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HISTÓRIA DO CEARA – AIRTON DE FARIAS (Mestre em História

Social pela UFC, Licenciado em História pela UECE, Bacharel em Direito pela UFC e
autor de História do Ceará, História da Sociedade Cearense e Além das Armas).

UNIDADE 1
A CONQUISTA DO LITORAL CEARENSE

O povoamento humano do atual território do Ceará começou h á milhares de


anos, conforme indicam as pesquisas arqueológicas. Há fósseis também no estado,
alguns de dinossauros, anteriores à presença dos homens, evidenciando a evolução das
espécies e as diferença de clima e vegetação do passado em relação ao presente.
Existem igualmente restos de mamíferos gigantes que chegaram a conviver com
humanos.
1.1. O Quase Abandono do Siará

No século XVI, o Siará ficou praticamente esquecido por Portugal, devido,


sobretudo, à falta d e grandes atrativos econômicos – não ti nha ouro, prata, especiarias,
etc., e suas riquezas (como sal, âmbar-gris, macacos, papa gaios, etc.), não eram lá muito
lucrativas. Prova do abandono cearense é que o primeiro donatário da capitania,
Antônio Cardoso de Barros, nunca veio colonizar suas posses.
A presença do espanhol Vicente Pinzón, em janeiro de 1500, par a alguns
autores, teria feito do Ceará o “verdadeiro” local do “descobrimento” do Brasil. Há
muita controvérsia sobre isso.
Foi apenas no sé culo XVII que Portu gal decidiu colonizar o litoral cearense,
por razões estr atégico-militares: defender a faix a l itorânea setentrional do Brasil contra
estrangeiros (em particular, os franceses, que chegaram a fundar u ma colônia no
Maranhão – A “França Equinocial”) e criar no Ceará uma base de apoio logístico que
facilitasse a conquista da região norte d a colônia (daí a História do Cea rá inicialmente
girar em torno de “fortes”).

1.2. As Tentativas de Conquista


A primeira tentativa oficial de coloniz ar do Ceará deu-se em 1603, com Pero
Coelho. Na condição de capitão -mor, esse açoriano or ganizou uma expedição, cujo
objetivo era explorar estas terras, comb ater piratas, fazer a paz com os í ndios e tentar
encontrar metais preciosos.
Após combater franceses e índios na Ibiapaba, Pero e seus hom ens
instalaram-se nas margens do rio Ceará, onde foi erguido o Forte de São Ti ago (a região
foi batizada de Nova Lusitânia). Não encontrando riquezas na re gião, Pero passou a
escravizar os índios. Como estes reagiram, Pero recuou e ergueu o Forte de São
Lourenço nas ribeiras do rio J aguaribe. Mas, como as “hostilidades” indígenas
continuavam, sofrendo os pesados efeitos da seca de 1605 -07, Pero Coelho viu-se
obrigado a deixar o Ceará, indo para o Rio Grande do Norte.
A se gunda t entativa de conquistar a terra cearense deu -se com os padres
jesuítas Francisco Pinto e Luis Filgueira, em 1607. A catequização e colonização
andavam juntas no Brasil – aumentava-se o número de cristãos e garantia- se a posse da
terra. Os dois religiosos fizeram praticamente o mesmo percurso de Pero Coelho, indo
arar n a Ibiapaba. Ali p rocuraram cristi anizar os nativos. Mas os índios lembravam
ainda dos maus tratos impostos por Pero Coelho. Assim, os nativos Tocariju atacaram
os jesuítas e mataram Francisco Pinto. Luis Filgueira conseguiu escapar, indo para o
Rio Grande do Norte.

1.3. Martim Soares Moreno

Outra tentativa de conquista do Ceará deu-se com Martim Soares Moreno.


A primeira vez que Moreno esteve no C eará foi com a fracassada b andeira de
Pero Coelho em 1603. Seis anos depois, em 1609, na condição de tenent e do forte dos
Reis Magos, já dava combate a traficantes franceses no litoral cearense.
Em 1611, com a ajuda de índios da região, chefiados por J acaúna, Moreno
fundou às margens do rio Ceará o Forte de S. Sebastião. No ano seguinte, apesar de suas
pretensões colonizadoras, foi convocado para combat er os franceses que haviam
fundado a França Equinocial no Maranhão.
Moreno só retornou ao Ceará em 1621, no cargo de capitão-mor. Encontrando
o Forte de S. Sebastião praticamente destruído, reconstruiu o possível, também
incentivando, sem muito êxito, a pecuária e a cana -de-açúcar.
A falta de recursos e d a atenção de Portugal fizeram com que Moreno se
retirasse do Ceará em 1631, dirigindo para Pernambuco, onde foi combater os
holandeses que então invadiam o Brasil. Anos depois, regressou às terras portuguesas,
não vindo mais ao Ceará. Na visão tradicional, tem-se Moreno como “ fundador” do
Ceará – tanto que é homenageado pelo escritor José de Alencar no livro Iracema.

1.4. Tempos Flamengos

No ano de 1630, os holandeses invadem Pernambuco na p retensão de


dominar a região açucareira e de encontrar outr as riquezas. Assim, em 1637, tropas
flamengas conquistam o forte cearense de São Sebastião. De início, contaram os
holandeses com o apoio dos índios. Depois, contudo, a “aliança” se d esfez, pois o
holandês não se diferenciava do português no mau trato do índio. Revoltados, em 1644,
os nativos atacaram e destruíram o fortim, trucidando os holandeses.

Os flamengos retornam em 1649, sob o mando do capitão Matias Beck, em


busca de minas de prata. Erguem no monte Marajaitiba, nas margens do ri acho Pajeú, o
forte de Schoonemborch, em torno do qu al, depois, iria espontaneamente surgir a atual
cidade de Fortaleza.
Os holandeses ficam no Ceará até 1654, quando retiram-se em virtude de sua
derrota em Pernambuco e expulsão do Brasil. Sob a liderança do capitão -mor Álvaro de
Azevedo, os po rtugueses retomam a colonização e mudam o nome do forte para
Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção.
Bom atentar qu e por esse período o “Siará” esteve submisso a outras
entidades administrativas. Entre 1621 e 1656, foi gerenciado pelo Maranhão. De 1656 a
1799, esteve submetido a Pe rnambuco. Isso atrapalhou o crescimento material d a
capitania. Por anos, o “Siará” dos invasores europeus est ava restrito ao litoral. Isso,
contudo, mudaria a partir da segunda metade do séc. XVII com a conquista dos sertões
em função da pecuária.

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coronéis”. A baixa renta bilidade da pecuária ens ejava o uso do couro para a fabricação
de utensílios do dia-a -dia sertanejo – chapéus, roupas, bainhas d e faca, botas, etc. Era a
chamada “civilização do couro”.
Os rebanhos bovinos c earenses eram conduzidos pelos tangerinos par a a
venda em Pernambuco, Bahia e, posteriormente, nas Minas Gerais. Percorriam rudes
veredas, chamadas d e “estradas sertanejas”. Nos cruzamentos de muitas destas,
surgiram cidades, como Icó, Quixeramobim e Sobral.
Em pouco tempo, os sertões cearenses estavam c onquistados pelos invasores.
Para a expansão pastoril, contribuíram: a demanda dos mercados consumidores do
litoral açucareiro e da região mineradora, a fa cilidade na obtenção de sesmarias e de
novas terras, o crescimento vegetativo (mas não qualitativ o) dos rebanhos, as pastagens
abundantes (na época das chuvas), as vastas áreas sertanejas, o caráter salino do solo, a
exigência d e pouco capital e mão-de-obra na mo ntagem da fazenda e o próprio fato do
gado se auto-transportar.
Mas a venda de gado para o utras capitanias não era tão lucrativa assim – o
gado emagrecia, perdia-se, morria por ataque de feras, era assaltado. Havia ainda o peso
dos impostos. Assim, os criadores do gado do litoral passaram, no século XVIII, a
vender seus reb anhos na forma de charque (carne seca salgada ao sol), produzido nas
oficinas ou charqueadas. O charque, além de seu papel dentro da própria colônia,
apresentou destaque ta mbém no trafico de escravos entre o Brasil e os centros
comerciais de negros em África, especialmente Angola.

UNIDADE 3

OUTRAS ATIVIDADES ECONÔMICAS COLONIAIS

3.1. Charque

Para o desenvolvimento das charqueadas no litor al cearense, contribuíram os


ventos constantes e a b aixa umidade relativa do ar, a abundância de sal, as barras dos
rios acessíveis à nave gação de cabota gem da é poca, o grande rebanho cearense e o
próprio fato da técnica salineira não exigir muitos c onhecimentos e nem mui to
investimento.
As oficinas situavam -se na porção litorânea, próximas aos rios, de onde
levava-se a c arne s eca em sumacas a R ecife, Salvador e at é o Rio de J aneiro – ali
seria
alimento para pobres e escravos. Assim, destacaram-se como centros c harqueadores:
Aracati (na foz do rio Jaguaribe), A caraú, Sobral (rio Acaraú), Granja e Camocim (rio
Coreaú). Em tais oficinas, além de trabalhadores livres não absorvidos pela pecuária,
empregou-se mão-de-obra escrava, índia e negra, embora em escala pequena.
O charque traz mudanças socioeconômicas para o Ceará. Verificou-se uma
divisão de trabalho na capitania (áreas para criar gado e áreas para charquear), uma
maior integração política, cultural e comercial entre sertão e litoral, um crescimento do
pequeníssimo mercado interno local, o enriquecimento de um grupo de latifundiários e
comerciantes, o cr escimento de centros urbanos, como Aracati (o principal núcleo
charqueador e mais importante cidade do Ceará até pe lo menos a metade do séc. XIX)
e uma diversificação de produção (comercialização e até exportação de couro).
Não se sabe quando instalaram-se as primeir as charqueadas cearense s, mas o
certo é que essa atividade dominou o comércio cearense por todo o séc. XVIII.

Contudo, no final do citado século XV III, o charque local entrou em


decadência, devido às calamitosas secas do período (que dizimavam os rebanhos), a
concorrência com Rio Grande do Sul, e a atenção que os cearenses passaram a dar ao
algodão (que então alcançava bons preços no mercado externo).

3.2. Cotonicultura

O algodão já era cultivado pelos nossos índi os antes da invasão portu guesa.
Com a colonização, passou a ser cultivado como atividade de subsistência nas fazendas
de criar. Foi a partir do final do século XVIII que se des envolveu a cotonicultura no
Brasil e no Ceará. Isso d evido aos bons preços do algodão no mercado internacional e à
demanda da Inglaterra, que us ava a fibra em suas fábricas têxteis, típicas da primeira
fase da Revolução Industrial. Os preços também subiram devido a d esorganização da
produção dos EUA, que viviam sua Guerra de Independência (década de 1770).
Pela primeira vez o Ceará tinha um produto voltado diretamente para o
mercado internacional.
Fatores que favo receram a cotonicultura no Ceará: o clima qu ente e a
regularidade das chuvas (no sentido de que há uma época certa para o in verno e outra
para o verão), a fertilidade dos solos (praticamente virgens), o curto ciclo vegetativo do
algodão, a não ex igência de mui tos investimentos na lavou ra (facilidade de cultivo,
colheita, beneficiamento, etc.). Com isso, não só latifundiários dedicaram-s e à atividade,
mas também pequenos proprietários, agregados, moradores e arrendatários.
As principais regiões pro dutoras, inicialmente, eram os distritos de Fortaleza
e Aracati, além das serras de Baturité, Uruburetama, Meruoca, Pereiro e Aratanha.
No algodão cearense, ta mbém pouco empregou- se o negro escravo – o curto
ciclo vegetativo da fibra to rnava desv antajoso o emprego de muitos africanos. Era mais
barato usar mulheres e crianças ou a mão-de-obra livre não absorvida no pastoreio.
A cotonicultura e a p ecuária acomodaram-se um a à outra, d ando o rigem ao
chamado binômio gado-algodão. A r ama do algodoeiro servia de alimento ao boi na
época da estiagem e o animal adubava os solos com esterco.
A expansão da cotonicultura seria fundamental para separar o Ceará de
Pernambuco de 1799; até então, o comércio ex terno cearense era feito via porto do
Recife, o que encarecia o algodão local. Daí a por pressão de autoridades, comerciantes
e produtores para a separação cearense (embora continuasse a influência
pernambucana).
O comércio de algodão também favoreceu Fortaleza, que passou a crescer a
passos largos, superando Aracati (abalada com a crise do charque) e assumindo a
condição de principal núcleo urbano cearense na segunda metade do século XIX. Com a
separação d e Pernambuco, Fortaleza começou a ser dotada de uma infra-estrutura
administrativa (porto, estrada, alfândega, etc.), que possibilitou tornar-lhe o grande
centro coletor e exportador de algodão do Ceará.
No final do período colonial, devido à recuperação da cotonicultura dos EUA,
o algodão e, por conseqüência, o próp rio Ceará entraram em crise, o que contribuiu para
o envolvimento de cearenses na “Revolução” Pernambucana de 1817 e na Confederação
do Equador.
O auge do al godão cearense dar-se -ia n a s egunda metade do século X IX,
beneficiado com a desorganização da p rodução americana em virtude da Guerra da
Secessão (1861-65).

UNIDADE 4

CRIAÇÃO DE VILAS

Em 1699, Portugal autorizou a instalação da primeira vila do Ceará, chamada


de São J osé de Ribamar. Com isso, a metrópole desejava evitar os excessos dos
capitães-governadores e ter um maior controle sobre a elite latifundiária, envolvida em
lutas por terras e em grandes embates com índios, militares do Forte e religiosos.
Acontece que não houve especificação quanto ao local onde seria erguido o
pelourinho (coluna que simboli zava a elevação de uma localidade à condição de vila).
Isso deu margem a uma série de atritos entre o capitão -mor governador, padr es e os
“homens bons” (os latifundiários, que exerciam os cargos de v ereadores na Câmara
municipal da vila).
Tais disputas pela vila não passavam de um a maneira dos envolvidos
tentarem aumentar seus poderes e influência. Assim, por anos, o pe lourinho foi
deslocado entre o Forte de N. S. da Assunção (no qual residiam militares e religiosos), a
Barra do Ceará (a Vila Velha, habitada por mestiços e índi os c atequizados) e Aquiraz
(onde moravam os “homens bons”).
Em 1713, por fim, o pelourinho foi definitivamente instalado em Aquiraz –
daí o porquê de muitos historiadores afirmarem que Aquiraz foi a primeira capital do
Ceará (mas outros negam esse argumento, lembrando que o poder decisório quase
sempre esteve no forte).
No mesmo ano de 1713, contudo, Aquiraz foi atacada pelos índios na “Gue rra
dos Bárbaros”, quando morreram e saíram feridos muitos dos habitantes. A vila
esvaziou, pois quase todos foram procurar a segurança dos canhões da Fortaleza.
Em conseqüência, Fortaleza ganhou status de capital e, em 13 d e abril de
1726, foi elevada finalmente à condiç ão de vila. Mas sua importância e conômica era
muito pequena. Aquele era o período da expansão da pecuária nos sertões. Daí surgirem
vilas interioranas em fu nção do p astoreio, com o Icó (1738), Aracati (1748), Sobral
(1773), Granja (1773) e Quixeramobim (1789). A criação de vila era também uma
forma de estimular a produção e de controle sobre a população sertaneja.
Com a expulsão dos padres jesuítas do Brasil, em 1759, os aldeamentos
foram transformados em vil as, como foram o s casos de Viçosa do Ceará, Caucaia,
Parangaba (ainda em 17 59), Messejana (1760), Baturité e Cr ato (1764). Curioso que os
“diretores” administ radores das vilas indígenas passaram a explorar ou expulsar os
nativos, apossando-se das terras destes. Essa espoliação foi oficializ ada na segunda
metade do sé culo X IX, quando o governo provincial passou a d eclar que “não havia
mais índios no Siará”. Dessa forma, os remanescentes indígenas cada vez mais
perderam suas terras e até o “direito de existir”.
UNIDADE 5

O CEARÁ NAS REVOLTAS DO SÉCULO XIX

5.1. O Ceará na “Revolução” Pernambucana de 1817

A influência de P ernambuco sobre o Ceará era muito forte. Mesmo com a


autonomia políti co-administrativa obtida em 1799, a capitania cearense continuou
ligada econômica, social e politi camente às terras pernambucanas. Some- se a isso, os
efeitos da crise econômica e política (s eca, decadência do algodão), que também faziam-
se presente no Ceará. Assim, a adesão dos cearenses à “revolução”
pernambucana de 1817 parecia certa.
Essa “revolução” e ra infl uenciada pelas idéias ilumi nistas européias, visan do
a independência da colônia ante a exploração portuguesa. Tev e uma grande participação
de religiosos. Os rebeldes conseguiram apoio da Paraíba e do Rio Grande do Norte, mas
foram brutalmente derrotados.
A participação ce arense na “revolução” foi pequena – a crise do algodão não
atingira intensamente ainda a capitania. A elite praticamente não aderiu e as massas não
se mobilizaram. Além disso, o governador do Ce ará, Inácio de Sampaio, estava pronto
para reprimir qualquer movimento contra os interesses da coroa portuguesa.
Somente a família Alencar, na região do Cariri, aderiu ao movimento.
Os Alencar, sob a chefia de Dona Bárbara de Alencar, apoiaram a rev olta,
obtendo, de início, a neutralidade do capitão do Crato, José Pereira Filgueiras.
José Martiniano de Alencar (jovem seminarista e nviado por Pernambuco para
“revolucionar” o Ceará), no dia 3 de abril de 1817, em frente à igreja do Crato,
proclamou a República. Dali, marchou para o prédio da Câmara Municipal, onde,
apoiado por alguns “cabras”, depôs às autoridades monárquicas, soltou o s presos e içou
uma bandeira branca.
Os rebeldes tomaram ainda a vila de J ardim. Mas, o movimento era fr ágil,
não “sensibilizou” a população. Assim, sem apoio, os rebeldes ficaram isolados.
O movimento foi sufocado 8 dias após o início – 11 de abril de 1817.
Os membros da f amília Alencar e outros lí deres foram presos e enviados para
Fortaleza e, depois, Salvador (BA). Em 1821, acabaram anistiados.
O movi mento fora sufocado, mas su as causas não. O d escontentamento da
elite continuaria, o qu e futuramente prov ocaria, em 1824, a mais importante
mobilização rebelde da região, a Confederação do Equador.

5.2. O Ceará na Confederação do Equador (1824)

Em 1824, estourou em Pernambuco, propagando-se para outras províncias do


que hoje é chamado de Nordeste, a Confederação do Equador, um movimento liberal
(influenciado pelo Iluminismo, Revolução Francesa e independên cia dos EUA),
separatista (tinha o prop ósito de separar a re gião do restante do Brasil) e republicano
(desejava proclamar uma República) contra o auto ritarismo e centralismo do governo de
D. Pedro I (1822-31).
O C eará, tendo à frente os li berais (chefiado pel a família Alencar) aderiu ao
movimento devido à influência pernambucana sobre os cearenses, ao descontentamento
geral com a crise econômica da região e ao temor dos “patriotas” (liberais) em perder o
comando do Ceará para os “corcundas” (conservadores, aliados de D. Pedro I).
A dissolução da Assembl eia Constitui nte de 1823 e a outorga da Constit uição
de 1824 por D. Pedro I provocou protestos no Ceará. Em abril de 182 4, os liberais,
tendo à frente Pereira Fil gueiras e Tristão Gon çalves, depuseram o recém -nomeado
presidente da província (e aliado de D. Pedro I) Costa Barros.
Em agosto de 1824 escolheu-se como presidente definitivo da província
Tristão Gonçalves, deliberando-se pela anexação do Ceará à Confederação.
A revolta, entretanto, fracassaria – o Ceará foi a última província a se render.
Tristão Gonçalves morre em combate. Pereira Filgueiras se rendeu e f aleceu em Minas
Gerais. Pe. Mororó, Pess oa Anta, Francisco Ibiapina, Feliciano Carapinima e Azevedo
Bolão foram jul gados, condenados e fuzila dos no Campo da Pólvor a (Praça dos
Mártires/Passeio Públi co). José Martiniano de Al encar foi perdoado por D. Pedro I e
tornou-se aliado da monarquia daí em diante.

5.3. A Sedição de Pinto Madeira

Em 1831, D. P edro I abdicou ao trono do Brasil, em consequ ência da


oposição movida, sobretudo, pela elite latifundiária. Como o herdeir o, P edro de
Alcântara, tinha apenas 5 anos, até a maioridade deste, o P aís seria governado por
regentes. A fase regencial (1831-40) foi conturbada, com muitas revoltas.
Com a queda de D. Pedro, os liberais moderados, ligados à família Alencar,
chegaram ao governo cearense e passam a perseguir um grande desafeto: Pinto Madeira.
Joaquim Pinto Madeira era um coronel de milícias da vila de J ardim,
autoritário, absolutista e aliado de D. P edro I. Perseguido pelos liberais, pa ra escapar às
perseguições dos inimigos, Madeira articulou um a revolta, sob o pretexto que pretendia
o regresso de D. Pedro ao trono.
A causa principal da revolta, porém, era local e estava nas disputas entre os
coronéis de Crato, de tendência liberal, e de Jardim, de tendência absolutista, pelo
domínio político do Cariri cearense.
Exércitos formados por sertanejos humildes de Crato e Jardim travaram
sangrentos combates, nu m dos quais faleceria o liberal José Pinto Cidade. O governo
provincial cearense, entregue ao presidente José Mariano de Albuquerque, bem como o
governo regencial, com o mercenário francês Pedro Labatut, intervieram no confronto
contra Pinto Madeira.
Em outubro de 1832, Pinto Madeira rendeu-se. Após vários adiamentos, foi
julgado e considerado cu lpado pelo assassinato do citado J osé Pinto Cidade – isso por
pressão d e seu inimi go José Martiniano de Alencar, que então ocupava o governo
cearense. A Pint o Madeira não foi sequer dado o direito de recorrer da decisão, sendo
fuzilado no Crato em 1834.

O CEARÁ NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX

6.1. Abolicionismo no Ceará


Tradicionalmente consid era-se o Ceará como a primeira província do Brasil a
abolir a escravidão em 1884. Desde o início da colonização, se verificava a escravidão
negra no Ceará. Inexistia tráfico negreiro direto da África para o Ceará. Se mpre houve
resistência negra contra a escravidão, o que não descartava “negociações de cotidiano”.
Quatro anos antes da Lei Áurea, em 1884, a província “acabou” com o
sistema escravista, virando, para os bairristas, “terra da luz”, “berço da liberdade”, etc.
Mas a abolição não veio por “bondade” dos cearenses. Há explicações para
essa “precocidade”. Em primeiro lu gar, citaríamos o pequeno número de cativos e sua
menor influência na economia local – como vimos, a economia cearense , baseada no
binômio gado-algodão, não absolvia muita mão-de-obra escrava negra (assim, a
abolição não traria muitos abalos para a economia local).
Em segundo, poderíamos falar da p ressão da campanha abolicionista. C omo
no resto do Brasil, ocorreu uma influência marcante da cultura e uropéia sobre os
cearenses na se gunda metade do século X IX. As ide ias de “civilização”, “ progresso” e
“modernização” do Iluminismo, do positivism o e outros sistemas filosóficos choc avam -
se com uma instituição tão brutal como o sistema escravista. Por iss o, segmentos das
elites e das classes médias fundaram entidade s abolicionistas (como a “Sociedade
Cearense Libertadora” e o “Centro Abolicionista”), visando o fim do regime servil. Essa
campanha abolicionista, contudo, não visava u ma ruptura radical, mas ao fim da
escravidão de forma “ordeira”, priorizando a compra de cartas de alforria.
Em terceiro, citaríamos o tráfico interprovincial (a venda de escravos do
Nordeste p ara os cafezais do Sudeste), que dimi nuía ainda mais o número – e o peso
econômico – dos escravos locais. Também deve-se mencionar a questão das secas (era
inviável um grande núm ero de negros numa área sujeita a secas e, por conseguinte, à
fome, à sede, à doen ças, etc.) e a atuação dos seto res populares que aderiram à ideia
abolicionista – o maior e xemplo foi Francisco José do Nascimento, o “Dragão do M ar”,
que liderou o jangadeiros em vitoriosas greves em 1881, obj etivando impedir o
embarque de escravos no porto de Fortaleza.
Assim, em janeiro de 18 83, Acarape (atual Redenção) p assou para a his tória
nacional como o primeiro núcleo urbano a liberta r seus negros. Fortaleza deu liberdade
a seus cativos em 24 de maio de 1883. Finalmente, a 25 de março d e 1884 , promulgou -
se lei inviabilizando a escravidão na província – embora existam registros de cati vos no
Ceará em datas posteriores.

6.2. Economia

Na segunda metade do século XIX, o Ceará repr oduziu, em escala menor, a


expansão da economia brasileira.
O algodão cearense, cultivado comercialmente desde o final do século XVIII,
conheceu o apo geu na segunda metade do s éculo XIX, na década de 1860 precisamente
– isso porque os preços da fibra atingiram um alto patamar, em virtude da
desorganização da produção dos Estados Unidos (principais fornecedores das fábricas
inglesas), me rgulhados na brutal Guerra da Secessão (1861-65). Essa vultosa produção
algodoeira tinha em Fortaleza seu grande centro coletor e exportador.
Houve igualmente a ampliação das atividades tradicionais (como a pecuária)
e a diversificação da pauta de exportação, a ex emplo da borracha, açúcar e, com
destaque, o café, produto que chegou al gumas vezes a superar as exportações de
algodão, sendo cultivado em serras como Batur ité, Maranguape, Meruo ca, Aratanha,
Grande, Uruburetama e Araripe.
Ampliam-se os serviços urbanos e d e transpor tes (em 1870, inicia-se a
construção da EFB) e o comércio (com a instalação, inclusive, de negocistas
estrangeiros). Apesar des sa “modernização”, não se alterou a estrutura sócio -econômica
do Ceará, que terminou o século XIX em grave crise desse modelo agro - exportador e
comercial.
6.3 A Hegemonia de Fortaleza

A capital cearense assume na segunda metade d o século XIX , a condição de


principal núcleo econômico, político e social da província, superando Aracati. Para
tanto contribuíram: a) os capitais acumulados com o comércio algodoeiro e de outros
produtos; b) a centralização política da monarquia brasileira, que concorria para
concentrar nas capitais das províncias todo o poder decisório, beneficiando-as com
obras – assim, a condição de capital de Fortaleza transformo-a em ponto destacado na
recepção de obras e recursos; a) a construção e melhorias de estradas e ferrovias, como
a Estrada de Ferro Fortaleza-Baturité (EFB), inaugurada em 1873; d) e a intensa
migração rural-urbana, principalmente na época das secas
O crescimento de Fortaleza se evidencia em seu “aformoseamento”, ofertas
de serviços urbanos e adoção de uma infra- estrutura razoável. Passa a ter transporte
coletivo por bondes de tração animal, calçamento nas ruas centrais, linhas de telégrafo e
de vapor para a Europa e R io de Janeiro, iluminação à gás carbônico, telefonia,
biblioteca pública, bons educandários (como o Liceu e o Colé gio Imaculada
Conceição), seminário (da Prainha), jornais, etc.
É a chamada Belle Époq ue. A elite inspirava -se nos valores “civilizados” da
Europa – luvas, chapéus, casacos, nomes franceses, idé ias do velho mundo. O Passeio
Público era local de encontros e paqueras. Os intelectuais reuniam -se nos famosos
“cafés” (quiosques ) da Praça do Ferreira. Num desses cafés, o J ava, em 1892, formaria-
se a mais irônica e crític a associação de letrados cearenses, a Padaria Espiritual. Em sua
publicação, O Pão, hom ens como Adolfo C aminha, Antônio Sales, Lopes Filhos, entre
outros, criticavam os valores da época, defendiam a cultura popular e, de certo modo,
antecipavam a preocupação nacionalista da Semana de Arte Moderna paulista de 1922.
Em 1875, o engenheiro pernambucano Adolfo Herbster el abora um plano
urbanístico, objetivando disciplinar a expansão da cidade através do alinhamento de
suas ruas e da abertura de novas avenidas.
Os lucros do algodão, no entanto, reduzir-se-iam com a recuperação da
cotonicultura norte-americana na década de 1870. Com isso, o Ceará entr ou no século
XX em difícil situação econômica. Curiosamente, foi o algodão encalhado e os capitais
acumulados do comércio que possibilitaram a instalação das pequenas primeiras
fábricas têxteis cearenses.
Mas se Fortaleza conhec ia algum progresso material, o mesmo não se po dia
dizer dos sertões, onde imperava ainda a violência, a arbitrariedade e a e xploração da
massa pelos coronéis latifundiários. Os camponeses sofriam os males da concentração
da terra. Grupos de jagunços a serviço de coronéis lutavam por terra e influência
política, massacrando inocentes. Imperava a impunidade.
As secas, como a d e 1877-80, dizimavam de fome e sede milhares de
cearenses, outros muitos morriam nos surtos d e varíola. O povo migrava so bretudo para
a Amazônia, onde ia explorar os seringais.
Mas os oprimidos reagiram. Um dos meios foi através dos movim entos
messiânicos, em que o povo seguia um líder religioso em busca de dignidade, condições
de vida melhores e assistência espiritual. Foram líderes messiânicos nordestinos: padre
Ibiapina, padre Cícero, beato Zé Lourenço e o líder de Canudos (BA), Antônio
Conselheiro.
Outros nordestinos, no entanto, partiam para a violência como meio de
escapar da miséria. Formavam grupos de cangaceiros, saqueando, assaltando e
amedrontando e todos. O mais famoso líder do cangaço dos sertões foi Virgulino
Ferreira, o Lampião, morto apenas em 1938, em Sergipe.

UNIDADE 7
A OLIGARquia
Por oligarquia ac ciolina, entendemos o grupo político liderado pe lo
comendador No gueira Accioly, que domi nou de forma autoritária, nepótica, desp ótica,
corrupta e monolítica o Estado do Ceará, entre 1896 e 1912. Para tanto, foi fundamental
a adesão à política dos governadores (um mecanismo de apoio mútuo entre o presidente
da república e os governadores dos E stados, levando à formação de oligarquias), o apoio
dos coronéis latif undiários, à aliança com fortes grupos econômicos locais, a
prática de nepotismo, corrupção eleitoral e repressão às oposições.
No primeiro mandato de Acciol y (1896-1900), d estacaram-se a corrupção em
larga escala e o “caso d a vacina”, quando a oligarquia atritou -se com o farmacêutico
Rodolfo Teófilo, que criticava o descaso do governo ante um surto da doença.
O governo de Pedro Borges (1900-04), eleito para desmascar ar Accioly,
acabou s endo uma continuidade da oligarquia. Accioly foi ainda reeleito para dois
mandatos, em 1904 e 1908, respectivamente. Isso intensificou as ações dos
oposicionistas, integrados por oligarcas dissidentes do esqu ema governista, por
burgueses, pela classe média, por populares e até por coronéis.
Em 1910, chegava à Presidência da R epública o gaúcho Hermes da Fonseca.
Em seu período, verificou-se a ocorrência da chamada “política das salvações”, pela
qual militares e classe média promoveram pelo País levantes armados na pretensão de
derrubar as oligarquias e staduais e enfraquecer o senador Pinheiro Machado, o homem
forte da república. Uma das oligarquias “derrubadas” foi a de Accioly no Ceará.
Assim, para as el eições estaduais de 1912, as op osições cearenses lançaram,
dentro da “políti ca das salvações”, a candidatur a do tenente-coronel Marcos Franco
Rabelo para o governo, enquanto Accioly apontava como seu candidato o manipulável
Domingos Carneiro. A campanha foi bastante agitada e viol enta, tendo como clímax a
repressão do governo à “passeata das cri anças”, uma manifestação dos rabelistas, n a
qual morreram e saíram feridas diversas crianças.
Em conseqüência, a cidade de Fortaleza rebelou -se, mergulhando numa
verdadeira guerra civil (21 a 24 de janeiro de 1912). Para não perder a vida, Accioly
aceitou renunciar ao governo cearense. Em seguida, Franco Rabelo foi eleito para
governar o Ceará, sendo, porém, deposto dois anos depois, em 1914, na Sedição de
Juazeiro.
UNIDADE 8

PADRE CÍCERO

A trajetória d e Padre Cí cero Romão Batista foi de

polêmicas. Praticante de
um catolicismo popular, acabou entrando em atrito com a romanização promovida pela
alta cúpula d a Igreja Católica , isto é, com a polít ica de valorização dos dogmas e da
hierarquia católica p romovida a partir do fin al do século X IX pelo Vaticano . Cícero
nasceu no Craro-CE, em 1844 e insta lou-se em Juazeiro no ano de 1872, ganhando o
respeito da comunidade por seu tr abalho religioso. Em 1889, obteve destaque por ter
realizado um “milagre”, transformando em san gue uma hóstia na boca da beata Maria
de Araújo. Tal milagre n ão foi aceito pela cúpula católica, e Cícero acabou perseguido.
Ao contrário de Antônio Conselheiro em Canudos, Pe. Cícero aliou-se aos polí ticos e
oligarcas visando preservar J uazeiro dos ini migos. Para os críticos, ao envolver -se com
políticos, virou um “cor onel de batinas”. Juazeiro prosperou bastante em função do
“milagre”. A atuaç ão polít ica do Padre aumentou com a chegada d e Floro Bartolomeu,
seu “alter ego”. Cícero e Floro participariam da Sedição de Juazeiro, em 1914,
contribuindo para a qued a do governador cearense Franco R abelo. A morte de Floro em
1926 e a Revolução de 30 marcaram a decadência de Cícero. Nos últimos anos de vida,
tentou inutilmente recuperar os plenos poderes do sacerdócio. Faleceu em 1934.

UNIDADE 9
A SEDIÇÃO DE JUAZEIRO (1913-14)

Tal fato liga-se ao fracasso nacional da “política das salvações” – o pr esidente


Hermes da Fonseca, Pinheiro Machado e as oligarquias articularam revoltas armadas
nos estados, visando derrubar os governos “salvacionistas” no poder. Assim caiu Franco
Rabelo, o “salvador” cearense, eleito em 1912, após o fim da oligarquia acciolina.
Rabelo, inábil, em poucos meses perdeu o apoio de muitos dos políticos que o
tinham ajudado a chegar ao poder – daí porque a Assembléia Legislativa tentou, sem
êxito, votar o “impeachment” do “salvacionista”.
O governador das “salvações”, contudo, possuía o apoio dos fortalezenses,
temerosos da volta de Accioly e da fúria vin gativa deste. Diversas vez es, o povo da
capital cearense frustrou as pretensões golpistas dos opositores de Franco Rabelo.
Logo, os opositores concluíram que a única forma de acabar co m o
“salvador” seria com uma revolta vinda do interior para capital. Dessa maneira, com
apoio de H ermes d a Fonseca, Pinheiro Machado, Nogueira Accioly
João Brígido e
outros oligarcas, arquitetaram um plano golpista nos sertões, onde tinham o apoio do
deputado Floro Bartolomeu e do padre Cícero Romão Batista, de Juazeiro.
Floro e Cícero haviam si do aliados da oligarquia acciolina, e se constituíram
nas figuras c entrais da Sedição de J uazeiro. Os oposicionist as convocaram
extraordinariamente a Assembléia Legislativa e m J uazeiro e cassaram o mandato de
Rabelo. Este, de Fortaleza, enviou tropas para aquela cidade caririense, na pretensão de
derrotar os golpistas. O povo sertanejo, pensando ser uma a gressão ao s anto “Padim
Ciço”, dirigiu-se a Juazeiro, para lutar numa “guerra santa”.
Os homens de Rabelo cercaram Juazeiro, mas, após alguns meses de
combate, acabaram derrotados pelos seguidores de padre Cícero. Os golpistas, então,
marcharam sobre Fortaleza e obrigaram Rabelo a renunciar ao governo cearense (antes,
o presidente Hermes da Fonseca já havia decretado a intervenção no Estado).
Após a S edição de J uazeiro, houve um relativo equilíbrio entre as oli garquias
cearenses – nenhuma delas dominou sozinha o Estado, sendo o povo reprimido em suas
manifestações. Tal quadro se manteria até 1930, quando, com a “Revolução de 30”,
houve um reajuste das forças políticas locais.

UNIDADE 10

O CEARÁ NOS ANOS TRINTA

10.1. As Interventorias

Em 1930, Getúlio Varga s chegava à Pr esidência da Repúb lica através du ma


“revolução”. Iniciava-se uma nova era para o P aís: leis trabalhistas, industrialização de
base, centralismo político, etc.
Vitoriosa a “Revolução” de 30, passaram os Estad os a serem governados por
interventores – indicados por Getúlio e escolhidos entre os tenentes e civis que haviam
apoiado o golpe v arguista. Queria -se, assim, afastar dos governos estaduais as
oligarquias da República Velha e se colocar em prática as medidas centraliz adoras da
Era Vargas.
No Ceará, após o afastamento das oligarquais da primeira república, foi
nomeado interventor o médico Fernandes Távora (1931), que governou por pouco
tempo, pois continuou com as práticas políticas do período histórico anterior. Távora, na
realidade, era um dissidente das oligarquias “caídas” em 30.

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