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PROCEDIMENTOS

ESPIROMETRIA NA MÉDICOS
PRÁTICA... Silva et al. PROCEDIMENTOS MÉDICOS

Espirometria na prática médica LUIZ CARLOS CORRÊA DA SILVA –


Diretor do Laboratório de Função Pulmonar
do Pavilhão Pereira Filho, da Santa Casa de
Porto Alegre. Professor de Pneumologia:
Spirometry in medical practice FFFCMPA, UFRGS e UPF. Diretor Cientí-
fico da AMRIGS. Título de Especialista pela
SBPT.
ADALBERTO SPERB RUBIN – Médico
do Pavilhão Pereira Filho (PPF), associado
ao Laboratório de Função Pulmonar. Doutor
em Pneumologia pela Universidade Federal
RESUMO do Rio Grande do Sul (UFRGS).
LUCIANO MÜLLER CORRÊA DA SIL-
A avaliação da função pulmonar é indispensável à rotina assistencial da saúde, espe- VA – Médico do PPF, associado ao Lab. Fun-
cializada ou não, sendo a espirometria o teste utilizado com maior freqüência. Tem grande ção Pulmonar. Mestre em Pneumologia
importância, principalmente, para a avaliação de pacientes com DPOC, asma, infiltrações (UFRGS). Título de Especialista pela Socie-
pulmonares difusas e outras doenças respiratórias, de risco operatório e ocupacional. Por- dade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia
tanto, a espirometria deve ser um exame sempre disponível, assim como os conhecimen- (SBPT).
tos e treinamento deste setor aos interessados. O objetivo deste artigo é a revisão dos JULIANA CARDOZO FERNANDES –
conhecimentos essenciais, para o clínico e o cirurgião, que os auxiliem no entendimento Médica agregada ao Laboratório de Função
dos principais testes de função pulmonar. Pulmonar do PPF, ex-residente do PPF, Mes-
tranda do PPG em Pneumologia (UFRGS).
UNITERMOS: Espirometria, Testes de Função Pulmonar.
*Trabalho realizado no Laboratório de Fun-
ção Pulmonar do Pavilhão Pereira Filho, Ser-
ABSTRACT viço de Pneumologia e Cirurgia Torácica do
Complexo Hospitalar da Santa Casa de Por-
Pulmonary function testing is indispensable to routine health caring, specialized or to Alegre. Disciplinas de Pneumologia da
not, being spirometry the most valuable test. It has great importance for assessment of Fundação Faculdade Federal de Ciências
patients with COPD, asthma, intersticial lung diseases and other respiratory diseases, Médicas de Porto Alegre (FFFCMPA) e da
preoperative and occupational risk. Therefore spirometry, knowledge and training should Faculdade de Medicina da Universidade de
be always available to interested people. The aim of this article is to review the funda- Passo Fundo (UPF). Programa de Pós-Gra-
mentals for clinicians and surgeons to help them about understanding of the main pulmo- duação (PPG) em Medicina: Pneumologia da
nary function tests. UFRGS.

KEY WORDS: Spirometry, Pulmonary Function Tests. Endereço para correspondência:


Luiz Carlos Corrêa da Silva
Rua Pedro Ivo 532/302, Bairro Bela Vista
90450-210 – Porto Alegre, RS – Brasil
Tel: (51) 3221-8522 / 3221-3177
 lccsilva@yahoo.com.br

I NTRODUÇÃO fisiopatologia pulmonar. Em 1958,


Hyatt e colaboradores introduziram a
Em 1846, o inglês John Hutchin- curva fluxo-volume (1). E, a partir de
son construiu o primeiro espirômetro então, as técnicas e equipamentos evo- ser considerada satisfatória se forem
e já fazia mensurações da capacidade luíram substancialmente. Surgiram os realizadas determinados testes, que,
vital e associações de seus resultados Laboratórios de Função Pulmonar, que conforme sua característica, poderão
com situações clínicas. O objetivo ini- procuraram, através dos novos conhe- contribuir para: rastreamento, entendi-
cial era o de avaliação de risco para cimentos e técnicas, estabelecer pro- mento fisiopatológico, diagnóstico,
fins de cálculo atuarial para contratos tocolos, e definir normas e padrões de acompanhamento de tratamento, e pos-
de seguro de vida. No entanto, os es- normalidade. As indicações básicas dos sibilitar, principalmente, uma melhor
tudos mais importantes de fisiopatolo- testes de função pulmonar passaram a qualidade assistencial. A medida da
gia pulmonar só ocorreram a partir da ter critérios melhor definidos, visando pressão arterial, as dosagens bioquími-
década de quarenta, com o grande im- a determinar: presença de anormalida- cas (glicemia, creatinina, transamina-
pulso dado por Tiffeneau e Pinelli, que des, natureza fisiopatológica dos dis- ses, etc.), o R-X de tórax, o eletrocar-
introduziram a medida do volume ex- túrbios, gravidade de anormalidades diograma, entre outros, são testes rea-
piratório forçado no primeiro segun- funcionais, risco e tolerância a proce- lizados de rotina. No entanto, raramen-
do, o VEF1. Baldwin, Cournand, Ri- dimentos diagnósticos e terapêuticos, re- te, solicita-se uma espirometria para
chards, Gaensler, Comroe, West e mui- sultado de tratamentos, e prognóstico. avaliação de um paciente, mesmo que
tos outros deram suas valiosas contri- Conforme a situação e a disponibi- ele apresente dispnéia como principal
buições para o melhor entendimento da lidade, uma avaliação clínica só pode sintoma. Por que isso acontece? Uma

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das explicações é a relativa indisponi- exposição. Com relação a isso, o Mi- nicos, tanto no que se refere ao equi-
bilidade do teste espirométrico. Outra, nistério do Trabalho estabeleceu a nor- pamento quanto ao processo de sua
é o desconhecimento dos médicos com ma regulamentadora número sete (NR7), realização, sendo prioritárias a com-
relação à interpretação dos seus resul- tornando compulsória a realização de preensão e colaboração do paciente, a
tados. E, certamente, muitas outras ain- avaliação clínica, radiológica e espiro- técnica de execução padronizada e a
da podem ser mencionadas. Mas, a métrica em trabalhadores expostos, com freqüente revisão de todo o processo.
principal é a falta do costume de usar intervalo máximo de dois anos. Os valores obtidos devem ser compa-
critérios objetivos de mensuração das Para o acompanhamento de pacien- rados com valores de normalidade de
variáveis funcionais pulmonares e a tes em tratamento quimioterápico e/ou uma população de referência. Também,
desinformação vigente sobre testes de radioterápico com potencial de toxici- deve-se estar atento a dados clínicos e
função pulmonar, o que dificulta a ela- dade pulmonar indica-se avaliação fun- epidemiológicos que auxiliem a inter-
boração de um raciocínio fisiopatoló- cional pulmonar antes, durante e após pretação (6, 7). Para haver confiabili-
gico quando do equacionamento diag- a intervenção. dade nos resultados dos testes, devem
nóstico e terapêutico (2). Com o de- O prognóstico de algumas pneumo- ser observados os seguintes itens: o
senvolvimento da medicina respirató- patias, como, por exemplo, a DPOC, equipamento deve ser de boa qualida-
ria, atualmente, é impossível não in- pode ser estabelecido conforme o re- de; sua calibração deve ser diária e re-
cluir os testes de função pulmonar, sultado de indicadores funcionais, no petida sempre que necessário; o pro-
particularmente a espirometria, na ro- caso o VEF1. Lembre-se de que indi- tocolo do laboratório deve seguir os
tina assistencial. víduos adultos normais perdem cerca consensos oficiais (6); os técnicos de-
A quantificação do grau de obstru- de 25 ml de VEF1 anualmente, enquan- vem ser treinados adequadamente e
ção brônquica e a resposta aos bron- to os portadores de DPOC podem per- reavaliados periodicamente; os exames
codilatadores são obrigatórias na as- der até 100 ml/ano. Recentemente, devem ser interpretados por pneumo-
sistência dos pacientes asmáticos, en- Celli e cols. instituíram o índice BODE logistas com experiência e dedicação
fisematosos e bronquíticos. como o preditor mais acurado de mor- ao setor.
A medida dos volumes pulmonares talidade para pacientes com DPOC (3).
faz parte da avaliação de pacientes com Esse índice inclui quatro itens muito Em face disso tudo, os autores es-
enfisema e com infiltrações pulmona- importantes: B – medido pelo índice tão trazendo para este periódico infor-
res difusas. de massa corporal ou “body mass in- mações práticas e de fácil acesso sobre
A medida da capacidade de difu- dex”; O – obstrução, medido pelo este importante capítulo da pneumo-
são (DCO) auxilia na avaliação de en- VEF1; D – medido pelo grau de logia e da medicina, principalmente
fisema e de alterações intersticiais pul- dispnéia; E – exercício, avaliado pelo para os não-especialistas, de modo que
monares difusas. teste da caminhada dos 6 minutos. possam utilizar com mais facilidade
Os testes de broncoprovocação Celli, numa analogia com a “fração esses recursos na prática diária. Con-
(TBP) têm utilidade na investigação da de ejeção”, medida pela ecocardiogra- sideram que a espirometria deva ser um
tosse crônica e na melhor caracteriza- fia, criou a expressão “fração de inspi- teste simples de ser entendido e de fá-
ção da asma em casos de mais difícil ração” (FI) para a relação CI/CPT (ca- cil obtenção. Dessa forma, deve fazer
diagnóstico. pacidade inspiratória/capacidade pul- parte da rotina assistencial para pacien-
Diversas questões eminentemente monar total), observando que a FI é um tes pneumológicos ou não. E insistem
clínicas podem ser esclarecidas com o ótimo preditor da mortalidade por que, da mesma forma que a medida da
auxílio dos testes de função pulmonar. DPOC, independentemente do índice pressão arterial e o eletrocardiograma,
Origem cardíaca, pulmonar ou outra de BODE (4). a medida dos fluxos aéreos e dos volu-
para explicar a dispnéia do meu pacien- Com a evolução dos procedimen- mes pulmonares, através da espirome-
te? Como explicar e como intervir na tos diagnósticos e condutas terapêuti- tria, deve estar inserida no contexto
tosse crônica do meu paciente? Meu cas da pneumologia e da cirurgia torá- básico da avaliação clínica.
paciente com colagenose tem sua fun- cica, a avaliação funcional pulmonar
ção pulmonar comprometida? Como tornou-se importante aliado na busca
está a função pulmonar do meu pacien-
te com cifoescoliose?
das respostas mais efetivas aos ques-
tionamentos necessários. Transplante
E SPIROMETRIA
Os efeitos da exposição a fatores pulmonar, cirurgia redutora de volume Com a espirometria, basicamente
de risco necessitam ser detectados pre- pulmonar, uso de stents e outros dis- são medidos alguns dos volumes pul-
cocemente e, quando necessário, ser positivos nas vias aéreas são procedi- monares, particularmente a capacida-
monitorados periodicamente. Assim, a mentos que exigem testes funcionais de vital, e os fluxos aéreos. Atualmen-
função pulmonar deve ser avaliada pulmonares acurados e realizados com te, utilizam-se equipamentos compu-
antes do ingresso em trabalho com ex- boa qualidade técnica (5). tadorizados, que fornecem, além dos
posição a produtos aerodispersíveis e, Os testes funcionais pulmonares valores numéricos das variáveis men-
periodicamente, durante o período de são realizados dentro de padrões téc- suradas, gráficos das curvas volume-

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tempo e fluxo-volume (6). A curva ração máxima e que, portanto, não pode (CVF), plotando volume e fluxo (Fi-
volume-tempo auxilia, principalmen- ser medido pela espirometria simples. gura 2). Para se obter os dados neces-
te, na interpretação de que o tempo de – Volume de Reserva Expiratória sários, o paciente realiza a seguinte
expiração foi adequado. A curva flu- (VRE) – volume máximo que pode ser manobra: inspira até a CPT e, após,
xo-volume, além de também auxiliar expirado após o final de uma expira- expira de maneira forçada e rápida até
na verificação da boa técnica do exa- ção normal. o VR; após, inspira rapidamente do VR
me, é útil na sua interpretação: tipo de – Volume Corrente (VC) – volu- até a CPT. Logo após o início do mo-
distúrbio – obstrutivo, restritivo, ou me expirado ou inspirado durante cada vimento expiratório, o fluxo chega ra-
misto, e presença ou não de obstrução movimento respiratório, em repouso. pidamente ao máximo possível – este
fixa ou variável das vias aéreas. Ana- Seu valor é muito variável, uma vez é o pico do fluxo expiratório – e, a se-
lisar uma espirometria sem essas duas que depende de total repouso do pa- guir, ocorre redução progressiva, à
curvas é o mesmo que interpretar um ciente. medida que se aproxima do VR. O pri-
eletrocardiograma sem a visualização – Volume de Reserva Inspirató- meiro 1/3 da curva expiratória depen-
de todo o traçado. ria (VRI) – volume máximo que pode de, primordialmente, do esforço ex-
Resumidamente, pode-se obter uma ser inspirado a partir do final de uma piratório e, por conseguinte, da co-
espirometria com manobra muito sim- inspiração em repouso. laboração do paciente. Os últimos 2/3,
ples: inspira-se profundamente até en- – Capacidade Inspiratória (CI) – principalmente da retração elástica
cher plenamente os pulmões (capaci- volume máximo que pode ser inspira- pulmonar.
dade pulmonar total) e, em uma expi- do a partir do final de uma expiração – Capacidade Vital Forçada
ração rápida (não tão brusca como na normal: CI = VRI + VC. (CVF) – volume expirado com esfor-
tosse), sopra-se todo o volume de ar – Capacidade Vital (CV) – volu- ço máximo e o mais rapidamente pos-
contido nos pulmões até o maior tem- me máximo que pode ser expirado após sível, a partir de uma inspiração máxi-
po possível (geralmente, não menos a inspiração máxima: CV = VRE + VC ma. Durante sua realização, são medi-
que seis segundos). Com essa mano- + VRI. dos os fluxos instantâneos (FEF 25,
bra, obtêm-se os diversos parâmetros – Capacidade Pulmonar Total FEF50 e FEF75) e o FEF25-75.
necessários, principalmente a capaci- (CPT) – volume de ar nos pulmões – Capacidade Vital Lenta (CVL)
dade vital forçada (CVF), que é o vo- após uma inspiração máxima: CPT = – volume máximo que pode ser elimi-
lume máximo de ar eliminado, e o vo- CV + VR. nado após inspiração máxima, no en-
lume expiratório forçado no primeiro tanto, sem exigência de esforço rápido
segundo (VEF1). O volume residual (VR) e a capa- e intenso. A CVL costuma ser igual à
Os diversos volumes medidos pe- cidade pulmonar total (CPT) não po- CVF, salvo nos pacientes que apresen-
los testes de função pulmonar podem dem ser medidos diretamente pela es- tem obstrução severa, quando a CVF
ser observados na Figura 1, sendo des- pirometria e, sim, por outras técnicas pode tornar-se inferior à CVL, devido
critos a seguir. indiretas (ex. pletismografia, técnica de ao alçaponamento de ar que pode ocor-
– Capacidade Residual Funcional diluição do hélio, técnica de lavagem rer na expiração forçada.
(CRF) – volume de ar nos pulmões do nitrogênio, etc.). – Volume Expiratório Forçado no
após uma expiração normal: CRF = VR Os espirômetros modernos forne- primeiro segundo (VEF1) – volume
+ VRE. cem a curva fluxo-volume para análi- expirado no primeiro segundo da CVF.
– Volume Residual (VR) – volu- se gráfica do fluxo gerado durante a É a variável funcional mais usada na
me retido nos pulmões após uma expi- manobra da capacidade vital forçada prática, particularmente nas doenças
obstrutivas.
– Pico do Fluxo Expiratório
(PFE) – fluxo máximo obtido logo
após o início da CVF (geralmente ao
final de 0,2 segundo). Como é estrita-
Inspiração
VRI mente dependente da vontade, é um
V indicador do grau de colaboração do
o CV
l VC
CV CPT
paciente.
u – Fluxo Médio-Expiratório For-
m VRE VRE çado (FEF25-75%) – fluxo entre 25% e
e CRF
75% da CVF. Os fluxos FEF 25%,
Expiração VR VR FEF50% e FEF75% medem o fluxo ex-
piratório instantâneo nas marcas dos
25%, 50% e 75% da curva fluxo-volu-
Tempo me da CVF. Esses fluxos não são es-
Figura 1 – Subdivisão dos volumes e capacidades pulmonares. senciais na interpretação da espirome-

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12 tórias em que a anormalidade funcio-


nal é variável como na asma, testes
seqüenciais em conjunto com dados
Pico do fluxo
clínicos são necessários para a avalia-
9 · ção de incapacidade.
V max25
f) Avaliação pré-operatória – A
utilização dos testes de função pulmo-
nar no pré-operatório de cirurgias to-
Fluxo 6 · rácica e abdominal é fundamental para
(l/s) V max50
avaliação do risco cirúrgico. Em prin-
cípio, não se deve realizar cirurgia ele-
tiva torácica ou abdominal alta sem
3 ·
V max75 uma espirometria. Quanto mais seve-
ras forem as alterações, maiores deve-
rão ser os cuidados ao paciente (10).

0 Volume
25 50 75 100
Capacidade vital forçada
Aspectos técnicos
CPT VR
(expiração)
Figura 2 – Curva fluxo-volume. A espirometria deve ser realizada,
preferencialmente, em laboratório es-
pecializado com a participação e sur-
tria, em virtude de sua variabilidade em do do tipo de aerodispersíveis), duran- pervisão de pneumologista com conhe-
diferentes medidas. A relação FEF25- te o período de exposição. Dessa for- cimentos na área de fisiologia respira-
75% / CVF diminui essa variabilidade e ma, pode-se diagnosticar precocemen- tória, sendo as interpretações de sua
pode auxiliar na detecção de distúrbio te doenças ocupacionais relacionadas responsabilidade. Pode, também, ser
ventilatório obstrutivo quando os ou- com o aparelho respiratório. realizada no consultório, devendo se-
tros parâmetros forem normais (VEF1, b) Quantificação do distúrbio – guir sempre as exigências técnicas ha-
CVF, VEF1 / CVF) e houver quadro É a única maneira de fazer a medida bituais.
clínico sugestivo. objetiva das anormalidades funcionais
pulmonares.
a) Investigação de sintomas – Preparo para o teste
Indicações Dispnéia e tosse são indicações formais
para a realização de testes funcionais O paciente deve ser instruído para
A espirometria é realizada de roti- pulmonares. não usar broncodilatador por um pe-
na na quase totalidade das avaliações d) Acompanhamento da evolução ríodo dependente do seu tempo de ação
pneumológicas, independentemente de e avaliação da resposta terapêutica (mínimo de 4 horas), bem como evitar
a origem do processo ser pulmonar ou – Tanto em procedimentos cirúrgicos café, chá, álcool e, principalmente, ci-
extrapulmonar. Suas indicações mais quanto clínicos, o resultado terapêuti- garro. O exame deve ser precedido de
freqüentes são: co deve ser medido também por ava- repouso, durante o qual um questioná-
a) Diagnóstico – Quando analisa- liação funcional, que em conjunto com rio respiratório deve ser preenchido
da em conjunto com os dados clínicos dados clínicos consegue demonstrar (11). Caso o paciente apresente expec-
e radiológicos, pode confirmar a hipó- objetivamente a recuperação do pa- toração volumosa, o teste deve ser pre-
tese de doença obstrutiva, restritiva, ou ciente. Em doenças de curso crônico, cedido de toalete brônquica. Devem ser
mista. Também pode detectar precoce- como DPOC, asma e infiltrações in- registrados idade, sexo, peso e altura,
mente o surgimento de doenças pulmo- tersticiais difusas (8), a avaliação fun- que serão utilizados na obtenção dos
nares, particularmente em fumantes, cional seqüencial possibilita informa- valores previstos. Para a população
como no caso da DPOC, antes do sur- ções sobre o curso da doença e perío- brasileira, a raça não tem importância
gimento de manifestações clínicas ou dos de agudização da mesma, de gran- na obtenção desses valores. As condi-
alterações radiológicas. A Norma Re- de importância na formulação do es- ções atmosféricas devem ser constan-
gulamentadora Número 7 (NR7) do quema terapêutico. tes no laboratório, principalmente tem-
Ministério do Trabalho tornou obriga- e) Avaliação de incapacidade – A peratura (20oC) e pressão (nível do
tória a avaliação dos trabalhadores ex- disfunção é considerada acentuada mar), para evitar erros nas mensura-
postos a produtos aerodispersíveis (po- quando a espirometria demonstrar dis- ções. Se necessário, os valores volu-
eiras ou gases), antes da admissão no túrbio ventilatório severo, obstrutivo métricos obtidos devem ser corrigidos
trabalho, e a cada 1-2 anos (dependen- ou restritivo (9). Nas doenças respira- para essa referência.

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Contra-indicações (relativas) para a Critérios de aceitação do teste Interpretação


realização da espirometria
O teste é aceito se a manobra da Principais variáveis
Existem situações que podem repre- CVF foi realizada adequadamente,
sentar um potencial risco para o pacien- com no mínimo três curvas aceitáveis – Capacidade Vital Forçada
te, devido às manobras forçadas reali- e duas reprodutíveis. Os dois maiores (CVF) – Está reduzida caracteristica-
zadas durante o exame, ou, pelas con- valores do VEF1 e da CVF devem di- mente nos distúrbios restritivos, mas
dições do paciente, afetar a validade ferir menos de 150 ml. A duração da também pode estar reduzida nos dis-
do teste. Cada uma delas deve ser jul- expiração deve ser no mínimo de 6 se- túrbios obstrutivos, como no enfisema,
gada individualmente pelo médico. A gundos (embora em crianças e nos dis- por redução da retração elástica pul-
seguir, são listadas: túrbios restritivos possa ser menor). monar. Quando ocorre sua redução e
– Hemoptise de causa desconhecida. Uma boa referência de que o esforço os fluxos são normais ou até supranor-
– Pneumotórax. foi adequado é o valor do PFE. Os va- mais, trata-se de doença restritiva.
– Instabilidade cardiocirculatória, lores obtidos são selecionados confor- Nessa situação, as informações clíni-
infarto do miocárdio recente, ou trom- me o maior VEF1 e a maior CVF. A cas e radiológicas demonstrarão tratar-
boembolismo pulmonar. CVF deve ser a maior, obtida de qual- se de comprometimento pulmonar (por
– Aneurismas cerebral, torácico ou quer curva. O VEF1 deve ser o maior exemplo, fibrose pulmonar, congestão
abdominal. valor retirado das curvas dentro dos circulatória, atelectasia e pós-operató-
– Cirurgia ocular recente. critérios de aceitação (variação do PFE rio de cirurgia de ressecção) ou extra-
– Náusea, ou vômitos. entre o maior e o menor valor < 10% ou pulmonar (por exemplo, doenças neu-
– Cirurgia torácica ou abdominal 0,5 L/s, o que for maior). A escolha da romusculares, cifoescoliose, limitação
recentes. melhor curva deve sempre ser feita pelo da mobilidade diafragmática, derrames
– Qualquer outra situação que li- técnico e não pelo próprio aparelho. pleurais e pneumotórax) (17).
mite a adequada técnica do exame (por – Volume Expiratório Forçado no
exemplo, pertuito de traqueostomia em primeiro segundo (VEF1) – Reduzi-
que não haja oclusão adequada, dimi- Valores de referência do em doenças obstrutivas de vias aé-
nuição do nível do sensório, incapaci- reas. Também está diminuído nas doen-
dade para permanecer sentado). A escolha e análise dos valores de ças restritivas, mas, nesta situação,
referência depende de vários fatores: nunca a valor percentual com diferen-
sexo, altura, peso, idade e raça. O fa- ça superior a 5% em relação à CVF.
Realização do teste tor de maior importância é o do cres- – Fluxo Expiratório Forçado en-
cimento corporal em relação ao pul- tre 25% e 75% (FEF25-75%) – Está re-
A calibragem do aparelho é reali- monar, onde a relação nem sempre é lacionado às vias aéreas de médio e
zada pelo menos uma vez por dia, no linear. Para as crianças e adolescentes, pequeno calibre, podendo constituir-se
início da manhã e sempre que se fizer o peso asssume importância nas equa- na variável mais precoce para detec-
necessário (por exemplo, obtenção de ções de referência, ao contrário dos ção do seu comprometimento, princi-
resultados duvidosos, troca de peças do indivíduos mais velhos. Em todas as palmente em fumantes assintomáticos
equipamento). O paciente deve ficar faixas estárias, sexo, estatura e idade (18). A relação FEF25-75%/CVF% pode
sentado, retirar próteses orais, e não são os itens que melhor determinam as ser um bom preditor de declínio fun-
deve ter limitação para movimentos equações de regressão utilizadas para cional nesses indivíduos (19).
respiratórios (coletes ou cintos ajusta- construir as tabelas de referência para – Pico do Fluxo Expiratório
dos). O técnico deve explicar clara- espirometria. Para a população brasi- (PFE) – Está relacionado com o esfor-
mente sobre as manobras a serem efe- leira, a raça não influencia de forma ço e colaboração do paciente na reali-
tuadas, à medida que se sucedam. Co- significativa. zação do teste. Pode estar diminuído
loca-se clipe nasal e o paciente ajusta Os valores de referência a serem em obstruções severas, porém sua cor-
os lábios ao bocal, de maneira a não utilizados na interpretação devem es- relação com o VEF1 não é necessaria-
permitir escape aéreo. Faz-se, então, tar baseados em dados mais aproxima- mente observada. Está bastante redu-
uma inspiração profunda com perío- dos possíveis da população em estu- zido em obstruções altas das vias aé-
do de apnéia não superior a três se- do. Nos EUA, as equações de Crapo reas (Figura 3B).
gundos e, sem parar de respirar, se- (1981) (12) e Knudson (1983) (13) são – Curva Fluxo-Volume – O forma-
gue-se uma expiração rápida e for- as mais utilizadas em adultos e a de to desta curva pode indicar a presença
çada, a mais prolongada possível. Ao Polgar (1971) (14) em crianças. No de obstrução, caso exista uma conca-
final dessa, realiza-se inspiração pro- Brasil, duas tabelas de referência (Pe- vidade para o eixo do volume, ou res-
funda. Durante essas manobras é fun- reira e Mallozi) são recomendadas pela trição, que demonstra uma curva nor-
damental o estímulo constante e re- SBPT como padrões para nossa popu- mal porém em miniatura (Figura 3A).
petitivo do técnico. lação (15, 16). Nas obstruções das vias aéreas de gros-

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Normal Obstrutivo Restritivo cos (tampões de muco, broncoconstri-


6 ↓FEF50% 6 6 ↓FEF50% ção excessiva, broncoestenose), e (3)
A 4 4 FEF50% 4 coexistência de fatores obstrutivos e

2 2 2 restritivos. Quando a CVF normalizar
0 0 0 após o broncodilatador, fica afastada
1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 doença restritiva. A quantificação do
F 2 2 2
4 4
DVR é relacionada ao valor da CVF
l ↓ 4
u (Quadro 1).
6 6 6
x
o Extratorácico variável Intratorácico variável Obstrução fixa
(l/s) 6 6 6 – Distúrbio Ventilatório
↓FEF50% FEF50%
4 4 FEF50% 4 Misto (DVM)

2 2 ↓ 2
B 0 0 0 Para definir se a redução da CVF é
2
1 2 3 4 5
2
1 2 3 4 5
2
1 2 3 4 5 devida à obstrução ou à restrição, a
variável mais adequada é a CPT. Sem
4 4 4
a determinação da CPT, pode-se infe-
6 6 6 rir que o distúrbio é misto quando a
Volume (L) redução da CVF é maior do que o es-
Figura 3 – (A) Curva fluxo-volume: normal, obstrução e restrição. (B) Curva fluxo- perado para uma causa obstrutiva (20).
volume em obstrução extratorácica. Segundo Pereira (21), diferença entre
VEF1 e CVF ≤ 12% indica distúrbio
misto, e diferença entre 12 e 25% in-
so calibre, pode-se observar achata- mite inferior de referência, escolhidos dica distúrbio obstrutivo com redução
mento das alças inspiratória e/ou ex- para cada indivíduo através de equa- da CVF. No Serviço, para caracteriza-
piratória, conforme a obstrução seja ções ou tabelas. Pacientes sintomáti- ção de distúrbio misto, além desses cri-
intra ou extratorácica, e seja variável cos, com VEF1 normal, índice de Ti- térios, considera-se a correlação com
ou fixa (Figura 3B). ffeneau abaixo de 90% do previsto e dados clínicos e radiológicos, e a mor-
– Índice de Tiffeneau (VEF 1 / com FEF25-75% reduzidos podem ser in- fologia da curva. Sarcoidose, bronqui-
CVF%) – Está diminuído em relação terpretados como obstrutivos leves. A ectasias, tuberculose e suas seqüelas,
ao previsto nas doenças obstrutivas e quantificação da doença é feita normal- pneumonites alérgicas (22) e granulo-
próximo ao normal ou aumentado nas mente pelo valor do VEF1 (Quadro 1). matose de células de Langerhans po-
doenças restritivas. Essa relação dimi- dem apresentar padrão misto. Também
nui, também, com a idade. é comum a combinação de doenças
– Distúrbio Ventilatório (por exemplo, DPOC + ICC) ocasio-
Restritivo (DVR) nando esse padrão ventilatório (23). A
Distúrbios funcionais e sua quantificação do distúrbio misto é dada
quantificação Caracteriza-se pela redução da pelo valor mais alterado, seja VEF1 ou
CPT. Na prática, a CVF é a variável CVF, que também pode indicar qual
– Distúrbio Ventilatório usada como indicador do distúrbio res- tipo é predominante. Na Figura 4, ob-
Obstrutivo (DVO) tritivo. A relação VEF1/CVF costuma serva-se modelo de interpretação adap-
ser normal ou aumentada. A CVF pode tado do Consenso Brasileiro de Espi-
Caracterizado pela redução do estar reduzida por outras causas: a) rometria (6).
VEF1 (<80%) e da relação VEF1/CVF manobras da CVF interrompidas pre-
(índice de Tiffeneau), sendo conside- cocemente, b) fechamento das vias aé-
rados anormais valores abaixo do li- reas por fatores obstrutivos anatômi- – Distúrbio Ventilatório
Inespecífico

Um distúrbio em que a CVF está


Quadro 1 – Quantificação do distúrbio reduzida na ausência de obstrução ao
Distúrbio VEF1 CVF VEF1/CVF% fluxo aéreo, com CPT normal (medida
Leve 60% – LI* 60% – LI 60 – LI
pelo método da pletismografia de cor-
Moderado 41% – 59% 51% – 59% 41% – 59% po inteiro), pode ser denominado de
Grave ≤ 40% ≤ 50% ≤ 40% inespecífico. Está comumente associa-
* llimite inferior.
do com doença obstrutiva e obesida-

188 Revista AMRIGS, Porto Alegre, 49 (3): 183-194, jul.-set. 2005


ESPIROMETRIA NA PRÁTICA... Silva et al. PROCEDIMENTOS MÉDICOS

VEF1/CVF% abaixo do limite inferior

Não Sim

CVF normal CVF reduzida CVF normal CVF reduzida

Espirograma normal Distúrbio Distúrbio


restritivo obstrutivo CVF-VEF1(%)

< 12 entre 13 e 24 > 25

Distúrvio misto Obstrução Obstrução com


CVF reduzida
Figura 4 – Modelo de interpretação.

de. A obesidade é um fator de confu- para a quantificação do distúrbio, como e, para um paciente com sarcoidose,
são nesses casos, por impedir o aumen- difusão, consumo de O2, medida de va- não há qualquer correlação com sobre-
to da CPT na presença de obstrução. riáveis no teste de caminhada, medida vida. Por outro lado, uma redução leve
Quando possível, a classificação de um da CPT e das pressões respiratórias má- do VEF1 em asma muitas vezes ocorre
distúrbio como inespecífico é sempre ximas. Todas estas informações devem em pacientes assintomáticos, enquan-
evitado através da correlação com da- ser analisadas em conjunto com dados to em um paciente com obstrução tra-
dos clínico-radiológicos. clínicos e radiológicos que possibili- queal pode significar um nível eleva-
O DVI só deve ser considerado tem melhor avaliação da limitação fun- do de obstrução, justificando tão ime-
quando: cional. diata intervenção. Mas, essa classifi-
• Não há dados indicativos de doen- A quantificação do distúrbio obs- cação é utilizada como uma padroni-
ça restritiva, asma ou DPOC trutivo relaciona-se à queda do VEF1, zação, na tentativa de chamar a aten-
• CV > 50% previsto enquanto que a CVF é a variável rela- ção para o grau de obstrução, ou res-
• CVF pós-BD permanece redu- cionada ao distúrbio restritivo (Quadro trição. Além disso, deve sempre levar
zida 1). Ambas devem ser analisadas con- em conta a doença subjacente.
• FEF25-75/CVF < 150% previsto siderando-se seus percentuais em re-
• Difusão CO normal lação ao valor previsto. A classifica-
ção da gravidade baseou-se, principal- Resposta ao broncodilatador
mente, em estudos de grupos de pa-
Quantificação do distúrbio cientes com DPOC (para o VEF1 no A resposta ao broncodilatador é
distúrbio ventilatório obstrutivo) e de avaliada pela variação do VEF1, antes
Freqüentemente o grau de obstru- fibrose pulmonar (para a CVF no dis- e após 10 minutos do uso de BD (inala-
ção ou restrição descrito no laudo fi- túrbio ventilatório restritivo). Dessa ção de 400 mcg de fenoterol ou salbuta-
nal não está de acordo com sintomas e forma, a quantificação da gravidade do mol ou terbutalina). Em alguns casos,
limitação funcional do paciente. Sem- distúrbio na espirometria tem pouca a resposta ao BD pode ser expressa pela
pre que possível, deve-se comparar correlação com prognóstico em outras variação da CVF ou do FEF25-75%. Em
com testes anteriores, descrevendo essa doenças obstrutivas, ou restritivas. asmáticos, esse período de tempo pode
progressão no laudo. Também devem- Uma CVF < 50% do previsto em um ser reduzido para até 5 minutos (24).
se obter dados complementares atra- paciente com fibrose pulmonar indica, Considera-se que existe resposta ao bron-
vés de outros testes, mais sensíveis freqüentemente, prognóstico sombrio codilatador quando ocorre:

Revista AMRIGS, Porto Alegre, 49 (3): 183-194, jul.-set. 2005 189


ESPIROMETRIA NA PRÁTICA... Silva et al. PROCEDIMENTOS MÉDICOS

Quadro 2 – Quantificação da Capacidade Pulmonar Total (CPT) comparadas as medidas de CPT e VR


Entre limite inferior e 70% leve redução medidas pela pletismografia e pelo
70 - 60% moderada redução método do hélio.
< 60% marcada redução
Limite superior até 130% mínimo aumento
130 - 150% moderado aumento
> 150% severo aumento
Interpretação

No nosso meio, utiliza-se de rotina


a técnica da diluição do hélio, consi-
– variação do VEF1 > 200 ml e > mes (CPT e VR) tornou-se critério im- derando-se normais valores do volu-
7% em relação ao valor previsto portante na avaliação dos resultados fun- me residual entre 60 e 140% em rela-
(VEF1pósBD – VEF1préBD / VEF1 cionais pós-operatórios (5). ção ao previsto. Os valores normais da
previsto) em espirometria obstrutiva e CPT são avaliados de acordo com os
> 10% em relação ao valor previsto em previstos observados na Quadro 2, con-
espirometria normal; Indicações siderando-se normais entre 80 e 120%
– variação da CVF > 350 ml, ou da em relação ao previsto. A relação VR/
CVL > 400 ml, ou da CI > 300 ml em – A indicação primária é confirmar, CPT também auxilia na interpretação.
doenças obstrutivas ou não distúrbio ventilatório restritivo Seus valores normais encontram-se
Cabe ressaltar que a importância através da medida da CPT. entre 0,2 e 0,35 (até 0,4 nos idosos).
clínica da resposta imediata ao bron- – Diagnóstico e quantificação de Valores acima de 35% são observados
codilatador deve ser analisada cuida- doenças obstrutivas, restritivas ou mis- em pacientes com aumento no VR (en-
dosamente, uma vez que respostas a tas. fisema).
longo prazo são comuns em pacientes – Avaliação da resposta terapêuti- Atualmente, valoriza-se muito a
portadores de DPOC. Particularmente ca (ex. broncodilatadores) utilizando- capacidade inspiratória (CI) e sua re-
nesses pacientes, realiza-se novo teste se os volumes pulmonares. lação com a capacidade pulmonar to-
após 2 a 4 semanas, na vigência de – Diagnóstico diferencial da dispnéia. tal (CPT), ao que se denomina “fração
corticoterapia sistêmica ou inalatória, – Monitoração de procedimentos de inspiração”. Considera-se o valor de
para melhor avaliação da presença ou que visem à redução dos volumes pul- 25% como ponto de corte na análise
não de reversibilidade da obstrução. monares (cirurgia redutora do enfise- da relação CI/CPT. Valores inferiores
ma). a 25% estão associados a pior prognós-
– Quantificação da proporção de tico e a maiores taxas de mortalidade.
V OLUMES PULMONARES
(VOLUME RESIDUAL E
pulmão não-ventilado, quando são Nesses pacientes, a hiperinsuflação se-

CAPACIDADE PULMONAR
TOTAL)

As medidas da capacidade pulmo- Conjunto


pneumotacógrafo
nar total e do volume residual são úteis obturador oral Fluxo
na diferenciação entre doenças obstru-
Pressão oral
tivas (CPT normal ou aumentada) e
restritiva (CPT reduzida). Os testes
mais utilizados para análise da CPT
são: (1) método pletismográfico, pela
medida das diferenças de pressões e de
volumes em pletismógrafo de corpo
inteiro, (2) método da diluição do hé-
lio, e (3) lavagem do nitrogênio. A ple- Vídeo do computador
tismografia (Figura 5) utiliza a Lei de
Boyle (P X V = K), permitindo medida
mais precisa do que o método da dilui-
ção do hélio, pois inclui setores que não PLETISMÓGRAFO Pressão da caixa
se comunicam com as vias aéreas, como,
por exemplo, bolhas de enfisema. Recen-
temente, com a expansão da cirurgia re-
dutora de volume, a medida dos volu- Figura 5 – Técnica da pletismografia.

190 Revista AMRIGS, Porto Alegre, 49 (3): 183-194, jul.-set. 2005


ESPIROMETRIA NA PRÁTICA... Silva et al. PROCEDIMENTOS MÉDICOS

ria significativamente importante e es- complicações e mortalidade (29). resultados são lidos diretamente, em
taria associadada à piora da qualidade Quando a DLCO é inferior a 50%, o mmHg. Os valores da Pemax e da Pi-
de vida e maior escore de dispnéia. risco é considerado elevado. Em pa- max apresentam boa correlação com
cientes portadores de carcinoma brôn- dados clínicos de limitação funcional
quico submetidos à radioterapia, a e dispnéia (32).
C APACIDADE DE DIFUSÃO DLCO diminui significativamente
após 6 meses.
A capacidade de difusão para o Indicações
monóxido de carbono (DCO) é o úni-
co método não invasivo capaz de in- Interpretação – Diagnóstico diferencial de
formar sobre a integridade da membra- dispnéia ou de quadro restritivo inex-
na alvéolo-capilar e a efetividade das Os resultados encontrados para plicado.
trocas gasosas. Essa técnica é realiza- DLCO são expressos em percentuais – Avaliação da integridade da mus-
da através da inalação da mistura de em relação ao previsto, conforme o culatura respiratória em doenças que
CO até o nível da CPT, seguida de um Quadro 3. afetam diafragma e musculatura inter-
período de 10 segundos de apnéia, e a costal ou acessória.
ulterior eliminação do gás alveolar. O – Avaliação de fadiga diafragmáti-
aparelho analisa a quantidade inicial de
CO (inspirada) e a quantidade final de
P RESSÕES
MÁXIMAS
RESPIRATÓRIAS ca e muscular em pacientes com DPOC.
– Avaliação de resposta à fisiotera-
CO (expirada), informando o quanto pia e reabilitação pulmonar.
de CO difundiu-se pela membrana Para a avaliação da integridade fun-
alvéolo-capilar. cional da musculatura respiratória, de-
vem-se usar testes que meçam os efei- Interpretação
tos do diafragma e dos outros múscu-
Indicações los envolvidos no processo ventilató- São utilizados os valores referen-
rio. Os músculos podem estar prima- ciais da tabela de Black (1969), sendo
– Diagnóstico e quantificação de riamente comprometidos como nas consideradas alteradas as pressões in-
enfisema pulmonar. miopatias e neuropatias, e na esclero- feriores a 60% em relação aos valores
– Diagnóstico e acompanhamento dermia, ou secundariamente devido à previstos.
de doenças intersticiais. fadiga muscular, como ocorre em pa-
– Avaliação de incapacidade e de cientes enfisematosos (30). Através das
risco operatório.
– Diagnóstico diferencial da
medidas objetivas, obtêm-se informa-
ções que permitem avaliar o grau de
T ESTES DE EXERCÍCIO
dispnéia de origem indeterminada. limitação funcional. A medida da ven- Os testes de exercício podem de-
tilação voluntária máxima (VVM), monstrar alterações da função pulmo-
A diminuição do DLCO ocorre de- pouco reprodutível e de baixa especi- nar não observadas em repouso, sendo
vido a dano da membrana alvéolo-ca- ficidade, a medida da pressão transdia- particularmente úteis para diagnóstico
pilar por destruição (enfisema) ou es- fragmática, e a eletromiografia não são diferencial da dispnéia, avaliação de
pessamento (fibrose, alveolite, edema, utilizados na rotina. Na prática, me- risco cirúrgico e de resultados terapêu-
doenças do colágeno, proteinose alveo- dem-se as pressões expiratória e ins- ticos (33).
lar, infiltrações intersticiais), ou devi- piratória máximas (PEMax e PIMax),
do a alterações perfusionais (por exem- através do manuovacuômetro. Mede-
plo, embolia pulmonar), ou mesmo por
anemia (25). Em asmáticos, policitê-
se a PEMax com os pulmões em CPT,
fazendo manobra expiratória forçada
T ESTE DA CAMINHADA DOS
6 MINUTOS (FASE I)
micos, em situações de hipermetabo- contra o bocal do aparelho. A PIMax,
lismo (hipertermia) ou em vasculites, com os pulmões em VR, fazendo ma- O teste de caminhada dos seis mi-
a DLCO pode estar aumentada. A nobra inspiratória forçada através do nutos é um teste de exercício submá-
DLCO é marcador quantitativo de en- bocal conectado ao aparelho (31). Os ximo que pode ser utilizado como des-
fisema pulmonar (26, 27), sendo im-
portante na avaliação pré e pós-opera- Quadro 3 – Quantificação da capacidade de difusão (DLCO)
tória da cirurgia redutora de volume
pulmonar (28). Alguns consideram a 75 – 120% intervalo de normalidade
≥ 120% aumentada
DLCO uma variável preditora da fun- 75 – 60% leve redução
ção pulmonar pós-operatória superior 59 – 40% moderada redução
ao VEF1 para avaliação do risco de < 40% severa redução

Revista AMRIGS, Porto Alegre, 49 (3): 183-194, jul.-set. 2005 191


ESPIROMETRIA NA PRÁTICA... Silva et al. PROCEDIMENTOS MÉDICOS

fecho substituto para a avaliação do candidatos a transplante (35). Contra- ção primária está na membrana alvéo-
desempenho funcional do paciente em indicações absolutas para a realização lo-capilar (por exemplo, infiltrações
suas atividades diárias. É um teste que do teste: angina instável e infarto do difusas) e melhora da PaO2, quando a
representa a soma de variados fatores: miocárdio no mês anterior, estenose alteração primária ocorre na relação
função pulmonar, função cardíaca, de- aórtica severa, embolia pulmonar ou ventilação/perfusão (por exemplo,
sempenho muscular, estado nutricio- arterial recentes. DPOC).
nal, circulação periférica, condições
ortopédicas e até função psíquica e
cognitiva. Indicações: comparações pré Interpretação Indicação
e pós-tratamento (cirurgia redutora do
enfisema, transplantes, DPOC, hiper- Quedas na SpO2 superiores a 3% – Avaliar distúrbios das trocas ga-
tensão arterial pulmonar primária), são anormais e costumam estar asso- sosas durante exercício em diversas si-
medida do estado funcional (DPOC, ciadas a distúrbios difusionais. A FR tuações, como, por exemplo, DPOC,
fibrose cística, insuficiência cardíaca, quando aumenta significativamente fibrose pulmonar, síndrome hepatopul-
fibromialgia, avaliação de idosos) e (próximo aos 50 mpm) está associada monar e shunts pulmonares.
preditor de mortalidade (DPOC, hiper- a distúrbios ventilatórios. Quando a FC
tensão arterial primária, fibrose pulmo- aumenta até próximo da FC submáxi-
nar, insuficiência cardíaca, etc.). ma ou permanece inalterada ou, ain- Teste de broncoprovocação
Avalia a tolerância ao exercício da, reduz-se, é um indicativo de anor- por exercício
durante caminhada de 6 minutos, em malidade cardiocirculatória. A distân-
superfície plana, com 30 metros retilí- cia a ser percorrida é um parâmetro Através deste teste, verifica-se a
neos, marcados pelo menos de três em importante, tendo correlação prognós- presença de broncoespasmo induzido
três metros. Utiliza-se como sinaliza- tica para muitas doenças (DPOC, hi- por exercício, fenômeno freqüente em
ção para o retorno e a volta do pacien- pertensão arterial primária, insuficiên- asmáticos. O paciente realiza uma es-
te pelo corredor um cone de trânsito cia cardíaca). pirometria basal (interessa o VEF1) e,
laranja. No início e ao final do teste, após cumprir um protocolo de exercí-
monitoram-se as freqüências cardíaca cio preestabelecido e alcançar a FC
e respiratória, SpO 2 , e o grau de Gasometria arterial pós-exercício submáxima, fadiga ou dispnéia inten-
dispnéia através da escala de Borg (Fi- sa, realiza manobras espirométricas
gura 6). A queda da SpO2 após exercí- Este teste faz parte da gasometria (VEF1) a cada 5 minutos.
cio está associada a distúrbio difusio- trifásica, no qual o paciente é subme-
nal e como critério de avaliação para tido a três exames gasométricos: em
cirurgia torácica tem especificidade repouso, com O2 a 100% e após exer- Indicações
superior ao VEF1 (34). Esse teste é uti- cício. Os pacientes que apresentem hi-
lizado como alternativa da medida do poxemia em repouso poderão ter as – Diagnóstico de broncoconstrição
consumo de O2 (VO2) na avaliação de seguintes anormalidades com o exer- induzida por exercício.
pacientes com pneumopatia grave, cício: piora da PaO2, quando a altera- – Investigação de dispnéia não ve-
rificada em repouso.
– Avaliação de aptidão atlética em
FV FR Escala SaO2 Distância Dor nas asmáticos.
de BORG percorrida pernas

Repouso Interpretação
(pré)

Caminhada O teste é considerado positivo


(pós) quando o VEF1 cai 20% ou mais, ou
ocorre queda mínima de 15% no VEF1
Escala de Borg (quantificação da dispnéia) associada a queda de 20% no FEF25-75%.
0 nenhuma falta de ar 6 severa
0,5 muito, muito leve 7 muito severa
1
2
muito leve
leve
8
9
muito severa
muito, muito severa
T ESTES DE
BRONCOPROVOCAÇÃO
3 moderada 10 máxima
4 pouco severa
5 severa A avaliação da hiper-reatividade
Figura 6 – Protocolo do teste da caminhada dos 6 minutos. brônquica tornou-se fundamental na

192 Revista AMRIGS, Porto Alegre, 49 (3): 183-194, jul.-set. 2005


ESPIROMETRIA NA PRÁTICA... Silva et al. PROCEDIMENTOS MÉDICOS

rotina da investigação pneumológica. 100


Além de estar presente em asmáticos, C
também é encontrada em outras doen- 80
ças, como, por exemplo, DPOC e sar-
coidose. Para a broncoprovocação 60
pode-se utilizar ar frio, exercício, an- B
tígeno específico ou substâncias bron- 40
coconstritoras inespecíficas, como me- A
tacolina, histamina e carbacol (36). 20
Esse teste tem como indicações mais 0,25% 0,5% 1% 2% 4%
freqüentes o diagnóstico de asma atí- Carbacol (concentrações)
pica, tosse crônica e avaliação da gra- Figura 7 – Teste de broncoprovocação com carbacol.
vidade da asma (37). O paciente deve
realizar o teste sem utilizar broncodi-
latadores previamente. Também é in- provocativa que faz cair o VEF1 em O paciente é instruído a realizar ma-
dispensável não existirem condições que 20%) (Figura 7). Essa dose permite nobras de respirações rápidas e su-
sabidamente alteram a reatividade brôn- quantificar o grau de hiper-reativida- perficiais (fluxo de 50-100ml por res-
quica, como infecção das vias aéreas de. Caso não ocorra queda ≥ 20% no piração com velocidade de 90-150
superiores nas 6 semanas anteriores. VEF1, até a dose limite, o teste é con- respirações por minuto). Valores en-
O teste de broncoprovocação por siderado negativo. Em alguns proto- tre 60-90 respirações por minuto são
substância inespecífica é realizado colos se utiliza a concentração do aceitáveis em pacientes com obstru-
após uma espirometria basal que não produto (CP2O). ção moderada a acentuada.
evidencie obstrução importante (VEF1/ A condutância de vias aéreas (Gva)
CVF > 70%). Após essa medida, o pa- é o valor inverso da Rva (Gva = 1/Rva).
ciente recebe doses progressivas da
substância broncoconstritora com me-
R ESISTÊNCIA E
CONDUTÂNCIA DAS
Ela mantém relação com o volume
pulmonar do indivíduo. Habitualmen-
didas intercaladas do VEF1. A substân- VIAS AÉREAS te avaliamos a condutância específica
cia a ser usada para broncoprovocação das vias aéreas (sGva), pois esta con-
é administrada por nebulização com ar A medida da resistência das vias templa as variações que a condutância
comprimido, cada uma durante dois aéreas (Rva) juntamente com a condu- apresenta em relação ao volume pul-
minutos, em concentrações progressi- tância (Gva) permite identificar peque- monar.
vas (38). A avaliação da hiper-reativi- nas alterações na resistência ainda não A técnica que mede a Rva e a Gva
dade possibilita ao médico subsídios detectadas pela espirometria, refletin- é preferível naqueles pacientes que não
tanto para o diagnóstico quanto para a do predominantemente o calibre das toleram realizar a manobra de esforço
conduta terapêutica. vias aéreas. Essas informações são ob- máximo (espirometria), podendo, as-
tidas através da pletismografia de cor- sim, da mesma forma, detectar distúr-
po inteiro. A Rva corresponde à pres- bios obstrutivos. O inconveniente é que
Indicações são (em cmH2O) necessária para ob- alguns pacientes, principalmente aque-
ter-se um fluxo de 1 litro/segundo, sen- les portadores de reserva funcional
– Investigação de asma (quando a do seu resultado expresso em cmH20/ menor, podem ter um desconforto no
espirometria for normal). L/s. Ela é aferida por manobra de res- momento da oclusão do obturador, de-
– Investigação de tosse de origem pirações rápidas e superficiais (pan- vido à sensação de “apnéia forçada”,
desconhecida. ting) e a mesma manobra sob pres- não completando a manobra com re-
– Confirmação de broncoespasmo são de um obturador ocluído (shut- produtibilidade.
induzido por frio ou exercício. ter). A relação entre o fluxo aéreo
deslocado entre boca e alvéolo (V) e
a pressão do deslocamento de ar nes- Indicações
Interpretação se mesmo trajeto (UP) constituem
essa variável (Rva = UP/V). Duran- – Obstrução de vias aéreas centrais.
Quando ocorre queda de 20% no te as medidas de resistência, o pa- – Informações adicionais sobre obs-
VEF1, em relação ao valor basal, o ciente permanece sentado com os lá- trução e limitação ao fluxo.
teste é suspenso e considerado posi- bios firmemente fechados em torno – Medida da resposta ao broncodi-
tivo, sendo calculada a dose da subs- do dispositivo sensor de fluxo, usan- latador.
tância administrada até esse momen- do um clipe nasal e sustentando as – TBP com metacolina ou histamina.
to, ao que se denomina DP 20 (dose bochechas com as mãos espalmadas. – Seguimento de tratamento.

Revista AMRIGS, Porto Alegre, 49 (3): 183-194, jul.-set. 2005 193


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