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Esta é a história de como a Via Verde tentou enrolar El Bru (nome fictício da vítima).

Capítulo 1 – O Passado (2015)

El Bru é um cliente muito antigo da Via Verde e possuía, ainda, um identificador de primeira geração
adquirido no milénio passado, no momento em que tivera o seu primeiro carro:

Sempre que a pilha do identificador d’El Bru ficava sem carga, El Bru dirigia-se a uma loja da Via
Verde para os profissionais desta empresa, por 7 €, a substituírem por uma nova.

Ao longo do tempo, de 3 em 3 anos, aproximadamente, sempre que El Bru se dirigia a uma loja da
Via Verde para substituir a pilha do seu velho paralelepípedo, os profissionais desta empresa,
quando o atendiam, tentavam sempre convencê-lo a substituir, sem qualquer custo, o seu velhinho
identificador por um de última geração, já compatível com todas as SCUT e parques de
estacionamento!
Só havia um problema que levava El Bru a nunca aceitar a aliciante proposta: o modelo de negócio
associado aos novos identificadores é novo e não compensa economicamente a quem ainda tem um
pequeno calhau do tempo da outra senhora – ou se paga uma subscrição anual (7€, no presente)
pelo dispositivo, podendo este ser substituído sem custos quando a pilha acaba, ou, quando tal
ocorrer, o cliente tem de adquirir um novo identificador (22€, no presente).
Não existe, portanto, a opção de trocar a pilha, como El Bru fazia.

Resumindo, para ficarmos todos na mesma página:


Se a pilha custa cerca de 7 € e dura cerca de 3 anos, pagar a subscrição anual (7 €) ou adquirir um
identificador (21 €) sempre que esta perde a carga fica ao triplo do preço!

O problema ocorreu quando, na última substituição da pilha, após El Bru não estar interessado no
fantástico negócio de trocar, sem custos, o seu identificador por um de última geração, a funcionária
da Via Verde, espumando de raiva com El Bru por este não ter caído na sua esparrela, sem querer,
danificou o velhinho identificador, tendo El Bru de ficar com um dos novos, contra sua vontade.
Capítulo 2 – O Presente (2018)

Passaram-se cerca de três anos quando El Bru começou a receber sinais amarelos quando passava
nas portagens. Corre o boato que El Bru chegou a murmurar à maquineta da Via Verde da cancela de
um centro comercial “vá lá, vá lá, está tão pertinho…” na esperança de esta se abrir, mas não.
Kaput pilha!

E é assim que El Bru vos oferece a receita de Bavaroise de Via Verde!

Ingredientes:

• Não esquecer (assim, genericamente, aplica-se a tudo);


• Gostar de servir frio (assim, genericamente, aplica-se a tudo);
• Uma faca de cozinha;
• Um ferro de soldar;
• Solda;
• Uma pilha de 3,6 volts (não há em todo o lado, terão de procurar; em Lisboa, no CC Vasco da
Gama, há um quiosque no piso térreo, junto às escadas rolantes, que vende);
• Fita-cola ou fita-isoladora;
• Um vinil, CD, DVD, Blu-Ray, TV, telemóvel ou os próprios RATM a tocar a “Killing In the
Name”.

Modo de preparação:

• Pôr a “Killing In the Name” a tocar;


• Com a faca de cozinha, abrir o identificador à bruta;
• Com jeitinho, soltar a board da caixa;
• Com jeitinho, puxar e soltar a ficha de alimentação da pilha do encaixe da board;
• Com jeitinho, com a faca de cozinha, arrancar a capa de plástico da pilha;
• Com jeitinho, observar a pilha e memorizar como o cabo de alimentação está ligado;
• Com jeitinho, com a faca de cozinha, separar os metais do cabo dos polos das pilhas.

Nesta fase, já devem ter:


Continuando…

• À bruta, com a faca de cozinha, arrancar a capa de plástico da pilha nova;


• Soldar os metais do cabo de alimentação à nova pilha, mantendo a mesma posição da pilha
anterior que, cuidadosamente, memorizaram (polo positivo / polo negativo);
• Envolver tudo em fita-cola ou fita-isoladora;
• Ligar a ficha à board;
• Colocar a board na caixinha;
• Colocar a pilha no local da pilha;
• Constatar que a pilha não cabe no lugar da pilha;
• Ignorar o facto de a pilha não caber no lugar da pilha;
• Fechar à bruta;
• Constatar que a caixa não fecha;
• Ignorar o facto de a caixa não fechar.

Nesta fase, já devem ter:

Por fim:

• Servir frio, ser feliz e, sempre que passarem numa Via Verde ou abrirem uma cancela de um
centro comercial com Via Verde, cantar o verso mais popular da “Killing In the Name”.

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