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Entrevista psiquiátrica
Contribuições da psicanálise
Rejeição
Percepção normal
Alucinações e neuroquímica
Memória
O que é memória
Conservação
A etapa de conservação refere-se à manutenção, em estado de latência,
das informações que foram fixadas. As informações conservadas vão, através
do tempo, sofrendo um processo lento de desintegração, que segue a lei de
regressão mnêmica de Ribot. De acordo com esta, a perda das informações
armazenadas se faz das mais recentes para as mais antigas, das mais
complexas para as mais simples e das menos organizadas para as mais
organizadas.
Evocação
A etapa de evocação corresponde ao retorno, espontâneo ou voluntário,
à consciência das informações armazenadas. Alternativamente, no caso da
memória implícita (ver adiante), a evocação corresponde à expressão no
comportamento do aprendizado prévio. Fatores afetivos podem influenciar a
evocação. Via de regra nos esquecemos mais facilmente do que nos
desagrada ou angustia. Assim como a percepção não é uma cópia fiel do
mundo externo, a evocação também nunca é idêntica à imagem perceptiva
fixada: cada vez que evocamos estamos reconstruindo, sempre com
alterações, a imagem armazenada. Dentro da evocação, existiria uma etapa
extra do processo mnêmico: a do reconhecimento como pretérito. Esta consiste
na identificação da imagem evocada como algo do passado, já vivenciado
anteriormente, e não do presente.
Memória sensorial
A memória sensorial dura menos de um segundo. Permanece ativa
apenas o tempo necessário para se dar a percepção. É muito frágil e possui
uma capacidade muitíssimo limitada. É mais propriamente uma função da
atenção do que da memória.
Memória de curto prazo
A memória de curto prazo possui uma capacidade de armazenamento
limitada e dura de segundos a minutos. A memória de trabalho (ou
operacional), conceito desenvolvido pelo psicólogo cognitivista Alan Baddeley,
corresponde à memória de curto prazo. Refere-se ao armazenamento
temporário de informações para a realização de tarefas cognitivas. Essas
informações provêm dos estímulos correntes, cuja impressão é prolongada, ou
da recuperação de elementos da memória de longo prazo. Diversas
informações são mantidas ativas simultaneamente, para que possam ser
integradas e manipuladas.
A memória de trabalho é essencial tanto para a fixação como para a
evocação e é necessária para atividades cognitivas como a compreensão, o
raciocínio, a tomada de decisões e o planejamento da ação. A memória de
trabalho se compõe de três subsistemas: um verbal (fonológico), que armazena
informação auditiva sob a forma de linguagem falada; um visuoespacial, que
mantém ativas imagens visuais de objetos e informações de localização no
espaço; e o executivo central, que coordena os outros dois e direciona a
atenção. Observamos o funcionamento do primeiro subsistema, por exemplo,
quando repetimos de imediato uma sequência de dígitos, como o número de
um telefone; e quando, ao final de uma frase que ouvimos, ainda nos
lembramos de suas primeiras palavras, o que torna possível a compreensão do
sentido da frase como um todo.
Memória de longo prazo
O processo que converte as memórias de curto prazo em memórias de
longo prazo chama-se consolidação. Facilitada pela repetição da informação,
ela necessita de 5 a 10 minutos para que ocorra minimamente e de pelo menos
60 minutos para que ocorra de forma plena. A memória de longo prazo
representa o armazenamento permanente de informações. Informações que
foram fixadas há alguns minutos poderão ser evocadas por anos ou até por
toda a vida. A capacidade de armazenamento da memória de longo prazo é
enorme, bem maior do que a da memória de curto prazo. As memórias de
longo prazo podem ser divididas em explícitas (ou declarativas) e implícitas (ou
não declarativas).
Memória explícita
As memórias explícitas representam informações sobre o que é o
mundo, informações essas que são acessíveis à consciência, podem ser
evocadas voluntariamente, e podem ser expressas em palavras. A memória
explícita subdivide-se em memória episódica e memória semântica.
Memória episódica
A memória episódica é uma memória explícita que se refere a eventos
autobiográficos, a vivências pessoais do indivíduo que estão vinculadas a
determinado local e ocasião. Por exemplo: “Ontem fui ao cinema com minha
namorada”
Memória semântica
A memória semântica é uma memória explícita que se refere a
conhecimentos factuais, compartilháveis com as outras pessoas. Por exemplo:
“A Segunda Guerra Mundial começou em 1939”; “A raiz quadrada de 9 é 3”;
“Love significa amor em inglês”.
Memória implícita
A memória implícita refere-se ao aprendizado de como fazer as coisas.
Expressa-se numa melhora de desempenho em uma determinada atividade,
que se dá em função de experiências prévias. É um tipo de memória
automática e reflexa, que não pode ser expressa em palavras e que independe
da recuperação consciente das experiências que produziram o aprendizado.
Há vários tipos de memória implícita: memória de procedimento,
condicionamento clássico, condicionamento operante, aprendizagem não
associativa e pré-ativação.
Memórias implícitas podem resultar da repetição de memórias explícitas.
Por exemplo, dirigir um automóvel exige, quando se está aprendendo, que se
sigam instruções que são recordadas conscientemente, tornando-se depois um
procedimento automático.
Memória de procedimento
A memória de procedimento refere-se a práticas e habilidades motoras
(andar de bicicleta, amarrar o sapato, tocar piano, escrever), perceptivas
(montar quebra-cabeças, descobrir a solução de labirintos gráficos, ler) e
cognitivas (usar e compreender regras gramaticais).
Condicionamento clássico
O condicionamento clássico é um conceito desenvolvido por Pavlov.
Tem como base o pareamento de dois estímulos: o estímulo incondicionado
(EI), que é forte e naturalmente bastante eficaz na produção de determinada
resposta no animal – por exemplo, o alimento que causa a salivação –; e o
estímulo condicionado (EC), que é fraco ou neutro e ineficaz quanto a produzir
a mesma resposta – por exemplo, uma campainha. Se a campainha é
apresentada repetidas vezes antes do alimento, ela, mesmo na ausência deste,
torna-se capaz de provocar a salivação no animal (resposta condicionada).
O que aconteceu foi que o EC se tornou um sinal antecipatório em
relação ao EI. O condicionamento clássico permite ao animal fazer previsões
sobre eventos no seu ambiente. Um determinado padrão de resposta
emocional, expressa comportamental ou fisicamente, pode ser aprendido
através de condicionamento clássico e, assim, ser provocado por um estímulo
neutro. Por exemplo, uma pessoa que sofreu um grave acidente de carro
(situação traumática) e, naquele momento, estava ouvindo no rádio uma
música agradável, pode passar a se sentir ansiosa toda vez que voltar a ouvir a
música, mesmo que não a associe conscientemente com o acidente.
Condicionamento operante
O conceito de condicionamento operante foi elaborado por Skinner e tem
suas raízes na lei do efeito desenvolvido por Thorndike. O princípio básico
desta forma de aprendizagem é a consequência que uma resposta produz no
ambiente. O reforço leva a um aumento da resposta, enquanto a punição causa
uma redução da mesma. O reforço e a punição são chamados de positivos
quando a resposta é seguida da apresentação de um estímulo, e são
designados como negativos quando após a resposta há a retirada de um
estímulo.
Aprendizagem não associativa
Diferentemente do condicionamento clássico, na aprendizagem não
associativa o animal é exposto a somente um estímulo (habituação) ou a dois
estímulos que não guardam qualquer relação entre si (sensibilização). A
habituação é a forma mais simples de aprendizagem. Consiste numa
progressiva diminuição da resposta a estímulos inócuos repetitivos. Quando
um estímulo é novo, ele produz uma resposta intensa, mas, não tendo qualquer
consequência, o animal aprende a ignorá-lo. Por exemplo, na festa de Ano
Novo, nos assustamos com o barulho dos primeiros fogos de artifício, mas logo
depois nos acostumamos com eles.
A sensibilização consiste na intensificação das respostas a uma
variedade de estímulos que ocorrem após um estímulo nocivo intenso. Por
exemplo, após receber um beliscão doloroso, o animal aprende a fortalecer
seus reflexos defensivos, e reagirá de forma vigorosa ao ser submetido a um
estímulo inócuo, como uma estimulação tátil moderada.
Pré-ativação
Na pré-ativação (ou facilitação), a exposição prévia ao estímulo favorece
o seu reconhecimento posterior a partir de fragmentos dele. Algumas vezes é
possível haver pré-ativação após uma única exposição ao estímulo. A pré-
ativação representa uma maior facilidade no reconhecimento que se baseia na
aparência e na forma do estímulo, e não no seu significado semântico.
A pré-ativação pode ser demonstrada em pacientes com distúrbios da
memória explícita. Inicialmente é apresentada uma lista de palavras incomuns.
Em seguida, os pacientes realizam um teste com palavras incompletas, em que
eles têm que completar as letras que estão faltando (como no jogo da forca). O
desempenho é melhor em relação a palavras que estavam na lista do que em
relação a outras palavras, mesmo eles não se lembrando conscientemente
daquelas.