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Preparatório para Técnico do Seguro Social (INSS) - Direito Administrativo

Aula 01 – Teoria Geral e Princípios da Administração Pública


Prof. Fabiano Pereira

Aula 01 – Teoria Geral e Princípios da Administração Pública

Olá!

Fico muito feliz em saber que você deseja conhecer os “atalhos” para
garantir uma excelente produtividade em seu concurso público. Doravante,
iremos estudar os principais tópicos do Direito Administrativo em
conformidade com as questões elaboradas pelas principais bancas
examinadoras do país, vislumbrando, assim, a aprovação no concurso para o
cargo de Técnico do Seguro Social – INSS.
Em relação ao nosso curso, tente alcançar o máximo de produtividade.
Para isso, é necessário e imprescindível que você resolva todas as questões que
forem apresentadas, bem como envie para o fórum todas as dúvidas que
surgirem. Independentemente de sua experiência em concursos públicos
(iniciante ou profissional), aproveite a oportunidade para esclarecer todos
aqueles pontos que não foram bem assimilados durante a aula.
No mais, lembre-se sempre de que o curso está sendo desenvolvido para
atender às suas necessidades, portanto, as críticas e sugestões serão
prontamente acatadas, caso sirvam para aumentar a produtividade das aulas
que estão sendo ministradas.
Caso você ainda tenha alguma dúvida sobre a organização ou
funcionamento do curso, fique à vontade para esclarecê-las através do e-mail
fabianopereira@pontodosconcursos.com.br.

Até a próxima aula!

Fabiano Pereira
fabianopereira@pontodosconcursos.com.br

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SUMÁRIO – Teoria Geral do Direito Administrativo

1. Conceito de Direito Administrativo .............................................. 03


1.1. Critério legalista ou exegético ......................................... 03
1.2. Critério do Poder Executivo ............................................. 03
1.3. Critério do serviço público ............................................... 03
1.4. Critério das relações jurídicas .......................................... 04
1.5. Critério teleológico ou finalístico ..................................... 04
1.6. Critério negativista ou residual ....................................... 04
1.7. Critério da Administração Pública .................................... 04

2. Função de governo e função administrativa ................................ 07

3. Fontes do Direito Administrativo ................................................ 11

4. Sistemas administrativos ........................................................... 14

4.1. Sistema do contencioso administrativo ........................... 15

4.2. Sistema de jurisdição única ............................................. 16

5. Regime jurídico-administrativo ................................................... 18

6. Resumo de Véspera de Prova – RVP ............................................ 21

7. Princípios do Direito Administrativo ............................................ 24

8. Questões comentadas .................................................................. 76

9. Relação de questões com gabaritos ........................................... 100

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1. Conceito de Direito Administrativo


São vários os critérios utilizados pela doutrina para conceituar o Direito
Administrativo, portanto, é necessário que você conheça as principais
características de cada um deles para responder às questões de prova:

1.1. Critério legalista ou exegético


Por esse critério, o Direito Administrativo era compreendido como
sinônimo de direito positivo, ou seja, um conjunto de leis administrativas
que regulam a Administração Pública de um determinado Estado.
Foram várias as críticas apresentadas contra esse critério, pois limitava o
Direito Administrativo a um conjunto de leis, desconsiderando os princípios, a
doutrina e a jurisprudência, que também integram o campo de abrangência
dessa importante disciplina.

1.2. Critério do Poder Executivo


Segundo o critério do Poder Executivo, o Direito Administrativo pode ser
conceituado como o conjunto de princípios e regras que disciplina a
organização e o funcionamento do Poder Executivo.
Por razões óbvias, esse conceito não conseguiu se fixar, pois é
incontroverso que os Poderes Legislativo e Judiciário também exercem
funções administrativas regidas pelo Direito Administrativo. É o que ocorre,
por exemplo, quando o Presidente de Tribunal de Justiça publica ato de
remoção de magistrado para outra comarca. Nesse caso, o procedimento será
regido pelo Direito Administrativo.
Ademais, é importante destacar que o Poder Executivo não se restringe
ao exercício de atividades administrativas, também exercendo funções
políticas ou de governo.

1.3. Critério do serviço público


Seguido por Duguit, Bonnard e Gastón Jèze, o critério do serviço público
restringia o Direito Administrativo à organização e prestação de serviços
públicos, não fazendo nenhuma distinção entre a atividade jurídica do Estado e
o serviço público, que é atividade material.

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Entretanto, é sabido que várias são as atividades finalísticas exercidas


pela Administração Pública, a exemplo do fomento, polícia administrativa e
intervenção administrativa, o que tornou esse critério insuficiente para a
conceituação do Direito Administrativo.

1.4. Critério das relações jurídicas


Define o Direito Administrativo como um conjunto de normas
responsáveis por regular as relações entre a Administração e os
administrados.
Apesar de ser defendido por Otto Mayer e Laferrière, trata-se de um
critério muito restritivo e incompleto, pois outros ramos do Direito também
regulam as relações entre os particulares e a Administração, a exemplo do
Direito Tributário, Direito Constitucional, Direito Penal, dentre outros.

(CESPE/Procurador – TC DF/2012) De acordo com o critério legalista, o


direito administrativo compreende o conjunto de leis administrativas vigentes no
país, ao passo que, consoante o critério das relações jurídicas, abrange o
conjunto de normas jurídicas que regulam as relações entre a administração
pública e os administrados. Essa última definição é criticada por boa parte dos
doutrinadores, que, embora não a considerem errada, julgam-na insuficiente
para especificar esse ramo do direito, visto que esse tipo de relação entre
administração pública e particulares, também se faz presente em outros ramos.
Assertiva considerada correta pela banca examinadora.

1.5. Critério teleológico ou finalístico


Esse critério apresenta o Direito Administrativo como o conjunto de
princípios e regras que disciplina a atividade material do Estado (atividade
administrativa) voltada para o cumprimento de seus fins coletivos.
Em que pese ter sido defendido inclusive por Oswaldo Aranha Bandeira de
Mello (com algumas ressalvas), esse critério associou o Direito Administrativo
aos fins do Estado, o que o tornou impróprio.

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1.6. Critério negativista ou residual


Tem por objeto as atividades desenvolvidas pela Administração Pública
para a consecução de seus fins estatais, excluindo-se as atividades legislativa
e judiciária. Também é insuficiente este critério, pois restringe o Direito
Administrativo à atividade a ser exercida.

1.7. Critério da Administração Pública


Pelo critério da Administração Pública, o Direito Administrativo pode ser
definido como um conjunto de princípios e regras que regulam a
Administração Pública.
No Brasil esse critério foi adotado por Hely Lopes Meirelles, que o utilizou
na elaboração de seu conceito de Direito Administrativo, que estudaremos na
sequência.
No concurso público realizado para o cargo de Procurador do
Distrito Federal, no ano de 2007, a ESAF considerou correta a seguinte
assertiva: “Na busca de conceituação do Direito Administrativo
encontra-se o critério da Administração Pública, segundo o qual,
sinteticamente, o Direito Administrativo deve ser concebido como o
conjunto de princípios que regem a Administração Pública”.

Não é comum você encontrar em provas questões versando sobre os critérios


utilizados para conceituar o Direito Administrativo. No mesmo sentido, também não
são comuns questões abordando o conceito de Direito Administrativo formulado pelos
principais doutrinadores. De qualquer forma, em respeito ao “princípio da precaução”,
aconselho que você conheça os mais relevantes para fins de concursos públicos.

A professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro conceitua o Direito


Administrativo como “o ramo do direito público que tem por objeto órgãos,
agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração
Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se
utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública”.
Esse conceito já foi explorado em provas da ESAF, mais
precisamente no concurso para o cargo de Técnico da Receita Federal,
realizado no ano de 2003, vejamos:

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Primeiramente, é válido ressaltar que não está inserida no âmbito do


Direito Administrativo a atividade legislativa do Estado, já que abstrata (tem
por objetivo regular uma quantidade indeterminada de situações futuras que
se enquadrem nos termos da lei). O Direito Administrativo restringe-se às
atividades concretas (específicas), a exemplo da prestação de serviços
públicos, a construção de escolas e hospitais, a nomeação de aprovados em
concursos públicos, o exercício de polícia administrativa etc.
A atividade administrativa é também uma atividade direta, pois o
Estado é “parte” nas relações jurídicas de direito material e não precisa ser
provocado para agir (não precisa ser acionado por um particular para tapar
um buraco na rua, por exemplo). A Administração pode tapar o buraco
independentemente de solicitação do particular. Indireta é a atividade do
Poder Judiciário, pois necessita de provocação para que seja aplicada a um
caso em concreto (em regra, o Poder Judiciário somente atuará após a
propositura de eventual ação judicial).
Por último, lembre-se de que a atividade administrativa é imediata e,
portanto, de sua atuação fica afastada a atividade mediata do Estado, que é a
denominada “ação social” (atividade de traçar as diretrizes sociais que devem
ser seguidas pelo Estado), que incumbe ao Governo.

2. Função de governo e função administrativa

Será que existem diferenças entre as expressões “governar” e


“administrar”? Podemos considerá-las expressões sinônimas?
Bem, eis uma dúvida que surge com muita frequência, mas que pode ser
facilmente dirimida.
Para responder às questões de prova, lembre-se sempre de que a função
de governo (também denominada de “função política”) não se confunde com
a função administrativa.
A primeira é responsável pelo estabelecimento de metas, objetivos e
diretrizes que devem orientar a atividade administrativa, sempre pautada no
texto constitucional e caracterizando-se por ser uma atividade soberana
(porque somente se subordina ao texto constitucional), de comando e
direção. São aquelas que se relacionam com a superior gestão da vida política
do Estado e que são essenciais à sua própria existência, a exemplo da
decretação de intervenção federal, a celebração de tratados internacionais, a

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sanção ou veto a projeto de lei, entre outros. São atividades de comando,


coordenação, direção e planejamento.
A segunda (função administrativa) é atividade subalterna (de execução),
porque está inteiramente subordinada à lei e tem por objetivo simplesmente
executar as políticas públicas que foram traçadas pela primeira (função de
governo).
O Governo é exercido pelos poderes Executivo e Legislativo, que,
conjuntamente, são responsáveis por elaborar as políticas públicas e diretrizes
que devem embasar a atuação da Administração Pública. O Poder Judiciário
não exerce função de governo, apesar de possuir a prerrogativa de controlá-
la, quando forem violados os limites constitucionais.
Como o nosso objetivo é ser aprovado em um concurso público,
preferencialmente aqueles que esbarram na remuneração de R$ 15.000,00
(quinze mil reais), vamos começar a “inventar” exemplos para que você possa
assimilar o conteúdo. Se você acertar a questão na prova lembrando-se do
exemplo, já estou satisfeito!
Exemplo: Analisemos a notícia abaixo, veiculada no site globo.com, em
03/03/2009, de autoria dos jornalistas Soraya Aggege e Catarina Alencastro.

“Desmatamento: Amazônia perdeu duas cidades do Rio em 6


meses

O desmatamento na Amazônia Legal atingiu pelo menos 2.639


quilômetros quadrados de agosto de 2008 a janeiro deste ano, o
equivalente a uma área superior ao dobro da cidade do Rio de
Janeiro. Os dados foram divulgados nesta terça pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Aeroespaciais (Inpe)”.

Ficou assustado com a notícia? O Presidente da República também.


Sendo assim, no ano de 2009 ele convocou uma reunião extraordinária com o
Ministro do Meio Ambiente e com o Presidente do Congresso Nacional para
discutir a elaboração de políticas públicas com o objetivo de reduzir o nível de
desmatamento na Amazônia.
Na reunião, ficou acertado que o Poder Executivo enviaria para o
Congresso Nacional um projeto de lei criando regras mais restritivas ao
desmatamento na Amazônia, bem como proposta de criação de mais 2.000
(dois mil) cargos públicos de fiscalização perante os órgãos e entidades que
integram o Sistema Nacional do Meio Ambiente. Por outro lado, o Poder
Legislativo assumiu o compromisso de aprovar o referido projeto.

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Pergunta: Na reunião acima, diante dos “acordos” e das decisões que


foram tomadas, colocou-se em prática a função de governo ou a função
administrativa?
É lógico que a função de governo! Mas por quê? Porque foram apenas
estabelecidas diretrizes e políticas públicas para reduzir o índice de
desmatamento. Até agora, a conversa está só na vontade, na teoria. Ninguém
ainda colocou em prática as novas propostas com o objetivo de realmente
diminuir o índice de desmatamento.
Pergunta: Quem vai para o interior da floresta fiscalizar se os
madeireiros estão cortando árvores ilegalmente? O Presidente da República, o
Ministro de Estado ou Presidente do Congresso Nacional?
Nenhum deles! O Presidente da República e o Ministro do Meio Ambiente
(Poder Executivo), juntamente com o Presidente do Congresso (Legislativo),
são responsáveis apenas por elaborar e aprovar as políticas públicas de
combate ao desmatamento, conforme lhes autoriza a Constituição Federal
(função de governo).
Por outro lado, quais serão os órgãos e entidades responsáveis por
executar as políticas públicas que foram estabelecidas pelo Governo,
fiscalizando o cumprimento da referida lei quando esta entrar em vigor e
começar a produzir os seus efeitos?
A Administração Pública, através da função administrativa, ou seja,
de seus órgãos e entidades incumbidos de atividades de execução. No
exemplo apresentado, ficará sob a responsabilidade do IBAMA, bem como dos
demais órgãos e entidades de proteção e fiscalização do meio ambiente, a
missão de “colocar a mão na massa” para “fazer valer” a lei que foi
“pensada” e aprovada pelo governo.
Analisemos, agora, outra notícia postada recentemente (06/06/2012) no
mesmo site (G1.com.br), de autoria de Priscilla Mendes:

Amazônia Legal tem menor índice de desmatamento dos últimos


23 anos
Entre agosto de 2010 e julho de 2011, floresta perdeu 6.418 km²
de área. Dado consolidado do governo mostra alta de 180 km² no
desmatamento.

Bem, fazendo-se uma análise conjunta das notícias postadas no site nos
anos de 2009 e 2012, parece que a reunião realizada entre o Presidente da
República, Ministro do Meio Ambiente e Presidente do Congresso Nacional
começaram a produzir os seus efeitos.

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Existem autores que somente consideram como fontes do Direito


Administrativo as normas constitucionais e os atos normativos primários, ou
seja, aqueles que encontram amparo no texto constitucional, a exemplo das
espécies legislativas previstas nos artigos 59 e 84, VI da CF/88.
Entretanto, apesar de tal entendimento, as bancas examinadoras têm
optado por considerar qualquer ato normativo, seja primário ou secundário,
como fonte do Direito Administrativo.
É claro que existem matérias que devem ser disciplinadas exclusivamente
por lei formal (aprovada pelo processo legislativo previsto na Constituição
Federal), a exemplo do que ocorre quando a Administração visa interferir na
esfera de atuação dos particulares ou, ainda, quando a Constituição Federal
expressamente a requer.
Por outro lado, caso a Administração tenha por objetivo regular questões
administrativas internas ou desenvolver atividades que não restrinjam
liberdades individuais, poderá se valer dos atos normativos secundários (atos
administrativos).

3.1.1. Tratados e acordos internacionais


Não restam dúvidas de que os tratados e acordos internacionais, quando
versarem sobre matérias afetas à Administração Pública, também serão fontes
do Direito Administrativo.
A Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, por exemplo,
impõe aos seus signatários (inclusive o Brasil) a obrigatoriedade de adoção de
vários instrumentos de controle da Administração Pública, além da
necessidade de criação de outras medidas que aumentem a transparência dos
gastos públicos e atos praticados por servidores.
A Convenção foi assinada em 9 de dezembro de 2003, na cidade de
Mérida, no México, tendo sido posteriormente ratificada pelo Decreto Legislativo
nº 348, de 18 de maio de 2005 , e promulgada pelo Decreto Presidencial nº
5.687, de 31 de janeiro de 2006.

3.2. A jurisprudência
Podemos conceituar a jurisprudência com o conjunto reiterado de
decisões dos Tribunais, acerca de um determinado assunto, no mesmo
sentido. É válido esclarecer que várias decisões monocráticas (proferidas por
juízes de primeira instância, por exemplo) sobre um mesmo assunto, proferidas
no mesmo sentido, não constituem jurisprudência. Para que tenhamos a

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formação de jurisprudência, é necessário que as decisões tenham sido


proferidas nos Tribunais.
No Direito brasileiro, a jurisprudência não possui efeito vinculante, ou
seja, não obriga o órgão judiciário de instância inferior a decidir nos moldes do
entendimento jurisprudencial do Tribunal. Mesmo existindo um conjunto de
decisões proferidas anteriormente pelo Tribunal, em um mesmo sentido, o juiz
de instância inferior pode decidir em sentido contrário, pois é livre para formar
o seu convencimento.
É necessário que você tenha muita atenção para não confundir
jurisprudência com súmula. A primeira, conforme afirmado anteriormente,
trata-se de um conjunto de decisões, no mesmo sentido, sobre um mesmo
assunto (exemplo: atualmente, existem várias decisões do Superior Tribunal
de Justiça declarando que o candidato, desde que aprovado dentro do número
de vagas disponibilizadas no edital, possui direito líquido e certo à nomeação,
portanto, trata-se de jurisprudência), não possuindo caráter vinculante.
Já a segunda (súmula) é o enunciado que resume o entendimento de
um Tribunal a respeito de matéria que ele já tenha discutido reiteradas vezes,
não restando mais divergência a respeito. No caso dos candidatos aprovados
dentro do número de vagas, já seria perfeitamente possível a edição de uma
súmula pelo Superior Tribunal de Justiça, pois não existe mais discussão acerca
da existência do referido direito. Entretanto, a referida súmula ainda não foi
criada, restando apenas a jurisprudência para socorrer o candidato.
Atenção: Com a promulgação da EC 45/04, o Supremo Tribunal Federal
passou a ter a prerrogativa de editar súmulas vinculantes, com respaldo no
artigo 103-A da Constituição Federal de 1988. As súmulas vinculantes diferem
das súmulas “simples”, pois as primeiras, que somente podem ser editadas
pelo Supremo Tribunal Federal, devem ser obrigatoriamente obedecidas
pelos juízes de instâncias inferiores, ao contrário das súmulas “simples”, que
servem apenas de “orientação”, não possuindo cunho obrigatório.

3.3. Os costumes
O costume pode ser entendido como um conjunto de regras informais,
não escritas, praticado habitualmente no interior da Administração com a
consciência de que é obrigatório. Os costumes são considerados fontes do
Direito Administrativo porque, em vários momentos, suprem lacunas ou
deficiências existentes em nossa legislação administrativa.

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Os costumes não podem ser admitidos se violadores da legislação vigente


(contra legem). Sobre os costumes praeter legem (além da lei), ainda que
admitidos em algumas situações especiais, não criam normas impostas
obrigatoriamente aos agentes públicos. Pode ser que atualmente uma
determinada atividade administrativa esteja sendo exercida com base em
costume, o que não impõe a obrigatoriedade de sua manutenção para casos
futuros, já que a lei pode substituí-lo a qualquer momento.

(CESPE/Fiscal da Receita Estadual – SEFAZ AC/2009) Os costumes são


fontes do direito administrativo, não importando se são contra legem, praeter
legem ou secundum legem. Assertiva considerada incorreta pela banca
examinadora.

3.4. Doutrina
A doutrina representa a opinião dos juristas, cientistas e teóricos do
Direito sobre a melhor interpretação ou possíveis interpretações das normas
administrativas. Tem a função de esclarecer e explicar o correto conteúdo
das leis, bem como influenciar a própria criação de novas leis.
Trata-se de fonte secundária do Direito Administrativo, sendo muito
utilizada para suprir as omissões ou deficiências das leis, que, não raramente,
apresentam um alto grau de complexidade, principalmente se analisadas pelo
cidadão leigo.

3.5. Princípios gerais do direito


Os princípios são postulados fundamentais universalmente reconhecidos
no mundo jurídico, sejam eles expressos ou implícitos. Também são
considerados fontes do Direito Administrativo, já que servem de fundamento e
de base para a criação da própria legislação administrativa, conforme
estudamos na sequência.

4. Sistemas administrativos
Com o objetivo de fiscalizar e corrigir os atos ilegítimos ou ilegais
praticados pela Administração Pública, foram desenvolvidos dois grandes
sistemas de controle que podem ser adotados pelos Estados, em todos os níveis

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de governo (esfera federal, estadual, distrital e municipal): o do contencioso


administrativo (também chamado de sistema francês) e o sistema judiciário
ou de jurisdição única (também conhecido como sistema inglês).

4.1. Sistema do contencioso administrativo ou sistema francês:


como o próprio nome declara, esse sistema nasceu na França, em 1790. Nos
países que adotam esse sistema (o que não acontece no Brasil), existe uma
dualidade de jurisdições. De um lado encontra-se a jurisdição
administrativa, encarregada de resolver os conflitos e demandas de interesse
da Administração; de outro, o Poder Judiciário, encarregado de solucionar os
demais litígios surgidos no seio da sociedade e que não representem interesse
direto da Administração.
No sistema do contencioso administrativo, os atos praticados pela
Administração Pública sujeitam-se, exclusivamente, à jurisdição especial
administrativa que, na França, possui como órgão supremo o Conselho de
Estado. Nesse caso, as demandas de interesse da Administração são resolvidas
internamente, dentro da própria Administração. São raras as situações nas
quais as demandas de interesse da Administração poderão ser analisadas pelo
Pode Judiciário, sendo possível citar: a) demandas provenientes de atividades
públicas de caráter privado; b) demandas que se refiram à propriedade privada;
c) conflitos que envolvam questões de estado e capacidade das pessoas e de
repressão penal.
As decisões proferidas no contencioso administrativo, a exemplo do que
ocorre no Poder Judiciário, também fazem coisa julgada material, tornando-
se insuscetíveis de recursos.

É muito comum você encontrar em provas questões referindo-se ao “Conselho de


Estado Francês”, principalmente no tópico sobre “sistemas administrativos”.
Mas o que é esse Conselho?
O Conselho de Estado Francês é órgão encarregado de decidir, em última instância, as
matérias administrativas que envolvem a Administração Pública francesa. Apesar de
não integrar a estrutura do Poder Judiciário, este não poderá rever as decisões
proferidas pelo Conselho, cujas decisões também são consideradas definitivas.

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Como não poderia ser diferente, o CESPE também já abordou o


tema em suas provas diversas vezes, a exemplo do que ocorreu no
concurso para o cargo de Analista Judiciário do Tribunal Regional
Eleitoral da Bahia, realizado em 2010, oportunidade na qual considerou
incorreta a seguinte assertiva: “Como exemplo da incidência do princípio da
inafastabilidade do controle jurisdicional relativos aos atos administrativos no
ordenamento jurídico brasileiro, é correto citar a vigência, entre nós, do sistema
do contencioso administrativo ou sistema francês”.

5. REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO

Na execução de suas atividades administrativas, a Administração Pública


pode submeter-se a dois grandes regimes jurídicos: de Direito Público ou de
Direito Privado.
Nos termos do artigo 173 da Constituição Federal de 1988, quando o
Estado estiver explorando diretamente atividade econômica (que somente será
permitido quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a
relevante interesse coletivo), submeter-se-á ao regime próprio das
empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis
comerciais, trabalhistas e tributários.
Nesse caso, ao relacionar-se juridicamente com os particulares, a
Administração não gozará das prerrogativas (também denominadas de
“privilégios) que são concedidas às entidades que são regidas pelo Direito
Público. Será estabelecida, assim, uma relação horizontal entre a
Administração e os particulares, que serão nivelados com os mesmos direitos e
obrigações.
Assim, é possível concluir que as empresas públicas (Caixa Econômica
Federal, por exemplo) e as sociedades de economia mista (Banco do Brasil,
Banco do Nordeste, Petrobrás etc.) exploradoras de atividades econômicas,
serão regidas pelas mesmas regras de seus concorrentes no mercado, ou seja,
as regras de Direito Privado.
A Administração Pública não possui a faculdade de optar pelo regime
jurídico que melhor atenda às suas necessidades. Caso esteja atuando na
exploração de atividade econômica, submeter-se-á obrigatoriamente às
regras de Direito Privado.

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Já o segundo (indisponibilidade do interesse público) impõe para a


Administração Pública uma série de limitações ou restrições denominadas
“sujeições”, que têm o objetivo de resguardar o interesse público. Como
exemplos dessas sujeições impostas à Administração e a seus agentes públicos
podemos citar a obrigatoriedade de realização de licitação para a contratação
de serviços, bens ou obras; a realização de concursos públicos para a seleção
de pessoal; a obrigatoriedade de dar publicidade aos atos administrativos; a
imposição de condicionamentos ao exercício do poder discricionário da
Administração, etc.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro ainda inclui como princípio fundamental do
regime jurídico-administrativo o princípio da legalidade. Afirma a professora
que o Direito Administrativo nasceu e desenvolveu-se baseado em duas idéias
opostas: de um lado, a proteção aos direitos individuais frente ao Estado,
que serve de fundamento ao princípio da legalidade, um dos esteios do Estado
de Direito; de outro lado, a de necessidade de satisfação dos interesses
coletivos, que conduz à outorga de prerrogativas e privilégios para a
Administração Pública, quer para limitar o exercício dos direitos individuais em
benefício do bem-estar coletivo (poder de polícia), quer para a prestação de
serviços públicos.
Sendo assim, ao deparar-se em prova com alguma questão lhe
perguntando quais são os princípios básicos que estruturam o denominado
regime jurídico-administrativo, você já sabe a resposta: princípio da supremacia
do interesse público sobre o interesse privado (prerrogativas), indisponibilidade
do interesse público (sujeições) e, segundo a professora Di Pietro, princípio
da Legalidade.

No concurso público para o cargo de Auditor Fiscal da Receita


Federal, realizado no ano de 2005, a ESAF considerou correta a seguinte
assertiva: “Por decorrência do regime jurídico-administrativo não se tolera que
o Poder Público celebre acordos judiciais, ainda que benéficos, sem a expressa
autorização legislativa”.

Nesse caso, constata-se que a ESAF também incluiu o princípio da


legalidade em seu conceito de regime jurídico-administrativo, pois a
necessidade de autorização legal é consequência direta daquele princípio.

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RESUMO DE VÉSPERA DE PROVA - RVP

1. Pelo critério da Administração Pública, o Direito Administrativo pode ser


definido como um conjunto de princípios e regras que regulam a
Administração Pública.
2. A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro exclui do âmbito do Direito
Administrativo a regência de atividades contenciosas da Administração
Pública. Somente a atividade jurídica não contenciosa está inserida no seu
conceito de Direito Administrativo.
3. A função de governo é exercida pelos poderes Executivo e Legislativo,
que, conjuntamente, são responsáveis por elaborar as políticas públicas e
diretrizes que devem embasar a atuação da Administração Pública. De outro
lado, a função administrativa é exercida pelos órgãos de execução da
Administração Pública, que colocam em prática as decisões de Governo.
4. A lei é a mais importante fonte do Direito Administrativo brasileiro, sendo
considerada uma fonte primária. Nesse caso, a expressão “lei” deve ser
entendida em sentido amplo, abrangendo as normas constitucionais, os
atos normativos primários previstos no artigo 59 da Constituição Federal
(emendas constitucionais, leis complementares, leis ordinárias, medidas
provisórias, leis delegadas, decretos e resoluções), os tratados e acordos
internacionais, os estatutos e regimentos e, ainda, os denominados atos
normativos secundários (os atos administrativos editados por agentes
públicos, a exemplo dos decretos regulamentares, portarias, instruções
normativas, entre outros).
5. O costume pode ser entendido como um conjunto de regras informais, não
escritas, praticado habitualmente no interior da Administração com a
consciência de que é obrigatório. Os costumes são considerados fontes do
Direito Administrativo porque, em vários momentos, suprem lacunas ou
deficiências existentes em nossa legislação administrativa.
6. Com o objetivo de fiscalizar e corrigir os atos ilegítimos ou ilegais
praticados pela Administração Pública, foram desenvolvidos dois grandes
sistemas de controle que podem ser adotados pelos Estados, em todos os níveis
de governo (esfera federal, estadual, distrital e municipal): o do contencioso
administrativo (também chamado de sistema francês) e o sistema judiciário

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ou de jurisdição única (também conhecido como sistema inglês). No Brasil,


adota-se o sistema de jurisdição única.
7. O regime jurídico-administrativo foi construído tendo como base dois grandes
princípios jurídicos: a supremacia do interesse público sobre os interesses
privados e a indisponibilidade dos interesses públicos. Esses dois princípios
conferem ao citado regime o caráter de Direito Público e suas especificidades,
bem como sua natureza jurídica.

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SUMÁRIO – Princípios da Administração Pública

1. Considerações iniciais .................................................................. 24


1.1. Princípios expressos e implícitos ...................................... 25
1.2. Colisão entre princípios .................................................... 28
1.3. Princípios Básicos ............................................................. 29

2. Princípios constitucionais expressos


2.1. Princípio da legalidade ...................................................... 29
2.2. Princípio da impessoalidade .............................................. 34
2.3. Princípio da moralidade ..................................................... 39
2.4. Princípio da publicidade ................................................... 45
2.5. Princípio da eficiência ....................................................... 50

3. Princípios implícitos
3.1. Princípio da supremacia do interesse público sobre o
privado............................................................................................. 53
3.2. Princípio da indisponibilidade do interesse público .......... 55
3.3. Princípio da razoabilidade e da proporcionalidade ............ 57
3.4. Princípio da autotutela ..................................................... 61
3.5. Princípio da tutela ............................................................ 64
3.6. Princípio da segurança jurídica ......................................... 65
3.7. Princípio da continuidade dos serviços públicos ................ 67
3.8. Princípio da motivação ...................................................... 70
3.9. Princípio da especialidade ................................................. 73

4. Super R.V.P ............................................................................. 74


5. Questões comentadas .............................................................. 76

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1. Considerações iniciais
Os princípios administrativos estruturam, orientam e direcionam a
edição de leis administrativas e a atuação da Administração Pública, pois não
existe um sistema jurídico formado exclusivamente de leis.
Os princípios contêm mandamentos com um maior grau de abstração, já
que não especificam ou detalham as condutas que devem ser seguidas pelos
agentes públicos, pois isso fica sob a responsabilidade da lei. Entretanto, no
momento de criação da lei, o legislador deverá observar as diretrizes traçadas
nos princípios, sob pena de sua invalidação.
Como bem afirma o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, “[...]
violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A
desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico
mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave
forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio
atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de
seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e
corrosão de sua estrutura mestra. Isso porque, por ofendê-lo, abatem-se as
vigas que o sustêm e alui-se toda a estrutura nelas esforçada”1.
Para que fique nítida a importância dos princípios, basta analisar o
conteúdo do inciso III, artigo 1º, da Constituição Federal de 1988, que prevê a
dignidade da pessoa humana como um fundamento da República
Federativa do Brasil.
Mas o que significa isso? Significa que todas as leis criadas em nosso país,
assim como todos os atos e condutas praticados pela Administração Pública e
pelos particulares, devem orientar-se pelo respeito à dignidade da pessoa
humana.
O princípio da dignidade da pessoa humana assegura que o ser humano
tem direito a um “mínimo existencial”, ou seja, o direito a condições mínimas
de existência para que possa sobreviver dignamente. Inseridos nesse “mínimo
existencial” estariam, por exemplo, o direito à alimentação, a uma renda
mínima, à saúde básica, ao acesso à justiça, entre outros.
Para se garantir o efetivo cumprimento dos direitos relativos ao “mínimo
existencial”, não é necessário aguardar a criação de uma ou várias leis. A
simples existência do princípio no texto constitucional, por si só, é capaz de
assegurar a necessidade de seu cumprimento.

1
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros,
2008.

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Assim, sempre que um indivíduo sentir-se violado em sua dignidade


humana em virtude de uma ação ou omissão do Estado, poderá recorrer ao
Judiciário para exigir as providências cabíveis.
O Superior Tribunal de Justiça, por exemplo, no julgamento do Recurso
Especial 950.725/RS2, garantiu a um paciente portador de grave doença
muscular o recebimento gratuito de medicamento, mesmo não integrante da
listagem do SUS.
Ao determinar que a Administração fornecesse o medicamento ao
paciente, o STJ fundamentou a sua decisão no princípio da dignidade
humana, já que não existia nenhuma regra expressa (lei) que garantisse a
gratuidade do medicamento ou a sua inclusão na lista geral do SUS.

1.1. Princípios expressos e implícitos


A responder às questões de prova, lembre-se sempre de que os princípios
administrativos se dividem em expressos e implícitos.
Princípios expressos são aqueles taxativamente previstos em uma
norma jurídica de caráter geral, obrigatória para todas as entidades políticas
(União, Estados, Municípios, Distrito Federal e seus respectivos órgãos
públicos), bem como para as entidades administrativas (autarquias,
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista).
Não interessa se a norma jurídica de caráter geral possui status
constitucional ou infraconstitucional, mas sim se é de cunho obrigatório
para toda a Administração Pública, em todos os níveis.
É possível encontrarmos princípios expressos previstos em nível
constitucional, como constatamos no caput do artigo 37 da Constituição
Federal. Esse dispositivo estabelece a obrigatoriedade de a Administração
respeitar os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência.
Da mesma forma, existem princípios que estão expressos somente na
legislação infraconstitucional. É o que se constata na leitura do artigo 3º da
Lei de licitações, que determina a obrigatoriedade de respeito aos princípios da
legalidade, moralidade, publicidade, vinculação ao instrumento convocatório,
julgamento objetivo, dentre outros.

2
Recurso Especial nº. 950.725/RS, rel. Ministro Luiz Fux. Superior Tribunal de Justiça. Julgado
em 06.05.2008 e publicado no DJU em 18.06.2008.

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Esses princípios são considerados expressos porque é possível


identificar, claramente, o “nome” de cada um deles no texto legal ou
constitucional. É o que acontece, por exemplo, com o princípio da moralidade.
O nome desse princípio não é “princípio do respeito à ética e à moral”, mas sim
MORALIDADE, com todas as letras!
Em alguns casos, os princípios estarão expressos em leis que não são de
observância obrigatória para toda a Administração Pública brasileira, mas
somente para determinado ente político. Podemos citar como exemplo a Lei
9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito federal.
Em seu artigo 2º, a lei 9.784/99 declara que a Administração Pública
obedecerá, entre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, segurança jurídica,
eficiência, do interesse público e do contraditório.
Tais princípios são considerados expressos somente para a
Administração Pública Federal (União, seus respectivos órgãos e entidades
da administração indireta), pois estão previstos em uma norma jurídica que é
de observância obrigatória apenas para a Administração Pública Federal.
Os princípios previstos no artigo 2º da Lei 9.784/99 não podem ser
considerados expressos para o Distrito Federal ou para o meu maravilhoso
município de Montes Claros – MG (terra do “terremoto”), pois a referida lei é
federal.
O Estado de Minas Gerais, por exemplo, possui uma lei própria
regulando os processos administrativos que tramitam no âmbito estadual (lei
14.184/02). Assim, os princípios previstos no artigo 2º da Lei 9.784/99 não
serão expressos em relação ao Estado de Minas Gerais, pois não têm caráter
obrigatório em relação a este.
Da mesma forma, no artigo 2º da lei estadual mineira está previsto que a
Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
eficiência, ampla defesa, do contraditório e da transparência.
Observe que na lei federal não consta a obrigatoriedade de respeito ao
princípio da transparência, que somente será expresso em relação ao Estado
de Minas Gerais.
Por outro lado, princípios implícitos são aqueles que não estão
previstos expressamente em uma norma jurídica de caráter geral, pois são
consequência dos estudos doutrinários e jurisprudenciais.

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São princípios cujos nomes não irão constar claramente no texto


constitucional ou legal, mas que, de qualquer forma, vinculam as condutas e
atos praticados pela Administração Pública.
Um bom exemplo para facilitar o entendimento é o princípio da
eficiência. Esse princípio somente foi introduzido no caput, do artigo 37, da
Constituição Federal de 1988, a partir de 04 de junho de 1998, com a
promulgação da Emenda Constitucional 19. Apenas a partir dessa data é que
esse princípio passou a ser expresso.
Apesar disso, antes mesmo de ter sido incluído expressamente no caput
do artigo 37 da Constituição Federal, tal princípio já era considerado
implicitamente obrigatório para toda a Administração Pública brasileira pelos
Tribunais do Poder Judiciário.
O Ministro Luiz Vicente Cernichiaro, do Superior Tribunal de Justiça, em
1996, ao julgar o Recurso em Mandado de Segurança – RMS 5.590-6/DF3,
declarou que a “Administração Pública é regida por vários princípios. Além dos
arrolados no art. 37, da Constituição da República: legalidade, impessoalidade,
moralidade e publicidade, outros se evidenciam na mesma Carta Política. Sem
dúvida, não se contesta, urge levar em conta ainda o princípio da eficiência,
ou seja, a atividade administrativa deve voltar-se para alcançar resultado e
interesse público”.
Assim, constata-se que mesmo antes de ser incluído no texto
constitucional (em 04 de junho de 1998), o princípio da eficiência tinha
caráter obrigatório para toda a Administração Pública brasileira, mas era
considerado implícito, porque ainda não estava “escrito” no caput, do artigo
37, da CF/1988.

(FCC/Analista Judiciário - TRT 15ª Região 2009) O art. 37 da Constituição


Federal não é taxativo, pois, outros princípios existem, previstos em leis
esparsas, ou, mesmo, não expressamente contemplados no direito objetivo, aos
quais se sujeita a Administração Pública. Assertiva considerada correta pela
banca examinadora.

3
Recurso em Mandado de Segurança 5.590/95 DF, rel. Ministro Luiz Vicente Cernicciaro.
Superior Tribunal de Justiça. Diário da Justiça, Seção I, p. 20.395.

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1.2. Colisão entre princípios


Não há hierarquia entre os princípios administrativos, apesar de vários
autores afirmarem que o princípio da supremacia do interesse público
sobre o interesse privado é o princípio fundamental do Direito
Administrativo.
Isso não significa que o princípio da supremacia do interesse público
sobre o interesse privado se sobreponha aos demais princípios, mas apenas
que irá amparar e fundamentar o exercício das atividades finalísticas da
Administração Pública.
Diante de uma aparente colisão entre princípios, o intérprete
(administrador ou o juiz) deverá considerar o peso relativo de cada um deles e
verificar, no caso concreto em análise, qual deverá prevalecer. A solução da
colisão dar-se-á através da ponderação entre os diversos valores jurídicos
envolvidos, pois os princípios possuem um alcance (peso) diferente em cada
caso concreto e aquele que possuir maior abrangência deverá prevalecer.
Não é correto afirmar que o princípio “x” sempre deverá prevalecer em
face do princípio “y”, ou vice-versa. Somente ao analisar o caso em concreto é
que o intérprete terá condições de afirmar qual princípio deve prevalecer. Para
a ponderação de princípios, o intérprete poderá valer-se de outros princípios,
principalmente o da proporcionalidade.
No caso em concreto, o juiz irá analisar se a aplicação de ambos os
princípios é adequada e necessária e, se realmente for, não irá excluir
totalmente a incidência de um em detrimento do outro. Deverá, sim, reduzir o
alcance de um princípio ou, em alguns casos, de ambos, a fim de se chegar a
uma decisão que atenda às expectativas de ambas as partes e mantenha os
efeitos jurídicos de ambos.

(FCC/Agente Técnico Legislativo ALSP/2010) Os princípios da


Administração Pública se aplicam, em igual medida e de acordo com as
ponderações determinadas pela situação concreta, a todas as entidades
integrantes da Administração direta e indireta. Assertiva considerada correta
pela banca examinadora.

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1.3. Princípios básicos


Segundo a doutrina majoritária, PRINCÍPIOS BÁSICOS da
Administração Pública são aqueles previstos expressamente no art. 37 da
Constituição Federal, a saber: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade,
Publicidade e Eficiência (o famoso L.I.M.P.E.). Nesse sentido, os demais
princípios poderiam ser classificados como GERAIS, pois estão previstos em leis
esparsas ou são fruto do entendimento doutrinário e jurisprudencial.
Analisando-se os últimos editais publicados pela ESAF, CESPE e FCC,
constata-se que as bancas têm o hábito de incluir no programa de Direito
Administrativo o seguinte tópico: “Princípios da Administração Pública”.
Nesse caso, é importante destacar que as questões elaboradas não se
restringem aos princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade,
Publicidade e Eficiência. As questões também abrangem os demais princípios
implícitos impostos à Administração Pública, a exemplo do Princípio da
Segurança Jurídica, Princípio da Razoabilidade, Princípio da Proporcionalidade,
entre outros.

No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº


1.694, de relatoria do Ministro Néri da Silveira, o Supremo
Tribunal Federal decidiu que “Os princípios gerais regentes
da administração pública, previstos no art. 37, caput, da
Constituição, são invocáveis de referência à
administração de pessoal militar federal ou estadual,
salvo no que tenha explícita disciplina em atenção às
peculiaridades do serviço militar "

2. Princípios constitucionais expressos

2.1. Princípio da legalidade


Historicamente, a origem do princípio da legalidade baseia-se na Magna
“Charta Libertatum”, imposta pelos barões ingleses ao rei João Sem–Terra, no
ano de 1215, caracterizando-se como o primeiro esforço inglês de tentar
restringir o poder absolutista do rei.
No referido documento estava expresso que "nenhum homem livre será
detido ou sujeito à prisão, ou privado de seus bens, ou colocado fora da lei, ou
exilado, ou de qualquer modo molestado, e nós não procederemos nem
mandaremos proceder contra ele senão mediante um julgamento regular pelos
seus pares ou de harmonia com a lei do país".

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Atualmente, o princípio da legalidade pode ser estudado sob dois


enfoques distintos: em relação aos particulares e em relação à
Administração Pública.
Em relação aos particulares, o princípio da legalidade está consagrado
no inciso II, artigo 5º, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual
"ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude da lei".
Isso significa que, em regra, somente uma lei (ato emanado do Poder
Legislativo) pode impor obrigações aos particulares.
Segundo o saudoso professor Hely Lopes Meirelles, “enquanto os
indivíduos, no campo privado, podem fazer tudo o que a lei não veda, o
administrador público só pode atuar onde a lei autoriza”.

No concurso público para o cargo de Analista em Planejamento da


Secretaria da Fazenda de São Paulo, realizado em 2009, a ESAF tentou
confundir os candidatos apresentando a seguinte assertiva, que foi
considerada incorreta: “O princípio da legalidade significa que existe
autonomia de vontade nas relações travadas pela Administração Pública, ou
seja, é permitido fazer tudo aquilo que a lei não proíbe”.

Para ficar mais fácil o entendimento do princípio da legalidade em


relação aos particulares, imaginemos o seguinte: Após ter sido aprovado
no concurso para o cargo de Analista da Receita Federal, você decidiu
comemorar a sua vitória em uma churrascaria. Depois de muitos “refrigerantes”
bebidos e muita carne consumida, foi solicitado ao garçom o valor da conta,
que a apresentou no montante de R$ 330,00 (trezentos e trinta reais), sendo
R$ 300,00 (trezentos reais) de consumo e mais R$ 30,00 (trinta reais) relativos
ao famoso “10%”.
Como não tivemos o atendimento merecido (faltou agilidade e,
principalmente, qualidade no serviço), imediatamente você decidiu informar que
não pagaria o valor de R$ 30,00 (trinta reais) constante na nota, pois aquela
cobrança não seria justa.

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Com o objetivo de exigir o pagamento, o gerente da churrascaria


compareceu à mesa e afirmou que a referida cobrança estava informada, com
letras garrafais, no cardápio. Além disso, alegou também que tal cobrança
estava amparada em Convenção Coletiva firmada entre o Sindicato dos
restaurantes, churrascarias, bares, meios de hospedagem e similares e o
Sindicato dos Garçons.
Pergunta: Nesse caso, você poderá ou não ser obrigado a pagar o valor
de R$ 30,00 (10%) calculado sobre o montante do consumo? (Antes de
responder à pergunta, é necessário que você saiba que Convenção Coletiva não
é lei, pois não foi votada no Poder Legislativo).
Muito simples. Você não é obrigado a pagar o valor de R$ 30,00 porque
essa exigência não foi estabelecida através de lei. E, conforme previsto no
inciso II, artigo 5º, da CF/1988, para obrigar alguém a fazer alguma coisa é
imprescindível o respaldo legal.

No julgamento do recurso de apelação nº 2001.01.00.037891-8/DF, de relatoria do


Desembargador Souza Prudente, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região considerou
ilegítima a cobrança obrigatória de gorjeta sem amparo legal, ao decidir que “O
pagamento de acréscimo pecuniário (gorjeta), em virtude da prestação de serviço,
possui natureza facultativa, a caracterizar a ilegitimidade de sua imposição, por mero
ato normativo (Portaria nº. 4/94, editada pela extinta SUNAB), e decorrente de
convenção coletiva do trabalho, cuja eficácia abrange, tão-somente, as partes
convenientes, não alcançando a terceiros, como no caso, em que se pretende
transferir ao consumidor, compulsoriamente, a sua cobrança, em manifesta violação
ao princípio da legalidade, insculpido em nossa Carta Magna (CF, art. 5º, II) e ao
Código de Defesa do Consumidor (Lei nº. 8.078/90, arts. 6º, IV, e 37, § 1º), por
veicular informação incorreta, no sentido de que a referida cobrança estaria
legalmente respaldada”.

Atenção: O princípio da legalidade, em relação aos particulares, também


é conhecido como princípio da autonomia da vontade, pois é assegurada a
liberdade para os indivíduos agirem da maneira que entenderem mais
conveniente, salvo na existência de proibição legal.
Em relação à Administração, o princípio da legalidade assume um
enfoque diferente. Nesse caso, está previsto expressamente no caput, do artigo
37, da Constituição Federal de 1988, significando que a Administração Pública
somente pode agir se existir uma norma legal autorizando.

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Segundo o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, o princípio da


legalidade “implica subordinação completa do administrador à lei. Todos os
agentes públicos, desde o que ocupe a cúspide até o mais modesto deles,
devem ser instrumentos de fiel e dócil realização das finalidades normativas”.
Num primeiro momento, pode até parecer que a necessidade de
autorização legal para que a administração possa agir estaria “engessando” a
atividade administrativa, além de incentivar o ócio. Entretanto, não é esse o
objetivo do referido princípio.
Na verdade, o princípio da legalidade é uma exigência que decorre do
próprio Estado de Direito, que impõe a necessidade de submissão ao império da
lei. A Administração Pública somente poderá atuar quando autorizada ou
permitida por lei. A vontade da Administração é a que decorre da lei e,
portanto, os agentes públicos somente poderão fazer o que a lei permitir
ou autorizar.
O professor Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que o princípio da
legalidade pode sofrer constrições (restrições) em função de circunstâncias
excepcionais, mencionadas expressamente no texto constitucional, como no
caso da edição de medidas provisórias, decretação de estado de defesa
e, ainda, a decretação de estado de sítio pelo Presidente da República.
Assim, é correto concluir que, em situações excepcionais, os
particulares podem ser obrigados a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
também em virtude de medida provisória ou decretos que instituem estado
de defesa ou estado de sítio. Porém, tal obrigação somente ocorre em caráter
excepcional e em virtude de tais instrumentos possuírem força de lei, apesar
de não se caracterizaram como lei em sentido formal.

(Procurador/PGDF 2007/ESAF) Em face da sistemática constitucional do


Estado brasileiro, regido que é pelo fundamento do Estado Democrático de
Direito, a plenitude da vigência do princípio da legalidade (art. 37, caput, da CF)
pode sofrer constrição provisória e excepcional. Assertiva considerada
correta pela banca examinadora.

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Pergunta: Mas o que é lei em sentido formal?


É aquela que, em regra, origina-se no Poder Legislativo, com a
participação do Poder Executivo e em conformidade com o processo
legislativo previsto no texto constitucional. Para que seja caracterizada como
formal é irrelevante o conteúdo da lei, sendo suficiente que tenha respeitado o
processo legislativo previsto na Constituição Federal. Nesse caso, poderá
inovar no ordenamento jurídico, criando obrigações e deveres aos
administrados.
Pergunta: Aproveitando a oportunidade, o que seria, então, a lei em
sentido material?
Lei em sentido material é aquela cujo conteúdo possui caráter genérico
(aplicável a um número indefinido e indeterminável de pessoas) e abstrato
(aplicável a um número indefinido e indeterminável de situações futuras),
independentemente do órgão ou entidade que a tenha criado. Nesse caso,
não interessa o processo ou o órgão de criação, mas o seu conteúdo, que deve
ser normativo. É o caso, por exemplo, de um decreto regulamentar editado
pelo Presidente da República, que, por ser ato administrativo secundário, não
pode criar direitos e obrigações, mas apenas explicar o texto legal para permitir
a sua fiel execução.
Em sentido material, podemos incluir tanto as leis em sentido formal
(aquelas que foram criadas através do processo legislativo constitucional, a
exemplo das leis ordinárias) como qualquer ato normativo com caráter geral e
abstrato (a exemplo dos decretos regulamentares), independente de sua
origem.

Como a ESAF e o CESPE gostam muito de novidade jurisprudencial, aconselho que


você fique atento ao teor da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal no
julgamento do Recurso Extraordinário nº 646.491, cuja decisão foi publicada no DJE de
23 de novembro de 2011.
Na oportunidade, a Ministra Carmem Lúcia, relatora do processo, afirmou que
"Em face do princípio da legalidade, pode a administração pública, enquanto não
concluído e homologado o concurso público, alterar as condições do certame
constantes do respectivo edital, para adaptá-las à nova legislação aplicável à espécie,
visto que, antes do provimento do cargo, o candidato tem mera expectativa de direito
à nomeação ou, se for o caso, à participação na segunda etapa do processo seletivo."

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É necessário ficar atento também aos comentários dos professores


Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, que afirmam que a atividade
administrativa não pode ser contra legem (contra a lei) nem praeter legem
(além da lei), mas apenas secundum legem (segundo a lei). Nesses termos,
os atos eventualmente praticados em desobediência a tais parâmetros são atos
inválidos e, portanto, podem ter sua invalidade decretada pela própria
Administração que o haja editado ou pelo Poder Judiciário.

No julgamento do Mandado de Segurança nº 30.177/DF, de


relatoria do Ministro Marco Aurélio de Mello, cuja decisão foi
publicada em 24/04/2012 (o que a transforma em forte
candidata para a elaboração de uma questão nos próximos
concursos), o Supremo Tribunal Federal decidiu que “As etapas
do concurso prescindem de disposição expressa em lei no sentido
formal e material, sendo suficientes a previsão no edital e o nexo de

(FCC/Analista Judiciário – TRT 22ª Região/2010) Em decorrência do


princípio da legalidade, a Administração Pública não pode, por simples ato
administrativo, conceder direitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor
vedações aos administrados; para tanto, ela depende de lei. Assertiva
considerada correta pela banca examinadora.

2.2. Princípio da impessoalidade


O princípio da impessoalidade pode ser analisado sob vários aspectos
distintos, a saber:
1º) dever de tratamento isonômico a todos os administrados;
2º) imputação dos atos praticados pelos agentes públicos diretamente às
pessoas jurídicas em que atuam;
3º) dever de sempre agir com o intuito de satisfazer o interesse
público.

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Sob o primeiro aspecto, o princípio da impessoalidade impõe à


Administração Pública a obrigação de conceder tratamento isonômico a todos
os administrados que se encontrarem em idêntica situação jurídica. Assim, fica
vedado o tratamento privilegiado a um ou alguns indivíduos em função de
amizade, parentesco ou troca de favores. Da mesma forma, o princípio também
veda aos administradores que pratiquem atos prejudiciais ao particular em
razão de inimizade ou perseguição política, por exemplo.
Nesse caso, tem-se o princípio da impessoalidade como uma faceta do
princípio da isonomia, e a obrigatoriedade de realização de concurso público
para ingresso em cargo ou emprego público (artigo 37, II), bem como a
obrigatoriedade de realização de licitação pela Administração (artigo 37, XXI),
são exemplos clássicos de tal princípio, já que proporcionam igualdade de
condições para todos os interessados.
Em suma, o princípio da impessoalidade impõe que as condutas
praticadas por agentes públicos tenham o objetivo precípuo de satisfazer o
interesse público, sem favorecer ou prejudicar determinados grupos ou
categorias em razão de condições pessoais.

No concurso público para o cargo de Analista da Comissão de Valores


Mobiliários, realizado em 2010, a ESAF considerou correta a seguinte
assertiva: “Segundo o princípio da impessoalidade, a atuação do administrador
público deve objetivar a realização do interesse público”.

Em relação ao segundo aspecto, o princípio da impessoalidade afirma


que os atos praticados pela Administração Pública não podem ser utilizados
para a promoção pessoal de agente público, mandamento expresso na
segunda parte, do § 1º, artigo 37, da Constituição Federal de 1988:
§ 1º. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos
órgãos públicos deverão ter caráter educativo, informativo ou de
orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens
que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores
públicos.
Os atos praticados pelos agentes púbicos devem ser imputados à
entidade política (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) ou
administrativa (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia

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mista, fundações públicas e consórcios públicos de direito público) às quais se


encontram vinculados, portanto, não poderão ser utilizados para a promoção
pessoal de quem quer que seja.

De acordo com a Constituição da República, os atos dos agentes públicos geram


responsabilidade objetiva para o Estado e não para a pessoa deles próprios, a
não ser na hipótese de o poder público comprovar a ocorrência de dolo ou culpa,
em ação regressiva. Essa imputação dos atos do agente público ao Estado
representa a concretização do princípio da impessoalidade, consoante uma de
suas concepções teóricas (Juiz Substituto/TJBA 2005/CESPE). Assertiva
correta.

Pergunta: O prefeito da minha cidade, cujo apelido é Tamanduá, pode


eleger como símbolo da administração municipal um tamanduá (animal), com
uma enxada nas costas, e colocar um adesivo em cada veículo do município?
Penso que não! Nesse caso, qualquer administrado que olhar para o
adesivo em um veículo público estará vendo a “imagem” do prefeito, que tem
como apelido o mesmo nome do animal que foi “escolhido” como símbolo da
administração municipal.
Outra pergunta: É possível que um Governador de Estado apareça nas
propagandas institucionais veiculadas na televisão e pagas com recursos
públicos, noticiando que “ele” foi o responsável pela construção da escola “y”,
do asfaltamento da estrada “z”, pela reforma do hospital “X” etc.?
Também não, pois, nesse caso, ele estaria se autopromovendo através de
propaganda custeada com recursos públicos. Ademais, os atos praticados
durante a sua gestão devem ser imputados ao Estado e não à figura do
Governador.

No concurso público para o cargo de Analista em Planejamento da


Secretaria da Fazenda de São Paulo, realizado em 2009, a ESAF
considerou correta a seguinte assertiva: “É decorrência do princípio da
impessoalidade a proibição de que conste nome, símbolos ou imagens que
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos em
divulgação de atos, programas ou campanhas de órgãos públicos”.

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Esse tema é constantemente debatido no Supremo Tribunal Federal,


portanto, são comuns as questões de prova sobre o assunto. A título de
exemplo, cita-se a decisão proferida no julgamento do recurso extraordinário nº
191.668/RS, de relatoria do Ministro Menezes Direito.

O caput e o parágrafo 1º do artigo 37 da Constituição Federal impedem que


haja qualquer tipo de identificação entre a publicidade e os titulares dos
cargos alcançando os partidos políticos a que pertençam. O rigor do
dispositivo constitucional que assegura o princípio da impessoalidade vincula
a publicidade ao caráter educativo, informativo ou de orientação social é
incompatível com a menção de nomes, símbolos ou imagens, aí incluídos
slogans, que ca racterizem promoção pessoal ou de servidores públicos. A
possibilidade de vinculação do conteúdo da divulgação com o partido político
a que pertença o titular do cargo público mancha o princípio da
impessoalidade e desnatura o caráter educativo, informativo ou de
orientação que constam do comando posto pelo constituinte dos oitenta.

Sob um terceiro aspecto, o princípio da impessoalidade pode ser


estudado como uma aplicação do princípio da finalidade, pois o objetivo
maior da Administração deve ser sempre a satisfação do interesse público.
A finalidade deve ser observada tanto em sentido amplo quanto em
sentido estrito. Em sentido amplo, a finalidade dos atos editados pela
Administração Pública sempre será a satisfação imediata do interesse público.
Em sentido estrito, é necessário que se observe também a finalidade
específica de todo ato praticado pela Administração, que estará prevista em
lei.
Pergunta: Qual é a finalidade em sentido amplo, por exemplo, de um
ato administrativo de remoção de servidor?
Satisfazer o interesse público, assim como todo e qualquer ato editado
pela Administração.
Outra pergunta: E qual seria a finalidade, em sentido estrito, do
mesmo ato de remoção de servidor?
Suprir a carência de servidores em outra localidade.
Assim, é possível concluir que quando um ato administrativo de remoção
for editado com o objetivo de “punir” um servidor faltoso, estará sendo violado
o PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE, já que a remoção não é uma das hipóteses
de penalidade que podem ser aplicadas ao servidor público.

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2.3. Princípio da moralidade


O princípio da moralidade, também previsto expressamente no artigo
37, caput, da Constituição Federal de 1988, determina que os atos e atividades
da Administração devem obedecer não só à lei, mas também à própria moral,
pois nem tudo que é legal é honesto.
Como consequência do princípio da moralidade, os agentes públicos
devem agir com honestidade, boa-fé e lealdade, respeitando a isonomia e
demais preceitos éticos.
É válido destacar que a moral administrativa é diferente da moral
comum, pois, conforme Hauriou, a moral comum é imposta ao homem para a
sua conduta externa, enquanto a moral administrativa é imposta ao agente
público para sua conduta interna, segundo as exigências da instituição a que
serve e a finalidade de sua ação, que é a satisfação do interesse público.

A distinção entre “moral administrativa” e “moral comum” já foi cobrada pela


ESAF, conforme se constata na análise da questão aplicada para o cargo de Auditor
Fiscal da Secretaria da Fazenda de Minas Gerais, cujo concurso público foi realizado no
ano de 2005.
Na oportunidade, a ESAF considerou incorreta a seguinte assertiva: “O princípio
da moralidade administrativa se vincula a uma noção de moral jurídica, que não se
confunde com a moral comum. Por isso, é pacífico que a ofensa à moral comum não
implica também ofensa ao princípio da moralidade administrativa”.
O professor Hely Lopes Meirelles, citando Welter, afirma que “a moralidade
administrativa não se confunde com a moralidade comum; ela é composta por regras
de boa administração, ou seja: pelo conjunto das regras finais e disciplinares
suscitadas não só pela distinção entre o Bem e o Mal, mas também pela ideia geral de
administração e pela ideia de função administrativa”.
Todavia, é importante esclarecer que ao violar a moral comum, é possível que o
agente público também esteja violando a moral administrativa, pois, em vários
momentos, apesar de distintas, ambas se assemelham. Por isso a assertiva foi
considerada incorreta pela ESAF.

No mesmo sentido, o CESPE abordou o tema nos seguintes


moldes:

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(Juiz Substituto/TJBA 2005/CESPE) A moralidade administrativa possui


conteúdo específico, que não coincide, necessariamente, com a moral comum da
sociedade, em determinado momento histórico; não obstante, determinados
comportamentos administrativos ofensivos à moral comum podem ensejar a
invalidação do ato, por afronta concomitante à moralidade administrativa.
Assertiva correta.

Em razão da obrigatoriedade de respeito ao princípio da moralidade,


veda-se à Administração Pública qualquer comportamento que contrarie os
princípios da lealdade e da boa-fé. Além disso, observe-se que o princípio deve
ser respeitado não apenas pelos agentes públicos, mas também pelos
particulares que se relacionam com a Administração Pública. Em um processo
licitatório, por exemplo, é muito comum o conluio entre licitantes com o
objetivo de violar o referido princípio, conforme informa a professora Di Pietro.
Afirma ainda a professora que, em matéria administrativa, sempre que se
verificar que o comportamento da Administração ou do administrado que com
ela se relaciona juridicamente, embora em consonância com a lei, ofende a
moral, os bons costumes, as regras de boa administração, os princípios de
justiça e de equidade, além da ideia comum de honestidade, haverá ofensa ao
princípio da moralidade administrativa.
Em virtude de o conceito de moral administrativa ser um pouco vago,
impreciso, cuidou-se o legislador de criar a Lei 8.429/92, estabelecendo
hipóteses que caracterizam improbidades administrativas, bem como
estabelecendo as sanções aplicáveis a agentes públicos e a terceiros, quando
responsáveis pela prática de atos coibidos pelo texto normativo.
A doutrina majoritária entende que a “probidade administrativa” seria
uma espécie do gênero “moralidade administrativa”, já que estaria relacionada
mais propriamente com a má qualidade de uma administração, não se
referindo, necessariamente, à ausência de boa-fé, de lealdade e de justeza do
administrador público.
Fique atento às questões de concursos, pois, a qualquer momento, você
pode se deparar com uma questão em prova afirmando que “probidade” e
“moralidade” são expressões idênticas, informação que, segundo a doutrina
majoritária, não procede.

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Entre os atos de improbidade administrativa coibidos pela lei 8.429/92,


estão aqueles que importam enriquecimento ilícito, os que causam
prejuízos ao erário e os que atentam contra os princípios da
Administração Pública, que serão estudados em aula específica sobre o
tema.
O parágrafo 4º, artigo 37, da CF/1988, não se descuidou de assegurar o
respeito à moralidade administrativa, asseverando que:
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos
direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos
bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
sem prejuízo da ação penal cabível.
Ainda com o objetivo de resguardar a moralidade administrativa, a
Constituição Federal também contemplou, em seu inciso LXXIII, artigo 5º, a
Ação Popular, regulada pela Lei 4.717/65. Por meio dessa ação constitucional
qualquer cidadão pode deduzir a pretensão de anular atos praticados pelo
poder público e que estejam contaminados de imoralidade administrativa.
É importante esclarecer também que, na maioria das vezes, quando um
ato praticado pela Administração viola um princípio qualquer, como o da
impessoalidade, legalidade, publicidade, eficiência, entre outros, estará violando
também, consequentemente e num segundo plano, o princípio da moralidade.

2.3.1. Vedação ao nepotismo – Súmula vinculante nº 13 do STF


O dicionário Larousse da Língua Portuguesa conceitua nepotismo como
“distribuição de cargos públicos entre parentes ou amigos; favoritismo,
proteção escandalosa4”.
Com o intuito de impedir a prática do nepotismo no âmbito da
Administração Pública Brasileira, o Supremo Tribunal Federal, em
29/08/2008, publicou a Súmula Vinculante nº 13, que assim dispõe:
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor
da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou,
ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
Constituição Federal.

4
LAROUSSE, Ática. Dicionário da Língua Portuguesa. 1. ed. p. 690.

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II. A vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal para coibir a prática.

III. Proibição que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da CF.

IV – Precedentes.
V – RE conhecido e parcialmente provido para anular a nomeação do servidor,
aparentado com agente político, ocupante de cargo em comissão.

2.3.1.1. Nepotismo cruzado


O texto da súmula vinculante nº 13 também veda a prática do
nepotismo cruzado, isto é, o ajuste mediante designações recíprocas
realizadas por autoridades públicas distintas.
É o que ocorre, por exemplo, quando o Juiz da 1ª Vara Cível da comarca
de Montes Claros/MG nomeia como sua assessora a esposa do Juiz da 2ª Vara
Criminal da cidade de Sete Lagoas/MG. Em contrapartida, este decide nomear
como assessor o irmão daquele. Enfim, nada mais do que uma “troca de
favores”.
O Supremo Tribunal Federal está atento às práticas de nepotismo
cruzado, repelindo-as, no caso em concreto, quando violadoras da súmula
vinculante nº 13:
EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. NEPOSTISMO
CRUZADO. ORDEM DENEGADA.

(...) No mérito, configurada a prática de nepotismo cruzado, tendo em vista que a


assessora nomeada pelo impetrante para exercer cargo em comissão no Tribunal
Regional do Trabalho da 17ª Região, sediado em Vitória-ES, é nora do magistrado que
nomeou a esposa do impetrante para cargo em comissão no Tribunal Regional do
Trabalho da 1ª Região, sediado no Rio de Janeiro-RJ.

A nomeação para o cargo de assessor do impetrante é ato formalmente lícito. Contudo,


no momento em que é apurada a finalidade contrária ao interesse público, qual seja,
uma troca de favores entre membros do Judiciário, o ato deve ser invalidado, por
violação ao princípio da moralidade administrativa e por estar caracterizada a sua
ilegalidade, por desvio de finalidade.
Ordem denegada. Decisão unânime. (Mandado de Segurança nº 24.020/DF. Rel.
Min. Joaquim Barbosa. Publicado no DJE em 13/06/2012).

2.3.1.2. Exceção ao nepotismo: cargos políticos.


Ao proferir o seu voto no julgamento do recurso extraordinário nº
579.951-4/RN, o Ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal, afirmou
que devem ser excluídos da abrangência da súmula vinculante nº 13 os
denominados cargos políticos, a exemplo dos Ministros, Secretários Estaduais
e Secretários municipais.

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Sendo assim, não há qualquer ilegitimidade se o Prefeito nomear a sua


irmã como Secretária Municipal de Saúde, desde que atenda aos requisitos
exigidos pelo cargo. No mesmo sentido, é lícita a nomeação do pai do
Governador para o cargo político de Secretário Estadual de Obras.
"Então, quando o art. 37 refere-se a cargo em comissão e função de confiança, está
tratando de cargos e funções singelamente administrativos, não de cargos políticos.
Portanto, os cargos políticos estariam fora do alcance da decisão que tomamos na ADC
nº 12, porque o próprio capítulo VII é Da Administração Pública enquanto segmento do
Poder Executivo. E sabemos que os cargos políticos, como por exemplo, o de secretário
municipal, são agentes de poder, fazem parte do Poder Executivo. O cargo não é em
comissão, no sentido do artigo 37. Somente os cargos e funções singelamente
administrativos - é como penso - são alcançados pela imperiosidade do artigo 37, com
seus lapidares princípios. Então, essa distinção me parece importante para, no
caso, excluir do âmbito da nossa decisão anterior os secretários municipais, que
correspondem a secretários de Estado, no âmbito dos Estados, e ministros de
Estrado, no âmbito federal." (Recurso Extraordinário nº 579.951-4/RN. DJe
24/10/2008).

Esse entendimento foi posteriormente ratificado pelo Supremo Tribunal


Federal, conforme se constata no julgamento do Agravo Regimental na
Reclamação 6650/PR:
AGRAVO REGIMENTAL EM MEDIDA CAUTELAR EM RECLAMAÇÃO. NOMEAÇÃO DE IRMÃO
DE GOVERNADOR DE ESTADO. CARGO DE SECRETÁRIO DE ESTADO. NEPOTISMO.
SÚMULA VINCULANTE Nº 13. INAPLICABILIDADE AO CASO. CARGO DE NATUREZA
POLÍTICA. AGENTE POLÍTICO. ENTENDIMENTO FIRMADO NO JULGAMENTO DO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO 579.951/RN. OCORRÊNCIA DA FUMAÇA DO BOM DIREITO.

1. Impossibilidade de submissão do reclamante, Secretário Estadual de Transporte,


agente político, às hipóteses expressamente elencadas na Súmula Vinculante nº 13, por
se tratar de cargo de natureza política.
2. Existência de precedente do Plenário do Tribunal: RE 579.951/RN, rel. Min. Ricardo
Lewandowski, DJE 12.9.2008.
3. Ocorrência da fumaça do bom direito.

(...) 6. Agravo regimental improvido”.

No concurso público para cargos de nível superior do MPOG,


realizado em 2013, o CESPE considerou correta a seguinte assertiva: “A
vedação da prática do nepotismo no âmbito da administração direta e indireta de
qualquer dos poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios
está relacionada aos princípios da moralidade e da impessoalidade
administrativa”.

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hipóteses constitucionalmente previstas, cujo sigilo fosse imprescindível à


segurança do Estado e da sociedade (CF, art. 5º, XXXIII). Frisou-se que todos
teriam direito a receber, dos órgãos públicos, informações de interesse particular
ou geral, tendo em vista a efetivação da cidadania, no que lhes competiria
acompanhar criticamente os atos de poder. Aduziu-se que a divulgação dos
vencimentos brutos de servidores, a ser realizada oficialmente,
constituiria interesse coletivo, sem implicar violação à intimidade e à
segurança deles, uma vez que esses dados diriam respeito a agentes
públicos em exercício nessa qualidade. Afirmou-se, ademais, que não
seria permitida a divulgação do endereço residencial, CPF e RG de cada
um, mas apenas de seu nome e matrícula funcional. Destacou-se, por
fim, que o modo público de gerir a máquina estatal seria elemento
conceitual da República (SS 3902 Segundo AgR/SP, rel. Min. Ayres
Britto, 9.6.2011).

E aí? Você ainda tem alguma dúvida sobre a necessidade de


conhecer a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal? Caso positivo,
então apresento mais uma decisão que pode fundamentar, a qualquer
momento, a elaboração de mais uma questão do CESPE e/ou ESAF:

Em observância à regra da similitude das formas, a 2ª Turma


concedeu mandado de segurança para determinar a realização de
perícia médica, com a conseqüente habilitação da impetrante para
concorrer à vaga especial em concurso público, caso assim se
enquadre. Na espécie, a candidata realizara sua inscrição na condição
de pessoa com deficiência e, posteriormente, tomara conhecimento
da negativa de seu pedido por via postal. Ao constatar erro material,
a banca examinadora do certame a convocara, por via editalícia,
para comparecer à perícia médica, publicação essa que a candidata
não tivera ciência. Destacou-se que a empresa responsável pelo
concurso deveria diligenciar para que a concorrente fosse chamada
para a avaliação pericial pelo mesmo meio com o qual fora
cientificada do indeferimento de sua inscrição naquela condição. Por
fim, julgou-se prejudicado o agravo regimental.
MS 30604 AgR/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 29.11.2011. (MS-
30604)

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2.5. Princípio da eficiência


Conforme já foi destacado anteriormente, o princípio da eficiência
somente foi introduzido no texto constitucional em 1998, com a promulgação
da Emenda Constitucional nº. 19. Antes disso, ele era considerado um
princípio implícito.
O professor Diógenes Gasparini informa que esse princípio é conhecido
entre os italianos como “dever de boa administração” e impõe à Administração
Pública direta e indireta a obrigação de realizar suas atribuições com rapidez,
perfeição e rendimento.
Informa ainda o professor que é a relação custo / benefício que deve
presidir todas as ações públicas. Exemplo: não se deve estender rede de
energia elétrica ou de esgoto por ruas onde não haja edificações ocupadas;
nem implantar redes de iluminação pública em ruas não utilizadas, pois, nesses
casos, toda a comunidade arcaria com os seus custos, sem qualquer benefício.
Nesse sentido, o princípio da eficiência está relacionado diretamente com
o princípio da economicidade, que impõe à Administração Pública a
obrigatoriedade de praticar as atividades administrativas com observância da
relação custo-benefício, de modo que os recursos públicos sejam utilizados de
forma mais vantajosa e eficiente para o poder público. Esse princípio traduz-se
num compromisso econômico com o cumprimento de metas governamentais,
objetivando-se sempre atingir a melhor qualidade possível, atrelada ao menor
custo.
Parte da doutrina entende que economicidade seria um gênero, do qual
a eficiência, a eficácia e a efetividade seriam suas espécies.
Fique atento às dicas fornecidas pela banca em suas provas. Quando a
questão referir-se à relação custo/benefício ou resultado/qualidade com
menor investimento, primeiramente, tente encontrar entre as alternativas o
princípio da economicidade. Caso não o encontre, busque estão o princípio da
eficiência como resposta.
Segundo a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, o princípio da
eficiência pode ser estudado sob dois aspectos: em relação ao modo de
atuação do agente público e em relação ao modo de organizar, estruturar
e disciplinar a Administração Pública.
Em relação ao primeiro aspecto (atuação do agente público), é importante
que você entenda que a introdução do princípio da eficiência no texto
constitucional repercutiu diretamente nas relações entre servidores e
Administração Pública.

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(FCC/Procurador de Contas TCE AP/2010) O princípio constitucional da


eficiência, que rege a Administração Pública, apresenta-se em relação ao modo
de organizar, estruturar e disciplinar a Administração Pública, não apenas em
relação a atuação do agente público. Assertiva considerada correta pela
banca.

Exemplo: Antes da promulgação da Emenda Constitucional nº. 19/98,


constava no artigo 41 da CF/88 que os servidores públicos estáveis somente
perderiam o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou
mediante processo administrativo em que lhe fosse assegurada ampla defesa.
Atualmente, após a promulgação da referida EC 19/98, introduziu-se no
artigo 41 da CF/88 mais uma hipótese que pode ensejar a perda do cargo pelo
servidor público: procedimento de avaliação periódica de desempenho,
na forma de lei complementar, desde que assegurada a ampla defesa.
Além disso, o mesmo artigo 41 da CF/88 passou a prever também a
obrigatoriedade de o servidor submeter-se a uma avaliação especial de
desempenho, realizada por comissão instituída para essa finalidade, como
condição para a aquisição da estabilidade.

(Analista em Planejamento/SEFAZ SP 2009/ESAF) O modo de atuação do


agente público, em que se espera melhor desempenho de suas funções, visando
alcançar os melhores resultados e com o menor custo possível, decorre
diretamente do princípio da eficiência. Assertiva considerada correta.

Em relação ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a Administração


Pública, o princípio da eficiência consolidou o fim da administração
burocrática, preocupada mais com o Estado em si e submetida “cegamente”
ao texto legal e à excessiva fixação de regras para se alcançar o objetivo
inicialmente pretendido. Isso acabava concedendo aos meios uma importância
mais acentuada que os próprios fins almejados pela Administração.

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A administração gerencial, consequência do princípio da eficiência,


relaciona-se com os conceitos de boa administração, flexibilização, controle
finalístico, contrato de gestão, qualidade e cidadão-cliente, voltando-se para as
necessidades da sociedade, enfatizando mais os resultados que os próprios
meios para alcançá-los.

(Analista de Controle Externo/TCU 2007/CESPE) A administração pública


responde civilmente pela inércia em atender uma situação que exige a sua
presença para evitar uma ocorrência danosa. Exemplo disso é a situação em que
há demora do Estado em colocar um para-raios em uma escola localizada em
área com grande incidência de raios, o que leva a uma catástrofe, ao serem as
crianças atingidas por um relâmpago em dia chuvoso. Nesse caso, o princípio da
eficiência, que exige da administração rapidez, perfeição e rendimento, deve
incidir no processo de responsabilização do gestor público. Assertiva
considerada correta pela banca examinadora.

3. Princípios implícitos
3.1. Princípio da supremacia do interesse público sobre o
interesse privado
Apesar de não estar previsto de forma expressa no texto constitucional,
o princípio da supremacia do interesse público perante o interesse privado pode
ser encontrado no artigo 2º da Lei 9.784/99. Assim, como a citada lei é
federal, esse princípio somente pode ser considerado expresso para a
Administração Pública Federal.
Respaldada pelo princípio da supremacia do interesse público, a
Administração Pública irá atuar com superioridade em relação aos demais
interesses existentes na sociedade. Isso significa que será estabelecida uma
relação jurídica “vertical” entre o particular e a Administração, já que esta
se encontra em situação de superioridade.

No concurso público para o cargo de Analista Administrativo do


Ministério Público da União, realizado em 2004, a ESAF considerou
correta a seguinte assertiva: “Um dos princípios informativos do Direito
Administrativo, que o distingue dos demais ramos, no disciplinamento das
relações jurídicas, sob sua incidência, é o da supremacia do interesse público
sobre o privado”.

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Apesar de tal supremacia, o interesse público não se sobrepõe de forma


absoluta ao interesse privado, pois o próprio texto constitucional assegura a
necessidade de obediência ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à
coisa julgada (artigo 5º, XXXVI).
Para responder às questões de prova, lembre-se de que a doutrina
majoritária considera esse princípio como o basilar do denominado “regime
jurídico-administrativo”.
Está lembrado (a) do regime jurídico-administrativo?
Não?? Estão vou refrescar a sua memória...
Para fins de concursos públicos, entenda o regime jurídico-administrativo
como o conjunto de normas que concedem à Administração Pública uma série
de prerrogativas, ou seja, benefícios que não existiriam em uma relação
jurídica entre particulares.
Exemplo: Imagine que um determinado Município tenha firmado contrato
administrativo com a Construtora Cimentão, após regular processo licitatório,
para a construção de 100 (cem) casas populares. Entretanto, em função da
crise econômica mundial (que tem sido desculpa para tudo), o Município decidiu
diminuir em 20% (vinte por cento) a quantidade de casas que seriam
construídas, alterando unilateralmente o contrato.
Pergunta: No exemplo apresentado, o Município pode alterar
unilateralmente o contrato, reduzindo para 80 (oitenta) o número de casas a
serem construídas?
Sim, pois a Lei 8.666/93 (Lei geral de Licitação) estabelece tal
possibilidade no parágrafo 1º de seu artigo 65, que declara que “o contratado
fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou
supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e
cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de
reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por
cento) para os seus acréscimos”.
No exemplo citado, é fácil perceber que a redução do número de casas
construídas está amparada no interesse público. No momento da assinatura
do contrato, a economia brasileira e a mundial estavam em ritmo acelerado,
com fartura de crédito e investimentos nacionais e internacionais. Contudo, em
virtude da crise mundial, o interesse público passou a exigir do Município certa
cautela, o que, em tese, justificou a redução do número de construção de casas
inicialmente estabelecido.

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Sendo assim, é possível concluir que o princípio da supremacia do


interesse público sobre o interesse privado consiste, basicamente, no exercício
de prerrogativas públicas (vantagens) que afastam ou prevalecem sobre os
interesses particulares, em regra.
O professor Celso Antônio Bandeira de Mello nos ensina que o “princípio
da finalidade impõe que o administrador, ao manejar as competências postas
ao seu encargo, atue com rigorosa obediência à finalidade de cada qual. Isto é,
cumpre-lhe cingir-se não apenas à finalidade própria de todas as leis, que é o
interesse público, mas também à finalidade específica abrigada na lei a que
esteja dando execução.”
Alguns autores afirmam que o princípio da finalidade nada mais é do que
o próprio princípio da supremacia do interesse público. Isso porque tanto o
legislador, no momento da elaboração da lei, quanto o administrador, no
momento de sua execução, devem sempre vislumbrar a satisfação do interesse
coletivo. A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, por exemplo, afirma que os
princípios da supremacia do interesse público e o da finalidade são um só.

3.2. Princípio da indisponibilidade do interesse público


O princípio da indisponibilidade do interesse público pode ser estudado
sob vários aspectos, mas todos eles estabelecendo restrições e limitações à
disponibilidade do interesse público. São as denominadas sujeições
administrativas.
Como os bens e interesses públicos não pertencem à Administração nem
aos seus agentes, mas sim à coletividade, criam-se instrumentos (sujeições)
que tenham por fim resguardá-los, permitindo-se que tais bens e interesses
sejam apenas gerenciados e conservados pelo Poder Público.

No concurso público para o cargo de Analista de Finanças e Controle da


CGU, realizado em 2006, a ESAF considerou correta a seguinte assertiva:
“Entre os princípios constitucionais do Direito Administrativo, pode-se destacar o
de que são inalienáveis os direitos concernentes ao interesse público”.

A obrigatoriedade de realização de licitação e concursos públicos são


exemplos de instrumentos criados com o objetivo de evitar que os agentes
públicos, cujas condutas são imputadas ao Estado, disponham do interesse
público.

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Com tais sujeições o administrador público fica impedido, por exemplo,


de contratar os “colegas” e “indicados” para exercer funções inerentes a
titulares de cargos de provimento efetivo, sem a realização de concurso público.
A obrigatoriedade de realização de concurso público é uma sujeição, uma
restrição que se impõe à Administração Pública.
Pergunta: Por que o concurso público é considerado uma sujeição ou
restrição?
É simples. Imagine um Prefeito que tenha acabado de tomar posse e
esteja iniciando o seu primeiro mandado. Imagine agora que durante a
campanha eleitoral o Prefeito “prometeu” fornecer trabalho para a “metade” da
cidade. Diante das promessas, após assumir o cargo de Prefeito, qual seria a
conduta imediata do representante do povo?
Prover cargos públicos com os “chegados” que o auxiliaram na campanha,
os famosos “cabos eleitorais”. Portanto, a exigência de concurso público impede
que o Prefeito possa contratar esses seus “apadrinhados”, dispondo do
interesse público.
Da mesma forma acontece com a obrigatoriedade de licitação.
Suponhamos que o Município necessite adquirir 50 (cinquenta) computadores.
Imaginemos agora que o filho do Prefeito tenha uma loja de informática e que
possua, de pronta entrega, todos os computadores que o Município precisa
adquirir. Ora, seria muito fácil para o Prefeito ligar para o filho dele e solicitar a
entrega dos computadores no local indicado, sem precisar fazer licitação.
Entretanto, nesse caso, o Prefeito estaria dispondo do interesse público, o
que é vedado pelo princípio em estudo. Para adquirir os referidos
computadores, o Município terá que se sujeitar à licitação.
Como consequência da indisponibilidade do interesse público, veda-se
ainda que a Administração renuncie ao recebimento de multas, tributos,
receitas, entre outros, exceto se houver previsão legal.
Não se admite, por exemplo, que um Auditor Fiscal da Receita Federal
realize um “acordo” com um contribuinte qualquer, concedendo-lhe desconto de
50% sobre o total que a União tem a receber, caso o pagamento seja efetuado
à vista.
Ora, o agente público somente pode negociar “descontos” com o
particular se existir previsão legal. Caso contrário, estará violando
expressamente o princípio da indisponibilidade do interesse público, pois abriu
mão de recursos que obrigatoriamente deveriam ser pagos pelo contribuinte.

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No mesmo sentido, o artigo 2º da Lei 9.784/99 determina que a


administração deve sempre perseguir o interesse coletivo ou geral, sendo
vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo
autorização em lei.

No julgamento do recurso extraordinário nº 253.885, de relatoria da


Ministra Ellen Gracie, o STF decidiu que “Em regra, os bens e o
interesse público são indisponíveis, porque pertencem à coletividade.
É, por isso, o Administrador, mero gestor da coisa pública, não tem
disponibilidade sobre os interesses confiados à sua guarda e
realização. Todavia, há casos em que o princípio da indisponibilidade
do interesse público deve ser atenuado, mormente quando se tem
em vista que a solução adotada pela administração é a que melhor

3.3. Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade


Grande parte da doutrina afirma que os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade são sinônimos. Outra parte afirma que tais princípios são
autônomos, apesar do fato de a proporcionalidade ser um dos elementos da
razoabilidade.
Sendo assim, apresentarei ambos os princípios conjuntamente, mas
citando as peculiaridades de cada um para que você não se confunda no
momento de responder às questões de prova.
O princípio da razoabilidade está diretamente relacionado ao senso
comum do homem médio, do aceitável, do justo, do mediano. Em respeito a
tal princípio, as condutas administrativas devem pautar-se no bom senso, na
sensatez que guia a atuação do homem mediano, pois, caso contrário, serão
invalidadas.
O princípio da razoabilidade tem origem no sistema jurídico anglo-
saxão, mas foi no Direito norte-americano que se desenvolveu e ganhou
autonomia, como consequência do devido processo legal, servindo de
parâmetro obrigatório para a conduta tanto dos administradores quanto do
legislador.
Eis aqui uma importante informação que você deve guardar: o princípio
da razoabilidade, que é considerado um princípio implícito, deriva do princípio
do devido processo legal, este previsto expressamente no inciso LIV, artigo
5º, da CF/1988.

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O princípio da razoabilidade, assim como o da proporcionalidade, é


considerado implícito, já que não está previsto em uma norma jurídica de
caráter geral. Entretanto, é válido destacar que ambos os princípios estão
previstos no artigo 2º da Lei 9.784/99, sendo considerados expressos para a
Administração Pública Federal.

(Auditor Federal de Controle Externo/TCU 2010/CESPE) Os princípios da


razoabilidade e da proporcionalidade estão expressos no texto da CF. Assertiva
considerada incorreta pela banca examinadora.

Da mesma forma, o princípio da razoabilidade também é considerado


expresso para o Estado de Minas Gerais, já que a Constituição Estadual
Mineira, em seu artigo 13, o consagrou entre os princípios de observância
obrigatória para a Administração Pública Estadual.
Art. 13 – A atividade de administração pública dos Poderes do
Estado e a de entidade descentralizada se sujeitarão aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade,
eficiência e razoabilidade.
A professora Lúcia Valle Figueiredo, na tentativa de distinguir a
proporcionalidade da razoabilidade, informa que a proporcionalidade pressupõe
a adequação entre os atos e as necessidades, ou seja, “só se sacrificam
interesses individuais em função dos interesses coletivos, de interesses
primários, na medida da estrita necessidade, não se desbordando que seja
realmente indispensável para a implementação da necessidade pública 5”.
O princípio da proporcionalidade também pode ser entendido como
princípio da “proibição de excesso”, já que o fim a que se destina é justamente
limitar as ações administrativas que ultrapassem os limites adequados. Em
outras palavras, significa dizer que tal princípio impõe à Administração Pública a
necessidade de adequação entre meios e fins, sendo vedada a imposição de
obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente
necessárias ao atendimento do interesse público (inciso VI, artigo 2º, da Lei
9.784/99).

5
FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2008.

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No concurso público para o cargo de Agente Executivo da Comissão de


Valores Imobiliários – CVM, realizado em 2010, a ESAF considerou
correta a seguinte assertiva: “O princípio da Administração Pública que se
fundamenta na ideia de que as restrições à liberdade ou propriedade privadas
somente são legítimas quando forem necessárias e indispensáveis ao
atendimento do interesse público denomina-se proporcionalidade”.

Para fins de concurso público, que é o nosso foco principal, é importante


que você saiba as características tanto da razoabilidade quanto da
proporcionalidade, pois algumas bancas examinadoras elaboram questões
como se ambos fossem sinônimos. Analisando-se as provas da ESAF, constata-
se que a banca costuma se referir individualmente aos citados princípios.

No concurso público para o cargo de Analista do Ministério do


Planejamento, realizado em 2010, a ESAF considerou correta a seguinte
assertiva: “A observância da adequação e da exigibilidade, por parte do agente
público, constitui fundamento do princípio da proporcionalidade”.

De outro lado, constata-se que a Fundação Carlos Chagas costuma


utilizar as expressões “razoabilidade” e “proporcionalidade” como sinônimas,
conforme é possível constatar abaixo:

(Analista Judiciário - TRT 23ª R/2004 / FCC) A adequação entre meios e


fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida
superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse
público; e a observância das formalidades essenciais à garantia dos
direitos dos administrados, entre outras, dizem respeito ao princípio da
(A) razoabilidade, sob a feição de proporcionalidade.
(B) motivação, decorrente da formalidade.
(C) finalidade, que se apresenta como impessoalidade.
(D) ampla defesa, somada à segurança jurídica.
(E) segurança jurídica atrelada à legalidade.

Gabarito: Letra a.

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Os princípios da razoabilidade e proporcionalidade também devem ser


observados pela autoridade administrativa no momento de imposição de
penalidades a servidores públicos, pois, caso contrário, o ato poderá ser revisto
pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário.
Foi o que ocorreu, por exemplo, no julgamento do mandado de segurança
nº 17.490/DF, de relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques, julgado em
14/12/2011. Na oportunidade, o Superior Tribunal de Justiça anulou
penalidade de demissão aplicada a servidor público federal em desconformidade
com os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, nos seguintes termos:
SERVIDOR PÚBLICO. PAD. DEMISSÃO. PRINCÍPIOS. RAZOABILIDADE.
PROPORCIONALIDADE.
Trata-se de mandado de segurança em que se pretende desconstituir ato do
ministro de Estado da Justiça pelo qual o ora impetrante foi demitido do cargo de
policial rodoviário federal em razão de conduta irregular consistente na omissão
em autuar e reter veículo por infração de trânsito (ausência de pagamento do
licenciamento anual), apurada em procedimento administrativo disciplinar (PAD).
Ocorre que tanto a comissão processante quanto a Corregedoria Regional da
Superintendência da Polícia Rodoviária Federal e a Corregedoria-Geral do
Departamento de Polícia Rodoviária Federal concluíram que o impetrante deveria
ser penalizado com suspensão, visto que não houve reiterada atuação ilícita,
tampouco obtenção de vantagem pecuniária ou de qualquer outra espécie pelo
servidor. Todavia, a autoridade coatora, apoiada no mesmo contexto fático,
acolheu o parecer da consultoria jurídica e, discordando dos pareceres
mencionados, aplicou a pena máxima de demissão (art. 132, caput, IV e XIII, da
Lei n. 8.112/1990). Diante disso, a Seção concedeu a segurança ao
entendimento de que, embora a autoridade coatora não esteja adstrita às
conclusões tomadas pela comissão processante, a discordância deve ser
fundamentada em provas convincentes que demonstrem, de modo cabal e
indubitável, ter o acusado praticado infração capaz de ensejar a aplicação
daquela penalidade máxima em reprimenda à sua conduta irregular. Na hipótese
dos autos, a autoridade coatora não indicou qualquer outra evidência fática
concreta que justificasse a exacerbação da pena de suspensão anteriormente
sugerida. Dessa forma, a aplicação da pena de demissão mostra-se desprovida
de razoabilidade, além de ofender o princípio da proporcionalidade e o disposto
no art. 128 da Lei n. 8.112/1990, diante da ausência no PAD de qualquer
menção à prática de outras condutas irregulares que pudessem interferir na
convicção de que se trata de servidor público possuidor de bons antecedentes ou
de que o impetrante tenha se valido das atribuições de seu cargo para lograr
proveito próprio ou em favor de terceiros ou, ainda, de que sua atuação tenha
importado lesão aos cofres públicos. Assim, a Seção determinou a reintegração
do impetrante ao cargo de policial rodoviário federal, assegurando-lhe o imediato
ressarcimento dos vencimentos e demais vantagens desde a data da publicação

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A prerrogativa de correção (convalidação) do ato ilegal está prevista no


artigo 55 da Lei 9.784/99, que declara:
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao
interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem
defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.
A possibilidade de a Administração controlar a legalidade de seus próprios
atos não afasta a atuação do Poder Judiciário. Caso a Administração se depare
com uma situação de ilegalidade e não adote as providências cabíveis, poderá o
particular ingressar com uma ação judicial para pleitear a anulação da situação
de ilegalidade, se for de seu interesse.
Não são somente os atos ilegais que podem ser revistos pela
Administração, mas também os atos legais, quando forem inoportunos e
inconvenientes. Neste último caso, o ato está em perfeita conformidade com
a lei, mas a Administração decide revogá-lo, pois a sua manutenção não
atende mais ao interesse público.
Exemplo: Após ter sido aprovado no estágio probatório, um servidor
público federal compareceu ao Departamento de Recursos Humanos do órgão
público em que trabalha e pleiteou uma licença para o trato de interesses
particulares (iremos estudá-la posteriormente), por 02 (dois) anos. Após
analisar o pedido, já que se trata de ato discricionário, a Administração Pública
decidiu concedê-lo, pois era um momento oportuno (já que existia uma
quantidade razoável de servidores trabalhando – cinco – enquanto a média dos
últimos anos sempre foi três). Além disso, também era conveniente conceder
a licença, pois, segundo informações informais do servidor, o prazo de dois
anos seria utilizado para dedicar-se exclusivamente à conclusão de uma pós-
graduação lato sensu, sobre tema relacionado à sua área de atuação no serviço
público.
Todavia, assim que a licença foi concedida, coincidentemente, várias
situações inesperadas ocorreram. Dos quatro servidores que continuaram
exercendo as suas funções no órgão público, um foi escalar o pico Everest nas
férias (servidor recém-aprovado no concurso da Receita Federal do Brasil e que
não estava conseguindo gastar a integralidade dos vencimentos, sendo
obrigado a inventar “moda”) e morreu congelado. Outro decidiu abrir uma
pousada em Monte Verde/MG (lugarzinho gostoso para sentir frio, comer e
descansar) e pediu exoneração do serviço público. Todos esses acontecimentos
ocorreram no curto espaço de 06 (seis) meses após o início da licença para o
trato de interesses particulares, solicitada pelo primeiro servidor.

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Trata-se apenas de um controle de legalidade da atuação


administrativa, através da verificação do cumprimento dos programas definidos
pelo Governo e determinados em lei, não possuindo fundamento
hierárquico, já que não há subordinação entre a entidade controladora e a
controlada.
Atenção: Entre a Administração Pública Direta e Indireta existe apenas
vinculação, jamais subordinação.

(Analista Judiciário TRE RN/2011) O princípio segundo o qual a


Administração Pública Direta fiscaliza as atividades dos entes da Administração
Indireta denomina-se controle. Assertiva considerada correta pela banca.

3.6. Princípio da segurança jurídica


Para que o homem possa conduzir os atos de sua vida civil, familiar e
profissional, necessita de certo grau de estabilidade, de confiança e de certeza
de que as decisões tomadas no dia a dia não serão alteradas unilateralmente,
por terceiros, em momento posterior. Assim, é possível programar o futuro e
estabelecer projetos a curto, médio e longo prazo.
A necessidade de estabilidade, certeza e confiança se mostra ainda mais
latente nas relações entre a Administração e os administrados.
Conforme nos informa a professora Di Pietro, é muito comum, na esfera
administrativa, haver mudança de interpretação de determinadas normas
legais, com a consequente mudança de orientação, em caráter normativo,
afetando situações já reconhecidas e consolidadas na vigência de orientação
anterior.
Essa possibilidade de mudança de orientação é inevitável, porém, gera
uma grande insegurança jurídica, pois os interessados nunca sabem quando
a sua situação será passível de contestação pela própria Administração Pública.
Daí a regra que proíbe a aplicação retroativa de nova interpretação,
prevista no artigo 2º, XIII, da Lei 9.784/99:
Art. 2º, parágrafo único: Nos processos administrativos, serão
observados, entre outros, os critérios de:

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XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor


garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação
retroativa de nova interpretação.
Desse modo, a nova interpretação somente poderá ser aplicada a casos
futuros, não prejudicando situações que já estavam consolidadas com base na
interpretação anterior.
A Constituição Federal de 1988 vai ainda mais longe, pois declara em seu
artigo 5º, XXXVI, que nem mesmo a lei poderá prejudicar ato jurídico perfeito,
direito adquirido e a coisa julgada.
No concurso público para o cargo de Analista de Planejamento do
Ministério do Planejamento, realizado em 2005, a ESAF considerou
correta a seguinte assertiva: “O princípio que melhor se vincula à
proteção do administrado no âmbito de um processo administrativo,
quando se refere à interpretação da norma jurídica, é o da segurança
jurídica”.

PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DA FCC: O princípio da segurança jurídica veda a


aplicação retroativa de nova interpretação de lei no âmbito da Administração Pública,
preservando assim, situações já reconhecidas e consolidadas na vigência de orientação
anterior (Analista Judiciário TRT 22ª Região/2010). Assertiva considerada
correta pela banca examinadora.

3.6.1. Princípio da boa-fé e proteção à confiança


Maria Sylvia Zanella di Pietro assim dispõe sobre o princípio da boa-fé:
Pode-se dizer que o princípio da boa-fé deve estar presente do lado da
Administração e do lado do administrado. Ambos devem agir com lealdade, com
correção. O princípio da proteção à confiança protege a boa-fé do
administrado; por outras palavras, a confiança que se protege é aquela que o
particular deposita na Administração Pública. O particular confia em que a
conduta da Administração esteja correta, de acordo com a lei e com o direito. É
o que ocorre, por exemplo, quando se mantêm atos ilegais ou se regulam os
efeitos pretéritos de atos inválidos7.

No julgamento do recurso em mandado de segurança nº 24.715∕ES, de


Relatoria do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, o Superior Tribunal de
Justiça se valeu dos princípios da proteção à confiança e da boa-fé para
impedir que a Administração debitasse na remuneração de servidor público
valores que supostamente teriam sido recebidos indevidamente, por falha
administrativa:
7
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24. ed., p.88.

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AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


ADIANTAMENTO DE REMUNERAÇÃO DESTINADA À CARREIRA DE MAGISTÉRIO.
PAGAMENTO INDEVIDO À IMPETRANTE EM RAZÃO DO GOZO DE LICENÇA
ESPECIAL REMUNERADA. MÁ APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO PELA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. RECEBIMENTO DE BOA-FÉ. PRETENSÃO
ADMINISTRATIVA DE RESTITUIÇÃO DOS VALORES. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO
DESPROVIDO.

1. É incabível a exigência de restituição ou a procedência de descontos referentes a


valores pagos em decorrência de interpretação equivocada ou má aplicação da legislação
regente pela própria Administração, quando constatada a boa-fé do beneficiado.

2. O requisito estabelecido para a não devolução de valores pecuniários indevidamente


recebidos é a boa-fé do servidor que, ao recebê-los na aparência de serem corretos,
firma compromissos com respaldo na pecúnia; a escusabilidade do erro cometido pelo
agente, autoriza a atribuição de legitimidade ao recebimento da vantagem.

3. Não há que se impor a restituição pelo Servidor de quantias percebidas de boa-fé e


por equívoco do erário, ainda que a título de adiantamento de remuneração destinada à
carreira de magistério, porquanto tais valores não lhe serviram de fonte de
enriquecimento ilícito, mas de sua subsistência e de sua família.

4. Recurso desprovido.

(AgRg no RMS 24715/ES - Relator Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO - DJe
13/09/2010)

No concurso público para a função de Técnico de nível superior do


Ministério das Comunicações, realizado em 2013, o CESPE considerou
correto o seguinte enunciado: “a administração pública não pode exigir a
devolução ao erário dos valores recebidos de boa-fé pelo servidor público,
quando estes tiverem sido pagos indevidamente em função de errônea
interpretação ou má aplicação da lei”.

3.7. Princípio da continuidade dos serviços públicos


O princípio em estudo declara que o serviço público deve ser prestado de
maneira contínua, o que significa dizer que, em regra, não é passível de
interrupção, em virtude de sua alta relevância para toda a coletividade.
Podemos citar como exemplo de serviços públicos que não podem ser
interrompidos a segurança pública, os serviços de saúde, transporte,
abastecimento de água, entre outros.

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Apesar da obrigatoriedade de prestação contínua, é válido ressaltar que


os serviços públicos podem sofrer paralisações ou suspensões, conforme
previsto no § 3º, artigo 6º, da Lei 8.987/1995, em situações excepcionais:
§ 3º. Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em
situação de emergência ou após prévio aviso, quando:
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.

Para que o serviço seja prestado de forma contínua, não é necessário que
seja prestado todos os dias, mas sim com regularidade. O exemplo cotidiano de
serviço prestado com regularidade, mas não todos os dias, é o de coleta de
lixo. É muito comum encontramos localidades em que o lixo somente é
recolhido duas vezes por semana, mas a população tem plena ciência da
frequência do serviço, o que não lhe retira a eficiência, a adequação e a
continuidade.
Todos aqueles que prestam serviços públicos estão submetidos a certas
restrições necessárias à manutenção de sua continuidade, entre elas é possível
citar:
1ª) Restrição ao direito de greve: Segundo o artigo 37, VII, da
Constituição Federal de 1988, os servidores públicos somente podem exercer
o direito de greve nos termos e nos limites definidos em lei específica.
Todavia, é válido destacar que até o momento a referida lei específica não foi
criada, mas, no julgamento dos mandados de injunção 670, 708 e 712, o
Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públicos poderão utilizar a
Lei 7.783/89, que regula a greve dos trabalhadores celetistas, até que o
Congresso Nacional providencie a criação da lei a que se refere o artigo 37, VII,
da CF/88.
2º) Impossibilidade de alegação da exceção do contrato não
cumprido em face da Administração Pública: Em regra, o particular não
pode interromper ou suspender a execução de serviços públicos que estejam
sob a sua responsabilidade, mesmo que o contrato esteja sendo
desrespeitado pela Administração, como acontece na falta dos pagamentos
devidos. A impossibilidade de interrupção ou suspensão decorre da aplicação
restrita da exceção do contrato não cumprido (“exceptio non adimpleti
contratus”) nas relações jurídicas amparadas pelo regime jurídico-
administrativo, já que este tem o objetivo de assegurar à Administração
prerrogativas que facilitem a satisfação do interesse público. Somente em
situações especiais, a exemplo de atraso nos pagamentos devidos por prazo
superior a 90 dias, o particular poderá alegar a cláusula da exceção do contrato
não cumprido em face da Administração.

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3.8. Princípio da motivação


O princípio da motivação impõe à Administração Pública a obrigação de
apresentar as razões de fato (o acontecimento, a circunstância real) e as
razões de direito (o dispositivo legal) que a levaram a praticar determinado
ato.
A necessidade geral de motivação dos atos administrativos não está
prevista expressamente no artigo 37 da Constituição Federal de 1988, mas
consta no artigo 93, X (em relação aos atos administrativos editados pelo Poder
Judiciário) e 129, § 4º (em relação aos atos administrativos editados pelo
Ministério Público).
Em termos gerais, o princípio da motivação pode ser considerado
implícito, pois não existe previsão expressa na Constituição Federal de 1988
de que os atos editados pelo Poder Executivo também devam ser motivados. É
claro que se a Constituição Federal impõe a obrigatoriedade de motivação dos
atos administrativos do Poder Judiciário e do Ministério Público,
implicitamente, também a estende aos atos editados pelo Poder Executivo,
que é aquele que possui na edição de atos administrativos a sua função
principal, típica.
A Lei 9.784/99, inciso VII, artigo 2º, declara expressamente que nos
processos administrativos federais serão indicados os pressupostos de fato e
de direito que determinarem a decisão.
Além disso, afirma no § 1º, do artigo 50, que a motivação deve ser
explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de
concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões
ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato, o que a doutrina
convencionou chamar de motivação aliunde.
A imposição de que a motivação seja explícita, clara e congruente
deriva, dentre outros, dos princípios do devido processo legal, do contraditório e
da ampla defesa.
Para que o administrado ou mesmo os agentes públicos (nos casos em
que estiverem respondendo a um processo administrativo, por exemplo)
possam contestar ou defender-se dos atos administrativos praticados pela
Administração, é necessário que tenham pleno conhecimento de seu conteúdo.
Sendo assim, no momento de motivar o ato, o administrador não pode
limitar-se a indicar o dispositivo legal que serviu de base para a sua edição. É
essencial ainda que o administrador apresente, detalhadamente, todo o
caminho que percorreu para chegar a tal conclusão, bem como o objetivo que
deseja alcançar com a prática do ato.

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Agindo dessa maneira, o administrador estará permitindo que os


interessados possam exercer um controle efetivo sobre o ato praticado, que
deve respeitar as diretrizes do Estado Democrático de Direito, o princípio da
legalidade, da razoabilidade, proporcionalidade, do devido processo legal, entre
outros.
Pergunta: Será que todos os atos administrativos devem ser motivados?
Diante do que escrevi até o momento, parece que sim, não é? Bem, para
fins de concursos públicos, devemos ficar atentos a essa pergunta. Embora
renomados professores como Diógenes Gasparini e Maria Sylvia Zanella Di
Pietro, por exemplo, entendam que todos os atos administrativos devam ser
motivados, sejam eles vinculados ou discricionários, é válido destacar que
existe uma exceção muito cobrada em concursos públicos: a nomeação e
exoneração de servidores ocupantes de cargos em comissão (cargos de
confiança).
No momento de nomear um cidadão para ocupar cargo público em
comissão (aquele em que não é necessário ser aprovado em concurso público e
que possui atribuições de direção, chefia e assessoramento, como o cargo de
Secretário Municipal, por exemplo), a autoridade competente não está obrigada
a apresentar os motivos, por escrito, que a levaram a optar pelo cidadão “a”,
em vez do cidadão “b”.
Da mesma forma, acontece na exoneração. A autoridade competente não
está obrigada a apresentar, por escrito, os motivos que a levaram a “dispensar”
o ocupante do cargo em comissão, independentemente de quais sejam.
Sendo assim, como o nosso objetivo é ser aprovado em um concurso
público, fique atento a essa exceção que comprova que nem todos os atos
administrativos precisam ser motivados.
Por fim, não confunda o motivo do ato administrativo (que iremos
estudar posteriormente) com a necessidade de motivação. O primeiro é a
razão de fato e de direito que justificou a edição do ato. O segundo nada mais é
que a exposição dos motivos, por escrito, detalhadamente.
Exemplo: Imagine que o Departamento de Recursos Humanos de um
determinado órgão público tenha solicitado ao servidor “X” a apresentação de
algumas informações e documentos para proceder à atualização de seus dados
cadastrais. Contudo, apesar da solicitação formal da Administração,
imotivadamente, o servidor se recusou a fornecê-los. Diante do exposto, o
servidor será punido com uma advertência em virtude de não ter apresentado
as informações e documentos solicitados (motivo), mas, no momento da

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aplicação da penalidade, a Administração deverá explicar por escrito o


“porquê” de ter sido aplicada a referida advertência (motivação).

No concurso para o cargo de Procurador do Distrito Federal, realizado


em 2007, a ESAF considerou correta a seguinte assertiva: “À luz do
Princípio da Motivação, a validade do ato administrativo depende do caráter
prévio ou da concomitância da motivação pela autoridade que o proferiu com
relação ao momento da prática do próprio ato”.

Na prova para o cargo de Analista Judiciário do TRT da 15ª 2009, aplicada em


2009, a Fundação Carlos Chagas elaborou uma assertiva afirmando que “o princípio
da fundamentação exige que a Administração Pública indique os fundamentos
de fato e de direito de seus atos e decisões”.
Alguns candidatos ficaram bastante surpresos ao se depararem com o “princípio
da fundamentação” nessa prova. E não tinha como ser diferente, pois a Fundação
Carlos Chagas simplesmente alterou a expressão “motivação” por “fundamentação”,
confundindo os candidatos.
É importante esclarecer que o inc. IX do art. 93 da CF/1988 estabelece que
todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade. No mesmo sentido, o inciso X do art. 93 da
CF/1988 prevê que as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em
sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus
membros.
Como é possível perceber, o texto constitucional impõe que as decisões judiciais
devem ser necessariamente fundamentadas, sob pena de nulidade. Por outro lado, em
relação às decisões administrativas do Poder Judiciário, o texto constitucional se refere
à motivação e não à fundamentação.
O candidato deve ficar atento para o fato de que a Fundação Carlos Chagas
considera as duas expressões como sinônimas, mesmo tendo o poder constituinte se
referido a elas em situações distintas.

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3.9. Princípio da especialidade


A Administração Pública brasileira, conforme estudaremos
posteriormente, divide-se, didaticamente, em direta e indireta. A
Administração Direta é formada pelas entidades estatais, também chamadas
de entidades políticas (União, Estados, Municípios e DF), bem como pelos seus
respectivos órgãos públicos.
A Administração Indireta é constituída pelas denominadas “entidades
administrativas” (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e
sociedades de economia mista), que são criadas pelas entidades estatais, por
lei ou mediante autorização legal, para exercerem atividades administrativas
de forma descentralizada, mas vinculadas às entidades estatais
responsáveis pela criação.
Ao criar ou autorizar a criação de uma entidade administrativa, a lei
estabelece previamente a sua área de atuação (a sua finalidade), isto é, a sua
especialidade. Sendo assim, como a capacidade específica da entidade
administrativa foi determinada por lei, somente esta pode alterá-la. Caso os
administradores decidam alterar, por conta própria, a especialidade da entidade
administrativa na qual atuam, poderão ser responsabilizados nos termos da lei.
Exemplo: A Lei Federal 7.735/89, em 1989, criou o Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Em seu artigo 2º,
a lei determinou que o IBAMA teria a natureza jurídica de uma autarquia federal
dotada de personalidade jurídica de direito público, autonomia administrativa e
financeira, e que seria vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. Afirmou ainda
a lei que a finalidade, ou seja, a especialidade do IBAMA seria exercer o
poder de polícia ambiental; executar ações das políticas nacionais de meio
ambiente; executar as ações supletivas de competência da União, de
conformidade com a legislação ambiental vigente, dentre outras.
Ora, nesse contexto, caso o Presidente do IBAMA decida emitir ordens no
sentido de direcionar a atuação da entidade para uma finalidade diferente
daquela prevista na lei, estará violando expressamente o princípio da
especialidade, dentre outros.

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RESUMO DE VÉSPERA DE PROVA - RVP

1. Não existe hierarquia entre os diversos princípios administrativos. Caso


ocorra uma colisão entre princípios, o juiz deverá ponderar, em cada caso,
conforme as circunstâncias, qual princípio deve prevalecer;
2. Para responder à questões sobre o princípio da legalidade, lembre-se:
enquanto os indivíduos, no campo privado, podem fazer tudo o que a lei não
proíbe, o administrador público só pode atuar onde a lei autoriza;
3. O princípio da legalidade, em relação aos particulares, também é conhecido
como princípio da autonomia da vontade;
4. Nas campanhas publicitárias dos órgãos e entidades integrantes da
Administração Pública não poderão constar nomes, símbolos ou imagens que
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos;
5. É muito comum você encontrar em provas questões que se referem à
remoção de servidores com o objetivo de punição ou aplicação de
penalidade a servidores. Entretanto, a remoção não possui essas finalidades,
mas sim o objetivo de suprir a necessidade de pessoal. Portanto, caso seja
usada para punir um servidor, restará caracterizado, nesse caso, o famoso
“desvio de finalidade” ou “desvio de poder”;
6. Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos
políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo
da ação penal cabível (Essa é certa na prova!);
7. A publicação do ato administrativo em órgão oficial de imprensa não é
condição de sua validade, mas sim condição de eficácia;
8. Nem todas as informações constantes em bancos de dados públicos serão
disponibilizadas aos cidadãos, pois existem algumas que são imprescindíveis à
segurança da sociedade e do Estado e, portanto, serão sigilosas;
9. O princípio da eficiência está relacionado diretamente com o princípio da
economicidade, que impõe à Administração Pública a obrigatoriedade de
praticar as atividades administrativas com observância da relação custo-
benefício;
10. Respaldada pelo princípio da supremacia do interesse público, a
Administração irá atuar com superioridade em relação aos demais interesses
existentes na sociedade. Isso significa que será estabelecida uma relação
jurídica “vertical” entre o particular e a Administração, que se encontra em
situação de superioridade;

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11. O ato discricionário pode ser revisto pelo Poder Judiciário caso viole os
princípios da razoabilidade ou da proporcionalidade;
12. De uma forma geral, os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade
são considerados implícitos;
13. A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial;
14. Os serviços públicos devem ser prestados de forma contínua, sem
interrupções, exceto nos casos de emergência ou mediante aviso prévio,
quando for necessário, por exemplo, efetuar a manutenção técnica (Princípio da
continuidade dos serviços públicos);
15. Em regra, todos os atos administrativos devem ser motivados. Todavia,
para fins de concursos públicos, lembre-se que a motivação não é obrigatória
nos atos de nomeação e exoneração para os cargos de confiança.

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QUESTÕES COMENTADAS

(CESPE∕Analista Técnico – MJ∕2013) Com referência aos princípios do


direito administrativo e aos poderes da administração, julgue os
próximos itens.
1. As restrições impostas à atividade administrativa que decorrem do
fato de ser a administração pública mera gestora de bens e de
interesses públicos derivam do princípio da indisponibilidade do
interesse público, que é um dos pilares do regime jurídico-
administrativo.
O regime jurídico-administrativo pauta-se sobre os princípios da supremacia do
interesse público sobre o particular e o da indisponibilidade do interesse público
pela administração, ou seja, erige-se sobre o binômio “prerrogativas da
administração — direitos dos administrados”. O princípio da indisponibilidade do
interesse público impõe para a Administração Pública uma série de limitações
ou restrições denominadas “sujeições”, que realmente têm o objetivo de
resguardar o interesse público. Assertiva correta.

(CESPE∕Auditor de Controle Externo – TCE RO∕2013) Quanto aos


princípios jurídicos aplicáveis à administração pública, julgue os itens a
seguir.
2. De acordo com a doutrina, o regime jurídico-administrativo abrange
tanto as regras quanto os princípios, os quais são considerados
recomendações para a atividade da administração pública.
Os princípios não são considerados meras recomendações para a atividade da
Administração Pública, pois possuem caráter impositivo, mandamental,
determinando diretrizes para a atuação dos agentes, entidades e órgãos
públicos. Assertiva incorreta.

3. A atribuição do nome de determinado prefeito em exercício a escola


pública municipal constitui infringência ao princípio constitucional da
impessoalidade, mesmo que tenha caráter educativo, informativo ou de
orientação social.
Ao realizar a divulgação dos atos, programas, obras e serviços realizados pela
Administração Pública, o gestor público não pode se valer da oportunidade para
promover o seu nome ou imagem perante a sociedade, apresentando-se como
se fosse o único responsável pelos feitos administrativos. Também não pode ser

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aproveitar do fato de exercer função pública (o que lhe garante respeito e


prestígio perante outras autoridades) para atribuir o seu nome ou de parentes
vivos a bens públicos. Não restam dúvidas de que tal conduta viola
frontalmente o princípio da impessoalidade. Assertiva correta.

(CESPE∕Assistente Técnico Administrativo – MI∕2013) Julgue os itens


abaixo, acerca do direito administrativo.
4. Os costumes, a jurisprudência, a doutrina e a lei constituem as
principais fontes do direito administrativo.
Segundo o Dicionário Larousse da Língua Portuguesa, o vocábulo fonte significa
”lugar em que continuamente nasce água”; “princípio, origem, causa”. Nesse
contexto, as fontes do Direito Administrativo são as formas pelas quais a
disciplina jurídica é levada ao conhecimento dos seus destinatários,
manifestando-se através lei, sua fonte maior, e também por meio da
doutrina, jurisprudência e costumes administrativos. Assertiva correta.

5. Fere a moralidade administrativa a conduta do agente que se vale da


publicidade oficial para autopromover-se.
A CF∕1988, em seu art. 37, § 1º, dispõe que “a publicidade dos atos,
programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter
educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
autoridades ou servidores públicos”. Assertiva correta.

6. Não viola o princípio da legalidade a exoneração de ofício de servidor


público por abandono de cargo.
A Lei nº 8.112∕1990, em seu art. 132, II, dispõe expressamente que o
abandono de cargo público pode ensejar a demissão do servidor público, após
regular processo administrativo. Assim, caso o servidor público seja exonerado
de ofício, violar-se-á o princípio da legalidade, pois o mandamento legal deixará
de ser observado. Assertiva incorreta.

(CESPE∕Advogado – SERPRO∕2013) No que concerne aos princípios


constitucionais do direito administrativo, julgue os seguintes itens.

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7. O princípio da isonomia pode ser invocado para a obtenção de


benefício, ainda que a concessão deste a outros servidores tenha-se
dado com a violação ao princípio da legalidade.
O Supremo Tribunal Federal, através da súmula nº 339, consolidou o
entendimento de que “não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função
legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de
isonomia”. Assertiva incorreta.

8. O princípio da publicidade vincula-se à existência do ato


administrativo, mas a inobservância desse princípio não invalida o ato.
O Decreto Federal nº 1.171/1994, em seu inc. VII, afirma que “salvo os casos
de segurança nacional, investigações policiais ou interesse superior do Estado e
da Administração Pública, a serem preservados em processo previamente
declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato
administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua
omissão comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a
negar”.
Nesses termos, deve ficar claro que o princípio da publicidade não se vincula à
existência do ato administrativo, mas sim à sua eficácia. O ato administrativo
perfeito, isto é, aquele que já percorreu todo o trâmite necessário à sua edição
será considerado existente ainda que não tenha sido publicado no Diário Oficial.
Porém, antes da publicação oficial, será ineficaz. Assertiva incorreta.

(CESPE∕Advogado – TELEBRAS∕2013) A respeito do direito


administrativo e da administração pública, julgue os itens a seguir.
9. Os critérios unidimensionais ou simples conceituam o direito
administrativo levando em consideração um só elemento, a exemplo do
que ocorre com o critério legalista.
O critério legalista ou exegético restringe o Direito Administrativo a uma
única dimensão, isto é, somente às leis, deixando de lado os princípios,
jurisprudência e demais fontes. Por isso também é conhecido por critério
unidimensional ou simples. Assertiva correta.

10. (CESPE∕Juiz Substituto – TJ MA∕2013) Consoante aos princípios da


administração pública, assinale a opção correta.
a) De acordo com o princípio da publicidade, toda e qualquer atividade
administrativa deve ser autorizada por lei.

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b) Dado o princípio da legalidade, deve o administrador público pautar


sua conduta por preceitos éticos.
c) A obrigação de a administração pública ser impessoal decorre do
princípio da moralidade.
d) A eficiência constitui princípio administrativo previsto na CF.

Comentários
a) Analisando-se o inteiro teor da assertiva, não restam dúvidas de que o seu
conteúdo está se referindo ao princípio da legalidade e não ao princípio da
publicidade. Assertiva incorreta.
b) É o princípio da moralidade, também previsto expressamente no artigo 37,
caput, da Constituição Federal de 1988, que impõe que agentes públicos e
particulares que se relacionem com a Administração Pública atuem com
honestidade, boa-fé e lealdade, respeitando a isonomia e demais preceitos
éticos. Assertiva incorreta.
c) O princípio de direito administrativo que objetiva o tratamento igualitário e
impessoal aos administrados por parte da administração, representando um
desdobramento do princípio da isonomia, é o princípio da impessoalidade.
Assertiva incorreta.
d) O princípio da eficiência, previsto expressamente no texto constitucional,
exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição e
rendimento funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa,
que já não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo
resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das
necessidades da comunidade e de seus membros. Assertiva correta.
Gabarito: Letra d.

11. (CESPE∕Juiz substituto – TJ MA∕2013) Com base na interpretação


judicial do direito administrativo, assinale a opção correta.
a) Não viola o princípio da igualdade a não realização por órgãos e
entidades da administração pública de processo seletivo para
contratação de estagiário, por não constituir tal recrutamento uma
forma de provimento de cargo público.
b) A circunstância de inexistir previsão específica para a interposição
de recurso hierárquico em favor do sujeito passivo afasta o poder-
dever da administração de examinar a validade do ato administrativo.

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c) Conforme entendimento do STF, há risco de grave lesão à ordem


pública, bem como de efeito multiplicador, na decisão judicial que
determina remoção de servidor para acompanhar cônjuge transferido a
pedido, quando não há interesse público em removê-lo.
d) Cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio
constitucional da legalidade, quando a sua verificação pressuponha
rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela decisão
recorrida.
Comentários
a) No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3.795/DF, cujo
acórdão foi publicado inicialmente no DJE de 24/05/2011, o Supremo Tribunal
Federal decidiu que lei distrital que proíbe a realização de processo seletivo
para o recrutamento de estagiários pelos órgãos e entidades do Poder Público
do Distrito Federal viola os princípios da impessoalidade (art. 37, caput,
CF/1988) e igualdade (art. 5º, caput, CF/1988). Assertiva incorreta.
b) No julgamento do agravo regimental em recurso extraordinário nº 462.136,
cujo acórdão foi publicado no DJE de 01∕10∕2010, o Supremo Tribunal Federal
decidiu que “a circunstância de inexistir previsão específica para a interposição
de recurso hierárquico em favor do sujeito passivo não afasta o poder-dever da
administração de examinar a validade do ato administrativo que implica a
constituição do crédito tributário, ainda que não provocada, respeitadas a forma
e as balizas impostas pelo sistema jurídico (Súmula 473/STF)”. Assertiva
incorreta.
c) No julgamento da suspensão de tutela antecipada 407∕PE, de relatoria do
Ministro Cezar Peluso, o Supremo Tribunal Federal assim decidiu:
SERVIDOR PÚBLICO. Acompanhamento de cônjuge transferido a pedido.
Remoção. Deferimento. Inadmissibilidade. Inobservância do princípio da
isonomia. Risco de lesão à ordem pública. Efeito multiplicador presente. Decisão
paradigmática. Suspensão de Segurança deferida. Agravo regimental
improvido. Há risco de grave lesão à ordem pública, bem como de efeito
multiplicador, na decisão judicial que determina remoção de servidor
para acompanhar cônjuge transferido a pedido, quando não há
interesse público em removê-lo.
(STF - STA: 407 PE , Relator: Min. CEZAR PELUSO, Data de Julgamento:
18/08/2010, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-164 DIVULG 02-09-2010
PUBLIC 03-09-2010 EMENT VOL-02413-01 PP-00026)
Nesses termos, não restam dúvidas de que o texto da assertiva simplesmente
reproduziu o julgado do STF. Assertiva correta.

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d) A súmula 636 do STF dispõe que “não cabe recurso extraordinário por
contrariedade ao princípio constitucional da legalidade, quando a sua verificação
pressuponha rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela
decisão recorrida". Assertiva incorreta.
Gabarito: Letra c.

(CESPE∕Defensor Público – DPE RR∕2013 - adaptada) Considerando os


princípios aplicáveis à administração pública e a jurisprudência do STF,
julgue os itens seguintes.
12. Se um servidor administrativo estadual tiver um pedido
administrativo negado pela administração pública, a admissibilidade de
recurso administrativo que vier a ser oferecido por esse servidor estará
condicionada ao depósito prévio da taxa recursal.
A súmula 21 do Supremo Tribunal Federal é expressa ao afirmar que “é
inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou
bens para admissibilidade de recurso administrativo”. Assertiva incorreta.

13. Caso o presidente de autarquia estadual pretenda nomear seu


sobrinho para o cargo de diretor administrativo dessa entidade, não
haverá óbice jurídico para a nomeação, já que a vedação ao nepotismo
depende da edição de lei formal.
Em razão da súmula vinculante nº 13 do STF, que veda o nepotismo
(inclusive na forma cruzada), os primos são os únicos parentes (4º grau) do
presidente da autarquia estadual que podem ser nomeados para cargos em
comissão ou função gratificada. Sobrinhos são parentes de 3º grau, portanto,
enquadram-se na proibição ao nepotismo, que independe da edição de lei
formal, pois encontra fundamento nos princípios da impessoalidade, moralidade
e legalidade. Assertiva incorreta.

14. O princípio da publicidade exige que a administração pública dê


ampla divulgação dos seus atos, inclusive fornecendo, gratuitamente,
certidões para a defesa de direitos e o esclarecimento de situações de
interesse pessoal quando solicitadas.
A CF∕1988, em seu art. 5º, XXXIV, dispõe que são a todos assegurados,
independentemente do pagamento de taxas a obtenção de certidões em
repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de
interesse pessoal. Assertiva correta.

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15. O STF entende, com base no princípio da ampla defesa, que, em


processo administrativo disciplinar, é obrigatório que a defesa técnica
seja promovida por advogado.
A súmula vinculante nº 5 do Supremo Tribunal Federal dispõe que “a falta de
defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende
a constituição”. Portanto, a contratação de advogado para acompanhamento de
processo administrativo disciplinar é uma faculdade assegurada ao
administrado. Assertiva incorreta.

(CESPE∕Auditor de Controle Externo – TCE ES∕2012) A respeito de órgão


público, agente de fato e princípios da administração pública, julgue os
itens que se seguem.
16. A atuação administrativa dos integrantes do setor público deve ser
pautada pela existência de uma permissão legal. Assim sendo, o
princípio explicitado na CF hierarquicamente definido como mais
importante é o da legalidade, pois é um princípio norteador das ações
públicas.
O princípio da legalidade realmente é responsável por pautar as condutas
praticadas no âmbito da Administração Pública, já que a atividade
administrativa deve ser sempre autorizada ou determinada por lei. Todavia,
não é correto afirmar que o princípio da legalidade é hierarquicamente o mais
importante, pois não há hierarquia entre os princípios administrativos.
Diante de uma aparente colisão entre princípios, o intérprete (o
administrador ou o juiz) deverá considerar o peso relativo de cada um deles e
verificar, no caso concreto em análise, qual deverá prevalecer. A solução da
colisão dar-se-á através da ponderação entre os diversos valores jurídicos
envolvidos, pois os princípios possuem um alcance (peso) diferente em cada
caso concreto e aquele que possuir maior abrangência deverá prevalecer.
Assertiva incorreta.

17. Segundo o princípio da indisponibilidade, o agente público não


dispõe livremente dos bens e do interesse público, devendo geri-los da
forma que melhor atenda à coletividade.
O princípio da indisponibilidade do interesse público pode ser estudado sob
vários aspectos, mas todos eles estabelecem restrições e limitações à gestão
dos bens e interesses públicos, que devem sempre satisfazer os interesses da
coletividade. Se o agente público desejar alienar um bem público, por exemplo,

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deverá observar todas as condições previstas no art. 17 da Lei nº 8.666∕1993,


sob pena de responsabilização nas esferas penal, administrativa e cível.
Assertiva correta.

(CESPE∕Técnico Administrativo – ANATEL∕2012) Julgue o item que se


segue, relativo aos princípios e poderes da administração pública.
18. O princípio da segurança jurídica resguarda a estabilidade das
relações no âmbito da administração; um de seus reflexos é a vedação
à aplicação retroativa de nova interpretação de norma em processo
administrativo.
O art. 2º, XIII, da Lei nº 9.784∕1999, dispõe que nos processos administrativos
serão observados, entre outros, os critérios de “interpretação da norma
administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que
se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação”.
Ao responder às questões de prova, lembre-se sempre de que o princípio da
segurança jurídica não veda que a Administração Pública altere as suas
interpretações sobre as leis vigentes, porém, não permite que a “nova”
interpretação seja aplicada retroativamente. Assertiva correta.

(CESPE∕Técnico Administrativo – IBAMA∕2012) No que concerne à


administração pública, julgue os itens a seguir.
19. De acordo com a CF, a medida provisória, o estado de defesa e o
estado de sítio constituem exceção ao princípio da legalidade na
administração pública.
O professor Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que o princípio da
legalidade pode sofrer constrições (restrições) em função de circunstâncias
excepcionais, mencionadas expressamente no texto constitucional, como no
caso da edição de medidas provisórias, decretação de estado de defesa
e, ainda, a decretação de estado de sítio pelo Presidente da República.
Assim, é correto concluir que, em situações excepcionais, os particulares
podem ser obrigados a fazer ou deixar de fazer alguma coisa também em
virtude de medida provisória ou decretos que instituem estado de defesa ou
estado de sítio. Porém, tal obrigação somente ocorre em caráter excepcional
e em virtude de tais instrumentos possuírem força de lei, apesar de não serem
lei em sentido formal. Assertiva correta.

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(CESPE∕Analista Judiciário – TRE RJ∕2012) Julgue os itens que se


seguem, relativos ao direito administrativo.
20. No âmbito da administração pública, a correlação entre meios e fins
é uma expressão cujos sentido e alcance costumam ser diretamente
associados ao princípio da eficiência.
O art. 2º, VI, da Lei nº 9.784∕1999, dispõe que nos processos administrativos
serão observados, entre outros, os critérios “de adequação entre meios e
fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida
superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse
público”. Nesse caso, o dispositivo legal está se referindo ao princípio da
proporcionalidade e não ao princípio da eficiência. Assertiva incorreta.

21. (FCC/Analista Judiciário – TRT 1ª Região/2013) A propósito dos


princípios que informam a atuação da Administração pública tem-se
que o princípio da
(A) supremacia do interesse público e o princípio da legalidade podem
ser excludentes, devendo, em eventual conflito, prevalecer o primeiro,
por sobrepor-se a todos os demais.
(B) publicidade está implícito na atuação da administração, uma vez
que não consta da constituição federal, mas deve ser respeitado nas
mesmas condições que os demais.
(C) eficiência e o princípio da legalidade podem ser excludentes, razão
pela qual cabe ao administrador a opção de escolha dentre eles, de
acordo com o caso concreto.
(D) tutela permite que a administração pública exerça, em algum grau
e medida, controle sobre as autarquias que instituir, para garantia da
observância de suas finalidades institucionais.
(E) autotutela permite o controle dos atos praticados pelos entes que
integram a administração indireta, inclusive consórcios públicos.

Comentários
a) Errado. Não há hierarquia entre os princípios administrativos, portanto, o
princípio da supremacia do interesse público não irá sobrepor-se aos demais,
apesar de ser um dos princípios fundamentais do regime jurídico-
administrativo. Diante de um aparente conflito entre princípios o intérprete
(administrador ou juiz) deverá valer-se da ponderação de interesses,
valorando as circunstâncias e peculiaridades do caso em concreto com a
finalidade de decidir qual dos interesses possui, abstratamente, mais relevância
na situação em análise, incidindo com mais ênfase.

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b) Errado. Diferentemente no que consta no texto da assertiva, o princípio da


publicidade está previsto expressamente no caput do art. 37 da Constituição
Federal.
c) Errado. Os princípios administrativos devem ser interpretados de forma
harmônica e sistemática, portanto, é incorreto afirmar que os princípios da
legalidade e da eficiência podem ser excludentes.
d) Correto. O princípio da tutela, também conhecido como “princípio do
controle”, permite à Administração Pública Direta (União, Estados,
Municípios e Distrito Federal) controlar o exercício das finalidades institucionais
das entidades integrantes da Administração Pública Indireta (autarquias,
fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas).
e) Errado. O princípio da autotutela (que é diferente do princípio da tutela)
assegura à Administração Pública a prerrogativa de rever os seus próprios
atos, anulando-os, quando ilegais, ou revogando-os, quando inoportunos ou
inconvenientes ao interesse público.
GABARITO: LETRA D.

22. (FCC/Defensor Público – DPE PR/2012) Sobre os princípios


orientadores da administração pública é INCORRETO afirmar:
a) A administração pública não pode criar obrigações ou reconhecer
direitos que não estejam determinados ou autorizados em lei.
b) A conduta administrativa com motivação estranha ao interesse
público caracteriza desvio de finalidade ou desvio de poder.
c) A oportunidade e a conveniência são delimitadas por razoabilidade e
proporcionalidade tanto na discricionariedade quanto na atividade
vinculada da administração pública.
d) Além de requisito de eficácia dos atos administrativos, a publicidade
propicia o controle da administração pública pelos administrados.
e) O princípio da eficiência tem sede constitucional e se reporta ao
desempenho da administração pública.

Comentários
a) O princípio da legalidade, previsto no art. 37, caput, da Constituição
Federal de 1988, realmente impõe que a Administração Pública atue nos
estritos termos da lei, sendo-lhe vedada a criação de obrigações ou
reconhecimento de direitos através de atos administrativos, por exemplo.
Assertiva correta.

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b) Nos termos da alínea “e”, parágrafo único, artigo 2º, da Lei nº 4.717/65 (Lei
de Ação Popular), o desvio de poder ou finalidade ocorre quando “o agente
pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou
implicitamente, na regra de competência”. Assertiva correta.
c) A atividade discricionária da Administração Pública caracteriza-se pela
conveniência e oportunidade, isto é, ao agente público competente é
assegurada legalmente uma relativa margem de liberdade para atuar,
materializada na escolha dos requisitos “motivo” e “objeto” do ato
administrativo.
Todavia, deve ficar claro que a discricionariedade não estará presente na
atividade vinculada da Administração Pública, pois, neste caso, a própria lei
se encarregou de estabelecer todos os requisitos do ato administrativo
(competência, forma, finalidade, motivo e objeto), impossibilitando que o
agente público atue da maneira que entender mais conveniente e oportuna para
o interesse público. Assertiva incorreta.
d) Não restam dúvidas de que a publicidade é requisito de eficácia e
moralidade do ato administrativo, pois, somente com a sua divulgação nos
órgãos oficiais de imprensa ou boletins internos, quando for o caso, é que os
administrados terão acesso ao seu conteúdo, podendo impugná-lo perante o
Poder Judiciário ou Administração Pública. Assertiva correta.
e) O princípio da eficiência, previsto expressamente no caput do art. 37 da
Constituição Federal de 1988, impõe que a Administração Pública atue com
rapidez, perfeição e rendimento. Assertiva correta.
GABARITO: LETRA C.

23. (FCC/Técnico Judiciário – TRT 6ª Região/2012) Pode-se, sem


pretender esgotar o conceito, definir o princípio da eficiência como
princípio
a) constitucional que rege a Administração Pública, do qual se retira
especificamente a presunção absoluta de legalidade de seus atos.
b) infralegal dirigido à Administração Pública para que ela seja gerida
de modo impessoal e transparente, dando publicidade a todos os seus
atos.
c) infralegal que positivou a supremacia do interesse público,
permitindo que a decisão da Administração sempre se sobreponha ao
interesse do particular.
d) constitucional que se presta a exigir a atuação da Administração
Pública condizente com a moralidade, na medida em que esta não
encontra guarida expressa no texto constitucional.

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e) constitucional dirigido à Administração Pública para que seja


organizada e dirigida de modo a alcançar os melhores resultados no
desempenho de suas funções.

Comentários
Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas sobre o princípio
da eficiência, é importante ficar atento às seguintes informações:
1ª - Trata-se de princípio expresso, já que insculpido no caput do art.
37 da Constituição Federal de 1988;
2ª - Se o princípio consta expressamente no texto constitucional, não
pode ser considerado infralegal (abaixo da lei);
3ª - Até a promulgação da emenda constitucional nº 19, em 04/06/1998,
que foi responsável pela sua inclusão no texto constitucional, era
considerado princípio implícito;
4ª - Impõe-se tanto à Administração Pública quanto aos seus agentes, já
que ambos devem sempre atuar na incansável rotina de alcançar os
melhores resultados para a coletividade, com máxima produtividade;
5ª - Está relacionado diretamente com o princípio da economicidade
(alguns autores o consideram uma espécie deste), que impõe à
Administração Pública a obrigatoriedade de praticar as atividades
administrativas com observância da relação custo/benefício, de modo que
os recursos públicos sejam utilizados de forma mais vantajosa e eficiente
para o poder público.
GABARITO: LETRA E.

24. (FCC/Comissário da Infância – TJ RJ/2012) O princípio da


supremacia do interesse público
a) informa toda a atuação da Administração Pública e se sobrepõe a
todos os demais princípios e a todo e qualquer interesse individual.
b) está presente na elaboração da lei e no exercício da função
administrativa, esta que sempre deve visar ao interesse público.
c) informa toda a atuação da Administração Pública, recomendando,
ainda que excepcionalmente, o descumprimento de norma legal, desde
que se comprove que o interesse público restará melhor atendido.
d) traduz-se no poder da Administração Pública de se sobrepor
discricionariamente sobre os interesses individuais, dispensando a
adoção de formalidades legalmente previstas.

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e) está presente na atuação da Administração Pública e se


consubstancia na presunção de veracidade dos atos praticados pelo
Poder Público.
Comentários
a) O princípio da supremacia do interesse público, apesar de representar um
dos pilares do regime jurídico-administrativo, não é hierarquicamente superior
aos demais princípios administrativos. Não há hierarquia entre princípios, que
devem ser interpretados sistematicamente, através de um juízo de ponderação
de valores presentes no caso em concreto. Assertiva incorreta.
b) A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que “esse princípio está
presente tanto no momento da elaboração da lei como no momento de sua
execução em concreto pela Administração Pública. Ele inspira o legislador e
vincula a autoridade administrativa em toda a sua atuação”. Assertiva
correta.
c) Em nenhum momento a legislação poderá ser descumprida sob a alegação de
que o interesse público restará melhor atendido. Caso isso ocorra, restará
caracterizada grave e inadmissível violação ao princípio da legalidade.
Assertiva incorreta.
d) O princípio da supremacia do interesse público realmente coloca a
Administração Pública em patamar de superioridade em relação aos
administrados, estabelecendo uma relação jurídica vertical. Todavia, as
condutas praticadas sob o seu manto devem sempre estar pautadas em lei, sob
pena de anulação pelo Poder Judiciário ou pela própria Administração Pública.
Assertiva incorreta.
e) O princípio da supremacia do interesse público não se consubstancia na
presunção de veracidade dos atos praticados pelo Poder Público, já que possui
um alcance muito mais abrangente. A presunção de veracidade nada mais é do
que um dos atributos dos atos administrativos, que possui vários outros.
Assertiva incorreta.

GABARITO: LETRA B.

25. (FCC/Analista Judiciário – TJ RJ/2012) O Poder Público contratou,


na forma da lei, a prestação de serviços de transporte urbano à
população. A empresa contratada providenciou todos os bens e
materiais necessários à prestação do serviço, mas em determinado
momento, interrompeu as atividades. O Poder Público assumiu a
prestação do serviço, utilizando-se, na forma da lei, dos bens materiais
de titularidade da empresa. A atuação do poder público
consubstanciou-se em expressão do princípio da

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a) continuidade do serviço público.


b) eficiência.
c) segurança jurídica.
d) boa-fé.
e) indisponibilidade do interesse público.

Comentários
Por serem considerados essenciais à coletividade, existem alguns serviços
públicos ou atividades que devem ser prestados de forma ininterrupta, a
exemplo do tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de
energia elétrica, gás e combustíveis, entre outros.
Nesses termos, caso o particular responsável pela execução não tenha
condições de garantir a sua fruição pelos usuários, o Poder Público está
autorizado legalmente a utilizar os bens materiais de titularidade da empresa
para assegurar a sua prestação, consequência direta do princípio da
continuidade do serviço público.
Somente em situações excepcionais, previstas legalmente, poderá ocorrer
a interrupção da prestação de serviços públicos, a exemplo daquelas contidas
no art. 6º, § 3º, da Lei 8.987/1995, que assim dispõe:
§ 3º. Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua
interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando:
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das
instalações; e,
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da
coletividade.
GABARITO: LETRA A.

26. (FCC/Analista de Controle Externo – TCE AP/2012) De acordo com


a Constituição Federal, os princípios da Administração Pública aplicam-
se
a) às entidades integrantes da Administração direta e indireta de
qualquer dos Poderes.
b) à Administração direta, autárquica e fundacional, exclusivamente.
c) às entidades da Administração direta e indireta, exceto às
sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica.

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d) à Administração direta, integralmente, e à indireta de todos os


poderes e às entidades privadas que recebem recursos públicos,
parcialmente.
e) à Administração direta, exclusivamente, sujeitando- se as entidades
da Administração indireta ao controle externo exercido pelo Tribunal de
Contas.
Comentários
Nos termos do art. 37, caput, da Constituição Federal de 1988, a
administração pública direta (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) e
indireta (autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista,
empresas públicas e consórcios públicos) de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
GABARITO: LETRA A

27. (FCC/Técnico Judiciário TRE TO/2011) São princípios da


Administração Pública, expressamente previstos no artigo 37, caput, da
Constituição Federal, dentre outros,
a) eficiência, razoabilidade e legalidade.
b) motivação, moralidade e proporcionalidade.
c) legalidade, moralidade e impessoalidade.
d) publicidade, finalidade e legalidade.
e) eficiência, razoabilidade e moralidade.
Comentários
O art. 37, caput, da Constituição Federal, dispõe que “a administração
pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”.
Apesar disso, é importante destacar que esses não são os únicos
princípios que devem ser observados pela Administração Pública, que também
deve obediência aos denominados “princípios implícitos”, a exemplo da
razoabilidade, boa-fé, princípio do controle, entre outros.

GABARITO: LETRA C.

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28. (FCC/Analista Judiciário TRE RN/2011) O princípio segundo o qual


a Administração Pública Direta fiscaliza as atividades dos entes da
Administração Indireta denomina-se
a) finalidade.
b) controle.
c) autotutela.
d) supremacia do interesse público.
e) legalidade.
Comentários
De início, é importante destacar que os entes da Administração Indireta
(autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia
mista) não são subordinados aos entes da Administração Direta (União,
Estados, Municípios e Distrito Federal), existindo entre eles existe apenas uma
relação de vinculação.
Entretanto, compete às entidades da Administração Direta exercer o
controle de legalidade (controle finalístico) em relação à atuação administrativa
das entidades da Administração Indireta, garantindo, assim, a observância de
suas finalidades institucionais. Essa prerrogativa de fiscalização é conseqüência
do “princípio do controle”, também denominado de “princípio da tutela”.
GABARITO: LETRA B.

29. (FCC/Analista Judiciário TRE AP/2011) O Jurista Celso Antônio


Bandeira de Mello apresenta o seguinte conceito: Este princípio enuncia
a ideia de que as competências administrativas só podem ser
validamente exercidas na extensão e intensidade correspondentes ao
que seja realmente demandado para cumprimento da finalidade de
interesse público a que estão atreladas. Trata-se do princípio da
a) moralidade.
b) eficiência.
c) proporcionalidade.
d) impessoalidade.
e) legalidade.
Comentários
O texto da assertiva refere-se ao princípio da proporcionalidade, que
também pode ser entendido como princípio da “proibição de excesso”, já que o
fim a que se destina é justamente limitar as ações administrativas que
eventualmente ultrapassem os limites adequados. Em outras palavras, significa
dizer que tal princípio impõe à Administração Pública a necessidade de

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adequação entre meios e fins, sendo vedada a imposição de obrigações,


restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao
atendimento do interesse público (inciso VI, artigo 2º, da Lei 9.784/99).
Fique atento às questões de prova, pois a Fundação Carlos Chagas tem o
hábito de cobrar o “princípio da proporcionalidade” como sinônimo de “princípio
da razoabilidade”, entendimento que também é defendido por vários
doutrinadores brasileiros.
GABARITO: LETRA C.

30. (FCC/Analista Judiciário TRE-SP/2012) De acordo com a


Constituição Federal, constituem princípios aplicáveis à Administração
Pública os da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência. Tais princípios aplicam-se às entidades
a) de direito público, excluídas as empresas públicas e sociedades de
economia mista que atuam em regime de competição no mercado.
b) de direito público e privado, exceto o princípio da eficiência que é
dirigido às entidades da Administração indireta que atuam em regime
de competição no mercado.
c) integrantes da Administração Pública direta e indireta e às entidades
privadas que recebam recursos ou subvenção pública.
d) integrantes da Administração Pública direta e indireta,
independentemente da natureza pública ou privada da entidade.
e) públicas ou privadas, prestadoras de serviço público, ainda que não
integrantes da Administração Pública.
Comentários
O art. 37 da Constituição Federal preceitua que “a administração pública
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”.
Conforme se constata no texto do dispositivo constitucional, não há
qualquer referência ao fato de a entidade ser regida pelo direito púbico ou pelo
direito privado. Assim, não restam dúvidas de que todas as entidades da
Administração Direta (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) e
Administração Indireta de direito público (autarquias e fundações públicas) ou
de direito privado (empresas públicas, sociedades de economia mista ou
fundações públicas) devem obediência aos citados princípios.

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GABARITO: LETRA D.

31. (FCC/Analista Judiciário - TRE-SP/2012) A eficiência, na lição de


Hely Lopes Meirelles, é um dever que se impõe a todo agente público de
realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento
funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa, que já
não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade,
exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório
atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros.
(Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo, Malheiros, 2003. p. 102).
Infere-se que o princípio da eficiência
a) passou a se sobrepor aos demais princípios que regem a
administração pública, após ter sua previsão inserida em nível
constitucional.
b) deve ser aplicado apenas quanto ao modo de atuação do agente
público, não podendo incidir quando se trata de organizar e estruturar
a administração pública.
c) deve nortear a atuação da administração pública e a organização de
sua estrutura, somando-se aos demais princípios impostos àquela e não
se sobrepondo aos mesmos, especialmente ao da legalidade.
d) autoriza a atuação da administração pública dissonante de previsão
legal quando for possível comprovar que assim serão alcançados
melhores resultados na prestação do serviço público.
e) traduz valor material absoluto, de modo que alcançou status jurídico
supraconstitucional, autorizando a preterição dos demais princípios que
norteiam a administração pública, a fim de alcançar os melhores
resultados.

Comentários

a) Errado. Não há hierarquia entre os princípios administrativos.


Diante de uma aparente colisão entre princípios, o intérprete (administrador
ou o juiz) deverá considerar o peso relativo de cada um deles e verificar, no
caso concreto em análise, qual deverá prevalecer. A solução da colisão dar-
se-á através da ponderação entre os diversos valores jurídicos envolvidos,
pois os princípios possuem um alcance (peso) diferente em cada caso concreto
e aquele que possuir maior abrangência deverá prevalecer.
b) Errado. O princípio da eficiência deve ser aplicado tanto em relação ao
modo de atuação do agente público, quanto em relação à organização e
estruturação da administração pública brasileira.

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c) Correto. Os princípios da legalidade e da eficiência não se excluem,


portanto, busca-se a aplicação conjunta durante a execução de todas as
atividades administrativas, garantindo-se, assim, a plena satisfação do
interesse púbico.
d) Errado. O agente público não poderá, sob o pretexto de que o
princípio da legalidade está comprometendo a eficiência da atividade
administrativa, deixar de aplicar a legislação vigente, pois, se assim agir, estará
sujeito à responsabilização na esfera penal, administrativa e cível.
e) Errado. Não é correto afirmar que o princípio da eficiência alcançou
status jurídico supraconstitucional (superior ao próprio texto constitucional),
pois todos os princípios administrativos, sejam eles expressos ou implícitos,
possuem a mesma força de incidência sobre os atos e atividades realizadas
pela Administração Pública na satisfação do interesse coletivo.
GABARITO: LETRA C.

32. (ESAF∕Analista Técnico-Administrativo – Min. Turismo∕2014)


Assinale a opção em que consta princípio da Administração Pública que
não é previsto expressamente na Constituição Federal.
a) Publicidade.
b) Eficiência.
c) Proporcionalidade.
d) Legalidade.
e) Moralidade.
Comentários
Se você está assustado (a) com o nível das questões elaboradas pela
ESAF, que, em regra, é bastante elevado, eis um exemplo de que a banca
também “pega leve” em determinados temas.
Perceba que a questão está exigindo do candidato que simplesmente
conheça o inteiro teor do art. 37, caput, da CF∕1988, que assim dispõe: “A
administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”.
Gabarito: Letra c.

33. (Analista em Planejamento/SEFAZ SP 2009/ESAF) Quanto aos


princípios direcionados à Administração Pública, assinale a opção
correta.

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a) O princípio da legalidade significa que existe autonomia de vontade


nas relações travadas pela Administração Pública, ou seja, é permitido
fazer tudo aquilo que a lei não proíbe.
b) O ato administrativo em consonância com a lei, mas que ofende os
bons costumes, as regras da boa administração e os princípios de
justiça, viola o princípio da moralidade.
c) É decorrência do princípio da publicidade a proibição de que conste
nome, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
autoridades ou servidores públicos em divulgação de atos, programas
ou campanhas de órgãos públicos.
d) A Administração Pública pode, por ato administrativo, conceder
direitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor vedações aos
administrados.
e) O modo de atuação do agente público, em que se espera melhor
desempenho de suas funções, visando alcançar os melhores resultados
e com o menor custo possível, decorre diretamente do princípio da
razoabilidade.
Comentários

a) O princípio da legalidade pode ser estudado sob dois enfoques


distintos: em relação aos particulares e em relação à Administração
Pública.
Em relação aos particulares, o princípio da legalidade está consagrado
no inciso II do artigo 5º da Constituição Federal de 1988, segundo o qual
"ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude da lei". Isso significa que, em regra, somente uma lei (ato emanado do
Poder Legislativo) pode impor obrigações aos particulares, sendo possível
afirmar que ao particular é permitido fazer tudo aquilo que a lei não proíbe
(princípio da autonomia da vontade). Por outro lado, em relação à
Administração Pública, o princípio da legalidade impõe a obrigatoriedade de
que os atos e condutas praticados no âmbito administrativo sejam respaldados
por lei, conforme preceitua o caput do artigo 37 da CF/88.
É possível constatar que a banca examinadora simplesmente inverteu as
definições do princípio da legalidade em relação à Administração Pública e em
relação aos particulares. A assertiva está incorreta porque o princípio da
autonomia da vontade se aplica nas relações travadas pelos particulares e
não pela Administração.

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b) O princípio da moralidade, previsto expressamente no caput do artigo


37 da Constituição Federal de 1988, determina que os atos e atividades da
Administração Pública devem obedecer não só à lei, mas também à própria
moral, pois nem tudo que é legal é justo e honesto.
A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro nos informa que “sempre que
em matéria administrativa se verificar que o comportamento da Administração
ou do administrado que com ela se relaciona juridicamente, embora em
consonância com a lei, ofende a moral, os bons costumes, as regras de boa
administração, os princípios de justiça e de equidade, a idéia comum de
honestidade, estará havendo ofensa ao princípio da moralidade.” Por isso, está
correta a assertiva.
c) A proibição de que conste nome, símbolos ou imagens que
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos em
divulgação de atos, programas ou campanhas de órgãos públicos é uma
decorrência do princípio da impessoalidade e não do princípio da publicidade.
Isso porque os atos e condutas praticados pelos agentes públicos no
exercício da função pública devem ser atribuídos aos órgãos ao qual estão
vinculados e não a si próprios. É o que impõe a teoria do órgão, formulada pelo
alemão Otto Gierke.
d) O princípio da legalidade impede que a Administração Pública
conceda direitos ou imponha vedações e obrigações aos administrados através
de ato administrativo. O inciso II do artigo 5º da CF/88 estabelece
expressamente que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei”. Portanto, está incorreta a assertiva.
e) O princípio da eficiência, denominado pelos italianos de “dever de
boa administração”, impõe aos agentes públicos um modo de atuação pautado
no aumento da produtividade, na perfeição dos atos praticados e no bom
trato com os administrados.
Desse modo, está incorreta a assertiva ao afirmar que o princípio da
razoabilidade cria em relação ao agente público uma exigência de melhor
desempenho de suas funções, visando alcançar os melhores resultados e com o
menor custo possível. Na verdade, essa é uma exigência imposta pelo princípio
da eficiência.

GABARITO: LETRA B.

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34. (Analista de Finanças e Controle/STN 2008/ESAF) O art. 37, caput,


da Constituição Federal de 1988 previu expressamente alguns dos
princípios da administração pública brasileira, quais sejam, legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Consagra-se, com
o princípio da publicidade, o dever de a administração pública atuar de
maneira transparente e promover a mais ampla divulgação possível de
seus atos. Quanto aos instrumentos de garantia e às repercussões
desse princípio, assinale a assertiva incorreta.
a) Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular ou de interesse coletivo ou geral, ressalvadas
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado.
b) É assegurada a todos a obtenção de certidões em repartições
públicas, para a defesa de direitos e esclarecimento de situações de
interesse pessoal.
c) Da publicidade dos atos e programas dos órgãos públicos poderá
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção
pessoal de autoridades ou servidores públicos, desde que tal iniciativa
possua caráter educativo.
d) Cabe habeas data a fim de se assegurar o conhecimento de
informações relativas à pessoa do impetrante, constante de registros
ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público.
e) É garantido ao usuário, na administração pública direta e indireta, na
forma disciplinada por lei, o acesso a registros administrativos e a
informações sobre atos de governo, observadas as garantias
constitucionais de sigilo.

Comentários

a) Esse é o teor do inciso XXXIII do artigo 5º da CF/88. É importante


esclarecer que o direito à informação, assim como os demais direitos
fundamentais, não pode ser considerado absoluto. Isso porque as informações
que sejam imprescindíveis à segurança do Estado e da sociedade poderão ser
conservadas em sigilo e, portanto, está correta a assertiva.
O artigo 2º do Decreto Federal nº 4.553/02 declara que “são considerados
originariamente sigilosos, e serão como tal classificados, dados ou informações
cujo conhecimento irrestrito ou divulgação possa acarretar qualquer risco à
segurança da sociedade e do Estado, bem como aqueles necessários ao
resguardo da inviolabilidade da intimidade da vida privada, da honra e da
imagem das pessoas”.

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b) O direito de obter certidão para a defesa de direitos e esclarecimento


de situações de interesse pessoal também está assegurado expressamente no
inciso XXXIV do artigo 5º da CF/88, o que torna a assertiva correta.
Para responder às questões de concursos públicos, lembre-se sempre de
que a negativa por parte dos órgãos e entidades públicas em fornecer a
certidão requerida pelos administrados, independentemente do pagamento de
taxas, pode ensejar a propositura do mandado de segurança. É muito comum
encontrar assertivas em provas afirmando incorretamente que a ação
constitucional cabível para se ter acesso a certidões negadas pela
Administração é o habeas data, portanto, fique atento.
c) Como conseqüência do princípio da impessoalidade, na divulgação
dos atos e programas dos órgãos públicos não poderá constar nomes, símbolos
ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores
públicos. Portanto, está incorreta a assertiva.
d) O texto da assertiva está em conformidade com o teor do inciso LXXII
do artigo 5º da CF/88. Ademais, é importante destacar ainda que o habeas data
também poderá ser proposto para a retificação de dados, quando não se
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.
e) A participação do usuário na administração pública direta e indireta
está garantida no § 3º do artigo 37 da CF/88 e deverá ser regulamentada por
lei, que, dentre outras situações, deverá prever o procedimento para as
reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas
a manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica,
externa e interna, da qualidade dos serviços e a disciplina da representação
contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na
administração pública. Assertiva correta.

GABARITO: LETRA C

35. (Especialista em Políticas Públicas/MPOG 2008/ESAF) A Agência


executiva é a qualificação dada à autarquia ou fundação que celebre
contrato de gestão com o órgão da Administração Direta a que se acha
vinculada, introduzida no direito brasileiro em decorrência do
movimento da globalização. Destarte, assinale qual princípio da
administração pública, especificamente, que as autarquias ou
fundações governamentais qualificadas como agências executivas
visam observar nos termos do Decreto n. 2.487/98:

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a) eficiência
b) moralidade
c) legalidade
d) razoabilidade
e) publicidade
Comentários
A qualificação de autarquia ou fundação como Agência Executiva
poderá ser conferida mediante iniciativa do Ministério responsável pela sua área
de atuação, com anuência do Ministério do Planejamento, que verificará o
cumprimento, pela entidade candidata à qualificação, dos seguintes requisitos:
1º) ter celebrado contrato de gestão com o respectivo Ministério
supervisor;
2º) ter plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento
institucional, voltado para a melhoria da qualidade da gestão e para a redução
de custos, já concluído ou em andamento.
O plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional
das entidades candidatas à qualificação como Agências Executivas contemplará
vários objetivos, todos eles arrolados no artigo 2º do Decreto Federal 2.487/98.
Dentre esses objetivos é possível citar o reexame dos processos de trabalho,
rotinas e procedimentos, com a finalidade de melhorar a qualidade dos serviços
prestados e ampliar a eficiência e eficácia de sua atuação.
De uma forma em geral, é possível constatar que as autarquias e
fundações públicas que se qualificam como Agências Executivas vislumbram
sempre o aumento da eficiência no exercício de suas atividades
administrativas.
GABARITO: LETRA A.

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RELAÇÃO DE QUESTÕES COM GABARITO

(CESPE∕Analista Técnico – MJ∕2013) Com referência aos princípios do


direito administrativo e aos poderes da administração, julgue os
próximos itens.
1. As restrições impostas à atividade administrativa que decorrem do
fato de ser a administração pública mera gestora de bens e de
interesses públicos derivam do princípio da indisponibilidade do
interesse público, que é um dos pilares do regime jurídico-
administrativo.

(CESPE∕Auditor de Controle Externo – TCE RO∕2013) Quanto aos


princípios jurídicos aplicáveis à administração pública, julgue os itens a
seguir.
2. De acordo com a doutrina, o regime jurídico-administrativo abrange
tanto as regras quanto os princípios, os quais são considerados
recomendações para a atividade da administração pública.
3. A atribuição do nome de determinado prefeito em exercício a escola
pública municipal constitui infringência ao princípio constitucional da
impessoalidade, mesmo que tenha caráter educativo, informativo ou de
orientação social.

(CESPE∕Assistente Técnico Administrativo – MI∕2013) Julgue os itens


abaixo, acerca do direito administrativo.
4. Os costumes, a jurisprudência, a doutrina e a lei constituem as
principais fontes do direito administrativo.
5. Fere a moralidade administrativa a conduta do agente que se vale da
publicidade oficial para autopromover-se.
6. Não viola o princípio da legalidade a exoneração de ofício de servidor
público por abandono de cargo.

(CESPE∕Advogado – SERPRO∕2013) No que concerne aos princípios


constitucionais do direito administrativo, julgue os seguintes itens.
7. O princípio da isonomia pode ser invocado para a obtenção de
benefício, ainda que a concessão deste a outros servidores tenha-se
dado com a violação ao princípio da legalidade.

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8. O princípio da publicidade vincula-se à existência do ato


administrativo, mas a inobservância desse princípio não invalida o ato.

(CESPE∕Advogado – TELEBRAS∕2013) A respeito do direito


administrativo e da administração pública, julgue os itens a seguir.
9. Os critérios unidimensionais ou simples conceituam o direito
administrativo levando em consideração um só elemento, a exemplo do
que ocorre com o critério legalista.

10. (CESPE∕Juiz Substituto – TJ MA∕2013) Consoante aos princípios da


administração pública, assinale a opção correta.
a) De acordo com o princípio da publicidade, toda e qualquer atividade
administrativa deve ser autorizada por lei.
b) Dado o princípio da legalidade, deve o administrador público pautar
sua conduta por preceitos éticos.
c) A obrigação de a administração pública ser impessoal decorre do
princípio da moralidade.
d) A eficiência constitui princípio administrativo previsto na CF.

11. (CESPE∕Juiz substituto – TJ MA∕2013) Com base na interpretação


judicial do direito administrativo, assinale a opção correta.
a) Não viola o princípio da igualdade a não realização por órgãos e
entidades da administração pública de processo seletivo para
contratação de estagiário, por não constituir tal recrutamento uma
forma de provimento de cargo público.
b) A circunstância de inexistir previsão específica para a interposição
de recurso hierárquico em favor do sujeito passivo afasta o poder-
dever da administração de examinar a validade do ato administrativo.
c) Conforme entendimento do STF, há risco de grave lesão à ordem
pública, bem como de efeito multiplicador, na decisão judicial que
determina remoção de servidor para acompanhar cônjuge transferido a
pedido, quando não há interesse público em removê-lo.
d) Cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio
constitucional da legalidade, quando a sua verificação pressuponha
rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela decisão
recorrida.

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(CESPE∕Defensor Público – DPE RR∕2013 - adaptada) Considerando os


princípios aplicáveis à administração pública e a jurisprudência do STF,
julgue os itens seguintes.
12. Se um servidor administrativo estadual tiver um pedido
administrativo negado pela administração pública, a admissibilidade de
recurso administrativo que vier a ser oferecido por esse servidor estará
condicionada ao depósito prévio da taxa recursal.
13. Caso o presidente de autarquia estadual pretenda nomear seu
sobrinho para o cargo de diretor administrativo dessa entidade, não
haverá óbice jurídico para a nomeação, já que a vedação ao nepotismo
depende da edição de lei formal.
14. O princípio da publicidade exige que a administração pública dê
ampla divulgação dos seus atos, inclusive fornecendo, gratuitamente,
certidões para a defesa de direitos e o esclarecimento de situações de
interesse pessoal quando solicitadas.
15. O STF entende, com base no princípio da ampla defesa, que, em
processo administrativo disciplinar, é obrigatório que a defesa técnica
seja promovida por advogado.

(CESPE∕Auditor de Controle Externo – TCE ES∕2012) A respeito de órgão


público, agente de fato e princípios da administração pública, julgue os
itens que se seguem.
16. A atuação administrativa dos integrantes do setor público deve ser
pautada pela existência de uma permissão legal. Assim sendo, o
princípio explicitado na CF hierarquicamente definido como mais
importante é o da legalidade, pois é um princípio norteador das ações
públicas.
17. Segundo o princípio da indisponibilidade, o agente público não
dispõe livremente dos bens e do interesse público, devendo geri-los da
forma que melhor atenda à coletividade.

(CESPE∕Técnico Administrativo – ANATEL∕2012) Julgue o item que se


segue, relativo aos princípios e poderes da administração pública.
18. O princípio da segurança jurídica resguarda a estabilidade das
relações no âmbito da administração; um de seus reflexos é a vedação
à aplicação retroativa de nova interpretação de norma em processo
administrativo.

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(CESPE∕Técnico Administrativo – IBAMA∕2012) No que concerne à


administração pública, julgue os itens a seguir.
19. De acordo com a CF, a medida provisória, o estado de defesa e o
estado de sítio constituem exceção ao princípio da legalidade na
administração pública.

(CESPE∕Analista Judiciário – TRE RJ∕2012) Julgue os itens que se


seguem, relativos ao direito administrativo.
20. No âmbito da administração pública, a correlação entre meios e fins
é uma expressão cujos sentido e alcance costumam ser diretamente
associados ao princípio da eficiência.

21. (FCC/Analista Judiciário – TRT 1ª Região/2013) A propósito dos


princípios que informam a atuação da Administração pública tem-se
que o princípio da
(A) supremacia do interesse público e o princípio da legalidade podem
ser excludentes, devendo, em eventual conflito, prevalecer o primeiro,
por sobrepor-se a todos os demais.
(B) publicidade está implícito na atuação da administração, uma vez
que não consta da constituição federal, mas deve ser respeitado nas
mesmas condições que os demais.
(C) eficiência e o princípio da legalidade podem ser excludentes, razão
pela qual cabe ao administrador a opção de escolha dentre eles, de
acordo com o caso concreto.
(D) tutela permite que a administração pública exerça, em algum grau
e medida, controle sobre as autarquias que instituir, para garantia da
observância de suas finalidades institucionais.
(E) autotutela permite o controle dos atos praticados pelos entes que
integram a administração indireta, inclusive consórcios públicos.

22. (FCC/Defensor Público – DPE PR/2012) Sobre os princípios


orientadores da administração pública é INCORRETO afirmar:
a) A administração pública não pode criar obrigações ou reconhecer
direitos que não estejam determinados ou autorizados em lei.
b) A conduta administrativa com motivação estranha ao interesse
público caracteriza desvio de finalidade ou desvio de poder.
c) A oportunidade e a conveniência são delimitadas por razoabilidade e
proporcionalidade tanto na discricionariedade quanto na atividade
vinculada da administração pública.

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d) Além de requisito de eficácia dos atos administrativos, a publicidade


propicia o controle da administração pública pelos administrados.
e) O princípio da eficiência tem sede constitucional e se reporta ao
desempenho da administração pública.

23. (FCC/Técnico Judiciário – TRT 6ª Região/2012) Pode-se, sem


pretender esgotar o conceito, definir o princípio da eficiência como
princípio
a) constitucional que rege a Administração Pública, do qual se retira
especificamente a presunção absoluta de legalidade de seus atos.
b) infralegal dirigido à Administração Pública para que ela seja gerida
de modo impessoal e transparente, dando publicidade a todos os seus
atos.
c) infralegal que positivou a supremacia do interesse público,
permitindo que a decisão da Administração sempre se sobreponha ao
interesse do particular.
d) constitucional que se presta a exigir a atuação da Administração
Pública condizente com a moralidade, na medida em que esta não
encontra guarida expressa no texto constitucional.
e) constitucional dirigido à Administração Pública para que seja
organizada e dirigida de modo a alcançar os melhores resultados no
desempenho de suas funções.

24. (FCC/Comissário da Infância – TJ RJ/2012) O princípio da


supremacia do interesse público
a) informa toda a atuação da Administração Pública e se sobrepõe a
todos os demais princípios e a todo e qualquer interesse individual.
b) está presente na elaboração da lei e no exercício da função
administrativa, esta que sempre deve visar ao interesse público.
c) informa toda a atuação da Administração Pública, recomendando,
ainda que excepcionalmente, o descumprimento de norma legal, desde
que se comprove que o interesse público restará melhor atendido.
d) traduz-se no poder da Administração Pública de se sobrepor
discricionariamente sobre os interesses individuais, dispensando a
adoção de formalidades legalmente previstas.
e) está presente na atuação da Administração Pública e se
consubstancia na presunção de veracidade dos atos praticados pelo
Poder Público.

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25. (FCC/Analista Judiciário – TJ RJ/2012) O Poder Público contratou,


na forma da lei, a prestação de serviços de transporte urbano à
população. A empresa contratada providenciou todos os bens e
materiais necessários à prestação do serviço, mas em determinado
momento, interrompeu as atividades. O Poder Público assumiu a
prestação do serviço, utilizando-se, na forma da lei, dos bens materiais
de titularidade da empresa. A atuação do poder público
consubstanciou-se em expressão do princípio da
a) continuidade do serviço público.
b) eficiência.
c) segurança jurídica.
d) boa-fé.
e) indisponibilidade do interesse público.

26. (FCC/Analista de Controle Externo – TCE AP/2012) De acordo com


a Constituição Federal, os princípios da Administração Pública aplicam-
se
a) às entidades integrantes da Administração direta e indireta de
qualquer dos Poderes.
b) à Administração direta, autárquica e fundacional, exclusivamente.
c) às entidades da Administração direta e indireta, exceto às
sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica.
d) à Administração direta, integralmente, e à indireta de todos os
poderes e às entidades privadas que recebem recursos públicos,
parcialmente.
e) à Administração direta, exclusivamente, sujeitando- se as entidades
da Administração indireta ao controle externo exercido pelo Tribunal de
Contas.

27. (FCC/Técnico Judiciário TRE TO/2011) São princípios da


Administração Pública, expressamente previstos no artigo 37, caput, da
Constituição Federal, dentre outros,
a) eficiência, razoabilidade e legalidade.
b) motivação, moralidade e proporcionalidade.
c) legalidade, moralidade e impessoalidade.
d) publicidade, finalidade e legalidade.
e) eficiência, razoabilidade e moralidade.

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28. (FCC/Analista Judiciário TRE RN/2011) O princípio segundo o qual


a Administração Pública Direta fiscaliza as atividades dos entes da
Administração Indireta denomina-se
a) finalidade.
b) controle.
c) autotutela.
d) supremacia do interesse público.
e) legalidade.

29. (FCC/Analista Judiciário TRE AP/2011) O Jurista Celso Antônio


Bandeira de Mello apresenta o seguinte conceito: Este princípio enuncia
a ideia de que as competências administrativas só podem ser
validamente exercidas na extensão e intensidade correspondentes ao
que seja realmente demandado para cumprimento da finalidade de
interesse público a que estão atreladas. Trata-se do princípio da
a) moralidade.
b) eficiência.
c) proporcionalidade.
d) impessoalidade.
e) legalidade.

30. (FCC/Analista Judiciário TRE-SP/2012) De acordo com a


Constituição Federal, constituem princípios aplicáveis à Administração
Pública os da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência. Tais princípios aplicam-se às entidades
a) de direito público, excluídas as empresas públicas e sociedades de
economia mista que atuam em regime de competição no mercado.
b) de direito público e privado, exceto o princípio da eficiência que é
dirigido às entidades da Administração indireta que atuam em regime
de competição no mercado.
c) integrantes da Administração Pública direta e indireta e às entidades
privadas que recebam recursos ou subvenção pública.
d) integrantes da Administração Pública direta e indireta,
independentemente da natureza pública ou privada da entidade.
e) públicas ou privadas, prestadoras de serviço público, ainda que não
integrantes da Administração Pública.

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31. (FCC/Analista Judiciário - TRE-SP/2012) A eficiência, na lição de


Hely Lopes Meirelles, é um dever que se impõe a todo agente público de
realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento
funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa, que já
não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade,
exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório
atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros.
(Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo, Malheiros, 2003. p. 102).
Infere-se que o princípio da eficiência
a) passou a se sobrepor aos demais princípios que regem a
administração pública, após ter sua previsão inserida em nível
constitucional.
b) deve ser aplicado apenas quanto ao modo de atuação do agente
público, não podendo incidir quando se trata de organizar e estruturar
a administração pública.
c) deve nortear a atuação da administração pública e a organização de
sua estrutura, somando-se aos demais princípios impostos àquela e não
se sobrepondo aos mesmos, especialmente ao da legalidade.
d) autoriza a atuação da administração pública dissonante de previsão
legal quando for possível comprovar que assim serão alcançados
melhores resultados na prestação do serviço público.
e) traduz valor material absoluto, de modo que alcançou status jurídico
supraconstitucional, autorizando a preterição dos demais princípios que
norteiam a administração pública, a fim de alcançar os melhores
resultados.

32. (ESAF∕Analista Técnico-Administrativo – Min. Turismo∕2014)


Assinale a opção em que consta princípio da Administração Pública que
não é previsto expressamente na Constituição Federal.
a) Publicidade.
b) Eficiência.
c) Proporcionalidade.
d) Legalidade.
e) Moralidade.

33. (Analista em Planejamento/SEFAZ SP 2009/ESAF) Quanto aos


princípios direcionados à Administração Pública, assinale a opção
correta.

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a) O princípio da legalidade significa que existe autonomia de vontade


nas relações travadas pela Administração Pública, ou seja, é permitido
fazer tudo aquilo que a lei não proíbe.
b) O ato administrativo em consonância com a lei, mas que ofende os
bons costumes, as regras da boa administração e os princípios de
justiça, viola o princípio da moralidade.
c) É decorrência do princípio da publicidade a proibição de que conste
nome, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
autoridades ou servidores públicos em divulgação de atos, programas
ou campanhas de órgãos públicos.
d) A Administração Pública pode, por ato administrativo, conceder
direitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor vedações aos
administrados.
e) O modo de atuação do agente público, em que se espera melhor
desempenho de suas funções, visando alcançar os melhores resultados
e com o menor custo possível, decorre diretamente do princípio da
razoabilidade.

34. (Analista de Finanças e Controle/STN 2008/ESAF) O art. 37, caput,


da Constituição Federal de 1988 previu expressamente alguns dos
princípios da administração pública brasileira, quais sejam, legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Consagra-se, com
o princípio da publicidade, o dever de a administração pública atuar de
maneira transparente e promover a mais ampla divulgação possível de
seus atos. Quanto aos instrumentos de garantia e às repercussões
desse princípio, assinale a assertiva incorreta.
a) Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular ou de interesse coletivo ou geral, ressalvadas
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado.
b) É assegurada a todos a obtenção de certidões em repartições
públicas, para a defesa de direitos e esclarecimento de situações de
interesse pessoal.
c) Da publicidade dos atos e programas dos órgãos públicos poderá
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção
pessoal de autoridades ou servidores públicos, desde que tal iniciativa
possua caráter educativo.
d) Cabe habeas data a fim de se assegurar o conhecimento de
informações relativas à pessoa do impetrante, constante de registros
ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público.

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