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“Assim diz o Senhor Deus: Estou contra ti, ó Faraó, rei do Egito, grande
dragão...”Ezequiel 29:3a.
Um outro sinal foi visto no céu: “Um grande dragão vermelho, que tinha sete
cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas. A sua cauda levou após si
a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra. O dragão parou diante da
mulher que estava prestes a dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe devorasse o filho”
(12:3-4).
Não há dúvida de que o dragão é ninguém menos que o próprio Diabo. Suas sete
cabeças e seus dez chifres podem apontar para os agentes humanos de que ele se vale
para executar seus intentos. Os cristãos primitivos estavam cientes de que a sua luta não
era contra as autoridades humanas, mas contra os poderes malignos por trás delas
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(Ef.6:12). Assim como Moisés e Arão sabiam que a sua luta não era contra Faraó, mas
contra os deuses egípcios. Ao tomar conhecimento do livramento que Deus havia dado
a Israel, removendo-o do Egito, Jetro, sogro de Moisés, declarou: “Bendito seja o
Senhor que vos livrou das mãos dos egípcios e das mãos de Faraó. Agora sei que o
Senhor é maior que todos os deuses...” (Êx.18:10-11a). Cada praga enviada por Deus
atingia em cheio a jurisdição de alguma divindade egípcia, expondo-a publicamente ao
desprezo. Vale dizer que uma das principais divindades egípcias era Sete-Tifom, um
enorme dragão vermelho, cuja imagem adornava a coroa de Faraó.
Até aqui, nenhum problema de interpretação. Tudo parece muito claro. A mulher
é o verdadeiro Israel, formado pela linhagem santa que trouxe Jesus ao mundo; o dragão
é o Diabo; o filho varão é o próprio Cristo que escapa da perseguição de Herodes, e que
depois de vencer a morte é assunto ao céu, onde está assentado à destra do Pai. A partir
daqui é que as coisas parecem complicar.
No verso 6 lemos que “a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar
preparado por Deus para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta
dias.” O que significaria isso? Quando os hebreus deixaram o Egito, para onde ele se
dirigiram? Para o deserto. E foi no deserto que Deus ensinou-lhes a maior de todas as
lições: a dependência total de Deus. Foi ali que Deus “de dia os guiou com uma nuvem,
e durante a noite com um clarão de fogo. Fendeu as penhas no deserto, e deu-lhes de
beber abundantemente como de grandes abismos; fez sair fontes da rocha, e fez correr
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as águas como rios (...) fez chover sobre eles o maná para comerem, e lhes deu cereal
do céu. Cada um comeu o pão dos anjos; mandou-lhes comida com abundância. Fez
soprar no céu o vento do oriente, e trouxe o vento sul com sua força. Fez chover sobre
eles carne como pó, e aves de asas como a areia do mar” (Sl.78:14-16, 24-27).
Agora era a vez da Igreja cristã enfrentar o seu deserto, e aprender a depender
única e exclusivamente daquele que prometeu dar-lhes “do maná escondido”
(Ap.2:17). Jesus disse aos judeus de Sua época: “Vossos pais comeram o maná no
deserto, e morreram. Mas aqui está o pão que desce do céu, do qual se o homem comer
não morre (...) Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim
também quem de mim se alimenta, viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu.
Vossos pais comeram o maná e morreram, mas quem comer esta pão viverá para
sempre” (Jo.6:49-50, 57-58). Paulo diz que a rocha de onde jorrava a água para saciar a
sede dos hebreus no deserto era uma figura do próprio Cristo (1 Co.10:4). Os 1260 dias
representam apenas um tempo indefinido.
Guerra no Céu
"E houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão. E
o dragão e os seus anjos batalhavam, mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se
achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama
diabo e Satanás, que engana todo o mundo. Ele foi precipitado na terra, e os seus anjos
foram lançados com ele” (Ap.12:7-9).
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"Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do
seu Cristo. Pois já o acusador de nossos irmãos foi lançado fora, o qual diante do
nosso Deus os acusava de dia e de noite. Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e
pela palavra do seu testemunho; não amaram as suas vidas até à morte. Pelo que
alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais. Ai dos que habitam na terra e no mar,
porque o diabo desceu a vós com grande ira, sabendo que pouco tempo lhe resta.”
Apocalipse 12:10-12.
Quem supõe que Satanás ainda nos acusa diante de Deus, ignora a famosa
pergunta de Paulo: “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus?”
(Rm.8:33a). E mais: “...em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por meio
daquele que nos amou”(v.37). Isso parece ecoar o que a misteriosa voz bradou em
Apocalipse: “Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro.”
Somos novamente remetidos ao Êxodo dos Hebreus, pois é ali que vamos
entender melhor a questão do sangue do Cordeiro.
Antes de enviar a última praga sobre o Egito, Deus ordenou a Moisés que
orientasse os filhos de Israel para que cada chefe de família imolasse um cordeiro, e
espargisse o seu sangue nos umbrais das portas de suas casas. “Naquela noite”, diz o
Senhor, “passarei pela terra do Egito, e ferirei todos os primogênitos na terra do
Egito, desde os homens até os animais; e sobre todos os deuses do Egito executarei
juízo. Eu sou o Senhor. O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo
o sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga destruidora , quando
eu ferir a terra do Egito” (Êx.12:12-13).
Foi o sangue do Cordeiro que poupou os hebreus daquela última praga que o
Senhor enviava sobre o Egito. Da mesma maneira, foi pelo sangue do Cordeiro que a
Igreja venceu Satanás. A Páscoa foi instituída para lembrar aos filhos de Israel que o
sangue do Cordeiro foi o responsável por tão grande livramento.
Naquela noite os hebreus deveriam estar prontos para que pela manhã deixassem
o Egito. Não poderia haver qualquer atraso. Era chegada a hora do êxodo tão esperado.
A morte dos primogênitos do Egito representa a queda de Satanás e de todos os seus
asseclas.
Os céus agora tinham motivos para festejar. Aquela persona non grata do Diabo
finalmente deixara as regiões celestes. Porém, os que habitam na terra (Israel), e os que
habitam no mar (gentios) deveriam estar precavidos, porque Satanás descera até eles
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com grande ira, sabendo que tinha pouco tempo pela frente para levar à cabo o seu
intento. O Diabo estava disposto a correr atrás do seu prejuízo. Assim como Faraó que,
mesmo tendo permitido a saída dos hebreus, resolveu partir em sua recaptura (Êx.14).
“Quando o dragão se viu lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o
filho varão. E foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que voasse até
o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um
tempo, fora da vista da serpente” (vs.13-14). Não devemos entender a mulher como
sendo os judeus como um todo, mas aqueles que deram origem à igreja neo-
testamentária. Trata-se, portanto, dos remanescentes de Israel. A Igreja de Cristo deu
seqüência à santa extirpe na Terra. A figura da águia fala do poder renovador com o
qual Deus capacitaria o Seu povo (Sl.103:5; Is.40:31). Também aponta para o fato de
que fora a provisão do Senhor que os tirara do “Egito espiritual”, e não as suas próprias
forças. Foi o próprio Deus que falou a Israel: “Vistes o que fiz aos egípcios, como vos
levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim” (Êx.19:4). E quanto a estar fora da vista
da serpente? Quando Faraó e seu poderoso exército marchavam em direção aos filhos
de Israel para recapturá-los, a coluna de nuvem se tornou densa e escura e pôs-se entre
os hebreus e os seus perseguidores. Para o povo de Deus, a nuvem clareava o caminho,
enquanto que, para os egípcios era total escuridade, “de maneira que em toda a noite
este e aqueles não puderam aproximar-se” (Êx.14:20). Ainda que estivessem próximos
uns dos outros, os hebreus eram guardados fora da vista de Faraó.
João relata que de repente, “a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher,
água como um rio, a fim de fazer com que ela fosse arrebatada pela corrente. Mas a
terra ajudou a mulher, abrindo a sua boca e engolindo o rio que o dragão lançara da
sua boca” (vs.15-16).