Você está na página 1de 22

jusbrasil.com.

br
3 de Abril de 2017

Proteção do Patrimônio Histórico e Cultural

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO. 1. REGULAMENTAÇÃO. 2. REQUISITOS. 2.1 A


CONVENÇÃO. 2.1.1 Conteúdo da Convenção. 2.1.2 Como funciona a
Convenção. 2.1.3 Critérios de seleção. 2.2 Proteção de sítios em perigo.
2.3 Procedimento para a inclusão de um bem na Lista do Patrimônio
Mundial. 3. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA. 3.1 DECRETO-LEI Nº 25, DE 30
DE NOVEMBRO DE 1937. 3.1.1 Do Tombamento. 3.1.2 Instrumentos de
proteção do Patrimônio Histórico e Cultural. 3.2 DECRETO
LEGISLATIVO Nº 74, de 1977. 3.3 DECRETO Nº 5.753, DE 12 DE ABRIL
DE 2006 e DECRETO Nº 3.551, DE 4 DE AGOSTO DE 2000. 3.4 LEI Nº
3.924 DE 26 DE JULHO DE 1961. 4. TRATAMENTO EM OBRAS DE
DIREITO AMBIENTAL. 4.1 Tutela do patrimônio cultural no Brasil. 4.2
Direito urbanístico do meio ambiente cultural. 4.3 Proteção jurídica do
patrimônio arqueológico. 4.4. Urbanismo e turismo. CONCLUSÃO.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

INTRODUÇÃO
O patrimônio histórico e cultural pode ser definido como o conjunto das
manifestações que emanam da sociedade num determinado local ao
longo do tempo, abrangendo diversos campos, desde as artes, edificações
e praças até o próprio modo de viver, o paisagismo, os saberes e
celebrações. Desta forma, tornam-se referência simbólica dos cidadãos
em relação ao espaço no qual habitam e constituem a própria identidade
da cidade.

Preservar o patrimônio histórico e cultural faz com que as marcas de sua


história se perpetuem no tempo, assegurando sua diversidade cultural e o
planejamento de construções dinâmicas que enriqueçam ainda mais
aquela região.

As primeiras manifestações efetivas em prol da preservação do


patrimônio histórico e cultural ocorreram no século XIX, após a
Revolução Francesa e a Revolução Industrial, inicialmente criada para
restaurar os monumentos e edifícios históricos destruídos no decorrer da
guerra.

Atualmente, a proteção do patrimônio histórico e cultural, no âmbito do


ordenamento jurídico brasileiro, encontra respaldo em leis específicas,
como o Decreto-Lei nº 25 de 30 de novembro de 1937, e até mesmo na
própria Constituição Federal e em tratados internacionais.

Propõe-se, assim, uma análise acerca do tema, com a explanação sobre a


evolução da legislação pertinente, bem como um estudo jurídico sobre a
proteção do patrimônio histórico e cultural, conforme sua natureza.

1. REGULAMENTAÇÃO
Um povo é conhecido e identificado quando se analisa e se compreende
seus valores, sua história e sua cultura. Para tanto, é consensual nos dias
atuais, que é função do Estado e um dever da sociedade proteger o
patrimônio histórico cultural, pois se trata da preservação da identidade
de um povo.

Como se trata de uma função do Estado e um dever da sociedade, a


Constituição Federal de 1988 coloca em seu artigo 5º, inciso LXXIII a
disposição de qualquer cidadão, a proteção do Patrimônio Histórico
Cultural através da propositura de uma Ação Popular:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo­se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LXXIII ­ qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular
que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de
que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má­fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência;

Percebe-se daí, a importância dada, pela constituição à proteção do


Patrimônio Histórico Cultural. Além disso, a Magna Carta coloca a
competência dos entes políticos, a União, Estados, Distrito Federal e
Municípios a proteção de documentos, obras e outros bens de valor
histórico, artístico e cultural, na medida em que inclui os monumentos,
as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos, inclusive
devendo ser impedidas as destruições e descaracterizações de tais
objetos, conforme o art. 23, III e IV. Isso clareia a função dos entes
políticos em tomar medidas administrativas e políticas que venham a
preservar e valorizar a cultura.

Para não deixar dúvidas, a Constituição estabelece no art. 216 que o


Patrimônio Histórico Cultural brasileiro constitui em bens da natureza,
que venham a ter algum significado para algum grupo dentro da
sociedade brasileira. Tais bens incluem, segundo a Carta, modos de criar,
fazer, viver, criações artísticas e tecnológicas, obras, objetos, documentos,
edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-
culturais, conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. Ou seja,
tudo o que represente a identidade de um povo ou grupo dentro da
sociedade, deve ser considerado um patrimônio histórico-cultural.
2. REQUISITOS
2.1 A CONVENÇÃO

2.1.1 Conteúdo da Convenção

A Convenção define as classes de sítios naturais ou culturais que podem


ser considerados para inscrição na Lista do Patrimônio Mundial e fixa o
dever que compete aos Estados-membros quanto à identificação de
possíveis sítios.

Define também o papel que lhes corresponde na proteção e na


preservação desses sítios. Ao assinar a Convenção, cada país se
compromete a conservar não somente os bens do Patrimônio Mundial
localizados em seu território como também a proteger o próprio
patrimônio nacional.

A Convenção explica ainda como se deverá utilizar o Fundo do


Patrimônio Mundial, como se deve administrá-lo e em que condições se
pode prover assistência financeira internacional.

2.1.2 Como funciona a Convenção

A solicitação de inscrição de um sítio na Lista do Patrimônio Mundial


deve partir dos próprios Estados signatários. A UNESCO não faz
nenhuma recomendação para a inclusão na Lista. Essa solicitação deve
incluir um plano que detalhe como se administra e se protege o sítio.

2.1.3 Critérios de seleção

Para serem incluídos na Lista do Patrimônio Mundial, os sítios devem


satisfazer alguns critérios de seleção.

Os bens culturais devem:

i. Representar uma obra-prima do gênio criativo humano, ou


ii. Ser a manifestação de um intercâmbio considerável de valores
humanos durante um determinado período ou em uma área cultural
específica, no desenvolvimento da arquitetura, das artes monumentais,
de planejamento urbano ou de paisagismo, ou

iii. Aportar um testemunho único ou excepcional de uma tradição cultural


ou de uma civilização ainda viva ou que tenha desaparecido, ou

iv. Ser um exemplo excepcional de um tipo de edifício ou de conjunto


arquitetônico ou tecnológico, ou de paisagem que ilustre uma ou várias
etapas significativas da história da humanidade, ou

v. Constituir um exemplo excepcional de habitat ou estabelecimento


humano tradicional ou do uso da terra, que seja representativo de uma
cultura ou de culturas, especialmente as que tenham se tornado
vulneráveis por efeitos de mudanças irreversíveis, ou

vi. Estar associados diretamente ou tangivelmente a acontecimentos ou


tradições vivas, com idéias ou crenças, ou com obras artísticas ou
literárias de significado universal excepcional (o Comitê considera que
este critério não deve justificar a inscrição na Lista, salvo em
circunstâncias excepcionais e na aplicação conjunta com outros critérios
culturais ou naturais).

É igualmente importante o critério da autenticidade do sítio e a forma


pela qual ele esteja protegido e administrado.

Os bens naturais devem:

i. Ser exemplos excepcionais representativos dos diferentes períodos da


história da Terra, incluindo o registro da evolução, dos processos
geológicos significativos em curso, do desenvolvimento das formas
terrestres ou de elementos geomórficos e fisiográficos significativos, ou

ii. Ser exemplos excepcionais que representem processos ecológicos e


biológicos significativos para a evolução e o desenvolvimento de
ecossistemas terrestres, costeiros, marítimos e de água doce e de
comunidades de plantas e animais, ou

iii. Conter fenômenos naturais extraordinários ou áreas de uma beleza


natural e uma importância estética excepcionais, ou

iv. Conter os habitats naturais mais importantes e mais representativos


para a conservação in situ da diversidade biológica, incluindo aqueles que
abrigam espécies ameaçadas que possuam um valor universal excepcional
do ponto de vista da ciência ou da conservação.

Também são critérios importantes a proteção, a administração e a


integridade do sítio.

Os sítios mistos têm, ao mesmo tempo, excepcional valor natural e


cultural. Desde 1992, interações significativas entre o homem e o meio
natural têm sido reconhecidas como paisagens culturais.

2.2 Proteção de sítios em perigo

A conservação do Patrimônio Mundial é um processo contínuo. Incluir


um sítio na Lista serve de pouco se posteriormente o sítio se degrada ou
se algum projeto de desenvolvimento destrói as qualidades que
inicialmente o tornaram apto a ser incluído na relação dos bens do
Patrimônio Mundial.

Na prática, os países tomam essa responsabilidade muito seriamente.


Pessoas, organizações não-governamentais e outros grupos comunicam
ao Comitê do Patrimônio Mundial possíveis perigos para os sítios. Se o
alerta se justifica e o problema é suficientemente grave, o sitio será
incluído na Lista do Patrimônio Mundial em Perigo.

2.3 Procedimento para a inclusão de um bem na Lista do
Patrimônio Mundial

Como cada país deve proceder para incluir seus sítios na Lista do
Patrimônio Mundial:
1) O Estado-Parte: Prepara uma lista tentativa de propriedades culturais
e naturais em seu território que considera possuir um "excepcional valor
universal". Seleciona as propriedades para inclusão na Lista do
Patrimônio Mundial. Um país se torna Estado-Parte ao assinar a
Convenção do Patrimônio Mundial e comprometendo-se a proteger o seu
patrimônio cultural e natural. 2) O Centro do Patrimônio Mundial:
Verifica se a solicitação de inclusão está completa. Estabelecido em 1992,
o Centro do Patrimônio Mundial é o ponto focal e coordenador, dentro da
UNESCO, de todos os assuntos relativos ao Patrimônio Mundial. 3) O
ICOMOS e/ou o IUCN: Enviam especialistas para visitar os sítios, avaliar
a sua proteção e gerenciamento. Preparam um relatório técnico. Avaliam
se a propriedade possui "excepcional valor universal". Duas organizações
não-governamentais funcionam como órgãos consultivos: O Conselho
Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) e a União Mundial para
a Natureza (IUCN). 4) O Bureau do Patrimônio Mundial: Examina a
avaliação. Faz uma recomendação para a inscrição ou Solicita
informações adicionais para o Estado-Parte. Um pequeno órgão executivo
composto por 7 membros do Comitê do Patrimônio Mundial, o Bureau do
Patrimônio Mundial prepara o trabalho do Comitê. 5) O Comitê do
Patrimônio Mundial: Toma a decisão final de inscrever o sítio na Lista do
Patrimônio Mundial ou Adia a decisão, aguardando informações mais
aprofundadas ou Recusa a inscrição.

Constituído por 21 representantes dos Estados-Parte da Convenção, o


Comitê do Patrimônio Mundial é responsável por guiar a implementação
da Convenção do Patrimônio Mundial.

3. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
3.1 DECRETO­LEI Nº 25, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1937.

Proteção do patrimônio histórico e artístico nacional

O tema da preservação do patrimônio histórico e cultural no Brasil passa


a ser discutido, basicamente, a partir do ano de 1937, quando foi
promulgado o Decreto-Lei Federal nº 25, de 30 de Novembro do referido
ano, no governo de Getulio Vargas. Este Decreto-Lei é a primeira norma
jurídica que dispõe objetivamente sobre patrimônio histórico e cultural,
faz referência acerca da limitação administrativa ao direito de
propriedade e define patrimônio histórico e artístico da União como
“Conjunto de bens móveis e imóveis existentes no País e cuja conservação
seja de interesse público, quer por seu excepcional valor arqueológico,
bibliográfico ou artístico” (BRASIL, 1937). Trata-se, portanto, de lei
federal determinando o sujeito de controle do patrimônio histórico. Com
a promulgação deste decreto temos ainda o surgimento do Instituto de
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Acerca do Decreto-Lei nº 25/1937 que organiza a proteção do patrimônio


histórico e artístico nacional, a referida norma estabelece que o
patrimônio histórico e artístico nacional são o conjunto de bens móveis e
imóveis existentes no país e cuja conservação é de interesse público, quer
por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu
excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.

Além disso, o referido Decreto-Lei é claro ao estabelecer que os bens


somente serão considerados parte integrante do patrimônio histórico o
artístico nacional, depois de inscritos separadamente ou em grupo nos 04
(quatro) Livros do Tombo, conforme já visto acima.

Ademais, o Decreto-Lei estabelece os bens que compõem o patrimônio


histórico e artístico nacional por equiparação. São eles os sítios e
paisagens que importe conservar e proteger pela feição notável com que
tenham sido dotados pela natureza ou pela indústria humana.

Ressalta-se que o Decreto-Lei nº 25/1937 estabelece que as obras de


origem estrangeira são excluídas do patrimônio histórico e artístico
nacional. São elas: Obras que pertençam às representações diplomáticas
ou consulares acreditadas no país; Obras que pertencem a quaisquer
veículos pertencentes a empresas estrangeiras; Bens referidos no art. 10
da Lei de Introdução do Código Civil; Bens que pertençam a casas de
comércio de objetos históricos ou artísticos; Bens que sejam trazidas para
exposições comemorativas, educativas ou comerciais; Bens que sejam
importados por empresas estrangeiras expressamente para adorno dos
seus respectivos estabelecimentos.
3.1.1 Do Tombamento

Outro ponto que merece especial atenção no Decreto-Lei nº 25/1937


refere-se ao tombamento dos bens que compõem o patrimônio histórico e
artístico nacional. O Decreto-Lei estabelece o tombamento de ofício dos
bens pertencentes à União, aos Estados e aos Municípios, por ordem do
diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, mas
deverá ser notificado à entidade a quem pertencer, ou sob cuja guarda
estiver a coisa tombada, a fim de produzir os necessários efeitos.

Já o tombamento de coisa pertencente à pessoa natural ou à pessoa


jurídica de direito privado se fará voluntária ou compulsoriamente. O
tombamento voluntário será feito sempre que o proprietário o pedir e a
coisa se revestir dos requisitos necessários para constituir parte
integrante do patrimônio histórico e artístico nacional, a juízo do
Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, ou sempre que o mesmo proprietário anuir, por escrito, à
notificação, que se lhe fizer, para a inscrição da coisa em qualquer dos
Livros do Tombo.

Por outro lado, o tombamento compulsório será realizado quando o


proprietário se recusar a anuir com a inscrição da coisa. Há de se
registrar que o processo de tombamento deverá observar o princípio do
devido processo legal.

É importante deixar claro que o tombamento provisório ocorre na


hipótese em que o processo de tombamento estiver sido iniciado e ainda
não concluído. Sendo assim, cabe o alerta de que o tombamento
provisório se equipara ao tombamento definitivo para todos os efeitos.
No que tange aos efeitos do tombamento, cabe afirmar que as coisas
tombadas, que pertençam à União, aos Estados ou aos Municípios,
inalienáveis por natureza, só poderão ser transferidas de uma à outra das
referidas entidades. Além disso, o tombamento repercute na
alienabilidade das obras históricas e artísticas de propriedade de pessoas
naturais ou jurídicas de direito privado.
Outro ponto importante é de que o bem tombado não poderá sair do país,
senão por curto prazo, sem transferência de domínio e para fim de
intercâmbio cultural, a juízo do Conselho Consultivo do IPHAN

Outro aspecto fundamental está relacionado ao fato de que os bens


tombados não poderão, em caso nenhum ser destruídos, demolidos ou
mutilados. Além disso, sem prévia autorização especial, os bens
tombados não poderão ser reparados, pintados ou restaurados.

3.1.2 Instrumentos de proteção do Patrimônio Histórico e
Cultural

Indicamos primeiramente como forma de proteção do patrimônio


histórico a vigilância. A vigilância encontra-se também disposta no
Decreto-Lei nº 25/1937 que estabelece que as coisas tombadas ficaram
sujeitas à vigilância permanente do IPHAN, que poderá inspecioná-los
sempre que for julgado conveniente, não podendo os respectivos
proprietários ou responsáveis criarem obstáculos à inspeção, sob pena de
multa. Além disso, o Decreto-Lei nº 25/1937 ainda confere direito de
preferência à União, estados e municípios, nesta ordem, para adquirir os
bens tombados objeto de alienação onerosa. Dessa forma, a alienação dos
bens tombados pertencentes a particulares não será permitida, sem que
previamente sejam os bens oferecidos, pelo mesmo preço, à União, bem
como ao Estado e ao município em que se encontrarem.

A proteção do patrimônio cultural pode se dar por meio da Ação Civil


Pública prevista na Lei 7.347/85, a qual rege as ações de responsabilidade
por danos morais e patrimoniais causados, dentre outros, ao meio
ambiente e a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico
e paisagístico. É importante lembrar que tem legitimidade para propor a
ação civil pública, o Ministério Público, a Defensoria Pública, a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios; a autarquia, empresa pública,
fundação ou sociedade de economia mista.

Temos ainda como instrumento de proteção a Ação Popular, regida pela


lei Lei nº 4.717, de 29 de Junho de 1965, que estabelece em seu artigo 1º
que qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a
declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio público, elucidando
no § 1º do mesmo artigo que considerar-se-á patrimônio público os bens
e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico.

3.2 DECRETO LEGISLATIVO Nº 74, de 1977

Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural

No que tange à proteção do patrimônio mundial, cultural e natural, é


interessante mencionar o Decreto Legislativo nº 74, de 30/06/1977, que
aprovou o texto da Convenção à Proteção do Patrimônio Mundial,
Cultural e Natural, redigida na Conferência Geral da UNESCO daquele
mesmo ano. Um dos primeiros pontos a ser destacado na referida
convenção é a apresentação das definições de Patrimônio Cultural e
Natural. O patrimônio cultural seria formado por: 1) os monumentos:
obras arquitetônicas, de escultura ou de pintura monumentais, elementos
ou estruturas de natureza arqueológica, inscrições, cavernas e grupos de
elementos, que tenham um valor universal excepcional do ponto de vista
da história, da arte ou da ciência; 2) os conjuntos: grupos de construções
isoladas ou reunidas que, em virtude de sua arquitetura, unidade ou
integração na paisagem, tenham um valor universal excepcional do ponto
de vista da história, da arte ou da ciência; 3) os lugares notáveis: obras do
homem ou obras conjugadas do homem e da natureza, bem como as
zonas, inclusive lugares arqueológicos, que tenham valor universal
excepcional do ponto de vista histórico, estético, etnológico ou
antropológico.

Já o patrimônio natural seria formado por: 1) os monumentos naturais


constituídos por formações físicas e biológicas ou por grupos de tais
formações, que tenham valor universal excepcional do ponto de vista
estético ou científico; 2) as formações geológicas e fisiográficas e as áreas
nitidamente de limitadas que constituam o habitat de espécies animais e
vegetais ameaçados, e que tenham valor universal excepcional do ponto
de vista da ciência ou da conservação; 3) os lugares notáveis naturais ou
as zonas naturais nitidamente delimitadas, que tenham valor universal
excepcional do ponto de vista da ciência, da conservação ou da beleza
natural.
No que se refere à Proteção Nacional e Internacional do Patrimônio
Cultural e Natural, a Convenção à proteção do patrimônio mundial,
cultural e natural estabelece que cada um dos estados signatários da
convenção reconhece que a obrigação de identificar, proteger, conservar,
valorizar e transmitir às futuras gerações o patrimônio cultural e natural
situado em seu território. Dessa forma, os estados deverão adotar uma
política geral que de ao patrimônio cultural e natural uma função na vida
da coletividade e que vise à integração e proteção desse patrimônio nos
programas de planificação geral. Além disso, os estados deverão instituir
em seu território, na medida em que não existam, um ou mais serviços de
proteção, conservação e valorização do patrimônio cultural e natural
(como por exemplo, o IPHAN), dotados de pessoal e meios apropriados
que lhes permitam realizar as tarefas a eles confiadas. Ademais, os
estados deverão adotar medidas no sentido de desenvolver os estudos e
as pesquisas científicas e técnicas e aperfeiçoar os métodos de
intervenção que permitam a um estado fazer face aos perigos que
ameacem seu patrimônio cultural ou natural, bem como tomar as
medidas jurídicas, científicas, técnicas, administrativas e financeiras
adequadas para a identificação, proteção, conservação, revalorização e
reabilitação desse patrimônio. Cabe, ainda, destacar que é obrigação dos
estados facilitarem a criação ou o desenvolvimento de centros nacionais
ou regionais de formação no campo da proteção, conservação e
revalorização do patrimônio cultural e natural e estimular a pesquisa
científica nesse campo.

3.3 DECRETO Nº 5.753, DE 12 DE ABRIL DE 2006 e DECRETO Nº, DE


4 DE AGOSTO DE 20003.551

Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial e Registro de Bens
Culturais de Natureza Imaterial

Fica clara a importância da proteção do Patrimônio Histórico e Cultural,


porém não bastava tutelar apenas os bens materiais, ou físicos, fazia-se
necessário a positivação da proteção do patrimônio cultural imaterial. Foi
então que no ano de 2006 foi promulgado o Decreto nº 5.753, que
aprovou à Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural
Imaterial, adotada em Paris, em 2003. Essa convenção define
"patrimônio cultural imaterial" como sendo as práticas, as
representações, as expressões, conhecimentos e técnicas - bem como os
instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são
associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os
indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural.
O patrimônio cultural imaterial se transmite de geração em geração e é
constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu
ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história. Tal situação
gera um sentimento de identidade e continuidade, que contribui para
promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.

Ainda de acordo com a Convenção, o "patrimônio cultural imaterial" se


manifesta em particular nos seguintes campos: a) tradições e expressões
orais, incluindo o idioma como veículo do patrimônio cultural imaterial;
b) expressões artísticas; c) práticas sociais, rituais e atos festivos; d)
conhecimentos e práticas relacionados à natureza e ao universo; e)
técnicas artesanais tradicionais.

No que tange à salvaguarda do patrimônio cultural imaterial no plano


nacional, caberá aos estados: a) adotar as medidas necessárias para
garantir a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial presente em seu
território; b) entre as medidas de salvaguarda, identificar e definir os
diversos elementos do patrimônio cultural imaterial presentes em seu
território, com a participação das comunidades, grupos e organizações
não governamentais pertinentes. Outra medida necessária, com fins de
salvaguarda, é que cada Estado Parte estabelecerá um ou mais
inventários do patrimônio cultural imaterial presente em seu território,
em conformidade com seu próprio sistema de salvaguarda do patrimônio.

O Decreto nº 3.551, de 4 de Agosto de 2000 rege as peculiaridades do


registro dos bens culturais de natureza imaterial.

3.4 LEI Nº 3.924 DE 26 DE JULHO DE 1961

Proteção dos monumentos arqueológicos e pré­históricos

No que concerne a proteção do patrimônio pré-histórico ou arqueológico,


é oportuno citar a Lei nº 3.924, de 26/07/1961, que dispõe que os
monumentos arqueológicos ou pré-históricos de qualquer natureza
existentes no território nacional e todos os elementos que neles se
encontram ficam sob a guarda e proteção do Poder Público.

A referida lei apresenta um rol taxativo dos monumentos considerados


arqueológicos ou pré-históricos, quais sejam: a) as jazidas de qualquer
natureza, origem ou finalidade, que representem testemunhos de cultura
dos paleoameríndios do Brasil, tais como sambaquis, montes artificiais
ou tesos, poços sepulcrais, jazigos, aterrados, estearias e quaisquer
outras, mas de significado idêntico a juízo da autoridade competente; b)
os sítios nos quais se encontram vestígios positivos de ocupação pelos
paleoameríndios, tais como grutas, lapas e abrigos sob rocha; c) os sítios
identificados como cemitérios, sepulturas ou locais de pouso prolongado
ou de “aldeiamento, "estações" e "cerâmicos", nos quais se encontram
vestígios humanos de interesse arqueológico ou paleoetnográfico; d) as
inscrições rupestres ou locais como sulcos de polimentos de utensílios e
outros vestígios de atividade de paleoameríndios.

Estabelece ainda que são proibidos em todo o território nacional, o


aproveitamento econômico, a destruição ou mutilação, para qualquer
fim, das jazidas arqueológicas ou pré-históricas. Admite ainda a
possibilidade de multa, no caso de exploração indevida de jazidas
arqueológicas ou pré-históricas. Além disso, a referida lei dispõe que
qualquer ato que importe na destruição ou mutilação dos monumentos
históricos, será considerado crime contra o Patrimônio Nacional e, como
tal, punível de acordo com o disposto nas leis penais. Também não se
pode esquecer que a norma estabelece que o direito de realizar
escavações para fins arqueológicos, em terras de domínio público ou
particular, constitui-se mediante permissão da União, através do IPHAN,
ficando obrigado a respeitá-lo o proprietário ou possuidor do solo.

O pedido de permissão deve ser dirigido à Diretoria do Patrimônio


Histórico e Artístico Nacional, acompanhado de indicação exata do local,
do vulto e da duração aproximada dos trabalhos a serem executados, da
prova de idoneidade técnico-científica e financeira do requerente e do
nome do responsável pela realização dos trabalhos.
4. TRATAMENTO EM OBRAS DE
DIREITO AMBIENTAL
4.1. Tutela do patrimônio cultural no brasil

O patrimônio cultural brasileiro, de acordo com a Constituição, é


constituído pelos bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à
ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
brasileira.

Os artigos 125, 216 e 225, CF indicam as bases estruturantes para o


tratamento jurídico da matéria, como: a concepção de direito ao
patrimônio cultural como direito fundamental; a concepção unitária do
meio ambiente; a concepção dos bens culturais como bens de interesse
público; a função social da propriedade; a questão da identidade cultural
e da diversidade cultural, fundada na valorização dos grupos formadores
da sociedade brasileira; a previsão do dever de atuação do Poder Público
na promoção e proteção dos bens culturais e o dever da sociedade quanto
à tutela desses bens; a previsão do acesso e fruição dos bens e a
submissão das atividades lesivas ao patrimônio do Estado.

No sistema jurídico brasileiro, os bens culturais integram a conceituação


de bem ambiental, razão pela qual tem uma proteção “qualificada”, já que
além da proteção advinda de legislações específicas e de normas
administrativas que regulamentam e limitam o uso do bem, tem anda
tutela respaldada no sistema jurídico ambiental. Todos os bens culturais,
sejam materiais ou imateriais, gozam do aparato protetivo ambiental, por
serem essenciais para o desenvolvimento da vida humana em um
patamar mínimo de dignidade.

O papel do Estado

Um viés importante no dever de proteção do Estado é a estruturação dos


órgãos competentes para a tutela do patrimônio cultural, com destinação
de recursos financeiros e humanos compatíveis com as competências e
atribuições legais.

O papel do Estado como ente controlador das atividades e


empreendimentos que possam causar dano ao patrimônio cultural e
mediador dos interesses, assume maior importância com os dispositivos
constitucionais. Caso seja autorizada a destruição do bem cultural,
subsiste a obrigação de elaboração de estudo por equipe multidisciplinar
com a finalidade de registrar os elementos materiais que integram o bem
ou o conjunto de bens impactados. Esse registro deve ser documental, de
acordo com a melhor tecnologia possível.

Por fim, cabe colocar que atividades, ou empreendimentos que causem


impactos ao patrimônio cultural devem ser licenciados pelo Poder
Público. Além disso, no caso de atividades programadas em políticas
públicas com finalidade de proteção e, especialmente de promoção do
patrimônio cultural, deve ser observada a necessária participação da
sociedade na elaboração e no acompanhamento da execução dos planos.

4.2. DIREITO URBANÍSTICO DO MEIO AMBIENTE CULTURAL

Bens de interesse público

Os bens integrantes do meio ambiente cultural e natural constituem


objeto de disciplina urbanística.

A doutrina vem configurando a categoria dos bens de interesse público,


na qual se inserem aqueles bens (públicos ou particulares) qualificados
por certos valores que devem ser tutelados em vista dos quais devam ficar
subordinados a uma disciplina jurídica especial (tem regime próprio),
para a conservação do fim colimado.

Conforme já falado anteriormente, é reconhecido de direta relevância


social, pelo que a lei os submete a um regime particular, que lhes
assegure a função social específica em benefício da coletividade. Esse
regime especial comporta vínculos, obrigações, deveres e ônus
relativamente à disponibilidade dos bens e à possibilidade de intervenção
de variado gênero por parte de órgãos da Administração Pública.
Incluem-se entre os bens de interesse público os integrantes do meio
ambiente cultural, que compreende os declarados como de notável beleza
natural, de valor ou interesse histórico, artístico e arqueológico, assim
como os constitutivos do meio ambiente natural (incluindo o patrimônio
florestal) cuja finalidade deve ser tutelada em função da qualidade de
vida. Nessa categoria igualmente se reputam as jazidas, minas e demais
recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica.

Certo é que a tutela jurídica do meio ambiente pode ser considerada sob
dois ângulos: o do meio ambiente natural e o do meio ambiente cultural.
A preservação ambiental, como forma de controle e combate, é assunto
de competência federal, estadual e municipal.

Desta feita, planos de preservação ambiental podem (e devem) ser


estabelecidos pela União, inserindo-se assim na qualificação de planos
urbanísticos setoriais federais. A primeira preocupação sistematizada,
planejada, nesse sentido constituiu as diretrizes incluídas no capítulo IX
do II PND, como um aspecto da política do desenvolvimento urbano. A
partir daí tomaram-se várias providências legislativas e administrativas
visando à proteção ambiental, especialmente pela instituição da política
nacional de meio ambiente e do sistema nacional do meio ambiente pela
Lei n. 6938, de 31.8.1981, e a produção de ampla legislação especial de
proteção ambiental, federal, estadual e municipal.

4.3. PROTEÇÃO JURÍDICA DO PATRIMÔNIO
ARQUEOLÓGICO

A natureza de bem ambiental é intrínseca ao bem cultural arqueológico. A


arqueologia brasileira não possui grandes monumentos nem se
caracteriza pela urbanização. O patrimônio arqueológico tem como
característica essencial a finitude de sua base de dados. Essa
característica justifica a atuação eficiente do Poder Público em sua
preservação e proteção.

Tal característica se dá porque o conhecimento de nossa história depende


da disponibilidade de uma base representativa de recursos para as
futuras gerações, necessitando periodicamente de releitura sob a ótica do
avanço teórico, metodológico e tecnológico.

A Constituição estabelece que os sítios arqueológicos e pré-históricos são


bens da União (art. 20, inc. X). Ademais, o art. 17 da Lei n. 3924/61
estabelece, para as descobertas fortuitas, que a posse e a salvaguarda dos
bens de natureza arqueológica ou pré-histórica constituem, em princípio,
direito imanente do Estado. O art. 1230, CC também dispõe que a
propriedade do solo não abrange os monumentos arqueológicos e outros
bens referidos por leis especiais. O § 1º do art. 1228, CC estabelece que o
direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as
finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de
conformidade com o estabelecido em lei especial, o patrimônio histórico e
artístico.

Nesse sentido, tem-se a União como titular dos direitos (reais ou


pessoais) sobre o patrimônio arqueológico. Assim, os bens arqueológicos
são bens de interesse público, sendo a sua tutela supraindividual e
intermediada por uma pessoa jurídica de direito público (atualmente pelo
IPHAN, autarquia federal com atribuições para gestão desses bens).

4.4. URBANSMO E TURISMO

É da experiência cotidiana que as cidades históricas os monumentos


artísticos, arqueológicos e pré-históricos, as paisagens notáveis, os
lugares de particular beleza, as reservas e estações ecológicas, as
localidades e os acidentes naturais adequados ao repouso e a prática de
atividades recreativas, desportivas ou de lazer – enfim, os bens culturais e
ambientais em geral -, exercem particular atração turística, tanto que a
Lei n. 6513, de 20.12.1977, considerou todos esses bens de valor cultural e
natural, protegidos por legislação específica, como de interesse turístico
(art. 1º).

A doutrina tem feito referência aos bens turísticos como espécies de


recursos ambientais culturais. Certamente, existe a necessidade de
preservação dos recursos naturais e culturais para o desenvolvimento do
turismo.
Nesse sentido, o turismo é uma atividade econômica destinada a atender
o direito fundamental ao patrimônio cultural.

Na perspectiva constitucional, a sustentabilidade do turismo


arqueológico é decorrente da garantia dos valores estabelecidos na ordem
econômica e social brasileira e exige uma postura do Estado e da
sociedade civil que, ao mesmo tempo que proteja os bens arqueológicos
proporcione o desenvolvimento da região a partir da atividade turística.

Por essa razão, a lei determina que dos planos e programas turísticos
constem, obrigatoriamente, as normas que devem ser observadas para
assegurar a preservação, restauração, recuperação ou valorização,
conforme o caso, do patrimônio cultural ou natural existente, bem como
dos aspectos sociais que lhe forem próprios (art. 15, I). É a interação
entre turismo e urbanismo, de maneira que o primeiro contribui para o
desenvolvimento do segundo, porque sem este não haverá o
desenvolvimento daquele.

Deverão ser realizados, portanto, planos e programas urbanísticos


visando estabelecer normas de uso e ocupação do solo e a assegurar a
preservação e valorização do patrimônio cultural e natural com o fim de
propiciar o desenvolvimento do turismo.

A lei estabelece penalidades quanto à modificação não autorizada, a


destruição, a desfiguração ou o desenvolvimento de sua feição original,
no todo ou em parte, das áreas e locais especiais de interesse turístico.
Essas podem ser: multa; interdição; embargo de obra; obrigação de
reparação de danos; restauração ou reconstrução o que houver sido
alterado ou desfigurado; demolição de construção ou remoção de objeto
que interfira com os entornos de proteção e ambientação dos locais de
interesse turístico.

Efeitos do urbanismo com relação ao turismo

Os efeitos da atuação urbanística para fins turísticos consiste no


condicionamento da propriedade ao objetivo do plano e programa a
serem executados na área, assumindo o interesse turístico, aqui, a
natureza de função social, a qual a propriedade deve conformar-se.

Uma vez definida a área ou local como de interesse turístico, incidem


restrições, quanto ao uso e ocupação do solo e à preservação do entorno
dos bens indicados, da propriedade ou propriedades envolvidas,
impondo-se aos proprietários a responsabilidade da proteção
conservação, segurança e higiene dos bens.

Outro efeito a destacar, além da possível sujeição à desapropriação ou


servidão, consiste na imposição prevista no art. 29 da Lei n. 6513/1977,
segundo o qual dos instrumentos de alienação de imóveis situados em
áreas especiais de interesse turístico ou locais de interesse turístico
constará, obrigatoriamente, sob pena de nulidade, o respectivo ato
declaratório, ainda que por meio de referência.

CONCLUSÃO
Primeiramente, observa-se que o patrimônio histórico cultural pode ser
constituído tanto por bens materiais como bens imateriais. Deste modo,
tanto um imóvel ou obra de arte, como um modo de se expressar ou de
viver, podem tornar-se um patrimônio histórico cultural do Brasil. Tais
bens deverão estar sob a proteção do Poder Público, em consonância com
nosso ordenamento jurídico, o qual prevê a tutela dos bens culturais
através de órgãos competentes.

Um aspecto curioso do ordenamento jurídico é o fato de todos os bens


culturais, sejam materiais ou imateriais, gozarem do aparato protetivo
ambiental. Deste modo, tais bens são alcançados não somente por uma
legislação específica ou medidas administrativas, mas também por
legislação ambiental.

Peculiar também é o fato de os bens os quais integram o meio ambiente


cultural e natural estarem sob tutela de um direito denominado
urbanístico, o qual regula estes bens classificados como: de notável beleza
natural, de valor ou interesse histórico, artístico e arqueológico.
Apesar da distinção entre cada tipo de bem histórico cultural e suas
classificações, faz-se importante ressaltar que é possível inscrevê-los,
qualquer um deles, em uma lista do Patrimônio Mundial, em que o país
se compromete a conservar seu patrimônio, seja mundial ou nacional, em
processo contínuo, tendo o Estado o auxílio de organizações não
governamentais e até mesmo indivíduos interessados em sua
preservação.

Conclui-se que a conservação destes pode ser de competência federal,


estadual ou municipal, mas também deve contar com a atuação da
comunidade apoiando sua preservação e fiscalizando a efetiva tutela do
Estado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Análise dos Atuais Mecanismo de Proteção de Patrimônio Histórico,


Cultural, Artístico, Turístico e Paisagístico Nacional.
http://jus.com.br/revista/texto/21215/analise-dos-atuais-mecanismos-
de-proteçâo-do-patrimonio-historico-cultural-artistico-
turisticoepaisagistico-nacional. Último acesso em 02 de maio de 2013.

BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 5.753, de 12 de abril de


2006. Promulga a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural
Imaterial, adotada em Paris, em 17 de outubro de 2003, e assinada em 03
de novembro de 2003. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/decreto/d5753.htm>. Acesso em: 02 de maio de 2013.

BRASIL. Presidência da República. Decreto-Lei nº 25, de 30 de


novembro de 1937. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0025.htm>.
Acesso em: 02 maio 2013.

BRASIL. Presidência da República. Lei nº 3.924, de 26 de julho de 1961.


Dispõe sobre a proteção dos monumentos arqueológicos e pré-históricos.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-
1969/L3924.htm>. Acesso em: 03 de maio de 2013.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 4.845, de 19 de novembro de
1965. Proíbe a saída, para o exterior, de obras de arte e ofícios produzidos
no país, até o fim do período monárquico. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4845.htm>. Acesso em: 03
de maio de 2013.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Ação civil pública (ambiente,


consumidor, patrimônio cultural) tombamento: - 2. Ed. / 1987. Editora
ISBN.

PARENT, Michel. O futuro do patrimônio arquitetônico. Revista do


IPHAN, Rio de Janeiro, n.19, 1994.

Proteção do Patrimônio Cultural.


http://jus.com.br/revista/texto/5372/a-proteçâo-do-patrimonio-
cultural. Acesso em: 02 de maio de 2013.

ROCHA, Fernando Antônio Nogueira Galvão da. Atuação do Ministério


Público na proteção do patrimônio cultural imaterial. Jus Navigandi,
Teresina, ano 12, n. 1472, 13 jul. 2007. Disponível em:
<http://jus.com.br/revista/texto/10104">http://jus.com.br/revista/text
o/10104">http://jus.com.br/revista/texto/10104">http://jus.com.br/rev
ista/texto/10104"

RODRIGUES, Francisco Luciano Lima. Patrimônio cultural: a


propriedade dos bens culturais do Estado Democrático de Direito –
Fortaleza: Universidade de Fortaleza, 2008.

RODRIGUES, Jose Wasth. Arquitetura civil: textos escolhidos da revista


do instituto do patrimônio histórico e artístico nacional / 1975 - Livros.

SILVA, José Afonso da. Direito urbanístico brasileiro. 4ª edição, revista e


atualizada. Malheiros, 2006.

SOARES, Inês Virgínia Prado. Proteção jurídica do patrimônio


arqueológico no Brasil. Erechin: Habilis. 2007.

Você também pode gostar