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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE DA INTEGRAÇÃO INTERNACIONAL DA LUSOFONIA AFRO-BRASILEIRA


DEAAD – Diretoria de Educação Aberta e a Distância
Disciplina: Gestão Tributária
Docente: Marcone Venâncio da Silva

FRANCISCO CHARLES SILVA


Mat. – 2017105146

Atividade de Aprendizagem
Atividade 03 – Gestão Tributária

Caucaia
2017
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SUMÁRIO

01. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 03

02. DESENVOLVIMENTO ....................................................................................... 04

2.1. O Tributo Taxa ................................................................................................. 04

2.2. Poder de Polícia .............................................................................................. 06

2.3. Constitucionalidade da Taxa de Coleta de Lixo ........................................ 06

03. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 07

04. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 08


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01.INTRODUÇÃO
Atualmente o assunto resíduo sólidos tem conseguido aparecer cada vez mais
no âmbito da política pública, no entanto dois pontos marcam o debate em torno
deste tema, se por um lado, ele é visto como grave problema, um desafio colocado
aos municípios e à sociedade atual, do outro ele é visto como uma alternativa
econômica para muitas comunidades.
A reciclagem dos resíduos sólidos é uma maneira de se promover o
desenvolvimento sustentável e ao mesmo tempo a preservação do meio ambiente,
esse tipo de ação contribui para a redução da quantidade de lixo nas cidades, além
de minimizar os impactos ao meio ambiente.
Segundo o Instituto Brasileiro de Administração Municipal - IBAM (2001), o
gerenciamento de resíduos sólidos é, em síntese, o envolvimento de diferentes
órgãos da administração pública e da sociedade civil, com o propósito de realizar a
limpeza urbana, a coleta, o tratamento e a disposição final do lixo.
A gestão dos resíduos sólidos devido à sua complexidade e estrutura
apresenta grande necessidade de recursos financeiros, seja para investimentos seja
para custeio das operações.
Essa necessidade faz com que em muitos locais sejam cobradas taxas pelo
serviço ofertado à população. Em geral, “taxas de limpeza pública” são embutidas
nos impostos prediais e territoriais e acumuladas no tesouro municipal, embora nem
sempre sejam coerentes com os gastos reais. Seu uso, portanto, é decidido durante
a votação do orçamento pelas câmaras municipais, o que nem sempre garante que
estes recursos tenham a utilização prevista originalmente.
Além de gerar receita, a cobrança por esses serviços pode servir de meio para
transmitir mensagens à sociedade e educar a população quanto à necessidade de
se reduzir a quantidade de lixo gerados. Entretanto, quando a cobrança está
embutida nos impostos territoriais, por exemplo, perde-se esse fator educativo.
O presente trabalho vem apresentar a temática constitucional que envolve as
taxas de coleta domiciliar de lixo. No entanto, para que possamos chegar a uma
conclusão clara e evidente, faz-se necessário mostrar a previsão legal da taxa, bem
como seu conceito.
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02. DESENVOLVIMENTO
O volume de resíduos gerados aumenta a cada dia e o seu mau
gerenciamento, além de provocar despesas significativas, pode provocar graves
problemas ao meio ambiente, comprometendo a saúde e o bem estar da população.
O gerenciamento ideal proporciona um desenvolvimento que associa o
equilíbrio do meio ambiente urbano com a conservação da biodiversidade e a
proteção dos ecossistemas vitais, melhorando a qualidade de vida humana.
Esse processo pressupõe uma participação da população por meio de
programas de educação ambiental, com implementação da coleta seletiva, geração
de renda e empregos e, principalmente, redução de desperdício.
Os municípios estabelecem um critério de cobrança. O critério adotado para se
cobrar a taxa do lixo é o critério de posição do imóvel urbano. Este critério é
necessário, pois não dá para se cobrar a taxa de coleta de lixo diretamente dos
usuários.
Para adentrarmos de fato no assunto é preciso entender primeiro o que é taxa
e em que legislação ela tem apoio além do tema poder de polícia.

2.1. O Tributo Taxa


A taxa é definida pelo Código Tributário Nacional como uma remuneração,
cobrada do contribuinte, para a prestação de um serviço público divisível (quanto à
pessoa) e determinado (quanto à prestação).
A taxa possui definição própria e esta é expressa no Art. 145, II, da
Constituição Federal de 1988:
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
[...]
II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou
pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços
públicos específicos e divisíveis, prestados ao
contribuinte ou postos a sua disposição;
O Código Tributário Nacional - CTN, instituído pela Lei nº 5.172 de 25 de
outubro de 1966, é uma norma nacional que tem como função, dentre outras,
complementar, explicar e colocar em prática, as regras fundamentais do sistema
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tributário do país, definidas na Constituição Federal, também ilustra claramente no


parágrafo único do art. 77 e no art. 79, incisos I, II e III, sobre as definições da
mesma com a finalidade de distinguir esta de outras espécies de tributos e delimitar
o poder do ente público para com a sua instituição, como segue:
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados,
pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de
suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o
exercício regular do poder de polícia, ou a utilização,
efetiva ou potencial, de serviço público específico e
divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua
disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de
cálculo ou fato gerador idênticos aos que
correspondam a imposto nem ser calculada em função
do capital das empresas.
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77
consideram-se:
I - utilizados pelo contribuinte:
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a
qualquer título;
b) potencialmente, quando, sendo de utilização
compulsória, sejam postos à sua disposição mediante
atividade administrativa em efetivo funcionamento;

II - específicos, quando possam ser destacados


em unidades autônomas de intervenção, de unidade,
ou de necessidades públicas;
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização,
separadamente, por parte de cada um dos seus
usuários.
Desse modo, as taxas (artigo 145, II, da CF e 77, do CTN), tem como fato
gerador duas hipóteses distintas, o exercício regular do Poder de Polícia e a
utilização efetiva ou potencial de um serviço público específico e divisível, prestado
ao contribuinte ou colocado à sua disposição.
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2.2. Poder de Polícia


O Poder de Polícia, nas palavras de Hely Lopes, é a faculdade de que se utiliza
a administração pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens,
atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado.
Para o autor, o Poder de Polícia é o mecanismo de que dispõe a administração
pública para conter os abusos do direito individual. Por esse mecanismo, o Estado
detém a atividade dos particulares que se revelar contrária, nociva ou inconveniente
ao bem estar social, ao desenvolvimento e à segurança nacional.
O Poder de Polícia está conceituado no Código Tributário Nacional em seu
artigo 78, nos seguintes termos:
Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que,
limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou
abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do
Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos.

2.3. Constitucionalidade da Taxa de Coleta de Lixo


A Constituição Federal de 1988 dispõe em seu artigo 145, inciso II, que a
União, Estados e Municípios podem cobrar:
“taxas em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou
potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou
postos a sua disposição”.
E o Supremo Tribunal Federal através da Súmula Vinculante nº 19, prevê que a
taxa de coleta de lixo é constitucional e não viola o referido artigo da nossa
Constituição.
“A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta,
remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis
não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal”.
A taxa é definida pelo Código Tributário Nacional como uma remuneração,
cobrada do contribuinte, para a prestação de um serviço público divisível (quanto à
pessoa) e determinado (quanto à prestação).
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Os municípios estabelecem um critério de cobrança. O critério adotado para se


cobrar a taxa do lixo é o critério de posição do imóvel urbano. Este critério é
necessário, pois não dá para se cobrar a Taxa de Coleta de Lixo diretamente dos
usuários. Seria praticamente impossível calcular qual o valor gasto para que cada
casa, apartamento ou edifício comercial tivesse sua coleta de lixo realizada.
Por fim, nota-se que o fator determinante para configurar a constitucionalidade
das referidas taxas está localizado na possibilidade de ser específica e divisível,
sendo possível especificar o serviço prestado, bem como o usuário, o que é
perceptível na taxa de coleta domiciliar de lixo e imperceptível na taxa de limpeza
pública.

03. CONSIDERAÇÕES FINAIS


No Brasil existe uma infinidade de tributos pagos a todos os entes federados
sendo certo, que cada tributo possui uma regra que precisa ser obedecida para ser
considerado um tributo constitucional ou legal.
As taxas de lixo, instituídas por vários municípios no Brasil, nem de longe,
seguem os termos da Lei, já que, embora a instituição da taxa de coleta de lixo seja
constitucional, a base de calculo utilizada (metragem e localização do imóvel) não se
presta para individualizar e mensurar quanto cada contribuinte utilizou efetiva ou
potencialmente, do serviço de coleta de lixo, gerando desigualdades e prejuízos
para toda a sociedade da área de abrangência do município.
Como se poder afirmar que a taxa de lixo é divisível, se não há sequer um
padrão lógico e razoável para medir a quantidade de lixo que cada imóvel ou
residência produz em um mês dia ou ano? Em que se baseia o Município então,
para cobrar maior valor de uma taxa de lixo de um imóvel em relação a outro?
A resposta é simples. O Ente Municipal não se baseia em norma jurídica
alguma, simplesmente porque não há qualquer fundamento legal ou constitucional
para a exigência da aludida taxa de lixo.
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04. BIBLIOGRAFIA
Manual de Gerenciamento Integrado de resíduos sólidos / José Henrique Penido
Monteiro - Rio de Janeiro: IBAM, 2001
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula Vinculante n° 19. Disponível em:
<www.stf.jus.br>. Acesso em: 28/11/2017.
Gestão tributária - Luiz Antônio Abrantes, Marco Aurélio Marques Ferreira. –
Florianópolis : Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília] :
CAPES :UAB, 2010.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível


em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>.
Acesso em 09/11/17.

BRASIL. Código Tributário Nacional. Disponível em:<


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172.htm>. Acesso em 09/11/17.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo: Malheiros,


1999.

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