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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ITAJUBÁ – FEPI

Curso de Psicologia

Isabela Ribeiro Nazaré Maria


Clara Prado Calado Ferreira

ANÁLISE DO FILME “NELL”

ITAJUBÁ - MG
2023
Isabela Ribeiro Nazaré Maria
Clara Prado Calado Ferreira

ANÁLISE DO FILME “NELL”

Trabalho apresentado a disciplina de Avaliação


Psicológica da Inteligência do Curso de Psicologia
do Centro Universitário de Itajubá – FEPI como
requisito parcial para obtenção de nota semestral
Orientador (a): Prof.ª. Rosana Maria Mohallem
Martins

ITAJUBÁ - MG
2023
INTRODUÇÃO

Este treabalho tem como objetivo analisar o filme "Nell" sob a perspectiva da psicologia,
mais especificamente, em relação ao conceito de inteligência. A história da protagonista,
interpretada por Jodie Foster, é utilizada como ponto de partida para uma reflexão sobre a
complexidade desse tema e como ele se relaciona com a vida real.
Neste inicio é feito uma breve contextualização sobre o assunto, destacando a
importância da inteligência na sociedade atual e como ela é valorizada em diferentes áreas,
como na educação e no mercado de trabalho. Em seguida, é feita uma breve apresentação do
filme "Nell", que conta a história de uma mulher que cresceu isolada da sociedade e
desenvolveu uma linguagem própria, o que desperta o interesse de pesquisadores e
profissionais da saúde mental.
A partir desse ponto, o texto apresenta a proposta de analisar o filme sob a perspectiva
da psicologia, explorando as diferentes teorias que abordam o conceito de inteligência e como
elas se relacionam com a história da protagonista. Além disso, é destacada a importância de
compreender a inteligência de forma ampla, considerando não apenas aspectos cognitivos,
mas também biológicos, ambientais e culturais.
Por fim, é apresentado algumas perguntas que serão respondidas ao longo do texto,
como a relação entre a protagonista do filme e o desenvolvimento da inteligência, as principais
teorias que abordam o tema e como a compreensão da inteligência transcende as fronteiras
disciplinares.
DESENVOLVIMENTO

1. O conceito de Inteligência

A inteligência é um conceito fundamental e complexo na psicologia,


representando a capacidade de processar informações, aprender com a experiência,
resolver problemas e adaptar-se a novas situações. Ela abrange não apenas
habilidades cognitivas, como raciocínio lógico e memória, mas também aspectos
emocionais, sociais e práticos. A compreensão da inteligência transcende as fronteiras
disciplinares, incorporando elementos biológicos, ambientais e culturais. No contexto do
filme "Nell", dirigido por Michael Apted, a protagonista isolada da sociedade desde a
infância fornece uma perspectiva única sobre o desenvolvimento da inteligência.
A abordagem psicométrica destaca a mensurabilidade da inteligência por meio
de testes padronizados, enquanto outras teorias, como a das Inteligências Múltiplas,
reconhecem a diversidade de habilidades cognitivas e a importância de áreas não
tradicionalmente consideradas em avaliações convencionais. O desenvolvimento da
inteligência ao longo do ciclo de vida é uma área de estudo crucial, destacando a
interação entre fatores genéticos, ambientais e experiências individuais. Além disso, a
inteligência emocional sublinha a relevância das habilidades emocionais na adaptação
e no sucesso na vida.
A inteligência não é estática, sendo moldada por influências genéticas,
educacionais, culturais e sociais. Sua compreensão é essencial para informar práticas
educacionais, estratégias de desenvolvimento e intervenções psicológicas. Em última
análise, o estudo da inteligência busca desvendar os mecanismos que subjazem às
diversas formas de funcionamento mental humano, contribuindo para uma
compreensão mais profunda da natureza complexa e única da mente humana.
A história de Nell ilustra a influência profunda do ambiente na formação da
inteligência, explorando como o isolamento pode moldar o pensamento e as habilidades
adaptativas. Sua jornada de entrada na sociedade destaca aspectos da inteligência
emocional, especialmente ao enfrentar desafios interpessoais e expressar suas
emoções de maneira única. Além disso, Nell pode personificar a diversidade de
inteligências, demonstrando habilidades notáveis em áreas específicas, como a
conexão com a natureza ou uma forma singular de comunicação. A história também
oferece insights sobre a relação entre influências genéticas e ambientais no
desenvolvimento da inteligência, considerando o contexto singular de criação de Nell.
As abordagens culturais podem ser exploradas ao examinar como a cultura,
representada pelo isolamento inicial de Nell, impacta sua compreensão do mundo.
Assim, o filme "Nell" proporciona uma rica narrativa que pode ser analisada sob
diferentes perspectivas psicológicas, enriquecendo a compreensão da complexidade do
desenvolvimento da inteligência em interação com o ambiente.

1.1 Teoria da Inteligência Fluida e Cristalizada

A Teoria da Inteligência Fluida e Cristalizada, proposta por Raymond Cattell,


distingue dois aspectos fundamentais da inteligência ao longo do curso da vida. A
inteligência fluida refere-se à capacidade inata de resolver problemas e raciocinar em
situações novas, sem depender significativamente do conhecimento adquirido. Por
outro lado, a inteligência cristalizada envolve conhecimentos e habilidades acumulados
ao longo do tempo por meio de experiências e aprendizado. Enquanto a inteligência
fluida destaca a flexibilidade cognitiva e a adaptação a desafios novos, a inteligência
cristalizada representa a aplicação prática do conhecimento existente. Cattell
argumenta que ambos os componentes são essenciais para uma compreensão
completa da inteligência, destacando a complementaridade entre a capacidade inata e
a experiência acumulada no desenvolvimento intelectual humano. Essa teoria fornece
uma estrutura valiosa para entender as mudanças na cognição ao longo do tempo e as
diferentes formas de abordar problemas complexos.
Relacionando com o filme, a jovem demonstra uma flexibilidade cognitiva ao
moldar ativamente sua comunicação em resposta ao ambiente, revelando assim uma
adaptação singular. A reintegração de Nell demanda a aplicação dessa inteligência
fluida, já que ela se depara com desafios sociais inéditos, exigindo flexibilidade
cognitiva.

1.2 Teoria das Inteligências Múltiplas

A Teoria das Inteligências Múltiplas, proposta por Howard Gardner, revoluciona


a concepção tradicional de inteligência ao argumentar que não existe uma única
capacidade cognitiva, mas sim várias formas distintas de inteligência. Gardner identifica
sete inteligências principais, incluindo linguística, lógico-matemática, espacial, musical,
corporal-cinestésica, interpessoal e intrapessoal. Cada uma destas inteligências
representa uma área na qual indivíduos podem manifestar habilidades excepcionais.
Esta abordagem reconhece a diversidade de talentos e capacidades humanas, indo
além da avaliação convencional centrada em testes de QI. A Teoria das Inteligências
Múltiplas influenciou profundamente a educação, encorajando uma apreciação mais
holística das habilidades dos estudantes e incentivando a promoção de diferentes
formas de aprendizado e expressão.
Com a personagem principal do filme “Nell” demonstrando habilidades
excepcionais em áreas específicas, isso poderia ser relacionado à Teoria das
Inteligências Múltiplas de Gardner. Por exemplo, sua capacidade de se adaptar à
natureza ou de se manifestar uma inteligência linguística única ao criar uma linguagem
própria, interpretada como uma expressão distintiva dessa forma específica de
cognição.

1.3 Teoria psicométrica da Inteligência

A Teoria psicométrica da Inteligência, fundamentada no trabalho de pioneiros


como Alfred Binet e Charles Spearman, concebe a inteligência como uma capacidade
cognitiva geral mensurável. Esta perspectiva destaca a existência de uma aptidão
mental subjacente que influencia o desempenho em uma variedade de tarefas
intelectuais. A criação do Quociente de Inteligência (QI) pelos psicólogos franceses
Binet e Simon no início do século XX é um marco crucial nessa abordagem. Os testes
de inteligência, desenvolvidos com base na teoria psicométrica, buscam avaliar
habilidades como raciocínio lógico, resolução de problemas e compreensão verbal.
Embora critiquem a complexidade do conceito de inteligência, esses testes fornecem
uma medida quantitativa útil para avaliar a capacidade cognitiva geral. A abordagem
psicométrica continua a ser fundamental em pesquisas educacionais e psicológicas,
embora tenha sido enriquecida por abordagens mais contemporâneas que reconhecem
a diversidade de inteligências e enfatizam a influência de fatores emocionais e sociais.

1.4 Teoria Triárquica da Inteligência

A Teoria Triárquica da Inteligência, formulada por Robert Sternberg, propõe


uma visão abrangente da inteligência, dividindo-a em três componentes inter-
relacionados: componentes analíticos, práticos e criativos. Os componentes analíticos
referem-se à capacidade de resolver problemas acadêmicos, enquanto os práticos
envolvem a aplicação eficaz do conhecimento na vida cotidiana. O terceiro componente,
o criativo, destaca a habilidade de lidar com situações novas e únicas de maneira
inovadora. Sternberg argumenta que a verdadeira inteligência é uma combinação
dinâmica desses elementos, adaptando-se de maneira eficaz a diferentes contextos.
Esta teoria oferece uma abordagem mais holística e aplicada à avaliação da
inteligência, reconhecendo a importância da criatividade e do pensamento prático na
resolução de problemas do mundo real. A Teoria Triárquica influencia a compreensão
contemporânea da inteligência, especialmente em contextos educacionais e
profissionais que demandam habilidades diversificadas.
A Teoria pode ser considerada ao analisar como a personagem lida com
situações novas após ser introduzida na sociedade e como ela se adapta.

1.5 Teoria da Inteligência Emocional

A Teoria da Inteligência Emocional, desenvolvida por Daniel Goleman, destaca


a importância das habilidades emocionais na cognição e no comportamento humano.
Goleman identifica cinco componentes essenciais: autoconhecimento emocional,
autorregulação emocional, motivação, empatia e habilidades sociais. Essa abordagem
reconhece que a capacidade de compreender e gerenciar as próprias emoções, bem
como a habilidade de se relacionar efetivamente com os outros, são fatores críticos
para o sucesso na vida pessoal e profissional. A Inteligência Emocional não apenas
enfatiza a importância da autoconsciência e da autogestão, mas também destaca o
impacto positivo das relações interpessoais e da empatia. Ao integrar esses aspectos
emocionais, Goleman argumenta que a Inteligência Emocional é fundamental para o
bem-estar psicológico e para alcançar metas pessoais e profissionais de maneira mais
eficaz. Essa teoria tem aplicação significativa em liderança, gestão e desenvolvimento
pessoal.
No filme considera-se como a personagem principal lida com suas próprias
emoções e se relaciona com os outros após ser introduzida na sociedade é possível
compreender como a falta de interação social impactou negativamente suas
capacidades mentais e emocionais. A ausência de interações sociais significativas
deixou marcas duradouras, afetando sua capacidade de se relacionar, compreender
emoções e enfrentar os desafios da vida de maneira saudável. Essa narrativa destaca
a importância do ambiente social na formação integral de um indivíduo.

1.6 Teoria do Processamento da Informação

A Teoria do Processamento da Informação, associada ao trabalho de Jean


Piaget, centra-se no papel ativo do indivíduo na construção do conhecimento por meio
da interação com o ambiente. Piaget argumenta que a inteligência é um processo
adaptativo no qual os indivíduos assimilam novas informações e acomodam suas
estruturas mentais para acomodar essas experiências. Ele descreve quatro estágios de
desenvolvimento cognitivo (sensoriomotor, pré-operacional, operacional concreto e
operacional formal), delineando a evolução do pensamento lógico das crianças até a
idade adulta. A teoria destaca a importância da equilibração, um processo de busca de
equilíbrio entre assimilação e acomodação, na construção do conhecimento. Essa
abordagem tem implicações significativas na educação, enfatizando a necessidade de
atividades que estimulem a exploração e a resolução de problemas para promover um
desenvolvimento cognitivo saudável.
Ao analisar a linguagem única da personagem, podemos não apenas
compreender sua comunicação singular, mas também vislumbrar sua peculiar
compreensão do mundo ao seu redor, proporcionando uma perspectiva única e
intrínseca da sua construção cognitiva singular.

1.7 Teoria Sociocultural da Inteligência

A Teoria Sociocultural da Inteligência, desenvolvida por Lev Vygotsky, destaca


a influência crucial do contexto social no desenvolvimento cognitivo humano. Vygotsky
argumenta que a inteligência não é apenas uma função individual, mas é moldada pela
interação social e cultural. Ele introduz o conceito de Zona de Desenvolvimento
Proximal (ZDP), que representa a distância entre o nível de desenvolvimento atual de
uma pessoa e o potencial desenvolvimento alcançável com a orientação de um tutor
mais habilidoso. Vygotsky enfatiza a importância da linguagem como ferramenta central
para a aprendizagem e o pensamento, considerando-a um instrumento fundamental
para a internalização de processos mentais. Sua teoria ressalta a ideia de que a
aprendizagem ocorre mais eficazmente em um contexto social e culturalmente
enriquecido, onde a interação entre pares e com adultos desempenha um papel vital no
desenvolvimento intelectual. Essa abordagem influenciou significativamente a
educação, destacando a importância do ambiente sociocultural na formação da
inteligência.
No caso de Nell, sua criação única de linguagem pode ser vista como um
esforço singular de construção de significado em um ambiente isolado, onde a
interação social é substituída por uma interação singular com o entorno.
1.8 Abordagens Culturais

As Abordagens Culturais, exemplificadas por teóricos como Robert Sternberg e


Richard Nisbett, destacam a influência fundamental da cultura na concepção e
expressão da inteligência. Sternberg enfoca a adaptabilidade cultural como um
componente vital da inteligência prática, sugerindo que a eficácia das habilidades
intelectuais é moldada pelas normas e demandas culturais específicas. Por sua vez,
Nisbett examina as diferenças culturais no pensamento e raciocínio, argumentando que
as abordagens cognitivas variam entre culturas. Ele destaca, por exemplo, as distinções
entre as culturas ocidental e oriental no processamento de informações. Ambas as
abordagens enfatizam a necessidade de considerar o contexto cultural ao avaliar e
compreender a inteligência. Essa perspectiva mais ampla reconhece a diversidade de
manifestações inteligentes em diferentes contextos culturais, enriquecendo a
compreensão global da capacidade cognitiva humana.

1.9 Influência Genética

Atkinson et al. (2002) ressaltam a Influência Genética na inteligência,


destacando a correlação entre os genes dos pais e o ambiente doméstico. Esta
perspectiva sugere que a inteligência tem uma base herdada, implicando que os traços
genéticos contribuem significativamente para as diferenças individuais nas capacidades
cognitivas. A pesquisa aponta para a existência de uma herança genética que influencia
a formação do ambiente familiar, criando um ciclo de influência mútua entre
predisposições genéticas e experiências ambientais. Esse enfoque sublinha a
complexidade da interação entre natureza e criação na determinação da inteligência,
destacando que ambos os fatores desempenham um papel significativo na
manifestação das habilidades intelectuais. Essa abordagem genético-ambiental ressoa
na compreensão contemporânea da origem multifacetada da inteligência, integrando
contribuições genéticas e ambientais na sua explicação.A complexidade do conceito de
inteligência é destacada pela diversidade de abordagens. No entanto, essas
perspectivas não são necessariamente incompatíveis, podendo se complementar,
promovendo uma compreensão mais abrangente e integrada. Além disso, a definição
de inteligência é influenciada por diferenças culturais, o que destaca a necessidade de
considerar contextos culturais distintos na compreensão desse fenômeno.
Nell, retratada como uma mulher que cresceu isolada da sociedade, fornece
um exemplo convincente de como ambos os aspectos moldaram sua compreensão
única do mundo. Aparentemente, Nell herdou predisposições genéticas que
influenciam suas capacidades cognitivas, mas a singularidade de sua inteligência vai
além desses traços herdados. O ambiente isolado em que Nell foi criada é uma
variável crucial. Sua falta de exposição a estímulos sociais convencionais e
experiências típicas moldou sua percepção única do mundo. A ausência de interações
sociais regulares pode ter limitado seu desenvolvimento em algumas áreas, mas
também pode ter promovido habilidades únicas de adaptação e percepção.
O desenvolvimento linguístico de Nell é notável e a criação de uma linguagem
própria sugere não apenas uma predisposição genética para a linguagem, mas
também a influência significativa do ambiente em que ela se desenvolveu. Sua
capacidade única de se comunicar destaca a interação complexa entre fatores
genéticos e a influência do ambiente isolado. A habilidade de observação e
aprendizado de Nell é evidente em sua interação com o ambiente natural. Esse
aspecto de sua inteligência pode ser uma combinação de traços genéticos e da
necessidade adaptativa do ambiente em que cresceu.
Ao ser introduzida na sociedade, a singularidade de sua inteligência se revela
de maneira notável. Sua capacidade de se adaptar ao novo ambiente social,
compreender as normas e se comunicar destaca como a interação dinâmica entre
fatores genéticos e ambientais moldou suas habilidades cognitivas e sociais. A
resiliência cognitiva demonstrada e a notável habilidade de aprendizado são
evidências da complexidade dessa interação. Esse processo de reintegração não
apenas evidencia a influência de sua bagagem genética única, mas também destaca
como a experiência ambiental desempenhou um papel fundamental na formação de
suas capacidades, sublinhando a interconexão complexa entre natureza e criação no
desenvolvimento humano.
Dessa forma, a narrativa ressalta a complexidade da interação entre a genética
e o ambiente na formação da inteligência. Sua singularidade não se limita apenas à
expressão de seus genes, mas envolve uma complexa interação entre a predisposição
genética e a influência profunda do ambiente em que foi criada, evidenciando a
natureza única e multifacetada do desenvolvimento cognitivo humano.

2. A inteligência como um fenótipo


A inteligência como um fenótipo refere-se à expressão observável e mensurável do
traço inteligência que pode ser influenciado por fatores genéticos e ambientais. Nessa
perspectiva, a inteligência é considerada uma característica complexa que resulta da interação
entre genes e ambiente, manifestando-se como um conjunto de habilidades cognitivas e
adaptativas. Como um fenótipo, a inteligência pode ser avaliada por meio de testes
psicométricos que buscam medir habilidades cognitivas, como raciocínio lógico, resolução de
problemas, memória e compreensão verbal. Esses testes oferecem uma maneira de
quantificar o desempenho cognitivo, permitindo a comparação entre indivíduos em uma escala
padronizada.
A influência genética na expressão da inteligência como um fenótipo é evidenciada por
estudos de famílias e gêmeos, sugerindo que características hereditárias desempenham um
papel significativo na variação das pontuações de QI. No entanto, a natureza da inteligência
como um fenótipo também ressalta a importância do ambiente, incluindo fatores como
educação, estímulo cognitivo e oportunidades de aprendizado, que contribuem para o
desenvolvimento das capacidades intelectuais.
Essa abordagem fenotípica da inteligência reconhece que o traço é observável e
mensurável, mas também compreende que sua expressão é influenciada por uma interação
dinâmica entre fatores genéticos e ambientais ao longo do tempo. A pesquisa nessa área
continua a explorar as complexidades dessa interação, buscando entender melhor como a
inteligência se manifesta como um fenótipo e como diferentes variáveis contribuem para sua
expressão única em cada indivíduo.
No contexto do filme "Nell" dirigido por Michael Apted, essa abordagem fenotípica da
inteligência pode ser explorada por meio da história única da protagonista. Ao longo do filme,
Nell personifica a influência do ambiente em seu desenvolvimento cognitivo. Isolada desde a
infância, sua inteligência fenotípica é moldada por experiências únicas e falta de interações
sociais convencionais. A expressão de suas habilidades cognitivas, como sua linguagem
singular e compreensão peculiar do mundo ao seu redor, destaca como a inteligência pode se
manifestar de maneiras distintas em resposta às circunstâncias ambientais.
A história de Nell também pode ser interpretada à luz da influência genética em sua
inteligência fenotípica. Seu isolamento inicial é resultado de eventos genéticos, e suas
características únicas podem sugerir uma expressão particular de traços hereditários. A
interação complexa entre esses fatores genéticos e ambientais é evidente em sua jornada de
adaptação à sociedade quando é descoberta. A abordagem fenotípica da inteligência é
enriquecida ao analisar a personagem principal como um fenótipo singular, incorpora
elementos de diversidade de inteligências. Sua conexão única com a natureza, sua percepção
aguçada e a expressão única de suas emoções destacam como a inteligência pode se
desdobrar de maneiras multifacetadas em resposta às experiências vivenciadas.
Em síntese, o filme "Nell" oferece uma narrativa rica para explorar a inteligência como
um fenótipo, evidenciando como fatores genéticos e ambientais moldam uma expressão única
desse traço. A história de Nell destaca como a interação dinâmica entre natureza e criação
influencia a manifestação da inteligência fenotípica, proporcionando uma perspectiva
fascinante sobre as complexidades do desenvolvimento cognitivo.

3. Contribuição dos fatores biológicos e socioculturais no


desenvolvimento da inteligência

O desenvolvimento da inteligência é um processo intricado moldado pela interação


dinâmica entre fatores biológicos e sócio-culturais. No âmbito biológico, a genética
desempenha um papel essencial, influenciando a estrutura cerebral e os padrões
neuroquímicos que afetam as habilidades cognitivas. Essa predisposição genética estabelece
um ponto de partida, mas é no ambiente que o potencial cognitivo começa a se desdobrar. O
ambiente familiar é um dos principais contribuintes sócio-culturais para o desenvolvimento da
inteligência. Estímulos cognitivos, interações afetivas e o suporte emocional oferecidos nos
primeiros anos de vida são fundamentais para a formação de habilidades intelectuais. A
qualidade da educação formal também é crucial, proporcionando oportunidades estruturadas
de aprendizado e exposição a diversas áreas do conhecimento.
A cultura em que um indivíduo está imerso influencia diretamente a expressão da
inteligência. A linguagem, como parte integrante da cultura, não apenas reflete, mas também
molda o pensamento. Diferentes contextos socioculturais proporcionam perspectivas únicas,
influenciando a forma como as pessoas processam informações e resolvem problemas.
Além disso, o contexto socioeconômico exerce um impacto significativo. A disponibilidade
de recursos, acesso a oportunidades educacionais e condições de vida podem criar ou limitar
o ambiente propício para o desenvolvimento intelectual. Fatores como estabilidade econômica
e segurança têm implicações diretas na capacidade de focar no aprendizado e na resolução
de problemas. As experiências culturais, como a exposição a diferentes formas de arte,
literatura e tradições, enriquecem a inteligência, proporcionando uma compreensão mais
ampla e profunda do mundo. A diversidade de experiências culturais amplia a flexibilidade
cognitiva, permitindo que os indivíduos se adaptem de maneira mais eficaz a contextos
diversos.
O filme "Nell," dirigido por Michael Apted, proporciona uma narrativa rica para explorar as
contribuições dos fatores biológicos e sócio-culturais no desenvolvimento da inteligência. A
protagonista, Nell, criada em isolamento, ilustra de maneira marcante como esses elementos
interagem.
Do ponto de vista biológico, a história de Nell sugere a influência da genética e da saúde
cerebral. Seu isolamento inicial pode ser interpretado como resultado de circunstâncias
genéticas únicas, enquanto suas habilidades cognitivas singulares indicam uma expressão
peculiar desses traços hereditários. A plasticidade cerebral, um aspecto biológico, é evidente
em sua capacidade de se adaptar às circunstâncias ao entrar na sociedade.
No âmbito sócio-cultural, o filme destaca a importância do ambiente familiar na formação
da inteligência. O isolamento de Nell resulta em uma experiência social única que molda suas
habilidades interpessoais e cognitivas de maneira singular. A ausência de influências culturais
convencionais destaca como a cultura, incluindo linguagem e normas sociais, pode ser um
fator essencial no desenvolvimento intelectual. A educação formal, um elemento sócio-cultural,
está ausente na vida de Nell, destacando como a falta de exposição a oportunidades
educacionais estruturadas pode afetar o desenvolvimento da inteligência. O contexto
socioeconômico também é um componente relevante, pois sua vida isolada é desprovida de
muitos recursos que normalmente influenciam o crescimento intelectual em ambientes mais
convencionais. Experiências culturais, como a ligação única de Nell com a natureza, ressoam
com a ideia de que diferentes formas de arte e interações culturais enriquecem a inteligência.
Sua jornada de entrada na sociedade destaca a influência dos fatores sócio-culturais na
moldagem das habilidades adaptativas e na compreensão do mundo.
Em suma, o desenvolvimento da inteligência é um fenômeno multidimensional, resultante
da complexa interação entre fatores biológicos e sócio-culturais. A compreensão dessas
contribuições oferece insights valiosos para abordagens holísticas e personalizadas no apoio
ao crescimento intelectual, reconhecendo a singularidade de cada jornada de desenvolvimento
cognitivo. Já relacionando com o filme, "Nell" oferece uma narrativa fascinante que permite
explorar as contribuições complexas dos fatores biológicos e sócio-culturais no
desenvolvimento da inteligência. A história singular de Nell destaca como a interação entre
esses elementos molda a expressão única da inteligência em resposta às experiências
vivenciadas, proporcionando uma reflexão profunda sobre a complexidade do desenvolvimento
cognitivo.
CONCLUSÃO

Ao longo deste trabalho, foi possível explorar a complexidade do conceito de


inteligência e como ele se relaciona com a história da protagonista do filme "Nell". Através da
análise de diferentes teorias e perspectivas, foi possível compreender que a inteligência é um
fenômeno multidimensional, resultante da interação entre fatores biológicos, ambientais e
culturais.
A história de Nell ilustra de forma marcante como esses elementos interagem e
moldam a expressão única da inteligência em resposta às experiências vivenciadas. Do ponto
de vista biológico, a história de Nell sugere a influência da genética e da saúde cerebral,
enquanto suas habilidades cognitivas singulares indicam uma expressão peculiar desses
traços hereditários. A plasticidade cerebral, um aspecto biológico, é evidente em sua
capacidade de se adaptar às circunstâncias ao entrar na sociedade. No âmbito sócio-cultural,
o filme destaca a importância do ambiente familiar na formação da inteligência.
Além disso, foi possível compreender que a compreensão da inteligência transcende as
fronteiras disciplinares e incorpora elementos de diferentes áreas, como a psicologia, a
neurociência e a antropologia. A abordagem holística e personalizada no apoio ao crescimento
intelectual, reconhecendo a singularidade de cada jornada de desenvolvimento cognitivo, é
fundamental para uma compreensão mais ampla e profunda do tema.
A análise do filme "Nell" sob a perspectiva da psicologia permitiu uma reflexão profunda
sobre a complexidade do desenvolvimento cognitivo e como ele se relaciona com a vida real.
A história da protagonista oferece uma narrativa fascinante que permite explorar as
contribuições complexas dos fatores biológicos e sócio-culturais no desenvolvimento da
inteligência.
REFERÊNCIAS

BLANCO, M. B., OLIVEIRA, J. I., CARVALHO, G. T. P. L., & ARAÚJO, R. N. (2017). O


que é
inteligência? Percepções de professores do ensino fundamental. Espacios, 38, 25-35.
https://www.revistaespacios.com/a17v38n50/a17v38n50p25.pdf

CASTRO, J.; CASTRO, K. https://www.scielo.br/j/ptp/a/8kDJXFzMDGzkPx9BhtKX4xy/?


lang=pt# Nov. 2001. Disponivel em:
https://www.scielo.br/j/ptp/a/8kDJXFzMDGzkPx9BhtKX4xy/?lang=pt#

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