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Escrita - Exposição Sobre um Tema

Inês sabe ler… Qual a importância da cultura nos nossos dias?

Na Farsa de Inês Pereira, Inês, a protagonista, é uma mulher sábia/ com cultura,
pois sabia ler e escrever, coisa que naquela época era raro numa mulher.
Na Idade Média até meados do século XVIII, a condição de mulher era
geralmente de aprisionada. A vida social praticamente não existia, o pouco que existia
eram os saraus, bailes e valsas que tanto entusiasmaram os poetas românticos.
No século XVI as donzelas portuguesas só saíam para ir às igrejas e de véu sobre
o rosto para não serem vistas. As mulheres casadas não andavam na rua sem os
maridos, a menos que estivessem acompanhadas por várias damas e escudeiros, ou
então adquiriam má fama.
Gil Vicente leva-nos a questionar, mais profundamente, a situação da mulher
portuguesa na época. Em 1523, com a Farsa de Inês Pereira, apresenta-nos a mulher
com um certo sentido da realidade, sabedoria da condição feminina e senso prático da
existência, presente no ditado: «mais quero um asno que me leve que cavalo que me
derrube».
Inês, logo que entra em cena, queixa-se da sua condição existencial, mas não
do facto de ser mulher. As suas primeiras palavras renegam o trabalho doméstico, a
clausura do lar e a falta de liberdade. Desde logo, neste monólogo, percebemos a
presença de uma mentalidade diferente das mulheres que, na sua maioria, eram
submissas aos homens e às suas vontades. Esta forma de pensar é notoriamente
marcada pela instrução de Inês, já que era uma mulher com um elevado nível de
cultura, quando comparada com as restantes da sua época.
No discurso da mãe, a mesma destaca uma qualidade que julga necessária para
uma boa esposa, revelando a ideologia social da época em relação à mulher. Como não
participava no mercado de trabalho, porque só havia no campo, o valor da mulher
estava em ser bonita, doméstica e geradora de filhos. Contudo, ressalva os dotes
culturais da filha, sendo que esta sabia ler e escrever.
Inês não estava preocupada com dotes físicos ou com situação financeira do
seu futuro marido, para ela o importante para além da virtude palaciana, era saber
tanger viola, ser discreto e inteligente. Devido a este facto, conseguimos, igualmente,
ter percepção do objetivo de Gil Vicente em nos apresentar uma mulher instruída que,
como todas as outras, não se preocupava só com a condição financeira mas sim com
questões culturais.
Na atualidade as mulheres são instruídas e independentes. Desempenham
cargos que, antigamente, pertenciam exclusivamente aos homens. Não dependem
destes para se sustentar e muitas delas dedicam-se muito mais à sua carreira do que a
ter filhos e construir a sua própria família. A diferença de comportamento e objetivos
da Idade Média para a atualidade é gritante e cada vez mais notória.

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