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Outro termo que está cada vez mais presente nos exames de neurociências é
a “amusia”. No plural, as amusias correspondem à perda das funções musicais.
Observando que as afasias, que são alterações neurológicas da linguagem,
nem sempre são acompanhada das amusias e, por causa disso, deduz-se que
haja uma autonomia dos processos de comunicação verbal e musical,
conseqüentemente, uma independência estrutural e funcional dos substratos
neurobiológicos (Sergent, 1993).
A arte não apenas produz prazer no ser humano, mas, sobretudo, provoca
uma reação vivencial, um juízo, uma resposta (Blasco, 1998). Como arte a
música tem o poder de sugestão, de projeção, de permitir a realização
imaginária de desejos inconscientes, de lembranças, de sentimentos
hedonistas e de comunicação, aliás, de comunicação universal.
Músicas e Emoções
A música interfere na plasticidade cerebral, favorece conexões entre neurônios
na área frontal do cérebro, que é relacionada a processos de memorização e
atenção, além de estimular a comunicação entre os dois lados do cérebro, o
que pode explicar sua relação com raciocínio e matemática. O ser humano é
essencialmente musical, seja no ritmo corporal (andar, mastigar, falar...), seja
no ritmo fisiológico (respirar, nos batimentos cardíacos, intestinos...), e a
música tem se mostrado importante para o neurodesenvolvimento da criança e
de suas funções cognitivas.
Efeito “Mozart”
A idéia do Efeito Mozart surgiu em 1993 na Universidade da Califórnia, em
Irvine, com o físico Gordon Shaw e Frances Rauscher, pesquisadores em
desenvolvimento cognitivo. Eles estudaram os efeitos sobre alguns estudantes
universitários produzidos quando escutavam os primeiros 10 minutos da
Sonata para Dois Pianos em Ré Maior de Mozart. Eles encontraram um
melhoramento temporário do raciocínio espaço-temporal, conforme medido
pelo teste Stanford-Binet de QI (Rauscher e Shaw, 1995).
Musicoterapia
As respostas do ser humano à música são variadas por múltiplos fatores,
desde a sensibilidade afetiva e cultural, afinidade musical, receptividade
sensorial, educação e aprendizado, conjuntura social e outros.
Fisiologicamente o som, com todas suas qualidades de ritmo, timbre e melodia,
é uma das experiências sensoriais mais precoces do ser humano. Seus efeitos
sobre o psiquismo são evidenciados a partir das cantigas das mães para
embalar seus filhos. Esses sons precoces fixam-se indelevelmente no
psiquismo do ser humano.
Os trabalhos com propósitos terapêuticos se baseiam nas múltiplas influências
da música sobre diversos sistemas fisiológicos (não apenas cerebrais).
Prioritariamente os conhecimentos atuais sugerem que a música possa ser
aplicada em, pelo menos, quatro funções terapêuticas: na melhora da atenção,
estimulando o desenvolvimento motor e cognitivo, nas habilidades
comunicativas, na expressão emocional e na reflexão/sentimento da situação
existencial.
para referir:
Ballone GJ - A Música e o Cérebro - in. PsiqWeb, Internet, disponível
em www.psiqweb.med.br, 2010.
Bibliografia
Barbizet J, Duizabo Ph - Manual de Neuropsicologia. Trad. Silvia Levy e Ruth Rissin Josef, Porto Alegre,
Editora Artes Médicas Sul Ltda., 1985.
Blasco SP – Compendio de Musicoterapia. Volume I. Barcelona, Empresa Editorial Herder, S.A., 1999.
França Correia CM, Muszkat M, De Vicenzo NS, Reis de Campos CJ - Lateralização das Funções
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Houzel SH - O Cérebro Nosso de Cada Dia, ed. Vieira e Lent, 2002.
Hughes JR, Daaboul Y, Fino JJ, Shaw GL - The "Mozart Effect" On Epileptiform Activity - Clinical
Eletrooencephalography, 1998, 29(3):109-119
Rauscher FH, Shaw GL - Key components of the Mozart effect. Percept Mot Skills. 1998 Jun;86:835-41.
Rauscher FH, Shaw GL, Ky N - Listening to Mozart enhances temporal reasoning: Towards a
neurological basis. Neuroscience Letters, 185, 44-47, 1995.
Sacks O - Alucinações Musicais, Relatos sobre a Musica e o Cérebro, Companhia das Letras, 2007.
Zatorre R, McGill J – Music, the food of neuroscience? Nature 434, 312-315, March, 2005.