Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
php)
1. Definições
Resenha-resumo:
É um texto que se limita a resumir o conteúdo de um livro, de um capítulo, de
um filme, de uma peça de teatro ou de um espetáculo, sem qualquer crítica ou
julgamento de valor. Trata-se de um texto informativo, pois o objetivo principal é
informar o leitor.
Resenha-crítica:
É um texto que, além de resumir o objeto, faz uma avaliação sobre ele, uma
crítica, apontando os aspectos positivos e negativos. Trata-se, portanto, de um
texto de informação e de opinião, também denominado de recensão crítica.
2. Quem é o resenhista
A resenha, por ser em geral um resumo crítico, exige que o resenhista seja
alguém com conhecimentos na área, uma vez que avalia a obra, julgando-a
criticamente.
3. Objetivo da resenha
4. Veiculação da resenha
5. Extensão da resenha
Devem constar:
O título
A referência bibliográfica da obra
Alguns dados bibliográficos do autor da obra resenhada
O resumo, ou síntese do conteúdo
A avaliação crítica
7. O título da resenha
O texto-resenha, como todo texto, tem título, e pode ter subtítulo, conforme os
exemplos, a seguir:
Nome do autor
Título da obra
Nome da editora
Data da publicação
Lugar da publicação
Número de páginas
Preço
Pode-se também resumir de acordo com a ordem dos fatos, das partes e dos
capítulos.
"Na apresentação, textos curtos definem os diferentes tipos de gordura e suas formas
de atuação no organismo. Na introdução os médicos explicam numa linguagem
perfeitamente compreensível o que é preciso fazer (e evitar) para manter o coração
saudável.
"Língua e liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino"
(L&PM, 1995, 112 páginas), do gramático Celso Pedro Luft, traz um conjunto de idéias
que subvertem a ordem estabelecida no ensino da língua materna, por combater,
veementemente, o ensino da gramática em sala de aula.
Mais um exemplo:
Outra parcela da sociedade, por sua vez, considerou tal veredito como a aceitação de
"novidades imorais de nossa época". Alguns dias depois, as opiniões foram novamente
divididas diante da estatística publicada pela Organização Mundial do Trabalho, segundo a
qual 73 milhões de menores entre 10 e 14 anos de idade trabalham em todo o mundo. Para
alguns isso é uma violência, para outros um fato normal em certos quadros sócio-
econômico-culturais.
Essas e outras discussões muito atuais sobre a população jovem só podem pretender
orientar comportamentos e transformar a legislação se contextualizadas, relativizadas.
Enfim, se historicizadas. E para isso a "História dos Jovens" - organizada por dois
importantes historiadores, o modernista italiano Giovanno Levi, da Universidade de Veneza,
e o medievalista francês Jean-Claude Schmitt, da École des Hautes Études em Sciences
Sociales - traz elementos interessantes.
11. A crítica
A resenha crítica não deve ser vista ou elaborada mediante um resumo a que se
acrescenta, ao final, uma avaliação ou crítica. A postura crítica deve estr presente
desde a primeira linha, resultando num texto em que o resumo e a voz crítica do
resenhista se interpenetram.
Margaret Atwood, 56, é uma escritora canadense famosa por sua literatura de tom
feminista. No Brasil, é mais conhecida pelo romance "A mulher Comestível" (Ed. Globo). Já
publicou 25 livros entre poesia, prosa e não-ficção. "A Noiva Ladra" é seu oitavo romance.
É a história de três amigas, Tony, Roz e Charis, cinqüentonas que vivem infernizadas
pela presença (em "flashback") de outra amiga, Zenia, a noiva ladra, inescrupulosa "femme
fatale" que vive roubando os homens das outras.
Vilã meio inverossímel - ao contrário das demais personagens, construídas com certa
solidez -, a antogonista Zenia não se sustenta, sua maldade não convence, sua história não
emociona. A narrativa desmorona, portanto, a partir desse defeito central. Zenia
funcionaria como superego das outras, imagem do que elas gostariam de ser, mas não
conseguiram, reflexo de seus questionamentos internos - eis a leitura mais profunda que se
pode fazer desse romance nada surpreendente e muito óbvio no seu propósito.
Segundo a própria Atwood, o propósito era construir, com Zenia, uma personagem
mulher "fora-da-lei", porque "há poucas personagens mulheres fora-da-lei". As
intervenções do discurso feminista são claras, panfletárias, disfarçadas de ironia e humor
capengas. A personagem Tony, por exemplo, tem nome de homem (é apelido para Antônia)
e é professora de história, especialista em guerras e obcecada por elas, assunto de
homens: "Historiadores homens acham que ela está invadindo o território deles, e deveria
deixar as lanças, flechas, catapultas, fuzis, aviões e bombas em paz".
Outras alusões feministas parecem colocadas ali para provocar riso, mas soam apenas
ingênuas: "Há só uma coisa que eu gostaria que você lembrasse. Sabe essa química que
afeta as mulheres quando estão com TPM? Bem, os homens têm essa química o tempo
todo". Ou então, a mensagem rabiscada na parede do banheiro: "Herstory Not History",
trocadilho que indicaria o machismo explícito na palavra "História", porque em inglês a
palavra pode ser desmembrada em duas outras, "his" (dele) e story (estória). A sugestão
contida no trocadilho é a de que se altere o "his" para "her" (dela).
Mesmo aí, prevalecem as artificiais inserções de fundo histórico, sem pé nem cabeça, no
meio do texto ficcional, efeito da pesquisa que a escritora - em tom cerimonioso na página
de agradecimentos - se orgulha de ter realizado.
Estadista de mitra
Como será visto na História esse contraditório papa João Paulo II, o único não-italiano
nos últimos 456 anos? Um conservador ou um progressista? Bom ou mau pastor do imenso
rebanho católico? Sobre um ponto não há dúvida: é um hábil articulador da política
internacional. Não resolveu as questões pastorais mais angustiantes da Igreja Católica em
nosso tempo - a perda de fiéis, a progressiva falta de sacerdotes, a forma de pôr em
prática a opção da igreja pelos pobres -; tornou mais dramáticos os conflitos teológicos
com os padres e os fiéis por suas posições inflexíveis sobre o sacerdócio da mulher, o
planejamento familiar, o aborto, o sexo seguro, a doutrina social, especialmente a Teologia
da Libertação, mas por outro lado, foi uma das figuras-chave na desarticulação do
socialismo no Leste Europeu, nos anos 80, a partir da sua atuação na crise da Polônia. É
uma voz poderosa contra o racismo, a intolerância, o consumismo e todas as formas
autodestrutivas da cultura moderna. Isso fará dele um grande papa?
Opus Dei - O livro começa descrevendo a personalidade de João Paulo II, faz um bom
resumo da História da Polônia e sua opção pelo Ocidente e pela Igreja Católica Romana (em
vez da Ortodoxa Grega, que dominava os vizinhos do Leste), fala da relação mística de
Wojtyla com o sofrimento, descreve sus brilhante carreira intelectual e religiosa, volta à sua
infância, aos seus tempos de goleiro no time do ginásio ""um mau goleiro", dirá mais tarde
um amigo), localiza aí sua simpatia pelos judeus, conta que ele decidiu ser padre em meio
ao sofrimento pela morte do pai, destaca a complacência de Pio XII com o nazismo, a ajuda
à Opus Dei (a quem depois João Paulo II daria todo o apoio), demora-se demais nos
meandros da política do bispo e cardeal Wojtyla, cresce jornalisticamente no capítulo sobre
a eleição desse primeiro papa polonês, mostra como ele reorganizou a Igreja, discute suas
posições conservadoras sobre a Teologia da Libertação e as comunidades eclesiais de base,
CEBs, na América latina, descreve sua decisiva atuação na política do Leste Europeu, a
derrocada do comunismo, e termina com sus luta atual contra o demônio pós-comunista.
Agora o demônio, o perigo mortal para a humanidade, é o capitalismo selvagem e o
"imperialismo contraceptivo" dos EUA e da ONU.
Szulc, o escritor-míssil, não se desvia do seu alvo nem quando vê um assunto saboroso
como a Cúria do Vaticano, que diz estar cheia de puxa-sacos e fofoqueiros com
computadores, nos quais contabilizam trocas de favores, agrados, faltas e rumores. O sutil
jornalista Gay Talese não perderia um prato desses.
Entretanto, Szulc está sempre atento às ações políticas do papa. Nota que João Paulo II
elevou a Opus Dei à prelatura pessoal enquanto expurgou a Companhia de Jesus por seu
apoio à Teologia da Libertação; ajudou a Opus Dei a se estabelecer na Polônia, beatificou
rapidamente seu criador, monsenhor Escrivã. Como um militar brasileiro dos anos 60,
cassou o direito de ensinar dos padres Küng, Pohier e Curran, silenciou os teólogos
Schillebeeckx (belga), Boff (brasileiro), Häring (alemão) e Gutiérrez (peruano), reduziu o
espaço pastoral de dom Arns (brasileiro). Em contrapartida, apoiou decididamente o
sindicato clandestino polonês, a Solidariedade. Fez dobradinha com o general dirigente
polonês Jaruzelski contra Brejnev, abrindo o primeiro país socialista, que abriu o resto. O
próprio Gorbachev reconhece: "Tudo o que aconteceu no Leste Europeu nesses últimos
anos teria sido impossível sem a presença deste papa".
Talvez seja assim também com relação ao que acontece com as religiões cristãs no
nosso continente. Tad Szulc, com cautela, alerta para a penetração, na América Latina, dos
evangélicos e pentecostais, que o próprio Vaticano chama de "seitas arrebatadoras". A
participação comunitária e o autogoverno religioso que existia nas CEBs motivavam mais a
população. Talvez seja. Acrescentando-se a isso o lado litúrgico dos evangélicos que
satisfaz o desejo dos fiéis de serem atores no drama místico, não tanto espectadores, tem-
se uma tese.
Essa fundamentação lingüística de que lança mão - traduzida de forma simples com fim
de difundir assunto tão especializado para o público em geral - sustenta a tese do Mestre, e
o leitor facilmente se convence de que aprender uma língua não é tão complicado como faz
ver o ensino gramaticalista tradicional. É, antes de tudo, um fato natural, imanente ao ser
humano; um processos espontâneo, automático, natural, inevitável, como crescer.
Consciente desse poder intrínseco, dessa propensão inata pela linguagem, liberto de
preconceitos e do artificialismo do ensino definitório, nomenclaturista e alienante, o aluno
poderá ter a palavra, para desenvolver seu espírito crítico e para falar por si.
Embora Língua e Liberdade do professor Celso Pedro Luft não seja tão original quanto
pareça ser para o grande público (pois as mesmas concepções aparecem em muitos
teóricos ao longo da história), tem o mérito de reunir, numa mesma obra, convincente
fundamentação que lhe sustenta a tese e atenua o choque que os leitores - vítimas do
ensino tradicional - e os professores de português - teóricos, gramatiqueiros, puristas - têm
ao se depararem com uma obra de um autor de gramáticas que escreve contra a gramática
na sala de aula.