Na Europa do século XX surgiu a necessidade de criar novas ideias artísticas, um

conjunto de tendências vinda de vários países e com propostas peculiares, porém

unidas pelo sentimento de inovação e rompimento com o convencional. Surgida no
contexto de iniciação, duração e finalização da Primeira Guerra mundial as Correntes
de Vanguarda antecipavam o futuro com a suas práticas artísticas inovadoras e
contestadoras.

Assim o Futurismo nasce de um manifesto publicado no jornal parisiense Le Figaro, em

20 de fevereiro de 1909, escrito pelo poeta italiano Filippo Tommasio Marinetti, com o
título Manifesto Futurista. Com o slogan Les mots en liberté ("Liberdade para as
palavras") encontrou-se na literatura com as propostas literárias de exploração do
lúdico, da linguagem vernácula, da quebra de hierarquia na tipografia tradicional, com
uma predileção pelo uso de onomatopeias.

Filipo Tommaso Marinetti, Free words, between 1914 and 1916

Porém, o Futurismo se expandiu e em 1909 Marinetti colaborou com alguns pintores

como: Umberto Boccioni, Gino Severini, Carlo Carrà e Luigi Russolo, tendo como
objetivo formular teorias futuristas para serem incorporadas nas artes, resultando no
manifesto dos pintores futuristas que lançaram no teatro Chiasella em Turim, em 8 de
março de 1910. Com os conceitos de rejeição ao moralismo e o passado, e obras que
baseavam-se fortemente na velocidade e nos desenvolvimentos tecnológicos do final
do século XIX, as técnicas de composição cubista são incorporadas ao movimento
futurista, mas o uso de cores vivas e contrastes e a sobreposição das imagens
pretendia dar a ideia de dinâmica, deformação e não materialização por que passam
os objetos e o espaço quando ocorre a ação, ou seja, para os artistas do futurismo os
objetos não se concluem no contorno aparente e os seus aspectos interpenetram-se
continuamente a um só tempo.

Por exemplo, para os Futuristas não importa a figura e sim a sua forma plástica da
ação, no caso de uma pessoa em movimento.

Umberto Boccioni, 1913, Synthèse du

dynamisme humain (Synthesis of Human Dynamism)

Formas Únicas na Continuidade do Espaço (1913), de Umberto

Boccioni,

Suas principais caracteristicas são:

 Desvalorização da tradição e do moralismo;

 Valorização do desenvolvimento industrial e tecnológico;
 Propaganda como principal forma de comunicação;
 Uso de onomatopeias (palavras com sonoridade que imitam ruídos, vozes, sons de
objetos) nas poesias;
 Poesias com uso de frases fragmentadas para passar a ideia de velocidade;
 Pinturas com uso de cores vivas e contrastes. Sobreposição de imagens, traços e
pequenas deformações para passar a ideia de movimento e dinamismo.

Os futuristas apresentaram um conceito "linhas de força", que se tornou uma

característica identificadora de suas obras.
 Umberto Boccioni, Charge of the Lancers (A Carga dos
Lanceiros) 1915

tem como tema central aguerra. Boccioni raramente pintava batalhas. Ao invés disso,
suas obras costumavam defender osideais futuristas de velocidade e mudanças que a
sociedade sofre ao longo do tempo. Na parte inferior da tela é possível ver soldados
com armas apontadas em direção ao centro. Nessa pintura, o cavalo representa a
batalha, tal como se ele fosse uma arma. Talvez seja por esse motivo que ele
apareça retratado com lanças e afins.

Ballerina in Blue, Gino Severini, 1912

Gino Severini, Ao contrário dos seus colegas, estava mais interessado no retrato dos
corpos humanos em movimento do que na dinâmica dos máquinas. As suas cenas de
cabaret e os retratos de bailarinos.

Carlo Carrà O Funeral do Anarquista Galli, 1911,

Signatário do "Manifesto" técnico da pintura futurista, realiza a pintura O Funeral do

Anarquista Galli, em que a cor simbólica, com o predomínio do vermelho, e a dinâmica
do signo, com linhas convergentes em angulações agudas, tendem ao envolvimento
emotivo do espectador. Assim introduzia no Futurismo um conteúdo emotivo que o
distingue da postura teorizante de Marinetti. O Futurismo de Carrà será sempre
sustentado por um simbolismo de caráter social, rico em significados líricos, expressos
em relações tonais intensas, com cortes mais próximos à escansão cubista do que à
dinâmica futurista

Luigi Russolo Dinamismo de Um Automóvel (1912/13)

Esta imagem de Luigi Russolo intitulada de “Dinamismo de um automóvel” está

inserida num movimento Futurista, onde encontramos alguns elementos a este
movimento vinculados, mais precisamente, elementos dinâmicos.

Podemos identificar o elemento movimento, pois a imagem de Luigi dá-nos a sensação

que centra-se num automóvel e que move-se para a esquerda, o que origina também
alguma tensão, graças às linhas que indicam-nos essa mesma direcção. Aliado a isso
está também presente algum ritmo, ou seja, alguma temporalidade nos elementos
gráficos presentes nesta imagem.

1912, Sintesi plastica dei movimenti di una Donna

Giacomo Balla Bambina che corre sul balcone (menina que corr e na varanda) 1912

Em 1912, o pintor criado, talvez em resposta ao seu desafio, Boccioni, três

obras: Dinamismo de um cão na coleira, a mão do violinista e Menina que funciona na
varanda , onde se atribui a representar a "própria sensação dinâmica" (ponto 7º
do Manifesto dos Pintores futuristas ). Com o poder da menina na varanda, feita a partir
de estudos de movimento pelo fotógrafo Etienne-Jules Marey , ele conseguiu fazer a
ilusão de que anda seu modelo: "Ele lhe interessam os artistas, porque eu fiz um estudo
especial sobre a forma de caminhar esta menina, e na verdade, eu consegui dar a
ilusão de que ele está se movendo para a frente. (Carta de G. Balla, na Lista G. Balla ,
catálogo raisonné, 1982.)