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Os dois judeus trazem Brás da Mata, um escudeiro que só queria dar o “golpe
do baú” em Inês. Ao encontrar a moça se comporta de modo distinto, com
palavras bonitas, e ainda canta para a moça tocando uma viola. Sua mãe,
porém, desaprova o pretendente, indo contra os elogios que os dois judeus
fizeram ao moço. Os dois acabam se casando e ganhando da mãe de Inês uma
casa. Após o casamento, Brás começa a impor várias regras, inclusive que a
moça deveria passar o dia trancada em casa, a proíbe de ir à missa e de olhar
pela janela. Algum tempo depois, Brás parte para a guerra e deixa seu criado
vigiando Inês. O criado obedece Brás, e a deixa trancada dentro de casa, onde
ela passa os dias costurando e lamentando sua sorte no casamento, ao ponto de
até desejar a morte do marido.
Ponto de partida:
Estrutura:
A peça não possui qualquer divisão em atos e cenas; no entanto é possível
estabelecer várias sequências dramáticas, com a entrada e saída de personagens
Dimensão satírica:
Inês Pereira é alvo do riso do espetador porque:
o se apresenta como revoltada contra os trabalhos domésticos;
o pretende libertar-se através de casamento desigual;
o tem uma noção idealizada do casamento, muito longe da realidade;
o pretende um marido que seja bem-falante, tocador de viola, sedutor,
mesmo que nada tenha de comer;
o é castigada quando vê desabar, na prática, o seu engano, a sua conceção
de casamento;
o se encaminha, às costas do marido, para um encontro amoroso que fará
de si adúltera.
A sátira, estreitamente ligada ao cómico, ao riso e ao caricatural, recai
principalmente sobre as personagens de Inês Pereira, Pero Marques e Brás da
Mata.
O riso solta-se nos espetadores quando Pero Marques:
o é visto pela primeira vez a caminhar desajeitadamente em busca da casa
de Inês;
o revela incapacidade de falar, de seduzir;
o traz presentes inadequados para Inês;
o expõe a sua rusticidade do campónio que desconhece a função da
cadeira;
o mostra a sua ingenuidade em assuntos amorosos, pois, encontrando-se
de noite com Inês, não aproveita para lhe dizer palavras de amor;
o leva a mulher às costas , com docilidade e ingenuidade, para se
encontrar com um amante: é o modelo do marido enganado e
complacente – sem perdão, é castigado pelo riso.