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AULA 06
São ideias claras de que a família deve se preocupar com as pessoas e com a proteção
das pessoas. O EPD trás consigo a preocupação com a pessoa. O art. 85 do EPD limita a
curatela às relações patrimoniais e negociais, portanto, a curatela não alcança as
relações existenciais porque decorrem de manifestação de vontade da pessoa, aí está o
caráter instrumental da família. O que se quer preservar é a pessoa com deficiência e
garantir que ela possa manifestar vontade.
A socialidade é a função social. A família precisa cumprir uma função social (art. 1513)
que ressalta uma importância clara, dizendo que “É defeso a qualquer pessoa, de direito
público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família”. A família
não deve prejudicar terceiros e terceiros não devem prejudicar núcleos familiares
alheios.
Esse artigo que consagra a função social está claramente voltado para o poder público.
Ele se dirigiu ao poder público: Estado, não interfira na comunhão de vida de uma
família. Você só pode intervir para garantir direitos fundamentais.
Alguns autores começaram a usar o art. 1513 para pedir indenização ao amante por ter
interferido na família, mas é equivocado porque o dever de fidelidade (1566) é dirigido
aos cônjuges, é inter partes, não é erga omnes, não é oponível a terceiros, portanto, o
amante não tem o dever de fidelidade. O STJ já consagra essa tese.
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O art. 1642, V, parte final, estabelece que somente cessa o regime de bens pelo divórcio,
separação judicial, morte e separação de fato há mais de cinco anos. O STJ, aplicando a
boa-fé objetiva entende que a simples separação de fato independente do regime de bens
faz cessar a comunhão de bens. Tem que ver se está perguntando como o STJ ou como a
lei. O art. 1723 admite o reconhecimento de união estável pela simples separação de
fato independentemente e qualquer prazo. Então, naturalmente, a companheira já tem
direito de bens.
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A solução para o conflito é sempre no caso concreto. Diferentes soluções para conflitos
idênticos a depender da situação.
Os princípios dos direitos de família podem colidir com outros direitos fundamentais.
Ex: A admissibilidade excepcional de prova ilícita no processo de família, onde na ação
de destituição de poder familiar a única prova é ilícita, nesse caso, o superior interesse
da criança sobrepuja a proibição de prova ilícita.
A súmula 301 STJ diz que o réu pode se recusar a fazer exame de DNA visto que
ninguém pode ser obrigado a fazer prova contra si; mas ao mesmo tempo ele frustra o
direito do filho de ter um pai. Há, portanto, uma presunção da prova que se pretendia
produzir. A lei 12004/09 conferiu uma nova redação ao art. 2º da lei 9560/92 (lei de
investigação de paternidade) estabelecendo que a recusa de se submeter a exame de
DNA é possível, mas gera uma presunção de veracidade.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como
entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus
descendentes.
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§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela
mulher.
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando
mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem,
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de
fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras
de deficiência.
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
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VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos
da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de
sua efetivação por parte de estrangeiros.
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e
qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
§ 8º A lei estabelecerá:
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação das várias esferas do
poder público para a execução de políticas públicas.
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação
especial.
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever
de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua
participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.
É preciso observar que o art. 226 quando consagra a pluralidade das entidades
familiares alude à família casamentaria (§1 e §2), família convivencial (§ 3) e família
monoparental (§4). São três tipos de família, portanto.
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O STJ e STF dizem que o rol é exemplificativo, não é numerus clausus. Existem outros
tipos de família que não estão ali expressamente referidos, ex: família avoenga, família
anaparental (irmãos), família avuncular (tio e sobrinho)...
Já se fala inclusive das famílias com influências dos meios cibernéticos – i-phamily –
Professor Conrado Paulino da Rosa. Que é a possibilidade de famílias que se
compõem/constitui a distância, ex: Skype. O NCPC permite expressamente o uso de
provas eletrônicas, inclusive e-mails.
A Lei Maria da Penha faz alusão à aplicação da lei nas relações homoafetivas, e o STJ
já dizia que “sim”, que a referida lei se aplica porque ela protege o núcleo familiar
contra a violência física, emocional (etc.) e esse núcleo familiar pode ser composto por
pessoas do mesmo sexo.
Todo o sistema já caminhava para esse sentido e todas as dúvidas acabaram quando o
STF se pronunciou. O STJ e o STF reconheceram que união estável e casamento podem
ser homoafetivas. É de natureza familiar a união de pessoas do mesmo sexo.
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O CC/02 é lacônico e no art. 1727 reconhece natureza não familiar para o concubinato,
poliamorismo e união estável putativa. Essa discussão é transcendental porque ela não
se restringe a uma ou outra situação, chegando até o STF e STJ ambos negam natureza
familiar. Eles fazem uma interpretação monogâmica da família, sendo possível somente
a constituição de uma única relação familiar por vez. Afastam-se famílias simultâneas.
No concubinato entram na partilha os bens adquiridos por ambos em uma ação na Vara
Cível e poderão obter efeitos jurídicos de divisão do patrimônio.
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esse parentesco produz um único efeito que é o impedimento matrimonial (não podem
casar os parentes por afinidade).
No direito brasileiro o parentesco por afinidade não gera alimentos e não gera direito
hereditário porque não constitui outro efeito senão impedimento, conforme o CC/02.
Ex: Se uma pessoa falecer sem familiares, deixando apenas um enteado, quem recebe a
herança é a Fazenda Pública.
Deve ser aplicado com a ideia de igualdade substancial, tratando igualmente quem
estiver em posição desigual. Homem e mulher podem ser tratados diferentemente
quando houver justificativa.
Celso Antônio Bandeira de Mello sustenta que a igualdade entre homem e mulher deve
ser respeitada no limite das desigualdades. Há ideia de “discrimen”, que é o elemento
fático de desigualdade a justificar um tratamento desigual. Ex: idade para aposentadoria.
Onde não houver discrimen o tratamento deve ser igual.
A Lei Maria da Penha é aplicável às mulheres e em linha de princípio não se aplica aos
homens, mas pode ser aplicada aos grupos minoritários como homossexuais,
transexuais, travestis porque eles podem sofrer o mesmo nível de violência que as
mulheres.
Só não se admite a guarda compartilhada quando os próprios pais não tiverem interesse
ou quando se mostrar ruim para o interesse da criança.
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Na guarda compartilhada a criança tem apenas um domicílio, mas conviverá com ambos
os pais. Na guarda alternada a criança terá dois domicílios.
O CPC/73 dizia que a mulher tinha fora de residência privilegiado para ações de
separação, divórcio e anulação de casamento. O STJ diz que o foro era compatível com
a CF/88. O NCPC eliminou do sistema e não há mais esse foro privilegiado.
O art. 1736 fala da escusa da tutela, onde podem se escusar as mulheres casadas,
maiores de 60 anos e aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos.
Deveria ser interpretado como “homens e mulheres casados ou em união estável –
interpretação conforme a CF/88”.
Não pode mais haver designações discriminatórias entre os filhos. O art. 1593 CC/02
incorpora essa igualdade entre os filhos, dizendo que o parentesco pode decorrer da
consanguinidade ou qualquer outra origem. Há uma multiplicidade de critérios
determinantes da filiação.
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Não alcança a adoção. O filho adotivo não pode ter restabelecido o vínculo biológico
por causa de uma disposição do ECA porque o deferimento da adoção rompe os
vínculos biológicos e, portanto, sem poder estabelecer uma pluriparentalidade adotiva.
A CF/88, art. 226§6º acolheu a facilitação do divórcio e previu que cada pessoa poderia
se divorciar quantas vezes quanto pudesse casar, diminuiu o prazo de cinco anos de
separação para um ano, e criou-se o divórcio direto.
Todas essas conquistas foram maximizadas com a EC 66/10 que ampliou os efeitos
jurídicos decorrentes do princípio da facilitação do divórcio. O divórcio passou a ser o
espelho invertido do casamento. A liberdade de casar corresponde a liberdade de não
ficar casado.
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A culpa pode ser discutida para responsabilidade civil, isso porque a regra geral é
responsabilidade subjetiva, e também para fins da mutação da natureza dos alimentos. A
prova da culpa pode gerar uma redução dos alimentos.
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