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EDU-UERJ – Pedagogia / CEDERJ

Polo: Paracambi
Disciplina: Língua Portuguesa Instrumental
Avaliação a Distância 1
Data: 16/02/2016
Aluno/a: Juliana e Silva Pereira Henriques

Escrever um artigo de opinião sobre a seguinte questão:

Suprimir a indicação do gênero gramatical na escrita ajuda a tornar a sociedade mais


inclusiva?

O X da questão

Não é de hoje que discussões que envolvem a questão de gênero estão em pauta. Desde as
sociedades mais antigas o papel do homem e da mulher encontra-se definido dentro de uma hierarquia
que respeita os costumes, a cultura e a forma de se organizar no mundo. Numa sociedade como a nossa,
que tem por base a história de Adão e Eva como explicação para o surgimento da humanidade,
colocando a mulher como responsável pelo pecado original, não poderia ser diferente.
Mesmo em pleno século XXI, a mulher ainda é posta em posição inferior ao homem,
principalmente no mercado de trabalho. Na política aos poucos a mulher vem ganhando espaço, mas
não podemos discordar que ainda é um ambiente majoritariamente masculino. O machismo, enraizado
em nossa forma de pensar, revela suas garras em assuntos que envolvem a maternidade, o casamento,
o vestuário feminino, violência doméstica, estupro, aborto...
Na era da tecnologia de ponta, com a internet mudando a forma das pessoas se relacionarem
entre si e com o mundo, é natural que essa questão venha à tona. É comum nas redes sociais vermos
protestos, opiniões, imagens que defendam ou não um ponto de vista especifico sobre a colocação da
mulher em posição de igualdade diante do homem. Nessa direção temos visto que muitos internautas
têm utilizado a letra X numa tentativa de suprimir a questão de gênero gramatical: amigxs, alunxs,
queridxs. Segundo esse grupo, ao substituir a letra O ou A pela letra X, estaríamos tirando o foco da
supremacia masculina até mesmo nas palavras. Por que devemos usar as palavras no masculino, mesmo
quando há uma maioria feminina? Por que definir feminino ou masculino, quando há a diversidade de
gênero? Seria uma forma de protestar contra a exclusão e submissão de um sexo sobre o outro.
O uso do X já não se restringe somente à internet. Algumas escolas e professores já têm
aderido à “moda” e colocado em seus cabeçalhos de provas, avisos, o X no lugar de definir um gênero.
Quando não fazem dessa forma, optam por palavras neutras, como por exemplo, estudante, que não dá
uma ideia de gênero específica, mas engloba todos os grupos. Buscam, com isso, transmitir uma ideia
de neutralidade, não sobrepondo um gênero sobre o outro, perante a diversidade de escolhas que
existem em nossa sociedade atual.
Diante de uma sociedade que já nasceu desigual e é estruturalmente marcada pelo
preconceito e exclusão, concordo que atitudes como essa não resolvam o problema ou alterem
radicalmente o pensamento das pessoas. No entanto, esses atos revelam que há, sim, um movimento
que marcha na busca de eliminar determinados preconceitos, lutando contra a exclusão. Tal forma de
“protesto”, apesar de parecer pequeno, calado, toca na ferida e discute a questão do gênero. Por ser
muito usada na internet, essa linguagem afeta os jovens e adolescentes, que são chamados a, ao menos,
entender o motivo daquele X estar ali. E isso é extremamente importante para renovarmos nossas
ideias, nossos olhares, nossos argumentos, não permitindo que a exclusão seja naturalizada e continue
se perpetuando entre nós.
EDU-UERJ – Pedagogia / CEDERJ
Polo: Paracambi

Português Instrumental

AD 1

Aluno/a: Juliana e Silva Pereira Henriques

Rio de Janeiro, 16 de fevereiro de 2016.

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