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Termos em que
Pede deferimento.
Local, data
Advogado(a)
OAB/xx nº. xxxx
RAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO
A respeitável sentença não merece ser mantida razões pelas quais requer sua
reforma.
I – DOS FATOS
Em análise perfunctória dos autos, vê-se que o apelante foi denunciado pela
suposta prática de estupro simples, no caput do artigo 213, CP, com utilização de
simulacro de arma de fogo, coagindo a vítima a praticar atos libidinosos diversos da
conjunção carnal. A opinio delicti do Parquet relata os fatos da seguinte forma, in litteris:
“(...) Cléviston foi denunciado por estupro simples porque mostrou um
simulacro de arma de fogo para Finéria, determinou que ela parasse e
ficasse calada e, após ela atender a ordem, passou as mãos em um de seus
seios, por cima da blusa que usava, além de obriga-la a suportar carícias e
beijos.
II – PRELIMINAR
(TJ-RS - ACR: 70052928520 RS, Relator: José Luiz John dos Santos, Data de
Julgamento: 13/06/2013, Sexta Câmara Criminal, Data de Publicação: Diário da
Justiça do dia 02/07/2013)
III – DO MÉRITO
Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem
como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.
Inserido numa legislação gestada no Estado Novo, o art. 385 do CPP não foi
recepcionado pela Constituição de 1988, que abraçou o sistema acusatório, caracterizado
pela separação absoluta entre as funções de acusar e julgar. Promotor não julga; juiz não
acusa nem condena sem acusação.
No modelo acusatório, a separação entre as figuras do promotor e do julgador
exerce uma dupla função de garantia, de modo que um cidadão não seja acusado senão
pelo seu promotor natural e julgado por um juiz imparcial. Não cabe ao juiz assumir o
papel de acusador em qualquer das etapas do procedimento, sob pena de afastar-se da
missão que lhe reservam a Constituição (art. 5º, incisos XXXVII e LIII) e os tratados,
especialmente o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (art. 14) e o Pacto de São
José da Costa Rica (art. 8º).
Portanto, viola o sistema acusatório constitucional a absurda regra prevista no
art. 385 do CPP, que prevê a possibilidade de o Juiz condenar ainda que o Ministério
Público peça a absolvição. Também representa uma clara violação do Princípio da
Necessidade do Processo Penal, fazendo com que a punição não esteja legitimada pela
prévia e integral acusação, ou melhor ainda, pleno exercício da pretensão acusatória." (in
Direito Processual Penal e sua conformidade constitucional, Volume II, Editora Lumen
Iuris, Rio de Janeiro, 2009, p. 343).
Tema semelhante ao caso em tela foi enfrentado pela 1ª Câmara Criminal do
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro na APL - 00078781420148190023:
Em sentença o MM. Juiz de direito fixou o regime inicial fechado, afirmando que
assim determina a Lei dos Crimes Hediondos. Ocorre que que a presente decisão se
encontra equivocada, conforme veremos.
Primeiramente, deve-se transcrever o conteúdo do artigo 33 do Código Penal
pátrio, o qual determina:
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou
aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de
transferência a regime fechado.
No presente caso, a pensa estabelecida pelo MM. Juiz é inferior a 08 (oito) anos, a
qual se enquadra na alínea “b” do artigo supracitado. O Douto magistrado, contudo,
fundamenta sua decisão no art. 2º da Lei de crimes hediondos a qual determinava a
obrigatoriedade no regime inicial fechado para os crimes nela previstos.
O citado dispositivo, entretanto, já fora revogado, ante sua evidente
inconstitucionalidade, conforme podemos observar por meio da súmula vinculante nº 26
do STF:
Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime
hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade
do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o
condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício,
podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame
criminológico.
Ressalte-se ainda que a suposta gravidade do crime não deve ser considerada
como requisito, para aplicação do regime inicial de cumprimento de pena, eis que não
constitui requisito idôneo para tal fixação, conforme aduz a súmula vinculante nº 718, do
STF.
Sendo assim, conclui-se que a fixação do regime inicial fechado é desarrazoada,
posto não existir qualquer fundamento que a sustente, motivo pelo qual, requer, em caso
de manutenção da condenação, a reforma da referida sentença e a fixação do regime
inicial semiaberto, nos termos do artigo 33, §2º, “b” do CP.
III – PEDIDOS
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OAB/xx nº. xxxx