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Cotagem

Engenharia
Cotagem
 Além da representação da forma, é necessário quantificá-
la, isto é, definir com exatidão as dimensões e posição dos
diferentes elementos na peça. Esta informação é chamada
de cotagem.
 Saber cotar é muito mais do que colocar as dimensões nos
desenhos. A cotagem requer conhecimentos das normas,
técnicas e princípios a ela associados, além dos processos
de fabricação e das funções da peça ou dos elementos que
a constituem. Uma cotagem incorreta ou ambígua pode
causar grandes prejuízos na fabricação do produto.
Aspectos gerais da cotagem
 A aprendizagem da cotagem pode ser subdividida em três
aspectos fundamentais:
 Elementos da cotagem;
 Seleção das cotas a serem inscritas nos desenhos. As cotas
devem levar em conta a função dos elementos ou das
peças. Os processos de fabricação e controle
desempenham também um papel importante na seleção
das cotas;
 Posicionamento das cotas. As cotas devem ser
posicionadas no desenho de forma a definirem
rigorosamente os objetos cotados, facilitando a sua leitura
e interpretação.
Elementos da cotagem
 Cotas
 Linhas de
chamada
 Linhas de cota
 Setas
 Símbolos
Cotas
 São números que indicam as dimensões lineares ou
angulares do elemento. A unidade das cotas lineares é
o milímetro, usada nos países que adotaram o Sistema
Internacional (SI) de unidades, na área da engenharia
mecânica. Se houver dúvidas em relação as unidades
usadas, ou se forem usadas outras unidades que não o
milímetro, estas devem ser obrigatoriamente indicadas
no campo apropriado da legenda. A unidade das cotas
angulares é o grau (º), independentemente da unidade
usada nas cotas lineares.
Linhas de chamadas
 São linhas a traço contínuo fino, normalmente
perpendiculares à linha de cota, que a ultrapassam
ligeiramente, e que têm origem no elemento a cotar.

Linhas de cota

 São linhas retas ou arcos, normalmente com setas nas


extremidades, a traço contínuo fino, paralelas ao contorno
do elemento cuja dimensão o define.
Setas
 As setas (ou flechas) como são normalmente chamadas,
não são mais do que as terminações da linha de cota. De
acordo com a norma ISO 129:1985, as terminações podem
ser dos tipos indicados na figura.
 Em Engenharia Mecânica
devem ser usadas
preferencialmente setas cheias,
enquanto em Civil se adotam
os traços ou pontos.
Em situações existe pouco
espaço usa-se pontos.
Terminações da linha de cota.
Cotagem setas e pontos.

 Quando o espaço é reduzido, de tal modo que não é


possível aplicar a regra anterior, as setas podem passar
para fora dos limites das linhas de chamada.
Símbolos
 Em cotagem, existe um
conjunto de símbolos
denominados símbolos
complementares de
cotagem, que permitem
identificar diretamente a
forma de alguns
elementos, melhorando
a interpretação do
desenho.

Símbolos complementares de cotagem.


Símbolos

 Ø diâmetro
 R raio
 □ quadrado
 SR raio esférico
 SØ diâmetro esférico

A norma brasileira que trata da cotagem em desenho


técnico é a NBR 10126.
Inscrição das cotas nos desenhos
 A inscrição das cotas nos desenhos obedece a um conjunto
de regras que visam facilitar a leitura e interpretação do
desenho.
 As regras gerais relacionadas com a inscrição das cotas
nos desenhos são as seguintes:
 1) As cotas indicadas nos desenhos são sempre as
cotas reais do objeto, independentemente da escala
usada no desenho.
 2) Cor dos caracteres. Tal como para a
representação em geral, os elementos da cotagem
devem ser apresentados em preto.
 3) Dimensão dos caracteres. As cotas devem ser apresentadas
em caracteres de dimensão adequada à sua legibilidade. Nos
programas de CAD estas dimensões são escolhidas
automaticamente, em função do formato da folha de papel.
Os algarismos das cotas devem obrigatoriamente ter sempre
a mesma dimensão num desenho. No esboço a mão livre essa
regra também deve ser respeitada.
 4) Não pode ser omitida nenhuma cota necessária para a
definição da peça.
 5) Os elementos devem ser cotados preferencialmente na
vista que dá mais informação em relação à sua forma ou à
sua localização.
Seleção da vista
mais adequada para
inscrição de uma cota.
 6) Devem ser
evitados, sempre que
possível, cruzamentos
de linhas de cota entre
si ou com outros tipos
de linhas, sobretudo
linhas de chamada ou
arestas. As arestas
podem ser usadas
Algumas como linhas de
regras para
as linhas chamadas mas nunca
de cota. como linhas de cota.
 7) As cotas devem
ser localizadas
preferencialmente
fora do contorno das
peças. Todavia, por
questões de clareza e
legibilidade, estas
podem ser colocadas
no interior das vista,
como na cotagem do
furo indicado.
Cotas nas vistas.
 8) As cotas devem
ser localizadas o
mais próximo
possível do
detalhe a cotar,
embora
respeitando todas
as regras e
recomendações
Localização das cotas em relação às vistas. anteriores.
 9) Cada elemento
deve ser cotado
apenas um vez,
independentement
e do número de
vistas da peça.

Cotas
redundantes.
 10) Em casos especiais,
principalmente em fases
intermediárias de fabricação, podem
ser inscritas cotas auxiliares, entre
parêntesis.
Inscrição das cotas nos  11) As cotas devem ser posicionadas
desenhos paralelas às linhas
de cota.
sobre a linha de cota, paralelas a esta
e, preferencialmente, no ponto médio
da linha. A norma ISO 129 também
permite o posicionamento das cotas
sempre na horizontal, de tal modo
Inscrição das cotas nos que sejam lidas da margem inferior
desenhos na horizontal.
da folha de desenho.
 12) Os algarismos da cota não devem ficar sobrepostos ou
separados com nenhum outro detalhe do desenho, sejam
arestas, eixos etc. Esta situação é comum, por exemplo,
quando as linhas de eixo separam os algarismos da cota,
sendo contornadas “puxando-se” os algarismos para a
esquerda ou para a direita da linha.

Cotas: separação de caracteres.


 13) Num desenho, devem ser usadas sempre as mesmas
unidades, em geral milímetros. As unidades não são
indicadas nas cotas, podendo ser indicadas no campo
apropriado da legenda, de forma a evitar más
interpretações. Quando é necessário indicar outro tipo de
unidades, por exemplo um binário ou pressão, as unidades
devem, obrigatoriamente, ser indicadas.
 14) As cotas podem ser indicadas junto a uma das
setas e a linha de cota interrompida, de modo a evitar
linhas de cota longas, ou eventuais cruzamentos de
linhas.
Cotagem com linhas de cota parciais.
 15) Quando o espaço necessário para a cota não é
suficiente sequer para serem colocados pontos, a cota
pode ser posicionada abaixo da linha de cota e ligada à
linha de cota através de uma pequena linha de referência.
Cotas abaixo
da linha de cota.
Orientação das cotas
 As cotas devem ser orientadas sempre em relação à
legenda da folha de desenho, de tal modo que sejam lidas
em duas direções perpendiculares entre si, a partir do
canto inferior direito da folha.

Orientação de
cotas oblíquas.
 Os valores de cotas oblíquas devem ser indicados de acordo
com a figura. Na zona sombreada, embora permitido pela
norma ISO 129, não é recomendado colocar cotas.

Orientação
de cotas oblíquas.
 As cotas angulares devem ser orientadas de acordo com a
figura.

Orientação de
cotas angulares.
Cotagem dos elementos
 A cotagem dos elementos é fundamental para a definição,
quer da sua forma, quer da sua posição. Uma peça, por
mais complicada que seja, pode ser considerada como um
conjunto de elementos básicos, para os quais existem
regras de cotagem bem definidas, apresentadas aqui.
 Alguns dos elementos básicos são: prismas, cilindros,
cones, pirâmides, esferas etc., exteriores ou interiores. Por
exemplo, um eixo é um elemento exterior; um furo é um
elemento interior.
Cotagem de Forma
 A cotagem de forma diz respeito às dimensões dos
elementos nas peças. Na figura, apresenta-se a cotagem
de um prisma retangular. Note-se que uma cota que diz
respeito a um detalhe que é visível em duas ou mais
vistas, deve localizar-se, preferencialmente, entre essas
vistas. As cotas totais das peças devem localizar-se
preferencialmente do mesmo lado.

Cotagem de
forma de prismas
retangulares.
Cotagem
de forma
de
cilindros.
 Na figura apresenta-se um exemplo da cotagem de forma
de um cilíndro. Note-se que, na vista em que é indicado o
diâmetro, o respectivo símbolo pode ser omitido por ser
evidente que é uma circunferência. A norma ISO 129 é
omissa neste aspecto. No caso de o diâmetro ser indicado
na outra vista, então é obrigatória sua indicação.
 Os furos devem ser cotados utilizando-se o valor do
diâmetro e não o do raio. Uma das razões para tal é que as
rocas são catalogadas de acordo com seus diâmetros (ex.:
broca 6mm, em que 6 é o valor do diâmetro).
 Na figura ilustra-se a cotagem de elementos de forma
piramidal e cônica.

Cotagem de forma
de elementos
piramidais e cônicos.
 Na cotagem de arcos, apenas é usada uma seta que toca o
arco a ser cotado. A linha de cota deve estar orientada
segundo a direção que liga ao seu centro, partindo ou não do
centro. Quando o centro está a uma distância relativamente
curta do arco, a linha de cota parte do centro e liga-se à
superfície. Quando o centro está a uma distância
grande, a linha de cota aponta na
direção do centro fictício. O
centro do arco só deve ser
indicado se for imprescindível na
construção do arco. Na figura
apresentam-se algumas situações
Cotagem de arcos.
de cotagem de arcos.
Cotagem de Posição
 A cotagem de posição diz respeito à localização dos
diferentes elementos na peça, sendo essencial para a
fabricação. Deve ser sempre indicada relativamente a
detalhes, elementos ou arestas de referência, a partir dos
quais as dimensões ou distâncias possam ser medidas. Na
figura apresenta-se exemplos da cotagem de posição de
elementos.

Cotagem
de
posição.
Boleados e concordâncias
 Quando uma peça possui as arestas e concordâncias
arredondadas, o que pode ser devido, por exemplo, ao
processo de fabricação (como a fundição), pode-se colocar
junto à legenda uma indicação geral do tipo.
Boleados e concordâncias r2
significando que todos os boleados (arestas arredondadas)
e concordâncias têm raio 2, com exceção das indicadas
explicitamente nos desenhos.
Critérios de cotagem
 A organização das cotas num desenho está intimamente
ligada à finalidade do desenho e aos métodos de fabricação
e controle utilizados.
 Cotagem em série
 Cotagem em paralelo
 Cotagem em paralelo com linhas de cotas sobrepostas
 Cotagem por coordenadas
 Cotagem de elementos equidistantes
 Cotagem de elementos repetidos
 Cotagem de chanfros e furos escareados
 Cotas fora de escala
 Cotas para inspeção
Cotagem em série
 Na figura apresenta-se um exemplo de cotagem em série,
na qual as cotas são dispostas em sucessão.

Cotagem em série.
Cotagem em Paralelo
 Esta técnica é usada quando um determinado número de
cotas, com a mesma direção, é definido em relação a uma
origem comum. Na cotagem em paralelo, as diferentes
cotas são posicionadas com as linhas de cota paralelas
umas às outras, tal como na figura.

Cotagem
em
paralelo.
 Na cotagem em paralelo, pode ser preferível, em algumas
situações, por uma questão de clareza e legibilidade, não
colocar as cotas ao meio de linha de cota.

Cotagem em
paralelo com cotas
defasadas.
Cotagem em Paralelo com
linhas de cota sobrepostas
 Uma variante da cotagem em paralelo, e que pode ser
considerada uma simplificação desta, é a cotagem com
linhas de cota sobrepostas. É usada sobretudo por
limitações de espaço e quando sua aplicação não provoca
problemas de compreensão e legibilidade. Na figura
apresenta-se um exemplo de aplicação desta técnica, para
a mesma situação apresentada na cotagem em paralelo.
 Nesta forma de cotagem, as cotas podem ser orientadas na
vertical ou na horizontal.
 A cotagem com linhas de cota sobrepostas, também pode
ser útil em situações de cotagem em duas direções, tal
como apresentado na figura.
Cotagem em
paralelo com linhas
de cota sobrepostas.
Cotagem com linhas de cota sobrepostas em duas direções.
Cotagem por coordenadas
 A cotagem por coordenadas é usada quando na peça
existem diversos elementos de forma e/ou dimensões
idênticas. Neste critério de cotagem, constrói-se uma tabela
com as cotas de posição dos elementos e respectivas
dimensões, tal como indicado na figura.
 Note-se que este tipo de cotagem, que no desenho à mão
livre pode ser demorada, é fácil quando são usados
programas de CAD paramétricos. Para a definição da
posição dos elementos é necessário indicar um referencial.
Cotagem por coordenadas.
Cotagem de Elementos Equidistantes
 Quando as peças contêm elementos equidistantes ou
uniformemente distribuídos, a sua cotagem pode ser
simplificada de acordo com a figura.

Cotagem de elementos lineares equidistantes.


 Quando puder ocorrer má interpretação entre o
espaçamento e o número de elementos, então deve-se
cotar um dos espaços.

Cotagem de elementos lineares equidistantes com cotagem de um dos espaços.


 Do mesmo modo, podem ser cotados espaçamentos
angulares.

Cotagem simplificada de elementos angulares equidistantes.

 Nas situações em que o espaçamento é evidente, este pode


ser omitido. Note-se que nestas situações é recomendada a
indicação do número de elementos.
Cotagem
simplificada de
elementos angulares
equidistantes.
Cotagem de Elementos Repetidos
 Quando uma peça contém vários elementos iguais, basta
cotar um deles e indicar a quantidade, tal como no
exemplo da figura, nas quatro formas alternativas
permitidas pela norma ISO 129. Visando evitar
ambiguidades, recomenda-se a utilização de um dos dois
métodos do lado esquerdo. Nos casos à direita na mesma
figura, a seta deve, obrigatoriamente, apontar para o
centro do furo.
 A mesma técnica pode ser usada para elementos dispostos
radialmente, tal como no exemplo da figura.
Cotagem de
elementos repetidos
dispostos radialmente.
Cotagem
por referência
de elementos
repetidos.
Cotagem de Chanfros e Furos Escareados
 A cotagem de chanfros pode ser feita de acordo com a
figura. Quando o ângulo do chanfro é de 45 graus, a
representação pode ser simplificada. Para a cotagem de
chanfros interiores, a técnica é a mesma.

Cotagem de chanfros
 Furos escareados são cotados tal como indicado à direita.

Cotagem
simplificada
de chanfros

Cotagem furos escareados


Cotas Fora de Escala
 Em algumas situações, após a realização dos desenhos, é
necessário alterar dimensões. Quando a simples alteração
da cota não provoca na geometria do elemento alterações
que possam pôr em causa sua clareza, então a cota é
simplesmente alterada para o novo valor, sendo
sublinhada.

Cotas fora de escala.


Cotas para Inspeção
 As cotas para as quais seja necessária inspeção de controle
devem ser explicitamente indicadas nos desenhos. Esta
indicação é realizada envolvendo-se a cota como na
figura.

Cotas para inspeção


Cotagem de representações especiais

 Cotagem de meias vistas


 Cotagem de vistas parciais e interrompidas
 Cotagem de contornos invisíveis
 Cotagem de desenhos de conjunto
 Cotagem de perspectivas
 Cotagem de ajustamentos ou montagens
 Linhas de referência e anotações
Cotagem de Meias Vistas
 Para a cotagem de
meias vistas, as
linhas de cota são
interrompidas, e
devem prolongar-se
um pouco além dos
eixos de simetria,
tal como indicado
Cotas em meias na figura. As cotas a
vistas
serem inscritas são
sempre as cotas
totais.
Cotagem de Vistas Parciais
e Interrompidas
 Na cotagem de vistas parciais ou locais, a linha de cota
pode ser interrompida, de acordo com a fiigura. Neste
exemplo, a cota 100 é a distância até à extremidade direita
da peça.

Cotagem
em vistas
parciais ou locais
 Numa vista interrompida, a linha de cota nunca é
interrompida.

Cotagem em vistas intrrompidas


Cotagem de
linhas invisíveis
Cotagem de Desenhos de Conjunto
 Em desenhos de conjunto, normalmente apenas são
cotadas as dimensões totais e as dimensões de
atravancamento (dimensões da forma geométrica que
circunscreve o conjunto). Também devem ser indicadas as
cotas de montagem, que correspondem à inserção do
subconjunto noutro conjunto. Quando, noutras situações, é
necessário indicar todas as cotas das peças que fazem
parte do conjunto, as cotas relacionadas com cada uma das
peças individuais devem ser separadas o mais possível das
cotas das outras peças, tal como no exemplo apresentado
na figura.
Cotagem de desenhos de conjunto
Cotagem de Perspectivas
 As perspectivas, em geral, não são cotadas, uma vez que
existem detalhes que nunca são mostrados na sua
verdadeira grandeza. A figura mostra os vários modos de
cotar uma perspectiva. As cotas devem aparecer alinhadas
com a linha de cota, seguindo as regras da cotagem em
geral.

Cotagem de perspectivas
Cotagem de Ajustamentos ou Montagens
 Quando uma peça ou subconjunto é cotado, sua
montagem no conjunto deve ser levada em conta.
Considere-se o motor de modelismo indicado na figura,
em particular a montagem da tampa no bloco. Para o
“encaixe” correto destas duas peças, existe um conjunto
de cotas que devem ser escolhidas adequadamente. Estas
cotas estão indicadas na figura, para o caso da tampa,
designando-se por cotas de ajustamento, isto é, as cotas
que são comuns às duas peças a serem montadas e que
definem o tipo de ajustamento.
Motor de modelismo

Motor de modelismo: montagem


da tampa no bloco
Cotas de ajustamento
ou montagem
Linhas de referência e Anotações
 As linhas de referência são linhas auxiliares usadas na
cotagem que permitem inscrever anotações, ou os
números de referência, no caso de desenhos de conjunto.
Na figura, apresenta-se um exemplo da sua aplicação.
Quando a linha de referência termina no contorno da peça,
usa-se como terminação da linha uma seta; quando
termina no interior da peça, usa-se um ponto.

Linhas de referência
ou de anotação
Seleção de cotas
 Os processos de fabricação desempenham um papel
importante na seleção das cotas a serem inscritas num
desenho. Um desenho enviado para a produção mostra a
peça na sua forma final e deve conter, obrigatoriamente,
toda a informação necessária, e sem ambiguidades, para a
sua fabricação. Assim sendo, durante o projeto e a
elaboração dos desenhos, o projetista e o desenhista
devem ter em mente os processos de fabricação a serem
usados e a função da peça no conjunto onde vai ser
montada. Não faz sentido definir cotas em relação a
superfícies às quais o trabalhador não consegue ter acesso,
ou tendo acesso não consegue medir as distâncias com
rigor e exatidão.
Cotagem funcional
 Uma cota denomina-se funcional se é essencial para a
função da peça. Quando uma cota não é essencial para a
função da peça denomina-se cota não-funcional.
 As cotas funcionais devem, sempre que possível, ser
indicadas diretamente nos desenhos. Por vezes é
necessário, ou justifica-se, indicá-las indiretamente.

Cotas funcionais
Indicação indireta de cotas funcionais
Aplicações em CAD
 Os programas de CAD 3D paramétricos permitem
importar diretamente para os desenhos muitas das cotas
usadas na modelação sólida. Todavia, nem sempre as cotas
usadas para a construção dos sólidos são as cotas
necessárias à fabricação das peças, devendo o projetista
ter todo o cuidado neste aspecto particular.
 Na figura 7.53, apresenta-se o desenho de conjunto do
motor de modelismo que foi apresentado na figura 7.47,
executado em Solid Edge. Na figura 7.54 apresenta-se a
cotagem do bloco do motor.
Desenho de conjunto do motor de modelismo
Cotagem do bloco do motor de modelismo
 Outra das grandes vantagens dos programas de CAD 3D é
que qualquer alteração do modelo sólido, durante as
sucessivas iterações do projeto, conduz à alteração
automática, quer da geometria, quer das cotas das peças.
Na figura indica-se um exemplo do respectivo aviso no
programa Solid Edge.

Atualização das vistas e cotagem em Solid Edge


Exemplos de aplicação e discussão
 Na figura 7.56 apresenta-se um exemplo no qual são
cometidos alguns erros típicos em cotagem. Estes erros,
identificados por balões, são os seguintes:
 A. Os elementos devem ser cotados, preferencialmente, na
vista em que é visível sua forma, ou sua localização.
Eventualmente, e de modo a evitar uma excessiva concentração
de cotas nalgumas vistas, estas situações podem ser aceitáveis.
 B. Na cotagem em série, estando especificada a cota total (o
que é essencial) deve-se omitir uma das cotas parciais.
Exemplo de aplicação e
discussão: cotagem com
incorreções
 C. Na cotagem de elementos repetidos, apenas um deles é
cotado, sendo indicada a quantidade antes da cota. Note-se
que, no caso de arcos, quando não exista ambiguidade é usual
omitir a quantidade.
 D. As cotas são normalmente algarismos inteiros. A precisão da
cota é definida pela tolerância e nunca pelo valor da cota. Este é
um erro típico em CAD, que resulta de o programa, por
omissão, usar valores decimais nas cotas.
 E. Deve-se evitar a cotagem de linhas invisíveis.
 F. A cotagem de furos deve ser feita em relação ao seu eixo. Por
outro lado, o controle dimensional da peça acabada é feito
relativamente ao seu contorno.
Exemplo de aplicação e
discussão: cotagem correta
 G. O símbolo de diâmetro só é obrigatório nas vistas em
que não seja clara a simetria axial do elemento cotado.
 H. A posição do arco fica definida a partir das cotas totais
da peça.
 I. Quando um furo e um arco têm um centro comum, não
é necessária a cotagem de posição do furo, ficando esta
definida pelo raio do arco.
 J. Cota redundante. A posição dos furos está definida em
relação às extremidades.
 K. Furos ou elementos circulares devem ser cotados como
diâmetros e não como raios.

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