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Prezado aluno:

Trago as boas-vindas para você que inicia o estudo de Mé-


todos Determinı́sticos e os votos de uma feliz e produtiva cami-
nhada.
Esta disciplina tem a finalidade de colocar a Matemática
como uma ferramenta de apoio ao curso de Administração.
Neste módulo, o foco principal é uma revisão de conteúdos
básicos que fazem parte do currı́culo do Ensino Médio, mas que
aqui são introduzidos numa linguagem adequada aos propósitos
da disciplina.
Revelo duas estratégias, entre as principais, que norteiam a
proposta da disciplina: a visualização geométrica e a busca de
motivação em exemplos práticos.
A visualização geométrica é muito importante para a fixação
de conceitos e, além do fato de incorporar a visão intuitiva do
espaço, muito auxilia no aprendizado das técnicas do cálculo
e na resolução de problemas. Por outro lado, a motivação em
exemplos práticos, dentro do universo de interesse do curso de
Administração, também é relevante para a contextualização da
disciplina.
Desejo a você um bom estudo e uma feliz caminhada nesta
disciplina e no curso que se inicia.

Celso Costa

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Métodos Determinı́sticos I | Conjuntos

8 CEDERJ

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Aula 1
C ONJUNTOS

Objetivos
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

1 entender o conceito de conjunto;


2 realizar operações com conjuntos.

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Métodos Determinı́sticos I | Conjuntos

Definição 1.1
Conjunto é um conceito fundamental que está na base de
construção da Matemática. Como se trata de um conceito
primitivo, conjunto é uma noção que não pode ser definida a
partir de outros conceitos da Matemática. Conjunto expressa
a idéia intuitiva de reunião de elementos (pessoas, objetos,
números, etc.) que podem ser agrupados por possuı́rem ca-
racterı́sticas comuns. São exemplos de conjuntos: o conjunto
de todas as letras do alfabeto ou o conjunto de todas as mu-
lheres brasileiras.

Para representar conjuntos, usamos as letras maiúsculas A,


B, C, · · · e para representar elementos do conjunto, usamos letras
minúsculas a, b, c, · · · . Existem várias maneiras de representar
um conjunto, sendo a mais usual escrever os elementos um a um,
separados por vı́rgulas, ou representar entre chaves um elemento
genérico do conjunto através de suas propriedades. Veja alguns
exemplos.
 
Exemplo 1.1 

O conjunto A das letras de todas as vogais do alfabeto pode
ser representado como

A = {a, e, i, o, u} ou A = {x | x é vogal do alfabeto português} .

Vamos aproveitar este exemplo para estabelecer a relação en-


tre um elemento e o conjunto que é a relação de pertinência, a
qual é representada pelos sı́mbolos ∈ e 6∈. Assim, para represen-
tar que u está no conjunto A e que um elemento d não está no
conjunto A, escrevemos:

u ∈ A “u pertence a A” e d 6∈ A “d não pertence a A” .

No estudo de conjuntos, é imprescindı́vel introduzir o con-


ceito de conjunto vazio. Denomina-se conjunto vazio aquele
que não possui nenhum elemento. Para representá-lo, usamos o
sı́mbolo 0.
/ Assim, por exemplo, se

B = {x | x é um dia da semana cuja primeira letra é f} então B = 0/ .

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S UBCONJUNTOS

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Considere dois conjuntos A e B. Se todo elemento do con-
junto B também for um elemento do conjunto A, diremos que B
é um subconjunto do conjunto A. Por outro lado, se existir um
único elemento do conjunto B que não pertence ao conjunto A,
então B não é subconjunto de A. Veja através de um exemplo.

AULA
 
Exemplo 1.2 

Sejam os conjuntos,

A = {a, b, c, d, e, f };
B = {a, e};
C = {a, e, i}.

Então B é um subconjunto de A, uma vez que todo elemento de


B é também um elemento do conjunto A. No entanto, C não é
um subconjunto de A, já que o elemento i pertence ao conjunto
C, mas não pertence ao conjunto A.
Para representar a relação de inclusão entre conjuntos, us-
amos os sı́mbolos ⊂ e 6⊂. Em relação ao exemplo anterior, es-
crevemos que B ⊂ A “B está contido em A”e C 6⊂ A “C não está
contido em A.”

Exercı́cio 1.1
Dado o conjunto A = {x, y, z}, associar V (verdadeira) ou F
(falsa) a cada uma das sentenças a seguir:

a) y 6∈ A b) A = {y, z, x} c) {x} ∈ {x, y, z}

d) x ∈ A e) {y, x} ⊂ A

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Métodos Determinı́sticos I | Conjuntos

U NI ÃO , INTERSEÇÃO E PRODUTO CARTE -


SIANO DE CONJUNTOS

Dados dois conjuntos A e B, podemos formar quatro novos


conjuntos:

i) O conjunto união de A e B é o conjunto formado por


todos os elementos de A ou de B. Usamos o sı́mbolo ∪
para representar o novo conjunto união e escrevemos

A ∪ B = {x | x ∈ A ou x ∈ B} .

Veja, na Figura 1.1, a representação gráfica da união de


dois conjuntos.

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A 000000000000
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B
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Figura 1.1: União de conjuntos.

ii) O conjunto interseção de A e B é o conjunto formado


por todos os elementos que pertencem a ambos os conjun-
tos A e B. Usamos o sı́mbolo ∩ para representar o novo
conjunto interseção e escrevemos

A ∩ B = {x | x ∈ A e x ∈ B} .

Veja, na Figura 1.2, a representação gráfica da interseção


de dois conjuntos.

A B

Figura 1.2: Interseção de conjuntos.

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iii) O conjunto produto cartesiano do conjunto A pelo con-

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junto B, o qual é representado por A × B, é o conjunto

A × B = {(x, y) | x ∈ A e y ∈ B} .

iv) O conjunto diferença entre os conjuntos A e B é for-


mado pelos elementos que pertencem a A e não pertencem

AULA
a B. Usamos a notação A − B para o conjunto diferença.
Portanto,
A − B = {x | x ∈ A e x 6∈ B}
Veja, na Figura 1.3, a representação gráfica da diferença
A − B, entre os conjuntos A e B.

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A B
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Figura 1.3: Diferença A − B entre conjuntos.

 
Exemplo 1.3 

Sejam os conjuntos,

A = {a, b, c, d, e} ,
B = {a, e, i} ;
C = { f , g} .

Então,

A ∪ B = {a, b, c, d, e, i} ;
A ∩ B = {a, e} ;
A − B = {b, c, d} ;
B ×C = {(a, f ), (a, g), (e, f ), (e, g), (i, f ), (i, g)} .

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Métodos Determinı́sticos I | Conjuntos

 Quando estamos estudando conjuntos, podemos nos referir


ao conjunto universo representado pela letra U . Numa si-
tuação especificada, U é o conjunto que contém como sub-
conjuntos os conjuntos estudados. Para um certo conjunto
A, escrevemos A ⊂ U , isto é, o conjunto A está contido no
conjunto universo U .
Nesta situação, denominamos conjunto complementar do
conjunto A ao conjunto formado pelos elementos do con-
junto universo U que não pertencem a A. Então, na ver-
dade, este conjunto é representado pela diferença U − A.
Também é útil a notação Ac para representar o conjunto
complementar de A. Assim,

Ac = {x | x ∈ U e x 6∈ A} .

Veja, na Figura 1.4, a representação de Ac .

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U
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A
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Figura 1.4: Conjunto complementar de A.

Exercı́cio 1.2
No diagrama representado na Figura 1.5, assinale, entre as
alternativas a seguir, aquela que representa a parte hachurada.

a) (A ∪C) − B b) (B ∩C) − A c) (A ∩ B) −C

d) (A ∩C) ∪ B e) A − (B −C)

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A B

AULA
Figura 1.5: Operação entre conjuntos.

N ÚMERO DE ELEMENTOS DE UM CON -


JUNTO

Um conjunto é dito finito quando possui um número finito n


de elementos. Em caso contrário, o conjunto é chamado infinito.
Dados os conjuntos finitos A e B, representamos por

n(A) o número de elementos de A;

n(B) o número de elementos de B;

n(A ∪ B) o número de elementos da união A ∪ B;

n(A ∩ B) o número de elementos da interseção A ∩ B.

Não é difı́cil verificar que a fórmula

n(A ∪ B) = n(A) + n(B) − n(A ∩ B) (1.1)


fornece o número de elementos do conjunto união em função
do número de elementos dos conjuntos A e B e do número de
elementos da interseção A ∩ B. Verifique como isto acontece.
Em primeiro lugar, contamos o conjunto A, obtendo n(A),
contamos o conjunto B, obtendo n(B). Agora vai uma pergunta:
em que circunstância é correto escrever:
n(A ∪ B) = n(A) + n(B)?
A igualdade acima só vale no caso em que A ∩ B = 0, / isto é,
quando a interseção dos conjuntos A e B é o conjunto vazio.
No caso geral, quando A ∩ B 6= 0,
/ para encontrar o valor n(A ∪
B), devemos retirar da soma n(A) + n(B) o valor n(A ∩ B), para

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Métodos Determinı́sticos I | Conjuntos

não contar duas vezes a contribuição de A ∩ B no valor n(A ∪


B). Com esta providência, podemos comprovar a validade da
fórmula (1.1).
 
Exemplo 1.4 

Considere os conjuntos A = {a, b, c, d, e}, B = {a, e, i}. Va-
mos verificar a validade da fórmula (1.1), para este caso particu-
lar. Acompanhe pela Figura 1.6. Note que n(A) = 5, n(B) = 3,
n(A ∪B) = 6 e n(A ∩B) = 2. Esses dados levados à fórmula (1.1)
confirmam a igualdade.

A B
b
c a
i
e
d

Figura 1.6: Número de elementos do conjunto união.

Mudando levemente de rumo, vamos encontrar agora a fór-


mula que permite calcular n(A × B) que representa o número de
elementos do produto cartesiano A × B. Não é difı́cil provar que
n(A × B) = n(A) · n(B).
Acompanhe como verificar a validade da fórmula para con-
juntos A e B, respectivamente, com 4 e 5 elementos. Represen-
tando os conjuntos explicitamente, temos que
A = {a1 , a2 , a3 , a4} e B = {b1 , b2 , b3, b4 , b5 },
então o conjunto A × B pode ser lido na tabela que aparece na
Figura 1.7, a seguir, onde na primeira linha aparecem todos os
pares do tipo (a1 , b j ), j variando de 1 até 5; na segunda linha
aparecem todos os pares do tipo (a2 , b j ), j variando de 1 até 5
e, assim, sucessivamente, até a última linha. A tabela mostra
todos os pares (ai , b j ), os quais representam todos os elementos
de A × B.

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(a1 , b1 ) (a1 , b2 ) (a1 , b3 ) (a1 , b4 ) (a1 , b5 )

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(a2 , b1 ) (a2 , b2 ) (a2 , b3 ) (a2 , b4 ) (a2 , b5 )
(a3 , b1 ) (a3 , b2 ) (a3 , b3 ) (a3 , b4 ) (a4 , b5 )
(a4 , b1 ) (a4 , b2 ) (a1 , b3 ) (a1 , b4 ) (a1 , b5 )
Figura 1.7: Representação dos elementos de A × B.

AULA
A representação de A × B através de uma matriz retangular
permite o cálculo do número de elementos, simplesmente mul-
tiplicando o número de linhas pelo número de colunas. Veja que
no caso particular representado na Figura 1.7,

n(A × B) = n(A) · n(B) = 4 × 5 = 20

.
De modo geral, como o número de linhas é n(A) e o número
de colunas é n(B), então vale

n(A × B) = n(A) · n(B) .

 i. o sı́mbolo ∈ é usado para relacionar um elemento


e seu conjunto, enquanto o sı́mbolo ⊂ é usado para
relacionar dois conjuntos;
ii. o conjunto vazio é um subconjunto de qualquer con-
junto. Ou seja, 0/ ⊂ A, qualquer que seja o conjunto
A;
iii. todo conjunto é um subconjunto de si próprio. Ou
seja, A ⊂ A, qualquer que seja o conjunto A;
iv. se três conjuntos A, B e C são tais que A ⊂ B e B ⊂ C
então A ⊂ C.

Exercı́cio 1.3

 
1. Considere os conjuntos A = −1, 1, 23 , 13
3 e B = 0, 1, 2
3 , 4 .
Determine os conjuntos A − B e A × (A − B).

2. Considere os conjuntos A = {1, 2, 3} e B = {4, 5}. Deter-


mine os conjuntos B × (B − A) e A × (A − B).

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3. Nos exercı́cios seguintes, assinale nos diagramas que apare-


cem na Figura 1.8, os conjuntos indicados:

a) (A ∪C) − B

A B

Figura 1.8.a.

b) (B ∩C) − A

A B

Figura 1.8.b.

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