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O USO DE PROBIOTICOS NA DERMATITE ATOPICA

THE USE OF PROBIOTICOS IN ATOPIC DERMATITIS

CLAUDIO REIS DE ALMEIDA1*, SABRINA DE ALMEIDA MARQUES2, LUIZ FERNANDO MOREIRA3

1. Farmacêutico bioquímico pela unip, especialista em fitoterapia pelo Combrafito, pôs graduado em Homeopatia, pelo Instituto Lamasson, titulo de
Farmacêutico Homeopata, Acadêmico em nutrição ortomolecular e nutracêutica (IPUPO); 2. Química e Farmacêutica. Doutora em Ciências pela
Universidade de São Paulo, área de concentração em Bioquímica. Docente do curso de Pós-graduação em Nutrição Ortomolecular e Nutracêutica
Clínica do Ipupo; 3. Farmacêutico Bioquímico pela Universidade São Francisco, especialista em Gestão em Saúde pela AVM, discente em Pós-
graduação em Ortomolecular, professor da Universidade São Francisco do Curso de Farmácia com a Disciplina Bioquímica.

*Rua Dr Luiz Pizza, 390, Centro, Assis, São Paulo Brasil. CEP:19814-351. ouroverde88@gmail.com

Recebido em xx/xx/201x. Aceito para publicação em xx/xx/201x

can be given with the use of probiotics as maternal

RESUMO
A dermatite atópica e uma doença alérgica que
possui, atualmente, alta taxa de prevalência no
mundo todo. Trata-se de uma dermatose
inflamatória crônica de etiologia multifatorial,
resultado de uma interação complexa entre fatores
genéticos e ambientais. A prevenção e o tratamento
dessas doenças, de acordo com alguns autores, pode
ser dado com o uso de probióticos como
suplementação materna, no período de
amamentação e mesmo durante a idade de criança,
jovem e adulto. Este trabalho visou, por meio de
levantamento bibliográfico, observar o uso de
probióticos na prevenção e tratamento de dermatite
atópica afim de ampliar os conhecimentos
esclarecer a eficácia do processo no tratamento
desta doença alérgica. Ao analisar-se as pesquisas
acerca do tema, pode-se perceber que alguns
autores consideram o método eficaz, sobretudo no
tratamento, se comparado ao método usado na
prevenção. Entretanto, muitos autores, por meio de
suas pesquisas, não encontraram fundamentos
científicos que comprovassem tal eficácia. Assim,
conclui-se que novos estudos e pesquisas são
necessárias para ampliar os parâmetros avaliativos
que demonstrem a eficácia da utilização de
probióticos, seja na prevenção ou no tratamento da
dermatite atópica em indivíduos das mais diversas
idades.
PALAVRAS-CHAVE: Dermatite
probióticos; Doenças alérgicas.
ABSTRACT
Atopic Dermatitis and allergic disease which has a
currently high prevalence rate in the world. It is a
chronic inflammatory dermatosis of multifactorial
etiology, result from a complex interaction between
genetic and environmental factors. The prevention and
treatment of these diseases, according to some authors,
supplementation, breastfeeding period and even during
the age of child, youth and adult. This work, through
bibliographical survey, observing the use of probiotics
in the prevention and treatment of atopic dermatitis in
order to enlarge the knowledge to clarify the
effectiveness of the process in the treatment of this
allergic disease. By analyzing the researches on the
subject, one can notice that some authors consider the
effective method, especially if compared to the method
used in prevention. However, many authors, through
their research, found no scientific basis proving such
effectiveness. Thus, it is concluded that new studies
and research are needed to expand the evaluation
parameters demonstrating the effectiveness of the use
of probiotics in prevention and in the treatment of
atopic dermatitis in individuals of various ages.
KEYWORDS: Atopic Dermatitis; Probiotics; Allergic
diseases.
1. INTRODUÇÃO
As alergias são doenças cada vez mais observadas
em pessoas de todas as idades, sobretudo recém-
nascidos, lactantes e crianças, em todo o mundo.
Um aspecto que envolve a alergia diz respeito ao
contato do indivíduo com elementos da natureza,
elementos químicos, sobretudo aqueles presentes em
alimentos e medicamentos sintéticos.
A dermatite atópica e uma dessas alergias que
possuem, atualmente, alta taxa de prevalência no
mundo todo. Trata-se de uma dermatose inflamatória
atópica;
crônica de etiologia multifatorial, resultado de uma
interação complexa entre fatores genéticos e
ambientais, sendo ambos envolvidos em sua
predisposição e seu desenvolvimento, que corresponde
a um prurido intenso e xerose cutânea 1.
De acordo com dados atuais, a sua incidência
triplicou nas últimas três décadas, sobretudo nas
crianças, proporcionando diferentes sintomas e efeitos
patológicos como lesões eczematosas, erosões
crostosas, lesões em superfícies flexoras, lesões na
parte dorsal dos membros, lesões na nuca, pápulas

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eritematosas entre outras.
A prevenção e o tratamento dessas doenças, de
acordo com alguns autores, pode ser dado com o uso de
probióticos como suplementação materna, no período
de amamentação e mesmo durante a idade de criança,
jovem e adulto.
Com o advento dos alimentos funcionais, no início
da década de 1980 no Japão e década depois no Brasil,
percebe-se a influência de nutraceuticos (pílulas,
tabletes, pó) no tratamento de inúmeras infecções
alérgicas.
Este trabalho visou, por meio de levantamento
bibliográfico, observar o suo de probióticos na
prevenção e tratamento de dermatite atópica afim de
ampliar os conhecimentos esclarecer a eficácia do
processo no tratamento desta doença alérgica.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado utilizando-se uma
abordagem qualitativa, de objetivo descritivo, por meio
de uma pesquisa de natureza básica2.
Para tanto, a metodologia foi a coleta de dados por
pesquisa bibliográfica, tendo sido realizado um
levantamento bibliográfico em livros da área em
estudo, revistas e periódicos especializados no assunto,
bem como, por meio de bibliotecas eletrônicas Scielo,
LILACS, BIREME, que propiciaram a busca de
inúmeros artigos sobre o assunto abordado.
A seleção desses materiais utilizados na confecção
deste trabalho incluiu o teor de seus conteúdos e o
fornecimento de uma base teórica do tema proposto,
conforme apontado por Lüdke e André3.
3. DESENVOLVIMENTO
Probióticos
Cada vez mais os probióticos são utilizados como
técnicas alternativas de tratamento e prevenção das
doenças alérgicas, uma vez que os mesmos são capazes
de reduzir citocinas inflamatórias e melhorar a
permeabilidade intestinal.
De acordo com Raizel et al.4, o termo “probiótico”
deriva do grego e significa “para a vida”, e sua
definição foi dada nos anos 1990, apesar do interesse
por esses microrganismos benéficos à saúde remeterem
a tempos remotos. A definição de probióticos pela
Organização Mundial de Saúde5, se refere a
microrganismos vivos, que quando administrados em
quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do
hospedeiro.
Conforme apontado Simões et al.1, no ano de 2002,
a OMS junto à Organização de Alimentos e Agricultura
das Nações Unidas (FAO), definiram os probióticos
como suplementos de microrganismos que afetam
beneficamente o organismo por melhorar o equilíbrio
da microbiota intestinal e são comercializados na forma
de nutracêuticos (pílulas, tabletes, pó etc.) e alimentos
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funcionais, os quais possuem uma combinação de
componentes que dão desejáveis efeitos fisiológicos no
corpo humano6.
O conceito de probiótico também pode ser definido
pela exclusão competitiva para melhorar uma ecologia
específica ou seja, seu uso faz com que seja
introduzido um tipo de bactéria benéfica em detrimento
à diminuição de outra espécie de bactéria7.
Segundo Badaró et al.8, o probiótico após a ingestão
devem sobreviver às condições de estresse presentes no
trato gastrointestinal, como suco gástrico, sais biliares e
enzimas digestórias, preservando sua viabilidade e
atividade metabólica no intestino, pois só assim poderá
exercer os efeitos benéficos aos hospedeiros.
A forma como os probióticos agem ainda não é
totalmente definida, mas sabe-se que seus principais
mecanismos de ação são dados pela competição por
sítios de ligação, formando uma barreira física às
bactérias patogênicas; pela competição por nutrientes;
pelo estímulo do sistema imune; pela produção de
bactérias antibacterianas; além de auxiliar na digestão,
absorção e produção de nutrientes9.
Conforme descrito por Badaró et al.8, os
mecanismos de ação dos probióticos se resumem em
três possíveis, sendo, a supressão do número de células
viáveis por meio da produção de compostos com
atividade antimicrobiana, a competição por nutrientes e
a competição por sítios de adesão; a alteração do
metabolismo microbiano, através do aumento ou da
diminuição da atividade enzimática; e o estímulo da
imunidade do hospedeiro, através do aumento dos
níveis de anticorpos e o aumento da atividade dos
macrófagos.
Principais tipos de Probióticos
Os microrganismos mais utilizados como
probióticos são as bactérias, sobretudo as gram-
positivas produtoras de ácido lático, as quais vivem no
trato gastrintestinal, destacando-se os gêneros
lactobacilos e bifidobactérias; bem como as leveduras1.
Raizel et al.4 aponta que esses dois gêneros estão
presentes em alimentos como em iogurtes, produtos
lácteos fermentados e suplementos alimentares; além
de destacar que a seleção delas deva obedecer alguns
critérios como o gênero, a origem (que deve ser
humana), a estabilidade frente ao ácido estomacal e aos
sais biliares, a capacidade de aderir à mucosa intestinal,
a capacidade de colonizar o trato gastrintestinal
humano, a capacidade de produzir compostos
antimicrobianos e a atividade metabólica no intestino.
O gênero Lactobacillus conta atualmente com cerca
de 56 espécies, 18 delas estão presentes na microbiota
intestinal humana8, entretanto, as mais utilizadas na
dieta as espécies L. acidophilus, L. rhamnosus e L.
casei. Os habitats dessas bactérias são variados e vão
do trato gastrointestinal ao geniturinário, formando
uma importante parte da microbiota de homens e
animais. Os principais fatores ambientais para sua
presença são o pH ideal, a presença de oxigênio,
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substrato especifico, presença de secreções e interações
bacterianas4.
As bactérias L. acidophilus e L. casei têm sido
muito utilizadas pelos laticínios para produção de leites
fermentados e outros derivados lácteos.
Botelho10 indica a característica dos Lactobacillus
como Gram positivos, regulares e não esporulados,
apresentando morfologia celular variando de bacilos
longos e finos até, algumas vezes, como bacilos
curvados e pequenos.
Já os organismos do gênero Bifidobacterium ou
bifidobacterias se caracterizam como bactérias gram
positivos, não formadores de esporos, onde estão
inseridas neste gênero 30 espécies, 10 das quais são de
origem humana (cáries dentárias, fezes e vagina), 17 de
origem animal, 2 de águas residuais e 1 de leite
fermentado4.
Segundo Gomes e Malcata11, as bifidobactérias
produzem ácido acético e lático e possuem várias
formas que incluem bacilos curtos, curvados ou
bifurcados.
De formas geral, os benefícios dos probióticos com
a saúde humana envolvem aspectos variados, conforme
apontado por Saad12:
■ Controle da microbiota intestinal;
■ Estabilização da microbiota intestinal após o uso
de antibióticos;
■ Promoção da resistência gastrintestinal à
colonização por patógenos;
■ Diminuição da população de patógenos através da
produção de ácidos acético e lático, de bacteriocinas e
de outros compostos antimicrobianos;
■ Promoção da digestão da lactose em indivíduos
intolerantes à lactose;
■ Estimulação do sistema imune;
■ Alívio da constipação;
■ Aumento da absorção de minerais e produção de
vitaminas.
Outras funções como estimulação da resposta
imunológica, na modulação de reações alérgicas4, na
melhoria da saúde urogenital de mulheres13 e nos níveis
sanguíneos de lipídeos14, além de promover a digestão
da lactose em indivíduos intolerantes à lactose e
reduzir o risco de câncer15.
De acordo com Badaró et al.8 o hospedeiro do
probiótico deve fornecer as quantidades de nutrientes
que as bactérias intestinais necessitam e estas indicam
ativamente as suas necessidades, realizando, assim,
uma relação simbiótica que impede uma produção
excessiva de nutrientes, a qual favoreceria o
estabelecimento de competidores microbianos com
potencial patogênico ao hospedeiro.
Efeitos colaterais e contraindicação
A OMS recomenda e considera totalmente seguro o
uso de probióticos na alimentação humana, apesar de
haver risco de infecção sistêmica, alterações
metabólicas e transferência de genes entre
microrganismos, conforme apontado por Dellabella et
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al.16.
Dessa forma, recomenda-se evitar o uso
concomitante com antibióticos, sendo recomendado
seu uso após uma antibioticoterapia, afim de permitir a
recolonização da microbiota intestinal.
Entretanto, raramente causam riscos em pessoas
saudáveis, sendo esse risco calculado em 1 por 1
milhão de usuários no caso de bacterimia e de 1 por 5,6
milhões de usuários no caso de fungemia17.
Doenças alérgicas e a dermatite atópica
Em linhas gerais, as alergias se caracterizam como
um processo de distúrbio de hipersensibilidade e do
sistema imunitário, que podem envolver aspectos
respiratórios, cutâneos, medicamentosos, alimentares,
entre outros18.
As doenças alérgicas afetam a qualidade de vida de
milhões de crianças e adultos e são responsáveis por
gastos consideráveis de recursos sociais e econômicos.
O aumento na incidência e prevalência dessas
doenças acabam onerando os cofres públicos e se
tornando, ainda, problema de saúde pública, sendo
necessário o desenvolvimento de estratégias
preventivas para a população19.
De acordo com a Organização Mundial de Alergia,
em dados coletados em 30 países, com uma população
de aproximadamente 1.200 milhões de pessoas, estima-
se que 22% da população sofrem de algum tipo de
alergia e este número vem aumentando a cada ano20.
Não se sabe ao certo quais os fatores que levam a
grande incidência de doenças alérgicas em todo mundo,
apesar de muitos pesquisadores atribuírem a “Teoria da
Higiene”, onde as mudanças no padrão do sistema
imunológico foram favorecidas por diversos fatores,
como exposição ambiental, uso de conservantes e
produtos químicos na alimentação e/ou, a diminuição
da exposição de crianças a microrganismos21.
Segundo Simões et al.1 a teoria da higiene deveria
envolver três aspectos para ser melhor aceita como
fator principal das doenças alérgicas, sendo eles:
■ a importância das infecções no desvio
imunológico, sendo que estas poderiam ser
compensadas por outras fontes de estimulação
microbiana, talvez a mais importante pela própria
microbiota intestinal nativa.
■ imunomoduladores e respostas imunes
supressoras poderiam complementar o modelo
Th1/Th2.
■ além da proteção contra a atopia, proteção contra
as doenças infecciosas, inflamatórias, autoimunes
poderiam depender da interação do hospedeiro com os
microrganismos saudáveis, implicados na hipótese da
higiene.
Assim, percebe-se que é necessária a criação de
novos métodos de prevenção, detecção, diagnóstico e
tratamento para doenças alérgicas, tendo em vis
ta suas implicações em nível individual e social.
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Dermatite atópica
A Dermatite atópica é caracterizada como uma
dermatose inflamatória crônica de etiologia
multifatorial, resultado de uma interação complexa
entre fatores genéticos e ambientais, sendo ambos
envolvidos em sua predisposição e seu
desenvolvimento, que corresponde a um prurido
intenso e xerose cutânea1. Segundo Lara et al.22,
também pode ser conhecida como eczema atópico
causado na pele, de caráter recidivante, que resulta em
distúrbio na função da barreira epidérmica.
De acordo com Lara et al.22, o aparecimento das
descrições relacionadas a dermatite atópica datam dos
antigos textos de Hipócrates, levando em conta a
descrição de sua sintomatologia. A primeira vez que o
termo dermatite atópica foi mencionado, expõe ao caso
do imperador Augusto, que apresentava doença
pruriginosa de pele associada a queixas respiratórias
sazonais23.
Em relação a sua incidência e prevalência, percebe-
se que é alta em todo o mundo, variando de 0,6% a
20,5% no caso da prevalência1. Além disso, percebe-se
que é a doença dermatológica crônica mais frequente
na infância e uma das mais comuns nessa faixa etária.
Dados de prevalência levantados por Bieber24
mostram que a dermatite atópica triplicou nos países
industrializados nas últimas três décadas, afetando 2 a
10% dos adultos e 15 a 30% das crianças em todo o
mundo, sendo 20% lactentes9; 45% dos casos da
doença começam nos primeiros seis meses de vida,
60% durante o primeiro ano e 85% têm início antes dos
cinco anos de idade.3 As características e a localização
das lesões variam com a idade, o que permite dividir a
clínica da doença por faixas etárias.
Características da doença
A doença pode afetar as mais diversas faixas etárias
proporcionando diferentes sintomas e efeitos
patológicos. Quando atinge o estágio crônico da
doença apresenta exacerbações e remissões.
Inicialmente a maior gravidade está relacionada ao
eczema, sendo que aproximadamente 60% dos
pacientes desenvolvem a doença no primeiro ano de
vida e 90% antes dos 5 anos. Somente 25% dos casos
persistem na idade adulta. Nestes pacientes, observa-se
associação com eczema flexural precoce e alergia
respiratória25.
Castro et al.26 aponta que no indivíduo de idade pré-
escolar, as lesões geralmente surgem em superfícies
flexoras, parte dorsal dos membros e a nuca. As
pápulas eritematosas e vesículas são substituídas
gradualmente por liquenificação, sendo que 60% dos
pacientes apresentam melhora efetiva ou
desaparecimento total das lesões nessa fase.
Por outro lado, em adolescentes, jovens e adultos
ocorre liquenificação com acometimento das
superfícies flexoras, do pescoço e da cabeça26.
Krutmann27 explica que a dermatite atópica faz
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parte da chamada marcha atópica, onde, na grande
maioria das vezes e acompanhada de outras infecções
alérgicas; sendo que em 50 a 80% dos casos
envolvendo crianças, há o desenvolvimento posterior
de rinite e/ou asma, fazendo com que indivíduos com
as formas moderada/grave de DA na infância sejam
fortes candidatos naturais à manutenção da doença
quando adultos.
Os casos mais graves da doença provocam outros
efeitos prejudiciais a qualidade de vida do portador
como a insônia causada pelo prurido, a fadiga, o
desenvolvimento psicossocial e escolar, podendo gerar
alterações psicológicas, isolamento social e grave
depressão no futuro22.
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria
diagnostica a dermatite atópica com base na clínica da
doença, seguindo parâmetros como prurido cutâneo
somado a três ou mais critérios como:
■ prurido envolvendo áreas flexurais ou cervical;
■ asma ou rinite alérgica ou história familiar de
doença atópica em parente de primeiro grau para
menores de quatro anos;
■ pele seca generalizada no último ano;
■ dermatite atual envolvendo áreas flexurais (ou
região malar/fronte/face externa dos membros em
pacientes menores de quatro anos);
■ início das lesões de pele antes dos dois anos de
idade (para pacientes com quatro anos ou mais);
■ uma ou mais manifestações atípicas de dermatite
atópica28.
Prevenção da dermatite atópica por meio de
probióticos
Em geral, a dermatite atópica é causada por
influência hereditária, sendo difícil evitar sua primeira
aparição, porém, prevenir as crises é possível se a
pessoa tiver a pele sempre bem hidratada, além dos
cuidados fundamentais no banho.
Por conta do prurido intenso causado pela
dermatite, a tendência é que a lesão fique cada vez
mais irritada, facilitando a infecção e contaminação por
bactérias, apesar de se caracterizar como uma doença
não contagiosa, sem risco de transmissão29.
Para a sua prevenção, muitos autores indicam o uso
de probióticos, que auxiliam ainda, no tratamento de
diversas doenças alérgicas, sobretudo a dermatite
atópica.
Três grupos de pesquisas distintos não conseguiram
comprovar a eficácia da suplementação dos probióticos
na profilaxia da dermatite atópica.
Boyle et al.30 pesquisaram intervenções durante a
gravidez, com o uso de Lactobacillus GG (LGG) a
partir da 36ª semana de gestação até o parto,
contrapondo-se com um grupo-placebo. Em seus
resultados, observaram que não houve redução de risco
para dermatite atópica, pois não houve redução dos
níveis de IgE ou qualquer alteração nos marcadores
imunológicos no sangue do cordão umbilical.
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Os estudos de Koop et al.31, os quais envolviam
também intervenção durante a gravidez e aos recém-
nascidos por seis meses, demonstraram pouca eficácia,
uma vez que não houve diferença do risco de dermatite
atópica nas crianças que receberam suplementação e
naquelas do grupo-placebo.
Por sua vez, o grupo de pesquisa liderado por Neirs
et al.32 realizaram a intervenção com probióticos –
Bifidobacterium bifidum, Bifidobacterium lactis e
Lactocobacillus lactis – nos primeiros três meses de
vida dos recém-nascidos com alto risco de dermatite
atópica, e, seus resultados mostraram que não houve
prevenção da dermatite atópica em crianças de alto
risco.
Tratamento de dermatite atópica com
probióticos
Os probióticos são recomendados para o tratamento
de diversas doenças alérgicas, incluindo-se entre elas a
dermatite atópica.
Para que probióticos possam ser utilizados pelos
seres humanos, eles necessitam apresentar algumas
características de eficácia e segurança como: baixo
risco de infecção dos sistemas fisiológicos e de
produção de toxinas deletérias; serem células vivas e
em quantidades adequadas; ser internacionalmente
conhecida e identificada; possuir benefícios
clinicamente comprovados por meio de uma dose
conhecida; possuírem a garantia da manutenção da
viabilidade até o momento do consumo na forma de
cápsula, pó ou quando adicionada a produtos lácteos33.
Uma série de pesquisas comprovaram melhora
clinica satisfatória em relação a dermatite atópica com
o uso de probióticos33,34,35,36.
De acordo com Berbel et al. 33, os probióticos,
possuem a capacidade de equilibrar e regular a
microbiota intestinal, permitindo a readequação da
permeabilidade intestinal normal, auxiliando no
processo imunológico da barreira intestinal e reduzindo
a produção de citocinas pró-inflamatórias (IL) 1, 2, 6, 7
e TNF.
Han et al.37 apontaram redução significativa da
gravidade clínica da dermatite atópica pediátrica, por
meio do uso Lactobacillus plantarum CJLP133,
relacionando alterações nas contagens de eosinófilos de
sangue periférico e da expressão de IFN-gama e IL-4
no RNAm, com a terapia com probióticos.
Os estudos do grupo de pesquisa de Gore et al. 38,
por outro lado, não permitiram indicar algum benefício
provocado pela suplementação probiótica com cepas
Lactobacillus paracasei CNCM I-2116 ou
Bifidobacterium lactis CNCM I-3446 como um
adjuvante para o tratamento tópico de base. Mesmo
percebendo melhoria na qualidade de vida dos
portadores de dermatite atópica, os resultados não
permitem inferir e relacionar melhoras ao uso do
probiótico.
Segundo Vandenplas et al.39, teoricamente, os
probióticos podem apresentar benefícios no tratamento
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da doença inflamatória intestinal, entretanto,
envolvendo outros aspectos e doenças alérgicas como a
dermatite atópica, os resultados não permitem
comprovar tal eficácia.
Os estudos envolvendo as relações imunológicas
promovidas pelo uso de probióticos devem ser mais
explorados afim de se objetivar uma resposta concreta
e valida acerca de sua eficácia na prevenção e também
no tratamento de doenças alérgicas, em destaque para a
dermatite atópica.
4. DISCUSSÃO
O trabalho em questão permitiu o levantamento de
dados, opiniões e afirmações importantes acerca do uso
de probióticos no tratamento e prevenção da dermatite
atópica.
Teoricamente, sabe-se da eficácia dos probióticos
na melhoria da microbiota intestinal, sobretudo após o
uso de antibióticos. Entretanto, a comprovação da
eficácia deste método de tratamento e prevenção no
combate a doenças alérgicas como a dermatite atópica,
ainda necessitam de mais estudos específicos para sua
comprovação.
Ao analisar-se as pesquisas acerca do tema, pode-se
perceber que alguns autores consideram o método
eficaz, sobretudo no tratamento, se comparado ao
método usado na prevenção. Mas deve-se salientar que
muitos autores, por meio de suas pesquisas, não
encontraram fundamentos científicos que
comprovassem tal eficácia.
Sendo assim, percebe-se a necessidade de mais
estudos e pesquisas envolvendo o uso de probióticos no
tratamento e prevenção de doenças alérgicas como a
dermatite atópica, afim de comprovar ou não sua
eficácia.
5. CONCLUSÃO
Uma série de estudos in vitro e in vivo envolvendo
os mecanismos de ação dos probióticos na prevenção e
tratamento das doenças cutâneas como a dermatite
atópica foram realizados, e possibilitaram elucidar que
várias espécies e cepas de probióticos podem auxiliar
como coadjuvante no tratamento da dermatite atópica
em portadores de diferentes faixas etárias, se
apresentando como um método com certa eficácia,
seguro e bem tolerado.
Entretanto, as observações acerca do levantamento
de pesquisas envolvendo o uso de probióticos na
dermatite atópica não como coadjuvante, mas como
protagonista do tratamento, possibilitou a observação
de que até o presente momento, não há, dentro da
comunidade cientifica, um consenso comprovando ou
não a eficácia deste método de tratamento e prevenção.
Assim, conclui-se que novos estudos e pesquisas
são necessárias para ampliar os parâmetros avaliativos
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que demonstrem a eficácia da utilização de probióticos,
seja na prevenção ou no tratamento da dermatite
atópica em indivíduos das mais diversas idades.
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