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Curso: Docência do Ensino Superior

Disciplina: Legislação e Avaliação do Ensino Superior – do presencial ao


virtual

Apresentação

Esta aula dirige-se ao estudo da política educacional brasileira,


buscando retratar a realidade educacional e sua organização de cunho político
e pedagógico. Dessa forma, pretende-se traçar um panorama político da
educação no Brasil.
Aula 02 – Panorama Político da Educação no Brasil

2.1 POLÍTICA EDUCACIONAL NO BRASIL

O contexto político está relacionado com as condições socioeconômicas


do país, portanto os fatos seguem uma linha de períodos ocorridos na história
da estrutura organizacional do ensino.

A Revolução de 1930 contribuiu de forma significativa para as


transformações ocorridas no meio educacional. Articulando-se em nível de
sistema, ocorrendo uma ação mais objetiva no meio educativo, favorecendo
estruturas mais adequadas ao ensino superior. Os anos de 1930-1945
denotam a natureza centralizadora da organização da educação. O ensino
superior se organiza em plano nacional e institui esta responsabilidade à União.
Em 1931, foram traçadas as primeiras diretrizes da educação, com a
Constituição de 1937, os debates em torno da política educacional, ficam
restritos à sociedade política.

De 1946 até 1971, os debates pedagógicos em prol da democratização


do ensino foram acirrados e buscavam fortalecer de forma efetiva a
participação da sociedade. Em 1964, as decisões acerca das políticas
educacionais sofrem interferência por meio do Golpe Militar.

Essas discussões foram retomadas nas décadas seguintes (1970-1980),


momento de reconquista do espaço político pela sociedade, buscando assim
uma reorganização e o fortalecimento de propostas para o ensino no país.

Na década de 80, a realidade do país se mostrava através de uma


tendência neo-conservadora1. O Estado reduziu seu papel provedor de
serviços (educação) e outros países financiam a nação, intercedendo neste
panorama e propondo a garantia da educação básica pelo Estado. Conforme

1
Neoconservadorismo é uma corrente filosófico-política que surgiu nos Estados Unidos na
década de 1960, defendendo o país norte-americano como o principal consolidador da ordem
mundial, através de uma política externa firme e intervencionista.
relata Libâneo (2007), “em relação ao Ensino superior, o Estado financiaria o
aluno sem condições de custear seus estudos. Depois de formado, cabe ao
aluno o ressarcimento das despesas” (LIBÂNEO, 2007, p. 132).

Os anos 90 foram marcados com tendências do neoliberalismo, as


dimensões se estabeleciam ora no âmbito centralização, ora na
descentralização. Todavia, sem a participação da sociedade, neste modelo de
concepção do poder, suscitando, portanto, uma tarefa política de longo prazo.

Para implementar os movimentos e referenciais educacionais no Brasil,


estabeleceu-se as políticas públicas para a educação, através da legislação.

Conforme INEP (2006), pode-se definir as políticas públicas como:

[...] responsabilidade do Estado, com base em organismos políticos e


entidades da sociedade civil, se estabelece um processo de tomada
de decisões que derivam nas normatizações do país, ou seja, nossa
Legislação. Envolvem todos os grupos de necessidades da sociedade
civil, estas determinam o padrão de proteção social implementado
pelo Estado, voltadas em princípio, à redistribuição dos benefícios
sociais. (INEP, 2006, p. 165)

Marinho (2015) menciona que, para que o direito à educação seja


garantido com qualidade e de forma universal, é implementada a Política
Educacional.

A reflexão e o debate sobre a qualidade do ensino no país caracterizam


um processo de discussão em que a sociedade pouco participou, em função
dos condicionamentos políticos em seus tempos históricos que coibiram o
cidadão de ser partícipe na política do país, reforçando, portanto as
disparidades existentes até então.

Nesses termos, a compreensão acerca da educação pública no país


propõe conhecer o embate histórico que permeia os defensores da escola
pública e da privada (particular), pois possuem características distintas frente
ao ideário educacional.

Libâneo (2007) indica uma tendência que se instalou em relação ao


ensino superior e que considera um modelo dualista de ensino, privilegiando
determinadas classses sociais.
2.2 A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL

No Brasil, o campo educacional apresenta um quadro de lutas intensas


que mostram a articulação da sociedade em favor de um ensino de qualidade.
A luta pela escola pública é pauta de movimentos do passado em favor da
educação popular, buscando com isso, efetivar melhorias, articulação e
equivalência, uma vez que os níveis da educação não se encontravam
articulados.

No período de 1934 a 1945 o ministro da Educação e Saúde Pública,


Gustavo Capanema, estabeleceu diversas reformas no ensino secundário e
universitário, implantando as bases da educação nacional. No curso superior,
até a data de 1949, se percebe um tímido movimento para a candidatura do
aluno, sendo necessária a conclusão do curso técnico.

Em 1950, com a criação da Lei nº 1076, de 31 de março que se percebe


passos para a equivalência entre o ensino secundário e o técnico, mas não
alcançava o nível superior. Já a Lei nº 1821, 12 de março de 1953, indica no
segundo artigo o direito ao ingresso em qualquer curso superior.

A LDB da Educação Nacional, nº 40242, de 20 de dezembro, de 1961:


estabeleceu as diretrizes em todas as modalidades de ensino, destacando os
objetivos e fins da educação, a estrutura e conteúdos curriculares.

Quanto ao Ensino Superior, faz-se a seguinte definição:

[...] pré-primário (até os sete anos); primário (quatro a seis anos de


duração); ensino médio: ginasial de quatro anos e colegial de três
anos, ambos abrangendo diferentes modalidades (secundário,
técnico-industrial, agrícola, comercial e normal); superior (graduação
e pós-graduação). (PILETTI; PILETTI, 2006, p. 195).

Os fins estabelecidos foram mantidos na reforma de 1971 e ainda


vigoram: Art. 66: “O ensino superior tem por objetivo as pesquisa, o
desenvolvimento das ciências, letras e artes, e a formação de profissionais de
nível universitário”.

2
PILETTI; PILETTI (2006, p. 189): Essa lei foi anteriormente discutida como projeto no
Congresso Nacional em 1948.
No tocante à estrutura, ficou determinado que o Ensino Superior deve
ser: ministrado em estabelecimentos, agrupados ou não em universidades,
com a cooperação de institutos de pesquisas e centros de treinamento
profissional; cursos: graduação (para candidatos que concluíram o ensino
médio), pós-graduação (para candidatos que concluíram o curso de graduação)
e de especialização, aperfeiçoamento e extensão (requisitos a serem exigidos).

Quanto aos currículos, determinou-se a flexibilidade na padronização,


conforme os critérios dos estabelecimentos de ensino. Porém no antigo
Colegial (atualmente denominado Ensino Médio) o ensino deve ser
diversificado com ênfase no preparo do aluno para os cursos superiores. 3

A LDB de 1971, nº 5692, foi publicada no período do regime militar. Ela


enfatiza 88 artigos que destacam alterações na estrutura organizacional e na
questão curricular que tem por objetivo oferecer ao aluno sua formação
necessária e o desenvolvimento de suas potencialidades, qualificação para o
trabalho e exercício da cidadania. Pode-se dizer que “a Lei nº 5692/71 agravou
sobremodo a situação eliminando qualquer possibilidade de instituição de
políticas e planos de educação como instrumentos efetivos de um
desenvolvimento desejável da educação brasileira” (Estrutura e Funcionamento
da Educação Básica, 1996, p. 111).

A LDB é uma lei orgânica e geral do ensino no país, instituída em 1996


vigorando até os dias atuais. Foi elaborada para garantir o direito de todos pela
educação gratuita e de qualidade, buscando ainda a valorização dos
profissionais da educação. Portanto, resultado de discussões no âmbito político
e social, decorrente do período entre os anos de 1988 a 1996, através de
articulações do governo.

3
PILETTI; PILETTI (2006, p. 191):
Importante
Principais características da LDB:
 Relator – Darcy Ribeiro;
 Artigos 3 a 15 – inferem a natureza da gestão democrática e
autonomia das escolas;
 Postula um mínimo de carga horária, a obrigatoriedade e gratuidade
do ensino fundamental;
 Organização curricular;
 Formação mínima dos docentes para atuar nas diferentes
modalidades de ensino;
 Estabelece percentuais de investimento na educação;
 Artigo 64 - infere a formação de especialistas da educação em nível
superior pedagogia ou pós-graduação;
 Determina a criação do Plano Nacional de Educação.

O ensino superior é tratado no capítulo IV da LDB 9394/96, artigos 43


até 57, destacando os seguintes aspectos: abrangência de cursos e programas
(art. 44); melhorias na organização acadêmica; o ingresso mediante processo
seletivo; regularidade do calendário letivo, sendo de 200 dias; a existência de
universidades especializadas por campo de saber (Medicina, Direito,
Educação).

2.3 AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS

As diretrizes curriculares se caracterizam por serem normas obrigatórias


que servem para nortear o planejamento curricular das escolas e dos sistemas
de ensino. Tendo como objetivo, a promoção da educação de qualidade para
todos, assegurada na Constituição Federal e em outros mecanismos legais.
Estabelecendo a base da educação em nível nacional. Conforme Brasil (2013),
“as diretrizes curriculares são responsáveis por orientar a organização,
articulação, o desenvolvimento e a avaliação das propostas pedagógicas de
todas as redes de ensino brasileiras” (BRASIL, 2013, p.4).
Sua formulação compete ao âmbito federal, sendo este exercido pelo
Conselho Nacional de Educação Básica (CNE) conforme disposto na LDB
9394/96 e na Lei 9.131/95, que institui e define sua deliberação para todos os
sistemas de ensino. Ademais, em sua execução deve haver caráter
participativo da sociedade, com vistas ao aperfeiçoamento da educação
nacional.4

As Diretrizes Curriculares Nacionais visam fundamentar cada área do


conhecimento, além de promover a capacidade do aluno em seu desempenho
intelectual e profissional. Avaliar a qualidade do ensino e promover uma
educação com ênfase no exercício da cidadania.

Saiba Mais
É importante que você conheça a legislação que rege a organização e o
funcionamento da educação, em todos os níveis e modalidades de ensino,
no Brasil. Conheça algumas leis:
Parecer CNE/CEB nº 7/2010: institui as Diretrizes Curriculares
Nacionais Gerais para a Educação Básica.
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb007_10.pdf
Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010: define Diretrizes Curriculares
Nacionais Gerais para a Educação Básica.
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_10.pdf

Os graus que remetem ao ensino superior, consolidados de forma


histórica no país são5:
 Os bacharelados: se configuram como cursos superiores generalistas,
de formação científica e humanística, que conferem, ao diplomado,
competências em determinado campo do saber para o exercício de
atividade acadêmica, profissional ou cultural;
 As licenciaturas: cursos superiores que conferem, ao diplomado,
competências para atuar como professor na educação básica;

4
BRASIL (2013, p. 7)
5
BRASIL (2010, p. 5): Referenciais Curriculares Nacionais do Curso de Bacharelado e
Licenciatura.
 Os Cursos Superiores de Tecnologia: são graduações de formação
especializada em áreas científicas e tecnológicas, que conferem, ao
diplomado, competências para atuar em áreas profissionais específicas.

Saiba Mais
Em função da demanda do crescimento da educação e da expansão da
oferta do Ensino Superior no Brasil, foi criado em 2009 os “Referenciais
Curriculares Nacionais dos Cursos de Bacharelado e Licenciatura”.
Atualmente, o Brasil oferta mais de 26 mil cursos de graduação.

É importante buscar sempre atualizar e ampliar os conhecimentos. Você


pode saber mais acerca da legislação educacional brasileira voltada ao Ensino
Superior, assistindo ao vídeo indicado a seguir.

Assista
Assista a entrevista com o Prof. Dr. Gerson Rizzatti, acerca da Legislação do
Ensino Superior.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0QTFUiSVs9Q
Síntese da Aula

Nesta aula foram abordados aspectos políticos da educação brasileira.


Estudamos a respeito da legislação que determina e orienta o sistema
educacional no país, abordando a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da
Educação Nacional e as Diretrizes Curriculares Nacionais.
Referências

BRASIL. Referenciais Curriculares Nacionais do Curso de Bacharelado e


Licenciatura. 2010.

_________ . Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. 2013

INEP/MEC. Enciclopédia de pedagogia universitária: glossário vol. 2 /


Editora-chefe: Marilia Costa Morosoni. – Brasília: Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2006.

LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez,


2007.

MARINHO, I.C. Política educacional. Disponível em:


http://www.infoescola.com/educacao/politica-educacional/. Acesso em
março/2015.

ROMANELLI, O.O. História da educação no Brasil (1930-1973). Petrópolis:


Vozes, 1978.

PILETTI, C.; PILETTI, N. Historia Geral e do Brasil. São Paulo: Harbra, 2006.

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