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Private Equity

A atividade de investimento em participações privadas no Brasil

No Brasil, as atividades de investimento em participações privadas tiveram suas


primeiras experiências quando o BNDES constitui três companhias para investir em
empresas nacionais, as quais, depois, se agruparam na BNDES Participações
(BNDESPAR). O capital que essas companhias investiam, todavia, era proveniente dos
cofres públicos e, quase sempre, seus investimentos eram feitos com o objetivo
específico de desenvolver determinada região ou setor. A atividade de investimento em
participações privadas com capital não governamental teve importante experiência em
1981, com a Brasipar, cujos investimentos eram tanto em private equity quanto de
venture capital.
Sendo assim, o private equity surgiu no Brasil há 30 anos e se proliferou
rapidamente nos últimos 15 anos. Fundos que encerraram o ciclo de investimentos e
desinvestimentos tiveram retorno médio bruto superior a 30% a.a. em dólar.
São quase 150 gestores de private equity operando no país, com US$ 40 bilhões
em ativos. Os recursos administrados estão bem diversificados entre as gestoras, com as
10 maiores representando apenas 50% do capital total.O mercado de private equity já é
responsável por 30% dos IPOs e 40% das operações de fusão e aquisição realizadas no
Brasil.
Cerca de 30 fundos entram em captação a cada ano, tornando a escolha dos
melhores gestores uma tarefa cada vez mais relevante. Além disso, muitas gestoras
passam por momentos de escassez de capital, gerando excelentes oportunidades de co-
investimento para as empresas.

 Definições

Private equity é um tipo de atividade financeira realizada por instituições que


investem essencialmente em empresas que ainda não são listadas em bolsa de valores,
com o objetivo de alavancar seu desenvolvimento para que elas possam ser vendidas no
futuro. Primeiramente, a indústria de participação privada designa a atividade de
investimentos, de longo prazo, em ações ou títulos representativos de dívida
conversíveis em participações acionárias. Como o investimento via private equity
envolve a aquisição de parte do capital da empresa, reveste-se, usualmente, de caráter de
menor liquidez por um período mis longo e, consequentemente, de maior risco. Para
compensar o risco elevado, o investidor exigirá maiores retornos. Além disso, os
investidores geralmente adquirem participação suficiente para garantir-lhes o controle
ou o poder de influenciar na gestão das empresas em que investem. Não são, portanto,
investimentos líquidos, e a remuneração do investidor se dá preponderantemente com a
alienação da participação acionária após sua valorização. Via de regra, a atividade de
investimentos em participações privadas financia pequenas e médias empresas (PME),
que carecem de recursos e não podem se utilizar de outros mecanismos de capitalização,
como a colocação de valores mobiliários no mercado.
Private equity x Bolsa de valores

Private equity costuma ser mais rentável do que o investimento em bolsa de valores por
várias razões. Além da possibilidade de se adquirir as participações acionárias a preços
(múltiplos) menores do que aqueles pagos em bolsa e revendê-las alguns anos depois na
bolsa (IPO) ou para empresas que pagam o chamado “prêmio estratégico”, gestores de
fundos de private equity não são meros investidores passivos, mas participam
ativamente da melhoria das empresas adquiridas, tanto nas operações quanto na
governança corporativa.

Além dos fundos de private equity, duas outras modalidades de investidores


ajudam empresários a ganhar força, o capital semente (ou “seed capital”) e o “venture
capital”.
Nas três modalidades, além do aporte financeiro, os investidores ajudam os
empreendedores na profissionalização da gestão do negócio. A principal diferença entre
elas é o momento em que o aporte é feito na empresa.

 Capital semente: investimento feito na fase inicial do novo negócio. Muitas


vezes, são ainda ideias ou projetos no papel, e os recursos ajudam o empresário
a dar os primeiros passos. Na outra ponta, estão pessoas ou instituições que
buscam altos retornos e estão dispostas a correr altos riscos. De preferência,
buscam empresas inovadoras e de base tecnológica.
O primeiro trabalho dos gestores do fundo é selecionar os projetos que vão receber
os aportes. Essa é a fase de prospecção de ideias e análise. São avaliados, por exemplo,
as oportunidades do mercado, os produtos e serviços propostos, a equipe envolvida, a
estratégia de atuação e o modelo de negócios.
De cada mil projetos analisados, cerca de dez são selecionados para a segunda etapa,
que será a apresentação da empresa ao comitê de investimento do fundo. Após análises,
o grupo aprovará ou não o investimento. Em seguida, durante dois a três meses, os
empreendedores se reúnem com os membros dos fundos para negociar a participação
dos novos sócios. Nesse momento, são definidos o valor da empresa, a participação do
fundo, o funcionamento do negócio, entre outros aspectos.
Por fim, é iniciada a fase de investimento. É realizada uma auditoria interna ("due
dilligence"), em que os aspectos contábeis e jurídicos são avaliados. É neste momento
que a empresa é criada ou convertida em sociedade anônima (S.A.) e são feitos os
primeiros aportes de recursos no projeto.

 Venture capital (ou capital de risco): investe em empresas já estabelecidas, mas


de pequeno e médio portes, com potencial de crescimento, as “start up
companies”. Na grande maioria das vezes o venture capital é empregado no
financiamento de empresas com “novos produtos ou conceitos de negócio”. Os
recursos financiam as primeiras expansões e levam o negócio a novos patamares
no mercado. Assim como no capital semente, o foco são empresas inovadoras,
em setores como os de biotecnologia e tecnologia. A seleção também passa
pelas etapas de avaliação, apresentação ao comitê de investidores e negociação.
Com a injeção de capital e a ajuda na gerência da empresa investida, a
participação acionária dos investidores se valoriza, quando, então, eles se
desfazem de suas ações, por um valor significativamente maior do que aquele
pago na sua aquisição.

 Private equity: as empresas que recebem os aportes já estão consolidadas e


possuem faturamento na casa das dezenas ou centenas de milhões de reais. O
objetivo dos recursos é de dar um impulso financeiro à companhia para que ela
se prepare para abrir capital na bolsa de valores, por exemplo.

Obs.: Empresas de capital aberto também podem receber os recursos dos private equity.
Neste caso, o capital é destinado a alterações financeiras, operacionais ou estratégicas,
visando a um novo posicionamento no mercado aberto.

 Principais Formas de Atuação

 Venture capital: investimento na fundação de uma empresa nova ou expansão


de uma empresa pequena;
 Buy-out: aquisição de parte significativa ou até mesmo o controle de uma
empresa mais madura em seu estágio de desenvolvimento;
 Situações extraordinárias: investimento em empresas que passam por
dificuldades financeiras ou sofrem mudanças impactantes, tais como mudanças
regulatórias e de tendências do mercado.
Obs.: Private Equity geralmente é realizado em empresas emergentes de maior porte
com grande potencial. Em sua maioria são constituídos em acordos contratuais privados
entre investidores e gestores, não sendo oferecidos abertamente ao mercado, e sim
através de colocação privada.

 Saída

Como o principal objetivo dos fundos de capital semente, venture capital e private
equity é obter lucro ao vender suas participações na empresa, o momento de saída é um
dos mais importantes para esses investidores.
Também chamado de desinvestimento, a saída acontece quando o fundo vende suas
participações. Se a empresa cresceu bastante e o valor de suas ações subiu, os
investidores obtêm grande lucro. Mas nem sempre isso acontece. No caso do capital
semente, de cada dez projetos investidos, a estimativa é que dois obtenham muito
sucesso e tragam grandes resultados, cinco consigam se manter e três fracassem.
No caso dos que têm sucesso, uma das opções dos fundos é passar suas
participações para outros fundos de capital de risco. Neste caso, os compradores vão
investir mais recursos na empresa para sustentar suas próximas fases de crescimento.
Outra saída é a venda para investidores estratégicos, como outras empresas
interessadas em adquirir o empreendimento ou linhas de serviços da companhia. Por
fim, existe a possibilidade de saída com uma oferta pública inicial de ações (IPO) na
bolsa de valores.

 Riscos

Do ponto de vista do empresário, ao tempo em que avalia-se o acesso ao capital de


longo prazo, possibilitando a posta em marcha dos projetos,além da adição de
capacidade de gestão e administração advinda dos novos sócios, são considerados
alguns aspectos que oferecem risco ao empresário, tais como a limitação da autonomia,
o conflito de interesses e a repartição de ganhos.
Para os investidos, a modalidade de private equity também oferece benefícios e
riscos. Como benefícios, a seção destaca a diversificação dos portfólios e a
possibilidade de remunerações históricas acima do desempenho do mercado tradicional
de ações. Naturalmente, rentabilidades superiores estão associadas a maiores riscos,
entre eles, aborda-se a baixa liquidez, indissociável ao longo prazo das aplicações e,
mais uma vez, a possibilidade de conflito de interesses, agora entre investidor e gestor
do fundo, dependência de pessoal chave, seja na gestão do fundo assim como na
administração das empresas investidas, e a possibilidade de redução de ganhos por
escolhas equivocadas de investimento ou gestor em função da competição no mercado.

 Curiosidade

Qual a diferença entre investidor anjo, seed e venture capital?


Respondido por Yuri Gitahy, especialista em startups

Existem diversos estágios de venture capital - ou capital de risco - disponíveis para


startups brasileiras. Conheça os principais e avalie qual é mais adequado para o seu
negócio:

1) Angel money: os investidores-anjo procuram empresas nascentes, algumas até


mesmo no campo das ideias. Eles normalmente investem entre R$ 50 mil até R$ 500
mil em startups próximas - de parentes, amigos, conhecidos ou na sua cidade - e tentam
vender sua parte para investidores maiores.

2) Seed capital: é a primeira camada de investimento acima do investidor anjo, indo


normalmente de R$ 500 mil a R$ 2 milhões no Brasil. Normalmente, para diluir seu
risco e diversificar sua carteira, os investidores de capital semente montam fundos que
captam de vários investidores, e assim conseguem aportar capital em mais empresas e
maximizarem suas chances de acertarem em cheio. As empresas que eles procuram já
possuem clientes, produtos definidos, mas ainda dependem de investimento para
expandirem o consumo e se estabelecerem no mercado.

3) Venture capital: o termo VC vem dessa camada, e é normalmente usado para


descrever todas as classes de investidores de risco. Mesmo assim, os fundos de venture
capital brasileiros investem entre R$ 2 milhões e R$ 10 milhões em empresas que já
faturam alguns milhões. Seu objetivo é ajudá-las a crescer e fazer uma grande operação
de venda, fusão ou abertura de capital no futuro.

4) Private equity: fundos de private equity são responsáveis pelas operações de fusões e
vendas em grandes empresas, que normalmente faturam mais que R$ 100 milhões
anualmente. Nesse estágio, os investimentos envolvem quantias bem maiores que os R$
10 milhões do VC, e por isso os investidores costumam trabalhar com empresas de
capital aberto ou prestes a abrirem seu capital.

Quando um investidor se refere a uma startup "early stage", ela provavelmente não tem
um produto com receita e precisa de capital semente ou de anjos. Quando se fala
"growth stage", trata-se de uma empresa que já tem alguns milhões em receita mas
precisa de capital para alavancar seu crescimento - ou seja, ela provavelmente irá
procurar um venture capital.

Se você está montando uma startup agora e pensa em abordar um investidor, lembre-se
de focar em angels e nos fundos que trabalham com seed money. Essa informação está
sempre presente no site do investidor ou mesmo nas notícias disponíveis sobre ele.

Fonte: http://exame.abril.com.br/pme/dicas-de-especialista/noticias/qual-a-diferenca-
entre-investidor-anjo-seed-e-venture-capital

Pesquisa publicada pela The Economist revelou:

“Mito : os empreendedores são jovens. Nos EUA, os mais novos querem empreender e
cultivam a ideia do negócio que começou na garagem. Mas muitos iniciaram empresas
de sucesso depois dos 50 anos. No Brasil é o contrário. Aqui acreditamos que o jovem
tem medo de empreender. Ele quer adquirir experiência antes de se aventurar. Pesquisa
em dez universidades paulistas revelou que, dos 62% que querem empreender, menos
da metade se sente segura para abrir seu negócio após se formar. Mas, na realidade,
temos uma proporção muito grande de jovens empreendedores.”

 Recomendação de Leitura para Aprofundamento


http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/8803/000589327.pdf?sequence=1

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