes dos Estados Partes, cooperarão
entre si, na medida do possível, mediante troca
ARTIGO 9 – Prevenção do Tráfico de Pessoas de informações em conformidade com o res-
pectivo direito interno, com vistas a determinar:
1. Os Estados Partes estabelecerão políticas
abrangentes, programas e outras medidas para: a) Se as pessoas que atravessam ou tentam
atravessar uma fronteira internacional com
Mulher

a) Prevenir e combater o tráfico de pessoas; e documentos de viagem pertencentes a terceiros

56
ou sem documentos de viagem são autores ou prevenir, na medida do possível, a utilização
vítimas de tráfico de pessoas; de meios de transporte explorados por trans-
portadores comerciais na prática de infrações
b) Os tipos de documentos de viagem que as estabelecidas em conformidade com o Artigo
pessoas têm utilizado ou tentado utilizar para 5 do presente Protocolo.
atravessar uma fronteira internacional com o
objetivo de tráfico de pessoas; 3. Quando se considere apropriado, e sem pre-
juízo das convenções internacionais aplicáveis,
c) Os meios e métodos utilizados por grupos tais medidas incluirão o estabelecimento da
criminosos organizados com o objetivo de obrigação para os transportadores comerciais,
tráfico de pessoas, incluindo o recrutamento incluindo qualquer empresa de transporte,
e o transporte de vítimas, os itinerários e as proprietário ou operador de qualquer meio
ligações entre as pessoas e os grupos envolvi- de transporte, de certificar-se de que todos os
dos no referido tráfico, bem como as medidas passageiros sejam portadores dos documentos
adequadas à sua detecção. de viagem exigidos para a entrada no Estado
de acolhimento.
2. Os Estados Partes assegurarão ou reforçarão
a formação dos agentes dos serviços compe- 4. Cada Estado Parte tomará as medidas
tentes para a aplicação da lei, dos serviços de necessárias, em conformidade com o seu di-
imigração ou de outros serviços competentes reito interno, para aplicar sanções em caso de
na prevenção do tráfico de pessoas. A formação descumprimento da obrigação constante do
deve incidir sobre os métodos utilizados na parágrafo 3 do presente Artigo.
prevenção do referido tráfico, na ação penal
contra os traficantes e na proteção das vítimas, 5. Cada Estado Parte considerará a possibi-
inclusive protegendo-as dos traficantes. A lidade de tomar medidas que permitam, em
formação deverá também ter em conta a ne- conformidade com o direito interno, recusar a
cessidade de considerar os direitos humanos entrada ou anular os vistos de pessoas envol-
e os problemas específicos das mulheres e das vidas na prática de infrações estabelecidas em
crianças bem como encorajar a cooperação conformidade com o presente Protocolo.
com organizações não governamentais, outras
organizações relevantes e outros elementos da 6. Sem prejuízo do disposto no Artigo 27 da
sociedade civil. Convenção, os Estados Partes procurarão
intensificar a cooperação entre os serviços de
3. Um Estado Parte que receba informações controle de fronteiras, mediante, entre outros,
respeitará qualquer pedido do Estado Parte o estabelecimento e a manutenção de canais de
que transmitiu essas informações, no sentido comunicação diretos.
de restringir sua utilização.
ARTIGO 12 – Segurança e Controle dos
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

ARTIGO 11 – Medidas nas Fronteiras Documentos

1. Sem prejuízo dos compromissos interna- Cada Estado Parte adotará as medidas necessá-
cionais relativos à livre circulação de pessoas, rias, de acordo com os meios disponíveis para:
os Estados Partes reforçarão, na medida do
possível, os controles fronteiriços necessários a) Assegurar a qualidade dos documentos
para prevenir e detectar o tráfico de pessoas. de viagem ou de identidade que emitir, para
que não sejam indevidamente utilizados nem
2. Cada Estado Parte adotará medidas legis- facilmente falsificados ou modificados, repro-
lativas ou outras medidas apropriadas para duzidos ou emitidos de forma ilícita; e

57
b) Assegurar a integridade e a segurança dos 2. As controvérsias entre dois ou mais Estados
documentos de viagem ou de identidade por Partes com respeito à aplicação ou à interpre-
si ou em seu nome emitidos e impedir a sua tação do presente Protocolo que não possam
criação, emissão e utilização ilícitas. ser resolvidas por negociação, dentro de um
prazo razoável, serão submetidas, a pedido de
ARTIGO 13 – Legitimidade e Validade dos um desses Estados Partes, a arbitragem. Se,
Documentos no prazo de seis meses após a data do pedido
de arbitragem, esses Estados Partes não che-
A pedido de outro Estado Parte, um Estado garem a um acordo sobre a organização da
Parte verificará, em conformidade com o seu arbitragem, qualquer desses Estados Partes
direito interno e dentro de um prazo razoável, poderá submeter o diferendo ao Tribunal In-
a legitimidade e validade dos documentos de ternacional de Justiça mediante requerimento,
viagem ou de identidade emitidos ou supos- em conformidade com o Estatuto do Tribunal.
tamente emitidos em seu nome e de que se
suspeita terem sido utilizados para o tráfico 3. Cada Estado Parte pode, no momento da
de pessoas. assinatura, da ratificação, da aceitação ou da
aprovação do presente Protocolo ou da adesão
ao mesmo, declarar que não se considera vin-
IV. DISPOSIÇÕES FINAIS culado ao parágrafo 2 do presente Artigo. Os
demais Estados Partes não ficarão vinculados
ARTIGO 14 – Cláusula de Salvaguarda ao parágrafo 2 do presente Artigo em relação
a qualquer outro Estado Parte que tenha feito
1. Nenhuma disposição do presente Protocolo essa reserva.
prejudicará os direitos, obrigações e respon-
sabilidades dos Estados e das pessoas por 4. Qualquer Estado Parte que tenha feito uma
força do direito internacional, incluindo o reserva em conformidade com o parágrafo 3
direito internacional humanitário e o direito do presente Artigo pode, a qualquer momento,
internacional relativo aos direitos humanos retirar essa reserva através de notificação ao
e, especificamente, na medida em que sejam Secretário-Geral das Nações Unidas.
aplicáveis, a Convenção de 1951 e o Protocolo
de 1967 relativos ao Estatuto dos Refugia- ARTIGO 16 – Assinatura, Ratificação,
dos e ao princípio do non refoulement neles Aceitação, Aprovação e Adesão
enunciado.
1. O presente Protocolo será aberto à assinatura
2. As medidas constantes do presente Pro- de todos os Estados de 12 a 15 de dezembro de
tocolo serão interpretadas e aplicadas de 2000 em Palermo, Itália, e, em seguida, na sede
forma a que as pessoas que foram vítimas da Organização das Nações Unidas em Nova
de tráfico não sejam discriminadas. A inter- Iorque até 12 de dezembro de 2002.
pretação e aplicação das referidas medidas
estarão em conformidade com os princípios 2. O presente Protocolo será igualmente
de não discriminação internacionalmente aberto à assinatura de organizações regionais
reconhecidos. de integração econômica na condição de que
pelo menos um Estado membro dessa organi-
ARTIGO 15 – Solução de Controvérsias zação tenha assinado o presente Protocolo em
conformidade com o parágrafo 1 do presente
1. Os Estados Partes envidarão esforços para Artigo.
resolver as controvérsias relativas à interpre-
Mulher

tação ou aplicação do presente Protocolo por 3. O presente Protocolo está sujeito a ratifica-
negociação direta. ção, aceitação ou aprovação. Os instrumentos
58
de ratificação, de aceitação ou de aprovação Protocolo, em conformidade com o parágrafo 1
serão depositados junto ao Secretário-Geral da do presente Artigo, se esta for posterior.
Organização das Nações Unidas. Uma organi-
zação regional de integração econômica pode ARTIGO 18 – Emendas
depositar o seu instrumento de ratificação, de
aceitação ou de aprovação se pelo menos um 1. Cinco anos após a entrada em vigor do pre-
dos seus Estados membros o tiver feito. Nesse sente Protocolo, um Estado Parte no Protocolo
instrumento de ratificação, de aceitação e de pode propor emenda e depositar o texto junto
aprovação essa organização declarará o âmbito do Secretário-Geral das Nações Unidas, que
da sua competência relativamente às matérias em seguida comunicará a proposta de emenda
reguladas pelo presente Protocolo. Informará aos Estados Partes e à Conferência das Partes
igualmente o depositário de qualquer modifi- na Convenção para analisar a proposta e tomar
cação relevante do âmbito da sua competência. uma decisão. Os Estados Partes no presente
Protocolo reunidos na Conferência das Par-
4. O presente Protocolo está aberto à adesão tes farão todos os esforços para chegar a um
de qualquer Estado ou de qualquer organiza- consenso sobre qualquer emenda. Se todos
ção regional de integração econômica da qual os esforços para chegar a um consenso forem
pelo menos um Estado membro seja Parte do esgotados e não se chegar a um acordo, será
presente Protocolo. Os instrumentos de adesão necessário, em último caso, para que a altera-
serão depositados junto do Secretário-Geral ção seja aprovada, uma maioria de dois terços
das Nações Unidas. No momento da sua ade- dos Estados Partes no presente Protocolo, que
são, uma organização regional de integração estejam presentes e expressem o seu voto na
econômica declarará o âmbito da sua compe- Conferência das Partes.
tência relativamente às matérias reguladas pelo
presente Protocolo. Informará igualmente o 2. As organizações regionais de integração
depositário de qualquer modificação relevante econômica, em matérias da sua competência,
do âmbito da sua competência. exercerão o seu direito de voto nos termos
do presente Artigo com um número de votos
ARTIGO 17 – Entrada em Vigor igual ao número dos seus Estados membros
que sejam Partes no presente Protocolo. Essas
1. O presente Protocolo entrará em vigor no organizações não exercerão seu direito de voto
nonagésimo dia seguinte à data do depósito se seus Estados membros exercerem o seu e
do quadragésimo instrumento de ratificação, vice-versa.
de aceitação, de aprovação ou de adesão mas
não antes da entrada em vigor da Convenção. 3. Uma emenda adotada em conformidade
Para efeitos do presente número, nenhum com o parágrafo 1 do presente Artigo estará
instrumento depositado por uma organização sujeita a ratificação, aceitação ou aprovação
regional de integração econômica será somado dos Estados Partes.
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

aos instrumentos depositados por Estados


membros dessa organização. 4. Uma emenda adotada em conformidade
com o parágrafo 1 do presente Protocolo en-
2. Para cada Estado ou organização regional trará em vigor para um Estado Parte noventa
de integração econômica que ratifique, aceite, dias após a data do depósito do instrumento
aprove ou adira ao presente Protocolo após o de ratificação, de aceitação ou de aprovação da
depósito do quadragésimo instrumento perti- referida emenda junto ao Secretário-Geral das
nente, o presente Protocolo entrará em vigor no Nações Unidas.
trigésimo dia seguinte à data de depósito desse
instrumento por parte do Estado ou organiza- 5. A entrada em vigor de uma emenda vincula
ção ou na data de entrada em vigor do presente as Partes que manifestaram o seu consentimen-
59
to em obrigar-se por essa alteração. Os outros ARTIGO 20 – Depositário e Idiomas
Estados Partes permanecerão vinculados pelas
disposições do presente Protocolo, bem como 1. O Secretário-Geral das Nações Unidas é o
por qualquer alteração anterior que tenham depositário do presente Protocolo.
ratificado, aceito ou aprovado.
2. O original do presente Protocolo, cujos textos
ARTIGO 19 – Denúncia em árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e rus-
so são igualmente autênticos, será depositado
1. Um Estado Parte pode denunciar o presente junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
Protocolo mediante notificação por escrito
dirigida ao Secretário-Geral das Nações Uni- Em fé do que, os plenipotenciários abaixo as-
das. A denúncia tornar-se-á efetiva um ano sinados, devidamente autorizados pelos seus
após a data de recepção da notificação pelo respectivos Governos, assinaram o presente
Secretário-Geral. Protocolo.

2. Uma organização regional de integração Aprovado pelo Decreto Legislativo no 231, de 19 de


econômica deixará de ser Parte no presente Pro- maio de 2003, publicado no DOU de 30/5/2003, e
tocolo quando todos os seus Estados membros promulgado pelo Decreto no 5.017, de 12 de março
o tiverem denunciado. de 2004, publicado no DOU de 15/3/2004.
Mulher

60
Convenção sobre a Eliminação de Todas
as Formas de Discriminação contra a
Mulher

Os Estados-Partes na presente convenção, e do respeito da dignidade humana, dificulta a


participação da mulher, nas mesmas condições
Considerando que a Carta das Nações Unidas que o homem, na vida política, social, econômi-
reafirma a fé nos direitos fundamentais do ca e cultural de seu país, constitui um obstáculo
homem, na dignidade e no valor da pessoa ao aumento do bem-estar da sociedade e da
humana e na igualdade de direitos do homem família e dificulta o pleno desenvolvimento das
e da mulher, potencialidades da mulher para prestar serviço
a seu país e à humanidade,
Considerando que a Declaração Universal dos
Direitos Humanos reafirma o princípio da não Preocupados com o fato de que, em situações
discriminação e proclama que todos os seres de pobreza, a mulher tem um acesso mínimo à
humanos nascem livres e iguais em dignidade e alimentação, à saúde, à educação, à capacitação
direitos e que toda pessoa pode invocar todos os e às oportunidades de emprego, assim como à
direitos e liberdades proclamados nessa Decla- satisfação de outras necessidades,
ração, sem distinção alguma, inclusive de sexo,
Convencidos de que o estabelecimento da Nova
Considerando que os Estados-Partes nas Con- Ordem Econômica Internacional baseada na
venções Internacionais sobre Direitos Huma- equidade e na justiça contribuirá significativa-
nos tem a obrigação de garantir ao homem e à mente para a promoção da igualdade entre o
mulher a igualdade de gozo de todos os direitos homem e a mulher,
econômicos, sociais, culturais, civis e políticos,
Salientando que a eliminação do apartheid,
Observando as convenções internacionais de todas as formas de racismo, discriminação
concluídas sob os auspícios das Nações Unidas racial, colonialismo, neocolonialismo, agressão,
e dos organismos especializados em favor da ocupação estrangeira e dominação e inter-
igualdade de direitos entre o homem e a mulher, ferência nos assuntos internos dos Estados é
essencial para o pleno exercício dos direitos do
Observando, ainda, as resoluções, declarações e homem e da mulher,
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

recomendações aprovadas pelas Nações Unidas


e pelas Agências Especializadas para favorecer a Afirmando que o fortalecimento da paz e da
igualdade de direitos entre o homem e a mulher, segurança internacionais, o alívio da tensão in-
ternacional, a cooperação mútua entre todos os
Preocupados, contudo, com o fato de que, ape- Estados, independentemente de seus sistemas
sar destes diversos instrumentos, a mulher con- econômicos e sociais, o desarmamento geral
tinue sendo objeto de grandes discriminações, e completo, e em particular o desarmamento
nuclear sob um estrito e efetivo controle inter-
Relembrando que a discriminação contra a mu- nacional, a afirmação dos princípios de justiça,
lher viola os princípios da igualdade de direitos igualdade e proveito mútuo nas relações entre

61
países e a realização do direito dos povos sub- toda a distinção, exclusão ou restrição baseada
metidos a dominação colonial e estrangeira e no sexo e que tenha por objeto ou resultado
a ocupação estrangeira, à autodeterminação e prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo
independência, bem como o respeito da so- ou exercício pela mulher, independentemente
berania nacional e da integridade territorial, de seu estado civil, com base na igualdade do
promoverão o progresso e o desenvolvimento homem e da mulher, dos direitos humanos e
sociais, e, em consequência, contribuirão para liberdades fundamentais nos campos político,
a realização da plena igualdade entre o homem econômico, social, cultural e civil ou em qual-
e a mulher, quer outro campo.

Convencidos de que a participação máxima da ARTIGO 2


mulher, em igualdade de condições com o ho-
mem, em todos os campos, é indispensável para Os Estados-Partes condenam a discriminação
o desenvolvimento pleno e completo de um contra a mulher em todas as suas formas, con-
país, o bem-estar do mundo e a causa da paz, cordam em seguir, por todos os meios apro-
priados e sem dilações, uma política destinada
Tendo presente a grande contribuição da a eliminar a discriminação contra a mulher, e
mulher ao bem-estar da família e ao desen- com tal objetivo se comprometem a:
volvimento da sociedade, até agora não ple-
namente reconhecida, a importância social da a)  Consagrar, se ainda não o tiverem feito,
maternidade e a função dos pais na família e na em suas constituições nacionais ou em outra
educação dos filhos, e conscientes de que o pa- legislação apropriada o princípio da igualdade
pel da mulher na procriação não deve ser causa do homem e da mulher e assegurar por lei
de discriminação mas sim que a educação dos outros meios apropriados a realização prática
filhos exige a responsabilidade compartilhada desse princípio;
entre homens e mulheres e a sociedade como
um conjunto, b)  Adotar medidas adequadas, legislativas e
de outro caráter, com as sanções cabíveis e que
Reconhecendo que para alcançar a plena igual- proíbam toda discriminação contra a mulher;
dade entre o homem e a mulher é necessário
modificar o papel tradicional tanto do homem c)  Estabelecer a proteção jurídica dos direitos
como da mulher na sociedade e na família, da mulher numa base de igualdade com os
do homem e garantir, por meio dos tribunais
Resolvidos a aplicar os princípios enunciados nacionais competentes e de outras instituições
na Declaração sobre a Eliminação da Discri- públicas, a proteção efetiva da mulher contra
minação contra a Mulher e, para isto, a adotar todo ato de discriminação;
as medidas necessárias a fim de suprimir essa
discriminação em todas as suas formas e ma- d)  Abster-se de incorrer em todo ato ou prática
nifestações, de discriminação contra a mulher e zelar para
que as autoridades e instituições públicas atuem
Concordaram no seguinte: em conformidade com esta obrigação;

e)  Tomar as medidas apropriadas para eliminar


PARTE I a discriminação contra a mulher praticada por
qualquer pessoa, organização ou empresa;
ARTIGO 1
f)  Adotar todas as medidas adequadas, in-
Mulher

Para os fins da presente Convenção, a expressão clusive de caráter legislativo, para modificar
“discriminação contra a mulher” significará ou derrogar leis, regulamentos, usos e prá-
62
ticas que constituam discriminação contra a b)  Garantir que a educação familiar inclua uma
mulher; compreensão adequada da maternidade como
função social e o reconhecimento da responsa-
g)  Derrogar todas as disposições penais na- bilidade comum de homens e mulheres no que
cionais que constituam discriminação contra diz respeito à educação e ao desenvolvimento
a mulher. de seus filhos, entendendo-se que o interesse
dos filhos constituirá a consideração primordial
ARTIGO 3 em todos os casos.

Os Estados-Partes tomarão, em todas as esferas ARTIGO 6


e, em particular, nas esferas política, social,
econômica e cultural, todas as medidas apro- Os Estados-Partes tomarão todas as medidas
priadas, inclusive de caráter legislativo, para apropriadas, inclusive de caráter legislativo,
assegurar o pleno desenvolvimento e progresso para suprimir todas as formas de tráfico de mu-
da mulher, com o objetivo de garantir-lhe o lheres e exploração da prostituição da mulher.
exercício e gozo dos direitos humanos e liber-
dades fundamentais em igualdade de condições
com o homem. PARTE II

ARTIGO 4 ARTIGO 7

1. A adoção pelos Estados-Partes de medidas Os Estados-Partes tomarão todas as medidas


especiais de caráter temporário destinadas a apropriadas para eliminar a discriminação
acelerar a igualdade de fato entre o homem contra a mulher na vida política e pública do
e a mulher não se considerará discriminação país e, em particular, garantirão, em igualdade
na forma definida nesta Convenção, mas de de condições com os homens, o direito a:
nenhuma maneira implicará, como consequ-
ência, a manutenção de normas desiguais ou a)  Votar em todas as eleições e referenda pú-
separadas; essas medidas cessarão quando os blicos e ser elegível para todos os órgãos cujos
objetivos de igualdade de oportunidade e tra- membros sejam objeto de eleições públicas;
tamento houverem sido alcançados.
b)  Participar na formulação de políticas gover-
2. A adoção pelos Estados-Partes de medidas namentais e na execução destas, e ocupar cargos
especiais, inclusive as contidas na presente Con- públicos e exercer todas as funções públicas em
venção, destinadas a proteger a maternidade, todos os planos governamentais;
não se considerará discriminatória.
c)  Participar em organizações e associações
ARTIGO 5 não governamentais que se ocupem da vida
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

pública e política do país.


Os Estados-Partes tomarão todas as medidas
apropriadas para: ARTIGO 8

a)  Modificar os padrões socioculturais de Os Estados-Partes tomarão todas as medi-


conduta de homens e mulheres, com vistas a das apropriadas para garantir, à mulher, em
alcançar a eliminação dos preconceitos e práti- igualdade de condições com o homem e sem
cas consuetudinárias e de qualquer outra índole discriminação alguma, a oportunidade de re-
que estejam baseados na ideia da inferioridade presentar seu governo no plano internacional
ou superioridade de qualquer dos sexos ou em e de participar no trabalho das organizações
funções estereotipadas de homens e mulheres. internacionais.
63
ARTIGO 9 çar este objetivo e, em particular, mediante a
modificação dos livros e programas escolares
1. Os Estados-Partes outorgarão às mulheres e adaptação dos métodos de ensino;
direitos iguais aos dos homens para adquirir,
mudar ou conservar sua nacionalidade. Ga- d)  As mesmas oportunidades para obtenção
rantirão, em particular, que nem o casamento de bolsas de estudo e outras subvenções para
com um estrangeiro, nem a mudança de na- estudos;
cionalidade do marido durante o casamento,
modifiquem automaticamente a nacionalidade e)  As mesmas oportunidades de acesso aos
da esposa, convertam-na em apátrida ou a programas de educação supletiva, incluídos
obriguem a adotar a nacionalidade do cônjuge. os programas de alfabetização funcional e de
adultos, com vistas a reduzir, com a maior bre-
2. Os Estados-Partes outorgarão à mulher os vidade possível, a diferença de conhecimentos
mesmos direitos que ao homem no que diz existentes entre o homem e a mulher;
respeito à nacionalidade dos filhos.
f)  A redução da taxa de abandono feminino
dos estudos e a organização de programas para
PARTE III aquelas jovens e mulheres que tenham deixado
os estudos prematuramente;
ARTIGO 10
g)  As mesmas oportunidades para participar
Os Estados-Partes adotarão todas as medidas ativamente nos esportes e na educação física;
apropriadas para eliminar a discriminação
contra a mulher, a fim de assegurar-lhe a h)  Acesso a material informativo específico
igualdade de direitos com o homem na esfera que contribua para assegurar a saúde e o bem-
da educação e em particular para assegura- -estar da família, incluída a informação e o
rem condições de igualdade entre homens e assessoramento sobre planejamento da família.
mulheres:
ARTIGO 11
a)  As mesmas condições de orientação em
matéria de carreiras e capacitação profissional, 1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas
acesso aos estudos e obtenção de diplomas nas apropriadas para eliminar a discriminação
instituições de ensino de todas as categorias, contra a mulher na esfera do emprego a fim
tanto em zonas rurais como urbanas; essa de assegurar, em condições de igualdade entre
igualdade deverá ser assegurada na educação homens e mulheres, os mesmos direitos, em
pré-escolar, geral, técnica e profissional, inclu- particular:
ída a educação técnica superior, assim como
todos os tipos de capacitação profissional; a)  O direito ao trabalho como direito inalie-
nável de todo ser humano;
b)  Acesso aos mesmos currículos e mesmos
exames, pessoal docente do mesmo nível b)  O direito às mesmas oportunidades de
profissional, instalações e material escolar da emprego, inclusive a aplicação dos mesmos
mesma qualidade; critérios de seleção em questões de emprego;

c)  A eliminação de todo conceito estereotipa- c)  O direito de escolher livremente profissão e
do dos papéis masculino e feminino em todos emprego, o direito à promoção e à estabilidade
os níveis e em todas as formas de ensino me- no emprego e a todos os benefícios e outras
Mulher

diante o estímulo à educação mista e a outros condições de serviço, e o direito ao acesso à for-
tipos de educação que contribuam para alcan- mação e à atualização profissionais, incluindo
64
aprendizagem, formação profissional superior examinada periodicamente à luz dos conhe-
e treinamento periódico; cimentos científicos e tecnológicos e será
revista, derrogada ou ampliada conforme as
d)  O direito a igual remuneração, inclusive necessidades.
benefícios, e igualdade de tratamento relativa
a um trabalho de igual valor, assim como igual- ARTIGO 12
dade de tratamento com respeito à avaliação
da qualidade do trabalho; 1. Os Estados-Partes adotarão todas as medi-
das apropriadas para eliminar a discrimina-
e)  O direito à seguridade social, em particular ção contra a mulher na esfera dos cuidados
em casos de aposentadoria, desemprego, doen- médicos a fim de assegurar, em condições de
ça, invalidez, velhice ou outra incapacidade para igualdade entre homens e mulheres, o acesso
trabalhar, bem como o direito de férias pagas; a serviços médicos, inclusive os referentes ao
planejamento familiar.
f)  O direito à proteção da saúde e à segurança
nas condições de trabalho, inclusive a salva- 2. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 1o, os
guarda da função de reprodução. Estados-Partes garantirão à mulher assistência
apropriadas em relação à gravidez, ao parto e
2. A fim de impedir a discriminação contra a ao período posterior ao parto, proporcionando
mulher por razões de casamento ou materni- assistência gratuita quando assim for necessá-
dade e assegurar a efetividade de seu direito a rio, e lhe assegurarão uma nutrição adequada
trabalhar, os Estados-Partes tomarão as medi- durante a gravidez e a lactância.
das adequadas para:
ARTIGO 13
a)  Proibir, sob sanções, a demissão por moti-
vo de gravidez ou licença de maternidade e a Os Estados-Partes adotarão todas as medidas
discriminação nas demissões motivadas pelo apropriadas para eliminar a discriminação
estado civil; contra a mulher em outras esferas da vida
econômica e social a fim de assegurar, em con-
b)  Implantar a licença de maternidade, com dições de igualdade entre homens e mulheres,
salário pago ou benefícios sociais comparáveis, os mesmos direitos, em particular:
sem perda do emprego anterior, antiguidade ou
benefícios sociais; a)  O direito a benefícios familiares;

c)  Estimular o fornecimento de serviços so- b)  O direito a obter empréstimos bancários,
ciais de apoio necessários para permitir que hipotecas e outras formas de crédito finan-
os pais combinem as obrigações para com a ceiro;
família com as responsabilidades do trabalho
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

e a participação na vida pública, especialmente c)  O direito a participar em atividades de


mediante fomento da criação e desenvolvi- recreação, esportes e em todos os aspectos da
mento de uma rede de serviços destinados ao vida cultural.
cuidado das crianças;
ARTIGO 14
d)  Dar proteção especial às mulheres durante
a gravidez nos tipos de trabalho comprovada- 1. Os Estados-Partes levarão em consideração
mente prejudiciais para elas. os problemas específicos enfrentados pela
mulher rural e o importante papel que de-
3. A legislação protetora relacionada com as sempenha na subsistência econômica de sua
questões compreendidas neste artigo será família, incluído seu trabalho em setores não
65
monetários da economia, e tomarão todas as PARTE IV
medidas apropriadas para assegurar a aplicação
dos dispositivos desta Convenção à mulher das ARTIGO 15
zonas rurais.
1. Os Estados-Partes reconhecerão à mulher a
2. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas igualdade com o homem perante a lei.
apropriadas para eliminar a discriminação
contra a mulher nas zonas rurais a fim de 2. Os Estados-Partes reconhecerão à mulher,
assegurar, em condições de igualdade entre em matérias civis, uma capacidade jurídica
homens e mulheres, que elas participem no idêntica do homem e as mesmas oportu-
desenvolvimento rural e dele se beneficiem, nidades para o exercício dessa capacidade.
e em particular assegurar-lhes-ão o direito a: Em particular, reconhecerão à mulher iguais
direitos para firmar contratos e administrar
a)  Participar da elaboração e execução dos bens e dispensar-lhe-ão um tratamento igual
planos de desenvolvimento em todos os níveis; em todas as etapas do processo nas cortes de
justiça e nos tribunais.
b)  Ter acesso a serviços médicos adequados,
inclusive informação, aconselhamento e ser- 3. Os Estados-Partes convêm em que todo con-
viços em matéria de planejamento familiar; trato ou outro instrumento privado de efeito
jurídico que tenda a restringir a capacidade
c)  Beneficiar-se diretamente dos programas jurídica da mulher será considerado nulo.
de seguridade social;
4. Os Estados-Partes concederão ao homem e
d)  Obter todos os tipos de educação e de for- à mulher os mesmos direitos no que respeita
mação, acadêmica e não acadêmica, inclusive à legislação relativa ao direito das pessoas à li-
os relacionados à alfabetização funcional, bem berdade de movimento e à liberdade de escolha
como, entre outros, os benefícios de todos os de residência e domicílio.
serviços comunitário e de extensão a fim de
aumentar sua capacidade técnica; ARTIGO 16

e)  Organizar grupos de autoajuda e coope- 1. Os Estados-Partes adotarão todas as medi-


rativas a fim de obter igualdade de acesso às das adequadas para eliminar a discriminação
oportunidades econômicas mediante emprego contra a mulher em todos os assuntos relativos
ou trabalho por conta própria; ao casamento e às relações familiares e, em par-
ticular, com base na igualdade entre homens e
f)  Participar de todas as atividades comuni- mulheres, assegurarão:
tárias;
a)  O mesmo direito de contrair matrimônio;
g)  Ter acesso aos créditos e empréstimos
agrícolas, aos serviços de comercialização e às b)  O mesmo direito de escolher livremente
tecnologias apropriadas, e receber um trata- o cônjuge e de contrair matrimônio somente
mento igual nos projetos de reforma agrária e com livre e pleno consentimento;
de reestabelecimentos;
c)  Os mesmos direitos e responsabilidades
h)  Gozar de condições de vida adequadas, durante o casamento e por ocasião de sua
particularmente nas esferas da habitação, dissolução;
dos serviços sanitários, da eletricidade e do
Mulher

abastecimento de água, do transporte e das d)  Os mesmos direitos e responsabilidades


comunicações. como pais, qualquer que seja seu estado civil,
66
em matérias pertinentes aos filhos. Em todos peritos serão eleitos pelos Estados-Partes entre
os casos, os interesses dos filhos serão a consi- seus nacionais e exercerão suas funções a Título
deração primordial; pessoal; será levada em conta uma repartição
geográfica equitativa e a representação das
e)  Os mesmos direitos de decidir livre e res- formas diversas de civilização assim como dos
ponsavelmente sobre o número de seus filhos principais sistemas jurídicos;
e sobre o intervalo entre os nascimentos e a ter
acesso à informação, à educação e aos meios 2. Os membros do Comitê serão eleitos em
que lhes permitam exercer esses direitos; escrutínio secreto de uma lista de pessoas
indicadas pelos Estados-Partes. Cada um dos
f)  Os mesmos direitos e responsabilidades Estados-Partes poderá indicar uma pessoa
com respeito à tutela, curatela, guarda e adoção entre seus próprios nacionais;
dos filhos, ou institutos análogos, quando esses
conceitos existirem na legislação nacional. Em 3. A eleição inicial realizar-se-á seis meses
todos os casos os interesses dos filhos serão a após a data de entrada em vigor desta Con-
consideração primordial; venção. Pelo menos três meses antes da data
de cada eleição, o Secretário-Geral das Nações
g)  Os mesmos direitos pessoais como marido Unidas dirigirá uma carta aos Estados-Partes
e mulher, inclusive o direito de escolher sobre- convidando-os a apresentar suas candidaturas,
nome, profissão e ocupação; no prazo de dois meses. O Secretário-Geral
preparará uma lista, por ordem alfabética de
h)  Os mesmos direitos a ambos os cônjuges todos os candidatos assim apresentados, com
em matéria de propriedade, aquisição, ges- indicação dos Estados-Partes que os tenham
tão, administração, gozo e disposição dos apresentado e comunicá-la-á aos Estados-
bens, tanto a Título gratuito quanto a Título -Partes;
oneroso.
4. Os membros do Comitê serão eleitos durante
2. Os esponsais e o casamento de uma criança uma reunião dos Estados-Partes convocada
não terão efeito legal e todas as medidas neces- pelo Secretário-Geral na sede das Nações
sárias, inclusive as de caráter legislativo, serão Unidas. Nessa reunião, em que o quórum será
adotadas para estabelecer uma idade mínima alcançado com dois terços dos Estados-Partes,
para o casamento e para tornar obrigatória a serão eleitos membros do Comitê os candida-
inscrição de casamentos em registro oficial. tos que obtiverem o maior número de votos e
a maioria absoluta de votos dos representantes
dos Estados-Partes presentes e votantes;
PARTE V
5. Os membros do Comitê serão eleitos para
ARTIGO 17 um mandato de quatro anos. Entretanto, o
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

mandato de nove dos membros eleitos na


1. Com o fim de examinar os progressos al- primeira eleição expirará ao fim de dois anos;
cançados na aplicação desta Convenção, será imediatamente após a primeira eleição os no-
estabelecido um Comitê sobre a Eliminação mes desses nove membros serão escolhidos,
da Discriminação contra a Mulher (doravante por sorteio, pelo Presidente do Comitê;
denominado o Comitê) composto, no mo-
mento da entrada em vigor da Convenção, de 6. A eleição dos cinco membros adicionais do
dezoito e, após sua ratificação ou adesão pelo Comitê realizar-se-á em conformidade com o
trigésimo-quinto Estado-Parte, de vinte e três disposto nos parágrafos 2, 3 e 4 deste Artigo,
peritos de grande prestígio moral e compe- após o depósito do trigésimo-quinto instru-
tência na área abarcada pela Convenção. Os mento de ratificação ou adesão. O mandato
67
de dois dos membros adicionais eleitos nessa ARTIGO 20
ocasião, cujos nomes serão escolhidos, por
sorteio, pelo Presidente do Comitê, expirará 1. O Comitê se reunirá normalmente todos
ao fim de dois anos; os anos por um período não superior a duas
semanas para examinar os relatórios que lhe
7. Para preencher as vagas fortuitas, o Estado- sejam submetidos em conformidade com o
-Parte cujo perito tenha deixado de exercer Artigo 18 desta Convenção.
suas funções de membro do Comitê nomeará
outro perito entre seus nacionais, sob reserva 2. As reuniões do Comitê realizar-se-ão nor-
da aprovação do Comitê; malmente na sede das Nações Unidas ou em
qualquer outro lugar que o Comitê determine.
8. Os membros do Comitê, mediante aprovação
da Assembleia Geral, receberão remuneração ARTIGO 21
dos recursos das Nações Unidas, na forma e
condições que a Assembleia Geral decidir, tendo 1. O Comitê, através do Conselho Econômico
em vista a importância das funções do Comitê; e Social das Nações Unidas, informará anual-
mente a Assembleia Geral das Nações Unidas
9. O Secretário-Geral das Nações Unidas pro- de suas atividades e poderá apresentar sugestões
porcionará o pessoal e os serviços necessários e recomendações de caráter geral baseadas
para o desempenho eficaz das funções do Co- no exame dos relatórios e em informações
mitê em conformidade com esta Convenção. recebidas dos Estados-Partes. Essas sugestões
e recomendações de caráter geral serão inclu-
ARTIGO 18 ídas no relatório do Comitê juntamente com
as observações que os Estados-Partes tenham
1. Os Estados-Partes comprometem-se a sub- porventura formulado.
meter ao Secretário-Geral das Nações Unidas,
para exame do Comitê, um relatório sobre as 2. O Secretário-Geral transmitirá, para infor-
medidas legislativas, judiciárias, administra- mação, os relatórios do Comitê à Comissão
tivas ou outras que adotarem para tornarem sobre a Condição da Mulher.
efetivas as disposições desta Convenção e sobre
os progressos alcançados a esse respeito: ARTIGO 22

a)  No prazo de um ano a partir da entrada em As Agências Especializadas terão direito a estar
vigor da Convenção para o Estado interessado; e representadas no exame da aplicação das dis-
posições desta Convenção que correspondam
b)  Posteriormente, pelo menos cada quatro à esfera de suas atividades. O Comitê poderá
anos e toda vez que o Comitê a solicitar. convidar as Agências Especializadas a apresen-
tar relatórios sobre a aplicação da Convenção
2. Os relatórios poderão indicar fatores e dificul- nas áreas que correspondam à esfera de suas
dades que influam no grau de cumprimento das atividades.
obrigações estabelecidos por esta Convenção.

ARTIGO 19 PARTE VI

1. O Comitê adotará seu próprio regulamento. ARTIGO 23

2. O Comitê elegerá sua Mesa por um período Nada do disposto nesta Convenção prejudicará
Mulher

de dois anos. qualquer disposição que seja mais propícia à

68
obtenção da igualdade entre homens e mulhe- instrumento de ratificação ou adesão junto ao
res e que seja contida: Secretário-Geral das Nações Unidas.

a)  Na legislação de um Estado-Parte ou 2. Para cada Estado que ratificar a presente


Convenção ou a ela aderir após o depósito do
b)  Em qualquer outra convenção, tratado ou vigésimo instrumento de ratificação ou adesão,
acordo internacional vigente nesse Estado. a Convenção entrará em vigor no trigésimo dia
após o depósito de seu instrumento de ratifi-
ARTIGO 24 cação ou adesão.

Os Estados-Partes comprometem-se a adotar ARTIGO 28


todas as medidas necessárias em âmbito nacio-
nal para alcançar a plena realização dos direitos 1. O Secretário-Geral das Nações Unidas rece-
reconhecidos nesta Convenção. berá e enviará a todos os Estados o texto das
reservas feitas pelos Estados no momento da
ARTIGO 25 ratificação ou adesão.

1. Esta Convenção estará aberta à assinatura de 2. Não será permitida uma reserva incompatível
todos os Estados. com o objeto e o propósito desta Convenção.

2. O Secretário-Geral das Nações Unidas fica 3. As reservas poderão ser retiradas a qualquer
designado depositário desta Convenção. momento por uma notificação endereçada com
esse objetivo ao Secretário-Geral das Nações
3. Esta Convenção está sujeita a ratificação. Os Unidas, que informará a todos os Estados a
instrumentos de ratificação serão depositados respeito. A notificação surtirá efeito na data de
junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas. seu recebimento.

4. Esta Convenção estará aberta à adesão de ARTIGO 29


todos os Estados. A adesão efetuar-se-á através
do depósito de um instrumento de adesão junto 1. Qualquer controvérsia entre dois ou mais
ao Secretário-Geral das Nações Unidas. Estados-Partes relativa à interpretação ou apli-
cação desta Convenção e que não for resolvida
ARTIGO 26 por negociações será, a pedido de qualquer das
Partes na controvérsia, submetida a arbitragem.
1. Qualquer Estado-Parte poderá, em qualquer Se no prazo de seis meses a partir da data do
momento, formular pedido de revisão desta pedido de arbitragem as Partes não acordarem
revisão desta Convenção, mediante notificação sobre a forma da arbitragem, qualquer das
escrita dirigida ao Secretário-Geral das Nações Partes poderá submeter a controvérsia à Corte
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

Unidas. Internacional de Justiça mediante pedido em


conformidade com o Estatuto da Corte.
2. A Assembleia Geral das Nações Unidas deci-
dirá sobre as medidas a serem tomadas, se for 2. Qualquer Estado-Parte, no momento da
o caso, com respeito a esse pedido. assinatura ou ratificação desta Convenção ou
de adesão a ela, poderá declarar que não se
ARTIGO 27 considera obrigado pelo parágrafo anterior.
Os demais Estados-Partes não estarão obriga-
1. Esta Convenção entrará em vigor no trigési- dos pelo parágrafo anterior perante nenhum
mo dia a partir da data do depósito do vigésimo Estado-Parte que tenha formulado essa reserva.

69
3. Qualquer Estado-Parte que tenha formulado autênticos, será depositada junto ao Secretário-
a reserva prevista no parágrafo anterior poderá -Geral das Nações Unidas.
retirá-la em qualquer momento por meio de
notificação ao Secretário-Geral das Nações Em testemunho do que, os abaixo-assinados devi-
Unidas. damente autorizados, assinaram esta Convenção.

ARTIGO 30 Aprovada pelo Decreto Legislativo no 26, de 22 de


junho de 1994, publicado no DOU de 23/6/1994,
Esta convenção, cujos textos em árabe, chinês, e promulgada pelo Decreto no 4.377, de 13 de
espanhol, francês, inglês e russo são igualmente setembro de 2002, publicado no DOU de 16/9/2002.
Mulher

70
Protocolo Facultativo à Convenção sobre
a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher

A Assembleia Geral, e procedimentos dispostos no Protocolo e


cooperar com o Comitê para a Eliminação da
Reafirmando a Declaração e Programa de Ação Discriminação contra a Mulher em todos os
de Viena e a Declaração e Plataforma de Ação estágios de suas ações no âmbito do Protocolo;
de Pequim,
4. Enfatiza também que, em cumprimento de
Lembrando que a Plataforma de Ação de Pe- seu mandato, bem como de suas funções no
quim, em seguimento à Declaração e Programa âmbito do Protocolo, o Comitê deve continuar
de Ação de Viena, apoiou o processo iniciado a ser pautado pelos princípios de não seletivi-
pela Comissão sobre a Situação da Mulher com dade, imparcialidade e objetividade;
vistas à elaboração de minuta de protocolo
facultativo à Convenção sobre a Eliminação 5. Solicita ao Comitê que realize reuniões para
de Todas as Formas de Discriminação contra exercer suas funções no âmbito do Protocolo
a Mulher que pudesse entrar em vigor tão logo após sua entrada em vigor, além das reuniões
possível, em procedimento de direito a petição, realizadas segundo o Artigo 20 da Convenção;
a duração dessas reuniões será determinada e,
Observando que a Plataforma de Ação de Pe- se necessário, reexaminada, por reunião dos
quim exortou todos os Estados que não haviam Estados Partes do Protocolo, sujeita à aprovação
ainda ratificado ou aderido à Convenção a que da Assembleia Geral;
o fizessem tão logo possível, de modo que a
ratificação universal da Convenção pudesse ser 6. Solicita ao Secretário-Geral que forneça
alcançada até o ano 2000, o pessoal e as instalações necessárias para o
desempenho efetivo das funções do Comitê
1. Adota e abre a assinatura, ratificação e adesão segundo o Protocolo após sua entrada em vigor;
o Protocolo Facultativo à Convenção, cujo texto
encontra-se anexo à presente resolução; 7. Solicita, ainda, ao Secretário-Geral que
inclua informações sobre a situação do Pro-
2. Exorta todos os Estados que assinaram, ratifi- tocolo em seus relatórios regulares apresen-
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

caram ou aderiram à Convenção a assinar e ra- tados à Assembleia Geral sobre a situação da
tificar ou aderir ao Protocolo tão logo possível, Convenção.

3. Enfatiza que os Estados Partes do Protocolo


devem comprometer-se a respeitar os direitos 28a Reunião Plenária, em 6 de outubro de 1999.

71
Anexo

Protocolo Facultativo à Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de


Discriminação contra a Mulher

Os Estados Partes do presente Protocolo, reconhece a competência do Comitê sobre a


Eliminação da Discriminação contra a Mulher
Observando que na Carta das Nações Unidas (doravante denominado “o Comitê”) para rece-
se reafirma a fé nos direitos humanos funda- ber e considerar comunicações apresentadas de
mentais, na dignidade e no valor da pessoa acordo com o Artigo 2 deste Protocolo.
humana e na igualdade de direitos entre ho-
mens e mulheres, ARTIGO 2

Observando, ainda, que a Declaração Universal As comunicações podem ser apresentadas por
dos Direitos Humanos proclama que todos os indivíduos ou grupos de indivíduos, que se
seres humanos nascem livres e iguais em dig- encontrem sob a jurisdição do Estado Parte e
nidade e direitos e que cada pessoa tem todos aleguem ser vítimas de violação de quaisquer
os direitos e liberdades nela proclamados, sem dos direitos estabelecidos na Convenção por
qualquer tipo de distinção, incluindo distinção aquele Estado Parte, ou em nome desses indi-
baseada em sexo, víduos ou grupos de indivíduos. Sempre que
for apresentada em nome de indivíduos ou
Lembrando que as Convenções Internacionais grupos de indivíduos, a comunicação deverá
de Direitos Humanos e outros instrumentos contar com seu consentimento, a menos que
internacionais de direitos humanos proíbem o autor possa justificar estar agindo em nome
a discriminação baseada em sexo, deles sem o seu consentimento.

Lembrando, ainda, a Convenção sobre a Elimi- ARTIGO 3


nação de Todas as Formas de Discriminação
contra a Mulher (doravante denominada “a As comunicações deverão ser feitas por es-
Convenção”), na qual os Estados Partes conde- crito e não poderão ser anônimas. Nenhuma
nam a discriminação contra a mulher em todas comunicação relacionada a um Estado Parte
as suas formas e concordam em buscar, de da Convenção que não seja parte do presente
todas as maneiras apropriadas e sem demora, Protocolo será recebida pelo Comitê.
uma política de eliminação da discriminação
contra a mulher, ARTIGO 4

Reafirmando sua determinação de assegurar 1. O Comitê não considerará a comunicação,


o pleno e equitativo gozo pelas mulheres de exceto se tiver reconhecido que todos os recur-
todos os direitos e liberdades fundamentais e sos da jurisdição interna foram esgotados ou
de agir de forma efetiva para evitar violações que a utilização desses recursos estaria sendo
desses direitos e liberdades, protelada além do razoável ou deixaria dúvida
quanto a produzir o efetivo amparo.
Concordaram com o que se segue:
2. O Comitê declarará inadmissível toda co-
ARTIGO 1 municação que:
Mulher

Cada Estado Parte do presente Protocolo (a) se referir a assunto que já tiver sido exa-
(doravante denominado “Estado Parte”) minado pelo Comitê ou tiver sido ou estiver
72
sendo examinado sob outro procedimento explicações ou declarações por escrito escla-
internacional de investigação ou solução de recendo o assunto e o remédio, se houver, que
controvérsias; possa ter sido aplicado pelo Estado Parte.

(b) for incompatível com as disposições da ARTIGO 7


Convenção;
1. O Comitê considerará as comunicações
(c) estiver manifestamente mal fundamentada recebidas segundo o presente Protocolo à luz
ou não suficientemente consubstanciada; das informações que vier a receber de indiví-
duos ou grupos de indivíduos, ou em nome
(d) constituir abuso do direito de submeter destes, ou do Estado Parte em questão, desde
comunicação; que essa informação seja transmitida às partes
em questão.
(e) tiver como objeto fatos que tenham ocor-
rido antes da entrada em vigor do presente 2. O Comitê realizará reuniões fechadas ao
Protocolo para o Estado Parte em questão, a examinar as comunicações no âmbito do pre-
não ser no caso de tais fatos terem tido conti- sente Protocolo.
nuidade após aquela data.
3. Após examinar a comunicação, o Comitê
ARTIGO 5 transmitirá suas opiniões a respeito, junta-
mente com sua recomendação, se houver, às
1. A qualquer momento após o recebimento de partes em questão.
comunicação e antes que tenha sido alcançada
determinação sobre o mérito da questão, o 4. O Estado Parte dará a devida consideração
Comitê poderá transmitir ao Estado Parte em às opiniões do Comitê, juntamente com as
questão, para urgente consideração, solicita- recomendações deste último, se houver, e
ção no sentido de que o Estado Parte tome as apresentará ao Comitê, dentro de seis meses,
medidas antecipatórias necessárias para evitar resposta por escrito incluindo informações
possíveis danos irreparáveis à vítima ou vítimas sobre quaisquer ações realizadas à luz das
da alegada violação. opiniões e recomendações do Comitê.

2. Sempre que o Comitê exercer seu arbítrio 5. O Comitê poderá convidar o Estado Parte a
segundo o parágrafo 1 deste Artigo, tal fato não apresentar informações adicionais sobre quais-
implica determinação sobre a admissibilidade quer medidas que o Estado Parte tenha tomado
ou mérito da comunicação. em resposta às opiniões e recomendações do
Comitê, se houver, incluindo, quando o Comitê
ARTIGO 6 julgar apropriado, informações que passem a
constar de relatórios subsequentes do Estado
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

1. A menos que o Comitê considere que a co- Parte segundo o Artigo 18 da Convenção.
municação seja inadmissível sem referência ou
Estado Parte em questão, e desde que o indiví- ARTIGO 8
duo ou indivíduos consintam na divulgação de
sua identidade ao Estado Parte, o Comitê levará 1. Caso o Comitê receba informação fidedigna
confidencialmente à atenção do Estado Parte indicando graves ou sistemáticas violações por
em questão a comunicação por ele recebida no um Estado Parte dos direitos estabelecidos na
âmbito do presente Protocolo. Convenção, o Comitê convidará o Estado Parte
a cooperar no exame da informação e, para
2. Dentro de seis meses, o Estado Parte que esse fim, a apresentar observações quanto à
receber a comunicação apresentará ao Comitê informação em questão.
73
2. Levando em conta quaisquer observações 2. O Estado Parte que fizer a declaração de acor-
que possam ter sido apresentadas pelo Estado do com o Parágrafo 1 deste Artigo 10 poderá,
Parte em questão, bem como outras informa- a qualquer momento, retirar essa declaração
ções fidedignas das quais disponha, o Comitê através de notificação ao Secretário-Geral.
poderá designar um ou mais de seus membros
para conduzir uma investigação e apresentar ARTIGO 11
relatório urgentemente ao Comitê. Sempre que
justificado, e com o consentimento do Estado Os Estados Partes devem tomar todas as medi-
Parte, a investigação poderá incluir visita ao das apropriadas para assegurar que os indiví-
território deste último. duos sob sua jurisdição não fiquem sujeitos a
maus tratos ou intimidação como consequência
3. Após examinar os resultados da investigação, de sua comunicação com o Comitê nos termos
o Comitê os transmitirá ao Estado Parte em do presente Protocolo.
questão juntamente com quaisquer comentários
e recomendações. ARTIGO 12

4. O Estado Parte em questão deverá, dentro O Comitê incluirá em seu relatório anual,
de seis meses do recebimento dos resultados, segundo o Artigo 21 da Convenção, um resu-
comentários e recomendações do Comitê, apre- mo de suas atividades nos termos do presente
sentar suas observações ao Comitê. Protocolo.

5. Tal investigação será conduzida em caráter ARTIGO 13


confidencial e a cooperação do Estado Parte
será buscada em todos os estágios dos proce- Cada Estado Parte compromete-se a tornar
dimentos. públicos e amplamente conhecidos a Convenção
e o presente Protocolo e a facilitar o acesso à in-
ARTIGO 9 formação acerca das opiniões e recomendações
do Comitê, em particular sobre as questões que
1. O Comitê poderá convidar o Estado Parte digam respeito ao próprio Estado Parte.
em questão a incluir em seu relatório, segun-
do o Artigo 18 da Convenção, pormenores ARTIGO 14
de qualquer medida tomada em resposta à
investigação conduzida segundo o Artigo 18 O Comitê elaborará suas próprias regras de
deste Protocolo. procedimento a serem seguidas no exercício
das funções que lhe são conferidas no presente
2. O Comitê poderá, caso necessário, após o Protocolo.
término do período de seis meses mencionado
no Artigo 8.4 deste Protocolo, convidar o Estado ARTIGO 15
Parte a informá-lo das medidas tomadas em
resposta à mencionada investigação. 1. O presente Protocolo estará aberto à assina-
tura por qualquer Estado que tenha ratificado
ARTIGO 10 ou aderido à Convenção.

1. Cada Estado Parte poderá, no momento da 2. O presente Protocolo estará sujeito à ratifi-
assinatura ou ratificação do presente Protocolo cação por qualquer Estado que tenha ratificado
ou no momento em que a este aderir, declarar ou aderido à Convenção. Os instrumentos de
que não reconhece a competência do Comitê ratificação deverão ser depositados junto ao
Mulher

disposta nos Artigos 8 e 9 deste Protocolo. Secretário-Geral das Nações Unidas.

74
3. O presente Protocolo estará aberto à adesão terços dos Estados Partes do presente Protoco-
por qualquer Estado que tenha ratificado ou lo, de acordo com seus respectivos processos
aderido à Convenção. constitucionais.

4. A adesão será efetivada pelo depósito de ins- 3. Sempre que as emendas entrarem em vigor,
trumento de adesão junto ao Secretário-Geral obrigarão os Estados Partes que as tenham acei-
das Nações Unidas. tado, ficando os outros Estados Partes obrigados
pelas disposições do presente Protocolo e quais-
ARTIGO 16 quer emendas anteriores que tiverem aceitado.

1. O presente Protocolo entrará em vigor ARTIGO 19


três meses após a data do depósito junto ao
Secretário-Geral das Nações Unidas do décimo 1. Qualquer Estado Parte poderá denunciar o
instrumento de ratificação ou adesão. presente Protocolo a qualquer momento por
meio de notificação por escrito endereçada ao
2. Para cada Estado que ratifique o presente Secretário-Geral das Nações Unidas. A denún-
Protocolo ou a ele venha a aderir após sua en- cia terá efeito seis meses após a data do rece-
trada em vigor, o presente Protocolo entrará em bimento da notificação pelo Secretário-Geral.
vigor três meses após a data do depósito de seu
próprio instrumento de ratificação ou adesão. 2. A denúncia não prejudicará a continuida-
de da aplicação das disposições do presente
ARTIGO 17 Protocolo em relação a qualquer comunicação
apresentada segundo o Artigo 2 deste Protocolo
Não serão permitidas reservas ao presente e a qualquer investigação iniciada segundo o
Protocolo. Artigo 8 deste Protocolo antes da data de vi-
gência da denúncia.
ARTIGO 18
ARTIGO 20
1. Qualquer Estado Parte poderá propor
emendas ao presente Protocolo e dar entrada a O Secretário-Geral das Nações Unidas infor-
proposta de emendas junto ao Secretário-Geral mará a todos os Estados sobre:
das Nações Unidas. O Secretário-Geral deverá,
nessa ocasião, comunicar as emendas propostas (a) Assinaturas, ratificações e adesões ao pre-
aos Estados Partes juntamente com solicitação sente Protocolo;
de que o notifiquem caso sejam favoráveis a uma
conferência de Estados Partes com o propósito (b) Data de entrada em vigor do presente Pro-
de avaliar e votar a proposta. Se ao menos um tocolo e de qualquer emenda feita nos termos
terço dos Estados Partes for favorável à confe- do Artigo 18 deste Protocolo;
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

rência, o Secretário-Geral deverá convocá-la


sob os auspícios das Nações Unidas. Qualquer (c) Qualquer denúncia feita segundo o Artigo
emenda adotada pela maioria dos Estados 19 deste Protocolo.
Partes presentes e votantes na conferência será
submetida à Assembleia-Geral das Nações ARTIGO 21
Unidas para aprovação.
1. O presente Protocolo, do qual as versões em
2. As emendas entrarão em vigor tão logo te- árabe, chinês, inglês, francês, russo e espanhol
nham sido aprovadas pela Assembleia-Geral são igualmente autênticas, será depositado
das Nações Unidas e aceitas por maioria de dois junto aos arquivos das Nações Unidas.

75
2. O Secretário-Geral das Nações Unidas Aprovado pelo Decreto Legislativo no 107, de 6 de
transmitirá cópias autenticadas do presente junho de 2002, publicado no DOU de 7/6/2002, e
Protocolo a todos os estados mencionados no promulgado pelo Decreto no 4.316, de 30 de julho
Artigo 25 da Convenção. de 2002, publicado no DOU de 31/7/2002.
Mulher

76
Convenção Interamericana para Prevenir,
Punir e Erradicar a Violência contra a
Mulher – “Convenção de Belém do Pará”

Os Estados Partes nesta Convenção, de violência contra a mulher, no âmbito da


Organização dos Estados Americanos, constitui
Reconhecendo que o respeito irrestrito aos positiva contribuição no sentido de proteger os
direitos humanos foi consagrado na Declaração direitos da mulher e eliminar as situações de
Americana dos Direitos e Deveres do Homem e violência contra ela,
na Declaração Universal dos Direitos Humanos
e reafirmando em outros instrumentos inter- Convieram no seguinte:
nacionais e regionais;

Afirmando que a violência contra a mulher CAPÍTULO I – Definição e Âmbito de


constitui violação dos direitos humanos e Aplicação
liberdades fundamentais e limita todas ou
parcialmente a observância, gozo e exercício ARTIGO1
de tais direitos e liberdades;
Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á
Preocupados porque a violência contra a mu- por violência contra a mulher qualquer ato ou
lher constitui ofensa contra a dignidade humana conduta baseada no gênero, que cause morte,
e é manifestação das relações de poder histori- dano ou sofrimento físico, sexual ou psicoló-
camente desiguais entre mulheres e homens; gico à mulher, tanto na esfera pública como na
esfera privada.
Recordando a Declaração para a Erradicação da
Violência contra a Mulher, aprovada na Vigési- ARTIGO 2
ma Quinta Assembleia de Delegadas da Comis-
são Interamericana de Mulheres, e afirmando Entende-se que a violência contra a mulher
que a violência contra a mulher permeia todos abrange a violência física, sexual e psicológica:
os setores da sociedade, independentemente
de classe, raça ou grupo étnico, renda, cultura, a)  ocorrida no âmbito da família ou unidade
idade ou religião, e afeta negativamente suas doméstica ou em qualquer relação interpessoal,
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

próprias bases; quer o agressor compartilhe, tenha comparti-


lhado ou não a sua residência, incluindo-se,
Convencidos de que a eliminação da violência entre outras formas, o estupro, maus-tratos e
contra a mulher é condição indispensável para abuso sexual;
seu desenvolvimento individual e social e sua
plena e igualitária participação em todas as b)  ocorrida na comunidade e cometida por
esferas de vida; e qualquer pessoa, incluindo, entre outras for-
mas, o estupro, abuso sexual, tortura, tráfico
Convencidos de que a adoção de uma conven- de mulheres, prostituição forçada, sequestro e
ção para prevenir e erradicar todas as formas assédio sexual no local de trabalho, bem como

77
em instituições educacionais, serviços de saúde assuntos públicos, inclusive na tomada de
ou qualquer outro local; e decisões.

c)  perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seus ARTIGO 5


agentes, onde quer que ocorra.
Toda mulher poderá exercer livre e plenamente
seus direitos civis, políticos, econômicos, so-
CAPÍTULO II – Direitos Protegidos ciais e culturais, e contará com total proteção
desses direitos consagrados nos instrumentos
ARTIGO 3 regionais e internacionais sobre direitos hu-
manos. Os Estados Partes reconhecem que a
Toda mulher tem direito a uma vida livre de violência contra a mulher impede e anula o
violência, tanto na esfera pública como na exercício desses direitos.
esfera privada.
ARTIGO 6
ARTIGO 4
O direito de toda mulher a ser livre de violência
Toda mulher tem direito ao reconhecimento, abrange, entre outros:
desfrute, exercício e proteção de todos os direi-
tos humanos e liberdades consagradas em todos a)  o direito da mulher a ser livre de todas as
os instrumentos regionais e internacionais formas de discriminação; e
relativos aos direitos humanos. Estes direitos
abrangem, entre outros: b)  o direito da mulher a ser valorizada e educa-
da livre de padrões estereotipados de compor-
a)  direitos a que se respeite sua vida; tamento e costumes sociais e culturais baseados
em conceitos de inferioridade ou subordinação.
b)  direitos a que se respeite sua integridade
física, mental e moral;
CAPÍTULO III – Deveres dos Estados
c)  direitos à liberdade e à segurança pessoais;
ARTIGO 7
d)  direito a não ser submetida a tortura;
Os Estados Partes condenam todas as formas de
e)  direito a que se respeite a dignidade inerente violência contra a mulher e convêm em adotar,
à sua pessoa e a que se proteja sua família; por todos os meios apropriados e sem demora,
políticas destinadas a prevenir, punir e erradicar
f)  direito a igual proteção perante a lei e da lei; tal violência e a empenhar-se em:

g)  direito a recurso simples e rápido perante a)  abster-se de qualquer ato ou prática de
tribunal competente que a proteja contra atos violência contra a mulher e velar por que as
que violem seus direitos; autoridades, seus funcionários e pessoal, bem
como agentes e instruções públicos ajam de
h)  direito de livre associação; conformidade com essa obrigação;

i)  direito à liberdade de professar a própria reli- b)  agir com o devido zelo para prevenir, inves-
gião e as próprias crenças, de acordo com a lei; e tigar e punir a violência contra mulher;
Mulher

j)  direito a ter igualdade de acesso às funções c)  incorporar na sua legislação interna normas
públicas de seu próprio país e a participar nos penais, civis, administrativas e de outra nature-
78
za, que sejam necessárias para prevenir, punir e educacional, a fim de combater preconceitos e
erradicar a violência contra mulher, bem como costumes e todas as outras práticas baseadas na
adotar as medidas administrativas adequadas premissa da inferioridade ou superioridade de
que forem aplicáveis; qualquer dos gêneros ou nos papéis estereoti-
pados para o homem e a mulher, que legitimem
d)  adotar medidas jurídicas que exijam do ou exacerbem a violência contra a mulher;
agressor que se abstenha de perseguir, inti-
midar e ameaçar a mulher ou de fazer uso de c)  promover a educação e treinamento de
qualquer método que danifique ou ponha em todo pessoal judiciário e policial e demais
perigo sua vida ou integridade ou danifique funcionários responsáveis pela aplicação da lei,
sua propriedade; bem como do pessoal encarregado da imple-
mentação de políticas de prevenção, punição e
e)  tomar todas as medidas adequadas, inclu- erradicação da violência contra a mulher;
sive legislativas, para modificar ou abolir leis
e regulamentos vigentes ou modificar práticas d)  prestar serviços especializados apropriados
jurídicas ou consuetudinárias que respaldem a à mulher sujeita a violência, por intermédio de
persistência e a tolerância da violência contra entidades dos setores público e privado, inclu-
a mulher; sive abrigos, serviços de orientação familiar,
quando for o caso, e atendimento e custódia
f)  estabelecer procedimentos jurídicos justos dos menores afetados;
e eficazes para a mulher sujeita a violência,
inclusive, entre outros, medidas de proteção, e)  promover e apoiar programas de educa-
juízo oportuno e efetivo acesso a tais processos; ção governamentais e privados, destinados a
conscientizar o público para os problemas da
g)  estabelecer mecanismos judiciais e admi- violência contra a mulher, recursos jurídicos
nistrativos necessários para assegurar que a e reparação relacionadas com essa violência;
mulher sujeita a violência tenha efetivo acesso
a restituição, reparação do dano e outros meios f)  proporcionar à mulher sujeita a violência
de compensação justos e eficazes; acesso a programas eficazes de recuperação
e treinamento que lhe permitam participar
h)  adotar as medidas legislativas ou de outra plenamente da vida pública, privada e social;
natureza necessárias à vigência desta Conven-
ção. g)  incentivar os meios de comunicação a que
formulem diretrizes adequadas, de divulgação
ARTIGO 8 que contribuam para a erradicação da violên-
cia contra a mulher em todas as suas formas e
Os Estados Partes convêm em adotar, pro- enalteçam o respeito pela dignidade da mulher;
gressivamente, medidas específicas, inclusive
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

programas destinados a: h)  assegurar a pesquisa e coleta de estatísticas e


outras informações relevantes concernentes às
a)  promover o conhecimento e a observância causas, consequências e frequência da violência
do direito da mulher a uma vida livre de vio- contra a mulher, a fim de avaliar a eficiência
lência e o direito da mulher a que se respeitem das medidas tomadas para prevenir, punir e
e protejam seus direitos humanos; erradicar a violência contra a mulher, bem
como formular e implementar as mudanças
b)  modificar os padrões sociais e culturais necessárias; e
de conduta de homens e mulheres, inclusive
a formação de programas formais e não for- i)  promover a cooperação internacional para o
mais adequados a todos os níveis do processo intercâmbio de ideias e experiências, bem como
79
a execução de programas destinados à proteção petições referentes a denúncias ou queixas de
da mulher sujeitada a violência. violação do Artigo 7 desta Convenção por um
Estado Parte, devendo a Comissão considerar
ARTIGO 9 tais petições de acordo com as normas e pro-
cedimentos estabelecidos na Convenção Ame-
Para a adoção das medidas a que se refere este ricana sobre Direitos Humanos e no Estatuto
Capítulo, os Estados Partes levarão especial- e Regulamento da Comissão Interamericana
mente em conta a situação da mulher vulne- de Direitos Humanos, para a apresentação e
rável à violência por sua raça, origem étnica consideração de petições.
ou condição de migrante, de refugiada ou de
deslocada, entre outros motivos. Também
será considerada violência a mulher gestante, CAPÍTULO V – Disposições Gerais
deficiente, menor, idosa ou em situação socio-
econômica desfavorável, afetada por situações ARTIGO 13
de conflito armado ou de privação da liberdade.
Nenhuma das disposições desta Convenção
poderá ser interpretada no sentido de restringir
CAPÍTULO IV – Mecanismos ou limitar a legislação interna dos Estados Par-
Interamericanos de Proteção tes que ofereçam proteções e garantias iguais
ou maiores para os direitos da mulher, bem
ARTIGO 10 como salvaguardas para prevenir e erradicar
a violência contra a mulher.
A fim de proteger o direito de toda mulher a
uma vida livre de violência, os Estados Partes ARTIGO 14
deverão incluir nos relatórios nacionais à
Comissão Interamericana de Mulheres infor- Nenhuma das disposições desta Convenção
mações sobre as medidas adotadas para pre- poderá ser interpretada no sentido de regis-
venir e erradicar a violência contra a mulher, trar ou limitar as da Convenção Americana
para prestar assistência à mulher afetada pela sobre Direitos Humanos ou de qualquer outra
violência, bem como sobre as dificuldades Convenção internacional que ofereça proteção
que observarem na aplicação das mesmas e os igual ou maior nesta matéria.
fatores que contribuam para violência contra
a mulher. ARTIGO 15

ARTIGO 11 Esta Convenção fica aberta à assinatura de


todos os Estados membros da Organização
Os Estados Partes nesta Convenção e a Co- dos Estados Americanos.
missão Internacional de Mulheres poderão
solicitar à Corte Interamericana de Direitos ARTIGO 16
Humanos parecer sobre a interpretação desta
Convenção. Esta Convenção está sujeita a ratificação. Os
instrumentos de ratificação serão depositados
ARTIGO 12 na Secretaria-Geral da Organização dos Esta-
dos Americanos.
Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou
qualquer entidade não governamental juridi- ARTIGO 17
camente reconhecida em um ou mais Estados
Mulher

membros da Organização, poderá apresentar à Esta Convenção fica aberta à adesão de qual-
Comissão Internacional de Direitos Humanos quer outro Estado. Os instrumentos de adesão
80
serão depositados na Secretaria-Geral da Or- ARTIGO 21
ganização dos Estados Americanos.
Esta Convenção entrará em vigor no trigésimo
ARTIGO 18 dia a partir da data em que for depositado o
segundo instrumento de ratificação. Para cada
Os Estados poderão formular reservas a esta Estado que ratificar a Convenção ou a ela
Convenção no momento de aprová-la, assiná-la, aderir após haver sido depositado o segundo
ratificá-la ou a ela aderir, desde que tais reservas: instrumento de ratificação, entrará em vigor
no trigésimo dia a partir da data em que esse
a)  não sejam incompatíveis com o objetivo e Estado houver depositado seu instrumento de
propósito da Convenção; ratificação ou adesão.

b)  não sejam de caráter geral e se refiram espe- ARTIGO 22


cialmente a uma ou mais de suas disposições.
O Secretário-Geral informará a todos os Es-
ARTIGO 19 tados membros da Organização dos Estados
Americanos a entrada em vigor da Convenção.
Qualquer Estado Parte poderá apresentar à
Assembleia Geral, por intermédio da Comis- ARTIGO 23
são Interamericana de Mulheres, propostas de
emenda a esta Convenção. O Secretário-Geral da Organização dos Esta-
dos Americanos apresentará um relógio anual
As emendas entrarão em vigor para os Estados aos Estados membros da Organização sobre
ratificantes das mesmas na data em que dois a situação desta Convenção, inclusive sobre
terços dos Estados Partes tenham depositado as assinaturas e depósitos de instrumentos de
seus respectivos instrumentos de ratificação. ratificação, adesão e declaração, bem como
Para os demais Estados Partes, entrarão em sobre as reservas que Estados Partes tiveram
vigor na data em que depositarem seus respec- apresentado e, conforme o caso, um relatório
tivos instrumentos de ratificação. sobre as mesmas.

ARTIGO 20 ARTIGO 24

Os Estados Partes que tenham duas ou mais Esta Convenção vigorará por prazo indefinido,
unidades territoriais em que vigorem sistemas mas qualquer Estado Parte poderá denunciá-
jurídicos diferentes relacionados com as ques- -la mediante o depósito na Secretaria-Geral
tões de que trata esta Convenção poderão de- da Organização dos Estados Americanos de
clarar, no momento de assiná-la, de ratificá-la instrumento que tenha essa finalidade. Um ano
ou de a ela aderir, que a Convenção se Aplicará após a data do depósito do instrumento de de-
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

a todas as suas unidades territoriais ou somente núncia, cessarão os efeitos da convenção para
a uma ou mais delas. o Estado denunciante, mas subsistirão para os
demais, cassarão os efeitos da Convenção para
Tal declaração poderá ser modificada, em o Estado denunciante, mas subsistirão para os
qualquer momento, mediante declarações ulte- demais Estados Partes.
riores, que indicarão expressamente a unidade
ou as unidades territoriais a que se aplicará esta ARTIGO 25
Convenção. Essas declarações ulteriores serão
transmitidas à Secretaria-Geral da Organiza- O instrumento original desta Convenção, cujos
ção dos Estados Americanos e entrarão em textos em português, espanhol, francês e inglês
vigor trinta dias depois de recebidas. são igualmente autênticos, será depositado na
81
Secretária-Geral da Organização dos Estados Violência contra a Mulher “Convenção de
Americanos, que enviará cópia autenticada de Belém do Pará”.
seu texto à Secretaria das Nações Unidas para
registro e publicação, de acordo com o artigo Expedida na Cidade de Belém do Pará, Brasil,
102 da Carta das Nações Unidas. no dia nove de junho de mil novecentos e
noventa e quatro.
Em fé do que os Plenipotenciários infra-
-assinados, devidamente autorizados por seus Aprovada pelo Decreto Legislativo no 107, de 31 de
respectivos Governos, assinam esta Conven- agosto de 1995, publicado no DOU de 1o/9/1995, e
ção, que se denominará Convenção Intera- promulgada pelo Decreto no 1.973, de 1o de agosto
mericana para Prevenir, Punir e Erradicar a de 1996, publicado no DOU de 2/8/1996.
Mulher

82
Convenção sobre a Nacionalidade
da Mulher Casada

Os Estados Contratantes, renúncia à sua nacionalidade por um de seus


nacionais, impedirá a mulher do referido na-
Reconhecendo que os conflitos de leis e de cional de conservar sua nacionalidade.
práticas relativas á nacionalidade tem origem
nas disposições relativas à perda ou à aquisi- ARTIGO III
ção da nacionalidade por parte da mulher em
virtude do casamento, da sua dissolução ou da 1. Os Estados contratantes convêm em que uma
mudança de nacionalidade do marido durante estrangeira casada com um de seus nacionais
o casamento, poderá adquirir a seu pedido a nacionalidade
de seu marido, mediante processo especial
Reconhecendo que, no artigo 15 da Declaração privilegiado de naturalização, a concessão da
Universal dos Direitos do Homem a Assem- referida nacionalidade poderá ser submetida às
bleia Geral da Organização das Nações Unidas restrições que exigir o interesse da segurança
proclamou que “todo indivíduo tem direito a nacional ou de ordem pública.
uma nacionalidade” e que “ninguém poderá ser
arbitrariamente privado de sua nacionalidade, 2. Os Estados contratantes convêm em que não
nem do direito de mudar de nacionalidade”, se poderá interpretar a presente Convenção
como afetando qualquer lei ou regulamento,
Desejosos de cooperar com a organização das nem alguma prática judiciária que permita a
Nações Unidas para promover o respeito uni- uma estrangeira casada com um de seus nacio-
versal e a observância dos direitos do homem nais, de adquirir de pleno direito, a seu pedido,
e das liberdades fundamentais para todos sem a nacionalidade de seu marido.
distinção de sexo,
ARTIGO IV
Convêm nas seguintes disposições:
1. A presente Convenção estará aberta à as-
ARTIGO I sinatura e à ratificação de todos os Estados
Membros da Organização das Nações Unidas
Os Estados contratantes convêm em que nem a assim como qualquer outro Estado que seja ou
celebração nem a dissolução do casamento en- que venha a ser membro de algum organismo
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

tre nacionais e estrangeiros, nem a mudança de especializado das Nações Unidas, ou parte no
nacionalidade do marido durante o casamento, Estatuto da Corte Internacional de Justiça, ou
poderão afetar ipso facto a nacionalidade da a qualquer outro Estado ao qual a Assembleia
mulher. geral das Nações Unidas houver endereçado
um convite.
ARTIGO II
2. A presente Convenção deverá ser ratificada,
Os Estados contratantes convêm em que nem a e os instrumentos de ratificação ficarão deposi-
aquisição voluntária por um de seus nacionais tados junto ao Secretário Geral da Organização
da nacionalidade de um outro Estado nem a das Nações Unidas.

83
ARTIGO V necessário consentimento do território não me-
tropolitano dentro do período de doze meses
1. Qualquer dos Estados mencionados nos pa- a partir da data da assinatura da Convenção
rágrafo 1 do artigo 4 poderá aderir à presente por este Estado contratante; após a obtenção
Convenção. deste consentimento, o Estado contratante de-
verá notificá-lo ao Secretário Geral das Nações
2. Efetuar-se-á a adesão pelo depósito de um Unidas. A presente Convenção aplicar-se-á ao
instrumento de adesão junto ao Secretário território ou territórios mencionados nesta
Geral das Nações Unidas. notificação a partir da data do seu recebimento
pelo Secretário Geral.
ARTIGO VI
3. Após a expiração do prazo de doze meses
1. A presente Convenção entrará em vigor mencionados no parágrafo 2 do presente
noventa dias após a data do depósito do sexto artigo, os Estados contratantes interessados
instrumento de ratificação ou de adesão. comunicarão ao Secretário Geral os resultados
das consultas com os territórios não metro-
2. Para cada um dos Estados que ratificarem a politanos por cujas relações internacionais
Convenção ou a ela aderirem após o depósito são responsáveis e cujo consentimento para
do sexto instrumento de ratificação ou de ade- a aplicação da presente Convenção não tenha
são, a Convenção entrará em vigor noventa dias sido dado.
após a data em que este Estado houver depo-
sitado o respectivo instrumento de ratificação ARTIGO VIII
ou de adesão.
1. No momento da assinatura, da ratificação
ARTIGO VII ou da adesão, qualquer Estado poderá fazer
reservas aos artigos da presente Convenção,
1. Aplicar-se-á a presente Convenção a todos os com exceção dos artigos 1 e 2.
territórios não autônomos sob tutela, coloniais
e outros territórios não metropolitanos por 2. Qualquer reserva feita de conformidade com
cujas relações internacionais for responsável o parágrafo 1 do presente artigo não prejudi-
qualquer Estado Contratante; o Estado con- cará o caráter obrigatório da Convenção entre
tratante interessado deverá, sob reserva das o Estado que tiver feito a reserva e os demais
disposições do parágrafo 2 do presente artigo, Estados partes, com exceção da disposição ou
no momento da assinatura, da ratificação ou das disposições que tenham sido objeto da
da adesão, declarar o território ou os territó- reserva. O Secretário Geral das Nações Unidas
rios não metropolitanos aos quais a presente comunicará o texto dessa reserva a todos os
Convenção será aplicada ipso facto após essa Estados que sejam ou que venham a ser parte
assinatura, ratificação ou adesão. da presente Convenção. Qualquer Estado parte
da presente Convenção ou que se torne parte
2. Nos casos em que para efeito de naciona- da mesma poderá comunicar ao Secretário
lidade, um território não metropolitano não Geral que não está disposto a se considerar
for considerado parte integrante do território obrigado à Convenção com respeito ao Estado
metropolitano ou nos casos em que o consen- que tenha feito a reserva. Essa comunicação
timento prévio de um território não metro- deverá ser feita no caso de um Estado que já
politano for necessário em virtude das leis e seja parte, dentro de noventa dias a partir da
práticas constitucionais do Estado contratante dada da comunicação pelo Secretário Geral e no
ou do território não metropolitano, para que caso de um Estado que tenha se tornado parte
Mulher

a Convenção se aplique ao referido território, posteriormente, dentro de noventa dias a partir


aquele Estado empenhar-se-á na obtenção do da data em que o instrumento de ratificação
84
ou de adesão for depositado. No caso em que membros a que se refere o parágrafo 1 do artigo
se tenha feito tal comunicação, a Convenção 4 da presente Convenção:
não deverá ser aplicada entre o Estado autor
da comunicação e o Estado que fez a reserva. a) As assinaturas e instrumentos de ratificação
depositados de conformidade com o artigo 4;
3. Qualquer Estado que tenha feito reservas de
acordo com o parágrafo 1o do presente artigo, b) Instrumentos de adesão depositados de
poderá a qualquer tempo retirar a reserva no conformidade com o artigo 5;
todo ou em parte, após sua aceitação, por uma
comunicação a este respeito, endereçada ao c) A data em que a presente Convenção entrar
Secretário Geral da Organização das Nações em vigor de conformidade com o artigo 6;
Unidas. Esta comunicação surtirá efeito na data
de seu recebimento. d) Comunicações e notificações recebidas de
conformidade com o artigo 8;
ARTIGO IX
e) Notificações de denúncia recebidas de con-
1. Qualquer Estado contratante poderá denun- formidade com o parágrafo 1o do artigo 9;
ciar a presente Convenção mediante comuni-
cação escrita dirigida ao Secretário Geral das f) A ab-rogação da Convenção, de conformi-
Nações Unidas. A denúncia surtirá efeito um dade com o parágrafo 2 do artigo 9.
anos após a data em que o Secretário Geral
houver recebido a comunicação. ARTIGO XII

2. A presente convenção deixará de vigorar a 1. A presente Convenção, cujos textos chinês,


partir da data em que surtir efeito a denúncia espanhol, francês, inglês e russo fazem igual-
que reduza a menos de seis o número de Esta- mente fé, ficará depositada nos arquivos das
dos partes. Nações Unidas.

ARTIGO X 2. O Secretário Geral das Nações Unidas en-


viará cópia certificada da Convenção a todos
Qualquer questão que surja entre dois ou mais os Estados Membros das Nações Unidas e aos
Estados Contratantes sobre a interpretação ou Estados não membros a que se refere o pará-
aplicação da presente Convenção que não te- grafo 1o do artigo 4.
nha sido solucionada por meio de negociações
poderá, a pedido de qualquer das partes em Em fé do que os abaixo-assinados devidamente
conflito, ser submetida à Corte Internacional autorizados por seus respectivos governos, as-
de Justiça, salvo se as partes interessadas con- sinaram a presente Convenção que foi aberta
venham outra maneira de solucioná-la. à assinatura em Nova York, a 20 de fevereiro
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

de 1957.
ARTIGO XI
Aprovada pelo Decreto Legislativo no 27, de 25 de
O Secretário Geral das Nações Unidas comu- junho de 1968, publicado no DOU de 28/6/1968, e
nicará a todos os Estados Membros da Orga- promulgada pelo Decreto no 64.216, de 18 de março
nização das Nações Unidas e aos Estados não de 1969, publicado no DOU de 24/3/1969.

85
Convenção Concernente à Discriminação
em Matéria de Emprego e Profissão
Convenção 111 da Organização Internacional do Trabalho.

A Conferência Geral da Organização Interna- política, ascendência nacional ou origem so-


cional do Trabalho, cial, que tenha por efeito destruir ou alterar a
igualdade de oportunidades ou de tratamento
Convocada em Genebra pelo Conselho de em matéria de emprego ou profissão;
Administração da Repartição Internacional do
Trabalho e reunida a 4 de junho de 1958, em b) Qualquer outra distinção, exclusão ou prefe-
sua quadragésima segunda sessão; rência que tenha por efeito destruir ou alterar a
igualdade de oportunidades ou tratamento em
Após ter decidido adotar diversas disposições matéria de emprego ou profissão, que poderá
relativas à discriminação em matéria de empre- ser especificada pelo Membro Interessado de-
go e profissão, assunto que constitui o quarto pois de consultadas as organizações representa-
ponto da ordem do dia da sessão; tivas de empregadores e trabalhadores, quando
estas existam, e outros organismos adequados.
Após ter decidido que essas disposições toma-
riam a forma de uma convenção internacional; 2. As distinções, exclusões ou preferências
fundadas em qualificações exigidas para um
Considerando que a declaração de Filadélfia determinado emprego não são consideradas
afirma que todos os seres humanos, seja qual for como discriminação.
a raça, credo ou sexo têm direito ao progresso
material e desenvolvimento espiritual em liber- 3. Para os fins da presente convenção as palavras
dade e dignidade, em segurança econômica e “emprego” e “profissão” incluem o acesso à for-
com oportunidades iguais; mação profissional, ao emprego e às diferentes
profissões, bem como as condições de emprego.
Considerando, por outro lado, que a discri-
minação constitui uma violação dos direitos ARTIGO 2o
enunciados na Declaração Universal dos Di-
reitos do Homem, adota neste vigésimo quinto Qualquer Membro para o qual a presente con-
dia de junho de mil novecentos e cinquenta e venção se encontre em vigor compromete-se a
oito, a convenção abaixo transcrita que será formular e aplicar uma política nacional que
denominada Convenção sobre a discriminação tenha por fim promover, por métodos adequa-
(emprego e profissão), 1958. dos às circunstâncias e aos usos nacionais, a
igualdade de oportunidade e de tratamento em
ARTIGO 1o matéria de emprego e profissão, com objetivo
de eliminar toda discriminação nessa matéria.
1. Para fins da presente convenção, o termo
“discriminação” compreende: ARTIGO 3o
Mulher

a) Toda distinção, exclusão ou preferência Qualquer Membro para o qual a presente


fundada na raça, cor, sexo, religião, opinião convenção se encontre em vigor deve, por
86
métodos adequados às circunstâncias e os usos ternacional do Trabalho não são consideradas
nacionais: como discriminação.

a) Esforçar-se por obter a colaboração das orga- 2. Qualquer Membro pode, depois de consulta-
nizações de empregadores e trabalhadores e de das às organizações representativas de empre-
outros organismos apropriados, com o fim de gadores e trabalhadores, quando estas existam,
favorecer a aceitação e aplicação desta política; definir como não discriminatórias quaisquer
outras medidas especiais que tenham por fim
b) Promulgar leis e encorajar os programas de salvaguardar as necessidades particulares de
educação próprios a assegurar esta aceitação e pessoas em relação às quais a atribuição de uma
esta aplicação; proteção ou assistência especial seja de uma
maneira geral, reconhecida como necessária,
c) Revogar todas as disposições legislativas por razões tais como o sexo, a invalidez, os
e modificar todas as disposições ou práticas encargos de família ou o nível social ou cultural.
administrativas que sejam incompatíveis com
a referida política; ARTIGO 6o

d) Seguir a referida política no que diz respeito Qualquer membro que ratificar a presente
a empregos dependentes do controle direto de convenção compromete-se a aplicá-la aos ter-
uma autoridade nacional; ritórios não metropolitanos, de acordo com as
disposições da Constituição da Organização
e) Assegurar a aplicação da referida política Internacional do Trabalho.
nas atividades dos serviços de orientação pro-
fissional, formação profissional e colocação ARTIGO 7o
dependentes do controle de uma autoridade
nacional; As ratificações formais da presente convenção
serão comunicadas ao Diretor-Geral da Re-
f) Indicar, nos seus relatórios anuais sobre a partição Internacional do Trabalho e por ele
aplicação da convenção, as medidas tomadas registradas.
em conformidade com esta política e os resul-
tados obtidos. ARTIGO 8o

ARTIGO 4o 1. A presente convenção somente vinculará


Membros da Organização Internacional do
Não são consideradas como discriminação Trabalho cuja ratificação tiver sido registrada
quaisquer medidas tomadas em relação a uma pelo Diretor-Geral.
pessoa que, individualmente, seja objeto de
uma suspeita legítima de se entregar a uma 2. A convenção entrará em vigor doze meses
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

atividade prejudicial à segurança do Estado após registradas pelo Diretor-Geral as ratifica-


ou cuja atividade se encontre realmente com- ções de dois dos Membros.
provada, desde que a referida pessoa tenha o
direito de recorrer a uma instância competente, 3. Em seguida, esta convenção entrará em vigor,
estabelecida de acordo com a prática nacional. para cada Membro, doze meses após a data do
registro da respectiva ratificação.
ARTIGO 5o
ARTIGO 9o
1. As medidas especiais de proteção ou de
assistência previstas em outras convenções ou 1. Qualquer Membro que tiver ratificado a
recomendações adotadas pela Conferência In- presente convenção pode denunciá-la no tér-
87
mino de um período de dez anos após a data Trabalho apresentará à Conferência Geral um
da entrada em vigor inicial da convenção por relatório sobre a aplicação da presente conven-
ato comunicado ao Diretor-Geral da Repartição ção e decidirá da oportunidade de inscrever na
Internacional do Trabalho e por ele registrado. ordem do dia da Conferência a questão da sua
revisão total ou parcial.
A denúncia só produzirá efeito um ano após
ter sido registrada. ARTIGO 13

2. Qualquer Membro que tiver ratificado a 1. No caso de a Conferência adotar uma nova
presente convenção que, no prazo de um ano, convenção que implique em revisão total ou
depois de expirado o período de dez anos parcial da presente convenção e salvo disposi-
mencionados no parágrafo anterior, e que não ção em contrário da nova convenção:
fizer uso da faculdade de denúncia prevista no
presente artigo, ficará vinculado por um novo a) A ratificação da nova convenção de revisão
período de dez anos, e, em seguida, poderá por um Membro implicará ipso jure a denúncia
denunciar a presente convenção no término imediata da presente convenção, não obstante
de cada período de dez anos, observadas as o disposto no artigo 9o, e sob reserva de que a
condições estabelecidas no presente artigo. nova convenção de revisão tenha entrada em
vigor;
ARTIGO 10
b) A partir da data da entrada em vigor da nova
O Diretor-Geral da Repartição Internacional convenção, a presente convenção deixa de estar
do Trabalho notificará a todos os Membros aberta à ratificação dos Membros.
da Organização Internacional do Trabalho o
registro de todas as ratificações e denúncias 2. A presente convenção continuará, todavia,
que lhe forem comunicadas pelos Membros em vigor na sua forma e conteúdo para os
da Organização. Membros que a tiverem ratificado, e que não
ratificarem a convenção de revisão.
2. Ao notificar aos Membros da Organização
o registro da segunda ratificação que lhe tiver ARTIGO 14
sido comunicada o Diretor-Geral chamará a
atenção para a data em que a presente conven- As versões francesa e inglesa do texto da pre-
ção entrará em vigor. sente convenção fazem igualmente fé.

ARTIGO 11 O texto que precede é o texto autêntico da


convenção devidamente adotada pela Confe-
O Diretor-Geral da Repartição Internacional do rência Geral da Organização Internacional do
Trabalho comunicará ao Secretário-Geral das Trabalho, em sua quadragésima segunda sessão,
Nações Unidas para efeitos de registro de acordo que se reuniu em Genebra e que foi encerrada
com o artigo 102o da Carta das Nações Unidas, a 26 de junho de 1958.
informações completas a respeito de todas as ra-
tificações e todos os atos de denúncia, que tiver Em fé do que, assinaram a 5 de julho de 1958.
registrado, nos termos dos artigos precedentes.
Aprovada pelo Decreto Legislativo no 104, de 24
ARTIGO 12 de novembro de 1964, publicado no DOU de
30/11/1964, e promulgada pelo Decreto no 62.150,
Sempre que o julgar necessário, o Conselho de de 19 de janeiro de 1968, publicado no DOU de
Mulher

Administração da Repartição Internacional do 23/1/1968. Signatários não incluídos.

88
Convenção Relativa ao Amparo
à Maternidade
Convenção 103 da Organização Internacional do Trabalho.

A Conferência Geral da Organização Interna- quais matérias sofrem qualquer transformação,


cional do Trabalho, Convocada em Genebra inclusive as empresas de construção naval, de
pelo Conselho de Administração da Repartição produção, transformação e transmissão de
Internacional do Trabalho, e aí se tendo reu- eletricidade e de força motriz em geral;
nido em 4 de junho de 1952 em sua trigésima
quinta sessão, c) as empresas de edificação e de engenharia
civil, inclusive os trabalhos de construção, de
Depois de haver decidido adotar diversas pro- reparação, de manutenção, de transformação
posições relativas ao amparo à maternidade, e de demolição;
questão que constitui o sétimo ponto da ordem
do dia da sessão. d) as empresas de transporte de pessoas ou de
mercadorias por estrada de rodagem, estrada de
Depois de haver decidido que essas propo- ferro, via marítima ou fluvial, via aérea, inclu-
sições tomariam a forma de uma convenção sive a conservação das mercadorias em docas,
internacional, adota, neste vigésimo oitavo dia armazéns, trapiches, entrepostos ou aeroportos.
de junho de mil novecentos e cinquenta e dois,
a convenção presente, que será denominada 3. Para os fins da presente convenção o termo
Convenção sobre o amparo à maternidade “trabalhos não industriais” aplica-se a todos os
(revista), 1952. trabalhos realizados nas empresas e serviços
públicos ou privados seguintes, ou em relação
ARTIGO 1 com seu funcionamento:

1. A presente convenção aplica-se às mulheres a) os estabelecimentos comerciais;


empregadas em empresas industriais bem como
às mulheres empregadas em trabalhos não b) os correios e os serviços de telecomunica-
industriais e agrícolas, inclusive às mulheres ções;
assalariadas que trabalham em domicílio.
c) os estabelecimentos ou repartições cujo
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

2. Para os fins da presente convenção, o termo pessoal está empregado sobretudo em trabalhos
“empresas industriais” aplica-se às empresas de escritórios;
públicas ou privadas bem como a seus ramos
(filiais) e compreende especialmente: d) tipografias e jornais;

a) as minas, pedreiras e indústrias extrativas e) os hotéis, pensões, restaurantes, clubes, cafés


de todo gênero; (salões de chá) e outros estabelecimentos onde
se servem bebidas, etc.;
b) as empresas nas quais produtos são ma-
nufaturados, modificados, beneficiados, con- f) os estabelecimentos destinados ao tratamen-
sertados, decorados, terminados, preparados to ou à hospitalização de doentes, enfermos,
para a venda, destruídos ou demolidos, ou nas indigentes e órfãos; 89
g) as empresas de espetáculos e diversões pú- nacional; não será, porém nunca inferior a seis
blicos; semanas; o restante da licença total poderá ser
tirado, segundo o que decidir a legislação na-
h) o trabalho doméstico assalariado efetuado em cional, seis antes da data provável do parto, seja
casas particulares bem como a todos os outros após a data da expiração da licença obrigatória
trabalhos não industriais aos quais a autoridade ou seja ainda uma parte antes da primeira destas
competente decidir aplicar os dispositivos da datas e uma parte depois da segunda.
convenção.
4. Quando o parto se dá depois da data presu-
4. Para os fins da presente convenção, o ter- mida, a licença tirada anteriormente se acha
mo “trabalhos agrícolas” aplica-se a todos os automaticamente prorrogada até a data efetiva do
trabalhos executados nas empresas agrícolas, parto e a duração da licença obrigatória depois do
inclusive as plantações (fazendas) e nas grandes parto não deverá ser diminuída por esse motivo.
empresas agrícolas industrializadas.
5. Em caso de doença confirmada por atestado
5. Em todos os casos onde não parece claro se médico como resultante da gravidez, a legisla-
a presente convenção se aplica ou não a uma ção nacional deve prever uma licença pré-natal
empresa, a uma filial (ramo) ou a um trabalho suplementar cuja duração máxima pode ser
determinados, a questão deve ser decidida estipulada pela autoridade competente.
pela autoridade competente após consulta às
organizações representativas de empregadores 6. Em caso de doença confirmada por atestado
e empregados interessadas, se existirem. médico como corolário de parto, a mulher tem
direito a uma prorrogação da licença após o
6. A legislação nacional pode isentar da aplicação parto cuja duração máxima pode ser estipulada
da presente convenção as empresas onde os úni- pela autoridade competente.
cos empregados são os membros da família do
empregador de acordo com a referida legislação. ARTIGO 4

ARTIGO 2 1. Quando uma mulher se ausentar de seu tra-


balho em virtude dos dispositivos do artigo três
Para os fins da presente convenção o termo acima, ela tem direito a prestações em espécie e
“mulher” designa toda pessoa do sexo feminino, a assistência médica.
qualquer que seja sua idade ou nacionalidade,
raça ou crenças religiosas, casada ou não, e o 2. A percentagem das prestações em espécie será
termo “filho” designa toda criança nascida de estipulada pela legislação nacional de maneira
matrimônio ou não. a serem suficientes para assegurar plenamente
a subsistência da mulher e de seu filho em boas
ARTIGO 3 condições de higiene e segundo um padrão de
vida apropriada.
1. Toda mulher à qual se aplica a presente con-
venção tem o direito, mediante exibição de um 3. A assistência médica abrangerá assistência
atestado médico que indica a data provável de pré-natal, assistência durante o parto e assistên-
seu parto, a uma licença de maternidade. cia após o parto prestado por parteira diploma-
da ou por médico, e bem assim a hospitalização
2. A duração dessa licença será de doze semanas, quando for necessária; a livre escolha do médico
no mínimo; uma parte dessa licença será tirada, e livre escolha entre um estabelecimento público
obrigatoriamente depois do parto. ou privado serão respeitadas.
Mulher

3. A duração da licença tirada obrigatoriamente 4. As prestações em espécie e a assistência mé-


90 depois do parto será estipulada pela legislação dica serão concedidas quer nos moldes de um
sistema de seguro obrigatório quer mediante estipuladas de acordo com a convenção coletiva
pagamento efetuados por fundos públicos, pertinente.
em ambos os casos serão concedidos de pleno
direito a todas as mulheres que preencham as ARTIGO 6
condições estipuladas.
Quando uma mulher se ausentar de seu trabalho
5. As mulheres que não podem pretender, em virtude dos dispositivos do art. 3o da pre-
de direito, a quaisquer prestações, receberão sente convenção, é ilegal para seu empregador
apropriadas prestações pagas dos fundos de despedi-la durante a referida ausência ou em
assistência pública, sob ressalva das condições data tal que o prazo do aviso prévio termine
relativas aos meios de existência prescritas pela enquanto durar a ausência acima mencionada.
referida assistência.
ARTIGO 7
6. Quando as prestações em espécie fornecidas
nos moldes de um sistema de seguro social obri- 1. Todo membro da Organização Internacional
gatório são estipuladas com base nos proventos do Trabalho que ratifica a presente convenção
anteriores, elas não poderão ser interiores a pode, por meio de uma declaração que acom-
dois terços dos proventos anteriores tomadas panha sua ratificação, prever derrogações no
em consideração. que diz respeito:

7. Toda contribuição devida nos moldes de a) a certas categorias de trabalhos não indus-
um sistema de seguro social obrigatório que triais;
prevê a assistência à maternidade, e toda taxa
calculada na base dos salários pagos, que seria b) a trabalhos executados em empresas agrícolas
cobrada tendo em vista fornecer tais prestações, outras que não plantações;
devem ser pagas de acordo com o número de
homens e mulheres empregados nas empresas c) ao trabalho doméstico assalariado efetuado
em apreço, sem distinção de sexo, sejam pagas em casas particulares;
pelos empregadores ou, conjuntamente, pelos
empregadores e empregados. d) às mulheres assalariadas trabalhando em
domicílio;
8. Em hipótese alguma, deve o empregador
ser tido como pessoalmente responsável pelo e) às empresas de transporte marítimo de pes-
custo das prestações devidas às mulheres que soas ou mercadorias.
ele emprega.
2. As categorias de trabalhos ou de empresas
ARTIGO 5 para as quais tenham aplicação os dispositivos
do parágrafo primeiro do presente artigo deve-
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

1. Se a mulher amamentar seu filho, será au- rão ser designadas na declaração que acompa-
torizada a interromper seu trabalho com esta nha a ratificação da convenção.
finalidade durante um ou vários períodos cuja
duração será fixada pela legislação nacional. 3. Todo membro que fez tal declaração pode, a
qualquer tempo anulá-la em todo ou em parte,
2. As interrupções do trabalho para fins de por uma declaração ulterior.
aleitamento, devem ser computadas na dura-
ção do trabalho e remuneradas como tais nos 4. Todo membro, com relação ao qual está
casos em que a questão seja regulamentada pela em vigor uma declaração feita nos termos do
legislação nacional ou de acordo com estes, nos parágrafo primeiro do presente artigo, indicará
casos em que a questão seja regulamentada todos os anos no seu relatório anual sobre a
por convenções coletivas, as condições serão aplicação da presente convenção, a situação de 91
sua legislação e de suas práticas quanto aos tra- b) os territórios para os quais ele se com-
balhos e empresas aos quais se aplica o referido promete a que as disposições da convenção
parágrafo primeiro em virtude daquela declara- ou alguns de seus Capítulos sejam aplicados
ção precisando até que ponto deu execução ou com modificações e em que consistem tais
se propõe a dar execução à no que diz respeito modificações;
aos trabalhos e empresas em apreço.
c) os territórios onde a convenção não poderá
5. Ao término de um período de cinco anos ser aplicada e, nesses casos, as razões por que
após a entrada em vigora da presente conven- não pode ser aplicada;
ção, o Conselho Administrativo do Bureau
Internacional do Trabalho submeterá à Con- d) os territórios para os quais reserva sua de-
ferência um relatório especial com relação à cisão na pendência de um exame mais porme-
aplicação dessas derrogações e contendo as norizado da situação dos referidos territórios.
propostas que julgará apartunas em vista das
medidas a serem tomadas a este respeito. 2. Os compromissos mencionados nas alíneas
“a” e “b” do primeiro parágrafo do presente
ARTIGO 8 artigo serão partes integrantes da ratificação e
produzirão efeitos idênticos.
As retificações formais da presente convenção
serão comunicadas ao Diretor-Geral da Re- 3. Qualquer Membro poderá renunciar, me-
partição Internacional do Trabalho e por êle diante nova declaração, a todas ou a parte das
registradas. restrições contidas em sua declaração anterior,
em virtude das alíneas “b”, “c” e “d” do parágrafo
ARTIGO 9 primeiro do presente artigo.

1. A presente convenção será obrigatória 4. Qualquer Membro poderá, no decorrer dos


somente para os Membros da Organização períodos em que a presente convenção possa
Internacional do Trabalho, cuja ratificação tiver ser denunciada de acordo com o disposto no
sido registrada pelo Diretor-Geral. artigo 12 comunicar ao Diretor-Geral uma
nova declaração modificado em qualquer
2. Esta convenção entrará em vigor 12 meses sentido os termos de declarações anteriores
após terem sido registradas pelo Diretor-Geral e indicando a situação em territórios deter-
as ratificações de dois Membros. minados.

3. Em seguida a convenção entrará em vigor ARTIGO 11


para cada Membro doze meses após a data em
que sua ratificação tiver sido registrada. 1. As declarações comunicadas ao Diretor-Ge-
ral da Repartição Internacional do Trabalho,
ARTIGO 10 nos termos dos parágrafos 4o e 5o do artigo 35
da Constituição da Organização Internacional
1. As declarações comunicadas ao Diretor- do Trabalho, devem indicar se as disposições
-Geral da Repartição Internacional do Traba- da convenção serão aplicadas no território com
lho, nos termos do parágrafo 2o do artigo 35 da ou sem modificações; sempre que a declaração
Constituição da Organização Internacional do indicar que as disposições da Convenção se-
Trabalho, deverão indicar: jam aplicadas com a ressalva de modificações,
deve especificar em que consistem as referidas
a) os territórios para os quais o Membro inte- modificações.
Mulher

ressado se compromete a que as disposições da


convenção ou alguns de seus Capítulos sejam 2. O Membro ou os Membros ou autoridade
92 aplicados sem modificação; internacional interessados poderão renunciar
total ou parcialmente, mediante declaração ARTIGO 14
ulterior, ao direito de invocar uma modificação
indicada em declaração anterior. O Diretor-Geral da Repartição Internacional do
Trabalho comunicará ao Secretário-Geral das
3. O Membro ou os Membros ou a autoridade Nações Unidas, para efeito de registro nos termos
internacional interessados poderão, no decor- do art. 102 da Carta das Nações Unidas, os dados
rer dos períodos em que a convenção possa completos com respeito a todas as ratificações,
ser denunciada, de acordo com o disposto no declarações e atos de denúncia que houver re-
artigo 12, comunicar ao Diretor-Geral uma gistrado de acordo com os artigos precedentes.
nova declaração que modifique em qualquer
sentido os termos de uma declaração anterior ARTIGO 15
e indicando a situação no que concerne à apli-
cação desta convenção. Sempre que julgar necessário, o Conselho de
Administração da Repartição Internacional do
ARTIGO 12 Trabalho apresentará à Conferência Geral um
relatório sobre a aplicação da presente conven-
1. Qualquer Membro que houver ratificado ção e examinará a conveniência de inscrever na
a presente convenção poderá denunciá-la ao ordem do dia da Conferência a questão da sua
término de um período de 10 anos após a data revisão, total ou parcial.
da sua vigência inicial, mediante comunicação
ao Diretor-Geral da Repartição Internacional ARTIGO 16
do Trabalho e por ele registrada. A denúncia
surtirá efeito somente um ano após ter sido 1. Caso a Conferência adote uma nova con-
registrada. venção que importe na revisão total ou parcial
da presente, e a menos que a nova convenção
2. Qualquer membro que houver ratificado a disponha de outra forma:
presente convenção e no prazo de um ano após
o término do período de 10 anos menciona- a) a ratificação, por um Membros, da nova
do no parágrafo precedente não fizer uso da convenção que fizer a revisão, acarretará, de
faculdade de denúncia prevista no presente pleno direito, não obstante o art. 12 acima, de-
artigo, estará vinculado por um novo período núncia imediata da presente, desde que a nova
de 10 anos e, em seguida, poderá denunciar convenção tenha entrado em vigor;
a convenção ao término de cada período de
10 anos nas condições previstas no presente b) a partir da data da entrada em vigor da con-
artigo. venção que fizer a revisão, a presente deixará
de estar aberta à ratificação pelos Membros.
ARTIGO 13
2. A presente convenção continuará em vigor,
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

1. O Diretor Geral da Repartição Internacional todavia, em sua forma e conteúdo, para os


do Trabalho notificará todos os Membros da Membros que a tiverem ratificado e que não
Organização Internacional do Trabalho do ratifiquem a que fizer a revisão.
registro de todas as ratificações, declarações e
denúncias que lhe forem comunicadas pelos ARTIGO 17
Membros da Organização.
As versões francesa e inglesa do texto da pre-
2. Ao notificar os Membros da Organização sente convenção fazem igualmente fé.
do registro da segunda ratificação que lhe tiver
sido comunicado, o Diretor-Geral chamará O texto acima é o texto autêntico da convenção
a sua atenção para a data em que a presente devidamente adotada na Conferência Geral da
convenção entrará em vigor. Organização Internacional do Trabalho na sua 93
trigésima quinta sessão, que teve lugar em Ge- Aprovada pelo Decreto Legislativo no 20, de 30
nebra e que foi concluída a 28 de junho de 1952. de abril de 1965, publicado no DOU de 4/5/1965,
e promulgada pelo Decreto no 58.820, de 14 de
Em fé do que apuseram suas assinaturas, neste julho de 1966, publicado no DOU de 19/7/1966.
quarto dia do mês de junho de 1952. Signatários não incluídos.
Mulher

94
Convenção sobre os Direitos Políticos
da Mulher

As Partes Contratantes, ARTIGO 4

Desejando pôr em execução o princípio da 1. A presente Convenção será aberta à assina-


igualdade de direitos dos homens e das mu- tura de todos os Estados-Membros da Orga-
lheres, contido na Carta das Nações Unidas, nização das Nações Unidas e de outro Estado
ao qual a Assembleia Geral tenha endereçado
Reconhecendo que toda pessoa tem o direito de convite para esse fim.
tomar parte na direção dos assuntos públicos de
seu país, seja diretamente, seja por intermédio 2. Esta Convenção será ratificada e os Instru-
de representantes livremente escolhidos, ter mentos de ratificação serão depositados junto
acesso em condições de igualdade às funções ao Secretário-Geral da Organização das Nações
públicas de seu país e desejando conceder a Unidas.
homens e mulheres igualdade no gozo e exer-
cício dos direitos políticos, de conformidade ARTIGO 5
com a Carta das Nações Unidas e com as dis-
posições da Declaração Universal dos Direitos 1. A presente Convenção será aberta à adesão
do Homem. de todos os Estados mencionados no parágrafo
primeiro do artigo 4.
Tendo decidido concluir uma Convenção
com essa finalidade, estipularam as condições 2. A adesão se fará pelo depósito de um instru-
seguintes: mento de adesão junto ao Secretário-Geral da
Organização das Nações Unidas.
ARTIGO 1
ARTIGO 6
As mulheres terão, em igualdade de condições
com os homens, o direito de voto em todas as 1. A presente Convenção entrará em vigor
eleições, sem nenhuma restrição. noventa dias após a data do depósito do sexto
Instrumento de ratificação ou de adesão.
ARTIGO 2
2. Para cada um dos Estados que a ratificarem,
As mulheres serão, em condições de igualdade ou que a ela aderirem após o depósito do sexto
com os homens, elegíveis para todos os organis- Instrumento de ratificação ou adesão, a presen-
mos públicos de eleição, constituídos em virtude te Convenção entrará em vigor noventa dias
da legislação nacional, sem nenhuma restrição. após ter sido depositado o seu Instrumento de
ratificação ou de adesão.
ARTIGO 3
ARTIGO 7
As mulheres terão, em condições de igualdade o
mesmo direito que os homens de ocupar todos Se, no momento da assinatura, da ratificação
os postos públicos e de exercer todas as funções ou da adesão, um Estado formular uma reser-
públicas estabelecida em virtude da legislação, va a um dos artigos da presente Convenção o
nacional sem nenhuma restrição. Secretário-Geral comunicará o texto da reserva 95
a todos os Estados que são ou vierem a ser a) das assinaturas apostas e dos Instrumentos
partes desta Convenção. Qualquer Estado de ratificação recebidos conforme o artigo 4;
que não acertar a reserva poderá, dentro do
prazo de noventa dias, a partir da data dessa b) dos Instrumentos de adesão recebidos con-
comunicação (ou da data em que passou a fazer forme o artigo 5;
parte da Convenção), notificar ao Secretário-
-Geral que não aceita a dita reserva. Neste caso c) da data na qual a presente Convenção entra
a Convenção não vigorará entre esse Estado e em vigor conforme o artigo 6;
o Estado que formulou a reserva.
d) das comunicações e notificações recebidas
ARTIGO 8 do acordo com o artigo 7;

1. Todo Estado Contratante poderá denunciar e) das notificações de denúncia recebidas con-
a presente Convenção por uma notificação forme as disposições do parágrafo primeiro
escrita, endereçada ao Secretário-Geral da do artigo 8;
Organização das Nações Unidas. Essa de-
núncia se tornará efetiva, um ano após a data f) da extinção resultante do parágrafo 2 do
em que o Secretário-Geral tenha recebido a artigo 8.
notificação.
ARTIGO 11
2. A presente Convenção cessará de vigorar a
partir da data em que tenha se tornado efetiva a 1. A presente Convenção, cujos textos em in-
denúncia que reduz a menos de seis os Estados glês, chinês, espanhol, francês ou russo, farão
Contratantes. igualmente fé, será depositada nos arquivos da
Organização das Nações Unidas.
ARTIGO 9
2. O Secretário-Geral da Organização das Na-
Toda controvérsia entre dois ou mais Estados ções Unidas providenciará a entrega de uma
Contratantes referente à interpretação ou cópia autenticada a todos os Estados-Membros
aplicação da presente Convenção, que não e aos Estados Não Membros visados no pará-
tenha sido regulada por meio de negociação grafo primeiro do artigo 4.
será levada, a pedido de uma das partes, à
Corte Internacional de Justiça para que ela se Em fé do que, os abaixo-assinados devidamente
pronuncie, a menos que as partes interessadas autorizados por seus respectivos Governos,
convencionem outro modo de solução. assinaram a presente Convenção, aberta à as-
sinatura em Nova York, a trinta e um de março
ARTIGO 10 de mil novecentos e cinquenta e três.

Todos os Estados-Membros mencionados no Aprovada pelo Decreto Legislativo no 123, de 20


parágrafo primeiro do artigo 4 da presente de novembro de 1955, publicado no DOU de
Convenção serão notificados pelo Secretário- 1o/12/1955, e promulgada pelo Decreto no 52.476,
-Geral da Organização das Nações Unidas a de 12 de setembro de 1963, publicado no DOU de
respeito: 17/9/1963, com retificação em 23/9/1963.
Mulher

96
Convenção para a Repressão do Tráfico
de Pessoas e do Lenocínio

PREÂMBULO Considerando que a evolução ocorrida depois


de 1937 permite concluir uma convenção que
Considerando que a prostituição e o mal que unifique os instrumentos acima mencionados
a acompanha, isto é, o tráfico de pessoas para e inclua o essencial do projeto da Convenção
fins de prostituição, são incompatíveis com a de 1937, com as emendas que se julgou con-
dignidade e o valor da pessoa humana e põem veniente introduzir,
em perigo o bem-estar do indivíduo, da família
e da comunidade, Em consequência, as partes contratantes con-
vêm no seguinte:
Considerando que, com relação à repressão
do tráfico de mulheres e crianças estão em ARTIGO 1
vigor os seguintes instrumentos interna-
cionais: As Partes na presente Convenção convêm
em punir toda pessoa que, para satisfazer às
1. Acordo Internacional de 18 de maio de paixões de outrem:
1904 para a repressão do tráfico de mulheres
brancas, emendado pelo Protocolo aprovado 1. aplicar, induzir ou desencaminhar para fins
pela Assembleia Geral das Nações Unidas a 3 de prostituição, outra pessoa, ainda que com
de dezembro de 1948, seu consentimento;

2. Convenção Internacional de 4 de maio de 2. explorar a prostituição de outra pessoa, ainda


1910, relativa à repressão do tráfico de mulhe- que com seu consentimento.
res brancas, emendada pelo Protocolo acima
mencionado, ARTIGO 2

3. Convenção Internacional de 30 de setembro As partes na presente Convenção convêm


de 1921 para a repressão do tráfico das mu- igualmente em punir toda pessoa que:
lheres e crianças, emendada pelo Protocolo
aprovado pela Assembleia Geral das Nações 1. Mantiver, dirigir ou, conscientemente, finan-
Unidas a 20 de outubro de 1947, ciar uma casa de prostitução ou contribuir para
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

esse financiamento;
4. Convenção Internacional de 11 de outubro
de 1933 relativa à repressão do tráfico de 2. Conscientemente, der ou tomar de aluguel,
mulheres maiores emendada pelo Protocolo total ou parcialmente, um imóvel ou outro
acima referido, local, para fins de prostituição de outrem.

Considerando que a Liga das Nações havia ARTIGO 3


elaborado em 1937 um projeto de Convenção
para ampliar o campo de ação dos aludidos Deverão ser também punidos, na medida per-
instrumentos e mitida pela legislação nacional, toda tentativa e

97
ato preparatório efetuados com o fim de come- ARTIGO 8
ter as infrações de que tratam os Artigos 1 e 2.
Os atos de que tratam os Artigos 1 e 2 da pre-
ARTIGO 4 sente Convenção serão considerados como
casos de extradição em todos os tratados de
Será também punível na medida permitida pela extradição, concluídos ou por concluir, entre
legislação nacional, a participação intencional Partes na presente Convenção.
nos atos de que tratam os Artigos 1 e 2 acima.
As Partes na presente Convenção, que não
Os atos de participação serão considerados, subordinem a extradição à existência de um
na medida permitida pela legislação nacional tratado, reconhecerão de agora em diante os
como infrações distintas, em todos os casos em atos de que convenção como caso de extradição
que for necessário assim proceder para impedir entre elas.
a impunidade.
A extradição será concedida de acordo com o
ARTIGO 5 direito do Estado ao qual foi requerida.

Em todos os casos em que uma pessoa ofendi- ARTIGO 9


da for autorizada pela legislação nacional a se
constituir parte civil por causa de qualquer das Os nacionais de um Estado, cuja legislação não
infrações de que trata a Presente Convenção, os admitir a extradição de nacionais que regres-
estrangeiros estarão igualmente autorizados a saram a esse Estado após haver cometido no
se constituir parte civil, em igualdade de con- estrangeiro qualquer dos atos de que tratam os
dições, com os nacionais. Artigos 1 e 2 da presente Convenção, deverão
ser julgados e punidos pelos tribunais de seu
ARTIGO 6 próprio Estado.

Cada Parte na presente Convenção convém Esta disposição não será obrigatória se, em caso
em adotar todas as medidas necessárias para análogo e que interessar a Partes na presente
abrogar ou abolir toda lei, regulamento e prática Convenção, não puder ser concedida a extra-
administrativa que obriguem a inscrever-se dição de um estrangeiro.
em registros especiais, possuir documentos
especiais ou conforma-se a condições excepcio- ARTIGO 10
nais de vigilância ou de notificação as pessoas
que se entregam ou que supõem entregar-se à As disposições do Artigo 9 não se aplicarão
prostituição. quando o réu tiver sido julgado em um Esta-
do estrangeiro e, em caso de condenação, se
ARTIGO 7 cumpriu a pena ou se gozou do benefício de
comutação ou redução da pena prevista pela
Qualquer condenação anterior pronunciada em Lei do referido Estado estrangeiro.
Estado estrangeiro por um dos atos de que trata
a Convenção, será, na medida permitida pela ARTIGO 11
legislação nacional, tomada em consideração:
Nenhuma das disposições da presente Conven-
1. Para estabelecer a reincidência; ção poderá ser interpretada como prejudicial
à situação de uma Parte na Convenção com
2. Para declarar incapacidades, perda ou inter- referência à questão geral da competência da
Mulher

dição de direito público ou privado. jurisdição penal em direito internacional.

98
ARTIGO 12 acima mencionadas que admitirá para as cartas
rogatórias da referida Parte.
A presente Convenção não afeta o princípio
de que os atos a que se refere deverão, em cada Até que um Estado faça tal comunicação, o
Estado, ser qualificados, processados e julgados processo em vigor para cartas rogatórias será
de acordo com a legislação nacional. mantido.

ARTIGO 13 A execução das cartas rogatórias não poderá


ocasionar o reembolso de quaisquer direitos
As Partes na presente Convenção serão obri- ou despesas, salvo as de perícia.
gadas a executar as cartas rogatória relativas às
infrações de que trata a Convenção, de acordo Nenhuma das disposições do presente Artigo
com as leis e costumes nacionais. deverá ser interpretada como compromisso
das Partes na presente Convenção em admitir
A transmissão de cartas rogatórias será efetuada: uma derrogação de suas leis, no que se refere
ao processo e aos métodos empregados para
1. Por comunicação direta entre as autoridades estabelecer a prova em matéria penal.
judiciárias;
ARTIGO 14
2. Por correspondência direta entre os Minis-
tros da Justiça dos dois Estados, ou por comu- Cada uma das Partes na presente Convenção
nicação direta, de outra autoridade competente deverá criar ou manter um serviço encarregado
do Estado requerente ao Ministro da Justiça do de coordenar e centralizar os resultados das
Estado requerido; investigações relativas às infrações de que trata
a presente Convenção.
3. Por intermédio do representante diplo-
mático ou consular do Estado requerente no Esses serviços deverão reunir todas as infor-
Estado requerido; esse representante enviará mações que possam facilitar a prevenção e a
diretamente as cartas rogatórias à autoridade repressão das infrações de que trata a presente
judiciária competente ou à autoridade indicada Convenção e deverão manter estreitas relações
pelo Governo do Estado requerido e dela rece- com os serviços correspondentes dos demais
berá diretamente os documentos necessários à Estados.
execução das cartas regatórias.
ARTIGO 15
Nos casos 1 e 3, uma cópia da carta rogatória
deverá ser, na mesma ocasião, encaminhada à As autoridades encarregadas dos serviços men-
autoridade superior do Estado requerido. cionados no Artigo 14 fornecerão às autorida-
des encarregadas dos serviços correspondentes
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

Salvo acordo em contrário, a carta rogatória nos demais Estados, na medida permitida pela
deverá ser redigida no idioma da autoridade Legislação nacional, e, quando julgarem útil, as
requerente, ressalvando-se ao Estado requeri- seguintes informações:
do o direito de solicitar uma tradução em seu
próprio idioma, devidamente autenticada pela 1. dados pormenorizados relativos a qualquer
autoridade requerente. infração ou tentativa de infrações de que trata
a presente Convenção;
Cada Parte na Presente Convenção comunica-
rá a cada uma das outras Partes Contratantes 2. dados pormenorizados relativos às inves-
a forma ou formas de transmissão dentre as tigações, processos, detenções, condenações,

99
recusas de admissão ou expulsões de pessoas cos, a fim de impedir o tráfico internacional de
culpadas de qualquer das infrações de que trata pessoas para fim de prostituição;
a presente Convenção, bem como aos desloca-
mentos dessas pessoas e quaisquer informações 4. a adotar as medias apropriadas para que as
úteis a respeito das mesmas. autoridades competentes estejam ao corrente
da chegada de pessoas que pareçam prima facie
As informações que serão fornecidas compre- culpadas, coautoras ou vítimas desse tráfico.
enderão notadamente a descrição dos delin-
quentes, suas impressões digitais e fotografia, ARTIGO 18
indicações sobre os métodos habituais, autos
policiais e registros criminais. As Partes na presente Convenção convêm em
tomar, de acordo com as condições estipu-
ARTIGO 16 ladas pelas respectivas legislações nacionais,
as declarações das pessoas de nacionalidade
As Partes na presente Convenção se compro- estrangeiras que se entregam à prostituição,
metem a adotar medidas para a prevenção da a fim de estabelecer sua identidade e estado
prostituição e para assegurar a reeducação e civil e procurar quem as induziu a deixar seu
readaptação social das vítimas da prostituição e Estado. Tais informações serão comunicadas às
das infrações de que trata a presente Convenção autoridades de Estado de origem das referidas
bem como a estimular a adoção dessas medi- pessoas para eventual repatriação.
das por seus serviços públicos ou privados de
caráter educativo sanitário, social, econômico ARTIGO 19
e outros serviços conexos.
As Partes na presente Convenção se compro-
ARTIGO 17 metem, conforme as condições estipuladas
pelas respectivas legislações nacionais, e sem
No que se refere à imigração e emigração, as prejuízo de processos ou de qualquer outra
Partes na presente Convenção convêm em ação motivada por infrações a suas disposições
adotar ou manter em vigor, nos limites de suas e tanto quanto possível:
obrigações definidas pela presente Convenção,
as medidas destinadas a combater o tráfico 1. A tomar as medidas apropriadas para prover
de pessoas de um ou outro sexo para fins de as necessidades e assegurar a manutenção, pro-
prostituição. visoriamente, das vítimas do tráfico internacio-
nal para fins de prostituição, quando destituídas
Comprometem-se principalmente: de recursos, até que sejam tomadas todas as
providências para repatriação;
1. a promulgar os regulamentos necessários
para a proteção dos imigrantes ou emigrantes, 2. A repatriar as pessoas de que trata o artigo
em particular das mulheres e crianças, quer 18, que o desejarem ou que forem reclamadas
nos lugares de partida e chegada quer durante por pessoas que sobre elas tenham autoridade
a viagem; e aquelas cuja expulsão foi decretada conforme
a lei. A repatriação não será efetuada senão
2. a adotar disposições para organizar uma depois de entendimento com o Estado de
propaganda apropriada destinada a advertir o destino, sobre a identidade e a nacionalidade,
público contra os perigos desse tráfico; assim como sobre o lugar e a data da chegada
às fronteiras. Cada uma das Partes na presente
3. a adotar medidas apropriadas para manter a Convenção facilitará o trânsito das pessoas em
Mulher

vigilância nas estações ferroviarias, aeroportos, apreço no seu território. Quando as pessoas de
portos marítimos, em viagens e lugares públi- que trata a alínea precedente não puderem pes-
100
soalmente arcar com as despesas de repatriação tado convidado para esse fim pelo Conselho
e quando não tiverem cônjuge, nem parentes, Econômico e Social. Ela será ratificada e os
nem tutor que pague, por elas, as despesas de instrumentos de ratificação serão depositados
repatriação estarão a cargo do Estado onde elas junto ao Secretário Geral da Organização das
se encontram até à fronteira, porto de embar- Nações Unidas.
que ou aeroporto mais próximo na direção do
Estado de origem, e, em seguida, a cargo do Os Estados mencionados no parágrafo primei-
Estado de origem. ro, que não assinaram a Convenção, poderão a
ela aderir. A adesão se fará com o depósito de
ARTIGO 20 um instrumento de adesão junto ao Secretário
Geral da Organização das Nações Unidas.
As partes na presente Convenção convêm, se já
não o fizeram, em adotar as medidas necessá- Para os fins da presente Convenção, a palavra
rias para exercer vigilância nos escritórios ou “Estado” designará também todas as colônias
agências da colocação, para evitar que as pes- e territórios sob tutela, dependentes do Estado
soas que procuram emprego, especialmente as que assina ou ratifica a Convenção, ou que a
mulheres e crianças, fiquem sujeitas ao perigo ela adere, assim como todos os territórios que
da prostituição. este Estado represente no plano internacional.

ARTIGO 21 ARTIGO 24

As Partes na Presente Convenção comunicarão A presente Convenção entrará em vigor noven-


ao Secretário Geral da Organização das Nações ta dias depois da data do depósito do segundo
Unidas suas leis e regulamentos em vigor e pos- instrumento de ratificação ou de adesão.
teriormente, cada ano, os novos textos de leis
ou regulamentos relativos à matéria da presente Para cada um dos Estados que ratificarem ou
Convenção, assim como todas as medidas que aderirem depois do depósito do segundo ins-
tomarem para aplicar a convenção. As informa- trumento de ratificação ou adesão, ela entrará
ções recebidas serão publicadas periodicamente em vigor noventa dias depois do depósito por
pelo Secretário Geral e enviadas a todos os este Estado de seu instrumento de ratificação
Membros da Organização das Nações Unidas e ou de adesão.
aos Estados não membros aos quais a presente
Convenção tiver sido oficialmente comunicada, ARTIGO 25
de acordo com as disposições do Artigo 23.
Ao término do prazo de cinco anos a partir
ARTIGO 22 da entrada em vigor na presente Convenção,
qualquer Parte na Convenção pode denunciá-la
Se surgir entre as Partes na presente Convenção por notificação escrita endereçada ao Secretário
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

qualquer dúvida, relativa à sua interpretação Geral da Organização das Nações Unidas.
ou aplicação, e se esta dúvida não puder ser
resolvida por outros meios será, a pedido de A denúncia produzirá efeitos, para a Parte
qualquer das Partes em litígio, submetida à interessada, um ano depois de recebida pelo
Corte Internacional de Justiça. Secretário Geral da Organização das Nações
Unidas.
ARTIGO 23
ARTIGO 26
A presente Convenção será aberta a assinatura
de todos os Estados Membros da Organização O Secretário Geral da Organização das Nações
das Nações Unidas e de qualquer outro Es- Unidas notificará a todos os Estados Membros
101
da Organização das Nações Unidas e aos Esta- março de mil novecentos e cinquenta, uma
dos não membros mencionados no Artigo 23: cópia da qual devidamente autenticada será
enviada pelo Secretário Geral a todos os Es-
a)  As assinaturas, ratificações e adesões rece- tados Membros da Organização das Nações
bidas nos termos do artigo 23; Unidas e aos Estados não Membros de que
trata o artigo 23.
b)  A data da entrada em vigor da presente
Convenção nos termos do artigo 24; PROTOCOLO FINAL

c)  As denúncias recebidas nos termos do Nenhuma das disposições da presente Conven-
artigo 25. ção poderá ser interpretada em detrimento de
qualquer legislação que, para a aplicação das
ARTIGO 27 disposições destinadas à supressão do tráfico
internacional de pessoas e do lenocínio, preveja
Cada uma das Partes na presente Convenção condições mais rigorosas do que as estipuladas
se compromete a tomar, conforme sua Cons- na presente Convenção.
tituição, as medidas legislativas ou outras, ne-
cessárias a assegurar a aplicação da Convenção. As disposições dos artigos 23 a 26, inclusive, da
Convenção aplicar-se-ão ao presente Protocolo.
ARTIGO 28
A presente é a tradução oficial, em idioma
As disposições da presente Convenção anulam português, do texto original e autêntico da Con-
e substituem, entre as Partes, as disposições venção para a Supressão do Tráfico de Pessoas
dos instrumentos internacionais mencionados e do Lenocínio, e do respectivo Protocolo Final
nas alíneas 1, 2, 3, e 4 do segundo parágrafo do concluídos em Lake Success, Nova York, a 21
Preâmbulo; cada um deles será considerado ca- de março de 1950.
duco, quando todas as Partes neste instrumento
se tornarem Partes na Presente Convenção. Aprovada pelo Decreto Legislativo no 6, de 11 de
junho de 1958, publicado no DOU de 12/6/1958,
Em fé do que, os abaixo assinados, devidamente e promulgada pelo Decreto no 46.981, de 8 de
autorizados por seus Governos, assinaram a outubro de 1959, publicado no DOU de 13/10/1959.
presente Convenção aberta à assinatura em Signatários não incluídos.
Lake Success, Nova York, aos vinte e um de
Mulher

102
Convenção Relativa ao Trabalho Noturno
das Mulheres Ocupadas na Indústria
Convenção 89 da Organização Internacional do Trabalho (revista em 1948).

A Conferência Geral da Organização Interna- (B) As empresas nas quais os produtos são
cional do Trabalho, manufaturados, alterados, limpos, reparados,
decorados, acabados, preparados para a venda,
Convocada em São Francisco pelo Conselho destruídos ou demolidos, ou nas quais as ma-
de Administração da Repartição Internacio- térias sofrem uma transformação, compreen-
nal do Trabalho, e aí se tendo reunido a 17 didas as empresas de construção de navios, de
de junho de 1948, em sua trigésima primeira produção, de transformação e de transmissão
sessão. de eletricidade e de força motriz em geral;

Depois de haver decidido adotar diversas (C) As empresas de construção e de engenharia


proposições relativas à revisão parcial da civil, compreendendo os trabalhos de constru-
Convenção sobre o Trabalho Noturno (mu- ção, reparação, manutenção, transformação e
lheres), 1919, adotada pela Conferência em demolição.
sua primeira sessão, e da Convenção sobre o
Trabalho Noturno (mulheres) (revista), 1934, 2. A autoridade competente determinará a
adotada pela Conferência em sua décima oitava linha divisória entre a indústria de um lado,
sessão, questão que constitui o nono ponto da a agricultura, o comércio e os trabalhos não
ordem do dia da sessão, industriais, de outro.

Considerando que essas proposições deveriam ARTIGO 2o


tomar a forma de uma Convenção Interna-
cional, Para os fins da presente Convenção, o termo
“noite” significa um período de pelo menos
Adota, neste nono dia de julho de mil novecen- onze horas consecutivas, compreendendo um
tos e quarenta e oito, a seguinte Convenção que intervalo denominado por autoridade compe-
será denominada Convenção sobre o Trabalho tente de pelo menos sete horas consecutivas,
Noturno (mulheres) (revista), 1948. intercalando-se entre dez horas da noite e sete
horas da manhã; a autoridade competente
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

poderá prescrever intervalos diferentes para


PARTE I – Disposições Gerais regiões, indústrias, empresas ou ramos de
indústria ou de empresas, mas consultará as or-
ARTIGO 1o ganizações de empregadores e de trabalhadores
interessados antes de determinar um intervalo
1. Para os fins da presente Convenção, serão que se inicie depois de onze horas da noite.
consideradas como “empresas industriais”,
notadamente: ARTIGO 3o

(A) As minas, pedreiras e indústrias extrativas As mulheres, sem distinção de idade, não
de toda natureza; poderão ser empregadas durante a noite, em
103
nenhuma empresa industrial, pública ou pri- artigos acima, com a condição de ser concedido
vada ou de dependência de uma dessas empre- um repouso compensador durante o dia.
sas, excetuadas as empresas onde somente são
empregados membros de uma mesma família. ARTIGO 8o

ARTIGO 4o A presente Convenção não se aplica:

O Artigo 3o não será aplicado: (A) às mulheres que ocupam postos de respon-
sabilidade de direção ou de natureza técnica;
(A) em caso de força maior, quando em uma
empresa se produza uma interrupção de ex- (B) às mulheres ocupadas em serviços de higie-
ploração impossível de prever e que não seja ne e de bem-estar que não executem normal-
de caráter periódico; mente trabalho manual.

(B) no caso em que o trabalho se faça com ma-


térias primas ou matérias em elaboração, que PARTE II – Disposições Especiais para
sejam suscetíveis de alteração rápida quando Certos Países
esse trabalho noturno é necessário para salvar
tais matérias de perda inevitável. ARTIGO 9o

ARTIGO 5o Nos países onde nenhum regulamento público


se aplica ao emprego noturno de mulheres em
1. Quando, em razão de circunstâncias particu- empresas industriais, o termo “noite” poderá
larmente graves, o interesse nacional o exigir, a provisoriamente, e por um período máximo de
interdição do trabalho noturno das mulheres três anos, designar, a critério do governo, um
poderá ser suspensa por decisão do Governo, período de somente dez horas, o qual compre-
depois de consulta às organizações de empre- enderá um intervalo, determinado pela auto-
gadores e de empregadas interessadas. ridade competente, de pelo menos, sete horas
consecutivas e intercalados entre dez horas da
2. Tal suspensão deverá ser notificada ao Diretor noite e sete horas da manhã.
Geral da Repartição Internacional do Trabalho,
pelo governo interessado em seu relatório anual ARTIGO 10
sobre a aplicação da Convenção.
1. As disposições da presente Convenção
ARTIGO 6o aplicam-se à Índia, sob reserva das modificações
previstas no presente artigo.
Nas empresas industriais sujeitas às influências
das estações, e em todos os casos em que cir- 2. As ditas disposições aplicam-se a todos os
cunstâncias excepcionais o exigirem, a duração territórios nos quais o poder legislativo da Índia
do período noturno, indicado no artigo 2o, po- tem competência para aplicá-las.
derá ser reduzida a dez horas durante sessenta
dias do ano. 3. O termo “empresas industriais” compreenderá:

ARTIGO 7o (A) as fábricas, definidas como tais na Lei sobre


as fábricas da Índia (Indian Factories Act);
Nos países em que o clima torna o trabalho
diurno particularmente penoso, o período (B) as minas às quais se aplique a Lei de minas
Mulher

noturno pode ser mais curto que o fixado nos da Índia (Indian Mines Act).

104
ARTIGO 11 entrará em vigor como ementa da presente
Convenção.
1. As disposições da presente Convenção,
aplicam-se ao Paquistão sob reserva das modi-
ficações previstas no presente artigo. PARTE III – Disposições Finais

2. As ditas disposições aplicam-se a todos os ARTIGO 13


territórios aos quais o poder legislativo do Pas-
quitão tem competência para aplicá-las. As ratificações formais da presente Convenção
serão comunicadas ao Diretor Geral da Re-
3. O termo “empresas industriais” compreen- partição Internacional do Trabalho para fins
derá: de registro.

(A) As fábricas, definidas como tais na Lei sobre ARTIGO 14


fábricas (Factories Act);
1. A presente Convenção não obrigará senão
(B) As minas às quais se aplique a Lei de minas os Membros da Organização Internacional do
(Mines Act). Trabalho cuja ratificação tiver sido registrada
pelo Diretor Geral.
ARTIGO 12
2. Ela entrará em vigor doze meses depois que
1. A Conferência Internacional do Trabalho as ratificações de dois Membros tiverem sido
pode em qualquer sessão em que a matéria es- registradas pelo Diretor Geral.
teja inscrita na ordem do dia, adotar por maioria
de dois terços os projetos de emenda a um ou 3. Daí por diante esta Convenção entrará em
a vários dos artigos precedentes da Parte II da vigor para cada Membro, doze meses após a
presente Convenção. data em que sua ratificação tiver sido registrada.

2. Tal projeto de emenda deverá indicar o ARTIGO 15


Membro, ou os Membros aos quais se aplique e
deverá, no prazo de um ano, ou os Membros aos 1. Todo Membro que haja ratificado a presente
quais se aplique e deverá, no prazo de um ano, Convenção pode denunciá-la ao expirar um
ou, por circunstâncias excepcionais, no prazo de período de dez anos contado depois da data da
dezoito meses a partir do encerramento da ses- vigência inicial da Convenção, em comunicação
são da conferência, ser submetido pelo Membro ao Diretor Geral da Repartição Internacional do
ou Membros aos quais se aplique, à autoridade Trabalho e por ele registrado. A denúncia não
ou autoridades às quais compete a matéria, a entrará em vigor senão um ano depois de haver
fim de ser transformado em lei ou para que se sido registrada.
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

tome medida de outra ordem.


2. Todo Membro que haja ratificado a presente
3. O Membro que tiver obtido o consentimento Convenção e que, no ano seguinte à expiração
da autoridade ou das autoridades competentes do prazo de dez anos mencionado no parágra-
comunicará sua ratificação formal da emenda fo precedente, não faça uso da faculdade de
ao Diretor Geral da Repartição Internacional denúncia prevista pelo presente artigo, ficará
do Trabalho, para fins de registro. obrigado para um novo período de dez anos,
e daí por diante poderá denunciar a presente
4. Tal projeto de emenda, uma vez ratificado Convenção ao fim de cada período de dez anos
pelo Membro ou Membros aos quais se aplica, nas condições previstas no presente artigo.

105
ARTIGO 16 presente Convenção, e a menos que a nova
Convenção disponha de outra maneira,
1. O Diretor Geral da Repartição Internacional
do Trabalho notificará a todos os Membros (A) a ratificação por um Membro da nova
da Organização Internacional do Trabalho o Convenção contendo a revisão acarretará ipso
registro de todas as ratificações e denúncias jure, não obstante o artigo 15 acima, a denúncia
que lhe forem comunicadas pelos membros da imediata da presente Convenção, sob reserva
Organização. de haver a nova Convenção contendo a revisão
entrado em vigor;
2. Ao notificar aos Membros da Organização o
registro da segunda ratificação que lhe for co- (B) a partir da data da entrada em vigor da
municada, o Diretor Geral pedirá a atenção dos nova Convenção contendo a revisão, a presente
Membros da Organização para a data em que a Convenção cessará de estar aberta à ratificação
presente Convenção entrar em vigor. dos Membros.

ARTIGO 17 2. A presente Convenção ficará, em todo caso,


em vigor na sua forma e teor para os Membros
O Diretor Geral da Organização Internacional que a tiverem ratificado e que não tiverem rati-
do Trabalho comunicará ao Secretário Geral das ficado a Convenção contendo a revisão.
Nações Unidas para fins de registro, em confor-
midade com o artigo 102 da Carta das Nações ARTIGO 20
Unidas, informações completas sobre todas as
ratificações e todos os atos de denúncia que hou- As versões em francês e inglês do texto da pre-
ver registrado conforme os artigos precedentes. sente Convenção fazem igualmente fé.

ARTIGO 18 O que precede é o texto autêntico da Convenção


devidamente adotada pela Conferência Geral
Ao fim de cada período de dez anos, a contar da Organização Internacional do Trabalho em
da entrada em vigor da presente Convenção, sua trigésima primeira sessão realizada em São
o Conselho de Administração da Repartição Francisco e que foi declarada encerrada aos dez
Internacional do Trabalho deverá apresentar à dias do mês de julho de 1948.
Conferência Geral um relatório sobre a aplica-
ção da presente Convenção e decidirá da opor- Em fé do que apuserem suas assinaturas aos
tunidade de inscrever na ordem da Conferência, trinta e um dias do mês de agosto de 1948.
a questão de sua revisão total ou parcial.
Aprovada pelo Decreto Legislativo no 24, de 29 de
ARTIGO 19 maio de 1956, publicado no DCN de 19/7/1957,
e promulgada pelo Decreto no 41.721, de 25 de
1. Caso a Conferência adote uma nova Con- junho de 1957, publicado no DOU de 28/6/1957.
venção contendo a revisão total ou parcial da Signatários não incluídos.
Mulher

106
Convenção Interamericana sobre a
Concessão dos Direitos Civis à Mulher

Os Governos Representados na IX Conferência ARTIGO 1


Interamericana.
Os Estados Americanos convêm em outorgar
Considerando: à mulher os mesmos direitos civis de que goza
o homem.
Que a maioria das Repúblicas Americanas,
inspirada em elevados princípios de justiça, tem ARTIGO 2
concedido os direitos civis à mulher;
A presente Convenção fica aberta à assinatura
Que tem sido uma inspiração da comunidade dos Estados Americanos e será ratificada de
americana equiparar homens e mulheres no conformidade com seus respectivos processos
gozo e exercício dos direitos civis; constitucionais. O instrumento original, cujos
textos em espanhol, francês, inglês e português
Que a Resolução XX da VIII Conferência In- são igualmente autêntica, será depositado na
ternacional Americana expressamente declara: Secretaria Geral da Organização dos Estados
Americanos, a qual enviará cópias autenticadas
“Que a mulher tem direito igual ao do homem aos Governos para os fins de sua ratificação. Os
na ordem civil”; instrumentos de ratificação serão depositados
na Secretaria Geral da Organização dos Estados
Que a mulher da América, muito antes de re- Americanos, que notificará do referido depósi-
clamar os seus direitos, tinha sabido cumprir os to os Governos signatários. Tal notificação terá
seus direitos, tinha sabido cumprir nobremente o valor de troca de ratificações.1
todas as suas responsabilidades como compa-
nheira do homem; ...............................................................................

Que o princípio da igualdade de direitos hu- Assinada na Nova Conferência Internacional


manos entre homens e mulheres está contido Americana.
na Carta das Nações Unidas;
Bogotá, 30 de março a 2 de maio de 1948.
Resolveram:
Aprovada pelo Decreto Legislativo no 74, de 19 de
Autorizar os seus respectivos Representantes, dezembro de 1951, publicado no DOU de 22/12/1951,
cujos plenos poderes se verificaram estar em boa e promulgada pelo Decreto no 31.643, de 23 de
e devida forma, para assinar os seguintes artigos: outubro de 1952, publicado no DOU de 31/10/1952.

1
  Nota do Editor (NE): signatários não incluídos.
107
Convenção Concernente à Igualdade
de Remuneração para a Mão de Obra
Masculina e a Mão de Obra Feminina por
um Trabalho de Igual Valor
Convenção 100 adotada pela Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho na
sua 34a sessão, em Genebra, a 29 de Junho de 1951.

A Conferência Geral da Organização Interna- b) a expressão “igualdade de remuneração para


cional do Trabalho, a mão de obra masculina e a mão de obra femi-
nina por um trabalho de igual valor” se refere às
Convocada em Genebra pelo Conselho de taxas de remuneração fixas sem discriminação
Administração da Repartição Internacional do fundada no sexo.
Trabalho, e aí se tendo reunido em 6 de junho de
1951, em sua trigésima quarta sessão, ARTIGO 2o

Depois de haver decidido adotar diversas pro- 1. Cada Membro deverá, por meios adaptados
posições relativas ao princípio de igualdade de aos métodos em vigor para a fixação das taxas
remuneração para a mão de obra masculina e a de remuneração, incentivar e, na medida em
mão de obra feminina por trabalho de igual valor, que isto é compatível com os ditos métodos,
questão que constituir o sétimo ponto da ordem assegurar a aplicação a todos os trabalhadores
do dia da sessão, do princípio de igualdade de remuneração para a
mão de obra masculina e a mão de obra feminina
Depois de haver decidido que essas proposições por um trabalho de igual valor.
tomariam a forma de uma convenção interna-
cional, 2. Este princípio poderá ser aplicado por meio:

Adota neste vigésimo nono dia de junho de mil a) seja da legislação nacional;
novecentos e cinquenta e um, a presente con-
venção, que será denominada Convenção sobre b) seja de qualquer sistema de fixação de re-
a igualdade de remuneração, de 1951. muneração estabelecida ou reconhecido pela
legislação;
ARTIGO 1o
c) seja de convenções coletivas firmadas entre
Para os fins da presente convenção: empregadores e empregados;

a) o termo “remuneração” compreende o salário d) seja de uma combinação desses diversos meios.
ou o tratamento ordinário, de base, ou mínimo,
e todas as outras vantagens, pagas direta ou ARTIGO 3o
indiretamente, em espécie ou “in natura” pelo
Mulher

empregador ao trabalhador em razão do empre- 1. Quando tal providência facilitar a aplicação


go deste último; da presente convenção, tomar-se-ão medidas
108
para desenvolver a avaliação objetiva dos em- ARTIGO 7o
pregados sobre a base dos trabalhos que eles
comportam. 1. As declarações que forem comunicadas ao
Diretor Geral da Repartição Internacional do
2. Os métodos a seguir para esta avaliação Trabalho, de conformidade com o parágrafo 2o
poderão ser objeto de decisões, seja da parte do artigo 35 da Constituição da Organização
das autoridades competentes, no que concerne Internacional do Trabalho, deverão esclarecer:
à fixação das taxas de remuneração, seja, se as
taxas de remuneração forem fixadas em virtude a) os territórios nos quais o Membro interessa-
de convenções coletivas, pelas partes destas do se compromete a aplicar, sem modificação,
convenções. as disposições da convenção.

3. As diferenças entre as taxas de remuneração b) os territórios nos quais ele se compromete


que correspondem, sem consideração de sexo, a aplicar as disposições da convenção com
a diferenças resultantes de tal avaliação obje- modificações, e em que consistem as ditas
tiva nos trabalhos a efetuar, não deverão ser modificações;
consideradas como contrárias aos princípios
de igualdade de remuneração para a mão de c) os territórios aos quais a convenção é ina-
obra masculina e a mão de obra feminina por plicável e, neste caso, as razões pelas quais ela
um trabalho de igual valor. é inaplicável;

ARTIGO 4o d)  os territórios para os quais ele reserva sua


decisão, esperando um exame mais aprofunda-
Cada Membro colaborará, da maneira que do da respectiva situação.
convier, com as organizações de empregadores
e de trabalhadores interessadas, a fim de efetivar 2. As obrigações mencionadas nas alíneas a)
disposições da presente convenção. e b) do primeiro parágrafo do presente artigo
serão reputadas parte integrantes da ratificação
ARTIGO 5o e produzirão idênticos efeitos.

As gratificações formais da presente conven- 3. Qualquer Membro poderá renunciar, por


ção serão comunicadas ao Diretor Geral da meio de nova declaração, a toda ou parte das
Repartição Internacional do Trabalho e por reservas contidas na sua declaração anterior
ele registradas. em virtude das alíneas b), c) e d) do primeiro
parágrafo do presente artigo.
ARTIGO 6o
4. Qualquer Membro poderá, durante os perí-
1. A presente convenção não obrigará senão odos no curso dos quais a presente convenção
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

os Membros da Organização Internacional do pode ser denunciada de conformidade com as


Trabalho cuja ratificação tiver sido registrada disposições do artigo 9, comunicar ao Diretor
pelo Diretor Geral. Geral uma nova declaração modificando em
qualquer outro ponto os termos de qualquer
2. Ela entrará em vigor doze meses depois que declaração anterior e dando a conhecer a situ-
as ratificações de dois Membros tiverem sido ação nos territórios que especificar.
registradas pelo Diretor Geral.
ARTIGO 8o
3. Depois disso, esta convenção entrará em
vigor para cada Membro doze meses depois da 1. As declarações comunicadas ao Diretor Ge-
data em que sua ratificação tiver sido registrada. ral da Repartição Internacional do Trabalho
109
de conformidade com os parágrafos 4 e 5 do ARTIGO 10
artigo 35 da Constituição da Organização
Internacional do Trabalho devem indicar se as 1. O Diretor Geral da Repartição Internacional
disposições da convenção serão aplicadas no do Trabalho notificará a todos os Membros
território com ou sem modificações; quando da Organização Internacional do Trabalho o
a declaração indica que as disposições da registro de todas as ratificações, declarações e
convenção se aplicam sob reserva de modifi- denúncias que lhe forem comunicadas pelos
cações, ela deve especificar em que consistem Membros da Organização.
as ditas modificações.
2. Notificando aos Membros da Organização
2. O Membro ou Membros ou autoridade o registro da segunda ratificação que lhe tiver
internacional interessados poderão renunciar sido comunicado, o Diretor Geral chamará a
inteira ou parcialmente, em declaração ulte- atenção dos Membros da Organização para
rior, ao direito de invocar uma modificação a data na qual a presente convenção entrar
indicada em declaração anterior. em vigor.

3. O Membro ou Membros ou a autoridade ARTIGO 11


internacional interessados poderão, durante
os períodos no curso dos quais a convenção O Diretor Geral da Repartição Internacional
pode ser denunciada de conformidade com do Trabalho comunicará ao Secretário Geral
as disposições do artigo 9, comunicar ao das Nações Unidas, para fins de registro, de
Diretor Geral nova declaração modificando, conformidade com o artigo 102 da Carta das
em qualquer outro ponto, os termos de uma Nações Unidas, as informações completas a
declaração anterior e dando a conhecer a respeito de todas as ratificações, de todas as
situação no que concerne à aplicação desta declarações e de todos os atos de denúncia
convenção. que tiver registrado de conformidade com os
artigos precedentes.
ARTIGO 9o
ARTIGO 12
1. Um Membro que tiver ratificado a presente
convenção pode denunciá-la à expiração de Cada vez que julgar necessário, o Conselho de
um período de dez anos após a data em que Administração da Repartição Internacional do
foi posta em vigor pela primeira vez, por ato Trabalho apresentará à Conferência Geral um
comunicado ao Diretor Geral da Repartição relatório sobre a aplicação da presente conven-
Internacional do Trabalho e por ele registra- ção e examinará a oportunidade de inscrever,
do. A denúncia não terá efeito senão um ano na ordem do dia Conferência, a questão de sua
depois de ter sido registrada. revisão total ou parcial.

2. Todo Membro que, tendo ratificado a pre- ARTIGO 13


sente convenção, dentro de um prazo de um
ano após a expiração do período de dez anos 1. No caso em que a Conferência adote uma
mencionados no parágrafo precedente, não fi- nova convenção revendo, total ou parcialmen-
zer uso da faculdade de denúncia prevista pelo te, a presente convenção, a menos que a nova
presente artigo, estará obrigado por um novo convenção disponha em contrário:
período de dez anos e, depois disso, poderá
denunciar a presente convenção à expiração a) ratificação por um Membro da nova conven-
de cada período de dez anos nas condições ção de revisão, implicará, de pleno direito, não
Mulher

previstas pelo presente artigo. obstante o artigo 9o acima, denúncia imediata

110
da presente convenção quando a nova conven- geral da Organização Internacional do Trabalho
ção de revisão tiver entrado em vigor; na sua trigésima quarta sessão realizada em
Genebra e que foi declarada encerrada em 29
b) a partir da data da entrada em vigor da nova de junho de 1951.
convenção de revisão, a presente convenção
cessará de estar aberta à ratificação dos Mem- Em fé do que apuseram suas assinaturas, neste
bros. segundo dia de agosto de 1951,1
...............................................................................
2. A presente convenção ficará, em qualquer
caso, em vigor, na forma e no conteúdo, para O texto da Convenção apresentado aqui é cópia
os Membros que a tiverem ratificado e que não exata do texto autenticado pelas assinaturas
tiverem ratificado a convenção de revisão. do Presidente da Conferência Internacional
do Trabalho e do Diretor Geral da Repartição
ARTIGO 14 Internacional do Trabalho.

A versão francesa e a inglesa do texto da pre- Aprovada pelo Decreto Legislativo no 24, de 29 de
sente convenção fazem igualmente fé. maio de 1956, publicado no DCN de 19/7/1957, e
promulgada pelo Decreto no 41.721, de 25 de maio
O texto precedente é o texto autêntico da con- de 1957, publicado no DOU de 28/6/1957.
venção devidamente adotada pela Conferência

Atos internacionais ratificados pelo Brasil

1
  NE: signatários não incluídos.

111
Projeto de Convenção Relativo ao Emprego
das Mulheres nos Trabalhos Subterrâneos
nas Minas de Qualquer Categoria
Convenção 45 da Organização Internacional do Trabalho.

A Conferência Geral da Organização Interna- b) as pessoas ocupadas em serviços sanitários


cional do Trabalho, convocada em Genebra e sociais;
pelo Conselho de Administração da Repartição
Internacional do Trabalho, reunida em sua 19a c) as pessoas admitidas a fazer estágio em
sessão a 4 de junho de 1935, mina subterrânea, em virtude de estudos pro-
fissionais:
Após haver decidido adotar diversas propo-
sições relativas ao emprego das mulheres nos d) todas as pessoas chamadas, ocasionalmente,
trabalhos subterrâneos nas minas de qualquer a descer aos subterrâneos de qualquer mina, em
categoria, questão que constitui o segundo exercício da profissão de caráter não manual.
ponto da ordem do dia da sessão, após haver
decidido que essas proposições se concretiza- ARTIGO IV
riam em projeto de convenção internacional,
As ratificações oficiais da presente convenção
Adota aos vinte dias do mês de junho de 1935, serão comunicadas ao Secretário Geral da Liga
o projeto de convenção, a se denominar Con- das Nações e por ele registadas.
venção dos Trabalhos Subterrâneos (Mulheres),
1935, cujo teor é o seguinte: ARTIGO V

ARTIGO I I – A presente convenção só obrigará os Mem-


bros da Organização Internacional do Trabalho,
Para a aplicação da presente convenção, o termo cuja retificação houver sido registada pelo
“mina” abrange toda empresa, para extração Secretário Geral.
de substâncias existentes abaixo do solo, tanto
pública como privada. II – A convenção entrará em vigor, doze meses
após seu registo pelo Secretário Geral, das rati-
ARTIGO II ficações de dois membros.

Pessoa alguma do sexo feminino, de qualquer III – Posteriormente, esta convenção entrará em
idade, pode ser empregada nos trabalhos sub- vigor, para cada Membro, doze meses da data
terrâneos de minas. em que sua ratificação houver sido registada.

ARTIGO III ARTIGO VI

A legislação nacional poderá eximir da proi- I – Logo que as ratificações de dois Membros
bição supra: da Organização Internacional do Trabalho
Mulher

forem registadas, notificará o Secretário Geral


a) as pessoas que ocuparem cargo de direção e da Liga das Nações o fato a todos os Membros
112 que não executarem trabalho manual; da Organização Internacional do Trabalho. O
Secretário Geral notificará, também, o registo que a nova convenção revista tenha entrado
das ratificações, que lhe forem, posteriormente, em vigor;
comunicadas por todos os outros Membros da
Organização. b) a partir da data da entrada em vigor dessa
nova convenção revista, a presente cessará de
ARTIGO VII ficar aberta à ratificação por novos Membros.

I – Todo Membro, que houver ratificado a pre- II – A presente convenção continuará, porém,
sente convenção pode denunciá-la, ao termo do em vigor em sua forma e teor para os Membros
decênio computado da data da sua vigência ini- que a houverem ratificado e que não houverem
cial, por ato comunicado ao Secretário Geral da ratificado a convenção revista.
Liga das Nações e por ele registado. A denúncia
só terá efeito um ano após o competente registo. ARTIGO X

II – Todo Membro, que houver ratificado a Os textos francês e inglês farão igualmente fé. O
presente convenção e que, no prazo de um ano, texto precedente é o texto autêntico do projeto
após o termo do decênio mencionado no pa- de convenção devidamente adotado pela Con-
rágrafo precedente, não fizer uso da faculdade ferência Geral da Organização do Trabalho em
prevista no presente artigo, obrigar-se-á por sua 19a sessão realizada em Genebra e declarada
novo período de 10 anos e, posteriormente, encerrada no dia 25 de junho de 1935.
poderá denunciar a presente convenção ao
termo de cada novo decênio, nas condições Para a firmeza do que, apuseram as suas assi-
previstas no presente artigo. naturas, em 18 de julho de 1935.1
...............................................................................
ARTIGO VIII
E, havendo sido aprovada a mesma Convenção,
Ao termo de cada período de 10 anos, computa- cujo teor fica acima transcrito, pela presente,
do da entrada em vigor da presente convocação, a dou firme e valiosa, para produzir os seus
o Conselho de Administração da Repartição devidos efeitos, prometendo que será cumprida
Internacional do Trabalho deverá apresentar inviolavelmente.
à Conferência Geral um relatório sobre a apli-
cação da presente convenção e decidirá, caso Em firmeza do que, mandei passar esta Carta,
se torne necessário, inscrever na ordem do que assino e é selada com o selo das armas da
dia da Conferência a revisão total ou parcial República e subscrita pelo Ministro de Estado
da mesma. das Relações Exteriores.

ARTIGO IX Dada no Palácio da Presidência, no Rio de


Janeiro, aos vinte e um dias do mês de julho de
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

I – No caso em que a Conferência adote nova mil novecentos e trinta e oito, 117o da Indepen-
convenção, visando à revisão total ou parcial da dência e 50o da República.
presente, e a menos que essa nova convenção
não disponha em contrário: GETÚLIO VARGAS – Oswaldo Aranha

a) a ratificação por um Membro da nova con- Aprovada pelo Decreto-Lei no 482, de 8 de junho de
venção, não obstante o artigo VII acima refe- 1938, publicado no DOU de 13/6/1938, e promulgada
rido, importará, de pleno direito, em denúncia pelo Decreto no 3.233, de 3 de novembro de 1938,
imediata da presente, sob reserva, porém, de publicado no DOU de 11/11/1938.

1
  NE: signatários não incluídos. 113
Convenção Internacional para a
Repressão do Tráfico de Mulheres
Maiores

Sua Majestade o Rei dos Albaneses; o Presi- de 30 de setembro de 1921, relativos à repressão
dente do Reich Alemão; o Presidente Federal do tráfico de mulheres e de crianças;
da República da Áustria; Sua Majestade o
Rei dos Belgas; Sua Majestade o Rei da Grã- Designaram para este fim, como seus
-Bretanha, da Irlanda e dos Domínios Britâni- plenipotenciários:1
cos de Além-mar, Imperador das Índias; Sua ..............................................................................
Majestade o Rei dos Búlgaros; o Presidente da
República do Chile; o Presidente do Governo Os quais, depois de se haverem comunicado
Nacional da República Chinesa; o Presidente os respectivos plenos poderes, achados em
da República da Polônia, pela Cidade Livre boa e devida forma, convieram nas disposições
de Dantzig; o Presidente da República Espa- seguintes:
nhola; o Presidente da República Francesa; o
Presidente da República Helênica; Sua Alteza ARTIGO PRIMEIRO
Sereníssima o Regente do Reino da Hun-
gria; o presidente da República de Letônia; Quem quer que, para satisfazer as paixões de
o Presidente da República de Lituânia; Sua outrem, tenha aliciado, atraído ou desencami-
Alteza Sereníssima o Príncipe de Mônaco; nhado, ainda que com o seu consentimento,
Sua Majestade o Rei da Noruega; o Presidente uma mulher ou solteira maior, com fins de
da República do Panamá; Sua Majestade a libertinagem em outro país, deve ser punido,
Rainha dos Países Baixos; o Presidente da Re- mesmo quando os vários atos, que são os
pública da Polônia; o Presidente da República elementos constitutivos da infração, forem
Portuguesa; Sua Majestade o Rei da Suécia; praticados em países diferentes.
o Conselho Federal Suíço; o Presidente da
República Tchecoeslovaca; Sua Majestade o A tentativa é igualmente punível. Nos limites
Rei da Iugoeslávia. legais, também o são os atos preparatórios.

Desejosos de assegurar, de maneira mais Para os efeitos do presente artigo, a expressão


completa, a repressão do tráfico de mulheres “país” compreende as colônias o protetorados
e de crianças; da Alta Parte Contratante interessada, assim
como os territórios sob sua soberania e os ter-
Havendo tomado conhecimento das recomen- ritórios sobre os quais lhe houver sido confiado
dações contidas no relatório apresentado, ao um mandato.
Conselho da Sociedade das Nações, pelo Co-
mitê do tráfico de mulheres e de crianças sobre ARTIGO SEGUNDO
os trabalhos de sua décima segunda sessão;
As Altas Partes contratantes cuja legislação
Havendo decidido completar, por meio de uma não for, presentemente, adequada à repressão
Mulher

nova Convenção, o Acordo de 18 de maio de


1904 e as Convenções de 4 de maio de 1910 e 1
  NE: representantes não incluídos.
114
das infrações previstas no artigo precedente, entre as partes, para o ajuste das controvérsias
comprometem-se a adotar medidas que asse- internacionais.
gurem a punição de tais infrações segundo a
sua gravidade. Na hipótese de tais disposições não serem
vigentes entre as partes em litígio, estas sub-
ARTIGO TERCEIRO meterão a controvérsia a um processo arbitral
ou judiciário. Não havendo acordo sobre a
As Altas Partes contratantes se comprometem escolha de um outro tribunal, submeterão as
a fornecer, umas às outras, a respeito de todo partes a controvérsia, por iniciativa de qualquer
indivíduo de um ou outro sexo que houver delas, à Corte Permanente de Justiça Interna-
cometido ou tentado cometer uma das infra- cional se forem todas partes do Protocolo de
ções previstas pela presente Convenção, ou 16 de dezembro de 1920, relativo ao Estatuto
pelas Convenções de 1910 e 1921, relativas à da dita, Corte, e, se não forem, a um tribunal
repressão do tráfico de mulheres e crianças se de arbitragem constituído de conformidade
os elementos constitutivos da infração forem com a Convenção de Haia, de 18 de outubro
ou devessem ser praticados em países diversos, de 1907, para o ajuste pacífico dos conflitos
as seguintes informações (ou informações internacionais.
análogas, permitidas nas leis e regulamentos
internos): ARTIGO QUINTO

a)  As sentenças de condenação acompanhadas A presente Convenção, cujos textos em


de quaisquer outras informações úteis que francês e em inglês farão igualmente fé, terá
possam ser obtidas sobre o delinquente, por a data de hoje e permanecerá, até 1o de abril
exemplo sobre o estado civil, sinais individuais de 1934, aberta à assinatura de todo Membro
impressões digitais, fotografia, folha corrida, da Sociedade das Nações ou de todo Estado
processos usados pelo mesmo etc. não membro que se tenha feito representar na
Conferência que elaborou a presente Conven-
b)  Indicação das medidas de impedimento de ção, ou ao qual o Conselho da Sociedade das
entrada ou expulsão de que houver sido objeto. Nações envie cópia da presente Convenção,
para esse efeito.
Esses documentos e informações serão re-
metidos, diretamente e no mais breve prazo ARTIGO SEXTO
possível, às autoridades dos países interessados,
em cada caso particular, pelas autoridades A presente Convenção será ratificada. Os ins-
designadas no artigo primeiro do Acordo trumentos de ratificação serão transmitidos ao
concluído em Paris a 18 de maio de 1904; e, se Secretário Geral da Sociedade das Nações, que
possível, em todos os casos de infração, conde- notificará esse depósito a todos os Membros da
nação, impedimento de entrada ou expulsão, Sociedade, bem como aos Estados não mem-
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

devidamente apurados. bros indicados no artigo precedente.

ARTIGO QUARTO ARTIGO SÉTIMO

Se sobrevier entre as Altas Partes contratantes A datar de 1o de abril de 1934, todo Membro
qualquer controvérsia a respeito da interpre- da Sociedade das Nações e todo Estado não
tação ou da aplicação da presente Convenção membro indicado no artigo cinco poderá
ou das Convenções de 1910 a 1921, e se tal aderir à presente Convenção.
controvérsia não puder ser satisfatóriamente
solucionada por via diplomática, será ela re- Os instrumentos de adesão serão transmitidos
gulada de acordo com as disposições vigentes, no Secretário Geral da Sociedade das Nações,
115
que notificará esse depósito a todos os Mem- Sociedade das Nações que a presente Conven-
bros da Sociedade, bem como aos Estados não ção se aplica ao todo ou a parte dos territórios
membros mencionados no dito artigo. que tiverem sido objeto de uma declaração, nos
termos da alínea anterior. A referida declaração
ARTIGO OITAVO produzirá efeito sessenta dias depois do seu
recebimento.
A presente Convenção entrará em vigor ses-
senta dias depois de recebidas, pelo Secretário Qualquer das Altas Partes contratantes poderá,
Geral da Sociedade das Nações, duas ratifica- a todo tempo, retirar, no todo ou em parte, a
ções ou adesões. declaração mencionada na alínea 2. Em tal
hipótese, essa declaração de retirada produzirá
Será registada pelo Secretário Geral no dia de efeito um ano após o seu recebimento pelo Se-
sua entrada em vigor. cretário Geral da Sociedade das Nações.

As ratificações ou adesões ulteriores produzirão O Secretário Geral comunicará a todos os


efeito no termo de sessenta dias, a partir da Membros da Sociedade das Nações, bem como
data do seu recebimento pelo Secretário Geral. aos Estados não membros indicados no artigo
5, as denúncias previstas no artigo 9 e as decla-
ARTIGO NONO rações recebidas em virtude do presente artigo.

A presente Convenção poderá ser denunciada Sem embargo da declaração feita, em virtude da
mediante notificação ao Secretário Geral da alínea primeira do presente artigo, a alínea 3 do
Sociedade das Nações. A denúncia produzirá artigo primeiro permanece aplicável.
efeito um ano depois do seu recebimento e
somente para a Alta Parte contratante que a Em fé do que, os plenipotenciários acima
tiver notificado. mencionados assinaram a presente Convenção.

ARTIGO DÉCIMO Feita em Genebra, aos onze de outubro de mil


novecentos e trinta e três, em um só exemplar,
Qualquer das Altas Partes contratantes poderá que será depositado nos arquivos do Secreta-
declarar, no momento da assinatura, ratificação riado da Sociedade das Nações, e cujas cópias
ou adesão, que, aceitando a presente Conven- autênticas serão remetidas a todos os Membros
ção, não assume obrigação alguma, seja para o da Sociedade das Nações e aos Estados não
conjunto, seja para uma parte de suas colônias, membros indicados no artigo 5.
protetorados, possessões de além-mar, territó-
rios sob sua soberania ou territórios para os Aprovada pelo Decreto-Lei n o  113, de 28 de
quais lhe houver sido confiado um mandato. dezembro de 1937, publicado no DOU de 4/1/1938,
e promulgada pelo Decreto no 2.954, de 10 de
Qualquer das Altas Partes contratantes poderá, agosto de 1938, publicado no DOU de 12/8/1938.
ulteriormente, declarar ao Secretário Geral da Signatários não incluídos.
Mulher

116
Convenção sobre a Nacionalidade
da Mulher

Faço saber, aos que a presente Carta de Ratifi- aos Governos signatários. Essas notificações
cação virem, que, entre os Estados Unidos do serão consideradas como se fossem uma troca
Brasil e vários outros países representados na de ratificações.
Sétima Conferência Internacional Americana,
reunida em Montevidéu a 3 de dezembro de ARTIGO III
1933, foi concluída e assinada na mesma cidade
a Convenção sobre a nacionalidade da mulher, A presente Convenção entrará em vigor entre
do teor seguinte: as Altas Partes Contratantes, à medida que
depositarem as suas respectivas ratificações.
Convenção sobre a Nacionalidade da Mulher
ARTIGO IV
Os Governos representados na Sétima Confe-
rência Internacional Americana, desejosos de A presente Convenção continuará em vigor
ajustar um convênio sobre a Nacionalidade da indefinidamente, mas poderá ser denunciada
Mulher, nomearam, para esse fim, os seguintes mediante aviso antecipado de um ano à União
plenipotenciários:1 Panamericana, que o transmitirá aos demais
.............................................................................. Governos signatários. Decorrido esse prazo,
a Convenção cessará de vigorar em relação à
Os quais, depois de haverem exibido os seus parte que a tiver denunciado, mas continuará
plenos poderes, achados em boa e devida for- em vigor para as demais Altas Partes Contra-
ma, convieram no seguinte: tantes.

ARTIGO I ARTIGO V

Em matéria de nacionalidade, não se fará A presente Convenção ficará aberta à adesão e


distinção alguma baseada no sexo, quer na acessão dos Estados não signatários. Os instru-
legislação, quer na prática. mentos correspondentes serão depositados nos
arquivos da União Panamericana, que os co-
ARTIGO II municará às outras Altas Partes Contratantes. Atos internacionais ratificados pelo Brasil

A presente Convenção será ratificada pelas Em fé do que, os seguintes Plenipotenciários


Altas Partes Contratantes, de acordo com assinaram esta Convenção em Espanhol,
os respectivos preceitos constitucionais. O Inglês, Português e Francês e lhe apuseram
Ministério das Relações Exteriores da Repú- os seus respectivos selos, na cidade de Monte-
blica Oriental do Uruguai fica encarregado vidéu, República Oriental do Uruguai, aos 26
de enviar aos governos, para o referido fim de dias do mês de dezembro de 1933.2
ratificação, cópias devidamente autenticadas. ..............................................................................
Os instrumentos de ratificação serão deposita-
dos nos arquivos da União Panamericana, em E, havendo sido aprovada a mesma Conven-
Washington, a qual notificará tais depósitos ção, cujo teor fica acima transcrito, a confirmo
1
  NE: representantes não incluídos. 2
  NE: signatários não incluídos. 117
e ratifico e, pela presente, a dou por firme e Dada no Palácio da Presidência, no Rio de
valiosa para produzir os seus devidos efeitos, Janeiro, aos nove dias do mês de novembro de
prometendo que será cumprida inviolavel- mil novecentos e trinta e sete, 116o da Indepen-
mente. dência e 49o da República.

Em firmeza do que, mandei passar esta Carta, GETÚLIO VARGAS – M. Pimentel Brandão
que assino e é selada com o selo das armas da
República e subscrita pelo ministro de Estado Promulgada pelo Decreto n o 2.411, de 23 de
das Relações Exteriores. fevereiro de 1938, publicado no DOU de 5/3/1938.
Mulher

118
Convenção Internacional para a
Repressão do Tráfico de Mulheres
e de Crianças

A Albânia, a Alemanha, a Áustria, a Bélgica, ARTIGO 1o


o Brasil, o Império Britânico (com o Canadá,
o Commonwealth da Austrália, a União Sul- As Altas Partes Contratantes comprometem-se,
-Africana, a Nova Zelândia, a Índia), o Chile, no caso de não serem ainda Partes no Ajuste
a China, a Colômbia, Costa Rica, Cuba, a de 18 de maio de 1904 e na Convenção de 4 de
Estônia, a Grécia, a Hungria, a Itália, o Japão, maio de 1910, a transmitir as suas ratificações
a Letônia, a Lituânia, a Noruega, os Países- aos ditos Atos ou as suas adesões aos referidos
-Baixos, a Pérsia, a Polônia (com Dantzig), Atos, no mais breve prazo e na forma prevista
Portugal, a Rumânia, o Sião, a Suécia, a Suíça no Ajuste e Convenção acima citados.
e a Tchecoslováquia;
ARTIGO 2o
Desejosos de assegurar de uma maneira mais
completa a repressão do tráfico de mulheres e As Altas Partes Contratantes comprometem-se,
de crianças, designada os preâmbulos do Acor- a tomar todas as medidas em vista de procurar
do de 18 de maio de 1904 e da Convenção de 4 e punir os indivíduos que praticam o tráfico de
de maio de 1910 sob denominação de “Tráfico crianças de um e de outro sexo, estando essa
das Brancas”; infração compreendida no que dispõe o artigo
primeiro da Convenção de 4 de maio de 1910.
Tendo tomado conhecimento das recomen-
dações inscritas no Ato final da Conferência ARTIGO 3o
internacional que se reuniu em Genebra, con-
vocada pelo Conselho da Liga das Nações, de As Altas Partes Contratantes comprometem-se
30 de junho a 5 de julho de 1921; e a tomar as medidas necessárias a fim de punir
as tentativas de infração e, nos limites legais, os
Tendo decidido concluir uma Convenção atos preparatórios das infrações previstas nos ar-
adicional ao Acordo e à Convenção acima tigos 1o e 2o da Convenção de 4 de maio de 1910.
mencionados:
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

ARTIGO 4o
Designaram para este fim, como seus
plenipotenciários:1 As Altas Partes Contratantes comprometem-
............................................................................... -se, no caso em que não existam entre elas
Convenções de extradição, a tomar todas as
Os quais, depois se haverem comunicado os medidas que estejam em seu alcance para a ex-
seus plenos poderes, achados em boa e devida tradição dos indivíduos acusados das infrações
forma, convieram nas disposições seguintes: enumeradas nos artigos 1o e 2o da Convenção
de 4 de maio de 1910, ou dos condenados por
1
  NE: representantes não incluídos. tais infrações.

119
ARTIGO 5o tificará o recebimento aos outros Membros da
Liga e aos Estudos aos quais se permite assinar
No parágrafo B do Protocolo final da Conven- a Convenção. Os instrumentos de ratificação
ção de 1910, as palavras “vinte anos completos” serão depositados nos arquivos do Secretariado.
serão substituídas pelas palavras “vinte e um
anos completos”. De conformidade, com as disposições do artigo
18 do Pacto da Liga das Nações, o Secretário
ARTIGO 6o Geral registrará a presente Convenção desde
que o depósito da primeira ratificação seja
As Altas Partes Contratantes comprometem- efetuado.
-se no caso em que não tenham ainda tomado
medidas legislativas ou administrativas concer- ARTIGO 10
nentes, à autorização e vigilância das agências e
escritórios de empregos, a baixar regulamentos Os Membros da Liga das Nações que não te-
neste sentido a fim de assegurar a proteção das nham assinado a presente Convenção antes de
mulheres e crianças procurando trabalho em 1o de abril de 1922 a ela poderão aderir.
um outro país.
O mesmo será permitido aos Estados não
ARTIGO 7o Membros da Liga aos quais o Conselho da Liga
resolver comunicar oficialmente a presente
As Altas Partes Contratantes comprometem-se Convenção.
no que concerne aos seus serviços de imigração
e emigração, a tomar as medidas administrati- As adesões serão notificadas ao Secretário
vas e legislativas destinadas a combater o tráfico Geral da Liga, que dará conhecimento a todas
das mulheres e crianças. Comprometem-se as Potências interessadas, mencionando a data
principalmente a baixar os regulamentos neces- da notificação.
sários para a proteção das mulheres e crianças
que viajam a bordo de navios de emigrantes, ARTIGO 11
não somente no embarque e desembarque,
mas ainda no decurso da viagem, e a tomar A presente Convenção entrará em vigor, para
medidas concernentes à afixação, nas estações cada uma das Partes, na data do depósito de sua
ferroviárias e nos portos, de avisos chamando a ratificação ou de seu ato de adesão.
atenção das mulheres e crianças para os perigos
do tráfico e indicando os lugares onde podem ARTIGO 12
encontrar abrigo, ajuda e assistência.
A presente Convenção poderá ser denunciada
ARTIGO 8o com aviso prévio de doze meses, por qualquer
Membro da Liga ou Estado sendo parte da refe-
A presente Convenção, cujos textos em francês rida Convenção. A denúncia será efetuada por
e inglês fazem igualmente fé, terá a data deste uma notificação escrita, dirigida ao Secretário
dia e poderá ser assinada até 31 de março de Geral da Liga. Este transmitirá imediatamente
1922. cópias dessa notificação a todas as outras Partes,
com a indicação da data do recebimento.
ARTIGO 9o
A denúncia produzirá efeito um ano depois
A presente Convenção está sujeita à ratificação. da data da notificação ao Secretário Geral e
Os instrumentos de ratificação serão enviados não será válida senão para o Estado que a tiver
Mulher

ao Secretário Geral da Liga das Nações, que no- notificado.

120
ARTIGO 13 de qualquer de suas colônias, possessões de
além-mar, protetorados ou territórios excluídos
O Secretário Geral da Liga manterá uma lista por esta declaração.
de todas as Partes que assinaram, ratificaram
ou denunciaram a presente Convenção ou que A denúncia poderá igualmente efetuar-se se-
a ela tenham aderido. Esta lista poderá ser, em paradamente para toda colônia, possessão de
qualquer tempo, consultada pelos Membros da além-mar, protetorado ou território submetido
Liga; será publicada tantas vezes quanto possí- à sua soberania ou autoridade; as disposições do
vel, de acordo com as instruções do Conselho. artigo 12 aplicar-se-ão a esta denúncia.

ARTIGO 14 Feito em Genebra, em 30 de setembro de mil


novecentos e vinte e um, em um só exemplar,
Todo Membro ou Estado signatário pode decla- que fica depositado nos arquivos da Liga das
rar que a sua assinatura não obriga seja o todo, Nações.
seja qualquer de suas colônias, possessões de
além-mar, protetorados ou territórios submeti- Promulgada pelo Decreto no 23.812, de 30 de janeiro
dos à sua soberania ou à sua autoridade, e pode de 1934, publicado no DOU de 6/2/1934. Signatários
ulteriormente, aderir separadamente em nome não incluídos.

Atos internacionais ratificados pelo Brasil

121
Projeto de Convenção (no 41) Relativo ao
Trabalho Noturno das Mulheres

A Conferência Geral da Organização Interna- c) a construção, reconstrução, conservação,


cional do Trabalho da Liga das Nações, reparação, modificação ou demolição de quais-
quer obras, edifícios, vias férreas, “tramways”,
Convocada em Genebra pelo Conselho de portos, docas, cais, canais, instalações para
Administração da Repartição Internacional do navegação interna, estradas de rodagem, tú-
Trabalho e ali reunida a 4 de junho de 1934, na neis, pontes, viadutos, esgotos coletores ou
sua décima oitava sessão, ordinários, poços, instalações telegráficas ou
telefônicas, instalações elétricas, usinas de gás,
Depois de haver deliberado adotar diversas pro- distribuição d’água ou outros trabalhos de cons-
postas relativas à revisão parcial da Convenção trução, assim como os trabalhos preparatórios
referente ao trabalho noturno das mulheres, e de fundamento que precedam os trabalhos
adotada pela Conferência em sua primeira acima enumerados.
sessão, assunto este que constitui o sétimo item
da ordem do dia da sessão, Em cada país, a autoridade competente fixará a
linha divisória entre a indústria, de uma parte, e
Considerando que essas propostas devem o comércio e agricultura, de outra parte.
tomar a forma de um projeto de Convenção
internacional, ARTIGO II

Adota, aos dezenove dias de junho de mil nove- Para os efeitos da presente Convenção, a palavra
centos e trinta e quatro, o projeto de convenção “noite” significa um período mínimo de onze
que segue, o qual será denominado Convenção horas consecutivas, abrangendo ele o intervalo
(revista) do Trabalho Noturno (mulheres) 1934: compreendido entre dez horas da noite e cinco
horas da manhã.
ARTIGO I
Todavia, caso se trate de circunstâncias excep-
Para os efeitos da presente Convenção, serão cionais que afetem os trabalhadores emprega-
considerados “estabelecimentos industriais” dos em determinada indústria ou determinada
particularmente: região, a autoridade competente poderá, depois
de consultar as organizações patronais e obrei-
a) as minas, canteiras e indústrias extrativas de ras interessadas, resolver, para as mulheres
qualquer natureza; empregadas nessa indústria ou nessa região,
que o intervalo entre onze horas da noite e seis
b) as indústrias nas quais os artigos são fatura- horas da manhã substitua o intervalo entre dez
dos, alterados, limpos, reformados, adornados, horas da noite e cinco horas da manhã.
acabados, preparados para a venda, ou nas quais
os materiais sofrem alguma transformação; in- Nos países onde não existam regulamentos
cluindo a construção de navios, as indústrias de públicos sobre o emprego das mulheres durante
demolição de material, assim como a produção, a noite, nos estabelecimentos industriais, a pa-
Mulher

transformação e transmissão de força motriz lavra “noite” poderá, provisoriamente, durante


em geral e de eletricidade; um prazo máximo de três anos, designar, à
122
vontade do Governo, um período de dez horas noturno pode ser mais curto do que o fixado
somente, o qual compreenderá o intervalo de- nos artigos anteriores, com a condição de ser
corrido entre dez horas da noite e cinco horas concedido, durante o dia, um repouso com-
da manhã. pensador.

ARTIGO III ARTIGO VIII

As mulheres, sem distinção de idade, não A presente Convenção não se aplica às mulheres
poderão ser empregadas durante a noite em que ocupam postos de direção que importem
nenhum estabelecimento industrial, público em responsabilidade e que não efetuam nor-
ou privado, nem em nenhuma de suas depen- malmente um trabalho manual.
dências, com exceção dos estabelecimentos
que somente empregam os membros de uma ARTIGO IX
mesma família.
As ratificações oficiais da presente Convenção
ARTIGO IV serão comunicadas ao Secretário Geral da Liga
das Nações e por este registadas.
O artigo 3o não se aplicará:
ARTIGO X
a) em caso de “força maior”, quando em uma
empresa se produz uma interrupção do seu A presente Convenção somente obrigará aos
funcionamento, impossível de prever, que não Membros da Organização Internacional do
seja de caráter periódico; Trabalho quando a ratificação houver sido
registada pelo Secretário Geral.
b) caso o trabalho se refira a matérias-primas
ou em elaboração, suscetíveis de alteração rá- Entrará em vigor doze meses após haverem sido
pida, quando se trate de salvar essas matérias registadas pelo Secretário Geral as ratificações
de perda inevitável. por parte de dois Membros.

ARTIGO V Posteriormente esta Convenção entrará em


vigor, para cada Membro, doze meses após a
Pelo Governo, com exceção das manufaturas data de registo da sua ratificação.
(factories) tais como são definidas na lei na-
cional, será feita notificação de cada uma das ARTIGO XI
indústrias excetuadas ao Departamento Inter-
nacional do Trabalho. Logo depois das ratificações de dois Membros
da Organização Internacional do Trabalho
ARTIGO VI terem sido registadas no Secretariado, o Se-
Atos internacionais ratificados pelo Brasil

cretário Geral da Liga das Nações notificará


Nos estabelecimentos industriais sujeitos à in- o fato a todos os Membros da Organização
fluência das estações climáticas e toda vez que o Internacional do Trabalho. Notificará igual-
exijam circunstâncias excepcionais, poderá ser mente aos membros o registro das ratificações
o período noturno, indicado no art. 2, reduzido que ulteriormente lhe forem comunicadas por
a dez horas durante sessenta dias por ano. qualquer dos Membros da Organização.

ARTIGO VII ARTIGO XII

Nos países em que o clima torne o trabalho Todo Membro que tenha ratificado a presente
de dia particularmente penoso, o período Convenção pode denunciá-la ao expirar o prazo
123
de dez anos contados da data inicial da vigência A presente Convenção permaneceria, entretan-
da Convenção, por meio de um ato comuni- to, em vigor, na sua forma e teor, para os Mem-
cado ao Secretário Geral da Liga dos Nações bros que a tivessem ratificado e não ratificassem
e por ele registado. A denúncia só se tornará a nova Convenção.
efetiva um ano depois de haver sido registada
no Secretariado. ARTIGO XV

Todo Membro que tenha ratificado a presente Os textos em francês e inglês da presente Con-
Convenção e que no prazo de um ano após o venção farão igualmente fé.
termo do período de dez anos, referido no pará-
grafo precedente, não fizer uso da faculdade de O texto acima fica sendo o texto autêntico do
denúncia prevista neste artigo, ficará ligado por Projeto de Convenção devidamente adotado pela
um novo período de dez anos e, posteriormente, Conferência Geral da Organização Internacional
poderá, denunciar a presente convenção ao ter- do Trabalho, na sua décima oitava sessão realiza-
mo de cada período de dez anos, nas condições da em Genebra, encerrada a 23 de junho de 1934.
previstas neste artigo.
Do que dão fé, apondo as suas assinaturas,
ARTIGO XIII aos nove dias do mês de agosto de 1934. – O
Presidente da Conferência, Justin Godart. – O
Ao termo de cada período de dez anos, contados Diretor da Repartição Internacional do Traba-
da entrada em vigor da presente Convenção, lho, Harold Butler.
o Conselho de Administração da Repartição
Internacional do Trabalho deverá apresentar, E, havendo sido aprovada a mesma Convenção,
à Conferência Geral, um relatório sobre a apli- cujo teor fica acima transcrito, a confirmo e
cação desta Convenção e decidirá se existem ratifico e, pela presente, a dou por firme e va-
motivos para ser inscrita na ordem do dia da liosa, para produzir os seus devidos efeitos e ser
Conferência a questão referente a sua revisão fielmente cumprida.
total ou parcial.
Em firmeza do que, mandei passar esta Carta,
ARTIGO XIV que assino e é selada com o Selo das armas da
República e subscrita pelo Ministro de Estado
Caso a Conferência adotasse uma nova Con- das Relações Exteriores.
venção resultante da revisão total ou parcial
da presente, e a menos que a nova Convenção Dado no Palácio da Presidência, no Rio de
disponha de outra forma: Janeiro, D. F., aos 10 dias do mês de março de
mil novecentos e trinta e seis, 115o da Indepen-
a) a ratificação por um Membro da nova Con- dência e 48o da República.
venção acarretaria de pleno direito, apesar do
que dispõe o art. 12, supra, a denúncia imediata GETÚLIO VARGAS – José Carlos de Macedo
da presente Convenção, contanto que a nova Soares
Convenção tenha entrado em vigor;
Aprovado pelo Decreto Legislativo no 9, de 22 de
b) a partir da data da entrada em vigor da nova dezembro de 1935, publicado no DOU de 23/12/1935,
Convenção, a presente Convenção deixaria de e promulgado pelo Decreto no 1.396, de 19 de janeiro
estar aberta à ratificação dos Membros. de 1937, publicado no DOU de 30/1/1937.
Mulher

124
Normas correlatas
Lei Complementar no 150/2015
Dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico; altera as Leis no 8.212, de 24 de julho de 1991, no 8.213,
de 24 de julho de 1991, e no 11.196, de 21 de novembro de 2005; revoga o inciso I do art. 3o da Lei
no 8.009, de 29 de março de 1990, o art. 36 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, a Lei no 5.859,
de 11 de dezembro de 1972, e o inciso VII do art. 12 da Lei no 9.250, de 26 de dezembro 1995; e dá
outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA para pagamento do repouso remunerado e dos


feriados trabalhados.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta § 4o  Poderá ser dispensado o acréscimo de
e eu sanciono a seguinte Lei Complementar: salário e instituído regime de compensação de
horas, mediante acordo escrito entre emprega-
dor e empregado, se o excesso de horas de um
CAPÍTULO I – Do Contrato de Trabalho dia for compensado em outro dia.
Doméstico § 5o  No regime de compensação previsto
no § 4o:
Art. 1o  Ao empregado doméstico, assim con- I – será devido o pagamento, como horas
siderado aquele que presta serviços de forma extraordinárias, na forma do § 1o, das primei-
contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de ras 40 (quarenta) horas mensais excedentes ao
finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, horário normal de trabalho;
no âmbito residencial destas, por mais de 2 II – das 40 (quarenta) horas referidas no
(dois) dias por semana, aplica-se o disposto inciso I, poderão ser deduzidas, sem o corres-
nesta Lei. pondente pagamento, as horas não trabalhadas,
Parágrafo único.  É vedada a contratação de em função de redução do horário normal de
menor de 18 (dezoito) anos para desempenho trabalho ou de dia útil não trabalhado, durante
de trabalho doméstico, de acordo com a Con- o mês;
venção no 182, de 1999, da Organização Inter- III – o saldo de horas que excederem as 40
nacional do Trabalho (OIT) e com o Decreto (quarenta) primeiras horas mensais de que trata
no 6.481, de 12 de junho de 2008. o inciso I, com a dedução prevista no inciso II,
quando for o caso, será compensado no período
Art. 2o  A duração normal do trabalho do- máximo de 1 (um) ano.
méstico não excederá 8 (oito) horas diárias e § 6o  Na hipótese de rescisão do contrato de
44 (quarenta e quatro) semanais, observado o trabalho sem que tenha havido a compensação
disposto nesta Lei. integral da jornada extraordinária, na forma do
§ 1o  A remuneração da hora extraordinária § 5o, o empregado fará jus ao pagamento das
será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) horas extras não compensadas, calculadas sobre
superior ao valor da hora normal. o valor da remuneração na data de rescisão.
§ 2o  O salário-hora normal, em caso de § 7o  Os intervalos previstos nesta Lei, o
empregado mensalista, será obtido dividindo- tempo de repouso, as horas não trabalhadas,
-se o salário mensal por 220 (duzentas e vinte) os feriados e os domingos livres em que o
horas, salvo se o contrato estipular jornada empregado que mora no local de trabalho
mensal inferior que resulte em divisor diverso. nele permaneça não serão computados como
§ 3o  O salário-dia normal, em caso de em- horário de trabalho.
Mulher

pregado mensalista, será obtido dividindo-se o § 8o  O trabalho não compensado prestado
salário mensal por 30 (trinta) e servirá de base em domingos e feriados deve ser pago em do-
126
bro, sem prejuízo da remuneração relativa ao limitada ao término do evento que motivou a
repouso semanal. contratação, obedecido o limite máximo de 2
(dois) anos.
Art. 3o  Considera-se trabalho em regime de
tempo parcial aquele cuja duração não exceda Art. 5o  O contrato de experiência não poderá
25 (vinte e cinco) horas semanais. exceder 90 (noventa) dias.
§ 1o  O salário a ser pago ao empregado sob § 1o  O contrato de experiência poderá ser
regime de tempo parcial será proporcional a sua prorrogado 1 (uma) vez, desde que a soma dos
jornada, em relação ao empregado que cumpre, 2 (dois) períodos não ultrapasse 90 (noventa)
nas mesmas funções, tempo integral. dias.
§ 2o  A duração normal do trabalho do em- § 2o  O contrato de experiência que, havendo
pregado em regime de tempo parcial poderá ser continuidade do serviço, não for prorrogado
acrescida de horas suplementares, em número após o decurso de seu prazo previamente es-
não excedente a 1 (uma) hora diária, mediante tabelecido ou que ultrapassar o período de 90
acordo escrito entre empregador e empregado, (noventa) dias passará a vigorar como contrato
aplicando-se-lhe, ainda, o disposto nos §§ 2o e de trabalho por prazo indeterminado.
3o do art. 2o, com o limite máximo de 6 (seis)
horas diárias. Art. 6o  Durante a vigência dos contratos pre-
§ 3o  Na modalidade do regime de tempo vistos nos incisos I e II do art. 4o, o empregador
parcial, após cada período de 12 (doze) meses que, sem justa causa, despedir o empregado é
de vigência do contrato de trabalho, o emprega- obrigado a pagar-lhe, a título de indenização,
do terá direito a férias, na seguinte proporção: metade da remuneração a que teria direito até
I – 18 (dezoito) dias, para a duração do o termo do contrato.
trabalho semanal superior a 22 (vinte e duas)
horas, até 25 (vinte e cinco) horas; Art. 7o  Durante a vigência dos contratos pre-
II – 16 (dezesseis) dias, para a duração do vistos nos incisos I e II do art. 4o, o empregado
trabalho semanal superior a 20 (vinte) horas, não poderá se desligar do contrato sem justa
até 22 (vinte e duas) horas; causa, sob pena de ser obrigado a indenizar o
III – 14 (quatorze) dias, para a duração do empregador dos prejuízos que desse fato lhe
trabalho semanal superior a 15 (quinze) horas, resultarem.
até 20 (vinte) horas; Parágrafo único.  A indenização não poderá
IV – 12 (doze) dias, para a duração do tra- exceder aquela a que teria direito o empregado
balho semanal superior a 10 (dez) horas, até 15 em idênticas condições.
(quinze) horas;
V – 10 (dez) dias, para a duração do traba- Art. 8 o  Durante a vigência dos contratos
lho semanal superior a 5 (cinco) horas, até 10 previstos nos incisos I e II do art. 4o, não será
(dez) horas; exigido aviso prévio.
VI – 8 (oito) dias, para a duração do trabalho
semanal igual ou inferior a 5 (cinco) horas. Art. 9o  A Carteira de Trabalho e Previdência
Social será obrigatoriamente apresentada, con-
Art. 4o  É facultada a contratação, por prazo tra recibo, pelo empregado ao empregador que
determinado, do empregado doméstico: o admitir, o qual terá o prazo de 48 (quarenta e
I – mediante contrato de experiência; oito) horas para nela anotar, especificamente,
II – para atender necessidades familiares de a data de admissão, a remuneração e, quando
Normas correlatas

natureza transitória e para substituição tempo- for o caso, os contratos previstos nos incisos I
rária de empregado doméstico com contrato de e II do art. 4o.
trabalho interrompido ou suspenso.
Parágrafo único.  No caso do inciso II deste Art. 10.  É facultado às partes, mediante acor-
artigo, a duração do contrato de trabalho é do escrito entre essas, estabelecer horário de
127
trabalho de 12 (doze) horas seguidas por 36 desmembrado em 2 (dois) períodos, desde que
(trinta e seis) horas ininterruptas de descanso, cada um deles tenha, no mínimo, 1 (uma) hora,
observados ou indenizados os intervalos para até o limite de 4 (quatro) horas ao dia.
repouso e alimentação. § 2o  Em caso de modificação do intervalo,
§ 1o  A remuneração mensal pactuada pelo na forma do § 1o, é obrigatória a sua anotação
horário previsto no caput deste artigo abrange no registro diário de horário, vedada sua pre-
os pagamentos devidos pelo descanso semanal notação.
remunerado e pelo descanso em feriados, e
serão considerados compensados os feriados e Art. 14.  Considera-se noturno, para os efeitos
as prorrogações de trabalho noturno, quando desta Lei, o trabalho executado entre as 22 horas
houver, de que tratam o art. 70 e o § 5o do art. 73 de um dia e as 5 horas do dia seguinte.
da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), § 1o  A hora de trabalho noturno terá du-
aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de ração de 52 (cinquenta e dois) minutos e 30
maio de 1943, e o art. 9o da Lei no 605, de 5 de (trinta) segundos.
janeiro de 1949. § 2o  A remuneração do trabalho noturno
§ 2o (Vetado) deve ter acréscimo de, no mínimo, 20% (vinte
por cento) sobre o valor da hora diurna.
Art. 11.  Em relação ao empregado responsá- § 3o  Em caso de contratação, pelo empre-
vel por acompanhar o empregador prestando gador, de empregado exclusivamente para de-
serviços em viagem, serão consideradas apenas sempenhar trabalho noturno, o acréscimo será
as horas efetivamente trabalhadas no período, calculado sobre o salário anotado na Carteira
podendo ser compensadas as horas extraordi- de Trabalho e Previdência Social.
nárias em outro dia, observado o art. 2o. § 4o  Nos horários mistos, assim entendidos
§ 1o  O acompanhamento do empregador os que abrangem períodos diurnos e noturnos,
pelo empregado em viagem será condicionado aplica-se às horas de trabalho noturno o dispos-
à prévia existência de acordo escrito entre as to neste artigo e seus parágrafos.
partes.
§ 2o  A remuneração-hora do serviço em Art. 15.  Entre 2 (duas) jornadas de trabalho
viagem será, no mínimo, 25% (vinte e cinco deve haver período mínimo de 11 (onze) horas
por cento) superior ao valor do salário-hora consecutivas para descanso.
normal.
§ 3o  O disposto no § 2o deste artigo poderá Art. 16.  É devido ao empregado doméstico
ser, mediante acordo, convertido em acréscimo descanso semanal remunerado de, no mínimo,
no banco de horas, a ser utilizado a critério do 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, prefe-
empregado. rencialmente aos domingos, além de descanso
remunerado em feriados.
Art. 12.  É obrigatório o registro do horário de
trabalho do empregado doméstico por qualquer Art. 17.  O empregado doméstico terá direito
meio manual, mecânico ou eletrônico, desde a férias anuais remuneradas de 30 (trinta) dias,
que idôneo. salvo o disposto no § 3o do art. 3o, com acrés-
cimo de, pelo menos, um terço do salário nor-
Art. 13.  É obrigatória a concessão de intervalo mal, após cada período de 12 (doze) meses de
para repouso ou alimentação pelo período de, trabalho prestado à mesma pessoa ou família.
no mínimo, 1 (uma) hora e, no máximo, 2 § 1o  Na cessação do contrato de trabalho, o
(duas) horas, admitindo-se, mediante prévio empregado, desde que não tenha sido demiti-
acordo escrito entre empregador e empregado, do por justa causa, terá direito à remuneração
sua redução a 30 (trinta) minutos. relativa ao período incompleto de férias, na
Mulher

§ 1o  Caso o empregado resida no local de proporção de um doze avos por mês de serviço
trabalho, o período de intervalo poderá ser ou fração superior a 14 (quatorze) dias.
128
§ 2o  O período de férias poderá, a critério Leis no 605, de 5 de janeiro de 1949, no 4.090, de
do empregador, ser fracionado em até 2 (dois) 13 de julho de 1962, no 4.749, de 12 de agosto de
períodos, sendo 1 (um) deles de, no mínimo, 1965, e no 7.418, de 16 de dezembro de 1985, e,
14 (quatorze) dias corridos. subsidiariamente, a Consolidação das Leis do
§ 3o  É facultado ao empregado doméstico Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei
converter um terço do período de férias a que no 5.452, de 1o de maio de 1943.
tiver direito em abono pecuniário, no valor Parágrafo único.  A obrigação prevista no
da remuneração que lhe seria devida nos dias art. 4o da Lei no 7.418, de 16 de dezembro de
correspondentes. 1985, poderá ser substituída, a critério do em-
§ 4o  O abono de férias deverá ser requerido pregador, pela concessão, mediante recibo, dos
até 30 (trinta) dias antes do término do período valores para a aquisição das passagens neces-
aquisitivo. sárias ao custeio das despesas decorrentes do
§ 5o  É lícito ao empregado que reside no local deslocamento residência-trabalho e vice-versa.
de trabalho nele permanecer durante as férias.
§ 6o  As férias serão concedidas pelo empre- Art. 20.  O empregado doméstico é segurado
gador nos 12 (doze) meses subsequentes à data obrigatório da Previdência Social, sendo-lhe
em que o empregado tiver adquirido o direito. devidas, na forma da Lei no  8.213, de 24 de
julho de 1991, as prestações nela arroladas,
Art. 18.  É vedado ao empregador doméstico atendido o disposto nesta Lei e observadas as
efetuar descontos no salário do empregado características especiais do trabalho doméstico.
por fornecimento de alimentação, vestuário,
higiene ou moradia, bem como por despesas Art. 21.  É devida a inclusão do empregado
com transporte, hospedagem e alimentação em doméstico no Fundo de Garantia do Tempo
caso de acompanhamento em viagem. de Serviço (FGTS), na forma do regulamento
§ 1o  É facultado ao empregador efetuar a ser editado pelo Conselho Curador e pelo
descontos no salário do empregado em caso de agente operador do FGTS, no âmbito de suas
adiantamento salarial e, mediante acordo escri- competências, conforme disposto nos arts. 5o
to entre as partes, para a inclusão do empregado e 7o da Lei no  8.036, de 11 de maio de 1990,
em planos de assistência médico-hospitalar e inclusive no que tange aos aspectos técnicos
odontológica, de seguro e de previdência pri- de depósitos, saques, devolução de valores e
vada, não podendo a dedução ultrapassar 20% emissão de extratos, entre outros determinados
(vinte por cento) do salário. na forma da lei.
§ 2o  Poderão ser descontadas as despesas Parágrafo único.  O empregador doméstico
com moradia de que trata o caput deste artigo somente passará a ter obrigação de promover
quando essa se referir a local diverso da resi- a inscrição e de efetuar os recolhimentos refe-
dência em que ocorrer a prestação de serviço, rentes a seu empregado após a entrada em vigor
desde que essa possibilidade tenha sido expres- do regulamento referido no caput.
samente acordada entre as partes.
§ 3o  As despesas referidas no caput deste Art. 22.  O empregador doméstico depositará
artigo não têm natureza salarial nem se incor- a importância de 3,2% (três inteiros e dois déci-
poram à remuneração para quaisquer efeitos. mos por cento) sobre a remuneração devida, no
§ 4o  O fornecimento de moradia ao empre- mês anterior, a cada empregado, destinada ao
gado doméstico na própria residência ou em pagamento da indenização compensatória da
morada anexa, de qualquer natureza, não gera perda do emprego, sem justa causa ou por culpa
Normas correlatas

ao empregado qualquer direito de posse ou de do empregador, não se aplicando ao empregado


propriedade sobre a referida moradia. doméstico o disposto nos §§ 1o a 3o do art. 18
da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990.
Art. 19.  Observadas as peculiaridades do § 1o  Nas hipóteses de dispensa por justa
trabalho doméstico, a ele também se aplicam as causa ou a pedido, de término do contrato
129
de trabalho por prazo determinado, de apo- Art. 24.  O horário normal de trabalho do
sentadoria e de falecimento do empregado empregado durante o aviso prévio, quando a
doméstico, os valores previstos no caput serão rescisão tiver sido promovida pelo empregador,
movimentados pelo empregador. será reduzido de 2 (duas) horas diárias, sem
§ 2o  Na hipótese de culpa recíproca, metade prejuízo do salário integral.
dos valores previstos no caput será movimen- Parágrafo único.  É facultado ao empregado
tada pelo empregado, enquanto a outra metade trabalhar sem a redução das 2 (duas) horas
será movimentada pelo empregador. diárias previstas no caput deste artigo, caso em
§ 3o  Os valores previstos no caput serão que poderá faltar ao serviço, sem prejuízo do
depositados na conta vinculada do empregado, salário integral, por 7 (sete) dias corridos, na
em variação distinta daquela em que se encon- hipótese dos §§ 1o e 2o do art. 23.
trarem os valores oriundos dos depósitos de que
trata o inciso IV do art. 34 desta Lei, e somente Art. 25.  A empregada doméstica gestante tem
poderão ser movimentados por ocasião da direito a licença-maternidade de 120 (cento e
rescisão contratual. vinte) dias, sem prejuízo do emprego e do sa-
§ 4o  À importância monetária de que trata o lário, nos termos da Seção V do Capítulo III do
caput, aplicam-se as disposições da Lei no 8.036, Título III da Consolidação das Leis do Trabalho
de 11 de maio de 1990, e da Lei no 8.844, de 20 (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de
de janeiro de 1994, inclusive quanto a sujeição 1o de maio de 1943.
passiva e equiparações, prazo de recolhimento, Parágrafo único.  A confirmação do estado
administração, fiscalização, lançamento, con- de gravidez durante o curso do contrato de
sulta, cobrança, garantias, processo adminis- trabalho, ainda que durante o prazo do aviso
trativo de determinação e exigência de créditos prévio trabalhado ou indenizado, garante à em-
tributários federais. pregada gestante a estabilidade provisória pre-
vista na alínea “b” do inciso II do art. 10 do Ato
Art. 23.  Não havendo prazo estipulado no das Disposições Constitucionais Transitórias.
contrato, a parte que, sem justo motivo, qui-
ser rescindi-lo deverá avisar a outra de sua Art. 26.  O empregado doméstico que for dis-
intenção. pensado sem justa causa fará jus ao benefício do
§ 1o  O aviso prévio será concedido na pro- seguro-desemprego, na forma da Lei no 7.998,
porção de 30 (trinta) dias ao empregado que de 11 de janeiro de 1990, no valor de 1 (um)
conte com até 1 (um) ano de serviço para o salário-mínimo, por período máximo de 3
mesmo empregador. (três) meses, de forma contínua ou alternada.
§ 2o  Ao aviso prévio previsto neste artigo, § 1o  O benefício de que trata o caput será
devido ao empregado, serão acrescidos 3 (três) concedido ao empregado nos termos do regu-
dias por ano de serviço prestado para o mesmo lamento do Conselho Deliberativo do Fundo
empregador, até o máximo de 60 (sessenta) de Amparo ao Trabalhador (Codefat).
dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) § 2o  O benefício do seguro-desemprego será
dias. cancelado, sem prejuízo das demais sanções
§ 3o  A falta de aviso prévio por parte do cíveis e penais cabíveis:
empregador dá ao empregado o direito aos I – pela recusa, por parte do trabalhador
salários correspondentes ao prazo do aviso, desempregado, de outro emprego condizente
garantida sempre a integração desse período com sua qualificação registrada ou declarada e
ao seu tempo de serviço. com sua remuneração anterior;
§ 4o  A falta de aviso prévio por parte do II – por comprovação de falsidade na presta-
empregado dá ao empregador o direito de ção das informações necessárias à habilitação;
descontar os salários correspondentes ao prazo III – por comprovação de fraude visando à
Mulher

respectivo. percepção indevida do benefício do seguro-


§ 5o  O valor das horas extraordinárias habi- -desemprego; ou
130 tuais integra o aviso prévio indenizado. IV – por morte do segurado.
Art. 27.  Considera-se justa causa para os VII – o empregador praticar qualquer das
efeitos desta Lei: formas de violência doméstica ou familiar
I – submissão a maus tratos de idoso, de en- contra mulheres de que trata o art. 5o da Lei
fermo, de pessoa com deficiência ou de criança no 11.340, de 7 de agosto de 2006.
sob cuidado direto ou indireto do empregado;
II – prática de ato de improbidade; Art. 28.  Para se habilitar ao benefício do
III – incontinência de conduta ou mau seguro-desemprego, o trabalhador doméstico
procedimento; deverá apresentar ao órgão competente do
IV – condenação criminal do empregado Ministério do Trabalho e Emprego:
transitada em julgado, caso não tenha havido I – Carteira de Trabalho e Previdência Social,
suspensão da execução da pena; na qual deverão constar a anotação do contrato
V – desídia no desempenho das respectivas de trabalho doméstico e a data de dispensa, de
funções; modo a comprovar o vínculo empregatício,
VI – embriaguez habitual ou em serviço; como empregado doméstico, durante pelo
VII – (Vetado); menos 15 (quinze) meses nos últimos 24 (vinte
VIII – ato de indisciplina ou de insubordi- e quatro) meses;
nação; II – termo de rescisão do contrato de tra-
IX – abandono de emprego, assim considera- balho;
da a ausência injustificada ao serviço por, pelo III – declaração de que não está em gozo de
menos, 30 (trinta) dias corridos; benefício de prestação continuada da Previ-
X – ato lesivo à honra ou à boa fama ou dência Social, exceto auxílio-acidente e pensão
ofensas físicas praticadas em serviço contra por morte; e
qualquer pessoa, salvo em caso de legítima IV – declaração de que não possui renda
defesa, própria ou de outrem; própria de qualquer natureza suficiente à sua
XI – ato lesivo à honra ou à boa fama ou manutenção e de sua família.
ofensas físicas praticadas contra o empregador
doméstico ou sua família, salvo em caso de Art. 29.  O seguro-desemprego deverá ser re-
legítima defesa, própria ou de outrem; querido de 7 (sete) a 90 (noventa) dias contados
XII – prática constante de jogos de azar. da data de dispensa.
Parágrafo único.  O contrato de trabalho
poderá ser rescindido por culpa do empregador Art. 30.  Novo seguro-desemprego só poderá
quando: ser requerido após o cumprimento de novo
I – o empregador exigir serviços superiores período aquisitivo, cuja duração será definida
às forças do empregado doméstico, defesos por pelo Codefat.
lei, contrários aos bons costumes ou alheios ao
contrato;
II – o empregado doméstico for tratado CAPÍTULO II – Do Simples Doméstico
pelo empregador ou por sua família com rigor
excessivo ou de forma degradante; Art. 31.  É instituído o regime unificado de
III – o empregado doméstico correr perigo pagamento de tributos, de contribuições e dos
manifesto de mal considerável; demais encargos do empregador doméstico
IV – o empregador não cumprir as obriga- (Simples Doméstico), que deverá ser regula-
ções do contrato; mentado no prazo de 120 (cento e vinte) dias
V – o empregador ou sua família praticar, a contar da data de entrada em vigor desta Lei.
Normas correlatas

contra o empregado doméstico ou pessoas de


sua família, ato lesivo à honra e à boa fama; Art. 32.  A inscrição do empregador e a entra-
VI – o empregador ou sua família ofender da única de dados cadastrais e de informações
o empregado doméstico ou sua família fisica- trabalhistas, previdenciárias e fiscais no âmbito
mente, salvo em caso de legítima defesa, própria do Simples Doméstico dar-se-ão mediante
ou de outrem; registro em sistema eletrônico a ser dispo- 131
nibilizado em portal na internet, conforme cargo do empregador doméstico, nos termos do
regulamento. art. 24 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991;
Parágrafo único.  A impossibilidade de III – 0,8% (oito décimos por cento) de con-
utilização do sistema eletrônico será objeto de tribuição social para financiamento do seguro
regulamento, a ser editado pelo Ministério da contra acidentes do trabalho;
Fazenda e pelo agente operador do FGTS. IV – 8% (oito por cento) de recolhimento
para o FGTS;
Art. 33.  O Simples Doméstico será disciplina- V – 3,2% (três inteiros e dois décimos por
do por ato conjunto dos Ministros de Estado da cento), na forma do art. 22 desta Lei; e
Fazenda, da Previdência Social e do Trabalho VI – imposto sobre a renda retido na fonte
e Emprego que disporá sobre a apuração, o de que trata o inciso I do art. 7o da Lei no 7.713,
recolhimento e a distribuição dos recursos de 22 de dezembro de 1988, se incidente.
recolhidos por meio do Simples Doméstico, § 1 o  As contribuições, os depósitos e o
observadas as disposições do art. 21 desta Lei. imposto arrolados nos incisos I a VI incidem
§ 1o  O ato conjunto a que se refere o caput sobre a remuneração paga ou devida no mês
deverá dispor também sobre o sistema eletrô- anterior, a cada empregado, incluída na remu-
nico de registro das obrigações trabalhistas, neração a gratificação de Natal a que se refere
previdenciárias e fiscais e sobre o cálculo e o a Lei no 4.090, de 13 de julho de 1962, e a Lei
recolhimento dos tributos e encargos trabalhis- no 4.749, de 12 de agosto de 1965.
tas vinculados ao Simples Doméstico. § 2o  A contribuição e o imposto previstos
§ 2o  As informações prestadas no sistema nos incisos I e VI do caput deste artigo serão
eletrônico de que trata o § 1o: descontados da remuneração do empregado
I – têm caráter declaratório, constituindo pelo empregador, que é responsável por seu
instrumento hábil e suficiente para a exigência recolhimento.
dos tributos e encargos trabalhistas delas re- § 3o  O produto da arrecadação das contri-
sultantes e que não tenham sido recolhidos no buições, dos depósitos e do imposto de que trata
prazo consignado para pagamento; e o caput será centralizado na Caixa Econômica
II – deverão ser fornecidas até o vencimento Federal.
do prazo para pagamento dos tributos e encar- § 4o  A Caixa Econômica Federal, com base
gos trabalhistas devidos no Simples Doméstico nos elementos identificadores do recolhimen-
em cada mês, relativamente aos fatos geradores to, disponíveis no sistema de que trata o § 1o
ocorridos no mês anterior. do art. 33, transferirá para a Conta Única do
§ 3o  O sistema eletrônico de que trata o § 1o Tesouro Nacional o valor arrecadado das con-
deste artigo e o sistema de que trata o caput do tribuições e do imposto previstos nos incisos I,
art.  32 substituirão, na forma regulamentada II, III e VI do caput.
pelo ato conjunto previsto no caput, a obriga- § 5o  O recolhimento de que trata o caput será
toriedade de entrega de todas as informações, efetuado em instituições financeiras integrantes
formulários e declarações a que estão sujeitos os da rede arrecadadora de receitas federais.
empregadores domésticos, inclusive os relativos § 6o  O empregador fornecerá, mensalmente,
ao recolhimento do FGTS. ao empregado doméstico cópia do documento
previsto no caput.
Art. 34.  O Simples Doméstico assegurará o § 7o  O recolhimento mensal, mediante do-
recolhimento mensal, mediante documento cumento único de arrecadação, e a exigência
único de arrecadação, dos seguintes valores: das contribuições, dos depósitos e do imposto,
I – 8% (oito por cento) a 11% (onze por cen- nos valores definidos nos incisos I a VI do
to) de contribuição previdenciária, a cargo do caput, somente serão devidos após 120 (cento
segurado empregado doméstico, nos termos do e vinte) dias da data de publicação desta Lei.
Mulher

art. 20 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991;


II – 8% (oito por cento) de contribuição pa- Art. 35.  O empregador doméstico é obrigado
132 tronal previdenciária para a seguridade social, a a pagar a remuneração devida ao empregado
doméstico e a arrecadar e a recolher a contri- “Art. 21-A.  A perícia médica do Instituto
buição prevista no inciso I do art.  34, assim Nacional do Seguro Social (INSS) conside-
como a arrecadar e a recolher as contribuições, rará caracterizada a natureza acidentária da
os depósitos e o imposto a seu cargo discrimi- incapacidade quando constatar ocorrência
nados nos incisos II, III, IV, V e VI do caput de nexo técnico epidemiológico entre o tra-
do art. 34, até o dia 7 do mês seguinte ao da balho e o agravo, decorrente da relação entre
competência. a atividade da empresa ou do empregado
§ 1o  Os valores previstos nos incisos I, II, III doméstico e a entidade mórbida motivadora
e VI do caput do art. 34 não recolhidos até a data da incapacidade elencada na Classificação
de vencimento sujeitar-se-ão à incidência de Internacional de Doenças (CID), em confor-
encargos legais na forma prevista na legislação midade com o que dispuser o regulamento.
do imposto sobre a renda. ...........................................................................
§ 2o  Os valores previstos nos incisos IV e § 2o  A empresa ou o empregador doméstico
V, referentes ao FGTS, não recolhidos até a poderão requerer a não aplicação do nexo
data de vencimento serão corrigidos e terão a técnico epidemiológico, de cuja decisão
incidência da respectiva multa, conforme a Lei caberá recurso, com efeito suspensivo, da
no 8.036, de 11 de maio de 1990. empresa, do empregador doméstico ou
do segurado ao Conselho de Recursos da
Previdência Social.”
CAPÍTULO III – Da Legislação “Art. 22.  A empresa ou o empregador do-
Previdenciária e Tributária méstico deverão comunicar o acidente do
trabalho à Previdência Social até o primeiro
Art. 36.  O inciso V do art. 30 da Lei no 8.212, dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso
de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com a de morte, de imediato, à autoridade com-
seguinte redação: petente, sob pena de multa variável entre o
“Art. 30  ........................................................... limite mínimo e o limite máximo do salário
V – o empregador doméstico é obrigado de contribuição, sucessivamente aumentada
a arrecadar e a recolher a contribuição do nas reincidências, aplicada e cobrada pela
segurado empregado a seu serviço, assim Previdência Social.
como a parcela a seu cargo, até o dia 7 do ......................................................................... ”
mês seguinte ao da competência; “Art. 27.  Para cômputo do período de ca-
......................................................................... ” rência, serão consideradas as contribuições:
I – referentes ao período a partir da data
Art. 37.  A Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, de filiação ao Regime Geral de Previdência
passa a vigorar com as seguintes alterações: Social (RGPS), no caso dos segurados em-
“Art.18  ............................................................ pregados, inclusive os domésticos, e dos
§ 1 o  Somente poderão beneficiar-se do trabalhadores avulsos;
auxílio-acidente os segurados incluídos nos II – realizadas a contar da data de efetivo
incisos I, II, VI e VII do art. 11 desta Lei. pagamento da primeira contribuição sem
......................................................................... ” atraso, não sendo consideradas para este
“Art. 19.  Acidente do trabalho é o que fim as contribuições recolhidas com atraso
ocorre pelo exercício do trabalho a serviço referentes a competências anteriores, no caso
de empresa ou de empregador doméstico dos segurados contribuinte individual, espe-
ou pelo exercício do trabalho dos segurados cial e facultativo, referidos, respectivamente,
Normas correlatas

referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, nos incisos V e VII do art. 11 e no art. 13.”
provocando lesão corporal ou perturbação “Art. 34.  No cálculo do valor da renda
funcional que cause a morte ou a perda ou mensal do benefício, inclusive o decorrente
redução, permanente ou temporária, da de acidente do trabalho, serão computados:
capacidade para o trabalho. I – para o segurado empregado, inclusive o
......................................................................... ” doméstico, e o trabalhador avulso, os salários 133
de contribuição referentes aos meses de con- Parágrafo único.  O empregado doméstico
tribuições devidas, ainda que não recolhidas deve apresentar apenas a certidão de nasci-
pela empresa ou pelo empregador domés- mento referida no caput.”
tico, sem prejuízo da respectiva cobrança “Art. 68.  As cotas do salário-família serão
e da aplicação das penalidades cabíveis, pagas pela empresa ou pelo empregador do-
observado o disposto no § 5o do art. 29-A; méstico, mensalmente, junto com o salário,
II – para o segurado empregado, inclusive efetivando-se a compensação quando do
o doméstico, o trabalhador avulso e o se- recolhimento das contribuições, conforme
gurado especial, o valor mensal do auxílio- dispuser o Regulamento.
-acidente, considerado como salário de con- § 1o  A empresa ou o empregador domés-
tribuição para fins de concessão de qualquer tico conservarão durante 10 (dez) anos os
aposentadoria, nos termos do art. 31; comprovantes de pagamento e as cópias das
......................................................................... ” certidões correspondentes, para fiscalização
“Art. 35.  Ao segurado empregado, inclusive da Previdência Social.
o doméstico, e ao trabalhador avulso que ......................................................................... ”
tenham cumprido todas as condições para
a concessão do benefício pleiteado, mas não Art. 38.  O art. 70 da Lei no 11.196, de 21 de
possam comprovar o valor de seus salários novembro de 2005, passa a vigorar com a se-
de contribuição no período básico de cál- guinte redação:
culo, será concedido o benefício de valor “Art.70  ............................................................
mínimo, devendo esta renda ser recalculada I – .....................................................................
quando da apresentação de prova dos salá- d)  até o dia 7 do mês subsequente ao mês
rios de contribuição.” de ocorrência dos fatos geradores, no caso
“Art. 37.  A renda mensal inicial, recalculada de pagamento de rendimentos provenien-
de acordo com o disposto no art. 35, deve ser tes do trabalho assalariado a empregado
reajustada como a dos benefícios correspon- doméstico; e
dentes com igual data de início e substituirá, e)  até o último dia útil do segundo decêndio
a partir da data do requerimento de revisão do mês subsequente ao mês de ocorrência
do valor do benefício, a renda mensal que dos fatos geradores, nos demais casos;
prevalecia até então.” ......................................................................... ”
“Art. 38.  Sem prejuízo do disposto no
art. 35, cabe à Previdência Social manter ca-
dastro dos segurados com todos os informes CAPÍTULO IV – Do Programa
necessários para o cálculo da renda mensal de Recuperação Previdenciária dos
dos benefícios.” Empregadores Domésticos (Redom)
“Art. 63.  O segurado empregado, inclusive o
doméstico, em gozo de auxílio-doença será Art. 39.  É instituído o Programa de Recu-
considerado pela empresa e pelo emprega- peração Previdenciária dos Empregadores
dor doméstico como licenciado. Domésticos (Redom), nos termos desta Lei.
......................................................................... ”
“Art. 65.  O salário-família será devido, Art. 40.  Será concedido ao empregador do-
mensalmente, ao segurado empregado, méstico o parcelamento dos débitos com o
inclusive o doméstico, e ao segurado traba- Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) re-
lhador avulso, na proporção do respectivo lativos à contribuição de que tratam os arts. 20 e
número de filhos ou equiparados nos termos 24 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, com
do §  2o do art.  16 desta Lei, observado o vencimento até 30 de abril de 2013.
disposto no art. 66. § 1o  O parcelamento abrangerá todos os
Mulher

......................................................................... ” débitos existentes em nome do empregado e


“Art. 67  ........................................................... do empregador, na condição de contribuinte,
134
inclusive débitos inscritos em dívida ativa, que em 5 (cinco) anos até o limite de 2 (dois) anos
poderão ser: após a extinção do contrato de trabalho.
I – pagos com redução de 100% (cem por
cento) das multas aplicáveis, de 60% (sessenta Art. 44.  A Lei no  10.593, de 6 de dezembro
por cento) dos juros de mora e de 100% (cem de 2002, passa a vigorar acrescida do seguinte
por cento) sobre os valores dos encargos legais art. 11-A:
e advocatícios; “Art. 11-A.  A verificação, pelo Auditor-
II – parcelados em até 120 (cento e vinte) Fiscal do Trabalho, do cumprimento das
vezes, com prestação mínima no valor de normas que regem o trabalho do empregado
R$ 100,00 (cem reais). doméstico, no âmbito do domicílio do em-
§ 2o  O parcelamento deverá ser requerido pregador, dependerá de agendamento e de
no prazo de 120 (cento e vinte) dias após a entendimento prévios entre a fiscalização e
entrada em vigor desta Lei. o empregador.
§ 3o  A manutenção injustificada em aberto § 1o  A fiscalização deverá ter natureza prio-
de 3 (três) parcelas implicará, após comunica- ritariamente orientadora.
ção ao sujeito passivo, a imediata rescisão do § 2o  Será observado o critério de dupla visita
parcelamento e, conforme o caso, o prossegui- para lavratura de auto de infração, salvo quando
mento da cobrança. for constatada infração por falta de anotação na
§ 4o  Na hipótese de rescisão do parcelamento Carteira de Trabalho e Previdência Social ou,
com o cancelamento dos benefícios concedidos: ainda, na ocorrência de reincidência, fraude,
I – será efetuada a apuração do valor original resistência ou embaraço à fiscalização.
do débito, com a incidência dos acréscimos § 3o  Durante a inspeção do trabalho referida
legais, até a data de rescisão; no caput, o Auditor-Fiscal do Trabalho far-se-á
II – serão deduzidas do valor referido no acompanhar pelo empregador ou por alguém
inciso I deste parágrafo as parcelas pagas, com de sua família por este designado.”
a incidência dos acréscimos legais, até a data
de rescisão. Art. 45.  As matérias tratadas nesta Lei Com-
plementar que não sejam reservadas constitu-
Art. 41.  A opção pelo Redom sujeita o con- cionalmente a lei complementar poderão ser
tribuinte a: objeto de alteração por lei ordinária.
I – confissão irrevogável e irretratável dos
débitos referidos no art. 40; Art. 46.  Revogam-se o inciso I do art. 3o da
II – aceitação plena e irretratável de todas as Lei no 8.009, de 29 de março de 1990, e a Lei
condições estabelecidas; no 5.859, de 11 de dezembro de 1972.
III – pagamento regular das parcelas do dé-
bito consolidado, assim como das contribuições Art. 47.  Esta Lei entra em vigor na data de
com vencimento posterior a 30 de abril de 2013. sua publicação.

Brasília, 1o de junho de 2015; 194o da Indepen-


CAPÍTULO V – Disposições Gerais dência e 127o da República.

Art. 42.  É de responsabilidade do empregador DILMA ROUSSEFF – Marivaldo de Castro


o arquivamento de documentos comprobató- Pereira – Tarcísio José Massote de Godoy –
rios do cumprimento das obrigações fiscais, Manoel Dias – Carlos Eduardo Gabas – Miguel
Normas correlatas

trabalhistas e previdenciárias, enquanto essas Rossetto – Giovanni Benigno Pierre da Conceição


não prescreverem. Harvey – Eleonora Menicucci de Oliveira

Art. 43.  O direito de ação quanto a créditos Promulgada em 1o/6/2015 e publicada no DOU de


resultantes das relações de trabalho prescreve 2/6/2015.
135
Lei Complementar no 79/1994
Cria o Fundo Penitenciário Nacional – FUNPEN, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA IX – rendimentos de qualquer natureza,


auferidos como remuneração, decorrentes de
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e aplicação do patrimônio do FUNPEN;
eu sanciono a seguinte Lei: X – outros recursos que lhe forem destinados
por lei.
Art. 1o  Fica instituído, no âmbito do Ministé-
rio da Justiça, o Fundo Penitenciário Nacional Art. 3o  Os recursos do FUNPEN serão apli-
– FUNPEN, a ser gerido pelo Departamento cados em:1
de Assuntos Penitenciários da Secretaria dos I – construção, reforma, ampliação e aprimo-
Direitos da Cidadania e Justiça, com a finali- ramento de estabelecimentos penais;
dade de proporcionar recursos e meios para II – manutenção dos serviços penitenciários;
financiar e apoiar as atividades e programas III – formação, aperfeiçoamento e especiali-
de modernização e aprimoramento do Sistema zação do serviço penitenciário;
Penitenciário Brasileiro. IV – aquisição de material permanente,
equipamentos e veículos especializados, im-
Art. 2o  Constituirão recursos do FUNPEN: prescindíveis ao funcionamento dos estabele-
I – dotações orçamentárias da União; cimentos penais;
II – doações, contribuições em dinheiro, va- V – implantação de medidas pedagógicas
lores, bens móveis e imóveis, que venha a receber relacionadas ao trabalho profissionalizante do
de organismos ou entidades nacionais, interna- preso e do internado;
cionais ou estrangeiras, bem como de pessoas VI – formação educacional e cultural do
físicas e jurídicas, nacionais ou estrangeiras; preso e do internado;
III – recursos provenientes de convênios, VII – elaboração e execução de projetos vol-
contratos ou acordos firmados com entidades tados à reinserção social de presos, internados
públicas ou privadas, nacionais, internacionais e egressos;
ou estrangeiras; VIII – programas de assistência jurídica aos
IV – recursos confiscados ou provenientes presos e internados carentes;
da alienação dos bens perdidos em favor da IX – programa de assistência às vítimas de
União Federal, nos termos da legislação penal crime;
ou processual penal, excluindo-se aqueles já X – programa de assistência aos dependentes
destinados ao Fundo de que trata a Lei no 7.560, de presos e internados;
de 19 de dezembro de 1986; XI – participação de representantes oficiais
V – multas decorrentes de sentenças penais em eventos científicos sobre matéria penal,
condenatórias com trânsito em julgado; penitenciária ou criminológica, realizados no
VI – fianças quebradas ou perdidas, em Brasil ou no exterior;
conformidade com o disposto na lei processual XII – publicações e programas de pesquisa
penal; científica na área penal, penitenciária ou cri-
VII – cinquenta por cento do montante total minológica;
das custas judiciais recolhidas em favor da União XIII – custos de sua própria gestão, excetuan-
Federal, relativas aos seus serviços forenses; do-se despesas de pessoal relativas a servidores
Mulher

VIII – três por cento do montante arrecadado públicos já remunerados pelos cofres públicos.
dos concursos de prognósticos, sorteios e lote-
136 rias, no âmbito do Governo Federal;   Lei Complementar no 119/2005; e Lei no 12.681/2012.
1
XIV – manutenção de casas de abrigo desti- dados no Sistema não poderão receber recursos
nadas a acolher vítimas de violência doméstica. do Funpen.
§ 1o  Os recursos do FUNPEN poderão ser
repassados mediante convênio, acordos ou Art. 4o  O Poder Executivo baixará os atos
ajustes, que se enquadrem nos objetivos fixados necessários à regulamentação desta Lei Com-
neste artigo. plementar.
§ 2o  Serão obrigatoriamente repassados aos
estados de origem, na proporção de cinquenta Art. 5o  Esta Lei Complementar entra em vigor
por cento, os recursos previstos no inciso VII na data de sua publicação.
do art. 2o desta Lei Complementar.
§ 3o  Os saldos verificados no final de cada Brasília, 7 de janeiro de 1994, 173 o da
exercício serão obrigatoriamente transferidos Independência e 106o da República.
para crédito do FUNPEN no exercício seguinte.
§ 4o  Os entes federados integrantes do Sis- ITAMAR FRANCO – Maurício Corrêa
tema Nacional de Informações de Segurança
Pública, Prisionais e sobre Drogas – SINESP Promulgada em 7/1/1994 e publicada no DOU de
que deixarem de fornecer ou atualizar seus 10/1/1994.

Normas correlatas

137
Lei no 13.109/2015
Dispõe sobre a licença à gestante e à adotante, as medidas de proteção à maternidade para militares
grávidas e a licença-paternidade, no âmbito das Forças Armadas.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA § 1o  No caso de adoção ou guarda judicial


de criança com mais de 1 (um) ano de idade,
Faço saber que o Congresso Nacional decreta o prazo de que trata o caput deste artigo será
e eu sanciono a seguinte Lei: de 30 (trinta) dias.
§ 2o  Poderá ser concedida prorrogação de
Art. 1o  Será concedida licença à gestante, 45 (quarenta e cinco) dias à militar de que trata
no âmbito das Forças Armadas, conforme o o caput e de 15 (quinze) dias à militar de que
previsto no inciso XVIII do art. 7o da Consti- trata o § 1o deste artigo, nos termos de progra-
tuição Federal, para as militares, inclusive as ma instituído pelo Poder Executivo federal que
temporárias, que ficarem grávidas durante a garanta a prorrogação.
prestação do Serviço Militar.
§ 1o  A licença será de 120 (cento e vinte) Art. 4o  Durante o período de amamentação
dias e terá início ex officio na data do parto ou do próprio filho, até que este complete 6 (seis)
durante o 9o (nono) mês de gestação, mediante meses de idade, a militar terá direito, durante
requerimento da interessada, salvo em casos de a jornada de trabalho, a uma hora de descanso,
antecipação por prescrição médica. que poderá ser parcelada em 2 (dois) períodos
§ 2o  A licença à gestante poderá ser prorro- de meia hora.
gada por 60 (sessenta) dias, nos termos de pro- § 1o  No caso de a gestante optar pela pror-
grama instituído pelo Poder Executivo federal. rogação da licença, de acordo com o § 2o do
§ 3o  No caso de nascimento prematuro, a art. 1o desta Lei, não fará jus, durante o gozo
licença terá início a partir do parto. da prorrogação, ao período de amamentação
§ 4o  No caso de natimorto, decorridos 30 citado no caput deste artigo.
(trinta) dias do parto, a militar será submetida a § 2o  A Junta de Inspeção de Saúde das For-
inspeção de saúde e, se julgada apta, reassumirá ças Armadas poderá propor a prorrogação do
o exercício de suas funções. período de 6 (seis) meses, em razão da saúde
§ 5o  No caso de aborto, atestado pela Junta do filho da militar.
de Inspeção de Saúde das Forças Armadas, a
militar terá direito a 30 (trinta) dias de licença Art. 5 o  Se o tempo de serviço da militar
para tratamento de saúde própria. temporária for concluído durante a licença
à gestante ou à adotante, a militar deverá ser
Art. 2o  Fica assegurado o direito à mudança licenciada ao término da referida licença e após
de função quando as condições de saúde da mi- ser julgada apta em inspeção de saúde para fins
litar gestante, atestadas pela Junta de Inspeção de licenciamento.
de Saúde das Forças Armadas, o exigirem, bem Parágrafo único.  O tempo de serviço
como o retorno à função anteriormente exerci- adicional cumprido pela militar temporária
da, logo após o término da licença à gestante. em função do disposto no caput deste artigo
contará para todos os fins de direito, exceto
Art. 3o  À militar que adotar ou obtiver a para fins de caracterização de estabilidade
guarda judicial de criança de até 1 (um) ano conforme previsto na alínea “a” do inciso IV
Mulher

de idade serão concedidos 90 (noventa) dias do art. 50 da Lei no 6.880, de 9 de dezembro


de licença remunerada. de 1980.
138
Art. 6o  Pelo nascimento ou adoção de filhos, Art. 8o  Esta Lei entra em vigor na data de sua
o militar terá direito à licença-paternidade de publicação.
5 (cinco) dias consecutivos.
Brasília, 25 de março de 2015; 194o da Inde-
Art. 7   Ato do Poder Executivo disciplinará
o
pendência e 127o da República.
a concessão da licença à militar gestante e à
militar adotante, da licença por motivo de DILMA ROUSSEFF – Jaques Wagner
gravidez de risco e da licença-paternidade
e indicará as atividades vedadas às militares Promulgada em 25/3/2015 e publicada no DOU de
gestantes. 26/3/2015.

Normas correlatas

139
Lei no 13.104/2015
Altera o art. 121 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, para prever o
feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1o da Lei no 8.072, de
25 de julho de 1990, para incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA II – contra pessoa menor de 14 (catorze)


anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com
Faço saber que o Congresso Nacional decreta deficiência;
e eu sanciono a seguinte Lei: III – na presença de descendente ou de as-
cendente da vítima.”
Art. 1o  O art. 121 do Decreto-Lei no 2.848, de
7 de dezembro de 1940 – Código Penal, passa Art. 2o  O art.  1o da Lei no  8.072, de 25 de
a vigorar com a seguinte redação: julho de 1990, passa a vigorar com a seguinte
“Homicídio simples alteração:
Art. 121.  ��������������������������������������������������������� “Art. 1o  �����������������������������������������������������������
Homicídio qualificado I – homicídio (art. 121), quando praticado
§ 2o  ������������������������������������������������������������������ em atividade típica de grupo de extermínio,
Feminicídio ainda que cometido por um só agente, e
VI – contra a mulher por razões da condição homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II,
de sexo feminino: III, IV, V e VI);
��������������������������������������������������������������������������� �������������������������������������������������������������������������”
§ 2o-A Considera-se que há razões de con-
dição de sexo feminino quando o crime Art. 3o  Esta Lei entra em vigor na data da sua
envolve: publicação.
I – violência doméstica e familiar;
II – menosprezo ou discriminação à condi- Brasília, 9 de março de 2015; 194o da Indepen-
ção de mulher. dência e 127o da República.
���������������������������������������������������������������������������
Aumento de pena DILMA ROUSSEFF – José Eduardo Cardozo –
��������������������������������������������������������������������������� Eleonora Menicucci de Oliveira – Ideli Salvatti
§ 7o  A pena do feminicídio é aumentada
de 1/3 (um terço) até a metade se o crime Promulgada em 9/3/2015 e publicada no DOU de
for praticado: 10/3/2015.
I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses
posteriores ao parto;
Mulher

140
Lei no 12.227/2010
Cria o Relatório Anual Socioeconômico da Mulher.

O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no média, acesso à eletricidade, água tratada, es-


exercício do cargo de PRESIDENTE DA RE- gotamento sanitário e coleta de lixo;
PÚBLICA XVI – cobertura previdenciária oficial para
trabalhadoras ativas e inativas;
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e XVII – disposições dos tratados e das con-
eu sanciono a seguinte Lei: ferências internacionais pertinentes de que o
Brasil seja signatário ou participante;
Art. 1o  É instituído o Relatório Anual Socioe- XVIII – quaisquer outras informações jul-
conômico da Mulher – RASEAM, que compre- gadas relevantes pelo órgão responsável pela
enderá os seguintes dados relativos à população elaboração e publicação do Raseam.
feminina no Brasil:
I – taxa de emprego formal, por setor de Art. 2o  Para aplicação do disposto no art.  1o
atividade; desta Lei serão considerados:
II – taxa de participação na população I – pesquisa nas regiões metropolitanas de
economicamente ativa e no pessoal ocupado Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de
e desocupado; Janeiro, Salvador, São Paulo, Brasília, Cuiabá,
III – taxa de desemprego aberto, por setor Belém, Manaus, Fortaleza e Curitiba;
de atividade; II – setor de atividade: indústria de trans-
IV – taxa de participação no pessoal ocupa- formação, construção civil, comércio, serviços
do, por setor de atividade e posição na ocupação; e outras atividades;
V – rendimento médio real das mulheres III – posição na ocupação: com Carteira de
ocupadas, por setor de atividade e posição na Trabalho e Previdência Social – CTPS, sem
ocupação; Carteira, conta própria e empregadora.
VI – total dos rendimentos das mulheres Parágrafo único.  No ano subsequente à rea-
ocupadas; lização do Censo Demográfico, a amostragem
VII – número de vítimas de violência física, inscrita no inciso I do caput deste artigo abran-
sexual ou psicológica; gerá todos os municípios brasileiros.
VIII – índice de participação trabalhista em
ambientes insalubres; Art. 3o  Para os efeitos desta Lei, os dados ins-
IX – expectativa média de vida; critos no Raseam serão publicados anualmente.
X – taxa de mortalidade e suas principais
causas; Art. 4o  Os dados do Raseam terão por base as
XI – taxa de participação na composição informações e os levantamentos:
etária e étnica da população em geral; I – da Fundação Instituto Brasileiro de
XII – grau médio de escolaridade; Geografia e Estatística – IBGE, por meio da
XIII – taxa de incidência de gravidez na realização do Censo Demográfico, da Pesquisa
adolescência; Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD
Normas correlatas

XIV – taxa de incidência de doenças próprias e da Pesquisa Mensal de Emprego – PME;


da mulher e daquelas sexualmente transmissíveis; II – do Instituto de Pesquisa Econômica
XV – proporção das mulheres chefes de Aplicada – IPEA;
domicílio, considerando escolaridade, renda III – da Presidência da República;

141
IV – do Ministério do Trabalho e Emprego; Art. 5o  Esta Lei entra em vigor na data de sua
V – do Ministério das Relações Exteriores; publicação.
VI – do Ministério da Justiça;
VII – do Ministério da Saúde; Brasília, 12 de abril de 2010; 189o da Indepen-
VIII – do Ministério da Educação; dência e 122o da República.
IX – do Ministério da Previdência Social;
X – de outras instituições, nacionais e inter- JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA – Nilcéa
nacionais, públicas e privadas, que produzam Freire
dados pertinentes à formulação e à implemen-
tação de políticas públicas de interesse para as Promulgada em 12/4/2010 e publicada no DOU de
mulheres. 13/4/2010.
Mulher

142
Lei no 11.942/2009
Dá nova redação aos arts. 14, 83 e 89 da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 – Lei de Execução
Penal, para assegurar às mães presas e aos recém-nascidos condições mínimas de assistência.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA (seis) meses e menores de 7 (sete) anos, com


a finalidade de assistir a criança desampara-
Faço saber que o Congresso Nacional decreta da cuja responsável estiver presa.
e eu sanciono a seguinte Lei: Parágrafo único.  São requisitos básicos da
seção e da creche referidas neste artigo:
Art. 1o  O art. 14 da Lei no 7.210, de 11 de julho I – atendimento por pessoal qualificado,
de 1984 – Lei de Execução Penal, passa a vigorar de acordo com as diretrizes adotadas pela
acrescido do seguinte § 3o: legislação educacional e em unidades au-
“Art. 14.  ���������������������������������������������������������� tônomas; e
��������������������������������������������������������������������������� II – horário de funcionamento que garan-
§ 3o  Será assegurado acompanhamento mé- ta a melhor assistência à criança e à sua
dico à mulher, principalmente no pré-natal e responsável.”
no pós-parto, extensivo ao recém-nascido.”
Art. 3o  Para o cumprimento do que dispõe
Art. 2o  O §  2o do art.  83 e o art.  89 da Lei esta Lei, deverão ser observadas as normas de
no  7.210, de 11 de julho de 1984, passam a finanças públicas aplicáveis.
vigorar com a seguinte redação:
“Art. 83.  ���������������������������������������������������������� Art. 4o  Esta Lei entra em vigor na data de sua
��������������������������������������������������������������������������� publicação.
§ 2o  Os estabelecimentos penais destinados
a mulheres serão dotados de berçário, onde Brasília, 28 de maio de 2009; 188o da Indepen-
as condenadas possam cuidar de seus filhos, dência e 121o da República.
inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6
(seis) meses de idade.” LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – Luiz Paulo
“Art. 89.  Além dos requisitos referidos no Teles Ferreira Barreto – José Gomes Temporão
art.  88, a penitenciária de mulheres será
dotada de seção para gestante e parturiente e Promulgada em 28/5/2009 e publicada no DOU de
de creche para abrigar crianças maiores de 6 29/5/2009.
Normas correlatas

143
Lei no 11.804/2008
Disciplina o direito a alimentos gravídicos e a forma como ele será exercido e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA cos que perdurarão até o nascimento da criança,


sopesando as necessidades da parte autora e as
Faço saber que o Congresso Nacional decreta possibilidades da parte ré.
e eu sanciono a seguinte Lei: Parágrafo único.  Após o nascimento com
vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos
Art. 1o  Esta Lei disciplina o direito de ali- em pensão alimentícia em favor do menor até
mentos da mulher gestante e a forma como que uma das partes solicite a sua revisão.
será exercido.
Art. 7o  O réu será citado para apresentar res-
Art. 2   Os alimentos de que trata esta Lei com-
o
posta em 5 (cinco) dias.
preenderão os valores suficientes para cobrir
as despesas adicionais do período de gravidez Arts. 8o a 10. (Vetados)
e que sejam dela decorrentes, da concepção
ao parto, inclusive as referentes a alimentação Art. 11.  Aplicam-se supletivamente nos pro-
especial, assistência médica e psicológica, exa- cessos regulados por esta Lei as disposições
mes complementares, internações, parto, me- das Leis nos  5.478, de 25 de julho de 1968, e
dicamentos e demais prescrições preventivas e 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de
terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, Processo Civil.
além de outras que o juiz considere pertinentes.
Parágrafo único.  Os alimentos de que trata Art. 12.  Esta Lei entra em vigor na data de
este artigo referem-se à parte das despesas que sua publicação.
deverá ser custeada pelo futuro pai, conside-
rando-se a contribuição que também deverá Brasília, 5 de novembro de 2008; 187o da Inde-
ser dada pela mulher grávida, na proporção pendência e 120o da República.
dos recursos de ambos.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – Tarso Genro
Arts. 3o a 5o (Vetados) – José Antonio Dias Toffoli – Dilma Rousseff

Art. 6o  Convencido da existência de indícios Promulgada em 5/11/2008 e publicada no DOU de


da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídi- 6/11/2008.
Mulher

144
Lei no 11.770/2008
Cria o Programa Empresa Cidadã, destinado à prorrogação da licença-maternidade mediante
concessão de incentivo fiscal, e altera a Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Parágrafo único.  Em caso de descumpri-


mento do disposto no caput deste artigo, a
Faço saber que o Congresso Nacional decreta empregada perderá o direito à prorrogação.
e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 5o  A pessoa jurídica tributada com base
Art. 1   É instituído o Programa Empresa Ci-
o
no lucro real poderá deduzir do imposto
dadã, destinado a prorrogar por 60 (sessenta) devido, em cada período de apuração, o total
dias a duração da licença-maternidade prevista da remuneração integral da empregada pago
no inciso XVIII do caput do art. 7o da Consti- nos 60 (sessenta) dias de prorrogação de sua
tuição Federal. licença-maternidade, vedada a dedução como
§ 1o  A prorrogação será garantida à empre- despesa operacional.
gada da pessoa jurídica que aderir ao Programa, Parágrafo único. (Vetado)
desde que a empregada a requeira até o final do
primeiro mês após o parto, e concedida imedia- Art. 6o (Vetado)
tamente após a fruição da licença-maternidade
de que trata o inciso XVIII do caput do art. 7o Art. 7o  O Poder Executivo, com vistas no
da Constituição Federal. cumprimento do disposto no inciso II do caput
§ 2 o  A prorrogação será garantida, na do art. 5o e nos arts. 12 e 14 da Lei Comple-
mesma proporção, também à empregada que mentar no 101, de 4 de maio de 2000, estimará
adotar ou obtiver guarda judicial para fins de o montante da renúncia fiscal decorrente do
adoção de criança. disposto nesta Lei e o incluirá no demonstrativo
a que se refere o § 6o do art. 165 da Constitui-
Art. 2o  É a administração pública, direta, ção Federal, que acompanhará o projeto de lei
indireta e fundacional, autorizada a instituir orçamentária cuja apresentação se der após
programa que garanta prorrogação da licença- decorridos 60 (sessenta) dias da publicação
-maternidade para suas servidoras, nos termos desta Lei.
do que prevê o art. 1o desta Lei.
Art. 8o  Esta Lei entra em vigor na data de sua
Art. 3   Durante o período de prorrogação da
o
publicação, produzindo efeitos a partir do pri-
licença-maternidade, a empregada terá direi- meiro dia do exercício subsequente àquele em
to à sua remuneração integral, nos mesmos que for implementado o disposto no seu art. 7o.
moldes devidos no período de percepção do
salário-maternidade pago pelo regime geral de Brasília, 9 de setembro de 2008; 187o da Inde-
previdência social. pendência e 120o da República.

Art. 4o  No período de prorrogação da licença- LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – Guido


Normas correlatas

-maternidade de que trata esta Lei, a empregada Mantega – Carlos Lupi – José Pimentel
não poderá exercer qualquer atividade remu-
nerada e a criança não poderá ser mantida em Promulgada em 9/9/2008 e publicada no DOU de
creche ou organização similar. 10/9/2008.

145
Lei no 11.664/2008
Dispõe sobre a efetivação de ações de saúde que assegurem a prevenção, a detecção, o tratamento e
o seguimento dos cânceres do colo uterino e de mama, no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA IV – o encaminhamento a serviços de maior


complexidade das mulheres cujos exames cito-
Faço saber que o Congresso Nacional decreta patológicos ou mamográficos ou cuja observa-
e eu sanciono a seguinte Lei: ção clínica indicarem a necessidade de comple-
mentação diagnóstica, tratamento e seguimento
Art. 1o  As ações de saúde previstas no inciso pós-tratamento que não puderem ser realizados
II do caput do art. 7o da Lei no 8.080, de 19 na unidade que prestou o atendimento;
de setembro de 1990, relativas à prevenção, V – os subsequentes exames citopatológicos
detecção, tratamento e controle dos cânceres do colo uterino e mamográficos, segundo a
do colo uterino e de mama são asseguradas, periodicidade que o órgão federal responsável
em todo o território nacional, nos termos pela efetivação das ações citadas nesta Lei deve
desta Lei. instituir.
Parágrafo único.  Os exames citopatológicos
Art. 2o  O Sistema Único de Saúde – SUS, por do colo uterino e mamográficos poderão ser
meio dos seus serviços, próprios, conveniados complementados ou substituídos por outros
ou contratados, deve assegurar: quando o órgão citado no inciso V do caput
I – a assistência integral à saúde da mu- deste artigo assim o determinar.
lher, incluindo amplo trabalho informativo
e educativo sobre a prevenção, a detecção, o Art. 3o  Esta Lei entra em vigor após decorrido
tratamento e controle, ou seguimento pós- 1 (um) ano de sua publicação.
-tratamento, das doenças a que se refere o
art. 1o desta Lei; Brasília, 29 de abril de 2008; 187o da Indepen-
II – a realização de exame citopatológico do dência e 120o da República.
colo uterino a todas as mulheres que já tenham
iniciado sua vida sexual, independentemente LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – José Gomes
da idade; Temporão
III – a realização de exame mamográfico a
todas as mulheres a partir dos 40 (quarenta) Promulgada em 29/4/2008 e publicada no DOU de
anos de idade; 30/4/2008.
Mulher

146
Lei no 11.634/2007
Dispõe sobre o direito da gestante ao conhecimento e a vinculação à maternidade onde receberá
assistência no âmbito do Sistema Único de Saúde.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Art. 2o  O Sistema Único de Saúde analisará os


requerimentos de transferência da gestante em
Faço saber que o Congresso Nacional decreta caso de comprovada falta de aptidão técnica e
e eu sanciono a seguinte Lei: pessoal da maternidade e cuidará da transfe-
rência segura da gestante.
Art. 1o  Toda gestante assistida pelo Sistema
Único de Saúde – SUS tem direito ao conheci- Art. 3o  A execução desta Lei correrá por conta
mento e à vinculação prévia à: de recursos do orçamento da Seguridade Social,
I – maternidade na qual será realizado seu da União, dos Estados, do Distrito Federal e
parto; dos Municípios, além de outras fontes suple-
II – maternidade na qual ela será atendida mentares.
nos casos de intercorrência pré-natal.
§ 1o  A vinculação da gestante à materni- Art. 4o  Esta Lei entra em vigor na data de sua
dade em que se realizará o parto e na qual publicação.
será atendida nos casos de intercorrência é de
responsabilidade do Sistema Único de Saúde e Brasília, 27 de dezembro de 2007; 186o da In-
dar-se-á no ato de sua inscrição no programa dependência e 119o da República.
de assistência pré-natal.
§ 2o  A maternidade à qual se vinculará a LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – Márcia Bassit
gestante deverá ser comprovadamente apta Lameiro Costa Mazzoli
a prestar a assistência necessária conforme
a situação de risco gestacional, inclusive em Promulgada em 27/12/2007 e publicada no DOU
situação de puerpério. de 28/12/2007.

Normas correlatas

147
Lei no 11.340/2006
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o
do art.  226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar
a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar
contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e
dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA dadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e


à convivência familiar e comunitária.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta § 1o  O poder público desenvolverá políticas
e eu sanciono a seguinte Lei: que visem garantir os direitos humanos das
mulheres no âmbito das relações domésticas e
familiares no sentido de resguardá-las de toda
TÍTULO I – Disposições Preliminares forma de negligência, discriminação, explora-
ção, violência, crueldade e opressão.
Art. 1o  Esta Lei cria mecanismos para coibir § 2o  Cabe à família, à sociedade e ao poder
e prevenir a violência doméstica e familiar público criar as condições necessárias para o
contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 efetivo exercício dos direitos enunciados no
da Constituição Federal, da Convenção sobre caput.
a Eliminação de Todas as Formas de Violência
contra a Mulher, da Convenção Interamericana Art. 4o  Na interpretação desta Lei, serão con-
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência siderados os fins sociais a que ela se destina
contra a Mulher e de outros tratados interna- e, especialmente, as condições peculiares das
cionais ratificados pela República Federativa mulheres em situação de violência doméstica
do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados e familiar.
de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher; e estabelece medidas de assistência e
proteção às mulheres em situação de violência TÍTULO II – Da Violência Doméstica e
doméstica e familiar. Familiar contra a Mulher
CAPÍTULO I – Disposições Gerais
Art. 2o  Toda mulher, independentemente de
classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, Art. 5o  Para os efeitos desta Lei, configura
cultura, nível educacional, idade e religião, violência doméstica e familiar contra a mulher
goza dos direitos fundamentais inerentes à qualquer ação ou omissão baseada no gênero
pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico,
oportunidades e facilidades para viver sem sexual ou psicológico e dano moral ou patri-
violência, preservar sua saúde física e mental e monial:
seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. I – no âmbito da unidade doméstica, com-
preendida como o espaço de convívio perma-
Art. 3 o  Serão asseguradas às mulheres as nente de pessoas, com ou sem vínculo familiar,
condições para o exercício efetivo dos direitos inclusive as esporadicamente agregadas;
à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, II – no âmbito da família, compreendida
Mulher

à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à como a comunidade formada por indivíduos


justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à ci- que são ou se consideram aparentados, unidos
148
por laços naturais, por afinidade ou por vontade subtração, destruição parcial ou total de seus
expressa; objetos, instrumentos de trabalho, documentos
III – em qualquer relação íntima de afeto, na pessoais, bens, valores e direitos ou recursos
qual o agressor conviva ou tenha convivido com econômicos, incluindo os destinados a satisfa-
a ofendida, independentemente de coabitação. zer suas necessidades;
Parágrafo único.  As relações pessoais enun- V – a violência moral, entendida como qual-
ciadas neste artigo independem de orientação quer conduta que configure calúnia, difamação
sexual. ou injúria.

Art. 6o  A violência doméstica e familiar contra


a mulher constitui uma das formas de violação TÍTULO III – Da Assistência à Mulher em
dos direitos humanos. Situação de Violência Doméstica e Familiar
CAPÍTULO I – Das Medidas Integradas de
Prevenção
CAPÍTULO II – Das Formas de Violência
Doméstica e Familiar Contra a Mulher Art. 8o  A política pública que visa coibir a
violência doméstica e familiar contra a mulher
Art. 7o  São formas de violência doméstica e far-se-á por meio de um conjunto articulado de
familiar contra a mulher, entre outras: ações da União, dos Estados, do Distrito Federal
I – a violência física, entendida como qual- e dos Municípios e de ações não governamen-
quer conduta que ofenda sua integridade ou tais, tendo por diretrizes:
saúde corporal; I – a integração operacional do Poder Judi-
II – a violência psicológica, entendida como ciário, do Ministério Público e da Defensoria
qualquer conduta que lhe cause dano emo- Pública com as áreas de segurança pública,
cional e diminuição da autoestima ou que lhe assistência social, saúde, educação, trabalho e
prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento habitação;
ou que vise degradar ou controlar suas ações, II – a promoção de estudos e pesquisas,
comportamentos, crenças e decisões, mediante estatísticas e outras informações relevantes,
ameaça, constrangimento, humilhação, ma- com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia,
nipulação, isolamento, vigilância constante, concernentes às causas, às consequências e à
perseguição contumaz, insulto, chantagem, frequência da violência doméstica e familiar
ridicularização, exploração e limitação do contra a mulher, para a sistematização de
direito de ir e vir ou qualquer outro meio que dados, a serem unificados nacionalmente, e a
lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à au- avaliação periódica dos resultados das medidas
todeterminação; adotadas;
III – a violência sexual, entendida como III – o respeito, nos meios de comunicação
qualquer conduta que a constranja a presen- social, dos valores éticos e sociais da pessoa
ciar, a manter ou a participar de relação sexual e da família, de forma a coibir os papéis es-
não desejada, mediante intimidação, ameaça, tereotipados que legitimem ou exacerbem a
coação ou uso da força; que a induza a comer- violência doméstica e familiar, de acordo com
cializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua o estabelecido no inciso III do art. 1o, no inci-
sexualidade, que a impeça de usar qualquer so IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da
método contraceptivo ou que a force ao matri- Constituição Federal;
mônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, IV – a implementação de atendimento poli-
Normas correlatas

mediante coação, chantagem, suborno ou ma- cial especializado para as mulheres, em parti-
nipulação; ou que limite ou anule o exercício cular nas Delegacias de Atendimento à Mulher;
de seus direitos sexuais e reprodutivos; V – a promoção e a realização de campanhas
IV – a violência patrimonial, entendida educativas de prevenção da violência doméstica
como qualquer conduta que configure retenção, e familiar contra a mulher, voltadas ao público
149
escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta II – manutenção do vínculo trabalhista,
Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos quando necessário o afastamento do local de
humanos das mulheres; trabalho, por até seis meses.
VI – a celebração de convênios, protocolos, § 3o  A assistência à mulher em situação de
ajustes, termos ou outros instrumentos de pro- violência doméstica e familiar compreenderá
moção de parceria entre órgãos governamentais o acesso aos benefícios decorrentes do desen-
ou entre estes e entidades não governamentais, volvimento científico e tecnológico, incluindo
tendo por objetivo a implementação de pro- os serviços de contracepção de emergência, a
gramas de erradicação da violência doméstica profilaxia das Doenças Sexualmente Transmis-
e familiar contra a mulher; síveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência
VII – a capacitação permanente das Polícias Adquirida (AIDS) e outros procedimentos
Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo médicos necessários e cabíveis nos casos de
de Bombeiros e dos profissionais pertencentes violência sexual.
aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I
quanto às questões de gênero e de raça ou etnia;
VIII – a promoção de programas educacio- CAPÍTULO III – Do Atendimento pela
nais que disseminem valores éticos de irrestrito Autoridade Policial
respeito à dignidade da pessoa humana com a
perspectiva de gênero e de raça ou etnia; Art. 10.  Na hipótese da iminência ou da prá-
IX – o destaque, nos currículos escolares de tica de violência doméstica e familiar contra a
todos os níveis de ensino, para os conteúdos mulher, a autoridade policial que tomar conhe-
relativos aos direitos humanos, à equidade de cimento da ocorrência adotará, de imediato, as
gênero e de raça ou etnia e ao problema da providências legais cabíveis.
violência doméstica e familiar contra a mulher. Parágrafo único.  Aplica-se o disposto no ca-
put deste artigo ao descumprimento de medida
protetiva de urgência deferida.
CAPÍTULO II – Da Assistência à Mulher em
Situação de Violência Doméstica e Familiar Art. 11.  No atendimento à mulher em situação
de violência doméstica e familiar, a autoridade
Art. 9o  A assistência à mulher em situação de policial deverá, entre outras providências:
violência doméstica e familiar será prestada I – garantir proteção policial, quando neces-
de forma articulada e conforme os princípios sário, comunicando de imediato ao Ministério
e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Público e ao Poder Judiciário;
Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, II – encaminhar a ofendida ao hospital ou
no Sistema Único de Segurança Pública, entre posto de saúde e ao Instituto Médico Legal;
outras normas e políticas públicas de proteção, III – fornecer transporte para a ofendida e
e emergencialmente quando for o caso. seus dependentes para abrigo ou local seguro,
§ 1o  O juiz determinará, por prazo certo, a quando houver risco de vida;
inclusão da mulher em situação de violência IV – se necessário, acompanhar a ofendida
doméstica e familiar no cadastro de programas para assegurar a retirada de seus pertences do
assistenciais do governo federal, estadual e local da ocorrência ou do domicílio familiar;
municipal. V – informar à ofendida os direitos a ela
§ 2o  O juiz assegurará à mulher em situação conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis.
de violência doméstica e familiar, para preservar
sua integridade física e psicológica: Art. 12.  Em todos os casos de violência domés-
I – acesso prioritário à remoção quando tica e familiar contra a mulher, feito o registro da
servidora pública, integrante da administração ocorrência, deverá a autoridade policial adotar,
Mulher

direta ou indireta; de imediato, os seguintes procedimentos, sem

150
prejuízo daqueles previstos no Código de Pro- Art. 14.  Os Juizados de Violência Doméstica
cesso Penal: e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça
I – ouvir a ofendida, lavrar o boletim de Ordinária com competência cível e criminal,
ocorrência e tomar a representação a termo, se poderão ser criados pela União, no Distrito
apresentada; Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para
II – colher todas as provas que servirem para o processo, o julgamento e a execução das causas
o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias; decorrentes da prática de violência doméstica e
III – remeter, no prazo de 48 (quarenta e familiar contra a mulher.
oito) horas, expediente apartado ao juiz com o Parágrafo único.  Os atos processuais pode-
pedido da ofendida, para a concessão de medi- rão realizar-se em horário noturno, conforme
das protetivas de urgência; dispuserem as normas de organização judici-
IV – determinar que se proceda ao exame de ária.
corpo de delito da ofendida e requisitar outros
exames periciais necessários; Art. 15.  É competente, por opção da ofendida,
V – ouvir o agressor e as testemunhas; para os processos cíveis regidos por esta Lei, o
VI – ordenar a identificação do agressor e Juizado:
fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes I – do seu domicílio ou de sua residência;
criminais, indicando a existência de mandado II – do lugar do fato em que se baseou a
de prisão ou registro de outras ocorrências demanda;
policiais contra ele; III – do domicílio do agressor.
VII – remeter, no prazo legal, os autos do in-
quérito policial ao juiz e ao Ministério Público. Art. 16.  Nas ações penais públicas condi-
§ 1o  O pedido da ofendida será tomado a cionadas à representação da ofendida de que
termo pela autoridade policial e deverá conter: trata esta Lei, só será admitida a renúncia à
I – qualificação da ofendida e do agressor; representação perante o juiz, em audiência
II – nome e idade dos dependentes; especialmente designada com tal finalidade,
III – descrição sucinta do fato e das medidas antes do recebimento da denúncia e ouvido o
protetivas solicitadas pela ofendida. Ministério Público.
§ 2o  A autoridade policial deverá anexar
ao documento referido no §  1o o boletim de Art. 17.  É vedada a aplicação, nos casos de
ocorrência e cópia de todos os documentos violência doméstica e familiar contra a mulher,
disponíveis em posse da ofendida. de penas de cesta básica ou outras de prestação
§ 3o  Serão admitidos como meios de prova pecuniária, bem como a substituição de pena
os laudos ou prontuários médicos fornecidos que implique o pagamento isolado de multa.
por hospitais e postos de saúde.

CAPÍTULO II – Das Medidas Protetivas de


TÍTULO IV – Dos Procedimentos Urgência
CAPÍTULO I – Disposições Gerais SEÇÃO I – Disposições Gerais

Art. 13.  Ao processo, ao julgamento e à exe- Art. 18.  Recebido o expediente com o pedido


cução das causas cíveis e criminais decorrentes da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48
da prática de violência doméstica e familiar (quarenta e oito) horas:
contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos I – conhecer do expediente e do pedido e
Normas correlatas

Códigos de Processo Penal e Processo Civil e decidir sobre as medidas protetivas de urgência;
da legislação específica relativa à criança, ao II – determinar o encaminhamento da ofen-
adolescente e ao idoso que não conflitarem com dida ao órgão de assistência judiciária, quando
o estabelecido nesta Lei. for o caso;

151
III – comunicar ao Ministério Público para desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato,
que adote as providências cabíveis. ao agressor, em conjunto ou separadamente,
as seguintes medidas protetivas de urgência,
Art. 19.  As medidas protetivas de urgência po- entre outras:
derão ser concedidas pelo juiz, a requerimento I – suspensão da posse ou restrição do porte
do Ministério Público ou a pedido da ofendida. de armas, com comunicação ao órgão compe-
§ 1o  As medidas protetivas de urgência tente, nos termos da Lei no  10.826, de 22 de
poderão ser concedidas de imediato, inde- dezembro de 2003;
pendentemente de audiência das partes e de II – afastamento do lar, domicílio ou local
manifestação do Ministério Público, devendo de convivência com a ofendida;
este ser prontamente comunicado. III – proibição de determinadas condutas,
§ 2o  As medidas protetivas de urgência entre as quais:
serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e a)  aproximação da ofendida, de seus fa-
poderão ser substituídas a qualquer tempo por miliares e das testemunhas, fixando o limite
outras de maior eficácia, sempre que os direitos mínimo de distância entre estes e o agressor;
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou b)  contato com a ofendida, seus familiares
violados. e testemunhas por qualquer meio de comu-
§ 3o  Poderá o juiz, a requerimento do Minis- nicação;
tério Público ou a pedido da ofendida, conceder c)  frequentação de determinados lugares a
novas medidas protetivas de urgência ou rever fim de preservar a integridade física e psicoló-
aquelas já concedidas, se entender necessário gica da ofendida;
à proteção da ofendida, de seus familiares e de IV – restrição ou suspensão de visitas aos
seu patrimônio, ouvido o Ministério Público. dependentes menores, ouvida a equipe de aten-
dimento multidisciplinar ou serviço similar;
Art. 20.  Em qualquer fase do inquérito poli- V – prestação de alimentos provisionais ou
cial ou da instrução criminal, caberá a prisão provisórios.
preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de § 1o  As medidas referidas neste artigo não
ofício, a requerimento do Ministério Público ou impedem a aplicação de outras previstas na
mediante representação da autoridade policial. legislação em vigor, sempre que a segurança
Parágrafo único.  O juiz poderá revogar a da ofendida ou as circunstâncias o exigirem,
prisão preventiva se, no curso do processo, devendo a providência ser comunicada ao
verificar a falta de motivo para que subsista, Ministério Público.
bem como de novo decretá-la, se sobrevierem § 2o  Na hipótese de aplicação do inciso
razões que a justifiquem. I, encontrando-se o agressor nas condições
mencionadas no caput e incisos do art. 6o da
Art. 21.  A ofendida deverá ser notificada dos Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o
atos processuais relativos ao agressor, especial- juiz comunicará ao respectivo órgão, corpo-
mente dos pertinentes ao ingresso e à saída da ração ou instituição as medidas protetivas de
prisão, sem prejuízo da intimação do advogado urgência concedidas e determinará a restrição
constituído ou do defensor público. do porte de armas, ficando o superior imediato
Parágrafo único.  A ofendida não poderá do agressor responsável pelo cumprimento da
entregar intimação ou notificação ao agressor. determinação judicial, sob pena de incorrer nos
crimes de prevaricação ou de desobediência,
conforme o caso.
SEÇÃO II – Das Medidas Protetivas de § 3o  Para garantir a efetividade das medidas
Urgência que Obrigam o Agressor protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar,
a qualquer momento, auxílio da força policial.
Mulher

Art. 22.  Constatada a prática de violência do- § 4o  Aplica-se às hipóteses previstas neste
méstica e familiar contra a mulher, nos termos artigo, no que couber, o disposto no caput e
152
nos §§ 5o e 6o do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 Art. 26.  Caberá ao Ministério Público, sem
de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil). prejuízo de outras atribuições, nos casos de
violência doméstica e familiar contra a mulher,
quando necessário:
SEÇÃO III – Das Medidas Protetivas de I – requisitar força policial e serviços públi-
Urgência à Ofendida cos de saúde, de educação, de assistência social
e de segurança, entre outros;
Art. 23.  Poderá o juiz, quando necessário, sem II – fiscalizar os estabelecimentos públicos
prejuízo de outras medidas: e particulares de atendimento à mulher em
I – encaminhar a ofendida e seus depen- situação de violência doméstica e familiar, e
dentes a programa oficial ou comunitário de adotar, de imediato, as medidas administrativas
proteção ou de atendimento; ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer
II – determinar a recondução da ofendida e irregularidades constatadas;
a de seus dependentes ao respectivo domicílio, III – cadastrar os casos de violência domés-
após afastamento do agressor; tica e familiar contra a mulher.
III – determinar o afastamento da ofendida
do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens,
guarda dos filhos e alimentos; CAPÍTULO IV – Da Assistência Judiciária
IV – determinar a separação de corpos.
Art. 27.  Em todos os atos processuais, cíveis
Art. 24.  Para a proteção patrimonial dos bens e criminais, a mulher em situação de violência
da sociedade conjugal ou daqueles de proprie- doméstica e familiar deverá estar acompanhada
dade particular da mulher, o juiz poderá de- de advogado, ressalvado o previsto no art. 19
terminar, liminarmente, as seguintes medidas, desta Lei.
entre outras:
I – restituição de bens indevidamente sub- Art. 28.  É garantido a toda mulher em situa-
traídos pelo agressor à ofendida; ção de violência doméstica e familiar o acesso
II – proibição temporária para a celebração aos serviços de Defensoria Pública ou de Assis-
de atos e contratos de compra, venda e locação tência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em
de propriedade em comum, salvo expressa sede policial e judicial, mediante atendimento
autorização judicial; específico e humanizado.
III – suspensão das procurações conferidas
pela ofendida ao agressor;
IV – prestação de caução provisória, me- TÍTULO V – Da Equipe de Atendimento
diante depósito judicial, por perdas e danos Multidisciplinar
materiais decorrentes da prática de violência
doméstica e familiar contra a ofendida. Art. 29.  Os Juizados de Violência Doméstica
Parágrafo único.  Deverá o juiz oficiar ao e Familiar contra a Mulher que vierem a ser
cartório competente para os fins previstos nos criados poderão contar com uma equipe de
incisos II e III deste artigo. atendimento multidisciplinar, a ser integrada
por profissionais especializados nas áreas psi-
cossocial, jurídica e de saúde.
CAPÍTULO III – Da Atuação do Ministério
Público Art. 30.  Compete à equipe de atendimento
Normas correlatas

multidisciplinar, entre outras atribuições que


Art. 25.  O Ministério Público intervirá, quan- lhe forem reservadas pela legislação local,
do não for parte, nas causas cíveis e criminais fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Minis-
decorrentes da violência doméstica e familiar tério Público e à Defensoria Pública, mediante
contra a mulher. laudos ou verbalmente em audiência, e desen-
153
volver trabalhos de orientação, encaminha- II – casas-abrigos para mulheres e respec-
mento, prevenção e outras medidas, voltados tivos dependentes menores em situação de
para a ofendida, o agressor e os familiares, com violência doméstica e familiar;
especial atenção às crianças e aos adolescentes. III – delegacias, núcleos de defensoria pú-
blica, serviços de saúde e centros de perícia
Art. 31.  Quando a complexidade do caso médico-legal especializados no atendimento
exigir avaliação mais aprofundada, o juiz po- à mulher em situação de violência doméstica
derá determinar a manifestação de profissional e familiar;
especializado, mediante a indicação da equipe IV – programas e campanhas de enfrenta-
de atendimento multidisciplinar. mento da violência doméstica e familiar;
V – centros de educação e de reabilitação
Art. 32.  O Poder Judiciário, na elaboração para os agressores.
de sua proposta orçamentária, poderá prever
recursos para a criação e manutenção da equipe Art. 36.  A União, os Estados, o Distrito Fede-
de atendimento multidisciplinar, nos termos da ral e os Municípios promoverão a adaptação de
Lei de Diretrizes Orçamentárias. seus órgãos e de seus programas às diretrizes e
aos princípios desta Lei.

TÍTULO VI – Disposições Transitórias Art. 37.  A defesa dos interesses e direitos


transindividuais previstos nesta Lei poderá ser
Art. 33.  Enquanto não estruturados os Juiza- exercida, concorrentemente, pelo Ministério
dos de Violência Doméstica e Familiar contra a Público e por associação de atuação na área,
Mulher, as varas criminais acumularão as com- regularmente constituída há pelo menos um
petências cível e criminal para conhecer e julgar ano, nos termos da legislação civil.
as causas decorrentes da prática de violência do- Parágrafo único.  O requisito da pré-consti-
méstica e familiar contra a mulher, observadas tuição poderá ser dispensado pelo juiz quando
as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada entender que não há outra entidade com repre-
pela legislação processual pertinente. sentatividade adequada para o ajuizamento da
Parágrafo único.  Será garantido o direito de demanda coletiva.
preferência, nas varas criminais, para o proces-
so e o julgamento das causas referidas no caput. Art. 38.  As estatísticas sobre a violência
doméstica e familiar contra a mulher serão
incluídas nas bases de dados dos órgãos ofi-
TÍTULO VII – Disposições Finais ciais do Sistema de Justiça e Segurança a fim
de subsidiar o sistema nacional de dados e
Art. 34.  A instituição dos Juizados de Vio- informações relativo às mulheres.
lência Doméstica e Familiar contra a Mulher Parágrafo único.  As Secretarias de Seguran-
poderá ser acompanhada pela implantação das ça Pública dos Estados e do Distrito Federal
curadorias necessárias e do serviço de assistên- poderão remeter suas informações criminais
cia judiciária. para a base de dados do Ministério da Justiça.

Art. 35.  A União, o Distrito Federal, os Esta- Art. 39.  A União, os Estados, o Distrito Fe-
dos e os Municípios poderão criar e promover, deral e os Municípios, no limite de suas com-
no limite das respectivas competências: petências e nos termos das respectivas leis de
I – centros de atendimento integral e mul- diretrizes orçamentárias, poderão estabelecer
tidisciplinar para mulheres e respectivos de- dotações orçamentárias específicas, em cada
pendentes em situação de violência doméstica exercício financeiro, para a implementação das
Mulher

e familiar; medidas estabelecidas nesta Lei.

154
Art. 40.  As obrigações previstas nesta Lei não ���������������������������������������������������������������������������
excluem outras decorrentes dos princípios por § 9o  Se a lesão for praticada contra as-
ela adotados. cendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou
Art. 41.  Aos crimes praticados com violência tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se
doméstica e familiar contra a mulher, indepen- o agente das relações domésticas, de coabi-
dentemente da pena prevista, não se aplica a Lei tação ou de hospitalidade:
no 9.099, de 26 de setembro de 1995. Pena – detenção, de 3 (três) meses a 3 (três)
anos.
Art. 42.  O art. 313 do Decreto-Lei no 3.689, ���������������������������������������������������������������������������
de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo § 11.  Na hipótese do §  9o deste artigo, a
Penal), passa a vigorar acrescido do seguinte pena será aumentada de um terço se o crime
inciso IV: for cometido contra pessoa portadora de
“Art. 313.  ������������������������������������������������������� deficiência.”
���������������������������������������������������������������������������
IV – se o crime envolver violência doméstica Art. 45.  O art. 152 da Lei no 7.210, de 11 de
e familiar contra a mulher, nos termos da julho de 1984 (Lei de Execução Penal), passa a
lei específica, para garantir a execução das vigorar com a seguinte redação:
medidas protetivas de urgência.” “Art. 152.  �������������������������������������������������������
Parágrafo único.  Nos casos de violência
Art. 43.  A alínea “f ” do inciso II do art.  61 doméstica contra a mulher, o juiz poderá
do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de determinar o comparecimento obrigatório
1940 (Código Penal), passa a vigorar com a do agressor a programas de recuperação e
seguinte redação: reeducação.”
“Art. 61.  ����������������������������������������������������������
��������������������������������������������������������������������������� Art. 46.  Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta
II – f) com abuso de autoridade ou prevale- e cinco) dias após sua publicação.
cendo-se de relações domésticas, de coabi-
tação ou de hospitalidade, ou com violência Brasília, 7 de agosto de 2006; 185o da Indepen-
contra a mulher na forma da lei específica; dência e 118o da República.
�������������������������������������������������������������������������”
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – Dilma
Art. 44.  O art. 129 do Decreto-Lei no 2.848, de Rousseff
7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a
vigorar com as seguintes alterações: Promulgada em 7/8/2006 e publicada no DOU de
“Art. 129.  ������������������������������������������������������� 8/8/2006.
Normas correlatas

155
Lei no 10.778/2003
Estabelece a notificação compulsória, no território nacional, do caso de violência contra a mulher
que for atendida em serviços de saúde públicos ou privados.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA sobre prevenção, punição e erradicação da


violência contra a mulher.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta
e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 2o  A autoridade sanitária proporcionará
as facilidades ao processo de notificação com-
Art. 1o  Constitui objeto de notificação com- pulsória, para o fiel cumprimento desta Lei.
pulsória, em todo o território nacional, a vio-
lência contra a mulher atendida em serviços de Art. 3o  A notificação compulsória dos casos
saúde públicos e privados.1 de violência de que trata esta Lei tem caráter
§ 1o  Para os efeitos desta Lei, entende-se sigiloso, obrigando nesse sentido as autoridades
por violência contra a mulher qualquer ação sanitárias que a tenham recebido.
ou conduta, baseada no gênero, inclusive Parágrafo único.  A identificação da vítima
decorrente de discriminação ou desigualdade de violência referida nesta Lei, fora do âmbito
étnica, que cause morte, dano ou sofrimento dos serviços de saúde, somente poderá efetivar-
físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no -se, em caráter excepcional, em caso de risco à
âmbito público quanto no privado. comunidade ou à vítima, a juízo da autoridade
§ 2o  Entender-se-á que violência contra a sanitária e com conhecimento prévio da vítima
mulher inclui violência física, sexual e psico- ou do seu responsável.
lógica e que:
I – tenha ocorrido dentro da família ou uni- Art. 4o  As pessoas físicas e as entidades, pú-
dade doméstica ou em qualquer outra relação blicas ou privadas, abrangidas ficam sujeitas às
interpessoal, em que o agressor conviva ou haja obrigações previstas nesta Lei.
convivido no mesmo domicílio que a mulher e
que compreende, entre outros, estupro, viola- Art. 5o  A inobservância das obrigações estabe-
ção, maus-tratos e abuso sexual; lecidas nesta Lei constitui infração da legislação
II – tenha ocorrido na comunidade e seja referente à saúde pública, sem prejuízo das
perpetrada por qualquer pessoa e que com- sanções penais cabíveis.
preende, entre outros, violação, abuso sexual,
tortura, maus-tratos de pessoas, tráfico de Art. 6o  Aplica-se, no que couber, à notificação
mulheres, prostituição forçada, sequestro e compulsória prevista nesta Lei, o disposto na
assédio sexual no lugar de trabalho, bem como Lei no 6.259, de 30 de outubro de 1975.
em instituições educacionais, estabelecimentos
de saúde ou qualquer outro lugar; e Art. 7o  O Poder Executivo, por iniciativa do
III – seja perpetrada ou tolerada pelo Estado Ministério da Saúde, expedirá a regulamenta-
ou seus agentes, onde quer que ocorra. ção desta Lei.
§ 3o  Para efeito da definição serão observa-
dos também as convenções e acordos interna- Art. 8o  Esta Lei entrará em vigor 120 (cento e
cionais assinados pelo Brasil, que disponham vinte) dias após a sua publicação.
Mulher

Brasília, 24 de novembro de 2003; 182o da In-


1
  Lei n  12.288/2010.
o
dependência e 115o da República.
156
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – Humberto Promulgada em 24/11/2003 e publicada no DOU
Sérgio Costa Lima – José Dirceu de Oliveira de 25/11/2003.
e Silva

Normas correlatas

157
Lei no 10.745/2003
Institui o ano de 2004 como o “Ano da Mulher”.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Art. 3o  Esta Lei entra em vigor na data de sua


publicação.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta
e eu sanciono a seguinte Lei: Brasília, 9 de outubro de 2003; 182o da Inde-
pendência e 115o da República.
Art. 1o  Fica o ano de 2004 definido como “Ano
da Mulher”. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – José Dirceu
de Oliveira e Silva
Art. 2o  O Poder Público promoverá a divul-
gação e a comemoração do Ano da Mulher Promulgada em 9/11/2001 e publicada no DOU de
mediante programas e atividades, com envol- 10/10/2003.
vimento da sociedade civil, visando estabelecer
condições de igualdade e justiça na inserção da
mulher na sociedade.
Mulher

158
Lei no 10.714/2003
Autoriza o Poder Executivo a disponibilizar, em âmbito nacional, número telefônico destinado a
atender denúncias de violência contra a mulher.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA mento à Mulher, sob a coordenação do Poder


Executivo.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta
e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 2o  Esta Lei entra em vigor na data de sua
publicação.
Art. 1o  É o Poder Executivo autorizado a
disponibilizar, em âmbito nacional, número Brasília, 13 de agosto de 2003; 182o da Indepen-
telefônico destinado a atender denúncias de dência e 115o da República.
violência contra a mulher.1
§ 1o  O número telefônico mencionado no LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – Márcio
caput deste artigo deverá ser único para todo Thomaz Bastos
o País, composto de apenas três dígitos, e de
acesso gratuito aos usuários. Promulgada em 13/8/2003 e publicada no DOU de
§ 2o  O serviço de atendimento objeto desta 14/8/2003.
Lei deverá ser operado pela Central de Atendi-

Normas correlatas

1
  Lei no 13.025/2014.
159
Lei no 10.689/2003
Cria o Programa Nacional de Acesso à Alimentação – PNAA.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA pelo Poder Público Estadual, nos termos de


regulamento; e
Faço saber que o Congresso Nacional decreta III – em âmbito local, por um dos Conselhos
e eu sanciono a seguinte Lei: Municipais da área social, em funcionamento,
ou por um Comitê Gestor Local – CGL, insta-
Art. 1o  Fica criado o Programa Nacional de lado pelo Poder Público Municipal, nos termos
Acesso à Alimentação – PNAA, vinculado às de regulamento.
ações dirigidas ao combate à fome e à promoção § 2o  Os benefícios do PNAA serão concedi-
da segurança alimentar e nutricional. dos, na forma desta Lei, para unidade familiar
§ 1o  Considera-se segurança alimentar e com renda mensal per capita inferior a meio
nutricional a garantia da pessoa humana ao salário mínimo.
acesso à alimentação todos os dias, em quan- § 3 o  Para efeito desta Lei, considera-se
tidade suficiente e com a qualidade necessária. família a unidade nuclear, eventualmente
§ 2o  Os benefícios financeiros decorrentes ampliada por outros indivíduos que com ela
do PNAA serão efetivados mediante cartão possuam laços de parentesco, que forme um
unificado, ou pelo acesso a alimentos em espé- grupo doméstico, vivendo sob o mesmo teto e
cie pelas famílias em situação de insegurança mantendo sua economia pela contribuição de
alimentar. seus membros.
§ 3o  O cartão unificado constitui instru- § 4o  O recebimento do benefício pela uni-
mento para recebimento de recursos finan- dade familiar não exclui a possibilidade de
ceiros do PNAA pelas famílias em situação de recebimento de outros benefícios de programas
insegurança alimentar, bem como para bene- governamentais de transferência de renda, nos
ficiários de outros programas de transferência termos de regulamento.
de renda. § 5o  Na determinação da renda familiar
per capita, será considerada a média dos ren-
Art. 2o  O Poder Executivo definirá: dimentos brutos auferidos pela totalidade dos
I – os critérios para concessão do benefício; membros da família, excluídos os rendimen-
II – a organização e os executores do cadas- tos provenientes deste Programa, do Bolsa-
tramento da população junto ao Programa; -Alimentação, e do Bolsa-Escola.
III – o valor do benefício por unidade fa- § 6o  No levantamento e na identificação
miliar; dos beneficiários a que se refere esta Lei, será
IV – o período de duração do benefício; e utilizado cadastro unificado para programas
V – a forma de controle social do Programa. sociais do Governo Federal.
§ 1o  O controle social do PNAA será feito:
I – em âmbito nacional, pelo Conselho Na- Art. 3o (Vetado)
cional de Segurança Alimentar e Nutricional
– CONSEA; Art. 4o  A concessão do benefício do PNAA tem
II – em âmbito estadual e no Distrito Fe- caráter temporário e não gera direito adquirido.
deral, por um dos Conselhos Estaduais da
área social, em funcionamento, ou por um Art. 5o  As despesas com o Programa Nacional
Mulher

Conselho Estadual de Segurança Alimentar de Acesso à Alimentação correrão à conta das


e Nutricional – CONSEA Estadual, instalado dotações orçamentárias consignadas na Lei
160
Orçamentária Anual, inclusive oriundas do Bolsa-Renda, previsto na Lei no 10.458, de 14
Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, de maio de 2002.
instituído pelo art. 79 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias.1 Art. 6o  Esta Lei entra em vigor na data de sua
§ 1o  Na definição do valor do benefício pre- publicação.
visto no inciso III do art. 2o, o Poder Executivo
deverá compatibilizar a quantidade de benefi- Brasília, 13 de junho de 2003; 182o da Indepen-
ciários às dotações orçamentárias existentes. dência e 115o da República.
§ 2o  O valor do benefício previsto no inciso
III do art.  2o poderá ser alterado pelo Poder LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – José
Executivo, a qualquer momento, observado o Graziano da Silva
disposto em regulamento.
§ 3o  O PNAA atenderá, no mês de março Promulgada em 13/6/2003 e publicada no DOU de
de 2003, aos atuais beneficiários do Programa 16/6/2003.

Normas correlatas

1
  Lei no 10.836/2004.
161
Lei no 10.651/2003
Dispõe sobre o controle do uso da talidomida.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Art. 3o  Os programas expressamente qua-


lificados pela autoridade federal competente
Faço saber que o Congresso Nacional decreta devem oferecer:
e eu sanciono a seguinte Lei: I – orientação completa a todos os usuários
da talidomida sobre os efeitos teratogênicos
Art. 1o  O uso do medicamento talidomida, prováveis do uso da droga por gestante;
sob o nome genérico ou qualquer marca de II – todos os métodos contraceptivos às
fantasia, está sujeito a normas especiais de mulheres, em idade fértil, em tratamento de
controle e fiscalização a serem emitidas pela hanseníase ou de qualquer outra doença com
autoridade sanitária federal competente, nas o emprego da talidomida.
quais se incluam, obrigatoriamente:
I – prescrição em formulário especial e Art. 4o  Cabe ao Poder Público:
numerado; I – promover campanhas permanentes de
II – retenção do receituário pela farmácia e educação sobre as consequências do uso da
remessa de uma via para o órgão de vigilância talidomida por gestantes e de informação sobre
sanitária correspondente; a concessão de pensão especial aos portadores
III – embalagem e rótulo que exibam osten- da respectiva síndrome, conforme legislação
sivamente a proibição de seu uso por mulheres específica em vigor;
grávidas ou sob risco de engravidar, acompa- II – incentivar o desenvolvimento científico
nhada de texto, em linguagem popular, que de droga mais segura para substituir a talido-
explicite a grande probabilidade de ocorrência mida no tratamento das doenças nas quais ela
de efeitos teratogênicos associados a esse uso; vem sendo utilizada.
IV – bula que contenha as informações
completas sobre a droga, inclusive o relato Art. 5o  Esta Lei entra em vigor 90 (noventa)
dos efeitos teratogênicos comprovados, acom- dias após sua publicação.
panhada do termo de responsabilidade a ser
obrigatoriamente assinado pelo médico e pelo Brasília, 16 de abril de 2003; 182o da Indepen-
paciente, no ato da entrega do medicamento. dência e 115o da República.

Art. 2o  A talidomida não será fornecida ou LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – Humberto
vendida em farmácias comerciais e sua distri- Sérgio Costa Lima
buição no País será feita exclusivamente pelos
programas expressamente qualificados pela Promulgada em 16/4/2003 e publicada no DOU de
autoridade federal competente, vedado seu 17/4/2003.
fornecimento em cartelas ou amostras desa-
companhadas de embalagem, rótulo ou bula.
Mulher

162
Lei no 10.516/2002
Institui a CARTEIRA NACIONAL DE SAÚDE DA MULHER.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Art. 2o  Os hospitais, ambulatórios, centros e


postos de saúde integrados ao Sistema Único de
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e Saúde – SUS deverão solicitar de suas usuárias
eu sanciono a seguinte Lei: a apresentação da referida carteira, quando da
realização de novos procedimentos e acompa-
Art. 1o  Fica instituída, no âmbito do Sistema nhamento de anteriores.
Único de Saúde – SUS, a CARTEIRA NACIO- Parágrafo único.  A não apresentação da Car-
NAL DE SAÚDE DA MULHER. teira não poderá, em hipótese alguma, implicar
§ 1o (Vetado) recusa de atendimento da mulher.
§ 2o  Haverá, necessariamente, campo para
a identificação da unidade, profissional ou Art. 3o (Vetado)
serviço da rede pública ou privada executor da
ação registrada. Art. 4o  As despesas decorrentes da execução
§ 3o  Será dada especial relevância à Prevenção desta Lei correrão por conta das verbas próprias
e Controle do Câncer Ginecológico e de Mama. consignadas nos orçamentos correspondentes.
§ 4o  Tomar-se-ão cuidados para que a con-
fidencialidade de determinados procedimentos Art. 5o  Esta Lei entra em vigor na data de sua
seja mantida entre profissional de saúde e usu- publicação.
ária dos serviços.
§ 5 o  Deverá ser desencadeada, a partir Brasília, 11 de julho de 2002; 181o da Indepen-
da regulamentação prevista nesta Lei, como dência e 114o da República.
processo pedagógico auxiliar, ampla campa-
nha educativa de divulgação da carteira e das FERNANDO HENRIQUE CARDOSO – Barjas
ações nela preconizadas, para que as mulheres Negri
usuárias e as pessoas prestadoras de serviços de
saúde se mobilizem para exigência dos serviços Promulgada em 11/7/2002 e publicada no DOU de
e utilização eficaz da Carteira. 12/7/2002.

Normas correlatas

163
Lei no 10.048/2000
Dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA o acesso a seu interior das pessoas portadoras


de deficiência.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta § 1o (Vetado)
e eu sanciono a seguinte Lei: § 2o  Os proprietários de veículos de trans-
porte coletivo em utilização terão o prazo de
Art. 1o  As pessoas portadoras de deficiência, cento e oitenta dias, a contar da regulamen-
os idosos com idade igual ou superior a 60 tação desta Lei, para proceder às adaptações
(sessenta) anos, as gestantes, as lactantes e as necessárias ao acesso facilitado das pessoas
pessoas acompanhadas por crianças de colo portadoras de deficiência.
terão atendimento prioritário, nos termos
desta Lei.1 Art. 6o  A infração ao disposto nesta Lei sujei-
tará os responsáveis:
Art. 2o  As repartições públicas e empresas I – no caso de servidor ou de chefia respon-
concessionárias de serviços públicos estão sável pela repartição pública, às penalidades
obrigadas a dispensar atendimento prioritário, previstas na legislação específica;
por meio de serviços individualizados que asse- II – no caso de empresas concessionárias
gurem tratamento diferenciado e atendimento de serviço público, a multa de R$ 500,00 (qui-
imediato às pessoas a que se refere o art. 1o. nhentos reais) a R$ 2.500,00 (dois mil e qui-
Parágrafo único.  É assegurada, em todas nhentos reais), por veículos sem as condições
as instituições financeiras, a prioridade de previstas nos arts. 3o e 5o;
atendimento às pessoas mencionadas no art. 1o. III – no caso das instituições financeiras, às
penalidades previstas no art. 44, incisos I, II e
Art. 3o  As empresas públicas de transporte e III, da Lei no 4.595, de 31 de dezembro de 1964.
as concessionárias de transporte coletivo reser- Parágrafo único.  As penalidades de que
varão assentos, devidamente identificados, aos trata este artigo serão elevadas ao dobro, em
idosos, gestantes, lactantes, pessoas portadoras caso de reincidência.
de deficiência e pessoas acompanhadas por
crianças de colo. Art. 7o  O Poder Executivo regulamentará esta
Lei no prazo de sessenta dias, contado de sua
Art. 4o  Os logradouros e sanitários públicos, publicação.
bem como os edifícios de uso público, terão
normas de construção, para efeito de licencia- Art. 8o  Esta Lei entra em vigor na data de sua
mento da respectiva edificação, baixadas pela publicação.
autoridade competente, destinadas a facilitar
o acesso e uso desses locais pelas pessoas por- Brasília, 8 de novembro de 2000; 179o da Inde-
tadoras de deficiência. pendência e 112o da República.

Art. 5o  Os veículos de transporte coletivo a se- FERNANDO HENRIQUE CARDOSO –


rem produzidos após doze meses da publicação Alcides Lopes Tápias – Martus Tavares
desta Lei serão planejados de forma a facilitar
Mulher

Promulgada em 8/11/2000 e publicada no DOU de


1
  Lei no 10.741/2003. 9/11/2000.
164
Lei no 9.797/1999
Dispõe sobre a obrigatoriedade da cirurgia plástica reparadora da mama pela rede de unidades
integrantes do Sistema Único de Saúde – SUS nos casos de mutilação decorrentes de tratamento de
câncer.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA para acompanhamento e terá garantida a reali-


zação da cirurgia imediatamente após alcançar
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e as condições clínicas requeridas.
eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 3o  O Poder Executivo regulamentará esta
Art. 1   As mulheres que sofrerem mutilação
o
Lei no prazo de cento e oitenta dias.
total ou parcial de mama, decorrente de utili-
zação de técnica de tratamento de câncer, têm Art. 4o  Esta Lei entra em vigor na data de sua
direito a cirurgia plástica reconstrutiva. publicação.

Art. 2o  Cabe ao Sistema Único de Saúde – SUS, Brasília, 6 de maio de 1999; 178o da Indepen-
por meio de sua rede de unidades públicas ou dência e 111o da República.
conveniadas, prestar serviço de cirurgia plástica
reconstrutiva de mama prevista no art. 1o, utili- FERNANDO HENRIQUE CARDOSO – José
zando-se de todos os meios e técnicas necessárias.1 Serra
§ 1o  Quando existirem condições técnicas,
a reconstrução será efetuada no mesmo tempo Promulgada em 6/5/1999 e publicada no DOU de
cirúrgico. 7/5/1999.
§ 2o  No caso de impossibilidade de recons-
trução imediata, a paciente será encaminhada

Normas correlatas

1
  Lei no 12.802/2013.
165
Lei no 9.504/1997
Estabelece normas para as eleições.

O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA no ��������������������������������������������������������������������������������


exercício do cargo de PRESIDENTE DA RE-
PÚBLICA Art. 16.  Até quarenta e cinco dias antes da data
das eleições, os Tribunais Regionais Eleitorais
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e enviarão ao Tribunal Superior Eleitoral, para fins
eu sanciono a seguinte Lei: de centralização e divulgação de dados, a relação
dos candidatos às eleições majoritárias e pro-
porcionais, da qual constará obrigatoriamente
Disposições Gerais a referência ao sexo e ao cargo a que concorrem.
��������������������������������������������������������������������������������
Art. 1o  As eleições para Presidente e Vice-
-Presidente da República, Governador e Vice- Das Pesquisas e Testes Pré-Eleitorais
-Governador de Estado e do Distrito Federal,
Prefeito e Vice-Prefeito, Senador, Deputado Art. 33.  As entidades e empresas que realiza-
Federal, Deputado Estadual, Deputado Distrital rem pesquisas de opinião pública relativas às
e Vereador dar-se-ão, em todo o País, no pri- eleições ou aos candidatos, para conhecimento
meiro domingo de outubro do ano respectivo. público, são obrigadas, para cada pesquisa, a
Parágrafo único.  Serão realizadas simulta- registrar, junto à Justiça Eleitoral, até cinco dias
neamente as eleições: antes da divulgação, as seguintes informações:2
I – para Presidente e Vice-Presidente da ��������������������������������������������������������������������������������
República, Governador e Vice-Governador de IV – plano amostral e ponderação quanto a
Estado e do Distrito Federal, Senador, Depu- sexo, idade, grau de instrução, nível econômi-
tado Federal, Deputado Estadual e Deputado co e área física de realização do trabalho a ser
Distrital; executado, intervalo de confiança e margem
II – para Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador. de erro;
�������������������������������������������������������������������������������� ��������������������������������������������������������������������������������

Do Registro de Candidatos Disposições Transitórias


��������������������������������������������������������������������������������
Art. 10.  Cada partido poderá registrar candi-
datos para a Câmara dos Deputados, Câmara Art. 80.  Nas eleições a serem realizadas no ano
Legislativa, Assembleias Legislativas e Câmaras de 1998, cada partido ou coligação deverá reser-
Municipais, até cento e cinquenta por cento do var, para candidatos de cada sexo, no mínimo,
número de lugares a preencher.1 vinte e cinco por cento e, no máximo, setenta
�������������������������������������������������������������������������������� e cinco por cento do número de candidaturas
§ 3o  Do número de vagas resultante das que puder registrar.
regras previstas neste artigo, cada partido ou ��������������������������������������������������������������������������������
coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta
por cento) e o máximo de 70% (setenta por Brasília, 30 de setembro de 1997; 176o da Inde-
cento) para candidaturas de cada sexo. pendência e 109o da República.
Mulher

1
  Lei no 12.034/2009. 2
  Lei no 12.891/2013.
166
MARCO ANTONIO DE OLIVEIRA MACIEL Promulgada em 30/9/1997 e publicada no DOU de
– Iris Rezende 1o/10/1997. Anexos não incluídos.

Normas correlatas

167
Lei no 9.434/1997
Dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e
tratamento e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA e registrada por dois médicos não participantes


das equipes de remoção e transplante, mediante
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e a utilização de critérios clínicos e tecnológicos
eu sanciono a seguinte Lei: definidos por resolução do Conselho Federal
de Medicina.
§ 1o  Os prontuários médicos, contendo os
CAPÍTULO I – Das Disposições Gerais resultados ou os laudos dos exames referentes
aos diagnósticos de morte encefálica e cópias
Art. 1o  A disposição gratuita de tecidos, órgãos dos documentos de que tratam os arts. 2o, pará-
e partes do corpo humano, em vida ou post grafo único; 4o e seus parágrafos; 5o; 7o; 9o, §§ 2o,
mortem, para fins de transplante e tratamento, 4o, 6o e 8o; e 10, quando couber, e detalhando
é permitida na forma desta Lei. os atos cirúrgicos relativos aos transplantes
Parágrafo único.  Para os efeitos desta Lei, não e enxertos, serão mantidos nos arquivos das
estão compreendidos entre os tecidos a que se instituições referidas no art. 2o por um período
refere este artigo o sangue, o esperma e o óvulo. mínimo de cinco anos.
§ 2o  Às instituições referidas no art. 2o en-
Art. 2o  A realização de transplante ou enxertos viarão anualmente um relatório contendo os
de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano nomes dos pacientes receptores ao órgão gestor
só poderá ser realizada por estabelecimento estadual do Sistema Único de Saúde.
de saúde, público ou privado, e por equipes § 3o  Será admitida a presença de médico
médico-cirúrgicas de remoção e transplante de confiança da família do falecido no ato da
previamente autorizados pelo órgão de gestão comprovação e atestação da morte encefálica.
nacional do Sistema Único de Saúde.1
Parágrafo único.  A realização de transplan- Art. 4o  A retirada de tecidos, órgãos e partes
tes ou enxertos de tecidos, órgãos e partes do do corpo de pessoas falecidas para transplantes
corpo humano só poderá ser autorizada após a ou outra finalidade terapêutica, dependerá da
realização, no doador, de todos os testes de tria- autorização do cônjuge ou parente, maior de
gem para diagnóstico de infecção e infestação idade, obedecida a linha sucessória, reta ou
exigidos em normas regulamentares expedidas colateral, até o segundo grau inclusive, firmada
pelo Ministério da Saúde. em documento subscrito por duas testemunhas
presentes à verificação da morte.2
Parágrafo único. (Vetado)
CAPÍTULO II – Da Diposição Post Mortem § 1o (Revogado)
de Tecidos, Órgãos e Partes do Corpo § 2o (Revogado)
Humano para Fins de Transplante § 3o (Revogado)
§ 4o (Revogado)
Art. 3o  A retirada post mortem de tecidos, ór- § 5o (Revogado)
gãos ou partes do corpo humano destinados a
transplante ou tratamento deverá ser precedida Art. 5o  A remoção post mortem de tecidos, ór-
Mulher

de diagnóstico de morte encefálica, constatada gãos ou partes do corpo de pessoa juridicamente

168 1
  Lei no 10.211/2001.   Lei no 10.211/2001.
2
incapaz poderá ser feita desde que permitida partes de órgãos, tecidos ou partes do corpo
expressamente por ambos os pais, ou por seus cuja retirada não impeça o organismo do
responsáveis legais. doador de continuar vivendo sem risco para
a sua integridade e não represente grave com-
Art. 6o  É vedada a remoção post mortem de prometimento de suas aptidões vitais e saúde
tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoas mental e não cause mutilação ou deformação
não identificadas. inaceitável, e corresponda a uma necessidade
terapêutica comprovadamente indispensável à
Art. 7o (Vetado) pessoa receptora.
Parágrafo único.  No caso de morte sem § 4o  O doador deverá autorizar, preferen-
assistência médica, de óbito em decorrência de cialmente por escrito e diante de testemunhas,
causa mal definida ou de outras situações nas especificamente o tecido, órgão ou parte do
quais houver indicação de verificação da causa corpo objeto da retirada.
médica da morte, a remoção de tecidos, órgãos § 5o  A doação poderá ser revogada pelo
ou partes de cadáver para fins de transplante ou doador ou pelos responsáveis legais a qualquer
terapêutica somente poderá ser realizada após momento antes de sua concretização.
a autorização do patologista do serviço de veri- § 6o  O indivíduo juridicamente incapaz,
ficação de óbito responsável pela investigação e com compatibilidade imunológica comprovada,
citada em relatório de necrópsia. poderá fazer doação nos casos de transplante de
medula óssea, desde que haja consentimento
Art. 8o  Após a retirada de tecidos, órgãos e de ambos os pais ou seus responsáveis legais e
partes, o cadáver será imediatamente necropsia- autorização judicial e o ato não oferecer risco
do, se verificada a hipótese do parágrafo único para a sua saúde.
do art. 7o, e, em qualquer caso, condignamente § 7o  É vedado à gestante dispor de tecidos,
recomposto para ser entregue, em seguida, aos órgãos ou partes de seu corpo vivo, exceto
parentes do morto ou seus responsáveis legais quando se tratar de doação de tecido para ser
para sepultamento.3 utilizado em transplante de medula óssea e o
ato não oferecer risco à sua saúde ou ao feto.
§ 8o  O autotransplante depende apenas do
CAPÍTULO III – Da Disposição de consentimento do próprio indivíduo, regis-
Tecidos, Órgãos e Partes do Corpo trado em seu prontuário médico ou, se ele for
Humano Vivo para Fins de Transplante ou juridicamente incapaz, de um de seus pais ou
Tratamento responsáveis legais.

Art. 9o  É permitida à pessoa juridicamente Art. 9o-A  É garantido a toda mulher o acesso
capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos a informações sobre as possibilidades e os
e partes do próprio corpo vivo, para fins te- benefícios da doação voluntária de sangue do
rapêuticos ou para transplantes em cônjuge cordão umbilical e placentário durante o perí-
ou parentes consanguíneos até o quarto grau, odo de consultas pré-natais e no momento da
inclusive, na forma do § 4o deste artigo, ou em realização do parto.5
qualquer outra pessoa, mediante autorização
judicial, dispensada esta em relação à medula
óssea.4 CAPÍTULO IV – Das Disposições
§ 1o (Vetado) Complementares
Normas correlatas

§ 2o (Vetado)
§ 3o  Só é permitida a doação referida neste Art. 10.  O transplante ou enxerto só se fará
artigo quando se tratar de órgãos duplos, de com o consentimento expresso do receptor,
assim inscrito em lista única de espera, após
3
  Lei no 10.211/2001.
4
  Lei no 10.211/2001.   Lei no 11.633/2007.
5
169
aconselhamento sobre a excepcionalidade e os ção, captação e distribuição de órgãos da unidade
riscos do procedimento.6 federada onde ocorrer, o diagnóstico de morte
§ 1o  Nos casos em que o receptor seja juri- encefálica feito em pacientes por eles atendidos.7
dicamente incapaz ou cujas condições de saúde Parágrafo único.  Após a notificação prevista
impeçam ou comprometam a manifestação no caput deste artigo, os estabelecimentos de
válida da sua vontade, o consentimento de que saúde não autorizados a retirar tecidos, ór-
trata este artigo será dado por um de seus pais gãos ou partes do corpo humano destinados
ou responsáveis legais. a transplante ou tratamento deverão permitir
§ 2o  A inscrição em lista única de espera não a imediata remoção do paciente ou franquear
confere ao pretenso receptor ou à sua família suas instalações e fornecer o apoio operacional
direito subjetivo a indenização, se o transplante necessário às equipes médico-cirúrgicas de
não se realizar em decorrência de alteração remoção e transplante, hipótese em que serão
do estado de órgãos, tecidos e partes, que lhe ressarcidos na forma da lei.
seriam destinados, provocado por acidente ou
incidente em seu transporte.
Parágrafo único.  Nos casos em que o re- CAPÍTULO V – Das Sanções Penais e
ceptor seja juridicamente incapaz ou cujas Administrativas
condições de saúde impeçam ou comprometam SEÇÃO I – Dos Crimes
a manifestação válida de sua vontade, o consen-
timento de que trata este artigo será dado por Art. 14.  Remover tecidos, órgãos ou partes do
um de seus pais ou responsáveis legais. corpo de pessoa ou cadáver, em desacordo com
as disposições desta Lei:
Art. 11.  É proibida a veiculação, através de Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa,
qualquer meio de comunicação social, de de 100 a 360 dias-multa.
anúncio que configure: § 1o  Se o crime é cometido mediante paga
a)  publicidade de estabelecimentos autori- ou promessa de recompensa ou por outro
zados a realizar transplantes e enxertos, relativa motivo torpe:
a estas atividades; Pena – reclusão, de três a oito anos, e multa,
b)  apelo público no sentido da doação de de 100 a 150 dias-multa.
tecido, órgão ou parte do corpo humano para § 2o  Se o crime é praticado em pessoa viva,
pessoa determinada identificada ou não, ressal- e resulta para o ofendido:
vado o disposto no parágrafo único; I – incapacidade para as ocupações habitu-
c)  apelo público para a arrecadação de ais, por mais de trinta dias;
fundos para o financiamento de transplante ou II – perigo de vida;
enxerto em beneficio de particulares. III – debilidade permanente de membro,
Parágrafo único.  Os órgãos de gestão nacio- sentido ou função;
nal, regional e local do Sistema Único de Saúde IV – aceleração de parto:
realizarão periodicamente, através dos meios Pena – reclusão, de três a dez anos, e multa,
adequados de comunicação social, campa- de 100 a 200 dias-multa
nhas de esclarecimento público dos benefícios § 3o  Se o crime é praticado em pessoa viva
esperados a partir da vigência desta Lei e de e resulta para o ofendido:
estímulo à doação de órgãos. I – incapacidade para o trabalho;
II – enfermidade incurável;
Art. 12. (Vetado) III – perda ou inutilização de membro, sen-
tido ou função;
Art. 13.  É obrigatório, para todos os estabeleci- IV – deformidade permanente;
mentos de saúde notificar, às centrais de notifica- V – aborto:
Mulher

6
  Lei no 10.211/2001.   Lei no 11.521/2007.
7

170
Pena – reclusão, de quatro a doze anos, e de e as equipes médico-cirúrgicas envolvidas
multa, de 150 a 300 dias-multa. poderão ser desautorizadas temporária ou per-
§ 4o  Se o crime é praticado em pessoa viva manentemente pelas autoridades competentes.
e resulta morte: § 1o  Se a instituição é particular, a autorida-
Pena – reclusão, de oito a vinte anos, e multa de competente poderá multá-la em 200 a 360
de 200 a 360 dias-multa. dias-multa e, em caso de reincidência, poderá
ter suas atividades suspensas temporária ou
Art. 15.  Comprar ou vender tecidos, órgãos definitivamente, sem direito a qualquer inde-
ou partes do corpo humano: nização ou compensação por investimentos
Pena – reclusão, de três a oito anos, e multa, realizados.
de 200 a 360 dias-multa. § 2o  Se a instituição é particular, é proibida
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena de estabelecer contratos ou convênios com
quem promove, intermedeia, facilita ou aufere entidades públicas, bem como se beneficiar de
qualquer vantagem com a transação. créditos oriundos de instituições governamen-
tais ou daquelas em que o Estado é acionista,
Art. 16.  Realizar transplante ou enxerto utili- pelo prazo de cinco anos.
zando tecidos, órgãos ou partes do corpo hu-
mano de que se tem ciência terem sido obtidos Art. 22.  As instituições que deixarem de
em desacordo com os dispositivos desta Lei: manter em arquivo relatórios dos transplantes
Pena – reclusão, de um a seis anos, e multa, realizados, conforme o disposto no art. 3o § 1o,
de 150 a 300 dias-multa. ou que não enviarem os relatórios mencionados
no art. 3o, § 2o ao órgão de gestão estadual do
Art. 17.  Recolher, transportar, guardar ou Sistema único de Saúde, estão sujeitas a multa,
distribuir partes do corpo humano de que se de 100 a 200 dias-multa.8
tem ciência terem sido obtidos em desacordo § 1o  Incorre na mesma pena o estabeleci-
com os dispositivos desta Lei: mento de saúde que deixar de fazer as notifi-
Pena – reclusão, de seis meses a dois anos, e cações previstas no art. 13 desta Lei ou proibir,
multa, de 100 a 250 dias-multa. dificultar ou atrasar as hipóteses definidas em
seu parágrafo único.
Art. 18.  Realizar transplante ou enxerto em § 2 o  Em caso de reincidência, além de
desacordo com o disposto no art. 10 desta Lei multa, o órgão de gestão estadual do Sistema
e seu parágrafo único: Único de Saúde poderá determinar a de-
Pena – detenção, de seis meses a dois anos. sautorização temporária ou permanente da
instituição.
Art. 19.  Deixar de recompor cadáver, devol-
vendo-lhe aspecto condigno, para sepultamen- Art. 23.  Sujeita-se às penas do art. 59 da Lei
to ou deixar de entregar ou retardar sua entrega no 4.117, de 27 de agosto de 1962, a empresa de
aos familiares ou interessados: comunicação social que veicular anúncio em
Pena – detenção, de seis meses a dois anos. desacordo com o disposto no art. 11.

Art. 20.  Publicar anúncio ou apelo público em


desacordo com o disposto no art. 11: CAPÍTULO VI – Das Disposições Finais
Pena – multa, de 100 a 200 dias-multa.
Art. 24. (Vetado)
Normas correlatas

SEÇÃO II – Das Sanções Administrativas Art. 25.  Revogam-se as disposições em con-


trário, particularmente a Lei no 8.489, de 18 de
Art. 21.  No caso dos crimes previstos nos
arts. 14, 15, 16 e 17, o estabelecimento de saú-   Lei no 11.521/2007.
8

171
novembro de 1992, e Decreto no 879, de 22 de FERNANDO HENRIQUE CARDOSO –
julho de 1993. Nelson A. Jobim – Carlos César de Albuquerque

Brasília, 4 de fevereiro de 1997; 176o da Inde- Promulgada em 4/2/1997 e publicada no DOU de


pendência e 109o da República. 5/2/1997.
Mulher

172
Lei no 9.278/1996
Regula o § 3o do art. 226 da Constituição Federal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Art. 6o (Vetado)

Faço saber que o Congresso Nacional decreta Art. 7o  Dissolvida a união estável por resci-
e eu sanciono a seguinte Lei: são, a assistência material prevista nesta Lei
será prestada por um dos conviventes ao que
Art. 1o  É reconhecida como entidade fa- dela necessitar, a Título de alimentos.
miliar a convivência duradoura, pública Parágrafo único.  Dissolvida a união es-
e contínua, de um homem e uma mulher, tável por morte de um dos conviventes, o
estabelecida com objetivo de constituição sobrevivente terá direito real de habitação,
de família. enquanto viver ou não constituir nova união
ou casamento, relativamente ao imóvel des-
Art. 2 o  São direitos e deveres iguais dos tinado à residência da família.
conviventes:
I – respeito e consideração mútuos; Art. 8o  Os conviventes poderão, de comum
II – assistência moral e material recíproca; acordo e a qualquer tempo, requerer a con-
III – guarda, sustento e educação dos filhos versão da união estável em casamento, por
comuns. requerimento ao Oficial do Registro Civil da
Circunscrição de seu domicílio.
Art. 3o (Vetado)
Art. 9 o  Toda a matéria relativa à união
Art. 4o (Vetado) estável é de competência do juízo da Vara
de Família, assegurado o segredo de justiça.
Art. 5o  Os bens móveis e imóveis adquiri-
dos por um ou por ambos os conviventes, Art. 10.  Esta Lei entra em vigor na data de
na constância da união estável e a Título sua publicação.
oneroso, são considerados fruto do traba-
lho e da colaboração comum, passando a Art. 11.  Revogam-se as disposições em
pertencer a ambos, em condomínio e em contrário.
partes iguais, salvo estipulação contrária em
contrato escrito. Brasília, 10 de maio de 1996; 175o da Inde-
§ 1 o  Cessa a presunção do caput deste pendência e 108o da República.
artigo se a aquisição patrimonial ocorrer com
o produto de bens adquiridos anteriormente FERNANDO HENRIQUE CARDOSO –
ao início da união. Milton Seligman
§ 2o  A administração do patrimônio co-
mum dos conviventes compete a ambos, salvo Promulgada em 10/5/1996 e publicada no DOU
estipulação contrária em contrato escrito. de 13/5/1996.
Normas correlatas

173
Lei no 9.263/1996
Regula o § 7o do art. 226 da Constituição Federal, que trata do planejamento familiar, estabelece
penalidades e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Art. 4o  O planejamento familiar orienta-se por


ações preventivas e educativas e pela garantia
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e de acesso igualitário a informações, meios,
eu sanciono a seguinte Lei: métodos e técnicas disponíveis para a regulação
da fecundidade.
Parágrafo único.  O Sistema Único de Saúde
CAPÍTULO I – Do Planejamento Familiar promoverá o treinamento de recursos humanos,
com ênfase na capacitação do pessoal técnico,
Art. 1o  O planejamento familiar é direito de visando a promoção de ações de atendimento
todo cidadão, observado o disposto nesta Lei. à saúde reprodutiva.

Art. 2o  Para fins desta Lei, entende-se plane- Art. 5o  É dever do Estado, através do Sistema
jamento familiar como o conjunto de ações de Único de Saúde, em associação, no que couber, às
regulação da fecundidade que garanta direitos instâncias componentes do sistema educacional,
iguais de constituição, limitação ou aumento da promover condições e recursos informativos,
prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal. educacionais, técnicos e científicos que assegu-
Parágrafo único.  É proibida a utilização das rem o livre exercício do planejamento familiar.
ações a que se refere o caput para qualquer tipo
de controle demográfico. Art. 6o  As ações de planejamento familiar
serão exercidas pelas instituições públicas e pri-
Art. 3o  O planejamento familiar é parte in- vadas, filantrópicas ou não, nos termos desta Lei
tegrante do conjunto de ações de atenção à e das normas de funcionamento e mecanismos
mulher, ao homem ou ao casal, dentro de uma de fiscalização estabelecidos pelas instâncias
visão de atendimento global e integral à saúde.1 gestoras do Sistema Único de Saúde.
Parágrafo único.  As instâncias gestoras do Parágrafo único.  Compete à direção nacional
Sistema Único de Saúde, em todos os seus ní- do Sistema Único de Saúde definir as normas
veis, na prestação das ações previstas no caput, gerais de planejamento familiar.
obrigam-se a garantir, em toda a sua rede de
serviços, no que respeita a atenção à mulher, ao Art. 7o  É permitida a participação direta ou
homem ou ao casal, programa de atenção inte- indireta de empresas ou capitais estrangeiros
gral à saúde, em todos os seus ciclos vitais, que nas ações e pesquisas de planejamento familiar,
inclua, como atividades básicas, entre outras: desde que autorizada, fiscalizada e controlada
I – a assistência à concepção e contracepção; pelo órgão de direção nacional do Sistema
II – o atendimento pré-natal; Único de Saúde.
III – a assistência ao parto, ao puerpério e
ao neonato; Art. 8o  A realização de experiências com seres
IV – o controle das doenças sexualmente humanos no campo da regulação da fecundi-
transmissíveis; dade somente será permitida se previamente
V – o controle e a prevenção dos cânceres cér- autorizada, fiscalizada e controlada pela direção
Mulher

vico-uterino, de mama, de próstata e de pênis. nacional do Sistema Único de Saúde e atendi-


dos os critérios estabelecidos pela Organização
174 1
  Lei no 13.045/2014. Mundial de Saúde.
Art. 9o  Para o exercício do direito ao plane- Art. 18.  Exigir atestado de esterilização para
jamento familiar, serão oferecidos todos os qualquer fim.
métodos e técnicas de concepção e contracepção Pena – reclusão, de um a dois anos, e multa.
cientificamente aceitos e que não coloquem em
risco a vida e a saúde das pessoas, garantida a Art. 19.  Aplica-se aos gestores e responsáveis
liberdade de opção. por instituições que permitam a prática de
Parágrafo único.  A prescrição a que se refere qualquer dos atos ilícitos previstos nesta Lei
o caput só poderá ocorrer mediante avaliação o disposto no caput e nos §§ 1o e 2o do art. 29
e acompanhamento clínico e com informação do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
sobre os seus riscos, vantagens, desvantagens 1940 – Código Penal.
e eficácia.
Art. 20.  As instituições a que se refere o artigo
Art. 10. (Vetado) anterior sofrerão as seguintes sanções, sem
prejuízo das aplicáveis aos agentes do ilícito,
Art. 11. (Vetado) aos coautores ou aos partícipes:
I – se particular a instituição:
Art. 12.  É vedada a indução ou instigamento a)  de duzentos a trezentos e sessenta dias-
individual ou coletivo à prática da esterilização -multa e, se reincidente, suspensão das ativi-
cirúrgica. dades ou descredenciamento, sem direito a
qualquer indenização ou cobertura de gastos
Art. 13.  É vedada a exigência de atestado ou investimentos efetuados;
de esterilização ou de teste de gravidez para b)  proibição de estabelecer contratos ou
quaisquer fins. convênios com entidades públicas e de se be-
neficiar de créditos oriundos de instituições
Art. 14.  Cabe à instância gestora do Sistema governamentais ou daquelas em que o Estado
Único de Saúde, guardado o seu nível de compe- é acionista;
tência e atribuições, cadastrar, fiscalizar e contro- II – se pública a instituição, afastamento tem-
lar as instituições e serviços que realizam ações porário ou definitivo dos agentes do ilícito, dos
e pesquisas na área do planejamento familiar. gestores e responsáveis dos cargos ou funções
Parágrafo único. (Vetado) ocupados, sem prejuízo de outras penalidades.

Art. 21.  Os agentes do ilícito e, se for o caso, as


CAPÍTULO II – Dos Crimes e das instituições a que pertençam ficam obrigados a
Penalidades reparar os danos morais e materiais decorrentes
de esterilização não autorizada na forma desta
Art. 15. (Vetado) Lei, observados, nesse caso, o disposto nos
arts. 159, 1.518 e 1.521 e seu parágrafo único
Art. 16.  Deixar o médico de notificar à au- do Código Civil, combinados com o art. 63 do
toridade sanitária as esterilizações cirúrgicas Código de Processo Penal.
que realizar.
Pena – detenção, de seis meses a dois anos,
e multa. CAPÍTULO III – Das Disposições Finais

Art. 17.  Induzir ou instigar dolosamente a Art. 22.  Aplica-se subsidiariamente a esta Lei


Normas correlatas

prática de esterilização cirúrgica. o disposto no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de de-


Pena – reclusão, de um a dois anos. zembro de 1940 – Código Penal, e, em especial,
Parágrafo único.  Se o crime for cometido nos seus arts. 29, caput, e §§ 1o e 2o; 43, caput e
contra a coletividade, caracteriza-se como ge- incisos I, II e III; 44, caput e incisos I e II e III
nocídio, aplicando-se o disposto na Lei no 2.889, e parágrafo único; 45, caput e incisos I e II; 46,
de 1o de outubro de 1956. caput e parágrafo único; 47, caput e incisos I, II e 175
III; 48, caput e parágrafo único; 49, caput e §§ 1o Art. 25.  Revogam-se as disposições em con-
e 2o; 50, caput, § 1o e alíneas e § 2o; 51, caput e trário.
§§ 1o e 2o; 52; 56; 129, caput e § 1o, incisos I, II
e III, § 2o, incisos I, III e IV e § 3o. Brasília, 12 de janeiro de 1996; 175o da Inde-
pendência e 108o da República.
Art. 23.  O Poder Executivo regulamentará
esta Lei no prazo de noventa dias, a contar da FERNANDO HENRIQUE CARDOSO – Adib
data de sua publicação. Jatene

Art. 24.  Esta Lei entra em vigor na data de Promulgada em 12/1/1996 e publicada no DOU de
sua publicação. 15/1/1996.
Mulher

176
Lei no 9.096/1995
Dispõe sobre partidos políticos, regulamenta os arts. 17 e 14, § 3o, inciso V, da Constituição Federal.

O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA equivalente a 5 (cinco) vezes ao da inserção


no exercício do cargo de PRESIDENTE DA ilícita, no semestre seguinte.
REPÚBLICA ������������������������������������������������������������������������������

Faço saber que o Congresso Nacional decreta Art. 61.  O Tribunal Superior Eleitoral expe-
e eu sanciono a seguinte Lei: dirá instruções para a fiel execução desta Lei.
������������������������������������������������������������������������������
Art. 62.  Esta Lei entra em vigor na data de
TÍTULO IV – Do Acesso Gratuito ao Rádio sua publicação.
e à Televisão
Art. 63.  Ficam revogadas a Lei no 5.682, de
Art. 45.  A propaganda partidária gratuita, 21 de julho de 1971, e respectivas alterações;
gravada ou ao vivo, efetuada mediante trans- a Lei no 6.341, de 5 de julho de 1976; a Lei no
missão por rádio e televisão será realizada entre 6.817, de 5 de setembro de 1980; a Lei no 6.957,
as dezenove horas e trinta minutos e as vinte e de 23 de novembro de 1981; o art. 16 da Lei no
duas horas para, com exclusividade:1 6.996, de 7 de junho de 1982; a Lei no 7.307,
������������������������������������������������������������������������������ de 9 de abril de 1985, e a Lei no 7.514, de 9 de
IV – promover e difundir a participação julho de 1986.
política feminina, dedicando às mulheres o ������������������������������������������������������������������������������
tempo que será fixado pelo órgão nacional de
direção partidária, observado o mínimo de Brasília, 19 de setembro de 1995; 174o da In-
10% (dez por cento). dependência e 107o da República.
������������������������������������������������������������������������������
§ 2o  O partido que contrariar o disposto MARCO ANTONIO DE OLIVEIRA MACIEL
neste artigo será punido: – Nelson A. Jobim
I – quando a infração ocorrer nas transmis-
sões em bloco, com a cassação do direito de Promulgada em 19/9/1995 e publicada no DOU de
transmissão no semestre seguinte; 20/9/1995.
II – quando a infração ocorrer nas transmis-
sões em inserções, com a cassação de tempo Normas correlatas

1
  Lei no 12.034/2009.
177
Lei no 9.029/1995
Proíbe a exigência de atestados de gravidez e esterilização, e outras práticas discriminatórias, para
efeitos admissionais ou de permanência da relação jurídica de trabalho, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Art. 3o  Sem prejuízo do prescrito no art. 2o e


nos dispositivos legais que tipificam os crimes
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e resultantes de preconceito de etnia, raça ou cor,
eu sanciono a seguinte lei: as infrações do disposto nesta Lei são passíveis
das seguintes cominações:1
Art. 1o  Fica proibida a adoção de qualquer I – multa administrativa de dez vezes o
prática discriminatória e limitativa para efeito valor do maior salário pago pelo empregador,
de acesso a relação de emprego, ou sua manu- elevado em cinquenta por cento em caso de
tenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, reincidência;
estado civil, situação familiar ou idade, ressal- II – proibição de obter empréstimo ou finan-
vadas, neste caso, as hipóteses de proteção ao ciamento junto a instituições financeiras oficiais.
menor previstas no inciso XXXIII do art. 7o da
Constituição Federal. Art. 4o  O rompimento da relação de trabalho
por ato discriminatório, nos moldes desta Lei,
Art. 2o  Constituem crime as seguintes práticas além do direito à reparação pelo dano moral,
discriminatórias: faculta ao empregado optar entre:2
I – a exigência de teste, exame, perícia, laudo, I – a readmissão com ressarcimento integral
atestado, declaração ou qualquer outro proce- de todo o período de afastamento, mediante pa-
dimento relativo à esterilização ou a estado de gamento das remunerações devidas, corrigidas
gravidez; monetariamente, acrescidas dos juros legais;
II – a adoção de quaisquer medidas, de ini- II – a percepção, em dobro, da remuneração
ciativa do empregador, que configurem; do período de afastamento, corrigida moneta-
a)  indução ou instigamento à esterilização riamente e acrescida dos juros legais.
genética;
b)  promoção do controle de natalidade, as- Art. 5o  Esta Lei entra em vigor na data de sua
sim não considerado o oferecimento de serviços publicação.
e de aconselhamento ou planejamento familiar,
realizados através de instituições públicas ou Art. 6o  Revogam-se as disposições em con-
privadas, submetidas às normas do Sistema trário.
Único de Saúde (SUS).
Pena: detenção de um a dois anos e multa. Brasília, 13 de abril de 1995; 174o da Indepen-
Parágrafo único.  São sujeitos ativos dos dência e 107o da República.
crimes a que se refere este artigo:
I – a pessoa física empregadora; FERNANDO HENRIQUE CARDOSO – Paulo
II – o representante legal do empregador, Paiva
como definido na legislação trabalhista;
III – o dirigente, direto ou por delegação, Promulgada em 13/4/1995 e publicada no DOU de
de órgãos públicos e entidades das administra- 17/4/1995.
ções públicas direta, indireta e fundacional de
Mulher

qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do   Lei no 12.288/2010.


1

Distrito Federal e dos Municípios.   Lei no 12.288/2010.


2

178
Lei no 8.978/1995
Dispõe sobre a construção de creches e estabelecimentos de pré-escola.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Art. 3o  Revogam-se as disposições em con-


trário.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta
e eu sanciono a seguinte Lei: Brasília, 9 de janeiro de 1995; 174o da Indepen-
dência e 107o da República
Art. 1o  Os conjuntos residenciais financiados
pelo Sistema Financeiro de Habitação deverão, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO – Paulo
prioritariamente, contemplar a construção de Renato Souza – José Serra
creches e pré-escolas.
Promulgada em 9/1/1995 e publicada no DOU de
Art. 2o  Esta Lei entra em vigor na data de sua 10/1/1995.
publicação.

Normas correlatas

179
Lei no 8.971/1994
Regula o direito dos companheiros a alimentos e à sucessão.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA ao usufruto da metade dos bens do de cujus,


se não houver filhos, embora sobrevivam
Faço saber que o Congresso Nacional decreta ascendentes;
e eu sanciono a seguinte lei: III – na falta de descendentes e de ascen-
dentes, o(a) companheiro(a) sobrevivente terá
Art. 1o  A companheira comprovada de um direito à totalidade da herança.
homem solteiro, separado judicialmente, di-
vorciado ou viúvo, que com ele viva há mais de Art. 3o  Quando os bens deixados pelo(a)
cinco anos, ou dele tenha prole, poderá valer-se autor(a) da herança resultarem de atividade
do disposto na Lei no 5.478, de 25 de julho de em que haja colaboração do(a) companheiro,
1968, enquanto não constituir nova união e terá o sobrevivente direito à metade dos bens.
desde que prove a necessidade.
Parágrafo único.  Igual direito e nas mesmas Art. 4o  Esta Lei entra em vigor na data de sua
condições é reconhecido ao companheiro de publicação.
mulher solteira, separada judicialmente, di-
vorciada ou viúva. Art. 5o  Revogam-se as disposições em con-
trário.
Art. 2o  As pessoas referidas no artigo anterior
participarão da sucessão do(a) companheiro(a) Brasília, 29 de dezembro de 1994; 173o da
nas seguintes condições: Independência e 106o da República.
I – o(a) companheiro(a) sobrevivente terá
direito enquanto não constituir nova união, ao ITAMAR FRANCO – Alexandre de Paula
usufruto de quarta parte dos bens do de cujus, Dupeyrat Martins
se houver filhos deste ou comuns;
II – o(a) companheiro(a) sobrevivente terá Promulgada em 29/12/1994 e publicada no DOU
direito, enquanto não constituir nova união, de 30/12/1994.
Mulher

180
Lei no 8.742/1993
Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA descentralizado e participativo, denominado


Sistema Único de Assistência Social (Suas), com
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e os seguintes objetivos:2
eu sanciono a seguinte lei: ��������������������������������������������������������������������������������
§ 1o  As ações ofertadas no âmbito do Suas
têm por objetivo a proteção à família, à mater-
LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA nidade, à infância, à adolescência e à velhice e,
SOCIAL como base de organização, o território.
��������������������������������������������������������������������������������

CAPÍTULO I – Das Definições e dos CAPÍTULO IV – Dos Benefícios, dos


Objetivos Serviços, dos Programas e dos Projetos de
Assistência Social
Art. 1o  A assistência social, direito do cidadão e ��������������������������������������������������������������������������������
dever do Estado, é Política de Seguridade Social
não contributiva, que provê os mínimos sociais, SEÇÃO II – Dos Benefícios Eventuais
realizada através de um conjunto integrado de
ações de iniciativa pública e da sociedade, para Art. 22.  Entendem-se por benefícios eventuais
garantir o atendimento às necessidades básicas. as provisões suplementares e provisórias que
integram organicamente as garantias do Suas
Art. 2o  A assistência social tem por objetivos:1 e são prestadas aos cidadãos e às famílias em
I – a proteção social, que visa à garantia da virtude de nascimento, morte, situações de
vida, à redução de danos e à prevenção da inci- vulnerabilidade temporária e de calamidade
dência de riscos, especialmente: pública.3
a)  a proteção à família, à maternidade, à ��������������������������������������������������������������������������������
infância, à adolescência e à velhice;
b)  o amparo às crianças e aos adolescentes SEÇÃO IV – Dos Programas de Assistência
carentes; Social
c)  a promoção da integração ao mercado ��������������������������������������������������������������������������������
de trabalho;
d)  a habilitação e reabilitação das pessoas Art. 24-C.  Fica instituído o Programa de Er-
com deficiência e a promoção de sua integração radicação do Trabalho Infantil (Peti), de caráter
à vida comunitária; e intersetorial, integrante da Política Nacional
�������������������������������������������������������������������������������� de Assistência Social, que, no âmbito do Suas,
compreende transferências de renda, trabalho
CAPÍTULO III – Da Organização e da social com famílias e oferta de serviços socio-
Gestão educativos para crianças e adolescentes que se
Normas correlatas

�������������������������������������������������������������������������������� encontrem em situação de trabalho.4


��������������������������������������������������������������������������������
Art. 6o  A gestão das ações na área de assistência
social fica organizada sob a forma de sistema 2
  Lei no 12.435/2011.
3
  Lei no 12.435/2011.
1
  Lei no 12.435/2011. 4
  Lei no 12.435/2011. 181
SEÇÃO V – Dos Projetos de Enfrentamento Art. 40-A.  Os benefícios monetários decor-
da Pobreza rentes do disposto nos arts. 22, 24-C e 25 desta
Lei serão pagos preferencialmente à mulher res-
Art. 25.  Os projetos de enfrentamento da ponsável pela unidade familiar, quando cabível.5
pobreza compreendem a instituição de in-
vestimento econômico-social nos grupos Art. 41.  Esta Lei entra em vigor na data da sua
populares, buscando subsidiar, financeira e publicação.
tecnicamente, iniciativas que lhes garantam
meios, capacidade produtiva e de gestão para Art. 42.  Revogam-se as disposições em con-
melhoria das condições gerais de subsistência, trário.
elevação do padrão da qualidade de vida, a
preservação do meio ambiente e sua organi- Brasília, 7 de dezembro de 1993, 172o da Inde-
zação social. pendência e 105o da República.
��������������������������������������������������������������������������������
ITAMAR FRANCO – Jutahy Magalhães Júnior
CAPÍTULO VI – Das Disposições Gerais e
Transitórias Promulgada em 7/12/1993 e publicada no DOU de
�������������������������������������������������������������������������������� 8/12/1993.
Mulher

  Lei no 13.014/2014.
5

182
Lei no 8.629/1993
Dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, previstos
no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA IV – aos que trabalham como posseiros,


assalariados, parceiros ou arrendatários, em
Faço saber que o Congresso Nacional decreta outros imóveis;
e eu sanciono a seguinte Lei: V – aos agricultores cujas propriedades não
alcancem a dimensão da propriedade familiar;
Art. 1o  Esta Lei regulamenta e disciplina dis- VI – aos agricultores cujas propriedades
posições relativas à reforma agrária, previstas sejam, comprovadamente, insuficientes para o
no Capítulo III, Título VII, da Constituição sustento próprio e o de sua família.
Federal. Parágrafo único.  Na ordem de preferência
������������������������������������������������������������������������������� de que trata este artigo, terão prioridade os
chefes de família numerosa, cujos membros se
Art. 19.  O título de domínio, a concessão de proponham a exercer a atividade agrícola na
uso e a CDRU serão conferidos ao homem ou área a ser distribuída.
à mulher, ou a ambos, independentemente �������������������������������������������������������������������������������
de estado civil, observada a seguinte ordem
preferencial:1 Art. 27.  Esta Lei entra em vigor na data de
I – ao desapropriado, ficando-lhe assegurada sua publicação.
a preferência para a parcela na qual se situe a
sede do imóvel; Art. 28.  Revogam-se as disposições em con-
II – aos que trabalham no imóvel desapro- trário.
priado como posseiros, assalariados, parceiros
ou arrendatários; Brasília, 25 de fevereiro de 1993, 172o da Inde-
III – aos ex-proprietários de terra cuja pro- pendência e 105o da República.
priedade de área total compreendida entre um e
quatro módulos fiscais tenha sido alienada para ITAMAR FRANCO – Lázaro Ferreira Barbosa
pagamento de débitos originados de operações
de crédito rural ou perdida na condição de Promulgada em 25/2/1993 e publicada no DOU de
garantia de débitos da mesma origem; 26/2/1993.
Normas correlatas

1
  Leis nos 13.001/2014 e 10.729/2001.
183
Lei no 8.560/1992
Regula a investigação de paternidade dos filhos havidos fora do casamento e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA representante do Ministério Público para que


intente, havendo elementos suficientes, a ação
Faço saber que o Congresso Nacional decreta de investigação de paternidade.
e eu sanciono a seguinte Lei: § 5o  Nas hipóteses previstas no §  4o deste
artigo, é dispensável o ajuizamento de ação de
Art. 1o  O reconhecimento dos filhos havidos investigação de paternidade pelo Ministério
fora do casamento é irrevogável e será feito: Público se, após o não comparecimento ou a
I – no registro de nascimento; recusa do suposto pai em assumir a paternidade
II – por escritura pública ou escrito particu- a ele atribuída, a criança for encaminhada para
lar, a ser arquivado em cartório; adoção.
III – por testamento, ainda que incidental- § 6o  A iniciativa conferida ao Ministério
mente manifestado; Público não impede a quem tenha legítimo in-
IV – por manifestação expressa e direta teresse de intentar investigação, visando a obter
perante o juiz, ainda que o reconhecimento o pretendido reconhecimento da paternidade.
não haja sido o objeto único e principal do ato
que o contém. Art. 2o-A.  Na ação de investigação de pater-
nidade, todos os meios legais, bem como os
Art. 2o  Em registro de nascimento de menor moralmente legítimos, serão hábeis para provar
apenas com a maternidade estabelecida, o a verdade dos fatos.2
oficial remeterá ao juiz certidão integral do Parágrafo único.  A recusa do réu em se
registro e o nome e prenome, profissão, iden- submeter ao exame de código genético – DNA
tidade e residência do suposto pai, a fim de gerará a presunção da paternidade, a ser apre-
ser averiguada oficiosamente a procedência ciada em conjunto com o contexto probatório.
da alegação.1
§ 1o  O juiz, sempre que possível, ouvirá a Art. 3o  É vedado legitimar e reconhecer filho
mãe sobre a paternidade alegada e mandará, em na ata do casamento.
qualquer caso, notificar o suposto pai, indepen- Parágrafo único.  É ressalvado o direito de
dente de seu estado civil, para que se manifeste averbar alteração do patronímico materno,
sobre a paternidade que lhe é atribuída. em decorrência do casamento, no termo de
§ 2o  O juiz, quando entender necessário, nascimento do filho.
determinará que a diligência seja realizada em
segredo de justiça. Art. 4o  O filho maior não pode ser reconheci-
§ 3 o  No caso do suposto pai confirmar do sem o seu consentimento.
expressamente a paternidade, será lavrado
termo de reconhecimento e remetida certidão Art. 5o  No registro de nascimento não se fará
ao oficial do registro, para a devida averbação. qualquer referência à natureza da filiação, à sua
§ 4o  Se o suposto pai não atender no prazo ordem em relação a outros irmãos do mesmo
de trinta dias, a notificação judicial, ou negar a prenome, exceto gêmeos, ao lugar e cartório
alegada paternidade, o juiz remeterá os autos ao do casamento dos pais e ao estado civil destes.
Mulher

1
  Lei no 12.010/2009.   Lei no 12.004/2009.
2

184
Art. 6 o  Das certidões de nascimento não Art. 8o  Os registros de nascimento, anteriores à
constarão indícios de a concepção haver sido data da presente lei, poderão ser retificados por
decorrente de relação extraconjugal. decisão judicial, ouvido o Ministério Público.
§ 1o  Não deverá constar, em qualquer caso, o
estado civil dos pais e a natureza da filiação, bem Art. 9o  Esta Lei entra em vigor na data de sua
como o lugar e cartório do casamento, proibida publicação.
referência à presente lei.
§ 2o  São ressalvadas autorizações ou re- Art. 10.  São revogados os arts. 332, 337 e 347 do
quisições judiciais de certidões de inteiro teor, Código Civil e demais disposições em contrário.
mediante decisão fundamentada, assegurados
os direitos, as garantias e interesses relevantes Brasília, 29 de dezembro de 1992; 171o da Inde-
do registrado. pendência e 104o da República.

Art. 7o  Sempre que na sentença de primeiro ITAMAR FRANCO – Maurício Corrêa


grau se reconhecer a paternidade, nela se fixa-
rão os alimentos provisionais ou definitivos do Promulgada em 29/12/1992 e publicada no DOU de
reconhecido que deles necessite. 30/12/1992.

Normas correlatas

185
Lei no 8.080/1990
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA e à coletividade condições de bem-estar físico,


mental e social.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta
e eu sanciono a seguinte Lei:
TÍTULO II – Do Sistema Único de Saúde
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
Art. 4o  O conjunto de ações e serviços de saú-
Art. 1   Esta Lei regula, em todo o território
o
de, prestados por órgãos e instituições públicas
nacional, as ações e serviços de saúde, execu- federais, estaduais e municipais, da Administra-
tados isolada ou conjuntamente, em caráter ção direta e indireta e das fundações mantidas
permanente ou eventual, por pessoas naturais pelo Poder Público, constitui o Sistema Único
ou jurídicas de direito Público ou privado. de Saúde – SUS.
�������������������������������������������������������������������������������

TÍTULO I – Das Disposições Gerais CAPÍTULO VII – Do Subsistema de


Acompanhamento durante o Trabalho de
Art. 2o  A saúde é um direito fundamental do Parto, Parto e Pós-Parto Imediato2
ser humano, devendo o Estado prover as con-
dições indispensáveis ao seu pleno exercício. Art. 19-J.  Os serviços de saúde do Sistema
§ 1o  O dever do Estado de garantir a saúde Único de Saúde – SUS, da rede própria ou con-
consiste na formulação e execução de políticas veniada, ficam obrigados a permitir a presença,
econômicas e sociais que visem à redução de junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante
riscos de doenças e de outros agravos e no esta- durante todo o período de trabalho de parto,
belecimento de condições que assegurem aces- parto e pós-parto imediato.3
so universal e igualitário às ações e aos serviços § 1o  O acompanhante de que trata o caput
para a sua promoção, proteção e recuperação. deste artigo será indicado pela parturiente.
§ 2o  O dever do Estado não exclui o das pes- § 2o  As ações destinadas a viabilizar o pleno
soas, da família, das empresas e da sociedade. exercício dos direitos de que trata este artigo
constarão do regulamento da lei, a ser elabora-
Art. 3o  Os níveis de saúde expressam a organi- do pelo órgão competente do Poder Executivo.
zação social e econômica do País, tendo a saúde § 3 o  Ficam os hospitais de todo o País
como determinantes e condicionantes, entre obrigados a manter, em local visível de suas
outros, a alimentação, a moradia, o saneamento dependências, aviso informando sobre o direito
básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, estabelecido no caput deste artigo.
a educação, a atividade física, o transporte, o �������������������������������������������������������������������������������
lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais.1
Parágrafo único.  Dizem respeito também Art. 54.  Esta Lei entra em vigor na data de
à saúde as ações que, por força do disposto no sua publicação.
Mulher

artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas


2
  Lei no 11.108/2005.
186 1
  Lei n  12.864/2013.
o 3
  Lei no 12.895/2013.
Art. 55.  São revogadas a Lei no 2.312, de 3 de FERNANDO COLLOR – Alceni Guerra
setembro de 1954, a Lei no 6.229, de 17 de julho
de 1975, e demais disposições em contrário. Promulgada em 19/9/1990 e publicada no DOU de
20/9/1990.
Brasília, 19 de setembro de 1990; 169o da Inde-
pendência e 102o da República.

Normas correlatas

187
Lei no 8.028/1990
Dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA a)  o Conselho de Defesa dos Direitos da


Pessoa Humana;
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e ��������������������������������������������������������������������������������
eu sanciono a seguinte lei: f)  o Conselho Nacional dos Direitos da
Mulher;
��������������������������������������������������������������������������������
CAPÍTULO I – Da Presidência da República
SEÇÃO I – Da Estrutura Art. 59.  Esta Lei entra em vigor na data de sua
publicação.
Art. 1o  A Presidência da República, é constitu-
ída, essencialmente, pela Secretaria de Governo, Art. 60.  Revogam-se o art. 2o da Lei no 7.353,
pela Secretaria-Geral, pelo Gabinete Militar e pelo de 29 de agosto de 1985, o art. 1o da Lei no 7.536,
Gabinete Pessoal do Presidente da República.1 de 15 de setembro de 1986, o art.  7o da Lei
�������������������������������������������������������������������������������� no 6.938, de 31 de agosto de 1981, com a redação
dada pelo inciso IV do art. 1o da Lei no 7.804,
CAPÍTULO II – Dos Ministérios de 18 de julho de 1989, o art. 11 da Lei no 7.853,
�������������������������������������������������������������������������������� de 24 de outubro de 1989, e demais disposições
em contrário.
SEÇÃO II – Dos Ministérios Civis
�������������������������������������������������������������������������������� Brasília, 12 de abril de 1990; 169o da Indepen-
dência e 102o da República.
SUBSEÇÃO IV – Dos Órgãos Específicos
FERNANDO COLLOR – Bernardo Cabral
Art. 23.  São órgãos específicos dos Ministérios
Civis: Promulgada em 12/4/1990 e publicada no DOU de
I – no Ministério da Justiça: 13/4/1990.
Mulher

1
  Lei no 8.410/1992.
188
Lei no 7.353/1985
Cria o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher – CNDM e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA os direitos da mulher, assim como a eliminar a


legislação de conteúdo discriminatório;
Faço saber que a Congresso Nacional decreta e)  fiscalizar e exigir o cumprimento da
e eu sanciono a seguinte Lei: legislação que assegura os direitos da mulher;
f)  promover intercâmbio e firmar convê-
Art. 1o  Fica criado o Conselho Nacional dos nios com organismos nacionais e estrangeiros,
Direitos da Mulher – CNDM, com a finalidade públicos ou particulares, com o objetivo de im-
de promover em âmbito nacional, políticas que plementar políticas e programas do Conselho;
visem a eliminar a discriminação da mulher, g)  receber e examinar denúncias relativas
assegurando-lhe condições de liberdade e de à discriminação da mulher e encaminhá-las
igualdade de direitos, bem como sua plena par- aos órgãos competentes, exigindo providências
ticipação nas atividades políticas, econômicas efetivas;
e culturais do País. h)  manter canais permanentes de relação
com o movimento de mulheres, apoiando o
Art. 2o (Revogado)1 desenvolvimento das atividades dos grupos
autônomos, sem interferir no conteúdo e
Art. 3o  O Conselho Nacional dos Direitos da orientação de suas atividades;
Mulher compor-se-á de: i)  desenvolver programas e projetos em
a)  Conselho Deliberativo; diferentes áreas de atuação, no sentido de
b)  Assessoria Técnica; eliminar a discriminação, incentivando a par-
c)  Secretaria Executiva. ticipação social e política da mulher.

Art. 4o  Compete ao Conselho Nacional dos Art. 5o  O Presidente do CNDM será desig-
Direitos da Mulher: nado pelo Presidente da República dentre os
a)  formular diretrizes e promover políticas membros do Conselho Deliberativo.
em todos os níveis da administração pública
direta e indireta, visando à eliminação das Art. 6o  O Conselho Deliberativo será com-
discriminações que atingem a mulher; posto por 17 (dezessete) integrantes e 3 (três)
b)  prestar assessoria ao Poder Executivo, suplentes, escolhidos entre pessoas que te-
emitindo pareceres e acompanhando a elabo- nham contribuído, de forma significativa, em
ração e execução de programas de Governo prol dos direitos da mulher e designados pelo
no âmbito federal, estadual e municipal, nas Presidente da República, para mandato de 4
questões que atingem a mulher, com vistas à (quatro) anos, sendo presidido pelo Presidente
defesa de suas necessidades e de seus direitos; do CNDM.
c)  estimular, apoiar e desenvolver o estudo e Parágrafo único.  1/3 (um terço) dos mem-
o debate da condição da mulher brasileira, bem bros do Conselho Deliberativo será escolhido
como propor medidas de Governo, objetivando dentre pessoas indicadas por movimentos de
Normas correlatas

eliminar todas as formas de discriminação mulheres constantes de listas tríplices.


identificadas;
d)  sugerir ao Presidente da República a ela- Art. 7o  O CNDM contará com pessoal pró-
boração de projetos de lei que visem a assegurar prio, constante da Tabela de Empregos criada
nos termos da legislação em vigor e regido pela
1
  Lei no 8.028/1990. Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada 189
pelo Decreto-Lei no  5.452, de 1o de maio de Art. 10.  Os membros do primeiro Conselho
1943. Deliberativo serão nomeados pelo Presidente da
Parágrafo único.  O CNDM poderá requisitar República, por sua livre escolha, sendo 9 (nove)
servidores de órgãos e entidades da administra- Conselheiros para mandato de 4 (quatro) anos e
ção direta e indireta, sem perda de sua remune- 8 (oito) para mandato de 2 (dois) anos.
ração a demais direitos e vantagens. Parágrafo único.  O Presidente será escolhi-
do dentre os Conselheiros com mandato de 4
Art. 8o  Fica instituído o Fundo Especial dos (quatro) anos.
Direitos da Mulher, destinado a gerir recursos
e financiar as atividades do CNDM. Art. 11.  A estruturação, competência e
§ 1 o  O F.E.D.M. é um Fundo Especial, funcionamento do CNDM serão fixados em
de natureza contábil, a crédito do qual serão Regimento Interno, aprovado por decreto do
alocados todos os recursos, orçamentários e Poder Executivo.
extraorçamentários, destinados a atender às
necessidades do Conselho, inclusive quanto a Art. 12.  Esta Lei entra em vigor na data de sua
saldos orçamentários. publicação.
§ 2o  O Presidente da República, mediante
decreto, estabelecerá os limites financeiros e Art. 13.  Revogam-se as disposições em con-
orçamentários, globais ou específicos, a que trário.
ficará submetido o CNDM.
Brasília, em 29 de agosto de 1985; 164o da In-
Art. 9o  Fica o Poder Executivo autorizado a dependência e 97o da República.
abrir crédito especial, em favor do F.E.D.M., no
valor de até Cr$ 6.000.000.000 (seis bilhões de JOSÉ SARNEY – Fernando Lyra
cruzeiros), destinado a despesas de instalação
e funcionamento do Conselho Nacional dos Promulgada em 29/8/1985 e publicada no DOU de
Direitos da Mulher – CNDM. 30/8/1985.
Mulher

190
Lei no 7.210/1984
Institui a Lei de Execução Penal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA SEÇÃO III – Da Assistência à Saúde

Faço saber que o Congresso Nacional decreta Art. 14.  A assistência à saúde do preso e do
e eu sanciono a seguinte Lei: internado de caráter preventivo e curativo,
compreenderá atendimento médico, farma-
cêutico e odontológico.1
TÍTULO I – Do Objeto e da Aplicação da ������������������������������������������������������������������������������
Lei de Execução Penal § 3o  Será assegurado acompanhamento
médico à mulher, principalmente no pré-natal
Art. 1o  A execução penal tem por objetivo efeti- e no pós-parto, extensivo ao recém-nascido.
var as disposições de sentença ou decisão crimi- ������������������������������������������������������������������������������
nal e proporcionar condições para a harmônica
integração social do condenado e do internado. SEÇÃO V – Da Assistência Educacional
������������������������������������������������������������������������������
Art. 2o  A jurisdição penal dos juízes ou tribu-
nais da justiça ordinária, em todo o território Art. 19.  O ensino profissional será ministrado
nacional, será exercida, no processo de execu- em nível de iniciação ou de aperfeiçoamento
ção, na conformidade desta lei e do Código de técnico.
Processo Penal. Parágrafo único.  A mulher condenada terá
Parágrafo único.  Esta Lei aplicar-se-á igual- ensino profissional adequado à sua condição.
mente ao preso provisório e ao condenado pela ������������������������������������������������������������������������������
Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a
estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária. TÍTULO III – Dos Órgãos da Execução
Penal
Art. 3o  Ao condenado e ao internado serão ������������������������������������������������������������������������������
assegurados todos os direitos não atingidos
pela sentença ou pela lei. CAPÍTULO VI – Dos Departamentos
Parágrafo único.  Não haverá qualquer Penitenciários
distinção de natureza racial, social, religiosa ������������������������������������������������������������������������������
ou política.
SEÇÃO III – Da Direção e do Pessoal dos
Art. 4o  O Estado deverá recorrer à cooperação Estabelecimentos Penais
da comunidade nas atividades de execução da ������������������������������������������������������������������������������
pena e da medida de segurança.
Art. 77.  A escolha do pessoal administrativo,
especializado, de instrução técnica e de vigilân-
TÍTULO II – Do Condenado e do Internado cia atenderá a vocação, preparação profissional
Normas correlatas

������������������������������������������������������������������������������ e antecedentes pessoais do candidato.


������������������������������������������������������������������������������
CAPÍTULO II – Da Assistência
������������������������������������������������������������������������������ 1
  Lei no 11.942/2009.

191
§ 2o  No estabelecimento para mulheres assistir a criança desamparada cuja responsável
somente se permitirá o trabalho de pessoal do estiver presa.4
sexo feminino, salvo quando se tratar de pessoal �������������������������������������������������������������������������������
técnico especializado.
������������������������������������������������������������������������������� TÍTULO V – Da Execução das Penas em
Espécie
TÍTULO IV – Dos Estabelecimentos Penais �������������������������������������������������������������������������������

Art. 82.  Os estabelecimentos penais destinam- CAPÍTULO II – Das Penas Restritivas de


-se ao condenado, ao submetido à medida de Direitos
segurança, ao preso provisório e ao egresso.2 �������������������������������������������������������������������������������
§ 1o  A mulher e o maior de sessenta anos,
separadamente, serão recolhidos a estabele- SEÇÃO III – Da Limitação de Fim de
cimento próprio e adequado à sua condição Semana
pessoal. �������������������������������������������������������������������������������
�������������������������������������������������������������������������������
Art. 152.  Poderão ser ministrados ao conde-
Art. 83.  O estabelecimento penal, conforme nado, durante o tempo de permanência, cursos
a sua natureza, deverá contar em suas depen- e palestras, ou atribuídas atividades educativas.5
dências com áreas e serviços destinados a dar Parágrafo único.  Nos casos de violência do-
assistência, educação, trabalho, recreação e méstica contra a mulher, o juiz poderá determi-
prática esportiva.3 nar o comparecimento obrigatório do agressor
������������������������������������������������������������������������������� a programas de recuperação e reeducação.
§ 2o  Os estabelecimentos penais destinados �������������������������������������������������������������������������������
a mulheres serão dotados de berçário, onde as
condenadas possam cuidar de seus filhos, in- Art. 204.  Esta Lei entra em vigor concomitan-
clusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) temente com a lei de reforma da Parte Geral
meses de idade. do Código Penal, revogadas as disposições em
������������������������������������������������������������������������������� contrário, especialmente a Lei no 3.274, de 2 de
outubro de 1957.
CAPÍTULO II – Da Penitenciária
������������������������������������������������������������������������������� Brasília, 11 de julho de 1984; 163o da Indepen-
dência e 96o da República.
Art. 89.  Além dos requisitos referidos no
art. 88, a penitenciária de mulheres será dotada JOÃO FIGUEIREDO – Ibrahim Abi-Ackel
de seção para gestante e parturiente e de creche
para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses Promulgada em 11/7/1984 e publicada no DOU de
e menores de 7 (sete) anos, com a finalidade de 13/7/1984.
Mulher

2
  Lei no 9.460/1977. 4
  Lei no 11.942/2009.
3
  Lei no 11.942/2009. 5
  Lei no 11.340/2006.
192
Lei no 6.515/1977
Regula os casos de dissolução da sociedade conjugal e do casamento, seus efeitos e respectivos
processos, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA § 3o  Após a fase prevista no parágrafo an-


terior, se os cônjuges pedirem, os advogados
Faço saber que o Congresso Nacional decreta deverão ser chamados a assistir aos entendi-
e eu sanciono a seguinte Lei: mentos e deles participar.

Art. 1o  – A separação judicial, a dissolução do Art. 4 o  Dar-se-á a separação judicial por


casamento, ou a cessação de seus efeitos civis, mútuo consentimento dos cônjuges, se forem
de que trata a Emenda Constitucional no 9, de casados há mais de 2 (dois) anos, manifestado
28 de junho de 1977, ocorrerão nos casos e perante o juiz e devidamente homologado.
segundo a forma que esta Lei regula.
Art. 5o  A separação judicial pode ser pedida
por um só dos cônjuges quando imputar ao
CAPÍTULO I – Da Dissolução da Sociedade outro conduta desonrosa ou qualquer ato que
Conjugal importe em grave violação dos deveres do
casamento e tornem insuportável a vida em
Art. 2o  – A Sociedade Conjugal termina: comum.1
I – pela morte de um dos cônjuges; § 1o  A separação judicial pode, também, ser
II – pela nulidade ou anulação do casamento; pedida se um dos cônjuges provar a ruptura da
III – pela separação judicial; vida em comum há mais de um ano consecu-
IV – pelo divórcio. tivo, e a impossibilidade de sua reconstituição.
Parágrafo único.  O casamento válido so- § 2o  O cônjuge pode ainda pedir a separação
mente se dissolve pela morte de um dos côn- judicial quando o outro estiver acometido de
juges ou pelo divórcio. grave doença mental, manifestada após o casa-
mento, que torne impossível a continuação da
vida em comum, desde que, após uma duração
SEÇÃO I – Dos Casos e Efeitos da Separação de 5 (cinco) anos, a enfermidade tenha sido
Judicial reconhecida de cura improvável.
§ 3o  Nos casos dos parágrafos anteriores,
Art. 3o  A separação judicial põe termo aos reverterão, ao cônjuge que não houver pedido
deveres de coabitação, fidelidade recíproca a separação judicial, os remanescentes dos bens
e ao regime matrimonial de bens, como se o que levou para o casamento, e, se o regime de
casamento fosse dissolvido. bens adotado o permitir, também a meação
§ 1o  O procedimento judicial da separação nos adquiridos na constância da sociedade
caberá somente aos cônjuges, e, no caso de conjugal.
incapacidade, serão representados por curador,
ascendente ou irmão. Art. 6o  Nos casos dos §§ 1o e 2o do artigo an-
Normas correlatas

§ 2o  O juiz deverá promover todos os meios terior, a separação judicial poderá ser negada,
para que as partes se reconciliem ou transijam, se constituir respectivamente, causa de agrava-
ouvindo pessoal e separadamente cada uma mento das condições pessoais ou da doença do
delas e, a seguir, reunindo-as em sua presença,
se assim considerar necessário.   Lei no 8.408/1992.
1

193
outro cônjuge, ou determinar, em qualquer caso, normalmente, a responsabilidade de sua guarda
consequências morais de excepcional gravidade e educação.
para os filhos menores.
Art. 13.  Se houver motivos graves, poderá o
Art. 7o  A separação judicial importará na se- juiz, em qualquer caso, a bem dos filhos, regu-
paração de corpos e na partilha de bens. lar por maneira diferente da estabelecida nos
§ 1 o  A separação de corpos poderá ser artigos anteriores a situação deles com os pais.
determinada como medida cautelar (art. 796
do CPC). Art. 14.  No caso de anulação do casamento,
§ 2o  A partilha de bens poderá ser feita havendo filhos comuns, observar-se-á o dispos-
mediante proposta dos cônjuges e homologada to nos arts. 10 e 13.
pelo juiz ou por este decidida. Parágrafo único.  Ainda que nenhum dos
cônjuges esteja de boa-fé ao contrair o casa-
Art. 8o  A sentença que julgar a separação ju- mento, seus efeitos civis aproveitarão aos filhos
dicial produz seus efeitos à data de seu trânsito comuns.
em julgado, ou à da decisão que tiver concedido
separação cautelar. Art. 15.  Os pais, em cuja guarda não estejam
os filhos, poderão visitá-los e tê-los em sua
companhia, segundo fixar o juiz, bem como
SEÇÃO II – Da Proteção da Pessoa dos Filhos fiscalizar sua manutenção e educação.

Art. 9o  No caso de dissolução da sociedade Art. 16.  As disposições relativas à guarda e


conjugal pela separação judicial consensual (art. à prestação de alimentos aos filhos menores
4o), observar-se-á o que os cônjuges acordarem estendem-se aos filhos maiores inválidos.
sobre a guarda dos filhos.

Art. 10.  Na separação judicial fundada no SEÇÃO III – Do Uso do Nome


caput do art. 5o, os filhos menores ficarão com
o cônjuge que a e não houver dado causa. Art. 17.  Vencida na ação de separação judicial
§ 1o  Se pela separação judicial forem res- (art. 5o, caput), voltará a mulher a usar o nome
ponsáveis ambos os cônjuges; os filhos menores de solteira.
ficarão em poder da mãe, salvo se o juiz verifi- § 1o  Aplica-se, ainda, o disposto neste artigo,
car que de tal solução possa advir, prejuízo de quando é da mulher a iniciativa da separação ju-
ordem moral para eles. dicial com fundamento nos §§ 1o e 2o do art. 5o.
§ 2o  Verificado que não devem os filhos § 2o  Nos demais casos, caberá à mulher a
permanecer em poder da mãe nem do pai, de- opção pela conservação do nome de casada.
ferirá o juiz a sua guarda a pessoa notoriamente
idônea da família de qualquer dos cônjuges. Art. 18.  Vencedora na ação de separação judi-
cial (art. 5o, caput), poderá a mulher renunciar,
Art. 11.  Quando a separação judicial ocorrer a qualquer momento, o direito de usar o nome
com fundamento no §  1o do art.  5o, os filhos do marido.
ficarão em poder do cônjuge em cuja companhia
estavam durante o tempo de ruptura da vida
em comum. SEÇÃO IV – Dos Alimentos

Art. 12.  Na separação judicial fundada no § 2o Art. 19.  O cônjuge responsável pela separação
do art. 5o, o juiz deferirá a entrega dos filhos ao judicial prestará ao outro, se dela necessitar, a
Mulher

cônjuge que estiver em condições de assumir, pensão que o juiz fixar.

194
Art. 20.  Para manutenção dos filhos, os côn- Parágrafo único.  A sentença de conversão
juges, separados judicialmente, contribuirão na determinará que a mulher volte a usar o nome
proporção de seus recursos. que tinha antes de contrair matrimônio, só
conservando o nome de família do ex-marido
Art. 21.  Para assegurar o pagamento da se alteração prevista neste artigo acarretar:
pensão alimentícia, o juiz poderá determinar I – evidente prejuízo para a sua identificação;
a constituição de garantia real ou fidejussória. II – manifesta distinção entre o seu nome de
§ 1o  Se o cônjuge credor preferir, o juiz família e dos filhos havidos da união dissolvida;
poderá determinar que a pensão consista no III – dano grave reconhecido em decisão
usufruto de determinados bens do cônjuge judicial.
devedor.
§ 2o  Aplica-se, também, o disposto no pa- Art. 26.  No caso de divórcio resultante da
rágrafo anterior, se o cônjuge credor justificar separação prevista nos §§  1o e 2o do art.  5o,
a possibilidade do não recebimento regular da o cônjuge que teve a iniciativa da separação
pensão. continuará com o dever de assistência ao outro.3

Art. 22.  Salvo decisão judicial, as prestações Art. 27.  O divórcio não modificará os direitos
alimentícias, de qualquer natureza, serão cor- e deveres dos pais em relação aos filhos.
rigidas monetariamente na forma dos índices Parágrafo único.  O novo casamento de
de atualização das Obrigações Reajustáveis do qualquer dos pais ou de ambos também não
Tesouro Nacional – ORTN. importará restrição a esses direitos e deveres.
Parágrafo único.  No caso do não pagamento
das referidas prestações no vencimento, o deve- Art. 28.  Os alimentos devidos pelos pais e
dor responderá, ainda, por custas e honorários fixados na sentença de separação poderão ser
de advogado apurados simultaneamente. alterados a qualquer tempo.

Art. 23.  A obrigação de prestar alimentos Art. 29.  O novo casamento do cônjuge credor


transmite-se aos herdeiros do devedor, na for- da pensão extinguirá a obrigação do cônjuge
ma do art. 1.796 do Código Civil. devedor.

Art. 30.  Se o cônjuge devedor da pensão vier


CAPÍTULO II – Do Divórcio a casar-se, o novo casamento não alterará sua
obrigação.
Art. 24.  O divórcio põe termo ao casamento e
aos efeitos civis do matrimônio religioso. Art. 31.  Não se decretará o divórcio se ainda
Parágrafo único.  O pedido somente com- não houver sentença definitiva de separação
petirá aos cônjuges, podendo, contudo, ser judicial, ou se esta não tiver decidido sobre a
exercido, em caso de incapacidade, por curador, partilha dos bens.
ascendente ou irmão.
Art. 32.  A sentença definitiva do divórcio pro-
Art. 25.  A conversão em divórcio da separação duzirá efeitos depois de registrada no Registro
judicial dos cônjuges existente há mais de um Público competente.
ano, contada da data da decisão ou da que con-
cedeu a medida cautelar correspondente (art. Art. 33.  Se os cônjuges divorciados quiserem
Normas correlatas

8o), será decretada por sentença, da qual não restabelecer a união conjugal só poderão fazê-lo
constará referência à causa que a determinou.2 mediante novo casamento.
2
  Lei no 8.408/1992.   Ver Código Civil de 1916 – art. 231, no III.
3

195
CAPÍTULO III – Do Processo Art. 38. (Revogado)5

Art. 34.  A separação judicial consensual se Art. 39.  O Capítulo III do Título Il do Livro


fará pelo procedimento previsto nos arts. 1.120 IV do Código de Processo Civil, as expressões
e 1.124 do Código de Processo Civil, e as demais “desquite por mútuo consentimento”, “desqui-
pelo procedimento ordinário. te” e “desquite litigioso” são substituídas por
§ 1o  A petição será também assinada pelos “separação consensual” e “separação judicial”.
advogados das partes ou pelo advogado esco-
lhido de comum acordo.
§ 2o  O juiz pode recusar a homologação e CAPÍTULO IV – Das Disposições Finais e
não decretar a separação judicial, se comprovar Transitórias
que a convenção não preserva suficientemente
os interesses dos filhos ou de um dos cônjuges. Art. 40.  No caso de separação de fato, e desde
§ 3o  Se os cônjuges não puderem ou não que completados 2 (dois) anos consecutivos,
souberem assinar, é lícito que outrem o faça a poderá ser promovida ação de divórcio, na qual
rogo deles. deverá ser comprovado decurso do tempo da
§ 4o  Às assinaturas, quando não lançadas separação.6
na presença do juiz, serão, obrigatoriamente, § 1o (Revogado)
reconhecidas por tabelião. § 2o  No divórcio consensual, o procedimen-
to adotado será o previsto nos artigos 1.120 a
Art. 35.  A conversão da separação judicial em 1.124 do Código de Processo Civil, observadas,
divórcio será feita mediante pedido de qualquer ainda, as seguintes normas:
dos cônjuges. I – a petição conterá a indicação dos meios
Parágrafo único.  O pedido será apensado probatórios da separação de fato, e será instru-
aos autos da separação judicial. (art. 48) ída com a prova documental já existente;
II – a petição fixará o valor da pensão do côn-
Art. 36.  Do pedido referido no artigo anterior, juge que dela necessitar para sua manutenção,
será citado o outro cônjuge, em cuja resposta e indicará as garantias para o cumprimento da
não caberá reconvenção.4 obrigação assumida;
Parágrafo único.  A contestação só pode III – se houver prova testemunhal, ela será
fundar-se em: produzida na audiência de ratificação do pe-
I – falta do decurso de 1 (um) ano da sepa- dido de divórcio a qual será obrigatoriamente
ração judicial; realizada;
II – descumprimento das obrigações assu- IV – a partilha dos bens deverá ser homolo-
midas pelo requerente na separação. gada pela sentença do divórcio.
§ 3o  Nos demais casos, adotar-se-á o proce-
Art. 37.  O juiz conhecerá diretamente do dimento ordinário.
pedido, quando não houver contestação ou
necessidade de produzir prova em audiência, Art. 41.  As causas de desquite em curso na
e proferirá sentença dentro em 10 (dez) dias. data da vigência desta Lei, tanto as que se pro-
§ 1o  A sentença limitar-se-á à conversão cessam pelo procedimento especial quanto as
da separação em divórcio, que não poderá ser de procedimento ordinário, passam automati-
negada, salvo se provada qualquer das hipóteses camente a visar à separação judicial.
previstas no parágrafo único do artigo anterior.
§ 2o  A improcedência do pedido de conver- Art. 42.  As sentenças já proferidas em causas
são não impede que o mesmo cônjuge o renove, de desquite são equiparadas, para os efeitos
desde que satisfeita a condição anteriormente desta Lei, às de separação judicial.
Mulher

descumprida.
  Lei no 7.841/1989.
5

196 4
  Lei n  7.841/1989.
o
  Lei no 7.841/1989.
6
Art. 43.  Se, na sentença do desquite, não de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato
tiver sido homologada ou decidida a partilha de entrega do decreto de naturalização, se
dos bens, ou quando esta não tenha sido feita apostile ao mesmo a adoção do regime de
posteriormente, a decisão de conversão disporá comunhão parcial de bens, respeitados os
sobre ela. direitos de terceiros e dada esta adoção ao
competente registro.
Art. 44.  Contar-se-á o prazo de separação § 6o  O divórcio realizado no estrangeiro, se
judicial a partir da data em que, por decisão ju- um ou ambos os cônjuges forem brasileiros,
dicial proferida em qualquer processo, mesmo só será reconhecido no Brasil depois de três
nos de jurisdição voluntária, for determinada anos da data da sentença, salvo se houver
ou presumida a separação dos cônjuges. sido antecedida de separarão judicial por
igual prazo, caso em que a homologação
Art. 45.  Quando o casamento se seguir a uma produzirá efeito imediato, obedecidas as
comunhão de vida entre os nubentes, existentes condições estabelecidas para a eficácia das
antes de 28 de junho de 1977, que haja perdu- sentenças estrangeiras no País. O Supremo
rado por 10 (dez) anos consecutivos ou da qual Tribunal Federal, na forma de seu regimento
tenha resultado filhos, o regime matrimonial de interno, poderá reexaminar, a requerimento
bens será estabelecido livremente, não se lhe do interessado, decisões já proferidas em pe-
aplicando o disposto no artigo 258, parágrafo didos de homologação de sentenças estran-
único, no II, do Código Civil. geiras de divórcio de brasileiros, a fim de que
passem a produzir todos os efeitos legais.”
Art. 46.  Seja qual for a causa da separação
judicial, e o modo como esta se faça, é permi- Art. 50.  São introduzidas no Código Civil as
tido aos cônjuges restabelecer a todo o tempo alterações seguintes:
a sociedade conjugal, nos termos sem que fora 1) “Art. 12. �������������������������������������������������������
constituída, contanto que o façam mediante I – os nascimentos, casamentos, separações
requerimento nos autos da ação de separação. judiciais, divórcios e óbitos.”
Parágrafo único.  A reconciliação em nada 2) “Art. 180. ����������������������������������������������������
prejudicará os direitos de terceiros, adquiridos V – certidão de óbito do cônjuge falecido,
antes e durante a separação, seja qual for o da anulação do casamento anterior ou do
regime de bens. registro da sentença de divórcio.”
3) “Art. 186. Discordando eles entre si,
Art. 47.  Se os autos do desquite ou os da se- prevalecerá a vontade paterna, ou, sendo o
paração judicial tiverem sido extraviados, ou casal separado, divorciado ou tiver sido o seu
se encontrarem em outra circunscrição judici- casamento anulado, a vontade do cônjuge,
ária, o pedido de conversão em divórcio será com quem estiverem os filhos.”
instruído com a certidão da sentença, ou da sua 4) “Art. 195. ����������������������������������������������������
averbação no assento de casamento. VII – o regime do casamento, com a decla-
ração data e do cartório em cujas notas foi
Art. 48.  Aplica-se o disposto no artigo ante- passada a escritura antenupcial, quando o
rior, quando a mulher desquitada tiver domicí- regime não for o de comunhão parcial, ou
lio diverso daquele em que se julgou o desquite. o legal estabelecido no Titulo IIl deste livro,
para outros casamentos.”
Art. 49.  Os §§ 5o e 6o do art. 7o da Lei de Intro- 5) “Art. 240. A mulher, com o casamento, as-
Normas correlatas

dução ao Código Civil passam a vigorar com a sume a condição de companheira, consorte
seguinte redação: e colaboradora do marido nos encargos de
“Art. 7o  ����������������������������������������������������������� família, cumprindo-lhe velar pela direção
��������������������������������������������������������������������������� material e moral desta.
§ 5o  O estrangeiro casado, que se naturalizar Parágrafo único.  A mulher poderá acrescer
brasileiro, pode, mediante expressa anuência ao seus os apelidos do marido.” 197
6) “Art. 248. ���������������������������������������������������� 4) “Art. 9o O filho havido fora do casamento e
��������������������������������������������������������������������������� reconhecido pode ser privado da herança nos
VIII – propor a separação judicial e o casos dos arts. 1.595 e 1.744 do Código Civil.”
divórcio.”
7) “Art. 258. Não havendo convenção, ou Art. 52.  O no I do art. 100, o no II do art. 155 e
sendo nula, vigorará, quanto aos bens entre o § 2o do art. 733 do Código de Processo Civil
os cônjuges, o regime de comunhão parcial.” passam a vigorar com a seguinte redação:
8) “Art. 267. ���������������������������������������������������� “Art. 100.  �������������������������������������������������������
��������������������������������������������������������������������������� I – da residência da mulher, para a ação de
III – pela separação judicial; separação dos cônjuges e a conversão desta
IV – pelo divórcio.” em divórcio, e para a anulação de casamento.
9) “Art. 1.611. A falta de descendentes ou as- Art. 155.  ���������������������������������������������������������
cedentes será deferida a sucessão ao cônjuge ���������������������������������������������������������������������������
sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, II – que dizem respeito a casamento, filiação,
não estava dissolvida a sociedade conjugal.” separação dos cônjuges, conversão desta em
divórcio, alimentos e guarda de menores.”
Art. 51.  A Lei no  883, de 21 de outubro de “Art. 733.  �������������������������������������������������������
1949, passa a vigorar com as seguintes alte- ���������������������������������������������������������������������������
rações: § 2o  O cumprimento da pena não exime
1) “Art. 1o �������������������������������������������������������� o devedor do pagamento das prestações
Parágrafo único.  Ainda na vigência do vencidas e vincendas.”
casamento qualquer dos cônjuges poderá
reconhecer o filho havido fora do matrimô- Art. 53.  A presente Lei entrará em vigor na
nio, em testamento cerrado, aprovado antes data de sua publicação.
ou depois do nascimento do filho, e, nessa
parte, irrevogável.” Art. 54.  Revogam-se os arts.  315 a 328 e o
2) Art. 2o Qualquer que seja a natureza da § 1o do art. 1.605 do Código Civil e as demais
filiação, o direito à herança será reconhecido disposições em contrário.
em igualdade de condições
3) “Art. 4o �������������������������������������������������������� Brasília, em 26 de dezembro de 1977; 156o da
Parágrafo único.  Dissolvida a sociedade Independência e 89o da República.
conjugal do que foi condenado a prestar ali-
mentos, quem os obteve não precisa propor ERNESTO GEISEL – Armando Falcão
ação de investigação para ser reconhecido,
cabendo, porém, aos interessados o direito Promulgada em 26/12/1977 e publicada no DOU
de impugnar a filiação.” de 27/12/1977.
Mulher

198
Lei no 6.202/1975
Atribui à estudante em estado de gestação o regime de exercícios domiciliares instituído pelo Decreto-
Lei no 1.044, de 1969, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA rá ser aumentado o período de repouso, antes


e depois do parto.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta Parágrafo único.  Em qualquer caso, é asse-
e eu sanciono a seguinte Lei: gurado às estudantes em estado de gravidez o
direito à prestação dos exames finais.
Art. 1o  A partir do oitavo mês de gestação e
durante três meses a estudante em estado de Art. 3o  Esta Lei entrará em vigor na data de
gravidez ficará assistida pelo regime de exercí- sua publicação, revogadas as disposições em
cios domiciliares instituído pelo Decreto-Lei contrário.
número 1.044, 21 de outubro de 1969.
Parágrafo único.  O início e o fim do período Brasília, 17 de abril de 1975; 154o da Indepen-
em que é permitido o afastamento serão deter- dência e 87o da República.
minados por atestado médico a ser apresentado
à direção da escola. ERNESTO GEISEL – Ney Braga

Art. 2o  Em casos excepcionais devidamente Promulgada em 17/4/1975 e publicada no DOU de


comprovados mediante atestado médico, pode- 17/4/1975.

Normas correlatas

199
Lei no 6.136/1974
Inclui o salário-maternidade entre as prestações da Previdência Social.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA §§ 1o e 2o do artigo 392, da Consolidação das


Leis do Trabalho.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta
e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 3o  O salário-maternidade continuará su-
jeito ao desconto da contribuição previdenciária
Art. 1o  Fica incluído o salário-maternidade de 8% (oito por cento) e à incidência dos en-
entre as prestações relacionadas no item I, do cargos sociais de responsabilidade da empresa.
artigo 22, da Lei número 3.807, de 26 de agosto
de 1960, com a redação que lhe foi dada pelo Art. 4o  O custeio do salário-maternidade será
artigo 1o, da Lei número 5.890, de 8 de junho atendido por uma contribuição das empresas
de 1973. igual a 0,3% (três décimos por cento) da folha
de salários de contribuição, reduzindo-se para
Art. 2o  O salário-maternidade, que corres- 4% (quatro por cento) a taxa de custeio do
ponderá à vantagem consubstanciada no artigo salário-familia fixada no § 2o, do artigo 35, da
393 da Consolidação das Leis do Trabalho, terá Lei número 4.863, de 29 de novembro de 1965.
sua concessão e manutenção pautadas pelo
disposto nos artigos 392, 393 e 395 da referida Art. 5o  Esta Lei será regulamentada pelo Poder
Consolidação, cumprindo às empresas efetuar Executivo no prazo de 60 (sessenta) dias con-
os respectivos pagamentos.1 tados da data de sua publicação e entrará em
§ 1o  O valor bruto do salário-maternidade vigor no primeiro dia do mês seguinte ao do
pago à empregada, aí incluída a contribuição término desse prazo, revogadas as disposições
dele descontada para a previdência social, em contrário, especialmente as da Consolida-
será deduzido do montante que as empresas ção das Leis do Trabalho que com ela colidam.
recolhem mensalmente ao INPS a Título de
contribuições previdenciárias. Brasília, 7 de novembro de 1974; 153o da Inde-
§ 2o  Não se aplicam ao cálculo do valor do pendência e 86o da República.
salário-maternidade as restrições contidas no
§ 4o, do artigo 3o, da citada Lei número 5.890, ERNESTO GEISEL – L. G. do Nascimento e Silva
e no inciso III, do seu artigo 5o.
§ 3 o  Serão fornecidos pela previdência Promulgada em 7/11/1974 e publicada no DOU de
social os atestados médicos de que tratam os 8/11/1974.
Mulher

1
  Lei no 6.332/1976.
200
Lei no 6.015/1973
Dispõe sobre os registros públicos, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA 4o) em falta ou impedimento do parente refe-


rido no número anterior os administradores de
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e hospitais ou os médicos e parteiras, que tiverem
eu sanciono a seguinte Lei: assistido o parto;
5o) pessoa idônea da casa em que ocorrer,
sendo fora da residência da mãe;
TÍTULO I – Das Disposições Gerais ��������������������������������������������������������������������������������
��������������������������������������������������������������������������������
Art. 298.  Esta Lei entrará em vigor no dia 1o
TÍTULO II – Do Registro de Pessoas Naturais de janeiro 1976.2
��������������������������������������������������������������������������������
Art. 299.  Revogam-se a Lei no 4.827, de 7 de
CAPÍTULO IV – Do Nascimento março de 1924, os Decretos nos 4.857, de 9 de
�������������������������������������������������������������������������������� novembro de 1939, 5.318, de 29 de fevereiro
1940, 5.553, de 6 de maio de 1940, e as demais
Art. 52.  São obrigados a fazer declaração de disposições em contrário.3
nascimento:1
1o) o pai ou a mãe, isoladamente ou em con- Brasília, 31 de dezembro de 1973; 152o da Inde-
junto, observado o disposto no § 2o do art. 54; pendência e 85o da República.
2o) no caso de falta ou de impedimento de
um dos indicados no item 1o, outro indicado, EMÍLIO G. MÉDICI – Alfredo Buzaid
que terá o prazo para declaração prorrogado
por 45 (quarenta e cinco) dias; Promulgada em 31/12/1973, publicada no DOU de
3o) no impedimento de ambos, o parente mais 31/12/1973, republicada no DOU de 16/9/1975 e
próximo, sendo maior achando-se presente; retificada no DOU de 30/10/1975.

Normas correlatas

2
  Lei no 6.941/1981.
1
  Leis n  13.112/2015 e 6.216/1975.
os 3
  Lei no 6.941/1981.
201
Lei no 5.809/1972
Dispõe sobre a retribuição e direitos do pessoal civil e militar em serviço da União no exterior, e dá
outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA I – 10% (dez por cento) de seu valor, para


a esposa; e
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e II – 5% (cinco por cento) de seu valor, para
eu sanciono a Lei: cada um dos seguintes dependentes:
�������������������������������������������������������������������������������� a)  filho, menor de 21 (vinte e um) anos ou
estudante menor de 24 (vinte e quatro) anos que
CAPÍTULO II – Da Retribuição no Exterior não receba remuneração ou inválido ou interdito;
SEÇÃO I – Da Constituição e do Pagamento b)  filha solteira, que não receba remuneração;
da Retribuição no Exterior c)  mãe viúva, que não receba remuneração;
d)  enteados, adotivos, tutelados e curatelados,
Art. 10.  O direito do servidor à retribuição no nas mesmas condições das letras anteriores; e
exterior se inicia na data do embarque para o e)  a mulher solteira, desquitada ou viúva, que
exterior e cessa na data do desligamento de sua viva, no mínimo há cinco anos, sob a dependên-
sede no exterior ou da partida da última loca- cia econômica do servidor solteiro, desquitado
lidade no exterior, relacionada com sua missão. ou viúvo, e enquanto persistir o impedimento
§ 1o  As datas de partida e de desligamento legal de qualquer das partes para se casar.
são determinadas ou aprovadas, conforme o § 1o  O auxílio-familiar será acrescido de um
caso, pela autoridade competente. quantitativo igual a 1/30 (um trinta avos) do
§ 2o  O pagamento da retribuição no exterior maior valor de indenização de representação
não se interrompe: no exterior atribuído a Chefe de Missão Diplo-
a)  quando se tratar de missão permanente, mática quando o servidor tiver de educar, fora
em virtude de viagem ao Brasil a serviço, em do país onde estiver em serviço, os dependentes
férias, por motivo de núpcias, luto ou de licença referidos nas letras “a”, “b” e “d” do item II.
para tratamento de saúde até 90 (noventa) dias e, § 2o  O Poder Executivo, na regulamentação
para a funcionária pública, licença para gestante, e desta Lei, estabelecerá:
b)  quando se tratar de missão transitória, em a)  o limite mínimo por dependente a ser
virtude de viagem ao Brasil a serviço. observado no pagamento do auxílio-familiar; e
�������������������������������������������������������������������������������� b)  os casos especiais que justifiquem o
quantitativo referido no parágrafo 1o e a forma
SEÇÃO V – Do Auxílio-Familiar de seu pagamento.
��������������������������������������������������������������������������������
Art. 20.  Auxílio-Familiar é o quantitativo
mensal devido ao servidor, em serviço no ex- CAPÍTULO III – Disposições Gerais
terior, a Título de indenização para atender, em
parte, à manutenção e às despesas de educação Art. 46.  Os proventos de aposentadoria do
e assistência, no exterior, a seus dependentes. funcionário público e os de inatividade do
militar continuam a ser calculados de acordo
Art. 21.  O auxílio-familiar é calculado em fun- com a respectiva legislação específica, baseados
ção da indenização de representação no exterior unicamente na retribuição ou remuneração
Mulher

recebida pelo servidor à razão de:1 no País, neles não devendo ser computadas as
somas recebidas, a qualquer Título, quando em
202 1
  Ver Decreto no 72.288/1973. serviço no exterior.
§ 1o  As contribuições para benefício de EMÍLIO G. MÉDICI – Alfredo Buzaid –
família continuarão a ser calculadas de acordo Adalberto de Barros Nunes – Orlando Geisel –
com a legislação específica, considerando-se, Mário Gibson Barboza – Antônio Delfim Netto
para esse fim, os valores dos descontos efetu- – Mário David Andreazza – L. F. Cirne Lima –
ados no País. Jarbas G. Passarinho – Júlio Barata – J. Araripe
�������������������������������������������������������������������������������� Macêdo – Walter Joaquim dos Santos – Marcus
Vinicius Pratini de Moraes – Antônio Dias Leite
Art. 53.  Esta lei entra em vigor em 1o de janeiro Júnior – João Paulo dos Reis Velloso – José Costa
de 1973. Cavalcanti – Hygino C. Corsetti

Brasília, 10 de outubro de 1972; 151o da Inde- Promulgada em 10/10/1972, publicada no DOU de


pendência e 84o da República 13/10/1972 e republicada no DOU de 19/10/1972.

Normas correlatas

203
Lei no 5.478/1968
Dispõe sobre ação de alimentos e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA § 3o  Se o credor comparecer pessoalmente


e não indicar profissional que haja concordado
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e em assisti-lo, o juiz designará desde logo quem
eu sanciono a seguinte Lei: o deva fazer.

Art. 1o  A ação de alimentos é de rito especial, Art. 3o  O pedido será apresentado por escrito,
independente de prévia distribuição e de ante- em 3 (três) vias, e deverá conter a indicação do
rior concessão do benefício de gratuidade. juiz a quem for dirigido, os elementos referidos
§ 1o  A distribuição será determinada poste- no artigo anterior e um histórico sumário dos
riormente por ofício do juízo, inclusive para o fatos.
fim de registro do feito. § 1o  Se houver sido designado pelo juiz
§ 2o  A parte que não estiver em condições defensor para assistir o solicitante, na forma
de pagar as custas do processo, sem prejuízo do prevista no art.  2o, formulará o designado,
sustento próprio ou de sua família, gozará do dentro de 24 (vinte e quatro) horas da nome-
benefício da gratuidade, por simples afirmativa ação, o pedido, por escrito, podendo, se achar
dessas condições perante o juiz, sob pena de conveniente, indicar seja a solicitação verbal
pagamento até o décuplo das custas judiciais. reduzida a termo.
§ 3o  Presume-se pobre, até prova em con- § 2o  O termo previsto no parágrafo anterior
trário, quem afirmar essa condição, nos termos será em 3 (três) vias, datadas e assinadas pelo
desta Lei. escrivão, observado, no que couber, o disposto
§ 4o  A impugnação do direito à gratuidade no caput do presente artigo.
não suspende o curso do processo de alimentos
e será feita em autos apartados. Art. 4o  As despachar o pedido, o juiz fixará
desde logo alimentos provisórios a serem pagos
Art. 2o  O credor, pessoalmente, ou por in- pelo devedor, salvo se o credor expressamente
termédio de advogado, dirigir-se-á ao juiz declarar que deles não necessita.
competente, qualificando-se, e exporá suas Parágrafo único.  Se se tratar de alimentos
necessidades, provando, apenas o parentesco ou provisórios pedidos pelo cônjuge, casado pelo
a obrigação de alimentar do devedor, indicando regime da comunhão universal de bens, o juiz
seu nome e sobrenome, residência ou local de determinará igualmente que seja entregue ao
trabalho, profissão e naturalidade, quanto ganha credor, mensalmente, parte da renda líquida
aproximadamente ou os recursos de que dispõe. dos bens comuns, administrados pelo devedor.
§ 1o  Dispensar-se-á a produção inicial de
documentos probatórios; Art. 5o  O escrivão, dentro de 48 (quarenta e
I – quando existente em notas, registros, oito) horas, remeterá ao devedor a segunda via
repartições ou estabelecimentos públicos e da petição ou do termo, juntamente com a cópia
ocorrer impedimento ou demora em extrair do despacho do juiz, e a comunicação do dia e
certidões. hora da realização da audiência de conciliação
II – quando estiverem em poder do obrigado, e julgamento.1
as prestações alimentícias ou de terceiro resi- § 1o  Na designação da audiência, o juiz
Mulher

dente em lugar incerto ou não sabido. fixará o prazo razoável que possibilite ao réu a
§ 2o  Os documentos públicos ficam isentos
204 de reconhecimento de firma.   Lei no 6.014/1973.
1
contestação da ação proposta e a eventualidade Art. 9o  Aberta a audiência, lida a petição ou o
de citação por edital. termo, e a resposta, se houver, ou dispensada
§ 2o  A comunicação, que será feita mediante a leitura, o juiz ouvirá as partes litigantes e o
registro postal isento de taxas e com aviso de representante do Ministério Público, propondo
recebimento, importa em citação, para todos conciliação.2
os efeitos legais. § 1o  Se houver acordo, lavrar-se-á o res-
§ 3o  Se o réu criar embaraços ao recebimen- pectivo termo, que será assinado pelo juiz,
to da citação, ou não for encontrado, repetir- escrivão, partes e representantes do Ministério
-se-á a diligência por intermédio do oficial de Público.
justiça, servindo de mandado a terceira via da § 2o  Não havendo acordo, o juiz tomará o
petição ou do termo. depoimento pessoal das partes e das testemu-
§ 4o  Impossibilitada a citação do réu por nhas, ouvidos os peritos se houver, podendo
qualquer dos modos acima previstos, será ele julgar o feito sem a mencionada produção de
citado por edital afixado na sede do juízo e provas, se as partes concordarem.
publicado 3 (três) vezes consecutivas no órgão
oficial do Estado, correndo a despesa por conta Art. 10.  A audiência de julgamento será con-
do vencido, a final, sendo previamente a conta tínua; mas, se não for possível, por motivo de
juntada aos autos. força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz
§ 5o  O edital deverá conter um resumo do marcará a sua continuação para o primeiro
pedido inicial, a íntegra do despacho nele exa- dia desimpedido, independentemente de novas
rado, a data e a hora da audiência. intimações.
§ 6o  O autor será notificado da data e hora
da audiência no ato de recebimento da petição, Art. 11.  Terminada a instrução, poderão as
ou da lavratura do termo. partes e o Ministério Público aduzir alegações
§ 7o  O juiz, ao marcar a audiência, oficiará finais, em prazo não excedente de 10 (dez)
ao empregador do réu, ou, se o mesmo for minutos para cada um.
funcionário público, ao responsável por sua Parágrafo único.  Em seguida, o juiz reno-
repartição, solicitando o envio, no máximo vará a proposta de conciliação e, não sendo
até a data marcada para a audiência, de in- aceita, ditará sua sentença, que conterá sucinto
formações sobre o salário ou os vencimentos relatório do ocorrido na audiência.
do devedor, sob as penas previstas no art. 22
desta Lei. Art. 12.  Da sentença serão as partes intimadas,
§ 8o  A citação do réu, mesmo no caso dos pessoalmente ou através de seus representantes,
artigos 200 e 201 do Código de Processo Civil, na própria audiência, ainda quando ausentes,
far-se-á na forma do § 2o do artigo 5o desta Lei. desde que intimadas de sua realização.

Art. 6o  Na audiência de conciliação e julga- Art. 13.  O disposto nesta Lei aplica-se igual-
mento deverão estar presentes autor e réu, mente, no que couber, às ações ordinárias de
independentemente de intimação e de compa- desquite, nulidade e anulação de casamento, à
recimento de seus representantes. revisão de sentenças proferidas em pedidos de
alimentos e respectivas execuções.
Art. 7o  O não comparecimento do autor deter- § 1o  Os alimentos provisórios fixados na
mina o arquivamento do pedido, e a ausência inicial poderão ser revistos a qualquer tempo, se
do réu importa em revelia, além de confissão houver modificação na situação financeira das
Normas correlatas

quanto à matéria de fato. partes, mas o pedido será sempre processado


em apartado.
Art. 8o  Autor e Réu comparecerão à audiência § 2o  Em qualquer caso, os alimentos fixados
acompanhados de suas testemunhas, 3 (três) retroagem à data da citação.
no máximo, apresentando, nessa ocasião, as
demais provas. 2
  Lei no 6.014/1973. 205
§ 3o  Os alimentos provisórios serão devidos Art. 20.  As repartições públicas, civis ou mi-
até a decisão final, inclusive o julgamento do litares, inclusive do Imposto de Renda, darão
recurso extraordinário. todas as informações necessárias à instrução
dos processos previstos nesta Lei e à execução
Art. 14.  Da sentença caberá apelação no efeito do que for decidido ou acordado em juízo.
devolutivo.3
Art. 21.  O art. 244 do Código Penal passa a
Art. 15.  A decisão judicial sobre alimentos não vigorar com a seguinte redação:
transita em julgado e pode a qualquer tempo “Art.  244.  Deixar, sem justa causa, de prover
ser revista, em face da modificação da situação a subsistência do cônjuge, ou de filho menor
financeira dos interessados. de 18 anos ou inapto para o trabalho ou de
ascendente inválido ou valetudinário, não
Art. 16.  Na execução da sentença ou do lhes proporcionando os recursos necessá-
acordo nas ações de alimentos será observado rios ou faltando ao pagamento de pensão
o disposto no artigo 734 e seu parágrafo único alimentícia judicialmente acordada, fixada
do Código de Processo Civil.4 ou majorada; deixar, sem justa causa, de
socorrer descendente ou ascendente grave-
Art. 17.  Quando não for possível a efetivação mente enfermo:
executiva da sentença ou do acordo mediante Pena – Detenção de 1 (um) ano a 4 (quatro)
desconto em folha, poderão ser as prestações anos e multa, de uma a dez vezes o maior
cobradas de alugueres de prédios ou de quais- salário mínimo vigente no País.
quer outros rendimentos do devedor, que serão Parágrafo único.  Nas mesmas penas incide
recebidos diretamente pelo alimentando ou por quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de
depositário nomeado pelo juiz. qualquer modo, inclusive por abandono
injustificado de emprego ou função, o paga-
Art. 18.  Se, ainda assim, não for possível a mento de pensão alimentícia judicialmente
satisfação do débito, poderá o credor requerer acordada, fixada ou majorada.”
a execução da sentença na forma dos artigos
732, 733 e 735 do Código de Processo Civil.5 Art. 22.  Constitui crime contra a administra-
ção da Justiça deixar o empregador ou funcio-
Art. 19.  O juiz, para instrução da causa ou nário público de prestar ao juízo competente
na execução da sentença ou do acordo, poderá as informações necessárias à instrução de pro-
tomar todas as providências necessárias para cesso ou execução de sentença ou acordo que
seu esclarecimento ou para o cumprimento do fixe pensão alimentícia:
julgado ou do acordo, inclusive a decretação de Pena – Detenção de 6 (seis) meses a 1 (um)
prisão do devedor até 60 (sessenta) dias.6 ano, sem prejuízo da pena acessória de suspen-
§ 1o  O cumprimento integral da pena de são do emprego de 30 (trinta) a 90 (noventa)
prisão não eximirá o devedor do pagamento das dias.
prestações alimentícias, vincendas ou vencidas Parágrafo único.  Nas mesmas penas incide
e não pagas. quem, de qualquer modo, ajuda o devedor a
§ 2o  Da decisão que decretar a prisão do eximir-se ao pagamento de pensão alimentícia
devedor, caberá agravo de instrumento. judicialmente acordada, fixada ou majorada, ou
§ 3o  A interposição do agravo não suspende se recusa, ou procrastina a executar ordem de
a execução da ordem de prisão. descontos em folhas de pagamento, expedida
pelo juiz competente.
3
  Lei no 6.014/1973.
4
  Lei no 6.014/1973. Art. 23.  A prescrição quinquenal referida
Mulher

5
  Lei no 6.014/1973. no art. 178, § 10, inciso I, do Código Civil só
6
  Lei no 6.014/1973. alcança as prestações mensais e não o direito a
206
alimentos, que, embora irrenunciável, pode ser Parágrafo único.  Nos termos do inciso III,
provisoriamente dispensado. art. 2o, da Convenção Internacional sobre ações
de alimentos, o Governo brasileiro comunicará,
Art. 24.  A parte responsável pelo sustento da sem demora, ao Secretário Geral das Nações
família, e que deixar a residência comum por Unidas, o disposto neste artigo.
motivo, que não necessitará declarar, poderá
tomar a iniciativa de comunicar ao juízo os Art. 27.  Aplicam-se supletivamente nos pro-
rendimentos de que dispõe e de pedir a citação cessos regulados por esta Lei as disposições do
do credor, para comparecer à audiência de Código de Processo Civil.
conciliação e julgamento destinada à fixação
dos alimento a que está obrigado. Art. 28.  Esta Lei entrará em vigor 30 (trinta)
dias depois de sua publicação.
Art. 25.  A prestação não pecuniária estabeleci-
da no art. 403 do Código Civil, só pode ser auto- Art. 29.  Revogam-se as disposições em con-
rizada pelo juiz se a ela anuir o alimentado capaz. trário.

Art. 26.  É competente para as ações de ali- Brasília, 25 de julho de 1968; 147o da Indepen-
mentos decorrentes da aplicação do Decreto dência e 80o da República.
Legislativo no 10, de 13 de novembro de 1958, e
Decreto no 56.826, de 2 de setembro de 1965, o A. COSTA E SILVA – Luís Antônio da Gama
juízo federal da Capital da Unidade Federativa e Silva
Brasileira em que reside o devedor, sendo con-
siderada instituição intermediária, para os fins Promulgada em 25/7/1968, publicada no DOU
dos referidos decretos, a Procuradoria-Geral de 26/7/1968, retificada no DOU de 14/8/1968 e
da República. republicada no DOU de 8/4/1974.

Normas correlatas

207
Lei no 1.110/1950
Regula o reconhecimento dos efeitos civis ao casamento religioso.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA apresentados pelos nubentes, com o requeri-


mento de inscrição, a prova do ato religioso
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e os documentos exigidos pelo art.  180 do
e eu sanciono a seguinte Lei: Código Civil.
Parágrafo único.  Se a certidão do ato do
Art. 1o  O casamento religioso equivalerá ao casamento religioso não contiver os requisitos
civil se observadas as prescrições desta Lei constantes dos incisos do art. 81 do Decreto
(Constituição Federal, art. 163, § 1o e 2o). no 4.857, de 9 de novembro de 1939, exceto o
de número 5 (Lei dos registros públicos), os
Habilitação Prévia requerentes deverão suprir os que faltarem.

Art. 2o  Terminada a habilitação para o casa- Art. 5o  Processada a habilitação dos reque-
mento perante o oficial do registro civil (Có- rentes e publicados os editais, na forma do
digo Civil artigos 180 a 182 e seu parágrafo) disposto no Código Civil, o oficial do registro
é facultado aos nubentes, para se casarem certificará que está findo o processo de ha-
perante a autoridade civil ou ministro religioso, bilitação sem nada que impeça o registro do
requerer a certidão de que estão habilitados na casamento religioso já realizado.
forma da lei civil, deixando-a abrigatoriamente
em poder da autoridade celebrante, para ser Art. 6o  No mesmo dia, o juiz ordenará a ins-
arquivada. crição do casamento religioso de acordo com a
prova do ato religioso e os dados constantes do
Art. 3o  Dentro nos três meses imediatos à processo tendo em vista o disposto no art. 81
entrega da certidão, a que se refere o artigo do Decreto no 4.857, de 9 de novembro de 1938
anterior (Código Civil, art.  181, §  1o), o ce- (Lei dos registros públicos).
lebrante do casamento religioso ou qualquer
interessado poderá requerer a sua inscrição, Disposições Finais
no registro público.
§ 1o  A prova do ato do casamento religioso, Art. 7o  A inscrição produzirá os efeitos jurí-
subscrita pelo celebrante conterá os requisitos dicos a contar do momento da celebração do
constante dos incisos do art. 81 do Decreto nú- casamento.
mero 4.857, de 9 de novembro de 1939, exceto
o de número 5 (Lei dos registros públicos). Art. 8o  A inscrição no Registro Civil revalida
§ 2o  O oficial de registro civil anotará a os atos praticados com omissão de qualquer
entrada no prazo do requerimento e, dentro das formalidades exigidas, ressalvado o dis-
em vinte e quatro horas, fará a inscrição. posto nos artigos 207 e 209 do Código Civil.

Habilitação Posterior Art. 9o  As ações, para invalidar efeitos civis


de casamento religioso, obedecerão exclusi-
Art. 4o  Os casamentos religiosos, celebrados vamente aos preceitos da lei civil.
sem a prévia habilitação perante o oficial do
Mulher

registro público, anteriores ou posteriores à Art. 10.  São derrogados os artigos 4o e 5o do


presente Lei, poderão ser inscritos desde que Decreto-Lei no 3.200, de 19 de abril de 1941, e
208
revogadas a Lei no 379, de 16 de janeiro de 1937, EURICO G. DUTRA – Honório Monteiro
e demais disposições em contrário.
Promulgada em 23/5/1950 e publicada no DOU de
Rio de Janeiro, 23 de maio de 1950; 129o da 27/5/1950.
Independência e 62o da República.

Normas correlatas

209
Lei no 1.060/1950
Estabelece normas para a concessão de assistência judiciária aos necessitados.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: VI – das despesas com a realização do exame


de código genético – DNA que for requisitado
Faço saber que o Congresso Nacional decreta pela autoridade judiciária nas ações de investi-
e eu sanciono a seguinte Lei: gação de paternidade ou maternidade;
VII – dos depósitos previstos em lei para
Art. 1o  Os poderes públicos federal e estadual, interposição de recurso, ajuizamento de ação e
independente da colaboração que possam rece- demais atos processuais inerentes ao exercício
ber dos municípios e da Ordem dos Advogados da ampla defesa e do contraditório.
do Brasil, OAB, concederão assistência judiciá- Parágrafo único.  A publicação de edital
ria aos necessitados nos termos da presente Lei.1 em jornal encarregado da divulgação de atos
oficiais, na forma do inciso III, dispensa a pu-
Art. 2o  Gozarão dos benefícios desta Lei os blicação em outro jornal.
nacionais ou estrangeiros residentes no país,
que necessitarem recorrer à Justiça penal, civil, Art. 4o  A parte gozará dos benefícios da assis-
militar ou do trabalho. tência judiciária, mediante simples afirmação,
Parágrafo único.  Considera-se necessitado, na própria petição inicial, de que não está em
para os fins legais, todo aquele cuja situação condições de pagar as custas do processo e os
econômica não lhe permita pagar as custas do honorários de advogado, sem prejuízo próprio
processo e os honorários de advogado, sem ou de sua família.3
prejuízo do sustento próprio ou da família. § 1o  Presume-se pobre, até prova em con-
trário, quem afirmar essa condição nos termos
Art. 3o  A assistência judiciária compreende as desta Lei, sob pena de pagamento até o décuplo
seguintes isenções:2 das custas judiciais.
I – das taxas judiciárias e dos selos; § 2o  A impugnação do direito à assistência
II – dos emolumentos e custas devidos aos judiciária não suspende o curso do processo e
Juízes, órgãos do Ministério Público e serven- será feita em autos apartados.
tuários da Justiça; § 3o  A apresentação da carteira de trabalho
III – das despesas com as publicações indis- e previdência social, devidamente legalizada,
pensáveis no jornal encarregado da divulgação onde o juiz verificará a necessidade da parte,
dos atos oficiais; substituirá os atestados exigidos nos §§ 1o e 2o
IV – das indenizações devidas às testemu- deste artigo.
nhas que, quando empregados, receberão do
empregador salário integral, como se em ser- Art. 5o  O juiz, se não tiver fundadas razões
viço estivessem, ressalvado o direito regressivo para indeferir o pedido, deverá julgá-lo de
contra o poder público federal, no Distrito plano, motivando ou não o deferimento dentro
Federal e nos Territórios; ou contra o poder do prazo de setenta e duas horas.4
público estadual, nos Estados; § 1o  Deferido o pedido, o juiz determinará
V – dos honorários de advogado e peritos; que o serviço de assistência judiciária, orga-
nizado e mantido pelo Estado, onde houver,
1
  Lei no 7.510/1986.
Mulher

2
  L ei C omplementar n o   132/2009; e L eis   Leis nos 7.510/1986 e 6.654/1979.
3

nos 10.317/2001 e 7.288/1984.   Lei no 7.871/1989.


4

210
indique, no prazo de dois dias úteis o advogado diciária, que se não transmitem ao cessionário
que patrocinará a causa do necessitado. de direito e se extinguem pela morte do bene-
§ 2o  Se no Estado não houver serviço de ficiário, podendo, entretanto, ser concedidos
assistência judiciária, por ele mantido, caberá aos herdeiros que continuarem a demanda
a indicação à Ordem dos Advogados, por suas e que necessitarem de tais favores, na forma
Seções Estaduais, ou Subseções Municipais. estabelecida nesta Lei.
§ 3o  Nos municípios em que não existirem
subseções da Ordem dos Advogados do Brasil. Art. 11.  Os honorários de advogados e peritos,
o próprio juiz fará a nomeação do advogado que as custas do processo, as taxas e selos judiciários
patrocinará a causa do necessitado. serão pagos pelo vencido, quando o beneficiário
§ 4o  Será preferido para a defesa da causa de assistência for vencedor na causa.
o advogado que o interessado indicar e que § 1o  Os honorários do advogado serão arbi-
declare aceitar o encargo. trados pelo juiz até o máximo de 15% (quinze
§ 5o  Nos Estados onde a Assistência Judiciá- por cento) sobre o líquido apurado na execução
ria seja organizada e por eles mantida, o Defen- da sentença.
sor Público, ou quem exerça cargo equivalente, § 2o  A parte vencida poderá acionar a ven-
será intimado pessoalmente de todos os atos do cedora para reaver as despesas do processo,
processo, em ambas as Instâncias, contando-se- inclusive honorários do advogado, desde que
-lhes em dobro todos os prazos. prove ter a última perdido a condição legal de
necessitada.
Art. 6o  O pedido, quando formulado no curso
da ação, não a suspenderá, podendo o juiz, em Art. 12.  A parte beneficiada pelo isenção do
face das provas, conceder ou denegar de plano pagamento das custas ficará obrigada a pagá-
o benefício de assistência. A petição, neste caso, -las, desde que possa fazê-lo, sem prejuízo do
será autuada em separado, apensando-se os sustento próprio ou da família, se dentro de
respectivos autos aos da causa principal, depois cinco anos, a contar da sentença final, o assistido
de resolvido o incidente. não puder satisfazer tal pagamento, a obrigação
ficará prescrita.
Art. 7o  A parte contrária poderá, em qualquer
fase da lide, requerer a revogação dos benefícios Art. 13.  Se o assistido puder atender, em parte,
de assistência, desde que prove a inexistência as despesas do processo, o juiz mandará pagar as
ou o desaparecimento dos requisitos essenciais custas que serão rateadas entre os que tiverem
à sua concessão. direito ao seu recebimento.
Parágrafo único.  Tal requerimento não sus-
penderá o curso da ação e se processará pela for- Art. 14.  Os profissionais liberais designados
ma estabelecida no final do artigo 6o desta Lei. para o desempenho do encargo de defensor ou
de perito, conforme o caso, salvo justo motivo
Art. 8o  Ocorrendo as circunstâncias mencio- previsto em lei ou, na sua omissão, a critério da
nadas no artigo anterior, poderá o juiz, ex officio, autoridade judiciária competente, são obrigados
decretar a revogação dos benefícios, ouvida a ao respectivo cumprimento, sob pena de multa
parte interessada dentro de quarenta e oito horas de Cr$ 1.000,00 (mil cruzeiros) a Cr$ 10.000,00
improrrogáveis. (dez mil cruzeiros), sujeita ao reajustamento es-
tabelecido na Lei no 6.205, de 29 de abril de 1975,
Art. 9o  Os benefícios da assistência judiciária sem prejuízo de sanção disciplinar cabível.5
Normas correlatas

compreendem todos os atos do processo até § 1o  Na falta de indicação pela assistência ou
decisão final do litígio, em todas as instâncias. pela própria parte, o juiz solicitará a do órgão
de classe respectivo.
Art. 10.  São individuais e concedidos em cada
caso ocorrente os benefícios de assistência ju-   Lei no 6.465/1977.
5

211
§ 2o  A multa prevista neste artigo reverterá da lei, de prestação de assistência judiciária
em benefício do profissional que assumir o gratuita, ressalvados:
encargo na causa. a)  os atos previstos no art. 38 do Código de
Processo Civil;
Art. 15.  São motivos para a recusa do mandato b)  o requerimento de abertura de inquérito
pelo advogado designado ou nomeado: por crime de ação privada, a proposição de ação
§ 1o  – estar impedido de exercer a advo- penal privada ou o oferecimento de represen-
cacia; tação por crime de ação pública condicionada.
§ 2o  – ser procurador constituído pela parte
contrária ou ter com ela relações profissionais Art. 17.  Caberá apelação das decisões profe-
de interesse atual; ridas em consequência da aplicação desta Lei;
§ 3o  – ter necessidade de se ausentar da sede a apelação será recebida somente no efeito de-
do juízo para atender a outro mandato anterior- volutivo quando a sentença conceder o pedido.7
mente outorgado ou para defender interesses
próprios inadiáveis; Art. 18.  Os acadêmicos de direito, a partir da
§ 4o  – já haver manifestado por escrito sua 4a série, poderão ser indicados pela assistência
opinião contrária ao direito que o necessitado judiciária, ou nomeados pelo juiz para auxiliar o
pretende pleitear; patrocínio das causas dos necessitados, ficando
§ 5o  – haver dada à parte contrária parecer sujeitos às mesmas obrigações impostas por
escrito sobre a contenda. esta Lei aos advogados.
Parágrafo único.  A recusa será solicitada ao
juiz, que, de plano, a concederá, temporária ou Art. 19.  Esta Lei entrará em vigor trinta dias
definitivamente, ou a denegará. depois da sua publicação no Diário Oficial da
União, revogadas as disposições em contrário.
Art. 16.  Se o advogado, ao comparecer em
juízo, não exibir o instrumento do mandato Rio de Janeiro, 5 de fevereiro de 1950; 129o da
outorgado pelo assistido, o juiz determinará Independência e 62o da República.
que se exarem na ata da audiência os termos
da referida outorga.6 EURICO G. DUTRA – Adroaldo Mesquita da
Parágrafo único.  O instrumento de mandato Costa
não será exigido, quando a parte for represen-
tada em juízo por advogado integrante de en- Promulgada em 5/2/1950 e publicada no DOU de
tidade de direito público incumbido na forma 13/2/1950.
Mulher

6
  Lei no 6.248/1975.   Lei no 6.014/1973.
7

212
Decreto-Lei no 546/1969
Dispõe sobre o trabalho noturno em estabelecimentos bancários, nas atividades que especifica.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da bem como utilizar em tarefa noturna o que


atribuição que lhe confere o § 1o do artigo 2o trabalhar durante o dia, facultada, contudo a
do Ato Institucional no 5, de 13 de dezembro adoção de horário misto, na forma prevista no
de 1968, § 4o do precitado artigo 73 da Consolidação das
Leis do Trabalho.
DECRETA: § 4o  O disposto neste artigo poderá ser
estendido, em casos especiais, a atividade ban-
Art. 1o  É permitido, inclusive à mulher, o cária de outra natureza, mediante autorização
trabalho noturno em estabelecimento bancá- do Ministério do Trabalho e Previdência Social.
rio, para a execução de tarefa pertinente ao
movimento de compensação de cheques ou a Art. 2o  Este Decreto-Lei entrará em vigor na
computação eletrônica, respeitado o disposto data de sua publicação, revogadas as disposi-
no artigo 73, e seus parágrafos da Consolidação ções em contrário.
das Leis do Trabalho.
§ 1o  A designação para o trabalho notur- Brasília, 18 de abril de 1969; 148o da Indepen-
no dependerá de concordância expressa do dência e 81o da República.
empregado.
§ 2o  O trabalho após as vinte e duas horas A. COSTA E SILVA – Antônio Delfim Netto –
será realizado em turnos especiais, não poden- Jarbas G. Passarinho
do ultrapassar seis horas.
§ 3o  É vedado aproveitar em outro horário Decretado em 18/4/1969 e publicado no DOU de
o bancário que trabalhar no período da noite, 22/4/1969.

Normas correlatas

213
Decreto de 30 de março de 2015
Convoca a 4a Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da Parágrafo único.  A convocação das confe-


atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso rências municipais, intermunicipais, estaduais
VI, alínea “a”, da Constituição, e distritais é de competência dos Governos
municipais, estaduais e do Distrito Federal.
DECRETA:
Art. 4o  A 4a Conferência Nacional de Políticas
Art. 1   Fica convocada a 4 Conferência Nacio-
o a
para as Mulheres será presidida pela Ministra
nal de Políticas para as Mulheres, a ser realizada de Estado Chefe da Secretaria de Políticas para
em Brasília, Distrito Federal, no período de as Mulheres da Presidência da República e, na
15 a 18 de março de 2016, sob a coordenação hipótese de sua ausência ou impedimento, pela
da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Secretária Executiva da Secretaria de Políticas
Presidência da República e do Conselho Nacio- para as Mulheres da Presidência da República.
nal dos Direitos da Mulher, com o objetivo de
fortalecer a Política Nacional para as Mulheres. Art. 5o  A Ministra de Estado Chefe da Secreta-
ria de Políticas para as Mulheres da Presidência
Art. 2o  A 4a Conferência Nacional de Políticas da República expedirá, mediante portaria, o Re-
para as Mulheres terá como tema “Mais direitos, gimento da 4a Conferência Nacional de Políticas
participação e poder para as mulheres”, que será para as Mulheres.
dividido nos seguintes eixos temáticos: Parágrafo único.  O Regimento disporá sobre
I – “Contribuição dos conselhos dos direitos a organização e o funcionamento da 4a Confe-
da mulher e dos movimentos feministas e de mu- rência Nacional de Políticas para as Mulheres,
lheres para a efetivação da igualdade de direitos inclusive sobre o processo democrático de
e oportunidades para as mulheres em sua di- escolha de suas delegadas ou delegados.
versidade e especificidades: avanços e desafios”;
II – “Estruturas institucionais e políticas pú- Art. 6o  As despesas com a organização e a rea-
blicas desenvolvidas para as mulheres no âmbito lização da 4a Conferência Nacional de Políticas
municipal, estadual e federal: avanços e desafios”; para as Mulheres correrão à conta das dotações
III – “Sistema político com participação das orçamentárias da Secretaria de Políticas para as
mulheres e igualdade: recomendações”; e Mulheres da Presidência da República.
IV – “Sistema Nacional de Políticas para as
Mulheres: subsídios e recomendações”. Art. 7o  Este Decreto entra em vigor na data de
sua publicação.
Art. 3o  A 4a Conferência Nacional de Políticas
para as Mulheres será precedida pelos seguintes Brasília, 30 de março de 2015; 194o da Indepen-
eventos: dência e 127o da República.
I – conferências livres, a serem realizadas no
período de 4 de maio a 19 de dezembro de 2015; DILMA ROUSSEFF – Eleonora Menicucci de
II – conferências municipais ou intermuni- Oliveira
cipais, a serem realizadas no período de 1o de
junho a 18 de setembro de 2015; e Decretado em 30/3/2015 e publicado no DOU de
Mulher

III – conferências estaduais e distritais, a 31/3/2015.


serem realizadas no período de 19 de outubro
214 a 19 de dezembro de 2015.
Decreto no 7.959/2013
Dispõe sobre o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, para o período de 2013 a 2015, altera
o Decreto no 5.390, de 8 de março de 2005, e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso VI – Ministério da Agricultura, Pecuária e


da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, Abastecimento;
inciso VI, alínea “a”, da Constituição, VII – Ministério da Educação;
VIII – Ministério da Cultura;
DECRETA: IX – Ministério do Trabalho e Emprego;
X – Ministério da Previdência Social;
Art. 1o  A Secretaria de Políticas para as Mu- XI – Ministério do Desenvolvimento Social
lheres da Presidência da República disporá e Combate à Fome;
sobre os eixos, os objetivos, as linhas de ação, as XII – Ministério da Saúde;
ações e as metas do Plano Nacional de Políticas XIII – Ministério de Minas e Energia;
para as Mulheres – PNPM, para o período de XIV – Ministério do Planejamento, Orça-
2013 a 2015. mento e Gestão;
Parágrafo único.  Os Ministérios respon- XV – Ministério das Comunicações;
sáveis por ações desenvolvidas no âmbito do XVI – Ministério da Ciência, Tecnologia e
PNPM deverão ser previamente consultados Inovação;
sobre o seu conteúdo. XVII – Ministério do Meio Ambiente;
XVIII – Ministério do Esporte;
Art. 2o  O Decreto no  5.390, de 8 de março XIX – Ministério do Turismo;
de 2005, passa a vigorar com as seguintes XX – Ministério da Integração Nacional;
alterações: XXI – Ministério do Desenvolvimento
Agrário;
Art. 3o  Fica instituído o Comitê de Articu- XXII – Ministério das Cidades;
lação e Monitoramento do PNPM, no âmbito XXIII – Ministério da Pesca e Aquicultura;
da Secretaria de Políticas para as Mulheres da XXIV – Secretaria-Geral da Presidência da
Presidência da República, para acompanhar República;
e avaliar periodicamente o cumprimento dos XXV – Secretaria de Relações Institucionais
objetivos, ações e metas definidos no PNPM. da Presidência da República;
XXVI – Secretaria de Comunicação Social
Art. 4o  O Comitê de Articulação e Monito- da Presidência da República;
ramento do PNPM será integrado por três XXVII – Secretaria de Políticas de Pro-
representações do Conselho Nacional dos moção da Igualdade Racial da Presidência da
Direitos da Mulher, preferencialmente dentre República;
as representações da sociedade civil, e por XXVIII – Secretaria dos Direitos Humanos
uma representação de cada órgão e entidade da Presidência da República;
a seguir: XXIX – Banco do Brasil-S.A.;
I – Secretaria de Políticas para as Mulheres XXX – Caixa Econômica Federal;
Normas correlatas

da Presidência da República, que o coordenará; XXXI – Fundação Nacional do Índio;


II – Casa Civil da Presidência da República; XXXII – Instituto Brasileiro de Geografia
III – Ministério da Justiça; e Estatística; e
IV – Ministério da Defesa; XXXIII – Instituto de Pesquisa Econômica
V – Ministério das Relações Exteriores; Aplicada.
215
§ 1o  Titulares e suplentes do Comitê de dos trabalhos e o funcionamento do Comitê de
Articulação e Monitoramento do PNPM Articulação e Monitoramento do PNPM e suas
serão indicados pelos titulares dos órgãos e câmaras técnicas.
entidades representados e designados por ato
da Ministra de Estado Chefe da Secretaria de Art. 3o  Este Decreto entra em vigor na data
Políticas para as Mulheres da Presidência da de sua publicação.
República.
§ 2o  Poderão ser convidados a participar Art. 4o  Ficam revogados:
das reuniões do Comitê de Articulação e I – os arts. 1o e 2o do Decreto no 5.390, de 8
Monitoramento do PNPM especialistas e de março de 2005, e seu Anexo; e
representantes de outros órgãos ou entidades II – o Decreto no 6.387, de 5 de março de
públicas e privadas.” 2008.
Art. 5o  ����������������������������������������������������������������
������������������������������������������������������������������������������ Brasília, 13 de março de 2013; 192o da Inde-
V – efetuar ajustes de objetivos, linhas de pendência e 125o da República.
ação, ações e metas do PNPM;
������������������������������������������������������������������������������ DILMA ROUSSEFF – Eleonora Menicucci de
Oliveira
Art. 9o  A Secretaria de Políticas para as Mu-
lheres da Presidência da República prestará su- Decretado em 13/3/2013 e publicado no DOU de
porte técnico e administrativo para a execução 14/3/2013.
Mulher

216
Decreto no 7.958/2013
Estabelece diretrizes para o atendimento às vítimas de violência sexual pelos profissionais de segurança
pública e da rede de atendimento do Sistema Único de Saúde.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das VI – divulgação de informações sobre a


atribuições que lhe confere o art.  84, caput, existência de serviços de referência para aten-
incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e dimento de vítimas de violência sexual;
tendo em vista o disposto nos incisos IV e V VII – disponibilização de transporte à
do caput do art. 15 da Lei no 8.080, de 19 de vítima de violência sexual até os serviços de
setembro de 1990, referência; e
VIII – promoção de capacitação de pro-
DECRETA: fissionais de segurança pública e da rede de
atendimento do SUS para atender vítimas de
Art. 1 o  Este Decreto estabelece diretrizes violência sexual de forma humanizada, ga-
para o atendimento humanizado às vítimas de rantindo a idoneidade e o rastreamento dos
violência sexual pelos profissionais da área de vestígios coletados.
segurança pública e da rede de atendimento do
Sistema Único de Saúde – SUS, e as competên- Art. 3o  Para os fins deste Decreto, considera-
cias do Ministério da Justiça e do Ministério da -se serviço de referência o serviço qualifi-
Saúde para sua implementação. cado para oferecer atendimento às vítimas
de violência sexual, observados os níveis de
Art. 2o  O atendimento às vítimas de violência assistência e os diferentes profissionais que
sexual pelos profissionais de segurança pública atuarão em cada unidade de atendimento, se-
e da rede de atendimento do SUS observará as gundo normas técnicas e protocolos adotados
seguintes diretrizes: pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério
I – acolhimento em serviços de referência; da Justiça.
II – atendimento humanizado, observados
os princípios do respeito da dignidade da Art. 4o  O atendimento às vítimas de violência
pessoa, da não discriminação, do sigilo e da sexual pelos profissionais da rede do SUS com-
privacidade; preenderá os seguintes procedimentos:
III – disponibilização de espaço de escuta I – acolhimento, anamnese e realização de
qualificado e privacidade durante o atendi- exames clínicos e laboratoriais;
mento, para propiciar ambiente de confiança e II – preenchimento de prontuário com as
respeito à vítima; seguintes informações:
IV – informação prévia à vítima, assegurada a)  data e hora do atendimento;
sua compreensão sobre o que será realizado em b)  história clínica detalhada, com dados
cada etapa do atendimento e a importância das sobre a violência sofrida;
condutas médicas, multiprofissionais e poli- c)  exame físico completo, inclusive o exame
ciais, respeitada sua decisão sobre a realização ginecológico, se for necessário;
de qualquer procedimento; d)  descrição minuciosa das lesões, com
Normas correlatas

V – identificação e orientação às vítimas indicação da temporalidade e localização


sobre a existência de serviços de referência específica;
para atendimento às vítimas de violência e de e)  descrição minuciosa de vestígios e de
unidades do sistema de garantia de direitos; outros achados no exame; e

217
f)  identificação dos profissionais que aten- b)  profissionais e gestores de saúde do SUS
deram a vítima; para atendimento humanizado de vítimas de
III – preenchimento do Termo de Relato violência sexual, no tocante à coleta, guarda
Circunstanciado e Termo de Consentimento e transporte dos vestígios coletados no exame
Informado, assinado pela vítima ou respon- clínico e o posterior encaminhamento do ma-
sável legal; terial coletado para a perícia oficial; e
IV – coleta de vestígios para, assegurada a c)  profissionais de segurança pública, em
cadeia de custódia, encaminhamento à perícia especial os que atuam nas delegacias especia-
oficial, com a cópia do Termo de Consentimen- lizadas no atendimento a mulher, crianças e
to Informado; adolescentes, para atendimento humanizado e
V – assistência farmacêutica e de outros encaminhamento das vítimas aos serviços de
insumos e acompanhamento multiprofissional, referência e a unidades do sistema de garantia
de acordo com a necessidade; de direitos.
VI – preenchimento da Ficha de Notificação
Compulsória de violência doméstica, sexual e Art. 6o  Ao Ministério da Saúde compete:
outras violências; e I – apoiar a estruturação e as ações para o
VII – orientação à vítima ou ao seu responsá- atendimento humanizado às vítimas de violên-
vel a respeito de seus direitos e sobre a existên- cia sexual no âmbito da rede do SUS;
cia de serviços de referência para atendimento II – capacitar os profissionais e gestores de
às vítimas de violência sexual. saúde do SUS para atendimento humanizado; e
§ 1o  A coleta, identificação, descrição e III – realizar ações de educação permanente
guarda dos vestígios de que tratam as alíneas “e” em saúde dirigidas a profissionais, gestores de
e “f ” do inciso II e o inciso IV do caput obser- saúde e população em geral sobre prevenção da
varão regras e diretrizes técnicas estabelecidas violência sexual, organização e humanização
pelo Ministério da Justiça e pelo Ministério do atendimento às vítimas de violência sexual.
da Saúde.
§ 2o  A rede de atendimento ao SUS deve Art. 7o  Este Decreto entra em vigor na data
garantir a idoneidade e o rastreamento dos de sua publicação.
vestígios coletados.
Brasília, 13 de março de 2013; 192o da Indepen-
Art. 5   Ao Ministério da Justiça compete:
o
dência e 125o da República.
I – apoiar a criação de ambiente humanizado
para atendimento de vítimas de violência sexual DILMA ROUSSEFF – José Eduardo Cardozo
nos órgãos de perícia médico-legal; e – Alexandre Rocha Santos Padilha – Eleonora
II – promover capacitação de: Menicucci de Oliveira
a)  peritos médicos-legistas para atendi-
mento humanizado na coleta de vestígios em Decretado em 13/3/2013 e publicado no DOU de
vítimas de violência sexual; 14/3/2013.
Mulher

218
Decreto no 7.901/2013
Institui a Coordenação Tripartite da Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e o
Comitê Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas – CONATRAP.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da V – elaborar relatórios para instâncias nacio-


atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso nais e internacionais e disseminar informações
VI, alínea “a”, da Constituição, sobre enfrentamento ao tráfico de pessoas; e
VI – subsidiar os trabalhos do Comitê Na-
DECRETA: cional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas,
propondo temas para debates.
Art. 1o  Fica instituída a Coordenação Tripar-
tite da Política Nacional de Enfrentamento ao Art. 3o  Ato conjunto dos Ministros de Estado
Tráfico de Pessoas, para coordenar a gestão com representação na Coordenação Tripartite
estratégica e integrada da Política Nacional de da Política Nacional de Enfrentamento ao
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, aprovada Tráfico de Pessoas disporá sobre o II Plano
pelo Decreto no 5.948, de 26 de outubro de 2006, Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de
e dos Planos Nacionais de Enfrentamento ao Pessoas – II PNETP, para o período de 2013 a
Tráfico de Pessoas. 2016, e instituirá grupo interministerial para
Parágrafo único.  A Coordenação Tripartite seu monitoramento e avaliação.
da Política Nacional de Enfrentamento ao Trá- § 1o  O II PNETP terá os seguintes objetivos:
fico de Pessoas será integrada pelos seguintes I – ampliar e aperfeiçoar a atuação de ins-
órgãos: tâncias e órgãos envolvidos no enfrentamento
I – Ministério da Justiça; ao tráfico de pessoas, na prevenção e repressão
II – Secretaria de Políticas para as Mulheres do crime, na responsabilização dos autores,
da Presidência da República; e na atenção às vítimas e na proteção de seus
III – Secretaria de Direitos Humanos da direitos;
Presidência da República. II – fomentar e fortalecer a cooperação entre
órgãos públicos, organizações da sociedade
Art. 2o  São atribuições da Coordenação Tri- civil e organismos internacionais no Brasil e
partite da Política Nacional de Enfrentamento no exterior envolvidos no enfrentamento ao
ao Tráfico de Pessoas: tráfico de pessoas;
I – analisar e decidir sobre aspectos rela- III – reduzir as situações de vulnerabilidade
cionados à coordenação das ações de enfren- ao tráfico de pessoas, consideradas as identida-
tamento ao tráfico de pessoas no âmbito da des e especificidades dos grupos sociais;
administração pública federal; IV – capacitar profissionais, instituições e
II – conduzir a construção dos planos nacio- organizações envolvidas com o enfrentamento
nais de enfrentamento ao tráfico de pessoas e ao tráfico de pessoas;
coordenar os trabalhos dos respectivos grupos V – produzir e disseminar informações
interministeriais de monitoramento e avaliação; sobre o tráfico de pessoas e as ações para seu
III – mobilizar redes de atores e parceiros enfrentamento; e
Normas correlatas

envolvidos no enfrentamento ao tráfico de VI – sensibilizar e mobilizar a sociedade para


pessoas; prevenir a ocorrência, os riscos e os impactos
IV – articular ações de enfrentamento ao do tráfico de pessoas.
tráfico de pessoas com Estados, Distrito Federal § 2o  O II PNETP deverá ser implementa-
e Municípios e com as organizações privadas, do por meio de ações articuladas nas esferas
internacionais e da sociedade civil; federal, estadual, distrital e municipal, e em 219
colaboração com organizações da sociedade § 1o  Será assegurada, na composição da
civil e organismos internacionais. CONATRAP, a participação de:
§ 3 o   Os Ministérios responsáveis por I – sete representantes de organizações da
ações desenvolvidas no âmbito do II PNETP sociedade civil ou especialistas em enfrenta-
deverão ser consultados sobre seu conteúdo mento ao tráfico de pessoas;
previamente à assinatura do ato conjunto de II – um representante de cada um dos se-
que trata o caput. guintes colegiados:
a)  Conselho Nacional de Assistência So-
Art. 4o  Fica instituído o Comitê Nacional de cial;
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas – CO- b)  Conselho Nacional dos Direitos da
NATRAP, para articular a atuação dos órgãos e Criança e do Adolescente;
entidades públicas e privadas no enfrentamento c)  Conselho Nacional dos Direitos da
ao tráfico de pessoas. Mulher;
d)  Comissão Nacional Para a Erradicação
Art. 5o  São atribuições do CONATRAP: do Trabalho Escravo;
I – propor estratégias para gestão e imple- e)  Conselho Nacional de Promoção da
mentação de ações da Política Nacional de Igualdade Racial;
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, aprovada f)  Conselho Nacional de Imigração;
pelo Decreto no 5.948, de 2006; g)  Conselho Nacional de Saúde;
II – propor o desenvolvimento de estudos h)  Conselho Nacional de Segurança Pú-
e ações sobre o enfrentamento ao tráfico de blica;
pessoas; i)  Conselho Nacional de Turismo; e
III – acompanhar a implementação dos j)  Conselho Nacional de Combate à Discri-
planos nacionais de enfrentamento ao tráfico minação e Promoção dos Direitos de Lésbicas,
de pessoas; Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais;
IV – articular suas atividades àquelas dos III – um representante a ser indicado pelos
Conselhos Nacionais de políticas públicas que Núcleos Estaduais de Enfrentamento ao Tráfico
tenham interface com o enfrentamento ao de Pessoas e pelos Postos Avançados de Atendi-
tráfico de pessoas, para promover a interseto- mento Humanizado ao Migrante formalmente
rialidade das políticas; constituídos; e
V – articular e apoiar tecnicamente os IV – um representante a ser indicado pelos
comitês estaduais, distrital e municipais de comitês estaduais e do Distrito Federal de en-
enfrentamento ao tráfico de pessoas na de- frentamento ao tráfico de pessoas.
finição de diretrizes comuns de atuação, na § 2o  O CONATRAP será presidido pelo
regulamentação e no cumprimento de suas Secretário Nacional de Justiça do Ministério da
atribuições; Justiça ou por pessoa por ele designada.
VI – elaborar relatórios de suas atividades; e § 3o  Os representantes titulares referidos
VII – elaborar e aprovar seu regimento nos incisos I, II, III e IV do caput e seus su-
interno. plentes serão indicados pelos titulares dos
órgãos que representam e designados por ato
Art. 6o  O CONATRAP será integrado por: do Ministro de Estado da Justiça.
I – quatro representantes do Ministério da § 4o  Os representantes titulares referidos
Justiça; nos incisos I, II, III e IV do § 1o e seus suplentes
II – um representante da Secretaria de serão designados por ato do Ministro de Esta-
Políticas para as Mulheres da Presidência da do da Justiça, após indicação pelas entidades,
República; conselhos, núcleos, postos ou comitês.
III – um representante da Secretaria de Di- § 5o  A designação dos representantes titu-
Mulher

reitos Humanos da Presidência da República; e lares referidos nos incisos II, III e IV do § 1o e
IV – um representante do Ministério de seus suplentes deverá atender à proporção de
220 Desenvolvimento Social e Combate à Fome. cinquenta por cento de representantes gover-
namentais e cinquenta por cento de represen- trabalhos e o funcionamento dos colegiados
tantes da sociedade civil, observada a paridade instituídos por este Decreto.
da composição do CONATRAP, na forma do
regimento interno. Art. 9o  Este Decreto entra em vigor na data
§ 6o  O mandato dos integrantes do CONA- de sua publicação.
TRAP referidos nos incisos I, II, III e IV do
§  1o será de dois anos, admitida apenas uma Art. 10.  Ficam revogados os arts.  2o a 9o do
recondução, por igual período. Decreto no 5.948, de 26 de outubro de 2006.
§ 7o  Poderão ser convidados a participar
das reuniões do CONATRAP especialistas e Brasília, 4 de fevereiro de 2013; 192o da Inde-
representantes de outros órgãos ou entidades pendência e 125o da República.
públicas e privadas, com atribuições relacio-
nadas ao enfrentamento ao tráfico de pessoas. DILMA ROUSSEFF – José Eduardo Cardozo –
Carlos Daudt Brizola – Alexandre Rocha Santos
Art. 7o  A participação nos colegiados instituí- Padilha – Tereza Campello – Gastão Vieira –
dos por este Decreto será considerada prestação Luiza Helena de Bairros – Eleonora Menicucci
de serviço público relevante, não remunerada. de Oliveira – Maria do Rosário Nunes

Art. 8o  O Ministério da Justiça prestará supor- Decretado em 4/2/2013, publicado no DOU de


te técnico e administrativo para a execução dos 5/2/2013 e retificado no DOU de 6/2/2013.

Normas correlatas

221
Decreto no 7.508/2011
Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema
Único de Saúde – SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa,
e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da para definição das regras da gestão comparti-


atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, lhada do SUS;
da Constituição, e tendo em vista o disposto na V – Mapa da Saúde – descrição geográfica
Lei no 8.080, 19 de setembro de 1990, da distribuição de recursos humanos e de ações
e serviços de saúde ofertados pelo SUS e pela
DECRETA: iniciativa privada, considerando-se a capaci-
dade instalada existente, os investimentos e o
desempenho aferido a partir dos indicadores
CAPÍTULO I – Das Disposições de saúde do sistema;
Preliminares VI – Rede de Atenção à Saúde – conjunto de
ações e serviços de saúde articulados em níveis
Art. 1 o   Este Decreto regulamenta a Lei de complexidade crescente, com a finalidade de
no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor garantir a integralidade da assistência à saúde;
sobre a organização do Sistema Único de Saúde VII – Serviços Especiais de Acesso Aberto
– SUS, o planejamento da saúde, a assistência à – serviços de saúde específicos para o atendi-
saúde e a articulação interfederativa. mento da pessoa que, em razão de agravo ou
de situação laboral, necessita de atendimento
Art. 2o  Para efeito deste Decreto, considera-se: especial; e
I – Região de Saúde – espaço geográfico VIII – Protocolo Clínico e Diretriz Tera-
contínuo constituído por agrupamentos de pêutica – documento que estabelece: critérios
Municípios limítrofes, delimitado a partir de para o diagnóstico da doença ou do agravo
identidades culturais, econômicas e sociais e à saúde; o tratamento preconizado, com os
de redes de comunicação e infraestrutura de medicamentos e demais produtos apropriados,
transportes compartilhados, com a finalidade quando couber; as posologias recomendadas;
de integrar a organização, o planejamento e a os mecanismos de controle clínico; e o acom-
execução de ações e serviços de saúde; panhamento e a verificação dos resultados
II – Contrato Organizativo da Ação Pública terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores
da Saúde – acordo de colaboração firmado entre do SUS.
entes federativos com a finalidade de organizar �������������������������������������������������������������������������������
e integrar as ações e serviços de saúde na rede
regionalizada e hierarquizada, com definição Art. 45.  Este Decreto entra em vigor na data
de responsabilidades, indicadores e metas de de sua publicação.
saúde, critérios de avaliação de desempenho,
recursos financeiros que serão disponibilizados, Brasília, 28 de junho de 2011; 190o da Indepen-
forma de controle e fiscalização de sua execução dência e 123o da República.
e demais elementos necessários à implemen-
tação integrada das ações e serviços de saúde; DILMA ROUSSEFF – Alexandre Rocha Santos
III – Portas de Entrada – serviços de atendi- Padilha
Mulher

mento inicial à saúde do usuário no SUS;


IV – Comissões Intergestores – instâncias de Decretado em 28/6/2011 e publicado no DOU de
222 pactuação consensual entre os entes federativos 29/6/2011.
Decreto no 7.393/2010
Dispõe sobre a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da Mulheres em Situação de Violência, de acordo


atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, com a necessidade;
alínea “a”, da Constituição, V – informar às autoridades competentes,
se for o caso, a possível ocorrência de infração
DECRETA: penal que envolva violência contra a mulher;
VI – receber reclamações, sugestões e elogios
Art. 1o  A Central de Atendimento à Mulher a respeito do atendimento prestado no âmbito
– Ligue 180, na modalidade de serviço telefô- da Rede de Serviços de Atendimento às Mulhe-
nico de utilidade pública de âmbito nacional, é res em Situação de Violência, encaminhando-os
destinada a atender gratuitamente mulheres em aos órgãos competentes;
situação de violência em todo o País. VII – produzir periodicamente relatórios
Parágrafo único.  A Secretaria de Políticas gerenciais e analíticos com o intuito de apoiar
para as Mulheres da Presidência da República a formulação, o monitoramento e a avaliação de
coordenará a Central de Atendimento. políticas públicas de enfrentamento à violência
contra as mulheres;
Art. 2o  A Central de Atendimento poderá ser VIII – disseminar as ações e políticas de
acionada por meio de ligações telefônicas locais enfrentamento à violência contra as mulheres
e de longa distância, no âmbito nacional, origi- para as usuárias que procuram o serviço; e
nadas de telefones fixos ou móveis, públicos ou IX – produzir base de informações estatísti-
particulares, e efetivar chamadas ativas locais e cas sobre a violência contra as mulheres, com
de longa distância. a finalidade de subsidiar o sistema nacional de
Parágrafo único.  O número 180 estará dis- dados e de informações relativas às mulheres.
ponível vinte e quatro horas por dia, todos os
dias da semana, incluindo finais de semana e Art. 4o  O número 180 poderá ser amplamente
feriados locais, regionais e nacionais. divulgado nos meios de comunicação, instala-
ções e estabelecimentos públicos e privados,
Art. 3o  Caberá à Central de Atendimento: entre outros.
I – receber relatos, denúncias e manifes-
tações relacionadas a situações de violência Art. 5o  Este Decreto entrar em vigor na data
contra as mulheres; de sua publicação.
II – registrar relatos de violências sofridas
pelas mulheres; Brasília, 15 de dezembro de 2010; 189o da In-
III – orientar as mulheres em situação de dependência e 122o da República.
violência sobre seus direitos, bem como infor-
mar sobre locais de apoio e assistência na sua LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – Nilcéa Freire
localidade;
IV – encaminhar as mulheres em situação de Decretado em 15/12/2010 e publicado no DOU de
Normas correlatas

violência à Rede de Serviços de Atendimento às 16/12/2010.

223
Decreto no 7.052/2009
Regulamenta a Lei no 11.770, de 9 de setembro de 2008, que cria o Programa Empresa Cidadã,
destinado à prorrogação da licença-maternidade, no tocante a empregadas de pessoas jurídicas.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da querimento dirigido à Secretaria da Receita


atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, Federal do Brasil.
da Constituição, e tendo em vista o disposto
na Lei no 11.770, de 9 de setembro de 2008, Art. 4o  Observadas as normas complementa-
res a serem editadas pela Secretaria da Receita
DECRETA: Federal do Brasil, a pessoa jurídica tributada
com base no lucro real poderá deduzir do im-
Art. 1o  Fica instituído o Programa Empresa posto devido, em cada período de apuração,
Cidadã, destinado a prorrogar por sessenta o total da remuneração da empregada pago
dias a duração da licença-maternidade pre- no período de prorrogação de sua licença-
vista no inciso XVIII do caput do art.  7o da -maternidade, vedada a dedução como despesa
Constituição e o correspondente período do operacional.
salário-maternidade de que trata os arts. 71 e Parágrafo único.  A dedução de que trata o
71-A da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991. caput fica limitada ao valor do imposto devido
§ 1o  Será beneficiada pelo Programa Em- em cada período de apuração.
presa Cidadã a empregada da pessoa jurídica
que aderir ao Programa, desde que a emprega- Art. 5o  No período de licença-maternidade e
da requeira a prorrogação do salário-materni- licença à adotante de que trata este Decreto, a
dade até o final do primeiro mês após o parto. empregada não poderá exercer qualquer ativi-
§ 2o  A prorrogação a que se refere o §  1o dade remunerada, salvo nos casos de contrato
iniciar-se-á no dia subsequente ao término da de trabalho simultâneo firmado previamente,
vigência do benefício de que tratam os arts. 71 e a criança não poderá ser mantida em creche
e 71-A da Lei no 8.213, de 1991. ou organização similar.
§ 3o  A prorrogação de que trata este ar- Parágrafo único.  Em caso de ocorrência de
tigo será devida, inclusive, no caso de parto quaisquer das situações previstas no caput, a
antecipado. beneficiária perderá o direito à prorrogação.

Art. 2o  O disposto no art. 1o aplica-se à empre- Art. 6o  A empregada em gozo de salário-


gada de pessoa jurídica que adotar ou obtiver -maternidade na data de publicação deste
guarda judicial para fins de adoção de criança, Decreto poderá solicitar a prorrogação da
pelos seguintes períodos: licença, desde que requeira no prazo de até
I – por sessenta dias, quando se tratar de trinta dias.
criança de até um ano de idade;
II – por trinta dias, quando se tratar de Art. 7o  A Secretaria da Receita Federal do
criança a partir de um ano até quatro anos de Brasil e o Instituto Nacional do Seguro Social
idade completos; e – INSS poderão expedir, no âmbito de suas
III – por quinze dias, quando se tratar de competências, normas complementares para
criança a partir de quatro anos até completar execução deste Decreto.
oito anos de idade.
Mulher

Art. 8o  Este Decreto entra em vigor na data


Art. 3   As pessoas jurídicas poderão aderir
o
de sua publicação, produzindo efeitos a partir
224 ao Programa Empresa Cidadã, mediante re- de 1o de janeiro de 2010.
Brasília, 23 de dezembro de 2009; 189o da Decretado em 23/12/2009 e publicado no DOU de
Independência e 121o da República. 24/12/2009.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – Guido


Mantega – José Pimentel

Normas correlatas

225
Decreto no 6.690/2008
Institui o Programa de Prorrogação da Licença à Gestante e à Adotante, estabelece os critérios de
adesão ao Programa e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da c)  quinze dias, no caso de criança de quatro


atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, a oito anos de idade.
da Constituição, e tendo em vista o disposto II – para as servidoras públicas em gozo do
no art. 2o da Lei no 11.770, de 9 de setembro benefício de que trata o art. 210 da Lei no 8.112,
de 2008, de 1990:
a)  quarenta e cinco dias, no caso de criança
DECRETA: de até um ano de idade; e
b)  quinze dias, no caso de criança com mais
Art. 1o  Fica instituído, no âmbito da Admi- de um ano de idade.
nistração Pública federal direta, autárquica e § 4o  Para os fins do disposto no § 3o, inciso
fundacional, o Programa de Prorrogação da II, alínea “b”, considera-se criança a pessoa de
Licença à Gestante e à Adotante. até doze anos de idade incompletos, nos termos
do art. 2o da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990.
Art. 2o  Serão beneficiadas pelo Programa de § 5o  A prorrogação da licença será custeada
Prorrogação da Licença à Gestante e à Adotante com recurso do Tesouro Nacional.
as servidoras públicas federais lotadas ou em
exercício nos órgãos e entidades integrantes da Art. 3o  No período de licença-maternidade e
Administração Pública federal direta, autárqui- licença à adotante de que trata este Decreto, as
ca e fundacional. servidoras públicas referidas no art. 2o não po-
§ 1o  A prorrogação será garantida à servi- derão exercer qualquer atividade remunerada
dora pública que requeira o benefício até o final e a criança não poderá ser mantida em creche
do primeiro mês após o parto e terá duração de ou organização similar.
sessenta dias. Parágrafo único.  Em caso de ocorrência de
§ 2o  A prorrogação a que se refere o §  1o quaisquer das situações previstas no caput, a
iniciar-se-á no dia subsequente ao término da beneficiária perderá o direito à prorrogação,
vigência da licença prevista no art. 207 da Lei sem prejuízo do devido ressarcimento ao
no  8.112, de 11 de dezembro de 1990, ou do erário.
benefício de que trata o art. 71 da Lei no 8.213,
de 24 de julho de 1991. Art. 4o  A servidora em gozo de licença-ma-
§ 3o  O benefício a que fazem jus as ser- ternidade na data de publicação deste Decreto
vidoras públicas mencionadas no caput será poderá solicitar a prorrogação da licença, desde
igualmente garantido a quem adotar ou obtiver que requerida até trinta dias após aquela data.
guarda judicial para fins de adoção de criança,
na seguinte proporção: Art. 5o  Este Decreto aplica-se à servidora
I – para as servidoras públicas em gozo pública que tenha o seu período de licença-
do benefício de que trata o art.  71-A da Lei -maternidade concluído entre 10 de setembro
no 8.213, de 1991: de 2008 e a data de publicação deste Decreto.
a)  sessenta dias, no caso de criança de até Parágrafo único.  A servidora pública men-
um ano de idade; cionada no caput terá direito ao gozo da licença
Mulher

b)  trinta dias, no caso de criança de mais de pelos dias correspondentes à prorrogação,
um e menos de quatro anos de idade; e conforme o caso.
226
Art. 6o  O Ministério do Planejamento, Or- LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – André
çamento e Gestão poderá expedir normas Peixoto Figueiredo Lima – José Gomes Temporão
complementares para execução deste Decreto. – Paulo Bernardo Silva.

Art. 7o  Este Decreto entra em vigor na data Decretado em 11/12/2008 e publicado no DOU de
de sua publicação. 12/12/2008.

Brasília, 11 de dezembro de 2008; 187o da In-


dependência e 120o da República.

Normas correlatas

227
Decreto no 6.412/2008
Dispõe sobre a composição, estruturação, competências e funcionamento do Conselho Nacional dos
Direitos da Mulher – CNDM, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das governamentais relativas à implementação do


atribuições que lhe confere o art.  84, incisos Plano Nacional de Políticas para as Mulheres
IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em – PNPM;
vista o disposto nos arts. 33, inciso V, e 54 da III – propor a adoção de mecanismos e
Lei no 10.683, de 28 de maio de 2003, instrumentos que assegurem a participação
e o controle social sobre as políticas públicas
DECRETA: para as mulheres;
IV – acompanhar, analisar e apresentar
sugestões em relação ao desenvolvimento de
CAPÍTULO I – Da Finalidade e da programas e ações governamentais e a execução
Competência de recursos públicos para eles autorizados, com
vistas à implementação do PNPM;
Art. 1o  O Conselho Nacional dos Direitos V – manifestar-se sobre o mérito de inicia-
da Mulher – CNDM, órgão colegiado de tivas legislativas que tenham implicações sobre
natureza consultiva e deliberativa, integrante os direitos das mulheres;
da estrutura da Secretaria de Políticas para as VI – propor estratégias de ação visando
Mulheres da Presidência da República, criado ao acompanhamento, avaliação e fiscalização
pela Lei no 7.353, de 29 de agosto de 1985, tem das políticas de igualdade para as mulheres,
por finalidade, respeitadas as demais instâncias desenvolvidas em âmbito nacional, bem como
decisórias e as normas de organização da ad- a participação social no processo decisório re-
ministração federal:1 lativo ao estabelecimento das diretrizes dessas
I – formular e propor diretrizes para a ação políticas;
governamental voltada à promoção dos direitos VII – apoiar a Secretaria de Políticas para
das mulheres; e as Mulheres da Presidência da República na
II – atuar no controle social de políticas articulação com outros órgãos da administra-
públicas de igualdade de gênero. ção pública federal e os governos estaduais,
municipais e do Distrito Federal;
Art. 2o  Ao CNDM compete:2 VIII – participar da organização das con-
I – participar na elaboração de critérios e ferências nacionais de políticas públicas para
parâmetros para o estabelecimento e imple- as mulheres;
mentação de metas e prioridades que visem IX – articular-se com órgãos e entidades
a assegurar as condições de igualdade às públicos e privados, visando incentivar e
mulheres; aperfeiçoar o relacionamento e o intercâmbio
II – apresentar sugestões para a elaboração sistemático sobre a promoção dos direitos da
do planejamento plurianual do Governo Fede- mulher; e
ral, o estabelecimento de diretrizes orçamen- X – articular-se com os movimentos de
tárias e a alocação de recursos no Orçamento mulheres, conselhos estaduais e municipais
Anual da União, visando subsidiar decisões dos direitos da mulher e outros conselhos
setoriais, para ampliar a cooperação mútua
Mulher

1
  Decreto no 8.202/2014. e estabelecimento de estratégias comuns de
2
  Decreto no 8.202/2014. implementação de ações para a igualdade e
228
equidade de gênero e fortalecimento do pro- IV – uma conselheira emérita.
cesso de controle social. § 1o  As integrantes a que se refere o inciso
II serão substituídas por sete suplentes, a serem
definidas no processo seletivo.
CAPÍTULO II – Da Composição e do § 2o  O processo seletivo referido no inciso
Funcionamento do CNDM II será aberto a todas as entidades que tenham
objeto relacionado a políticas de igualdade de
Art. 3o  O CNDM é constituído por quarenta gênero, devendo as vagas serem preenchidas a
e um integrantes titulares, designados pela partir de critérios objetivos previamente defi-
Ministra de Estado Chefe da Secretaria de Po- nidos em edital expedido pelo CNDM.
líticas para as Mulheres, observada a seguinte § 3o  As integrantes a que se referem os in-
composição:3 cisos III e IV do caput, titulares exclusivas de
I – dezesseis representantes do Poder Públi- seus mandatos, serão indicadas pelo plenário
co Federal, sendo um de cada órgão a seguir do CNDM.
descrito, indicados, com os respectivos suplen- § 4o  A participação no CNDM será consi-
tes, pelos seus dirigentes máximos: derada prestação de serviço público relevante,
a)  Secretaria de Políticas para as Mulheres não remunerada.
da Presidência da República, que o presidirá;
b)  Ministério do Planejamento, Orçamento Art. 4o  O mandato dos integrantes do CNDM
e Gestão; será de três anos.4
c)  Ministério da Saúde;
d)  Ministério da Educação;
e)  Ministério do Trabalho e Emprego; CAPÍTULO III – Das Atribuições da
f)  Ministério da Justiça; Presidente do CNDM
g)  Ministério do Desenvolvimento Agrário;
h)  Ministério da Cultura; Art. 5 o  São atribuições da Presidente do
i)  Ministério do Desenvolvimento Social e CNDM:
Combate à Fome; I – convocar e presidir as reuniões do co-
j)  Ministério da Ciência e Tecnologia; legiado;
j)  Ministério da Ciência e Tecnologia e II – solicitar ao CNDM a elaboração de
Inovação; estudos, informações e posicionamento sobre
l)  Ministério das Relações Exteriores; temas de relevante interesse público;
m)  Ministério do Meio Ambiente; III – firmar as atas das reuniões do CNDM; e
n)  Secretaria-Geral da Presidência da Re- IV – constituir e organizar o funcionamento
pública; de grupos temáticos e de comissões e convocar
o)  Casa Civil da Presidência da República; as respectivas reuniões.
p)  Secretaria de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial da Presidência da República; e
q)  Secretaria de Direitos Humanos da Pre- CAPÍTULO IV – Das Disposições Gerais
sidência da República;
II – vinte e uma representantes de entidades Art. 6o  Fica facultado ao CNDM promover a
da sociedade civil, indicadas pelas entidades realização de seminários ou encontros regio-
escolhidas em processo seletivo; nais sobre temas constitutivos de sua agenda e
III – três mulheres com notório conheci- acompanhar a execução de convênios firmados
Normas correlatas

mento das questões de gênero e atuação na pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da
luta pela promoção e defesa dos direitos das Presidência da República.5
mulheres; e
4
  Decreto no 8.202/2014.
3
  Decreto n  8.202/2014.
o 5
  Decreto no 8.202/2014.
229
Art. 7o  O CNDM formalizará suas delibera- e financeiros consignados no orçamento da
ções por meio de resoluções, as quais serão Secretaria de Políticas para as Mulheres da
publicadas no Diário Oficial da União. Presidência da República.7

Art. 8o  O CNDM poderá instituir grupos Art. 11.  O regimento interno do CNDM


temáticos e comissões, de caráter temporário, complementará as competências e atribuições
destinados ao estudo e elaboração de propostas definidas neste Decreto para seus integrantes
sobre temas específicos, a serem submetidos à e estabelecerá suas normas de funcionamento.
sua composição plenária, definindo, no ato de Parágrafo único.  O regimento interno do
criação, seus objetivos específicos, sua com- CNDM será aprovado pelo plenário do cole-
posição e prazo para conclusão do trabalho, giado, em reunião especialmente convocada
podendo, inclusive, convidar para participar para esta finalidade.
daqueles colegiados representantes de órgãos
e entidades públicos e privados e dos Poderes Art. 12.  Este Decreto entra em vigor na data
Legislativo e Judiciário. de sua publicação.
Parágrafo único.  Será expedido pelo CNDM
aos interessados, quando requerido, certificado Art. 13.  Ficam revogados os Decretos
de participação nas suas atividades, nos grupos nos 4.773, de 7 de julho de 2003, e 5.273, de 16
temáticos e nas comissões. de novembro de 2004.

Art. 9o  O apoio administrativo e os meios ne- Brasília, 25 de março de 2008; 187o da Indepen-
cessários à execução dos trabalhos do CNDM, dência e l20o da República.
dos grupos temáticos e das comissões serão
prestados pela Secretaria de Políticas para as LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – Dilma
Mulheres da Presidência da República.6 Rousseff

Art. 10.  Para o cumprimento de suas funções, Decretado em 25/3/2008 e publicado no DOU de


o CNDM contará com recursos orçamentários 26/3/2008.
Mulher

6
  Decreto no 8.202/2014.   Decreto no 8.202/2014.
7

230
Decreto no 6.307/2007
Dispõe sobre os benefícios eventuais de que trata o art. 22 da Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da VII – afirmação dos benefícios eventuais


atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, como direito relativo à cidadania;
da Constituição, e tendo em vista o disposto VIII – ampla divulgação dos critérios para
no art. 22 da Lei no 8.742, de 7 de dezembro a sua concessão; e
de 1993, IX – desvinculação de comprovações com-
plexas e vexatórias de pobreza, que estigmati-
DECRETA: zam os benefícios, os beneficiários e a política
de assistência social.
Art. 1o  Benefícios eventuais são provisões
suplementares e provisórias, prestadas aos ci- Art. 3o  O auxílio por natalidade atenderá,
dadãos e às famílias em virtude de nascimento, preferencialmente, aos seguintes aspectos:
morte, situações de vulnerabilidade temporária I – necessidades do nascituro;
e de calamidade pública. II – apoio à mãe nos casos de natimorto e
§ 1o  Os benefícios eventuais integram or- morte do recém-nascido; e
ganicamente as garantias do Sistema Único de III – apoio à família no caso de morte da
Assistência Social – SUAS. mãe.
§ 2o  A concessão e o valor dos auxílios por
natalidade e por morte serão regulados pelos Art. 4o  O auxílio por morte atenderá, priori-
Conselhos de Assistência Social dos Estados, tariamente:
do Distrito Federal e dos Municípios, mediante I – a despesas de urna funerária, velório e
critérios e prazos definidos pelo Conselho Na- sepultamento;
cional de Assistência Social – CNAS. II – a necessidades urgentes da família para
enfrentar riscos e vulnerabilidades advindas da
Art. 2o  O benefício eventual deve atender, no morte de um de seus provedores ou membros; e
âmbito do SUAS, aos seguintes princípios: III – a ressarcimento, no caso da ausência do
I – integração à rede de serviços socioas- benefício eventual no momento em que este se
sistenciais, com vistas ao atendimento das fez necessário.
necessidades humanas básicas;
II – constituição de provisão certa para Art. 5o  Cabe ao Distrito Federal e aos Muni-
enfrentar com agilidade e presteza eventos cípios, de acordo com o disposto nos arts. 14 e
incertos; 15 da Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993,
III – proibição de subordinação a contribui- destinar recursos para o custeio do pagamento
ções prévias e de vinculação a contrapartidas; dos auxílios natalidade e funeral, mediante
IV – adoção de critérios de elegibilidade critérios estabelecidos pelo Conselho de As-
em consonância com a Política Nacional de sistência Social do Distrito Federal e pelos
Assistência Social – PNAS; Conselhos Municipais de Assistência Social,
V – garantia de qualidade e prontidão de respectivamente.
Normas correlatas

respostas aos usuários, bem como de espaços


para manifestação e defesa de seus direitos; Art. 6o  Cabe aos Estados destinar recursos
VI – garantia de igualdade de condições no financeiros aos Municípios, a Título de par-
acesso às informações e à fruição do benefício ticipação no custeio do pagamento dos auxí-
eventual; lios natalidade e funeral, mediante critérios
231
estabelecidos pelos Conselhos Estaduais de eventual de modo a assegurar-lhes a sobre-
Assistência Social, de acordo com o disposto vivência e a reconstrução de sua autonomia,
no art. 13 da Lei no 8.742, de 1993. nos termos do § 2o do art. 22 da Lei no 8.742,
de 1993.
Art. 7o  A situação de vulnerabilidade tem- Parágrafo único.  Para os fins deste Decreto,
porária caracteriza-se pelo advento de riscos, entende-se por estado de calamidade pública
perdas e danos à integridade pessoal e familiar, o reconhecimento pelo poder público de situ-
assim entendidos: ação anormal, advinda de baixas ou altas tem-
I – riscos: ameaça de sérios padecimentos; peraturas, tempestades, enchentes, inversão
II – perdas: privação de bens e de segurança térmica, desabamentos, incêndios, epidemias,
material; e causando sérios danos à comunidade afetada,
III – danos: agravos sociais e ofensa. inclusive à incolumidade ou à vida de seus
Parágrafo único.  Os riscos, as perdas e os integrantes.
danos podem decorrer:
I – da falta de: Art. 9o  As provisões relativas a programas,
a)  acesso a condições e meios para suprir a projetos, serviços e benefícios diretamente
reprodução social cotidiana do solicitante e de vinculados ao campo da saúde, educação, inte-
sua família, principalmente a de alimentação; gração nacional e das demais políticas setoriais
b)  documentação; e não se incluem na modalidade de benefícios
c)  domicílio; eventuais da assistência social.
II – da situação de abandono ou da impossi-
bilidade de garantir abrigo aos filhos; Art. 10.  Este Decreto entra em vigor na data
III – da perda circunstancial decorrente da de sua publicação.
ruptura de vínculos familiares, da presença de
violência física ou psicológica na família ou de Brasília, 14 de dezembro de 2007; 186o da In-
situações de ameaça à vida; dependência e 119o da República.
IV – de desastres e de calamidade pública; e
V – de outras situações sociais que compro- LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – Patrus
metam a sobrevivência. Ananias

Art. 8o  Para atendimento de vítimas de cala- Decretado em 14/12/2007 e publicado no DOU de


midade pública, poderá ser criado benefício 17/12/2007.
Mulher

232
Decreto no 5.948/2006
Aprova a Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e institui Grupo de Trabalho
Interministerial com o objetivo de elaborar proposta do Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico
de Pessoas – PNETP.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da Arts. 2o a 9o (Revogados)1


atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI,
alínea “a”, da Constituição, Art. 10.  Este Decreto entra em vigor na data
de sua publicação.
DECRETA:
Brasília, 26 de outubro de 2006; 185o da Inde-
Art. 1o  Fica aprovada a Política Nacional de pendência e 118o da República.
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, que tem
por finalidade estabelecer princípios, diretrizes LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – Márcio
e ações de prevenção e repressão ao tráfico de Thomaz Bastos
pessoas e de atendimento às vítimas, conforme
Anexo a este Decreto. Decretado em 26/10/2006 e publicado no DOU de
27/10/2006.

  Decreto no 7.901/2013.
1

Anexo

Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas

CAPÍTULO I – Disposições Gerais do Tráfico de Pessoas, em especial Mulheres e


Crianças, que a define como o recrutamento, o
Art. 1o  A Política Nacional de Enfrentamento transporte, a transferência, o alojamento ou o
ao Tráfico de Pessoas tem por finalidade estabe- acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça
lecer princípios, diretrizes e ações de prevenção ou uso da força ou a outras formas de coação, ao
e repressão ao tráfico de pessoas e de atenção rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autorida-
às vítimas, conforme as normas e instrumentos de ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega
nacionais e internacionais de direitos humanos ou aceitação de pagamentos ou benefícios para
e a legislação pátria. obter o consentimento de uma pessoa que tenha
autoridade sobre outra para fins de exploração.
Art. 2o  Para os efeitos desta Política, adota-se A exploração incluirá, no mínimo, a exploração
Normas correlatas

a expressão “tráfico de pessoas” conforme o da prostituição de outrem ou outras formas


Protocolo Adicional à Convenção das Nações de exploração sexual, o trabalho ou serviços
Unidas contra o Crime Organizado Transnacio- forçados, escravatura ou práticas similares à
nal Relativo à Prevenção, Repressão e Punição escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos.

233
§ 1o  O termo “crianças” descrito no caput III – proteção e assistência integral às víti-
deve ser entendido como “criança e adolescen- mas diretas e indiretas, independentemente de
te”, de acordo com a Lei no 8.069, de 13 de julho nacionalidade e de colaboração em processos
de 1990, Estatuto da Criança e do Adolescente. judiciais;
§ 2o  O termo “rapto” descrito no caput deste IV – promoção e garantia da cidadania e dos
artigo deve ser entendido como a conduta defi- direitos humanos;
nida no art. 148 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 V – respeito a tratados e convenções inter-
de dezembro de 1940, Código Penal Brasileiro, nacionais de direitos humanos;
referente ao sequestro e cárcere privado. VI – universalidade, indivisibilidade e inter-
§ 3o  A expressão “escravatura ou práticas dependência dos direitos humanos; e
similares à escravatura” deve ser entendida VII – transversalidade das dimensões de
como: gênero, orientação sexual, origem étnica ou
I – a conduta definida no art. 149 do Decre- social, procedência, raça e faixa etária nas
to-Lei no 2.848, de 1940, referente à redução à políticas públicas.
condição análoga a de escravo; e Parágrafo único.  A Política Nacional de
II – a prática definida no art. 1o da Conven- Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas observará
ção Suplementar sobre a Abolição da Escrava- os princípios da proteção integral da criança e
tura, do Tráfico de Escravos e das Instituições do adolescente.
e Práticas Análogas à Escravatura, como sendo
o casamento servil.
§ 4o  A intermediação, promoção ou fa- SEÇÃO II – Diretrizes Gerais
cilitação do recrutamento, do transporte, da
transferência, do alojamento ou do acolhimento Art. 4o  São diretrizes gerais da Política Nacio-
de pessoas para fins de exploração também nal de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas:
configura tráfico de pessoas. I – fortalecimento do pacto federativo, por
§ 5o  O tráfico interno de pessoas é aquele re- meio da atuação conjunta e articulada de todas
alizado dentro de um mesmo Estado-membro as esferas de governo na prevenção e repressão
da Federação, ou de um Estado-membro para ao tráfico de pessoas, bem como no atendimen-
outro, dentro do território nacional. to e reinserção social das vítimas;
§ 6o  O tráfico internacional de pessoas é II – fomento à cooperação internacional
aquele realizado entre Estados distintos. bilateral ou multilateral;
§ 7o  O consentimento dado pela vítima é III – articulação com organizações não
irrelevante para a configuração do tráfico de governamentais, nacionais e internacionais;
pessoas. IV – estruturação de rede de enfrentamento
ao tráfico de pessoas, envolvendo todas as es-
feras de governo e organizações da sociedade
CAPÍTULO II – Princípios e Diretrizes civil;
SEÇÃO I – Princípios V – fortalecimento da atuação nas regiões
de fronteira, em portos, aeroportos, rodovias,
Art. 3o  São princípios norteadores da Políti- estações rodoviárias e ferroviárias, e demais
ca Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de áreas de incidência;
Pessoas: VII – verificação da condição de vítima e
I – respeito à dignidade da pessoa humana; respectiva proteção e atendimento, no exterior
II – não discriminação por motivo de e em território nacional, bem como sua rein-
gênero, orientação sexual, origem étnica ou serção social;
social, procedência, nacionalidade, atuação VIII – incentivo e realização de pesquisas,
profissional, raça, religião, faixa etária, situação considerando as diversidades regionais, orga-
Mulher

migratória ou outro status; nização e compartilhamento de dados;

234
IX – incentivo à formação e à capacitação de I – cooperação entre órgãos policiais nacio-
profissionais para a prevenção e repressão ao nais e internacionais;
tráfico de pessoas, bem como para a verificação II – cooperação jurídica internacional;
da condição de vítima e para o atendimento e III – sigilo dos procedimentos judiciais e
reinserção social das vítimas; administrativos, nos termos da lei; e
X – harmonização das legislações e proce- IV – integração com políticas e ações de
dimentos administrativos nas esferas federal, repressão e responsabilização dos autores de
estadual e municipal relativas ao tema; crimes correlatos.
XI – incentivo à participação da sociedade
civil em instâncias de controle social das po- Art. 7o  São diretrizes específicas de atenção às
líticas públicas na área de enfrentamento ao vítimas do tráfico de pessoas:
tráfico de pessoas; I – proteção e assistência jurídica, social e de
XII – incentivo à participação dos órgãos de saúde às vítimas diretas e indiretas de tráfico
classe e conselhos profissionais na discussão de pessoas;
sobre tráfico de pessoas; e II – assistência consular às vítimas diretas e
XIII – garantia de acesso amplo e adequado indiretas de tráfico de pessoas, independente-
a informações em diferentes mídias e estabe- mente de sua situação migratória e ocupação;
lecimento de canais de diálogo, entre o Estado, III – acolhimento e abrigo provisório das
sociedade e meios de comunicação, referentes vítimas de tráfico de pessoas;
ao enfrentamento ao tráfico de pessoas. IV – reinserção social com a garantia de
acesso à educação, cultura, formação profis-
sional e ao trabalho às vítimas de tráfico de
SEÇÃO III – Diretrizes Específicas pessoas;
V – reinserção familiar e comunitária de
Art. 5o  São diretrizes específicas de prevenção crianças e adolescentes vítimas de tráfico de
ao tráfico de pessoas: pessoas;
I – implementação de medidas preventivas VI – atenção às necessidades específicas das
nas políticas públicas, de maneira integrada vítimas, com especial atenção a questões de gê-
e intersetorial, nas áreas de saúde, educação, nero, orientação sexual, origem étnica ou social,
trabalho, segurança, justiça, turismo, assis- procedência, nacionalidade, raça, religião, faixa
tência social, desenvolvimento rural, esportes, etária, situação migratória, atuação profissional
comunicação, cultura, direitos humanos, dentre ou outro status;
outras; VII – proteção da intimidade e da identidade
II – apoio e realização de campanhas socio- das vítimas de tráfico de pessoas; e
educativas e de conscientização nos âmbitos VIII – levantamento, mapeamento, atuali-
internacional, nacional, regional e local, con- zação e divulgação de informações sobre insti-
siderando as diferentes realidades e linguagens; tuições governamentais e não governamentais
III – monitoramento e avaliação de cam- situadas no Brasil e no exterior que prestam
panhas com a participação da sociedade civil; assistência a vítimas de tráfico de pessoas.
IV – apoio à mobilização social e fortaleci-
mento da sociedade civil; e
V – fortalecimento dos projetos já existentes CAPÍTULO III – Ações
e fomento à criação de novos projetos de pre-
venção ao tráfico de pessoas. Art. 8o  Na implementação da Política Nacio-
Normas correlatas

nal de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, ca-


Art. 6o  São diretrizes específicas de repressão berá aos órgãos e entidades públicos, no âmbito
ao tráfico de pessoas e de responsabilização de de suas respectivas competências e condições,
seus autores: desenvolver as seguintes ações:

235
I – na área de Justiça e Segurança Pública: l)  articular os diversos ramos do Ministério
a)  proporcionar atendimento inicial hu- Público dos Estados e da União, da Magistratu-
manizado às vítimas de tráfico de pessoas que ra Estadual e Federal e dos órgãos do sistema
retornam ao País na condição de deportadas ou de justiça e segurança pública;
não admitidas nos aeroportos, portos e pontos m)  organizar e integrar os bancos de dados
de entrada em vias terrestres; existentes na área de enfrentamento ao tráfico
b)  elaborar proposta intergovernamental de pessoas e áreas correlatas;
de aperfeiçoamento da legislação brasileira n)  celebrar acordos de cooperação técnica
relativa ao enfrentamento do tráfico de pessoas com entidades públicas e privadas para subsi-
e crimes correlatos; diar a atuação judicial e extrajudicial;
c)  fomentar a cooperação entre os órgãos o)  incluir o tema de tráfico de pessoas nos
federais, estaduais e municipais ligados à cursos de combate à lavagem de dinheiro, ao
segurança pública para atuação articulada na tráfico de drogas e armas e a outros crimes
prevenção e repressão ao tráfico de pessoas e correlatos;
responsabilização de seus autores; p)  desenvolver, em âmbito nacional, meca-
d)  propor e incentivar a adoção do tema nismos de prevenção, investigação e repressão
de tráfico de pessoas e direitos humanos nos ao tráfico de pessoas cometido com o uso da
currículos de formação dos profissionais de rede mundial de computadores, e consequente
segurança pública e operadores do Direito, responsabilização de seus autores; e
federais, estaduais e municipais, para capaci- q)  incluir a possível relação entre o desapa-
tação, quando do ingresso na instituição e de recimento e o tráfico de pessoas em pesquisas
forma continuada, para o enfrentamento a este e investigações policiais;
tipo de crime; II – na área de Relações Exteriores:
e)  fortalecer as rubricas orçamentárias exis- a)  propor e elaborar instrumentos de coo-
tentes e criar outras voltadas para a formação peração internacional na área do enfrentamen-
dos profissionais de segurança pública e de to ao tráfico de pessoas;
justiça na área de enfrentamento ao tráfico de b)  iniciar processos de ratificação dos ins-
pessoas; trumentos internacionais referentes ao tráfico
f)  incluir nas estruturas específicas de inte- de pessoas;
ligência policial a investigação e repressão ao c)  inserir no Manual de Serviço Consular e
tráfico de pessoas; Jurídico do Ministério das Relações Exteriores
g)  criar, nas Superintendências Regionais do um Capítulo específico de assistência consular
Departamento de Polícia Federal e da Polícia às vítimas de tráfico de pessoas;
Rodoviária Federal, estruturas específicas para d)  incluir o tema de tráfico de pessoas nos
o enfrentamento do tráfico de pessoas e outros cursos de remoção oferecidos aos servidores do
crimes contra direitos humanos; Ministério de Relações Exteriores;
h)  promover a aproximação dos profis- e)  promover a coordenação das políticas
sionais de segurança pública e operadores do referentes ao enfrentamento ao tráfico de
Direito com a sociedade civil; pessoas em fóruns internacionais bilaterais e
i)  celebrar acordos de cooperação com multilaterais;
organizações da sociedade civil que atuam na f)  propor e apoiar projetos de cooperação
prevenção ao tráfico de pessoas e no atendi- técnica internacional na área de enfrentamento
mento às vítimas; ao tráfico de pessoas;
j)  promover e incentivar, de forma perma- g)  coordenar e facilitar a participação bra-
nente, cursos de atualização sobre tráfico de sileira em eventos internacionais na área de
pessoas, para membros e servidores dos órgãos enfrentamento ao tráfico de pessoas; e
de justiça e segurança pública, preferencialmen- h)  fortalecer os serviços consulares na defe-
Mulher

te por meio de suas instituições de formação; sa e proteção de vítimas de tráfico de pessoas;

236
III – na área de Educação: d)  apoiar a implementação de programas e
a)  celebrar acordos com instituições de projetos de atendimento específicos às vítimas
ensino e pesquisa para o desenvolvimento de de tráfico de pessoas;
estudos e pesquisas relacionados ao tráfico de VI – na área de Promoção da Igualdade
pessoas; Racial:
b)  incluir a questão do tráfico de pessoas a)  garantir a inserção da perspectiva da
nas ações e resoluções do Fundo Nacional de promoção da igualdade racial nas políticas
Desenvolvimento da Educação do Ministério governamentais de enfrentamento ao tráfico
da Educação (FNDE/MEC); de pessoas;
c)  apoiar a implementação de programas b)  apoiar as experiências de promoção da
e projetos de prevenção ao tráfico de pessoas igualdade racial empreendidas por Municí-
nas escolas; pios, Estados e organizações da sociedade civil
d)  incluir e desenvolver o tema do enfren- voltadas à prevenção ao tráfico de pessoas e
tamento ao tráfico de pessoas nas formações atendimento às vítimas; e
continuadas da comunidade escolar, em espe- c)  promover a realização de estudos e pes-
cial os trabalhadores da educação; quisas sobre o perfil das vítimas de tráfico de
e)  promover programas intersetoriais de pessoas, com ênfase na população negra e ou-
educação e prevenção ao tráfico de pessoas para tros segmentos étnicos da população brasileira;
todos os atores envolvidos; e VII – na área do Trabalho e Emprego:
f)  fomentar a educação em direitos huma- a)  orientar os empregadores e entidades
nos com destaque ao enfrentamento ao tráfico sindicais sobre aspectos ligados ao recrutamen-
de pessoas em todas modalidades de ensino, to e deslocamento de trabalhadores de uma
inclusive no ensino superior; localidade para outra;
IV – na área de Saúde: b)  fiscalizar o recrutamento e o deslocamen-
a)  garantir atenção integral para as vítimas to de trabalhadores para localidade diversa do
de tráfico de pessoas e potencializar os servi- Município ou Estado de origem;
ços existentes no âmbito do Sistema Único de c)  promover articulação com entidades
Saúde; profissionalizantes visando capacitar e reinserir
b)  acompanhar e sistematizar as notifi- a vítima no mercado de trabalho; e
cações compulsórias relativas ao tráfico de d)  adotar medidas com vistas a otimizar
pessoas sobre suspeita ou confirmação de a fiscalização dos inscritos nos Cadastros de
maus-tratos, violência e agravos por causas Empregadores que Tenham Mantido Traba-
externas relacionadas ao trabalho; lhadores em Condições Análogas a de Escravo;
c)  propor a elaboração de protocolos espe- VIII – na área de Desenvolvimento Agrário:
cíficos para a padronização do atendimento às a)  diminuir a vulnerabilidade do trabalha-
vítimas de tráfico de pessoas; e dor e prevenir o recrutamento mediante políti-
d)  capacitar os profissionais de saúde na cas específicas na área de desenvolvimento rural;
área de atendimento às vítimas de tráfico de b)  promover ações articuladas com par-
pessoas; ceiros que atuam nos Estados de origem dos
V – na área de Assistência Social: trabalhadores recrutados;
a)  oferecer assistência integral às vítimas de c)  formar parcerias no que tange à assis-
tráfico de pessoas no âmbito do Sistema Único tência técnica para avançar na implementação
de Assistência Social; da Política Nacional de Assistência Técnica e
b)  propiciar o acolhimento de vítimas de Extensão Rural;
Normas correlatas

tráfico, em articulação com os sistemas de d)  excluir da participação em certames


saúde, segurança e justiça; licitatórios e restringir o acesso aos recursos
c)  capacitar os operadores da assistência do crédito rural a todas as pessoas físicas ou
social na área de atendimento às vítimas de jurídicas que explorem o trabalho forçado ou
tráfico de pessoas; e em condição análoga a de escravo;
237
e)  promover a reinclusão de trabalhadores a)  qualificar os profissionais da rede de
libertados e de resgate da cidadania, mediante atendimento à mulher em situação de violência
criação de uma linha específica, em parceria para o atendimento à mulher traficada;
com o Ministério da Educação, para alfabeti- b)  incentivar a prestação de serviços de
zação e formação dos trabalhadores resgatados, atendimento às mulheres traficadas nos Cen-
de modo que possam atuar como agentes tros de Referência de Atendimento à Mulher
multiplicadores para a erradicação do trabalho em Situação de Violência;
forçado ou do trabalho em condição análoga a c)  apoiar e incentivar programas e projetos
de escravo; e de qualificação profissional, geração de em-
f )  incentivar os Estados, Municípios e prego e renda que tenham como beneficiárias
demais parceiros a acolher e prestar apoio es- diretas mulheres traficadas;
pecífico aos trabalhadores libertados, por meio d)  fomentar debates sobre questões estru-
de capacitação técnica; turantes favorecedoras do tráfico de pessoas e
IX – na área dos Direitos Humanos: relativas à discriminação de gênero;
a)  proteger vítimas, réus colaboradores e e)  promover ações de articulação interseto-
testemunhas de crimes de tráfico de pessoas; riais visando a inserção da dimensão de gênero
b)  receber denúncias de tráfico de pessoas nas políticas públicas básicas, assistenciais e
através do serviço de disque-denúncia nacional, especiais;
dando o respectivo encaminhamento; f)  apoiar programas, projetos e ações de
c)  incluir ações específicas sobre enfrenta- educação não sexista e de promoção da diver-
mento ao tráfico de pessoas e fortalecer ações sidade no ambiente profissional e educacional;
existentes no âmbito de programas de preven- g)  participar das capacitações visando ga-
ção à violência e garantia de direitos; rantir a temática de gênero; e
d)  proporcionar proteção aos profissionais h)  promover, em parceria com organizações
que atuam no enfrentamento ao tráfico de governamentais e não governamentais, debates
pessoas e que, em função de suas atividades, sobre metodologias de atendimento às mulhe-
estejam ameaçados ou se encontrem em situ- res traficadas;
ação de risco; XI – na área do Turismo:
e)  incluir o tema do tráfico de pessoas nas a)  incluir o tema do tráfico de pessoas, em
capacitações dos Conselhos de Direitos da especial mulheres, crianças e adolescentes nas
Criança e do Adolescente e Conselhos Tute- capacitações e eventos de formação dirigidos à
lares; cadeia produtiva do turismo;
f)  articular ações conjuntas de enfrenta- b)  cruzar os dados dos diagnósticos feitos
mento ao tráfico de crianças e adolescentes em nos Municípios para orientar os planos de
regiões de fronteira; desenvolvimento turístico local através do
g)  promover, em parceria com os órgãos e programa de regionalização; e
entidades diretamente responsáveis, a preven- c)  promover campanhas de sensibilização
ção ao trabalho escravo, através da sensibili- contra o turismo sexual como forma de pre-
zação de operadores de Direito, orientação a venção ao tráfico de pessoas;
produtores rurais acerca dos direitos trabalhis- XII – na área de Cultura:
tas, educação e capacitação de trabalhadores a)  desenvolver projetos e ações culturais
rurais; e com foco na prevenção ao tráfico de pessoas; e
h)  disponibilizar mecanismos de acesso a b)  fomentar e estimular atividades culturais,
direitos, incluindo documentos básicos, pre- tais como programas regionais de rádio, peças
ferencialmente nos Municípios identificados e outros programas veiculados por radiodifu-
como focos de aliciamento de mão de obra para sores, que possam aumentar a conscientização
trabalho escravo; da população com relação ao tráfico de pessoas,
Mulher

X – na área da Proteção e Promoção dos trabalho escravo e exploração sexual, respeita-


Direitos da Mulher: das as características regionais.
238
Decreto no 5.390/2005
Aprova o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres – PNPM, institui o Comitê de Articulação
e Monitoramento e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da IX – Ministério do Trabalho e Emprego;


atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, X – Ministério da Previdência Social;
alínea “a”, da Constituição, XI – Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome;
DECRETA: XII – Ministério da Saúde;
XIII – Ministério de Minas e Energia;
Art. 1o (Revogado)1 XIV – Ministério do Planejamento, Orça-
mento e Gestão;
Art. 2o (Revogado)2 XV – Ministério das Comunicações;
XVI – Ministério da Ciência, Tecnologia e
Art. 3o  Fica instituído o Comitê de Articu- Inovação;
lação e Monitoramento do PNPM, no âmbito XVII – Ministério do Meio Ambiente;
da Secretaria de Políticas para as Mulheres da XVIII – Ministério do Esporte;
Presidência da República, para acompanhar XIX – Ministério do Turismo;
e avaliar periodicamente o cumprimento dos XX – Ministério da Integração Nacional;
objetivos, ações e metas definidos no PNPM.3 XXI – Ministério do Desenvolvimento
Agrário;
Art. 4o  O Comitê de Articulação e Monito- XXII – Ministério das Cidades;
ramento do PNPM será integrado por três XXIII – Ministério da Pesca e Aquicultura;
representações do Conselho Nacional dos XXIV – Secretaria-Geral da Presidência da
Direitos da Mulher, preferencialmente dentre República;
as representações da sociedade civil, e por XXV – Secretaria de Relações Institucionais
uma representação de cada órgão e entidade da Presidência da República;
a seguir:4 XXVI – Secretaria de Comunicação Social
I – Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República;
da Presidência da República, que o coordenará; XXVII – Secretaria de Políticas de Pro-
II – Casa Civil da Presidência da República; moção da Igualdade Racial da Presidência da
III – Ministério da Justiça; República;
IV – Ministério da Defesa; XXVIII – Secretaria dos Direitos Humanos
V – Ministério das Relações Exteriores; da Presidência da República;
VI – Ministério da Agricultura, Pecuária e XXIX – Banco do Brasil S.A.;
Abastecimento; XXX – Caixa Econômica Federal;
VII – Ministério da Educação; XXXI – Fundação Nacional do Índio;
VIII – Ministério da Cultura; XXXII – Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística; e
1
  Decreto no 7.959/2013. XXXIII – Instituto de Pesquisa Econômica
Normas correlatas

2
  Decreto no 7.959/2013. Aplicada.
3
  Decretos nos 7.959/2013, 6.572/2008, 6.269/2007 § 1o  Titulares e suplentes do Comitê de
e 5.446/2005. Articulação e Monitoramento do PNPM serão
4
  Decreto no 7.959/2013. indicados pelos titulares dos órgãos e entidades

239
representados e designados por ato da Ministra Art. 7o  O Comitê de Articulação e Monitora-
de Estado Chefe da Secretaria de Políticas para mento poderá instituir câmaras técnicas com
as Mulheres da Presidência da República. a função de colaborar, no que couber, para o
§ 2o  Poderão ser convidados a participar cumprimento das suas atribuições, sistematizar
das reuniões do Comitê de Articulação e as informações recebidas e subsidiar a elabo-
Monitoramento do PNPM especialistas e ração dos relatórios anuais.
representantes de outros órgãos ou entidades
públicas e privadas. Art. 8o  O regimento interno do Comitê de
Articulação e Monitoramento será aprovado
Art. 5o  Compete ao Comitê de Articulação e por maioria absoluta dos seus integrantes e
Monitoramento do PNPM:5 disporá sobre a organização, forma de apre-
I – estabelecer a metodologia de monitora- ciação e deliberação das matérias, bem como
mento do PNPM; sobre a composição e o funcionamento das
II – apoiar, incentivar e subsidiar tecnica- câmaras técnicas.
mente a implementação do PNPM nos Estados,
Municípios e Distrito Federal; Art. 9o  A Secretaria de Políticas para as Mu-
III – acompanhar e avaliar as atividades de lheres da Presidência da República prestará su-
implementação do PNPM; porte técnico e administrativo para a execução
IV – promover a difusão do PNPM junto dos trabalhos e o funcionamento do Comitê de
a órgãos e entidades governamentais e não Articulação e Monitoramento do PNPM e suas
governamentais; câmaras técnicas.6
V – efetuar ajustes de objetivos, linhas de
ação, ações e metas do PNPM; Art. 10.  As atividades dos membros do Co-
VI – elaborar relatório anual de acompa- mitê de Articulação e Monitoramento e das
nhamento das ações do PNPM; câmaras técnicas são consideradas serviço
VII – encaminhar o relatório anual ao público relevante não remunerado.
Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e à
Câmara de Política Social, do Conselho de Go- Art. 11.  Este Decreto entra em vigor na data
verno, para análise dos resultados do PNPM. de sua publicação.
VIII – revisar o PNPM, segundo as diretri-
zes emanadas das Conferências Nacionais de Brasília, 8 de março de 2005; 184o da Indepen-
Políticas para as Mulheres. dência e 117o da República.

Art. 6o  O Comitê de Articulação e Moni- LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – José Dirceu
toramento deliberará mediante resoluções, de Oliveira e Silva
por maioria simples dos presentes, tendo seu
coordenador o voto de qualidade no caso de Decretado em 8/3/2005 e publicado no DOU de
empate. 9/3/2005.
Mulher

5
  Decretos nos 7.959/2013 e 6.269/2007.   Decreto no 7.959/2013.
6

240
Decreto no 5.296/2004
Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às
pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios
básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da �������������������������������������������������������������������������������


atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, II – pessoa com mobilidade reduzida,
da Constituição, e tendo em vista o disposto aquela que, não se enquadrando no conceito
nas Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, de pessoa portadora de deficiência, tenha, por
e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, qualquer motivo, dificuldade de movimentar-
-se, permanente ou temporariamente, gerando
DECRETA: redução efetiva da mobilidade, flexibilidade,
coordenação motora e percepção.
§ 2o  O disposto no caput aplica-se, ainda, às
CAPÍTULO I – Disposições Preliminares pessoas com idade igual ou superior a sessenta
anos, gestantes, lactantes e pessoas com criança
Art. 1 o  Este Decreto regulamenta as Leis de colo.
nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, e 10.098, �������������������������������������������������������������������������������
de 19 de dezembro de 2000.
������������������������������������������������������������������������������� Art. 72.  Este Decreto entra em vigor na data
da sua publicação.
CAPÍTULO II – Do Atendimento Prioritário
Brasília, 2 de dezembro de 2004; 183o da Inde-
Art. 5o  Os órgãos da administração pública pendência e 116o da República.
direta, indireta e fundacional, as empresas
prestadoras de serviços públicos e as institui- LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – José Dirceu
ções financeiras deverão dispensar atendimento de Oliveira e Silva
prioritário às pessoas portadoras de deficiência
ou com mobilidade reduzida. Decretado em 2/12/2004 e publicado no DOU de
§ 1o  Considera-se, para os efeitos deste 3/12/2004.
Decreto:
Normas correlatas

241
Decreto no 5.099/2004
Regulamenta a Lei no 10.778, de 24 de novembro de 2003, e institui os serviços de referência sentinela.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das serviços de referência sentinela, inicialmente em


atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV Municípios que demonstrem possuir capacida-
e VI, alínea “a”, da Constituição, tendo em vista de de gestão e que preencham critérios epide-
o disposto na Lei no 10.778, de 24 de novembro miológicos definidos pelo Ministério da Saúde.
de 2003, e
Art. 3o  Os serviços de referência sentinela
Considerando que o Brasil é signatário da instalados serão acompanhados mediante
Declaração e Plataforma de Ação da IV Confe- processo de monitoramento e avaliação, que
rência Mundial Sobre a Mulher, Pequim, 1995, definirá a possibilidade de expansão para todas
e da Convenção Interamericana para Prevenir, as unidades e serviços de saúde, no prazo de
Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, um ano.
Belém do Pará, 1995; e
Art. 4o  O instrumento de notificação compul-
Considerando que a violência contra a mulher, sória é a ficha de notificação, a ser padronizada
apesar de configurar problema de alta relevân- pelo Ministério da Saúde.
cia e de elevada incidência, apresenta pequena
visibilidade social, e que o registro no Sistema Art. 5o  O Ministério da Saúde expedirá, no
Único de Saúde destes casos é fundamental para prazo de sessenta dias, a contar da publicação
dimensionar o problema e suas consequências, deste Decreto, normas complementares perti-
a fim de contribuir para o desenvolvimento das nentes aos mecanismos de operacionalização
políticas e atuações governamentais em todos dos serviços de referência sentinela.
os níveis;
Art. 6o  Este Decreto entra em vigor na data
DECRETA: de sua publicação.

Art. 1o  Ficam instituídos os serviços de re- Brasília, 3 de junho de 2004; 183o da Indepen-
ferência sentinela, aos quais serão notificados dência e 116o da República.
compulsoriamente os casos de violência contra
a mulher, definidos na Lei no 10.778, de 24 de LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – Humberto
novembro de 2003. Sérgio Costa Lima

Art. 2o  O Ministério da Saúde coordenará Decretado em 3/6/2004 e publicado no DOU de


plano estratégico de ação para a instalação dos 4/6/2004.
Mulher

242
Decreto no 5.030/2004
Institui o Grupo de Trabalho Interministerial para elaborar proposta de medida legislativa e outros
instrumentos para coibir a violência doméstica contra a mulher, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da sentados e designados em portaria da Secretária


atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, Especial de Políticas para as Mulheres.
alínea “a”, da Constituição, § 2o  O Coordenador do Grupo de Trabalho
poderá convidar representantes de outros ór-
DECRETA: gãos, entidades públicas ou de organizações da
sociedade civil, para participar de suas reuniões
Art. 1o  Fica instituído o Grupo de Trabalho e de discussões por ele organizadas.
Interministerial com a finalidade de elaborar
proposta de medidas para coibir a violência Art. 3o  O Grupo de Trabalho deverá apre-
doméstica contra a mulher. sentar proposta de medida legislativa e outros
instrumentos para coibir a violência doméstica
Art. 2o  O Grupo de Trabalho Interministerial contra a mulher, no prazo de sessenta dias con-
será composto por: tados da publicação da portaria de designação
I – um representante de cada órgão a seguir de seus membros, prorrogáveis por mais trinta
indicado: dias.1
a)  Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres, da Presidência da República, que o Art. 4o  A participação no Grupo de Trabalho
coordenará; Interministerial será considerada prestação
b)  Casa Civil da Presidência da República; de serviços relevantes e não será remunerada.
c)  Advocacia-Geral da União;
d)  Ministério da Saúde; Art. 5o  Este Decreto entra em vigor na data
e)  Secretaria Especial dos Direitos Huma- de sua publicação.
nos da Presidência da República;
f)  Secretaria Especial de Políticas de Pro- Brasília, 31 de março de 2004; 183o da Indepen-
moção da Igualdade Racial da Presidência da dência e 116o da República.
República; e
II – dois representantes do Ministério da LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – José Dirceu
Justiça, sendo um da Secretaria Nacional de de Oliveira e Silva
Segurança Pública.
§ 1o  Os integrantes do Grupo de Trabalho Decretado em 31/3/2004, publicado no DOU de
serão indicados pelos titulares dos órgãos repre- 1o/4/2004 e republicado no DOU de 2/4/2004.
Normas correlatas

  Ver Decreto no 5.167/2004.


1

243
Decreto no 4.675/2003
Regulamenta o Programa Nacional de Acesso à Alimentação – “Cartão Alimentação”, criado pela
Medida Provisória no 108, de 27 de fevereiro de 2003.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da II – ocorrência de calamidades naturais e


atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, outras situações emergenciais;
da Constituição, e tendo em vista o disposto na III – inexistência ou insuficiência de infraes-
Medida Provisória no 108, de 27 de fevereiro trutura varejista de distribuição de alimentos.
de 2003,
Art. 3o  O valor do benefício em dinheiro será
DECRETA: de R$ 50,00 (cinquenta reais).
§ 1o  As despesas com o “Cartão Alimenta-
Art. 1o  O Programa Nacional de Acesso à ção” correrão à conta das dotações orçamen-
Alimentação – “Cartão Alimentação” visa tárias consignadas anualmente na unidade do
garantir, a pessoas em situação de insegurança Gabinete do Ministro de Estado Extraordinário
alimentar, recursos financeiros ou o acesso a de Segurança Alimentar e Combate à Fome,
alimentos em espécie. devendo o número de beneficiários ser compa-
§ 1o  Considera-se situação de insegurança tibilizado com o limite da dotação orçamentária
alimentar a falta de acesso à alimentação dig- prevista.
na, em quantidade, qualidade e regularidade § 2o  O valor do benefício previsto neste
suficientes para a nutrição e a manutenção da Decreto poderá ser alterado pelo Gabinete do
saúde da pessoa humana. Ministro de Estado Extraordinário de Seguran-
§ 2o  O “Cartão Alimentação” poderá ser ça Alimentar e Combate à Fome, a qualquer
implementado em cooperação com Estados, momento, observado o limite orçamentário de
Distrito Federal e Municípios, observado o que trata o § 1o.
disposto neste regulamento.
§ 3o  A responsabilidade pela formulação, Art. 4o  O “Cartão Alimentação” somente será
coordenação, acompanhamento, controle e concedido para pessoa ou família com renda
avaliação das ações inerentes ao “Cartão Ali- familiar mensal per capita de até meio salário
mentação” será do Gabinete do Ministro de mínimo.
Estado Extraordinário de Segurança Alimentar § 1o  Considera-se família a unidade nuclear,
e Combate à Fome e a implementação dessas eventualmente ampliada por outros indivídu-
ações se dará em articulação com os entes os que com ela possuam laços de parentesco,
federativos envolvidos, nos termos do art. 10 que forme um grupo doméstico, vivendo sob
deste Decreto. o mesmo teto e mantendo sua economia pela
contribuição de seus membros.
Art. 2o  O Gabinete do Ministro de Estado § 2o  A renda familiar mensal per capita será
Extraordinário de Segurança Alimentar e obtida pelo cálculo da média dos rendimentos
Combate à Fome definirá a forma de concessão brutos auferidos pela totalidade dos membros
do benefício, se em dinheiro ou em alimentos da família, incluídos os rendimentos prove-
em espécie. nientes de programas de transferência de renda
Parágrafo único.  A concessão do benefício governamentais.
em alimentos em espécie atenderá situações
Mulher

específicas das populações beneficiárias, tais Art. 5 o  Cada pessoa ou família receberá
como: mensalmente apenas um benefício do “Cartão
244 I – questões culturais e hábitos alimentares; Alimentação”.
§ 1o  O recebimento do benefício do “Cartão Art. 8o  O Gabinete do Ministro de Estado
Alimentação” será efetuado por meio do Car- Extraordinário de Segurança Alimentar e
tão do Cidadão, emitido em favor da pessoa Combate à Fome fixará o número máximo de
responsável pelo grupo familiar incluída no pessoas ou famílias a serem atendidas em cada
Cadastro Único dos Programas Sociais do Município.
Governo Federal. Parágrafo único.  O “Cartão Alimentação”
§ 2o  O titular do Cartão do Cidadão será será implantado prioritariamente em Mu-
preferencialmente a mulher responsável pela nicípios da região do semiárido brasileiro,
família. bem como em áreas de grupos populacionais
sujeitos à insegurança alimentar, conforme o
Art. 6o  A duração do benefício do “Cartão disposto no art. 2o deste Decreto.
Alimentação” para cada pessoa ou família
será de até seis meses, prorrogáveis por, no Art. 9o  O controle social do “Cartão Alimen-
máximo, mais dois períodos de seis meses, tação” será exercido por um Comitê Gestor
mediante ato do Gabinete do Ministro de Es- Local – CGL, que deverá ser instalado pelo Mu-
tado Extraordinário de Segurança Alimentar nicípio participante e contar com representan-
e Combate à Fome. tes das esferas governamentais e da sociedade
civil local, ou por outro conselho da área social
Art. 7o  O “Cartão Alimentação” estará asso- já constituído no âmbito do Município, desde
ciado à adoção, de forma integrada e em coo- que autorizado pelo Gabinete do Ministro de
peração com Estados, Distrito Federal, Municí- Estado Extraordinário de Segurança Alimentar
pios e a sociedade civil, de ações voltadas para e Combate à Fome.
o desenvolvimento local e para a superação da Parágrafo único.  No caso da concessão do
situação de insegurança alimentar, tais como: benefício em alimentos em espécie a grupos
I – ações específicas: populacionais com culturas e hábitos alimen-
a)  educação para o consumo alimentar e tares específicos, nos termos do art.  2o deste
nutrição; Decreto, o controle social do “Cartão Alimen-
b)  orientação básica de saúde e higiene; tação” será exercido por entidades representa-
c)  alfabetização e elevação do nível escolar tivas desses grupos em caráter nacional.
de jovens e de adultos;
II – ações estruturais: Art. 10.  O Gabinete do Ministro de Estado
a)  reforma agrária e programas de geração Extraordinário de Segurança Alimentar e
de emprego e renda; Combate à Fome celebrará convênios de coo-
b)  qualificação profissional; peração com Estados, Distrito Federal e Muni-
c)  recuperação e ampliação da infraestru- cípios dispondo sobre as formas de execução,
tura educacional; divulgação, supervisão, acompanhamento e
d)  construção de obras de irrigação e de avaliação do “Cartão Alimentação”.
abastecimento de água; Parágrafo único.  O convênio de coopera-
e)  saneamento básico e melhoria das vias ção com os Estados, o Distrito Federal e os
de acesso; Municípios, participantes da implantação do
f)  construção ou reforma de habitação. “Cartão Alimentação” atribuirá as seguintes
Parágrafo único.  O recebimento do be- responsabilidades aos conveniados, dentre
nefício do “Cartão Alimentação” poderá ser outras:
associado à participação das famílias beneficia- I – a instalação de CGL, por Município, cuja
Normas correlatas

das em atividades comunitárias e educativas, composição e funcionamento cumprirão parâ-


inclusive aquelas de caráter temporário, e ou- metros definidos pelo Gabinete do Ministro de
tras formas de contrapartidas sociais a serem Estado Extraordinário de Segurança Alimentar
definidas de acordo com as características do e Combate à Fome;
grupo familiar. II – a capacitação de agentes gestores locais;
245
III – o monitoramento, o acompanhamento entre essa empresa pública e o Ministério da
e a avaliação dos CGL; Assistência e Promoção Social para execução
IV – o cadastramento dos indivíduos e dos programas sociais vinculados ao Cadastro
famílias elegíveis ao “Cartão Alimentação” Único dos Programas Sociais do Governo
no Cadastro Único dos Programas Sociais do Federal.
Governo Federal.
Art. 13.  Este Decreto entra em vigor na data
Art. 11.  O Gabinete do Ministro de Estado de sua publicação.
Extraordinário de Segurança Alimentar e
Combate à Fome estimulará os Estados, o Brasília, 16 de abril de 2003; 182o da Indepen-
Distrito Federal, os Municípios e a sociedade dência e 115o da República.
civil organizada a participarem ativamente das
ações relacionadas ao “Cartão Alimentação”. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA – José
Graziano da Silva
Art. 12.  Fica a Caixa Econômica Federal
designada agente pagador do “Cartão Ali- Decretado em 16/4/2003 e publicado no DOU de
mentação”, nos termos do contrato firmado 17/4/2003.
Mulher

246
Decreto no 4.228/2002
Institui, no âmbito da Administração Pública Federal, o Programa Nacional de Ações Afirmativas
e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da Art. 3o  Fica constituído o Comitê de Avaliação


atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, e Acompanhamento do Programa Nacional de
alínea “a”, da Constituição, Ações Afirmativas, com a finalidade de:
I – propor a adoção de medidas adminis-
DECRETA: trativas e de gestão estratégica destinadas a
implementar o Programa;
Art. 1o  Fica instituído, no âmbito da Adminis- II – apoiar e incentivar ações com vistas à
tração Pública Federal, o Programa Nacional execução do Programa;
de Ações Afirmativas, sob a coordenação da III – propor diretrizes e procedimentos ad-
Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do ministrativos com vistas a garantir a adequada
Ministério da Justiça. implementação do Programa, sua incorporação
aos regimentos internos dos órgãos integrantes
Art. 2o  O Programa Nacional de Ações Afir- da estrutura organizacional da Administração
mativas contemplará, entre outras medidas Pública Federal e a consequente realização das
administrativas e de gestão estratégica, as se- metas estabelecidas no inciso I do art. 2o;
guintes ações, respeitada a legislação em vigor: IV – articular, com parceiros do Governo
I – observância, pelos órgãos da Adminis- Federal, a formulação de propostas que pro-
tração Pública Federal, de requisito que garanta movam a implementação de políticas de ação
a realização de metas percentuais de participa- afirmativa;
ção de afrodescendentes, mulheres e pessoas V – estimular o desenvolvimento de ações
portadoras de deficiência no preenchimento de capacitação com foco nas medidas de pro-
de cargos em comissão do Grupo-Direção e moção da igualdade de oportunidades e de
Assessoramento Superiores – DAS; acesso à cidadania;
II – inclusão, nos termos de transferências VI – promover a sensibilização dos servido-
negociadas de recursos celebradas pela Ad- res públicos para a necessidade de proteger os
ministração Pública Federal, de cláusulas de direitos humanos e eliminar as desigualdades
adesão ao Programa; de gênero, raça e as que se vinculam às pessoas
III – observância, nas licitações promo- portadoras de deficiência;
vidas por órgãos da Administração Pública VII – articular ações e parcerias com em-
Federal, de critério adicional de pontuação, a preendedores sociais e representantes dos
ser utilizado para beneficiar fornecedores que movimentos de afrodescendentes, de mulheres
comprovem a adoção de políticas compatíveis e de pessoas portadoras de deficiência;
com os objetivos do Programa; e VIII – sistematizar e avaliar os resultados
IV – inclusão, nas contratações de empre- alcançados pelo Programa e disponibilizá-los
sas prestadoras de serviços, bem como de por intermédio dos meios de comunicação; e
técnicos e consultores no âmbito de projetos IX – promover, no âmbito interno, os instru-
Normas correlatas

desenvolvidos em parceria com organismos mentos internacionais de que o Brasil seja parte
internacionais, de dispositivo estabelecendo sobre o combate à discriminação e a promoção
metas percentuais de participação de afrodes- da igualdade.
cendentes, mulheres e pessoas portadoras de Parágrafo único.  O Comitê de Avaliação e
deficiência. Acompanhamento do Programa Nacional de
247
Ações Afirmativas apresentará, no prazo de ses- XII – um representante do Conselho Nacio-
senta dias, propostas de ações e metas a serem nal de Combate à Discriminação – CNCD; e
implementadas pelos órgãos da Administração XIII – um representante do Grupo de Traba-
Pública Federal. lho Interministerial e Valorização da População
Negra.
Art. 4o  O Comitê de Avaliação e Acompa- § 1o  O Presidente do Comitê de Avaliação
nhamento do Programa Nacional de Ações e Acompanhamento do Programa Nacional de
Afirmativas tem a seguinte composição: Ações Afirmativas poderá convidar para parti-
I – Secretário de Estado dos Direitos Huma- cipar das reuniões um membro do Ministério
nos, que o presidirá; Público do Trabalho.
II – Presidente do Instituto de Pesquisa § 2o  Os membros de que tratam os incisos
Econômica Aplicada – IPEA, que substituirá III a XIII serão indicados pelos titulares dos ór-
o presidente em suas faltas e impedimentos; gãos representados e designados pelo Ministro
III – um representante da Presidência da de Estado da Justiça.
República;
IV – um representante do Ministério das Art. 5o  Os trabalhos de Secretaria-Executiva
Relações Exteriores; do Comitê de Avaliação e Acompanhamento de
V – um representante do Ministério do Ações Afirmativas serão prestados pelo IPEA.
Desenvolvimento Agrário;
VI – um representante do Ministério da Art. 6o  Este Decreto entra em vigor na data
Ciência e Tecnologia; de sua publicação.
VII – um representante do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão; Brasília, 13 de maio de 2002; 181o da Indepen-
VIII – um representante do Ministério do dência e 114o da República.
Trabalho e Emprego;
IX – um representante do Ministério da FERNANDO HENRIQUE CARDOSO –
Cultura; Miguel Reale Junior – Celso Lafer – Paulo Jobim
X – um representante do Conselho Nacional Filho – Guilherme Gomes Dias – Francisco
dos Direitos da Mulher – CNDA; Weffort – Ronaldo Mota Sardenberg – José Abrão
XI – um representante do Conselho Na-
cional dos Direitos da Pessoa Portadora de Decretado em 13/5/2002 e publicado no DOU de
Deficiência – CONADE; 15/5/2002.
Mulher

248
Decreto no 3.361/2000
Regulamenta dispositivos da Lei no 5.859, de 11 de dezembro de 1972, que dispõe sobre a profissão
de empregado doméstico, para facultar o acesso do empregado doméstico ao Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço – FGTS e ao Programa do Seguro-Desemprego.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da Art. 4o  Para se habilitar ao seguro-desemprego,


atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, o trabalhador deverá apresentar ao órgão com-
da Constituição, e tendo em vista o disposto petente do Ministério do Trabalho e Emprego:
na Lei no 5.859, de 11 de dezembro de 1972, I – Carteira de Trabalho e Previdência Social,
com as alterações introduzidas pela Medida na qual deverá constar a anotação do contrato
Provisória no  1.986-2, de 10 de fevereiro de de trabalho doméstico e a data da dispensa,
2000, de modo a comprovar o vínculo empregatício,
como empregado doméstico, durante pelo
DECRETA: menos quinze meses nos últimos vinte e quatro
meses;
Art. 1o  O empregado doméstico poderá ser II – termo de rescisão do contrato de traba-
incluído no Fundo de Garantia do Tempo de lho atestando a dispensa sem justa causa;
Serviço – FGTS, de que trata a Lei no 8.036, de III – comprovantes do recolhimento da
11 de maio de 1990, mediante requerimento contribuição previdenciária e do FGTS, durante
do empregador, a partir da competência março o período referido no inciso I, na condição de
do ano 2000. empregado doméstico;
§ 1o  Para efeito deste Decreto, o requeri- IV – declaração de que não está em gozo de
mento consistirá na apresentação da guia de nenhum benefício de prestação continuada da
recolhimento do FGTS, devidamente preenchi- Previdência Social, exceto auxílio-acidente e
da e assinada pelo empregador, na Caixa Eco- pensão por morte; e
nômica Federal – CEF ou na rede arrecadadora V – declaração de que não possui renda
a ela conveniada. própria de qualquer natureza, suficiente à sua
§ 2o  Efetivado o primeiro depósito na conta manutenção e de sua família.
vinculada, o empregado doméstico será auto- § 1o  Na contagem do tempo de serviço de
maticamente incluído no FGTS. que trata o inciso I deste artigo, serão con-
siderados os meses em que foram efetuados
Art. 2o  A inclusão do empregado doméstico depósitos no FGTS, em nome do trabalhador
no FGTS é irretratável com relação ao respec- como empregado doméstico, por um ou mais
tivo vínculo contratual e sujeita o empregador empregadores.
às obrigações e penalidades previstas na Lei § 2o  Considera-se um mês de atividade, para
no 8.036, de 1990. efeito do inciso I deste artigo, a fração igual ou
superior a quinze dias.
Art. 3o  O benefício do seguro-desemprego de
que trata a Lei no 5.859, de 11 de dezembro de Art. 5o  O valor do benefício do seguro-desem-
1972, será concedido ao trabalhador, vinculado prego do empregado doméstico corresponderá
Normas correlatas

ao FGTS, que tiver trabalhado como doméstico a um salário mínimo e será concedido por um
por um período mínimo de quinze meses nos período máximo de três meses, de forma con-
últimos vinte e quatro meses, contados da data tínua ou alternada, a cada período aquisitivo
de sua dispensa sem justa causa. de dezesseis meses.

249
Parágrafo único.  O benefício do seguro-de- operacionais que se fizerem necessárias à con-
semprego só poderá ser requerido novamente cessão do benefício do seguro-desemprego.
a cada período de dezesseis meses decorridos
da dispensa que originou o benefício anterior, Art. 8o  Este Decreto entra em vigor na data
desde que satisfeitas as condições estabelecidas de sua publicação.
no artigo anterior.
Brasília, 10 de fevereiro de 2000; 179o da Inde-
Art. 6   A CEF definirá os procedimentos ope-
o
pendência e 112o da República.
racionais necessários à inclusão do empregado
doméstico e seu empregador no FGTS. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO –
Francisco Dornelles
Art. 7o  Caberá ao Conselho Deliberativo do
Fundo de Amparo ao Trabalhador – CODEFAT, Promulgado em 10/2/2000 e publicado no DOU de
mediante resolução, estabelecer as medidas 11/2/2000.
Mulher

250
Decreto no 2.268/1997
Regulamenta a Lei no 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos
e partes do corpo humano para fim de transplante e tratamento, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da partes de seu corpo para serem retirados, em


atribuição que lhe confere o artigo 84, inciso IV, vida, para fins de transplantes ou terapêuticas.
da Constituição, e tendo em vista o disposto na �������������������������������������������������������������������������������
Lei no 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, § 9o  A gestante não poderá doar tecidos,
órgãos ou partes de seu corpo, salvo da medula
DECRETA: óssea, desde que não haja risco para a sua saúde
e a do feto.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES �������������������������������������������������������������������������������

Art. 1o  A remoção de órgãos, tecidos e partes Art. 34.  Este Decreto entrará em vigor na data
do corpo humano e sua aplicação em transplan- de sua publicação.
tes, enxertos ou outra finalidade terapêutica,
nos termos da Lei no 9.434, de 4 de fevereiro Art. 35.  Fica revogado o Decreto no 879, de
de 1997, observará o disposto neste Decreto. 22 de julho de 1993.
�������������������������������������������������������������������������������
Brasília, 30 de junho de 1997; 176o da Indepen-
CAPÍTULO III – Da Doação de Partes dência e 109o da República.
�������������������������������������������������������������������������������
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO – Carlos
SEÇÃO II – Da Disposição do Corpo Vivo César de Albuquerque

Art. 15.  Qualquer pessoa capaz, nos termos Decretado em 30/6/1997 e publicado no DOU de
da lei civil, pode dispor de tecidos, órgãos e 1o/7/1997.

Normas correlatas

251
Decreto no 1.093/1994
Regulamenta a Lei Complementar no 79, de 7 de janeiro de 1994, que cria o Fundo Penitenciário
Nacional (FUNPEN), e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da VI – na execução de programas voltados


atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, à assistência jurídica aos presos e internados
da Constituição, e tendo em vista o disposto carentes;
no art. 4o da Lei Complementar no 79, de 7 de VII – na execução de programas destinados
janeiro de 1994, a dar assistência às vítimas de crime e aos de-
pendentes do preso ou do internado;
DECRETA: VIII – na participação de representantes
oficiais em eventos científicos, realizados no
Art. 1 o  O Fundo Penitenciário Nacional Brasil e no exterior, sobre matéria penal, pe-
FUNPEN, instituído pela Lei Complementar nitenciária ou criminológica;
no 79, de 7 de janeiro de 1994, tem por finalida- IX – nas publicações e na pesquisa científica
de proporcionar recursos e meios destinados a na área penal, penitenciária ou criminológica;
financiar e apoiar as atividades e os programas X – nos custos decorrentes de sua própria
de modernização e aprimoramento do Sistema gestão, excetuadas as despesas de pessoal re-
Penitenciário Brasileiro. ferentes a servidores públicos que já percebem
remuneração dos cofres públicos.
Art. 2o  Os recursos do FUNPEN serão apli- Parágrafo único.  Na aplicação dos recursos
cados: do FUNPEN, o Departamento de Assuntos
I – na construção, reforma, ampliação e re- Penitenciários observará os critérios e prio-
equipamento de instalações e serviços de peni- ridades estabelecidos pela Secretaria dos Di-
tenciárias e outros estabelecimentos prisionais; reitos da Cidadania e Justiça e as resoluções
II – na manutenção dos serviços peniten- do Conselho Nacional de Política Criminal e
ciários, mediante a celebração de convênios, Penitenciária.
acordos, ajustes ou contratos com entidades ������������������������������������������������������������������������������
públicas ou privadas;
III – na formação, aperfeiçoamento e Art. 8o  Este Decreto entra em vigor na data
especialização de servidores das áreas de ad- de sua publicação.
ministração, de segurança e de vigilância dos
estabelecimentos penitenciários; Brasília, 23 de março de 1994; 173o da Inde-
IV – na formação educacional e cultural do pendência e 106o da República.
preso e do internado, mediante cursos curri-
culares de 1o e 2o graus, ou profissionalizantes ITAMAR FRANCO – Maurício Corrêa –
de nível médio ou superior; Fernando Henrique Cardoso
V – na elaboração e execução de projetos
destinados à reinserção social de presos, in- Decretado em 23/3/1994 e publicado no DOU de
ternados e egressos; 24/3/1994.
Mulher

252
Decreto no 75.207/1975
Regulamenta a Lei no 6.136, de 7 de novembro de 1974, que inclui o salário-maternidade entre as
prestações da Previdência Social.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da Art. 2o  O valor do salário-maternidade corres-


atribuição que lhe confere o artigo 81, item III, ponderá ao salário integral, salvo na hipótese
da Constituição, de salário variável, quando será calculado de
acordo com a média dos 6 (seis) últimos meses
DECRETA: de trabalho.
§ 1o  Não se aplicam ao cálculo do valor do
Art. 1o  O salário-maternidade, incluído entre salário-maternidade as restrições do parágrafo
as prestações da previdência social pela Lei único do artigo 45 e do parágrafo 5o do artigo
no 6.136, de 7 de novembro de 1974, será devido, 50 do Regulamento do Regime de Previdência
independentemente de prazo de carência, no Social – RRPS (Decreto no 72.771, de 6 de se-
período de descanso remunerado de 4 (quatro) tembro de 1973).
semanas antes e 8 (oito) semanas depois do par- § 2 o  Na hipótese de a segurada contar
to, à empregada de acordo com a Consolidação menos de 9 (nove) meses de trabalho, o valor
das Leis do Trabalho (CLT) que como tal se do salário-maternidade não excederá o do
filie ao regime de previdência social instituído salário inicial das empregadas com atividade
pela Lei no 3.807, de 26 de agosto de 1960 (Lei equivalente.
Orgânica da Previdência Social – LOPS)
§ 1o  O salário-maternidade também será Art. 3o  A comprovação da gravidez para rece-
devido: bimento do salário-maternidade será feita me-
a)  nos períodos adicionais, de 2 (duas) diante atestado médico do setor assistencial do
semanas cada uma, antes e depois do parto, Instituto Nacional de Previdência Social (INPS)
correspondentes aos casos excepcionais de que § 1o  A empresa que dispuser de serviço
trata o § 2o do artigo 392 da CLT; médico próprio ou convênio deverá fornecer o
b)  nos casos de parto antecipado, hipótese atestado para fins deste artigo.
em que a segurada terá sempre direito às 12 § 2o  O atestado deverá indicar, além dos
(doze) semanas previstas no §  3o do mesmo dados médicos necessários, os períodos a que se
artigo. referem o artigo 1o e seus parágrafos, bem como
§ 2o  Em caso de aborto não criminoso, com- o início do afastamento do trabalho.
provado por atestado médico oficial, a segurada
terá direito ao salário-maternidade durante 2 Art. 4o  O salário-maternidade, observados
(duas) semanas, na forma do artigo 395 da CLT. os limites máximos previstos nos artigos 224 e
§ 3o  O salário-maternidade só será devido 287 do RRPS:
pelo INPS enquanto existir o vínculo empre- I – estará sujeito ao desconto do contribuição
gatício, cabendo ao empregador, em caso de previdenciária de 8% (oito por cento), devida
despedida sem justa causa, o ônus decorrentes pela empregada.
da dispensa. II – servirá de base para o cálculo:
Normas correlatas

§ 4o  No caso de exercício simultâneo de mais a)  da contribuição da empresa na mesma


de um emprego, a segurada fará jus ao salário- percentagem;
-maternidade em relação a cada emprego. b)  das contribuições instituídas pelas Leis
§ 5o  Não cabe pagamento de salário-ma- no  4.266, de 3 de outubro de 1963, no  4.281,
ternidade cumulativamente com benefício por de 8 de novembro de 1973, e no 6.136, de 7 de
incapacidade. novembro de 1974; 253
c)  das contribuições de terceiros exigíveis ser instituída pelo Ministério da Previdência
da empresa. e Assistência Social, os registros e demais
anotações referentes ao salário-maternidade,
Art. 5o  O salário-maternidade será pago pela podendo essa ficha ser utilizada também para
empresa, obedecidas as prescrições legais refe- o salário-família, suprimido o modelo aprovado
rentes ao pagamento dos salários. pelo artigo 9o do Decreto no 53.153, de 10 de
Parágrafo único.  A empregada dará quita- dezembro de 1963.
ção à empresa de maneira que a natureza do
pagamento fique bem definida. Art. 10.  A empresa, mesmo quando não
obrigada a escrituração mercantil, deverá, para
Art. 6o  O recolhimento da contribuição de efeito de fiscalização:
que trata o artigo 4o da Lei no 6.136, de 7 de I – manter em dia os lançamentos da “Ficha
novembro de 1974, será feito juntamente com de Registro do Salário-Família e Maternidade”;
o das contribuições regulares para o INPS, II – conservar os atestados médicos, os com-
observados para esse efeito os mesmos prazos, provantes de pagamentos, quitação das con-
sanções administrativas e penais e demais con- tribuições e reembolso e demais documentos.
dições estabelecidas na legislação pertinente.
Art. 11.  O pagamento do salário-maternidade
Art. 7o  A empresa será reembolsada mensal- será glosado, cabendo à fiscalização levantar
mente dos pagamentos de salário-maternidade o débito correspondente, para imediato reco-
feitos às suas empregadas, ressalvado o disposto lhimento:
no § 3o do artigo 1o. I – quando não for apresentado o respectivo
§ 1o  O reembolso se fará mediante des- comprovante, ou o atestado médico;
conto, no total das contribuições a recolher ao II – quando tiver havido reembolso pelo
INPS, do montante líquido dos pagamentos de INPS na hipótese do § 3o do artigo 1o.
salário-maternidade realizados no mês, assim
entendido o valor correspondente à soma dos Art. 12.  Verificada fraude, a fiscalização repre-
salários-maternidade após deduzida a contri- sentará imediatamente ao setor competente do
buição de que trata o inciso I do artigo 4o. INPS para as devidas providências, inclusive
§ 2o  A operação de recolhimento e com- com vistas à instauração de ação penal cabível.
pensação será considerada como quitação
simultânea: Art. 13.  Os períodos de que tratam o artigo 1o
a)  pelo INPS, das contribuições mensais e seus parágrafos serão computados, para todos
recolhidas; os efeitos, como tempo de serviço.
b)  pela empresa, do reembolso do valor
global dos salários-maternidade por ela pagos Art. 14.  Não serão de responsabilidade do
e declarados para efeito de dedução. INPS os encargos estabelecidos na Lei no 4.090,
§ 3o  Se da operação prevista no § 2o resultar de 13 de julho de 1962.
saldo favorável à empresa, esta receberá, em
devolução, a importância correspondente. Art. 15.  Este Decreto entrará em vigor a 1o de
fevereiro de 1975.
Art. 8o  As operações concernentes ao paga-
mento do salário-maternidade e à contribui- Brasília, 10 de janeiro de 1975, 154o da Inde-
ção a este relativa deverão ser lançadas, sob o pendência e 87o da República.
Título “Salário-Maternidade”, na escrituração
da empresa a isso obriga, nos termos do artigo ERNESTO GEISEL – L. G. do Nascimento e
80 da LOPS. Silva
Mulher

Art. 9o  Para efeito de controle e fiscalização, Decretado em 10/1/1975, publicado no DOU de


254 a empresa deverá fazer em ficha especial, a 10/1/1975 e retificado no DOU de 15/1/1975.
Decreto no 71.885/1973
Aprova o Regulamento da Lei no  5.859, de dezembro de 1972, que dispõe sobre a profissão de
empregado doméstico, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da III – Atestado de Saúde, subscrito por


atribuição que lhe confere o artigo 81, item III, autoridade médica responsável, a critério do
da Constituição, e tendo em vista o disposto empregador doméstico.
no artigo 7o da Lei no 5.859, de 11de dezembro
de 1972, Art. 5o  Na Carteira de Trabalho e Previdência
Social do empregado doméstico serão feitas, pelo
DECRETA: respectivo empregador, as seguintes anotações:
I – data de admissão.
Art. 1o  São assegurados aos empregados do- II – salário mensal ajustado.
mésticos os benefícios e serviços da Lei Orgâ- III – início e término das férias.
nica da Previdência Social, na conformidade da IV – data da dispensa.
Lei número 5.859, de 11 de dezembro de 1972.
Art. 6o  Após cada período contínuo de 12
Art. 2o  Excetuando o Capítulo referente a fé- (doze) meses de trabalho prestado à mesma
rias, não se aplicam aos empregados domésticos pessoa ou família, a partir da vigência do Re-
as demais disposições da Consolidação das Leis gulamento, o empregado doméstico fará jus a
do Trabalho. férias remuneradas, nos termos da Consolida-
Parágrafo único.  As divergências entre ção das Leis do Trabalho de 20 (vinte) dias úteis,
empregado e empregador doméstico relativas ficando a critério do empregador doméstico a
as férias e anotação na Carteira do Trabalho e fixação do período correspondente.
Previdência Social, ressalvada a competência
da Justiça do Trabalho, serão dirimidas pela Art. 7o  Filiam-se à Previdência Social, como
Delegacia Regional do Trabalho. segurados obrigatórios, os que trabalham como
empregados domésticos no território nacional,
Art. 3o  Para os fins constantes da Lei no 5.859, na forma do disposto na alínea I do artigo 3o
de 11 de dezembro de 1972, considera-se: deste Regulamento.
I – empregado Doméstico aquele que presta
serviços de natureza continua e de finalidade Art. 8o  O limite de 60 anos para filiação à
não lucrativa a pessoa ou à família, no âmbito Previdência Social, previsto no artigo 4o do
residencial destas. Decreto-Lei no 710, de 28 de julho de 1969, não
II – empregador doméstico a pessoa ou se aplica ao empregado doméstico que:
família que admita a seu serviço empregado I – inscrito como segurado facultativo para
doméstico. todos os efeitos, nessa qualidade já vinha con-
tribuindo na forma da legislação anterior.
Art. 4o  O empregado doméstico, ao ser admi- II – já sendo segurado obrigatório, tenha ad-
tido no emprego, deverá apresentar os seguintes quirido ou venha a adquirir a condição de em-
Normas correlatas

documentos: pregado doméstico, após se desligar de emprego


I – Carteira de Trabalho e Previdência Social. ou atividade de que decorria aquela situação.
II – Atestado de Boa Conduta emitido por
autoridade policial, ou por pessoa idônea, a Art. 9o  Considerar-se-á inscrito para os efeitos
juízo do empregador. da Lei no 5.859, de 11 de dezembro de 1972, o
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empregado doméstico que se qualificar, junto Art. 12.  O recolhimento das contribuições,
ao Instituto Nacional de Previdência Social, a cargo empregador doméstico, será realizado
mediante apresentação da Carteira do Trabalho na forma das instruções a serem baixadas
e Previdência Social. pelo Instituto Nacional de Previdência Social,
§ 1o  Os empregados domésticos, inscritos em formulário próprio, individualizado por
como segurados facultativos, passam a partir empregado doméstico.
da vigência deste Regulamento, à condição de Parágrafo único.  Não recolhendo na época
segurados obrigatórios, independentemente própria as contribuições a seu cargo, ficará o
de nova inscrição. empregador doméstico sujeito às penalidades
§ 2o  A inscrição dos dependentes incumbe previstas no artigo 165 do Regulamento Geral
ao próprio segurado e será feita, sempre que da Previdência Social, aprovado pelo Decreto
possível, no ato de sua inscrição. no 60.501, de 14 de março de 1969.

Art. 10.  O auxílio-doença e a aposentadoria Art. 13.  Aplica-se ao empregado doméstico


por invalidez do empregado doméstico serão e respectivo empregador no que couber, o
devidos a contar da data de entrada do respec- disposto no Regulamento Geral da Previdência
tivo requerimento. Social aprovado pelo Decreto no 60.501, de 14
de março de 1969.
Art. 11.  O custeio das prestações a que se
refere o presente Regulamento será atendido Art. 14.  O Ministro do Trabalho e Previdên-
pelas seguintes contribuições: cia Social baixará as instruções necessárias à
I – do segurado, em percentagem corres- execução do presente Regulamento.
pondente a 8% (oito por cento) do seu salário
de contribuição, assim considerado, para os Art. 15.  O presente Regulamento entrará
efeitos deste Regulamento, o valor do salário em vigor 30 (trinta) dias após sua publicação,
mínimo regional. revogadas as disposições em contrário.
II – do empregador doméstico, em quantia
igual à que for devida pelo segurado. Brasília, 9 de março de 1973; 152o da Indepen-
Parágrafo único.  Quando a admissão, dis- dência e 85o da República.
pensa ou afastamento do empregado domés-
tico ocorrer no curso do mês, a contribuição EMÍLIO G. MÉDICI – Júlio Barata
incidirá sobre 1/30 avos do salário mínimo
regional por dia de trabalho efetivamente Decretado em 9/3/1973 e publicado no DOU de
prestado. 9/3/1973.
Mulher

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Neste volume, o leitor encontrará quase uma centena de normas relativas aos direitos da
mulher. Assim, além dos dispositivos da Constituição da República concernentes ao tema,
a obra contém o texto de vinte atos internacionais, ratificados ou não pelo Brasil, entre os
quais está a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra
a Mulher, assinada em 1994.

Entre as dezenas de normas correlatas, figuram no volume a Lei Complementar no 150/2015,


que dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico, a Lei no 13.109/2015, que trata da
licença à gestante e à adotante, e a Lei no 11.340/2006, mais conhecida como “Lei Maria da
Penha”, que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher.

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