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APOSTILA DE ANÁLISE

ORGÂNICA II

Duque de Caxias – 2011


ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO AO TRABALHO EM LABORATÓRIO

2. SEGURANÇA NO LABORATÓRIO
2.1. Normas Básicas de Segurança no Laboratório
2.2. Descarte de Rejeitos (Resíduos)
2.3. Acidentes Comuns em Laboratório e Primeiros Socorros

3. EXPERIMENTOS
3.1.EXPERIÊNCIA NO 01 – Marcha de Solubilidade

3.2.EXPERIÊNCIA NO 02 – Ponto de Ebulição

3.3.EXPERIÊNCIA NO 03 – Ponto de Fusão

3.4.EXPERIÊNCIA NO 04 – Análise Elementar Qualitativa

3.4.1. Análise de Halogênios


3.4.2. Análise de Nitrogênio
3.4.3. Análise de Enxofre
3.4.4. Análise de Oxigênio

3.5.EXPERIÊNCIA NO 05 – Análise Orgânica Funcional

3.5.1.

4.FONTES BIBLIOGRÁFICAS

ANEXO 1: TABELA PERIÓDICA

ANEXO 2: MODELO DE RELATÓRIO


1. INTRODUÇÃO AO TRABALHO EM LABORATÓRIO

O Laboratório Químico é um lugar de experimentação onde os acadêmicos terão a


oportunidade de aprender Química de um ponto de vista que nunca poderiam atingir por
intermédio de livros, demonstrações ou filmes; é a possibilidade de alcançar maior compreensão
da Química e a oportunidade de ver e trabalhar com as próprias mãos. Para atingir esses
objetivos, são necessárias qualidades tais como dedicação, interesse, curiosidade, pontualidade,
disciplina, etc.

Aprender o manuseio de compostos e a manipulação de aparelhos é obviamente uma


parte essencial à educação dos profissionais das Áreas de Ciências Exatas e Biológicas. Para
ajudar o desenvolvimento de boas técnicas, várias sugestões são apresentadas:

9 Nunca começar uma experiência sem antes compreendê-la totalmente; isto significa estudar
o experimento antes de entrar no laboratório.
9 Esmero é muito importante para uma boa técnica. Descuidar ao manusear compostos
químicos e aparelhos, pode não somente levar a maus resultados, como também é perigoso.
Há geralmente uma razão de como e porque cada operação é desenvolvida como descrita na
literatura, embora a razão, a princípio, possa não ser óbvia para o estudante iniciante.

O laboratório químico contém as seguintes características de segurança:

• Janelas amplas que possibilitam boa ventilação do ambiente;


• Lava-olhos e chuveiro – dispositivos para uso em emergências;
• Extintores de incêndio próximos ao laboratório;
• Salas anexas para aparelhagem (balanças, aparelhos para ponto fusão, dentre outros);
• Ampla iluminação e
• Bancadas revestidas com material que permita fácil limpeza.

1.1. Preparação para Entrar no Laboratório (Fase Pré-Laboratório)

Desde o início da disciplina o aluno recebe o cronograma das aulas experimentais. A fase
pré-laboratório tem como objetivo familiarizar o aluno com o experimento a ser realizado. Leia com
antecedência o roteiro da aula a ser realizada, procurando compreender os objetivos e os
procedimentos a serem adotados, e dê especial atenção às advertências em relação à segurança.
1.2. Instruções para as Aulas de Laboratório

O aluno deverá portar os seguintes materiais obrigatórios para freqüentar as aulas


práticas: um guarda-pó, o Caderno de Laboratório e o roteiro do experimento a ser executada no
dia.
No início da aula o professor dará orientações pertinentes ao experimento da aula; é
interessante anotar no Caderno de Laboratório estas orientações.
Ao final da aula, descarte em recipientes adequados os resíduos e lave toda a vidraria. Em
geral a vidraria pode ser lavado com detergente e uma escova apropriada. Enxague várias vezes
com água da torneira, e duas ou três vezes com água destilada; não é necessário enxugar
nenhum material, que será guardado molhado (mas não sujo). Lembre-se que este material será
utilizada por alunos da próxima aula do Laboratório de Química

1.3. O Caderno de Laboratório

O Caderno de Laboratório deve conter todo o registro das atividades efetuadas no


laboratório, numa linguagem direta e resumida, mas de forma COMPLETA. Estas notações devem
ser realizadas, na maior parte, durante a própria aula. Os preparativos pré-laboratoriais devem ser
feitos antes da realização do experimento, enquanto as discussões e conclusões podem ser
registradas depois. Entretanto os dados e observações devem ser anotados durante a própria
aula, para evitar que se percam informações armazenadas de memória. Seguindo este
procedimento, economiza-se tempo e trabalho.
Para um bom registro de informações observem as seguintes recomendações:

• Iniciar sempre o registro com o número do experimento (ou da aula) e a data. Em seguida
anote o título e faça um breve resumo do que será feito durante a aula, contendo os
objetivos e os procedimentos. Eventualmente, dependendo do que for ser realizado, o
procedimento poderá ser melhor descrito através de um fluxograma, principalmente quando
envolver várias etapas. Nesta fase está incluída também a construção de tabelas para
anotações dos dados experimentais. As anotações dos dados e das observações devem ser
individuais. Habitue-se a fazer os registros à tinta, e as eventuais retificações não deverão
ocultar as anotações incorretas. Freqüentemente os dados considerados aparentemente
errados, podem se revelar valiosos posteriormente.
• A análise dos dados, suas discussões e as conclusões tiradas são partes importantes do
trabalho experimental. Nesta fase estão incluídos os cálculos, a construção de gráficos e as
avaliações comparativas de dados obtidos pelas equipes. Desta análise são obtidas
conclusões que respondem ao questionamento(s) inicial(ais). Lembre-se que um experimento
é planejado para obter dados que permitam responder a alguma questão, originada pela
simples curiosidade, por dúvidas ou polêmicas. O registro das conclusões deve ficar no
caderno, sendo que alguns autores consideram esta parte como a mais importante do
trabalho.

1.4. Após Finalização do Experimento (Fase Pós-Laboratório)

Finalizado o experimento e com todos os materiais limpos e guardados, realize a “Tarefa


pós-laboratório” do roteiro. Em geral esta tarefa é constituída por questões que o auxiliará na
interpretação dos dados coletados. A tarefa pós-laboratório deverá ser feita antes da próxima aula
no Caderno de Laboratório, pois será cobrada pelo professor.

⇒ Anotação dos Dados em Experimentos de Química

O registro de dados coletados no laboratório tem tanta importância quanto os


procedimentos para a execução do experimento. As anotações no caderno de laboratório deverão
ser úteis para consultas futuras para você ou para seus colegas, o que ocorrerá somente se forem
feitas de forma clara, concisa e bem organizada. Habitue-se ainda a representar os dados dentro
das normas adotadas pela comunidade científica.

⇒ Anotação de Uma Grandeza Física

O valor de uma grandeza física pode ser expresso como o produto de um valor numérico e
uma unidade: grandeza física = valor numérico x unidade. A utilização de símbolos torna a
representação bastante compacta e, uma vez que se torna um hábito, facilita muito a leitura.
Alguns símbolos usuais para as grandezas comumentes encontradas na Química são: V –
volume, m – massa, P – pressão, n – quantidade de matéria, T – temperatura, entre outras que
você terá oportunidade de encontrar nas aulas práticas.

Exemplos: V = 250 mL;


m = 4,125 g;
n = 2,5.10-5 mol.
As grandezas físicas, os valores numéricos e as unidades podem ser manipuladas através
das regras ordinárias da álgebra. Também se pode multiplicar ou dividir este quociente pelo fator
exponencial de base 10, para simplificar o valor.

Exemplo: P = 3500 mmHg = 3,5 x 103 mmHg

⇒ Apresentação de Dados em Tabelas

Uma tabela consiste em um arranjo retangular de células contendo dados. A localização de


uma célula na tabela pode ser especificado pela linha (no sentido vertical) e pela coluna (no
sentido horizontal). O exemplo a seguir demonstra como construir uma tabela.

Exemplo: em 5 béqueres, identificados como A, B, C, D e E, serão misturadas soluções de iodeto


de sódio e de nitrato de chumbo, onde se espera que ocorra a precipitação de um dos produtos.
Deve ser construída uma tabela onde conste, para cada béquer, os seguintes dados: volume da
solução de iodeto de sódio, volume da solução de nitrato de chumbo, quantidade de iodeto de
sódio, quantidade de nitrato de chumbo e a massa do precipitado obtido.

TABELA 1: massa de precipitado obtido pela reação entre soluções de NaI 0,50 mol L-1 e de
Pb(NO3)2 0,50 mol L-1
Béquer V(NaI)/mL V[Pb(NO3)2]/mL n(NaI)/(10-3 mol) n[Pb(NO3)2]/(10-3 mol) m(ppt)/g
A 0,0 5,0 0,0 2,5 0,00
B 5,0 5,0 2,5 2,5 0,58
C 10,0 5,0 5,0 2,5 1,15
D 15,0 5,0 7,5 2,5 1,15
E 20,0 5,0 10,0 2,5 1,15

Neste caso, pode-se organizar os dados de cada béquer em uma linha; assim, em cada
coluna deverá constar cada um dos dados requeridos. Na primeira linha deve-se especificar o tipo
de informação contida em cada uma das colunas. A tabela deve ser antecedida por um título que
fornece informação necessária para permitir a sua
interpretação, de forma independente e
autosuficiente.

⇒ Apresentação de Dados em Gráficos


Há várias maneiras de se representar dados na forma de gráficos, e nesta seção será
explicada como construir um gráfico de coordenadas cartesianas, ou do tipo x-y. Este tipo de
gráfico é útil para correlacionar duas grandezas entre si, onde se considera que uma das
grandezas (variável dependente) é função de uma outra (variável independente).

Se for tomada como exemplo a tabela acima, pode-se ver que a massa do precipitado é
função da quantidade adicionada de iodeto de sódio. Deve-se então traçar os eixos coordenados
x e y, subdividindo-os segundo uma escala espaçada em intervalos uniformes e que representem
valores numéricos simples, conforme o Gráfico 1. Note que a escala y, por exemplo, está
espaçada em intervalos uniformes e com números simples, e não como: 0, 0,58 e 1,15, apesar de
serem estes os valores da tabela. Uma vez definidas as escalas dos eixos, assinale cada ponto
nas posições (x,y)correspondentes. Em cada eixo, além das subdivisões e dos valores numéricos,
deverão constar também o quociente entre a grandeza e a unidade.
Para se traçar o gráfico, deve-se ter uma expectativa do tipo de curva ou de reta que
deveráser utilizada. No exemplo dado, devem ser traçadas duas retas, sendo que uma delas deve
passar pela origem (0,0). Tem-se então uma figura do tipo apresentada no Gráfico 2.
Para se saber que tipo de curva deve ser
traçada, deve-se ter uma idéia de qual relação
existe entre as variáveis independente e
dependente. Para tanto, é necessário saber quais
princípios químicos e físicos estão afetando as
variáveis em questão. No exemplo dado, pode-se
esperar que amassa do precipitado produzido deve
ser proporcional à quantidade do reagente NaI
adicionado, que resulta em uma reta ascendente.
Entretanto, quando o outro reagente - Pb(NO3)2 - é
totalmente consumido, não há uma produção maior
de precipitado, por mais que se adicione NaI; por
isso observa-se a segunda reta, de massa
constante.

⇒ Trabalho em Equipe

Todos os trabalhos serão realizados por equipes de dois ou mais alunos. Compreenda,
pois, o seu papel e colabore para que os trabalhos realizados sejam o resultado de um esforço
conjunto. Na solução de problemas surgidos esforce-se ao máximo para resolve-los, consultando
o professor sempre que for preciso. Procure estar presente na hora marcada para o início das
aulas e evite saídas desnecessárias durante os trabalhos de laboratório.

⇒ Relatório das Aulas Práticas

É muito importante que o estudante tenha o seu caderno de laboratório para anotar todos
os dados, observações e resultados obtidos em determinada experiência.
Todo profissional, no exercício de sua atividade, necessita se comunicar, seja sob a forma
escrita ou oral. A elaboração de relatórios de aulas práticas consiste num treinamento de
comunicação. O enfoque a ser dado a um relatório não é apenas o de responder a um
questionário ou escrever aleatoriamente sobre o trabalho realizado; deve, porém, ser encarado
como uma comunicação sobre uma atividade prática realizada, dirigida não apenas ao professor,
mas a qualquer leitor que se interesse pelo assunto.
Antes de iniciar a elaboração de um relatório, é necessário pensar no assunto a ser
relatado, analisar os aspectos importantes que devam ser abordados e planejar uma seqüência
lógica de exposição. Com esta análise preliminar estarão sendo definidos os aspectos essenciais
do trabalho a serem mencionados.

1.5. A Redação Científica: Relatório

Observações Gerais:

9 O tempo verbal deve ser padronizado num texto. Uma vez passado, sempre passado...
9 Tente usar a terceira pessoa e evitar “no nosso experimento”, “meus resultados” “pipetamos”
etc.... preferir “no experimento realizado.....” , “os resultados obtidos....”
9 Defina os itens do seu relatório com clareza. Agrupe assuntos semelhantes e separe assuntos
não relacionados. Use subitens para organizar melhor os assuntos;
9 Sempre procure numerar os itens para facilitar o acompanhamento da hierarquia dos itens (se
a hierarquia for importante, evite marcadores);
9 Use termos técnicos;
9 Respeite a grafia corretas de nomes científicos;
9 Padronize a formatação: tamanhos e tipos de letras, tanto no texto quanto nos títulos; procure
usar parágrafos alinhados pelas duas margens (esquerda e direita); mantenha sempre a
mesma quantidade de espaços entre parágrafos e títulos, etc;
9 Não enfeite demais seu relatório. Ele é um texto técnico e deve ter aspecto profissional. È bom
ter uma capa com: Nome da Instituição, nome da disciplina, título da prática (ou práticas),
integrantes do grupo e turma.
Um texto científico deve conter no mínimo as seguintes partes: INTRODUÇÃO,
DESENVOLVIMENTO e CONCLUSÃO. O relato por escrito, de forma ordenada e minuciosa daquilo que
se observou no laboratório durante o experimento é denominado RELATÓRIO. Tratando-se de um
relatório de uma disciplina experimental aconselhamos compô-lo de forma a conter os seguintes
tópicos:

• TÍTULO: Uma frase sucinta, indicando a idéia principal do experimento.


• RESUMO: Descrever em um texto de poucas linhas (cinco no máximo) uma idéia geral do
experimento efetuado, relatando rapidamente os resultados obtidos e as conclusões a que
se chegou.
• FUNDAMENTOS TEÓRICOS: Apresentar um pequeno resumo da teoria em que o
experimento se baseia, correlacionando sua importância para a compreensão desse
conteúdo.
• OBJETIVO: Um pequeno parágrafo indicando os objetivos a que se pretende alcançar.
• PARTE EXPERIMENTAL: Um texto, descrevendo a metodologia empregada para a
realização do experimento. Geralmente é subdividido em duas partes:
• Materiais e Reagentes: Um texto, apresentando a lista de materiais e reagentes
utilizados no experimento, especificando o fabricante e o modelo de cada equipamento,
assim como a procedência e o grau de pureza dos reagentes utilizados.
• Procedimento: Um texto, descrevendo de forma detalhada e ordenada as etapas
necessárias à realização do experimento.
• RESULTADOS E DISCUSSÃO: Um texto, apresentando resultados na forma de dados
coletados em laboratório e outros resultados, que possam ser calculados a partir dos
dados. Todos os resultados devem ser apresentados na forma de tabelas, gráficos,
equações químicas, esquemas, diagramas, imagens fotográficas ou outras figuras. Em
seguida, apresenta-se uma discussão concisa e objetiva dos resultados, a partir das
teorias e conhecimentos científicos prévios sobre o assunto, de modo a se chegar a
conclusões.
• CONCLUSÃO: Um texto, apresentando uma síntese sobre as conclusões alcançadas.
Enumeram-se os resultados mais significativos do trabalho. Não se deve apresentar
nenhuma conclusão que não seja fruto da discussão.
• REFERÊNCIAS: Livros, artigos científicos e documentos citados no relatório (inclusive
páginas da web) devem ser indicados a cada vez que forem utilizados. Recomenda-se a
formatação das referências segundo norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT).

⇒ Um Exemplo de Relatório

Observação: O modelo de relatório que se segue, deve servir apenas como um indicativo
sobre tópicos a serem relatados em suas descrições dos experimentos efetuados. A maneira de
como escrever, deve seguir o estilo e a liberdade de expressão de cada grupo, para que
possamos manter a personalidade de cada um.

DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DO CHUMBO SÓLIDO

RESUMO

A densidade do chumbo sólido foi determinada, na temperatura de 303,15 K, pela razão


entre a massa e o volume de corpos de chumbo de tamanhos variados. Obteve-se o valor 11,4 ±
0,001 g / cm3, o qual apresenta boa concordância com o valor reportado na literatura.

INTRODUÇÃO

O chumbo é um elemento químico metálico, de número atômico 82, que funde na


temperatura de 600,6 K. Seu símbolo químico é Pb. É aplicado em proteção contra radiação
ionizante, em acumuladores (baterias), soldas, munição, além de outras. (BARBOSA, 1999)
Densidade é a razão entre a massa e o volume de um dado corpo ou substância (vide
Equação 1). É uma propriedade física que pode ser utilizada para identificar substâncias. Pelo fato
dos sólidos serem bem pouco compressíveis, a densidade dos sólidos não varia muito com a
temperatura. Já os líquidos e os gases apresentam uma variação de densidade considerável em
função da temperatura.
massa (1)
densidade =
volume

OBJETIVO

O objetivo deste experimento é determinar a densidade do chumbo sólido e compará-lo


com o valor 11,35 g / cm3 apresentado na literatura. (KOTZ, 2002)
PARTE EXPERIMENTAL

Materiais e Reagentes

Os seguintes materiais, disponíveis no laboratório de ensino de Química, foram utilizados


neste experimento:
• Proveta de vidro (capacidade: 50,0 cm3)
• Balança semi-analítica (precisão ±0,001 g) – Fabricante: Gehaka; modelo:
As seguintes substâncias, disponíveis no laboratório de ensino de Química, foram
utilizadas neste experimento:
• Água destilada
• Corpos de chumbo (tamanhos variados)
Procedimento

Foram pesados três corpos de chumbo, de tamanhos variados, em uma balança semi-
analítica, anotando-se suas massas com precisão de ±0,001 g. Cada corpo de chumbo foi imerso
em uma proveta de vidro, de capacidade igual a 50,0 cm3, contendo previamente 25,0 cm3 de
água destilada. A seguir, anotou-se o volume de água deslocado após a imersão do corpo de
chumbo. Todo o procedimento foi feito na temperatura ambiente do laboratório, igual a 303,15 K.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os valores das massas dos corpos de chumbo e dos volumes de água deslocados após a
imersão de cada corpo estão apresentados na Tabela 1. Assumiu-se que o volume deslocado de
água corresponde ao volume do corpo imerso. A densidade de cada corpo de chumbo foi
calculada, a partir dos valores medidos de massa e de volume, utilizando a Equação 1. Por fim,
determinou-se o valor médio da densidade do chumbo e o respectivo desvio-padrão, que mede a
precisão do resultado. O valor obtido para a densidade do chumbo é igual a 11,4 ± 0,001 g / cm3 e
apresenta uma boa concordância com o valor da literatura 11,35 g / cm3. (KOTZ, 2002)

Tabela 1. Valores das massas dos corpos de chumbo, dos volumes de água deslocados e das
densidades calculadas.

Corpo de Chumbo massa / g volume / cm3 densidade / g/cm3


1 57,5 5,0 11,5
2 79,8 7,0 11,4
3 101,7 9,0 11,3
média 11,4
desvio-padrão ± 0,1

CONCLUSÃO

A partir de medidas de massa e de volume de corpos de chumbo de tamanhos variados,


determinou-se o valor 11,4 ± 0,001 g/cm3 para a densidade do chumbo sólido, na temperatura de
303,15 K. Este valor apresenta uma boa concordância com o valor 11,35 g/cm3, reportado na
literatura.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, A. L. Dicionário de Química. AB Editora: Goiânia, 1999. p.81.

KOTZ, J. C.; TREICHEL, Jr. P. Química e Reações Químicas. 4.ed., v.1, LTC Editora S.A.: Rio
de Janeiro, 2002.

2. SEGURANÇA NO LABORATÓRIO

2.1. Normas Básicas de Segurança no Laboratório

A segurança no laboratório é uma responsabilidade que deve ser assumida por


professores, monitores e alunos. No recinto do laboratório não é permitida brincadeiras ou atitudes
que possam provocar danos para si ou outras pessoas. Apesar disso, os laboratórios de química
não são necessariamente lugares perigosos embora muito dos perigos estejam associados a eles.
Acidentes são, na maioria das vezes, causados por falta de cuidado, ignorância e desinteresse
pelo assunto.
Embora não seja possível enumerar todas as causas de possíveis acidentes num
laboratório, existem alguns cuidados que são básicos e que, se observados, ajudam a evitá-los.

1. É PROIBIDO comer, beber ou fumar no laboratório;


2. Evite trabalhar sozinho no laboratório, a presença de outras pessoas será sempre uma
valiosa ajuda em caso de acidentes;
3. Prepare-se antes de tentar realizar os experimentos. Procure ler e entender os roteiros
experimentais; consulte a literatura especializada. Em caso de dúvidas, discuta o assunto
com o professor antes de tentar fazer o experimento;
4. Utilize sempre que necessário materiais que possam garantir maior segurança no trabalho
tais como: luvas, pinça, óculos (obrigatório), jaleco (obrigatório) etc. Procure manter seu
jaleco limpo.
5. Conserve sempre limpos os equipamentos, vidrarias e sua bancada de trabalho. Evite
derramar líquidos, mas se o fizer, limpe o local imediatamente;
6. Gavetas e portas dos armários devem ser mantidas sempre fechadas quando não
estiverem sendo utilizadas;
7. Ao término do período de laboratório, lave o material utilizado, limpe sua bancada de
trabalho, seu banco, a pia e outras áreas de uso em comum. Verifique se os equipamentos
estão limpos e desligados e os frascos reagentes fechados;
8. Lave suas mãos freqüentemente durante o trabalho prático, especialmente se algum
reagente químico for respingado. Ao final do trabalho, antes de deixar o laboratório, lave as
mãos;
9. Antes de manusear um reagente químico qualquer, deve-se conhecer as propriedades
químicas, físicas e toxicológicas deste, seu manuseio seguro e medidas de primeiros
socorros em caso de acidente. Para isto deve-se consultar o Index Merck ou fichas
toxicológicas dos produtos.
10. Leia com atenção os rótulos dos frascos de reagentes químicos para evitar pegar o frasco
errado. Certifique-se de que o reagente contido no frasco é exatamente o citado no roteiro
experimental;
11. Nunca torne a colocar no frasco, o reagente não utilizado. Não coloque objeto algum nos
frascos de reagentes, exceto o conta-gotas de que alguns são providos;
12. Evite contato físico com qualquer tipo de reagente químico. Tenha cuidado ao manusear
substâncias corrosivas como ácidos e bases - use a CAPELA;
13. A diluição de ácidos concentrados deve ser feita adicionando-se o ácido, lentamente, com
agitação constante, sobre a água - com essa metodologia adequada, o calor gerado no
processo de mistura, é absorvido e dissipado no meio. NUNCA proceda ao contrário (água
sobre o ácido).
14. Nunca deixe frascos contendo reagentes químicos inflamáveis próximos à chama;
15. Não deixe nenhuma substância sendo aquecida por longo tempo sem supervisão;
16. Não jogue nenhum material sólido dentro das pias ou ralos. O material inútil (rejeito) deve
ser descartado de maneira apropriada;
17. Quando for testar um produto químico pelo odor, não coloque o frasco sobre o nariz.
Desloque os vapores que se desprendem do frasco com a mão para a sua direção;
18. Use a CAPELA para experiências que envolvem o uso ou liberação de gases tóxicos ou
corrosivos;
19. Não aqueça tubos de ensaio com a extremidade aberta voltada para si mesmo ou para
alguém próximo. Sempre que possível o aquecimento deve ser feito na CAPELA;
20. Não deixe recipientes quentes em lugares em que possam ser pegos inadvertidamente.
Lembre-se de que o vidro quente tem a mesma aparência do vidro frio;
21. Não pipete de maneira alguma, líquidos corrosivos ou venenosos, por sucção, com a boca.
Procure usar sempre a “pêra de sucção” para pipetar.
22. O bico de Bunsen deve permanecer aceso somente quando estiver sendo utilizado;
23. Não trabalhe com material imperfeito;
24. Em caso de acidentes, comunique o professor imediatamente. Ele deverá decidir sobre a
gravidade do acidente e tomar as atitudes necessárias;
25. Em caso de possuir alguma alergia, estar grávida ou em qualquer outra situação que possa
ser afetado quando exposto a determinados reagentes químicos, comunique o professor
logo no primeiro dia de aula;
26. Em caso de incêndio este deverá ser abafado imediatamente com uma toalha ou, se
necessário, com o auxilio do extintor de incêndio apropriado;
27. Comunique o professor, monitor ou técnico sempre que notar algo anormal no laboratório;
28. Faça apenas as experiências indicadas pelo professor. Caso deseje tentar qualquer
modificação do roteiro experimental discuta com o professor antes de fazê-lo;
29. No laboratório é OBRIGATÓRIO o uso do jaleco, de óculos de segurança (para quem não
usa óculos de grau), de calça comprida e sapato fechado. Mantenha sempre o cabelo
preso.

2.2. Descarte de Rejeitos (Resíduos)

A finalidade destas indicações é transformar produtos químicos ativados em derivados


inócuos para permitir o recolhimento e eliminação segura. Ao se manejar produtos químicos de
laboratório e principalmente ao se desativar produtos químicos deve-se ter a máxima precaução,
visto que são muitas vezes reações perigosas. Todos os trabalhos devem ser executados por
pessoal habilitado com o uso de roupas e material de proteção adequados a cada finalidade.
Insiste-se para que a inativação seja feita em escala reduzida, podendo-se fazer adaptações.

As substâncias vencidas e/ou contaminadas que forem dispostas para descarte deverão
ser conservadas em sua embalagem original, conservando todas as informações contidas nos
rótulos.
A metodologia a seguir deverá ser executada em todos os locais geradores de Resíduos
de laboratório.

1. Solventes orgânicos isentos de halogênios - Recipiente Coletor A.


2. Solventes orgânicos contendo halogênios - Recipiente Coletor B.
3. Reagentes orgânicos relativamente inertes, do ponto de vista químico, recolhidos no
recipiente coletor A. Se contiverem halogênios no Coletor B. Resíduos sólidos no Coletor
C.
4. Soluções aquosas de ácidos orgânicos são neutralizadas cuidadosamente com
bicarbonato de sódio ou hidróxido de sódio - Recipiente Coletor D. Os ácidos carboxílicos
aromáticos são precipitados com ácido clorídrico diluído e filtrados. O precipitado é
recolhido no Coletor C e a solução aquosa no Coletor D.
5. Bases orgânicas e aminas na forma dissociada - Recipiente Coletor A ou B. Recomenda-
se freqüentemente, para se evitar maiores odores, a cuidadosa neutralização com ácido
clorídrico ou sulfúrico diluído.
6. Nitrilos e mercaptanas são oxidados por agitação por várias horas (preferivelmente à noite)
com solução de hipoclorito de sódio. Um possível excesso de oxidante é eliminado com
tiossulfato de sódio. A fase orgânica é recolhida no recipiente A ou B e a fase aquosa no
recipiente D.
7. Aldeídos hidrossolúveis são transformados com uma solução concentrada de
hidrogenossulfito de sódio a derivados de bissulfitos. Recipiente Coletor A ou B.
8. Compostos organometálicos, geralmente dispersos em solventes orgânicos, sensíveis a
hidrólise, são gotejados cuidadosamente sob agitação em n-butanol na capela. Agita-se
durante a noite e se adiciona de imediato um excesso de água. A fase orgânica é recolhida
no Coletor A e a fase aquosa no recipiente D.
9. Produtos cancerígenos e compostos combustíveis, classificados como tóxicos ou muito
tóxicos - Recipiente Coletor F.
10. Peróxidos orgânicos são destruídos e as fases orgânicas colocadas no recipiente A ou B
e aquosa no recipiente D.
11. Halogenetos de ácido são transformados em ésteres metílicos usando-se excesso de
metanol. Para acelerar a reação pode-se adicionar algumas gotas de ácido clorídrico.
Neutraliza-se com solução de hidróxido de potássio. Recipiente Coletor B.
12. Ácidos inorgânicos são diluídos em processo normal ou em alguns casos sob agitação em
capela adicionando-se água. A seguir neutraliza-se com solução de hidróxido de sódio.
Recipiente Coletor D.
13. Bases inorgânicas são diluídas como ácidos e neutralizadas com ácido sulfúrico.
Recipiente Coletor D.
14. Sais inorgânicos - Recipiente Coletor I. Soluções - Recipiente Coletor D.
15. Soluções e sólidos que contém metais pesados - Recipiente Coletor E.
16. No caso de sais de tálio, altamente tóxicos e suas soluções aquosas é necessário
precaução especial - Recipiente Coletor E. As soluções são precipitadas com hidróxido
de sódio (formam-se óxidos de tálio) com condições de neutralização.
17. Compostos inorgânicos de selênio - Recipiente Coletor E. O selênio elementar pode ser
recuperado oxidando-se os concentrados em capela com ácido nítrico concentrado. Após
a adição de hidrogenossulfito de sódio o selênio elementar é precipitado. Recipiente
Coletor E.
18. No caso de berílio e sais de berílio (altamente cancerígenos) recomenda-se precauções
especiais. Recipiente Coletor E.
19. Compostos de urânio e tório devem ser eliminados conforme legislação especial.
20. Resíduo inorgânico de mercúrio - Recipiente Coletor G.
21. Resíduo inorgânico de prata- Recipiente Coletor H.
22. Cianetos são oxidados com hipoclorito de sódio, preferencialmente à noite. O excesso de
oxidante é destruído com tiossulfato. Recipiente Coletor D.
23. Peróxidos inorgânicos são oxidados com bromo ou iodo e tratados com tiossulfato de
sódio. Recipiente Coletor D.
24. Ácido fluorídrico e soluções de fluoretos inorgânicos são tratados com carbonato de cálcio
e filtra-se o precipitado. Sólido - Recipiente Coletor I e solução aquosa - Recipiente
Coletor D.
25. Resíduos de halogênios inorgânicos, líquidos e sensíveis à hidrólise são agitados na
capela em solução de ferro e deixados em repouso, durante à noite. Neutraliza-se com
solução de hidróxido de sódio. Recipiente Coletor E.
26. Fósforo e seus compostos são muito inflamáveis. A desativação deve ser feita em
atmosfera de gás protetor em capela. Adiciona-se 100 mL de solução de hipoclorito de
sódio 5% contendo 5 mL de hidróxido de sódio 50%, gota a gota. Em banho de gelo, à
substância que se quer desativar. Os produtos de oxidação são precipitados e separados
por sucção. Precipitado - Recipiente Coletor I e solução aquosa - Recipiente Coletor D.
27. Metais alcalinos e amidas de metais alcalinos, bem como os hidretos, decompõem-se
explosivamente com a água. Por isso estes compostos são colocados com a máxima
precaução em 2-propanol, em capela com tela protetora e óculos de segurança. Se a
reação ocorrer muito lentamente pode-se acelerar com adição cuidadosa de metanol. Em
caso de aquecimento da solução alcóolica deve-se interromper o processo de destruição
da amostra. Obs. Nunca esfriar com gelo, água ou gelo seco. Recomenda-se deixar em
repouso durante a noite, diluindo-se no dia seguinte com um pouco de água e
neutralizando-se com ácido sulfúrico. Recipiente Coletor A.
28. Os resíduos que contenham metais preciosos devem ser recolhidos no recipiente Coletor
H para reciclagem. Solução aquosa - Recipiente Coletor D.
29. Alquilas de alumínio são extremamente sensíveis à hidrólise. Para o manejo seguro destes
recomenda-se o uso de seringa especial. Deve-se colocar se possível no frasco original
ou no Recipiente Coletor F.
30. Os produtos para limpeza quando contenham substâncias contaminantes são colocados
no recipiente D.

As informações aqui contidas foram adaptadas de publicações da SIGMA-ALDRICH.

http://unigranrio.com.br/residuos/informacoes_residuos.html

2.3. Acidentes Comuns em Laboratorio e Primeiro Socorros

I. QUEIMADURAS

a) Causadas pelo calor - quando leves, aplicar pomada de Picrato de Butesina e, quando
graves, devem ser cobertas com gaze esterilizada, previamente umedecida com solução
aquosa de bicarbonato de sódio 5%.
b) Causadas por ácidos - deve-se lavar imediatamente a região com bastante água durante
pelo menos 5 minutos. Em seguida, tratar com solução de bicarbonato de sódio a 5% e
lavar novamente com água. Secar o local e aplicar Merthiolate.
c) Causadas por bases - proceder como em b, aplicando solução de ácido acético 1%.

II. ÁCIDOS NOS OLHOS – Deve-ser lavar com bastante água durante aproximadamente 15
minutos e aplicar solução de bicarbonato de sódio 1%.

III. BASES NOS OLHOS – Proceder como em II e aplicar solução de ácido bórico 1%.

IV. INTOXICAÇÃO POR GASES – Remover a vítima para um ambiente arejado e deixar
descansar. Em caso de asfixia fazer respiração artificial.

V. INGESTÃO DE SUBSTÂNCIAS TÓXICAS – Recomenda-se beber muita água e em


seguida beber:
a) Um copo de solução de bicarbonato de sódio 1% ou leite de magnésia, em caso de ingestão
de ácidos;
b) Um copo de solução de ácido cítrico ou ácido acético a 2%, em caso de ingestão de bases.
ANEXO 1: TABELA PERIÓDICA
ANEXO 2: MODELO DE RELATÓRIO
 

Curso: Química Valor do Relatório: XXXX Pontos


Disciplina: XXXXX XXXXXX XXX XXXXXXXXXXXXX Data do Experimento: XX/XX/2011
XXXXX XXXXXXXXX XXXXXXXXX
Professor(a): XXXXXXXXXXXX Recebido em: _____ / _____ /2011
Alunos(as): Matrículas:
_______________________________________________ _____________________________
_______________________________________________ _____________________________
_______________________________________________ _____________________________
OBS: 1. Entregar o relatório em 15 (quinze) dias após a Nota:
data do experimento. 2. Não serão aceitos relatórios fora
do horário de aula da disciplina. 3. Relatórios entregues
após a data valerão 50% da nota estipulada.

Experimento N0 : ____________________________________________________________

1) Objetivo

2) Fundamento Teórico

3) Materiais e Reagentes

Reagentes Materiais

4) Procedimento Experimental

5) Resultados e Discussão

6) Questionário

7) Conclusões
8) Bibliografia Consultada
EXPERIÊNCIA N0 1 – Marcha de Solubilidade

Insol.
S2

Éter
Vermelho ao tornassol SA
Sol. Azul ao tornassol
Sol. SB
Não altera o tornassol S1
Sol.
Água A1
NaHCO3 5%
Sol. Insol.
A2
Insol.
NaOH 5%

Insol.
Sol.
B
HCl 5%

Insol.
MN

Sol.
N1
H3PO4 85%
Sol. Insol.
N2
H2SO4 96%

Insol.
I
 
 
Tabela 1: Grupos de solubilidade e as respectivas classes de compostos neles contidos.1

S2 – Sais de ácidos orgânicos (RCO2Na, RSO3Na), cloridrato de aminas (RNH3Cl);


aminoácidos; compostos polifuncionais como açucares, compostos poliidroxilados,
ácidos polibásicos etc.

SA – Ácidos mocarboxílicos, com cinco átomos de carbono ou menos; ácidos


arenossulfônicos.

SB – Aminas monofuncionais com seis átomos de carbono ou menos.

S1 – Álcoois, aldeídos, cetonas, ésteres, nitrilas e amidas com cinco átomos de carbono
ou menos.

A1 – Ácidos orgânicos fortes: ácidos carboxílicos com mais de seis átomos de carbono;
fenóis com grupos eletrofílicos em posição orto e para, β-dicetonas.

A2 – Ácidos orgânicos fracos: fenóis, enóis, oximas, imidas, sulfonamidas, tiofenóis, todos
com mais de cinco átomos de carbono. As β-dicetonas, os nitrocompostos com
hidrogênio em α e as sulfonamidas.

B – Aminas alifáticas com oito ou mais carbonos, anilinas e alguns oxiéteres.

MN – Diversos compostos neutros com nitrogênio ou enxofre e mais de cinco átomos de


carbono (amidas, sulfetos etc).

N1 – Álcoois, aldeídos, metilcetonas, cetonas cíclicas e ésteres com um só grupo


funcional e mais de cinco átomos de carbono mas menos do que nove; éteres com
menos de oito átomos de carbono, epóxidos.

N2 – Alcenos, alcinos, éteres, alguns compostos aromáticos (especialmente os que têm


grupos ativantes), cetonas (exceto as citadas na classe N1).

I – Hidrocarbonetos saturados, alcanos halogenados, halogenetos de arila, éteres


diarílicos, compostos aromáticos sem grupos ativantes.

                                                            
1
Os halogenetos e os anidridos de ácidos carboxílicos não foram incluídos por suas elevadas reatividades em soluções
aquosas.
I. Objetivos

Determinar os grupos de solubilidade das amostras sólidas e líquidas

II. Fundamentos Teóricos

A marcha de solubilidade permite, por meio de ensaios relativamente simples, classificar um


composto em um dos onze grupos de solubilidade. Esta classificação se dará de acordo com as
seguintes características moleculares: polaridade, acidez/basicidade e reatividade. De posse
destes resultados e dos obtidos na análise dos elementos, o universo de possibilidades para a
identidade da amostra poderá ser significativamente reduzido. Esta redução se faz conveniente,
uma vez que o número de ensaios funcionais a ser realizado será, também, menor.

III. Materiais e Reagentes

Tubos de ensaios
Diversos solventes, conforme a marcha
Diversas soluções, conforme a marcha

IV. Procedimento Experimental

Colocar uma gota ou um volume de um grão de alpiste (no caso de sólido) do composto num tubo
de ensaio e adicionar 1 mL de solvente, conforme a marcha. Agitar o sistema a temperatura
ambiente. Anotar como solúvel se o composto se dissolver completamente e insolúvel em caso
contrário (mesmo no caso de dissolução parcial). Para aumentar a velocidade de solubilização, as
amostras sólidas, cujos cristais sejam relativamente grandes, devem ser pulverizadas. Após o
resultado, seguir a marcha de solubilidade até chegar a um grupo de solubilidade.

V. Questionário

1. Qual o grupo de solubilidade da amostra sólida.

2. Qual o grupo de solubilidade da amostra líquida.

3. Descreva os aspectos gerais da amostra sólida.

4. Descreva os aspectos gerais da amostra líquida.


EXPERIMENTO NO 02 – Ponto de ebulição
 
 

 
I. Objetivos

Determinar o ponto de ebulição de uma substância pura e, depois, identificá-la a partir da lista
fornecida pelo professor.

II. Fundamentos Teóricos

As maiores parte dos métodos automáticos ou visuais para determinação do ponto de fusão
determinam as avaliações das mudanças que se tornam visíveis nas mudanças do estado de
agregação. Se um líquido for aquecido a uma temperatura suficientemente elevada, a tendência
ao escape de suas moléculas torna-se tão grande que ocorre a ebulição. A ebulição consiste na
formação de bolhas de vapor (gás) no corpo do líquido (as pequenas bolhas de gás que
geralmente se formam quando um líquido é aquecido são meras bolhas de ar provenientes da
solução, as bolhas de gás formadas durante a ebulição crescem muito mais rapidamente à
medida que as bolhas sobem para a superfície). Estas bolhas são formadas quando a pressão de
vapor do líquido torna-se igual à pressão externa exercida sobre o líquido pela atmosfera.
O ponto de ebulição de um líquido é a temperatura na qual a pressão de vapor do líquido é igual á
pressão externa ou pressão atmosférica. Devido aos pontos de ebulição dependerem da pressão
externa, aquele geralmente especificado para uma substância é o ponto de ebulição normal,
definido como a temperatura na qual a pressão de vapor do líquido é igual à pressão atmosférica
(pressão padrão).

III. Materiais e Reagentes

Termômetro
Tubos capilares
Suporte universal
Garras e mufas
Bico de bunsen
Microtubos
Tubo de Thiele
Óleo nujol ou glicerina
Amostras fornecidas pelo professor
 
IV. Procedimento Experimental

Colocar em um microtubo de ensaio 0,5 mL da substância líquida cedida pelo professor.


Colocar em um tubo capilar, selado em uma das extremidades, dentro do microtubo, de modo que
modo que a extremidade aberta fique dentro do líquido.
Prender o microtubo no termômetro com um pequeno elástico ou fita teflon.
Prender o termômetro no tubo de Thiele, que já deve conter o óleo. Observe na figura, as alturas
de colocação do microtubo, termômetro e do óleo.
Aquecer com chama amarela (chama redutora) o tubo de Thiele. O aparecimento de um fluxo de
bolhas contínuas, proveniente do tubo capilar, indica que a temperatura (T1) está igual ou superior
ao ponto de ebulição da amostra.
Remover a chama e anotar a temperatura (T2) em que as bolhas pararem de se formar e ocorrer
um fluxo de líquido para dentro do tubo capilar.
Se T1 for igual a T2. Tomar como ponto de ebulição qualquer uma das duas. Caso T1 seja
diferente, mas não muito, de T2. Tomar como ponto de ebulição T2.

V. Questionário
 
1. O que é ponto de ebulição?
2. O que é pressão de vapor de um líquido?
3. Explique o aumento da velocidade de borbulhamento na extremidade aberta do tubo capilar
quando atinge o ponto de ebulição do líquido?
4. Por que se determina o ponto de ebulição no momento que o líquido entra no tubo capilar?
EXPERIMENTO NO 03 – Ponto de fusão

 
 

 
 
 
I. Objetivos
Determinar o ponto de fusão de uma substância pura e, depois, identificá-la a partir da lista
fornecida pelo professor.

II. Fundamentos Teóricos

É a temperatura na qual uma substância passa do estado sólido para o estado líquido. Se a
substância é pura, a temperatura permanece constante durante a fusão. Apenas quando todo 0
sólido estiver fundido é que o aquecimento produz um aumento de temperatura. O comportamento
de um sólido impuro em termos de fusão é bem diferente. O sólido geralmente inicia sua fusão a
uma temperatura abaixo do seu ponto de fusão da substância pura. Além disso, temperatura
cresce continuamente durante o processo de fusão da substância pura. Portanto, qualquer
evidência de aumento na temperatura durante a fusão sugere a presença de impurezas.
De máxima importância nesse gráfico é o trecho central e horizontal da curva. Para melhor
entendimento, usaremos o exemplo do gelo; esse trecho indica que, enquanto o gelo está
derretendo, o tempo vai passando, mas a temperatura permanece constante, esta é a chamada
temperatura de fusão ou ponto de fusão do gelo.
Generalizando, devemos dizer que sempre que uma substância pura muda de estado físico ou
estado de agregação a temperatura permanece constante enquanto a mudança estiver se
processando. Isto equivale a dizer que o gráfico, da variação da temperatura em função do tempo,
correspondente a uma substância pura, sempre apresentará um trecho horizontal, nos instantes
em que a substância estiver mudando de estado; se, pelo contrário, a substância não for pura, o
trecho citado deixará de ser horizontal.
Há vários métodos de determinar o ponto de fusão, entre eles alguns são via experimentos de
aquecimentos da solução em banho de aquecimento com substância de ponto de ebulição maior,
ou aparelhos de resistência elétrica equipados com termômetros. Um método comum é o de
aquecer uma pequena quantidade de substância que está num tubo capilar, próximo a um
termômetro dentro de um banho num líquido que tenha um ponto de ebulição maior que o ponto
de fusão da substância.

III. Materiais e Reagentes

Termômetro
Tubos capilares
Suporte universal
Garras e mufas
Bico de bunsen
Microtubos
Tubo de Thiele
Óleo nujol ou glicerina
Amostras fornecidas pelo professor
 
IV. Procedimento Experimental

1. Preparar 2 capilares para cada amostra a ser analisada , fechando-os numa das extremidades .
2. Pulverizar cerca de 0,1 g d e amostra e transferi-la para o tubo capilar.
3. Pender o capilar junto ao termômetro, usando um anel de borracha ou fita Teflon.
4. Colocar no tubo de Thiele, glicerina ou nujol, até que o volume atinja 1,5 cm acima da alça
lateral.
5. O sistema termômetro- capilar deve ser colocada no Thiele, de forma que o bulbo do
termômetro fique na altura média da alça lateral.
6. Iniciar o aquecimento de maneira branda. O aquecimento deve ser lento (cerca de 2º /min),
sempre observando o aspecto da amostra no capilar.
7. Considerar a temperatura de fusão, a temperatura verificada quando a amostra estiver
totalmente fundida.
8. Repetir o procedimento mais uma vez.

V. Questionário

1. Quais os valores de ponto de fusão encontrados para a amostra analisada ?


2. Defina ponto de fusão?
3. Pode se utilizar ponto de fusão como critério de pureza? Explique.
3.4.EXPERIÊNCIA NO 04 – Análise Elementar Qualitativa

3.4.1. Análise de Halogênios

I. Objetivos

Determinar se as amostras solidadas e líquidas possuem algum átomo de halogênio.

II. Fundamentos Teóricos

IDENTIFICAÇÃO DE HALOGÊNIOS (Cl, Br e I)

A reatividade química entre os halogenetos orgânicos varia consideravelmente de um halogênio


para outro. Para um mesmo halogeneto orgânico esta reatividade também pode variar
drasticamente com relação a sua estrutura. Desta forma, muitos compostos iodados se
decompõem quase que expontaneamente para formar iodo elementar, enquanto que derivados
fluorados, como o teflon, são inertes à maioria dos reagentes químicos; os compostos clorados e
bromados cobrem toda a faixa de reatividade entre estes limites.

A combustão úmida de substâncias orgânicas é um processo adequado à identificação de


halogênios (exceto flúor). Neste ensaio a matéria orgânica é transformada em CO2 e H2O e
halogênio elementar, por combustão com mistura sulfocrômica.

Halg-Org + (H2SO4.CrO3) → Halg2 + op

Os halogênios na fase gasosa podem ser identificados inespecificamente (como halogênios) ou


especificamente como cloro, bromo ou iodo.

Os reagentes utilizados para a identificação inespecífica dos halogênios são:


(a) Reagente iodeto-amido

Este reagente é muito sensível a substâncias oxidantes; isto acarreta em uma desvantagem com
relação a sua especificidade para os halogênios. O próprio oxigênio do ar pode oxidá-lo, embora
lentamente.

-
halg2 + iodeto-amido iodo-amido + halg

(b) Reagente fluoresceína-brometo

É um bom reagente para a identificação de cloro e bromo; baseia-se na formação de


eosina (tetrabromofluoresceína), de cor carmim, pela reação de bromo elementar com a
fluoresceína (amarela). Cloro não reage com fluoresceina, mas é capaz de oxidar o brometo do
reagente a bromo molecular, que então reage com a fluoresceína. A tetraiodofluoresceína
(eritrosina) é um produto carmim com um tom arroxeado que se forma mais dificilmente pelo
contato direto dos vapores de iodo com o pael embido de uma solução de fluoresceína (ou
fluoresceína-brometo).

- -
Cl2 + 2Br Br2 + 2Cl

O
O
O
O Br Br
+ 2 Br2 + 4 HBr
OH OH
OH OH
Br Br
(fluoresceína: amarela) (eosina: carmim)

Esquema: Caracterização de halogênio pelo reagente fluoresceína-brometo.


O
O

O
O I I
+ 2 I2 + 4 HI
OH OH
OH OH
I I
(eritrosina: carmim)

Esquema: Caracterização de iodo pelo reagente fluoresceína.

Cloro pode ser identificado especificamente pelo Reagente de Villier (anilina + o-toluídina); os
outros halogênios não reagem.

NH2
NH2 Cl2
+ op
+
NH2
NH2.Cl
azul arroxeado

Esquema: Identificação de cloro pela reação com o reagente de Villier.

Bromo pode ser específicamente identificado através de dois reagentes:

1- Reagente fluoresceína, que como já foi mencionado anteriormente, conduz à eosina pela ação
do bromo molecular. O cloro não reage e o iodo muito lentamente (não reage nas condições
especificadas no procedimento experimental).
NH2

- +
X .H2N C
NH2 C NHSO2H

SO3H

(fuccina: cor fucsia) (fuccina descorada - Reagente de Schiff )


(incolor)

Iodo reage especificamente com amido com formação de um produto azul, cuja estrutura atribui a
um aduto entre o iodo e a cadeia espiralada de unidades de glicose, constituintes do amido.

III. Materiais e Reagentes


 

Tubos de ensaios

Pipetas

Béquer

Tripé

Tela de amianto

Pregadores

Ácido sulfúrico

Dicromato de sódio

IV. Procedimento Experimental

Em um tubo de ensaio colocar uma quantidade de amostra do volume de um grão de alpiste e


sobre ele, uma ponta de espátula de dicromato de sódio (p/ cloro e/ou bromo) ou uma gota do
reagente dicromato de potássio (para iodo). Colocar em seguida 5 gotas de ácido sulfúrico 98 p%v
e aquecer o tubo em banho-maria. Os vapores do halogênio formado são recebidos em papel
umedecido com o reagente escolhido conforme a tabela abaixo.
Tabela: Reagentes usados na caracterização elementar de halogênios

Halogênio Reativo Cor

Iodeto-amido Azul

Geral Fluoresceína-brometo Carmim2

Cloro Villier Azul arroxeado

Bromo Fluoresceína Carmim

Iodo Amido Azul

Note-se que a verificação do branco neste ensaio é de particular importância porque muitas vezes
o dicromato, mesmo no grau “puro para análise”, tem impurezas de cloreto em quantidade
suficiente para dar resposta positiva. Se este for o caso, ele deve ser recristalizado.

V. Questionário

1. A amostra sólida tem halogênio? Qual?


2. A amostra líquida tem halogênio? Qual?

                                                            
2
A reação com iodo é mais difícil de ocorrer nas condições do ensaio. Entretanto os vapores de iodo podem condensar
no papel-reagente conferindo-lhe uma cor castanho-escura. Se isto correr pode-se tratar a mancha com uma gota de uma
solução de tiossulfato de sódio 0,01 M. A cor castanha desaparece e deixa aparecer no papel uma mancha fraca,
carmim, da eritrosina.
3.4.2. Análise de Nitrogênio

I. Objetivos

Determinar se as amostras solidadas e líquidas possuem o átomo de nitrogênio.

II. Fundamentos Teóricos

IDENTIFICAÇÃO DE NITROGÊNIO.

Dos processos pirolíticos que conduzem à identificação de nitrogênio, o mais simples e de


grande especificidade é o da liberação de amoníaco pela calcinação da amostra com óxido de
cálcio.

A pirólise de muitas substâncias orgânicas que contém nitrogênio conduz à formação de ácido
cianídrico. Se esta mesma pirólise for conduzida em presença de cal (ou cal-sodada), forma-se
amoníaco. Isto faz supor, em princípio, que a base conduza à formação do cianeto e que
hidrólises sucessivas (piro-hidrólises) levem finalmente ao amoníaco.

π π
N Org + CaO Ca(CN)2 + H2O NH3 + op
+ op

Esquema: Produção de amônia a partir de composto orgânico nitrogenado e CaO

Algumas classes de composto, no entanto, podem não formar amoníaco como produto da pirólise
descrita acima. Os nitro-compostos, por exemplo, podem levar a formação preferencial do dióxido
de nitrogênio. Este inconveniente pode ser contornado se a pirólise for realizada em meio redutor,
com o acréscimo de zinco em pó à cal-sodada.

NO2 Org + (CaO.3NaOH + Zn) π


NH3 + op

Esquema: Produção de amônio a partir de composto orgânico nitrogenado e cal sodada-Zn.


A identificação do amoníaco formado é feita de preferência com papel tornassol vermelho. Caso
este vira para azul, será indicativo da presença de nitrogênio na amostra.

III. Materiais e Reagentes

Tubos de ensaios

Pipetas

Pregadores

Calsodada e zinco em pó

Papel de tornassol vermelho

IV. Procedimento Experimental

Em um tubo de ensaio, misturar intimamente a amostra com a mistura constituída de cal-sodada e


zinco em pó previamente preparada. Recobrir com mais uma camada de reagente e calcinar
direto na chama. Receber os vapores em papel de tornassol vermelho umidecido com água
destilada. O aparecimento de uma mancha azul, indica a presença de amoníaco (nitrogênio) nos
gases de pirólise.

V. Questionário

1. A amostra sólida tem nitrogênio?


2. A amostra líquida tem nitrogênio?
3.4.3. Análise de Enxofre

I. Objetivos

Determinar se as amostras sólidas e líquidas possuem o átomo de enxofre.

II. Fundamentos Teóricos

A pirólise de grande parte das substâncias orgânicas sulfuradas produz gás sulfídrico. Sulfonas,
entretanto, produzem dióxido de enxofre enquanto que sais de ácidos sulfônicos produzem sulfito,
sulfato, dentre outros.

Se, no entanto, a pirólise for feita em meio redutor, todas as modalidades de enxofre orgânico
respondem positivamente à formação de gás sulfídrico (por hidrogenólise) ou sulfeto de carbonila
(por carbonilólise), quais sejam sulfetos, tióis, sulfonas, ácidos e sais de ácidos sulfônicos,
sulfonamidas, dentre outras.

Formiato de sódio pode ser usado como agente de hidrogenação. A 300oC ele se decompõe com
liberação de hidrogênio nascente capaz de promover a hidrogenólise dos compostos sulfuraddos
a H2S.

100oC
2 HCOONa 2H + Na2CO3
π
S-Org + 2 H H2S + op

Esquema: Hidrogenólise de compostos orgânicos sulfurados a H2S.

A identificação do H2S formado é feita por meio de precipitação do sulfeto de chumbo, castanho-
escuro.

(AcO)2Pb + H2S PbS + 2 AcOH


(cast. escuro)

Esquema: Caracterização do H2S produzido após a hidrogenólise de compostos sulfurados.


IV. Procedimento Experimental

Fazer uma mistura intima, num tubo de ensaio, entre a amostra e o formiato de sódio. Recobrir a
mistura com mais uma camada de formiato de sódio e aquecer com microchama; o aquecimento
deve ser levado até a carbonização dos reagentes e da amostra; os gases são recebidos em
papel úmido do reagente acetato de chumbo. O aparecimento de mancha castanha indica a
presença de H2S nos gases de pirólise e de enxofre na amostra original.

V. Questionário

1. A amostra sólida tem enxofre?


2. A amostra líquida tem enxofre?
3.4.4. Análise de Oxigênio

I. Objetivos

Determinar se as amostras sólidas, com baixo ponto de fusão, e líquidas possuem o átomo de
oxigênio.

II. Fundamentos Teóricos

Conquanto o oxigênio seja um dos elementos presentes em maior freqüência nas moléculas
orgânicas, não se dispões de nenhum ensaio específico direto para a sua identificação, que
atenda as características essenciais a que um ensaio de análise elementar qualitativa
formalmente deve obedecer. A identificação de oxigênio em moléculas orgânicas é normalmente
feita através da identificação de grupos funcionais em que esteja presente (-OH, -NO2, -CO2H etc).
Baseado, entretanto, na capacidade de coordenação dos pares de elétrons não ligantes presentes
nestes grupos, é possível estabelecer um método que permite verificar a presença de oxigênio em
líquidos orgânicos.

O uso de iodo como sonda da presença de compostos oxigenados líquidos, é baseado no


conhecimento de que, em solventes oxigenados, o iodo se dissolve com cor castanha (esquema
10), enquanto que hidrocarbonetos ou em derivados halogenados ele se dissolve com cor violeta.
Este ensaio só é realmente válido para líquidos puros, em que se incluem, obviamente, sólidos
fundidos.
- -
I I I I
+
O + I2 O O
+

cor castanha

Esquema: Caracterização de oxigênio por dissolução de iodo molecular.

IV. Procedimento Experimental

Um microcristal de iodo é dissolvido em 0,5 mL de amostra contida em um tubo de ensaio.


Compostos oxigenados dissolvem o iodo com cor castanha enquanto os hidrocarbonetos
saturados ou seus derivados halogenados o dissolvem com cor violeta. Alguns hidrocarbonetos
aromáticos solvatam o iodo com cor intermediária entre o castanho e o violeta.

V. Questionário

1. A amostra sólida tem enxofre?


2. A amostra líquida tem enxofre?
EXPERIÊNCIA NO 05 – Análise Orgânica Funcional

HIDROCARBONETOS

ALCENOS E ALCINOS

ENSAIO DE BROMO EM TETRACLORETO DE CARBONO

A caracterização do grupo funcional alqueno (ligação dupla) e alquino (ligação tripla) pode ser
feita através de dois ensaios principais:

1. Absorção de Bromo:
- solução aquosa (Água de Bromo), para compostos solúveis em água.
- solução em Tetracloreto de Carbono, para compostos insolúveis em água.

2. Redução de Permanganato em solução neutra.

A reação de Bromo com a dupla ligação é uma reação de adição e o que se observa é o
descoramento do reagente, inicialmente avermelhado.

A reação que representa o processo é a seguinte:

Br2 +
Br Br

(vermelho) (incolor)

A indicação do desaparecimento do bromo não deve, entretanto, ser tomada como indício
exclusivo de insaturação, uma vez que muitos outros grupos funcionais orgânicos podem absorver
Bromo. Assim, absorção de Bromo por substituição é característica de enóis, fenóis e aminas
aromáticas.
OH OH
Br Br
+ 3 Br2 + 3 HBr

Br

Metilcetonas e outros compostos carbonilados também podem absorver bromo por substituição:

O O
CH3 C + Br2 CH2Br C + HBr

Apesar de existir uma gama de grupos funcionais que descoram uma solução de Bromo, seu uso
para caracterização de dupla (ou tripla) ligação é ainda muito difundido.
A literatura sugere uma distinção prática e simples entre as reações de adição e de substituição
com o Bromo: ela se baseia no fato de que as reações de substituição liberam HBr, que é
insolúvel em solventes não aquosos, como o CCl4. Se a reação for conduzida, portanto, com o
Reagente Bromo-Tetracloreto, as reações de adição conduzem a um simples descoramento,
enquanto que nas de substituição, observa-se também a formação de bolhas (HBr), capazes de
mudar o papel de tornassol umedecido de azul para vermelho.

PROCEDIMENTO 1: A amostra é tratada pelo Reagente Água de Bromo ou Bromo-Tetracloreto.


O descoramento da solução em ambos os casos indica a presença de insaturação.

Observação: Amostras sólidas devem ser previamente dissolvidas em Água ou Tetracloreto de


Carbono, dependendodo caso.
ENSAIOS DE BAYER

Uma solução de Permanganato de Potássio neutra (Reagente de Bayer, violeta) reage com
alquenos com descoramento (e formação eventual de um precipitado marrom), conforme a
equação abaixo: a reação do Permanganato com a dupla ligação conduz a formação de glicóis
através da formação de um éster mangânico cíclico, intemediário.

+ KMnO4
O O

+ - Mn
K O O

H2O
O O + MnO2 (marrom)
OH OH
+ - Mn
K O O

Conquanto o ensaio seja bastante útil na caracterização de duplas ligações, também não é
específico, uma vez que sendo o Permanganato um oxidante forte, ele pode reagir com grupos
redutores e, conseqüentemente ser descorado por estes. Uma medida usada para garantir a
seletividade da reação é se certificar de que o meio esteja neutro. Isto pode ser feito misturando-
se à solução de Permanganato, um pouco de sulfato de magnésio; na medida em que a reação se
passa e se fomam íons hidroxila, estes são retirados do meio por precipitação de hidróxido de
magnésio.

PROCEDIMENTO 2: A amostra, dissolvida em uma gota d’água, é tratada com o reagente de


Bayer (solução aquosa de Permanganato de Potássio e Sulfato de Magnésio). O descoramento
do reagente indica que o ensaio foi positivo. Nas condições do procedimento experimental
recomendado, muitas vezes não se verifica visualmente a formação do precipitado marrom de
MnO2. Se o composto for insolúvel em água, ele poderá ser dissolvido em Etanol ou Acetona.
Neste caso, é da maior importância a comparação com o ensaio em branco, uma vez que o
Etanol, num período de cinco minutos, aproximadamente, também reduz o Permanganato.
AROMÁTICOS (BENZENÓIDES)

ENSAIO DE LE ROSEN

Muitos compostos que contém o núcleo benzênico, reagem com o Aldeído Fórmico e Ácido
Sulfúrico concentrado com formação de produtos de cor intensa (Reação de Le Rosen). A cor dos
produtos é muito dependente da natureza química do composto (ver quadro abaixo).

É importante lembrar que muitos compostos se dissolvem em Ácido Sulfúrico com produção de
cor; o ensaio de Le Rosen deve ser precedido, portanto, de uma dissolução em Ácido Sulfúrico
Concentrado apenas e anotada a cor desenvolvida.

Segundo Feigl (1966), a seqüência de reações que provavelmente se passam é a seguinte


(exemplificando para o benzeno):

2 + CH2 O + H2 O

CH O + 3 H 2 O + SO2
+ 2 H2 SO4 + 3(O)

Alguns exemplos de compostos aromáticos (várias classes) com as respectivas colorações no


ensaio de Le Rosen (FEIGL, 1966).

COMPOSTOS COLORAÇÃO Estilbeno castanho


Ácido Cinâmico telha Difenil-metano vermelho
Ácido Gálico amarelo-esverdeado Fenantreno verde
Ácido Mandélico violeta-avermelhado Fenol vermelho-violeta
Ácido Salicílico vermelho Hidroquinona preto
Álcool Benzílico vermelho Mesitileno castanho
Anisol vermelho-violeta
Antraceno amarelo-esverdeado
Benzaldeído vermelho
Benzeno vermelho
Benzil-Mercaptan laranja
COMPOSTOS COLORAÇÃO
Naftaleno Verde
-Naftol Castanho
Pirogalol Vermelho
Resorcinol Vermelho
Bifenila azul-esverdeado
Catecol violeta-avermelhado
Cloro-Benzeno Vermelho
Cumeno Vermelho
Etil-Benzeno castanho-avermelhado
Tetralina
Tiofena vermelho-violeta
Tolueno Vermelho
Trifenilmetano Vermelho
o, m, p-xileno Vermelho
Feigl observou ainda que alguns compostos, apesar de aromáticos, não dão ensaio de Le Rosen.
Neste caso estão incluidos especialmente os compostos aromáticos com substituinte elétron afins,
como nitro, carbonila, carboxila etc, além de outros como Anilina, Difenil-amina e 8-Hidroxi-
quinolina.

Apesar destas limitações, a importância do Ensaio de Le Rosen reside no fato de que compostos
alifáticos não dão ensaio positivo. Ou seja, se o ensaio de Le Rosen der positivo, o composto,
com certeza, é aromático; se, entretanto, der negativo, ele poderá ser alifático ou aromático.

PROCEDIMENTO 3: Em um tubo de ensaio, tratar a amostra com 5 gotas de ácido sulfúrico


concentrado. Anotar a cor desenvolvida. Num outra tubo de ensaio tratar a amostra com o
Reagente de Le Rosen (1 gota de formol + 5 gotas de H2SO4 conc.). O aparecimento ou
modificação de cor (em relação à cor desenvolvida com o ácido sulfúrico) é indicativo da presença
de núcleo aromático. O ensaio em branco deve ser conduzido paralelamente. É importante
observar que a condensação (desidratação) só se passa em meio de ácido sulfúrico concentrado
e que, portanto, o meio (incluindo os reagentes) deve conter o mínimo de água.

FUNÇÕES OXIGENADAS

ÁLCOOIS

ÁLCOOIS PRIMÁRIOS, SECUNDÁRIOS E TERCIÁRIOS

ENSAIO DO NITROCERATO DE AMÔNIO

Hexanitrato de cério e amônio, (NH4)2Ce(NO3)6, passa de amarelo a vermelho na presença de


álcoois primários, secundários e terciários, que possuam até 10 átomos de carbono.
Este complexo se forma como intermediário, pouco estável, na oxidação do álcool pelo Ce(IV). O
complexo se desfaz pela oxidação do álcool a aldeído ou cetona, o que leva a produtos
resultantes incolores.

(NH4)2.[Ce(NO3)6] + R-OH (NH4)2.[Ce(NO3)5(OR)] + HNO3


amarelo vermelho
A estabilidade do complexo varia de alguns segundos/minutos a algumas horas. Esta estabilidade
é maior na presença de álcoois terciários, seguida dos secundários e finalmente dos primários
(não conjugados). SHRINER et al. (1998) apresentam uma lista de álcoois e os períodos de tempo
em que o complexo se mantém estável.
Como a solvatação é geralmente feita via coordenação com os pares de elétrons não
compartilhados, tanto compostos nitrogenados quanto sulfurados interferem nesta reação.
Esta preocupação é a mesma que esteve presente na identificação de compostos oxigenados por
solvatação do tiocianato férrico ou do iodo elementar.

PROCEDIMENTO 4: Dissolver a amostra em 0,5 mL de água ou dioxana e tratada com uma gota
do Reagente Nitrocerato. A mudança de cor de amarelo para vermelho indica a presença do
grupo álcool na amostra.

ÁLCOOIS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS

ENSAIO DO XANTATO

Xantatos formam complexos com o íon molibidato com coloração violeta intensa e solúveis em
solventes apolares. A formação de xantatos é uma reação rápida e completa entre um alcóxido e
Dissulfeto de Carbono.; a etapa crítica deste ensaio está na formação e estabilidade dos
alcóxidos. Álcoois terciários, para fins práticos, não formam xantatos.
No procedimento experimental, prepara-se o alcóxido pela reação do álcool com Hidróxido de
Sódio sólido. Neste caso, forma-se no equilíbrio em quantidade suficiente de alcóxido para
promover a reação abaixo:

OR
ROH + CS2 + NaOH S C + H2O
- +
S Na

OR
+
S C + (NH4)2MoO4 H
-
S Na
+ [MoO3.2 SC(OR)SH]

incolor incolor (COR VIOLETA)


PROCEDIMENTO 5: Tratar em tubo de ensaio iguais quantidades de amostra e Hidróxido de
Sódio, ambos isentos de água (em hipótese alguma quebre as pastilhas de NaOH sem óculos de
segurança).
Aquecer o tubo de ensaio rapidamente em chama até que o Hidróxido de Sódio se dissolva. Após
o resfriamento, tratar com uma gota de Dissulfeto de Carbono, seguido de uma gota do Reagente
Molibidato de Amôneo e acidulado com Ácido Clorídrico 5% até pH ácido. O aparecimento de uma
cor violeta indica a presença de álcool. O complexo violeta pode ser extraído por Clorofórmio ou
Tetracloreto de Carbono se na molécula do álcool não houver outros grupos hidrofílicos.

ENSAIO DO ANIDRIDO CRÓMICO (OXIDAÇÃO DE JONES)

Este ensaio se baseia mudança de cor promovida pela mudança do estado de oxidação do Cr+6
(laranja avermelhado) para Cr+3 (azul esverdeado). Desta forma, pode-se distinguir os álcoois 1os e
2os, facilmente oxidados pelo anidrido crômico (CrO3), dos 3os. Este ensaio pode ser empregado
para a distinção entre aldeídos, que também são oxidados nas condições de ensaio, e cetonas
(ensaio negativo).

+3 H2SO4 +6
ROH + Cr RCHO + Cr
(-H2O)
azul esverdeado

+3 H2SO4 +6
R2CHOH + Cr R2CO + Cr
(-H2O)
azul esverdeado

PROCEDIMENTO 6: Adicionar uma gota de um líquido ou 10 mg de um sólido em um tubo


contendo 1 mL de acetona em um tubo de ensaio. Adicionar a este tubo 1 gota do reagente de
Jones e anotar o resultado observado nos primeiros dois segundos de reação.

“Reagente de Jones”: Uma suspensão de 25 g de anidrido crômica (CrO3) em 25 mL de ácido


sulfúrica concentrado é colocada lentamente e com agitação em 75 mL de água. A solução deve
ser resfriada a temperatura ambiente antes do uso.
ÁLCOOIS SECUNDÁRIOS E TERCIÁRIOS

ENSAIO DE LUCAS

R2CHOH + HCl ZnCl2


R2CHCl + H2O
álcool sec.

ZnCl2
R3OH + HCl R3CCl + H2O
álcool terc.

PROCEDIMENTO 7: Adicionar a um tubo de ensaio, contendo 0,2 mL ou 0,2 g da amostra, 2


o
mL do reagente de Lucas 26-27 C. Fechar o tubo, agitar e deixar em repouso. Anotar o tempo
necessário para a formação de uma segunda camada ou emulsão.

“Reagente de Lucas”: Dissolver 13,6 g (0,1 mol) de cloreto de zinco anidrido em 10,5 g (0,1 mol)
de ácido clorídrico, com resfriamento.

GLICÓIS VICINAIS

ENSAIO DE MALAPADRE

Grupos hidroxila vicinais apresentam propriedades diferentes de dois grupos hidroxila isolados.
Por exemplo: a ligação entre os átomos de carbono ligados às hidroxilas de 1,2-diol é facilmente
quebrada pela ação de um agente oxidante como o ácido periódico, com a formação do ácido
iódico e de aldeídos.

R CHOH
+ HIO4 2 RCHO + H2O + HIO3
R CHOH
A verificação da ocorrência desta reação pode ser feita, pelo tratamento com nitrato de prata e a
formação de um precipitado branco de iodato de prata.

HIO3 + AgNO3 HNO3 + AgIO3 (branco)

PROCEDIMENTO 8: (Testar a amostra com o Reagente Nitrato de Prata e só prosseguir o ensaio


se não houver formação de precipitado branco). Tratar a amostra, em solução alcoólica ou
hidroalcoólica, com o Reagente de Malapadre (Ácido Periódico-Nitrato de Prata) e deixada à
temperatura ambiente por 5 minutos. A formação de um precipitado branco indica a presença de
glicóis.

ÉTERES

ENSAIO DO IODO PARA ÉTERES E HIDROCARBONETOS INSATURADOS

Éteres podem ser detectados pelo ensaio do iodo. Os éteres, assim como alguns outros
compostos com elétrons não compartilhados podem formar complexos de transferência de carga
com iodo. Este complexo, no caso dos éteres, leva a formação de uma coloração castanha.
Muitas vezes estes complexos são instáveis. Desta forma, as conclusões sobre este ensaio
devem se basear nas observações feitas nos primeiros instantes do mesmo. Alguns álcoois e
cetonas podem dar resultado positivo. Assim, este teste deve ser feito complementarmente a
outros ensaios para funções oxigenadas.

- -
I I I I
+
O + I2 O O
+

cor castanha
PROCEDIMENTO 9: Adicionar 0,25 mL ou 0,25 g de amostra a 0,5 mL de uma solução de iodo
em diclorometano. A presença de éter leva a mudança da coloração púrpura do reagente para
castanho. Hidrocarbonetos aromáticos e saturados e fluoretos e cloretos de alquila e arila não
reagem. Hidrocarbonetos insaturados produzem um sólido castanho claro e não modificam a cor
púrpura da solução.

“Solução de Iodo em Diclorometano”: Adicione 2 cristais de iodo a 100 mL de diclorometano.


Mantenha o frasco bem fechado.

FENÓIS

ENSAIO COM CLORETO FÉRRICO

Cloreto Férrico reage com fenóis para dar uma coloração vermelha-vinho ou verde. Forma-se um
complexo através da hidroxíli fenólica. Nitro-fenóis não reagem, mas o ácido salicílico, bem como
os aldeídos hidroxi-benzóicos, reagem bem.
Este ensáio é especialmente útil para a caracterização de fenóis que tenham as posições orto e
para substituídas, onde os ensaios de Libermann e com Cobaltinitrito, descritos anteriormente,
seriam negativos.

A reação que descreve o processo é a seguinte:

3+ 3- +
6 ArOH + Fe [Fe(OAr)6 ] + 6H

Nota-se que oximas e ácidos hidroxâmicos também dão coloração vermelha com cloreto férrico.

PROCEDIMENTO 10: Trata a amostra com o Reagente Cloreto Férrico aquoso 1%. O
aparecimento de uma cor vermelha-vinho ou verde é indicativo da presença de fenóis. O Regente
Cloreto Férrico em Clorofórmio pode ser utilizado para fenóis insolúveis em água; neste caso, uma
gota de piridina é adicionada ao meio reagente. A mudança de cor para o vermelho é uma
indicação da presença de fenóis.
FENOIS (POSIÇÃO PARA LIVRE)

ENSAIO DE LIBERMANN

Ácido Nitroso, em presença de Ácido Sulfúrico concentrado, produz com fenóis um produto de cor
vermelha intensa. Este ensaio, proposto por LIBERMANN em 1874, é geral para fenóis que
tenham a posição para livre. Isto sugere que a reação se passe através de uma nitrosação na
posição para seguida de uma condensação com outra molécula de fenol, formando indofenóis
coloridos (BECKER & SOLOMINA, 1902). Éteres fenólicos e tiofenas também dão uma cor
intensa com o reagente; nitrofenóis não reagem.

OH
H2 SO4
+ HNO2 HO NO O NOH
OH
H2 SO4
O NOH + O N OH

(indofenol, geralmente vermelho)

PROCEDIMENTO 11: Tratar a amostra com o Reagente de Libermann (4 cabeça de alfinete de


NaNO2 com cerca de 5 gotas de H2SO4 conc.). O aparecimento de uma cor intensa, geralmente
vermelha, é indicativo da presença de Fenol. Na maioria das vezes, a cor passa para azul e se
intensifica se a mistura for diluída (cuidadosamente) com uma gota d’água.

FENÓIS (POSIÇÃO ORTO LIVRE)

ENSAIO COM COBALTINITRITO

Se a nitrosação de fenóis for feita diretamente com Ácido Nitroso, são produzidos, quase que
exclusivamente, p-Nitroso Fenóis (ver Ensaio de Liebermann). Por outro lado, o-Nitroso Fenóis
são conhecidos como reagentes específicos para identificação de ion Co3+, com os quais forma
um quelato de cor castanha.
Assim sendo, se a nitrosação for feita com o ânion cobaltinitrito observa-se a formação, num
rendimento apreciável, do quelato de cobalto do o-nitroso fenol. Em outras palavras, a
coordenação do nitrito com cobalto no complexo cobaltinitrito ajuda a nitrosação em orto. Este
ensaio se aplica, portanto, a fenóis que tenham a posição orto livre; a presença de grupos
desativantes como carboxíla (ácido salicílico p.ex.) ou carbonila não impedem a reação.

3- + 3+
[Co(NO2 )6 ] + 6H Co + 6 HNO2

OH OH 3+ O
1/3 Co +
+ HNO2 + H2 O Co/3 + H
NO NO
(cor castanha)

PROCEDIMENTO 12: Tratar a amostra (3-4 gotas ou um pequeno cristal) com 3-4 gotas do
Reagente Cobaltinitrito 5%. O reagente deve ser preparado no momento do ensaio: uma pontinha
de espátula (de dentista) de Cobaltinitrito de Sódio com 1 mL de Água e igual quantidade de
Ácido Acético Glacial. O tubo é aquecido em banho-maria por 3-5 minutos. A mudança de cor do
amarelo escuro para o castanho é uma indicação de ensaio positivo; a visualização do quelato
pode ficar mais fácil se se adicionar 2-3 gotas de Clorofórmio ao meio, o qual, ao extrair o
complexo, toa a cor castanha. Este ensaio deve ser feito acompanhado simultaneamente do
ensaio em branco que, pelo aquecimento, passa da cor amarela para a cor de rosa clara.

COMPOSTOS CARBONÍLICOS

ALDEÍDOS E CETONAS

ENSAIO COM 2,4-DINITRO-FENILIDRAZINA

A condensação de aldeídos e cetonas com Nitro-Fenilidrazinas (p-nitro ou 2,4-dinitro) conduz


geralmente a produtos coloridos. As Nitro-Fenilidrazonas de produtos carbonilados alifáticos são
geralmente amarelos, enquanto que as de aromáticos ou conjugados tendem para o laranja ou
vermelho (ver Shriner et al. (1980) para “ Discussão” deste ensaio).

NO2 NO2

R CHO + H2N NH NO2 R CH N NH NO2 + H2O


PROCEDIMENTO 13: Dissolver a amostra em 0,5 mL de etanol e tratar com o Reagente 2,4-
dinitro-fenilidrazina ou p-nitro-fenilidrazina. O aparecimento de um ppt de cor amarela ou vermelha
é indicação da presença de compostos carbonilados (aldeídos ou cetonas).
CETONAS

CETONAS ALIFÁTICA (CETONAS COM O GRUPO –CH2-CO-)

ENSAIO COM m-DINITRO-BENZENO

Cetonas que possuam o grupo metileno-carbonila reagem com m-dinitro-benzeno para produzir
compostos de cor violeta, de estruturas ainda especulativas.
Este ensaio é específico para este tipo de cetonas: aldeídos (alifáticos e aromáticos) não reagem.

PROCEDIMENTO 14: Dissolver a amostra em 0,5 mL de etanol e tratar com o Reagente m-


Dinitro-Benzeno e uma gota do reagente Hidróxido de Potássio Alcoólico. O aparecimento de uma
cor violeta indica a presença de cetonas com grupo -CH2-CO-

METIL-CETONAS

ENSAIO DO ÍNDIGO

Um ensaio específico e muito sensível para metil-cetonas pode ser realizada com o-
nitrobenzaldeído, em solução alcalina e aquecimento com formação de Índigo.

O
CHO
OH
- NH
+ CH3CO + op
NO2 NH
O

(cor anil)

PROCEDIMENTO 15: Tratar a amostra com Reagente o-nitrobenzaldeído e, a seguir com o


Reagente Hidróxido de Sódio 5%; a mistura é aquecida em banho maria, resfriada e extraída
clorofórmio. Uma cor azul na fase clorofórmica indica a presença de metil-cetona. Soluções
alcoólicas produzem cor vermelha (ao invés de azul) na camada clorofórmica. Devem, portanto,
ser evitadas

ENSAIO DO IODOFÓRMIO

Este ensaio, que possibilita a caracterização de metilcetonas, também fornecer resultados


positivos para compostos que poossam ser oxidados a esta classe de composto nas condições do
ensaio3,4. Esta reação se passa por etapas sucessivas de halogenação, em meio básico, do grupo
metila vizinha a carbonila, seguida de clivagem da ligação carbono-carbono entre estes grupos.
O
RCH(OH)CH3 + I2 + 2 NaOH R C CH3 + 2 NaI + 2 H2O

O O
R C CH3 + 3 I2 + 3 NaOH R C CCl3 + 3 NaI + 3 H2O

NaOH

RCO2Na + CHI3
amarelo

PROCEDIMENTO 16: Colocar em tubo de ensaio quatro gotas do líquido (ou 0,1 g do sólido). A
amostra é, então, dissolvida em 2 mL de água (ou 5 mL de dioxana para amostras insolúveis em
água), 1 mL do Reagente Hidróxido de Sódio 10% e um ligeiro excesso de uma solução iodo em
iodeto de potássio. Este excesso pode ser evidenciado pela permanência da coloração escura do
iodo. Aquecer o sistema a 60oC sob agitação constante. Se houver descoramento, continuar a
adição da solução de iodo, mantendo a agitação, até que a cor permaneça por pelo menos dois
minutos sob aquecimento. Adicionar algumas gotas do Reagente Hidróxido de Sódio 10%, ainda
com agitação até a remoção completa do excesso de iodo (descoramento). Encher, a seguir, o
tubo de ensaio com água e deixa-se em repouso por 15 minutos. A formação de um precipitado
amarelo com odor desagradável (iodofórmio) indica a presença de metilcetona na amostra
original.

“Preparação do Reagente Iodeto de Potássio – Iodo”: Adicionar 20 g de iodeto de potássio e


10 g de iodo a 80 mL de água destilada e agitar até a dissolução completa

                                                            
3
Alguns dos compostos que também levam a resultados positivos neste ensaio: etanol, acetaldeído, CH3CH(OH)R,
β-dicetonas, 1,3-dióis etc.
4
Uma alternativa para a distinção entre metilcetonas e meticarbinóis consiste em utilizar 1 g de cianeto de potássio
(cuidado: Reagente extremamente perigoso. Não se deve adicionar ácido de forma alguma. Usar somente com a
permissão do instrutor.)
ENSAIO PARA ACETONA

Quando a acetona é tratada com aldeído salicílico em meio fortemente alcalino, forma-se um
produto de coloração vermelha intensa. Este ensaio é específico para acetona e o esquema desta
reação é o seguinte:

O
CHO
O -
2 OH
+
OH OH OH
(incolor) (cor vermelha)

PROCEDIMENTO 17: Tratar a amostra com o Reagente Salicilaldeído seguido do Reagente


Hidróxido de Sódio aquoso a 30%. A seguir, a solução é aquecida em banho-maria por 2-3
minutos. Na presença de acetona, aparece uma cor vermelha (soluções mais diluídas produzem
uma cor alaranjada).

ALDEÍDOS

ENSAIO DE TOLLENS
ENSAIOS DE FEHLING E BENEDICT

Uma característica geral da função aldeído é o seu poder redutor, que pode ser caracterizado por
um certo número de reagentes bem estabelecidos. Os mais utilizados são o Reagente de Tollens
e os Reagentes de Fehling e Benedict.
Estes reagentes contém um íon metálico que é reduzido durante o processo. O reagente de
Tollens envolve a redução do íon Ag+ a Ago, e os de Fehling e Benedict envolvem a redução do
Cu2+ a Cuo.
O poder redutor de aldeídos se manifesta principalmente em meio alcalino. Por esta razão os
oxidantes mais freqüentemente utilizados (Ag+ e Cu++) são complexados de modo a
permanecerem solúveis no meio alcalino. A prata é complexada por NH3 formando um complexo
(Ag(NH3)2)+; Reagente de Tollens), e o cobre é complexado pelo íon tartarato (Reagente de
Fehling).
O Reagente de Benedict (cobre complexado pelo íon citrato) é utilizado em meio neutro.
O Reagente de Tollens é geral para aldeídos alifáticos e aromáticos.

O
R + 2 Ag(NH3)2OH 2 Ag + RCOONH4 + H2O + 3 NH3
H
(espelho de prata)

PROCEDIMENTO 18: dissolver a amostra em 0,5 mL de etanol e tratada com o Reagente de


Tollens (cerca de 2 mL). A mistura é agitada e aquecida em banho-maria por 5-10 min (comparar
com o branco). Deixar repousar por alguns minutos. O aparecimento de um precipitado negro (ou
de espelho) indica a presença de grupo redutor (aldeído). Atenção: usar microtubo bem limpo e
seco.

Observação: O Reagente de Tollens não deve ser armazenado, uma vez que ele pode decompor
com o tempo com produção de fulminato de prata, altamente explosivo, quando seco.

“PREPARAÇÃO DO REAGENTE DE TOLLENS”

2,5 mL AgNO3 (aquoso)


1,0 mL NaOH 5%
1,0 mL NH4OH conc.
1,0 mL H2O destilada

Já o Reagente de Fehling só reage com os aldeídos alifáticos, enquanto que o Reagente de


Benedict reage apenas com -hidroxi-aldeídos.

ENSAIO DE FEHLING
2+
R-CHO + [Cu . ion tartarato] RCOOH + Cu2O + Cu
(amarelo) (vermelho)

ENSAIO DE BENEDICT
OH OH
2+
R-C-CHO + [Cu . ion citrato] RCCOOH + Cu2O + Cu
(amarelo) (vermelho)
PROCEDIMENTO 19 (Fehling): Dissolver a amostra em 0,5 mL de etanol, tratada com o
Reagente de Fehling (usar quantidades iguais da solução A e B) e em seguida aquecida em
banho-maria por 3-5 minutos. O aparecimento de um precipitado amarelo (Cu2O) ou vermelho
(Cuo) indica a presença de aldeído alifático

PROCEDIMENTO 20 (Benedict): A amostra, dissolvida em uma gota de água ou etanol, é tratada


com o Reagente de Benedict e aquecida em banho-maria por 3-5 minutos. O aparecimento de um
precipitado vermelho ou amarelo é indicativo da presença do grupo aldol (açucares).
É importante observar que estes reagentes, que se baseiam no poder redutor de aldeídos,
também são reagentes para outros grupos redutores, como por exemplo, hidrazinas, fenil-
hidroxilaminas, aminofenóis, p-difenóis etc.

ENSAIOS DE SCHIFF

Uma solução de Fucsina descorada com SO2 (Reagente de Schiff) quando tratada com Aldeídos,
toma a cor rosam com uma certa tonalidade azul-violeta, diferente da cor original da Fucsina. As
reações proposta para estas transformações são as seguintes:

H2N NH2

SO2 H2N C NHSO2H

2 SO3H

+
N H2
(cor fucsia) (incolor)

H2N NHSO2CHOR

+
N H2
(cor de rosa)
É importante notar que o reagente de Shiff sofre decomposição pelo calor e por ação de bases,
sendo imprescindível à realização do teste em branco paralelamente ao ensaio com a amostra. A
presença de grupos doadores de elétrons, em anéis de aldeídos aromáticos, impede a reação.

PROCEDIMENTO 21: Dissolver a amostra em 0,5 mL de etanol (isento de aldeídos) e tratada com
o reagente de Schiff. O aparecimento de uma coloração rósea, em um período de 2-5 minutos,
indica a presença de aldeídos.

COMPOSTOS CARBOXÍLICOS

ÁCIDO CARBOXÍLICO

ENSAIO DO IODETO-IODATO (caráter ácido)

Os ácidos carboxílicos apresentam “caráter ácido”, evidenciado através dos chamados


indicadores ácido-base.

Para ácidos insolúveis em água, o uso de indicadores é pouco eficiente. Neste caso, a reação
com o sistema iodeto-iodato é interessante e apropriada. Nesta reação forma-se iodo, que pode
ser identificado com grande sensibilidade pela reação com amido.

- - + AMIDO
5 I + IO3 + H 3H2O + 3 I2 (COR AZUL)

A reação com o sistema iodeto-iodato deve ser precedida de uma reação só com iodeto, uma vez
que é possível que no sistema-problema existam substâncias oxidantes que liberem iodo do
iodeto (peróxidos, por exemplo).

PROCEDIMENTO 22: Dissolver a amostra em etanol (~ 1:1) é tratá-la com o Reagente Iodeto:
aquecer o sistema por 2-3 minutos em banho-maria, resfriar e tratar com suspensão de Amido
(que deve ser preparada no momento do ensaio, fervendo-se o amido em água, ~10%). O
aparecimento de cor azul é indicativo da presença de grupo oxidante. Na ausência da cor azul,
tratar a mesma mistura com o reagente Iodato e aquecer em banho-maria por 2-3 minutos. O
aparecimento de uma cor azul, depois de adicionadas mais algumas gotas da suspensão de
Amido, é indicativo da presença de um grupo funcional ácido. Todo esse procedimento deve ser
acompanhado, simultaneamente do ensaio em branco.

ENSAIO DO HIDROXAMATO FÉRRICO

Ácidos Hidroxâmicos reagem com sais férricos para produzir uma coloração vermelho-arroxeada
intensa. Ácidos Hidroxâmicos podem ser produzidos com facilidade a partir de Ácidos Carboxílicos
pela reação de Cloretos de Ácidos Carboxílicos ou de Ésteres com a Hidroxilamina, mas não
diretamente com Ácidos Carboxílicos. A transformação do Ácido Carboxílico em Éster é uma
operação simples e de alto rendimento em alguns casos, como na reação com Diazometano.
Assim, a transformação de Ácidos Carboxílicos em Ésteres e a posterior caracterização do Ácido
Hidroxâmicos derivado destes, é um bom método para a caracterização de Ácidos Carboxílicos.

RCOOH + SOCl2 RCOCl + SO2 + HCl

RCOCl + NH2 OH + 2NaOH RCONHONa + NaCl + 2H 2 O


O O Fe/3
R +3 +
+ 1/3 Fe R + H
NHOH N O
H (VERMELHO)

PROCEDIMENTO 23: Tratar a amostra com cinco vezes o seu volume de N-Nitroso 4-Tolueno-
Sulfonamida e a seguir com o Reagente Hidróxido de Sódio 10%. Agitar a mistura por 2-3 minutos
e, a seguir, tratar com uma gota do Reagente Hidroxilamina e aquecer em banho-maria por 2-3
minutos. Acidular o meio resultante e tratar com o Reagente Cloreto Férrico. O aparecimento de
cor vermelho-violeta é indicativo da presença de Ácido Carboxílico. Alternativamente, o ácido
pode ser tratado com uma gota de Cloreto de Tionila e aquecido em banho-maria por 3-5 minutos.
A solução é resfriada e tratada com o Reagente Hidroxilamina. O procedimento segue como no
anterior.
ÁCIDOS 1,2-DICARBOXÍLICOS

ENSAIO DO RESORCINOL

O aquecimento de Ácidos 1,2-Dicarboxílicos com Resorcinol em Ácido Sulfúrico concentrado leva


a formação de fluoresceínas. Estes compostos apresentam uma forte fluorescência amarela ou
verde em meio alcalino. A reação que se passa é a seguinte:

O - +
O O Na

COOH O -
H2SO4 OH

COOH HO OH
HO O OH
- +
O O O Na

PROCEDIMENTO 24: Misturar a amostra com um volume igual de Resorcinol. Tratar a mistura
com uma gota de ácido Sulfúrico concentrado e aquecer a 130oC por 5 min. Resfriar o material e
tratar a solução com o reagente Hidróxido de Sódio 20% até o meio se tornar alcalino. Verter o
produto da reação em papel de filtro e observar sob luz ultravioleta. Uma forte fluorescência verde
ou amarela indica a presença de ácidos 1,2-dicarboxílicos simples; uma fluorescência azul-
esverdeada indica a presença de ácidos -hidroxi dicarboxílicos.

ÉSTERES

ENSAIO DO HIDROXAMATO FÉRRICO

Ésteres podem ser convertidos em ácidos hidroxâmicos com relativa facilidade por reação com
Hidroxilamina, os quais reagem com sais férricos, que produzem um complexo (quelato) de
Hidroxamato Férrico de cor vermelha à violeta. Como certas funções podem produzir cor vermelha
com cloreto férrico (por exemplo, fenóis), é aconselhável que a amostra original seja tratada
primeiramente por uma gota do Reagente Cloreto Férrico e uma gota do Ácido Clorídrico
concentrado. Se nenhuma coloração for observada, pode-se então prosseguir no ensaio,
conforme descrito.
RCO2R + NH2OH + 2NaOH RCONHONa + NaCl + 2H2O

O O
R + HCl R
NHONa NHOH

O O Fe/3
R +3 +
+ 1/3 Fe R + H
NHOH N O
H
(VERMELHO-VINHO)

PROCEDIMENTO 25: Tratar a amostra em um tubo de ensaio (2-3 gotas de líquido ou alguns
cristais do sólido) com alguns cristais de Cloridrato de Hidroxilamina, uma pastilha de Hidróxido de
Sódio e 2 mL de etanol como solvente. Aquecer ao refluxo (no próprio tubo) em banho-maria por
2-3 minutos, até aparecerem cristais precipitados. Deixar esfriar. Separar a parte sobrenadante
para outro tubo, adicionar 1-2 gotas de Ácido Clorídrico concentrado. (confirmar se o pH da
solução está ácido) e adicionar 2-3 gotas de solução de FeCl3 1% aquoso. O aparecimento de
uma cor vermelho-vinho indica a presença de ésteres.

FUNÇÕES NITROGENADAS

AMINAS

ENSAIO DO NÍQUEL DIMETILGLIOXIMA

Este ensaio se baseia na precipitação do complexo Níquel-Dimetilglioxima, promovida pela


remoção de prótons por bases de Brönsted-Lowry. Sendo a basicidade uma das propriedades
presentes nas aminas, independente do grau de substituição, este ensaio pode ser empregado
para caracterizar este grupo funcional.

NOH N
O +
2+
+ Ni + H
Ni/2
NOH N
precipitado
rosa
PROCEDIMENTO 26: Tratar a amostra com algumas gotas do Reagente Níquel Dimetilglioxima
(Reagente de Feigl para Bases). A formação de um precipitado cor de rosa é indicativo da
presença de uma substância com caráter básico.

AMINAS PRIMÁRIAS

ENSAIO DE DUKE I

Aminas primárias reagem com o Aldeído 5-Nitro Salicílico (Reagente de Duke I) para formar bases
de Schiff que, com o íon níquel, precipitam um quelato de cor verde clara. A reação geral para
aldeídos salicílicos, mas a precipitação é praticamente instantânea quando o Aldeído 5-Nitro
Salicílico é empregado. Hidroxilaminas e hidrazinas mono-substituídas também dão resposta
positiva a este ensaio. Amidas e aminoácidos não reagem.

NR
CHO CH NR N
CH Ni CH
OH OH
NiCl2 OH HO
2 R NH2 + 2
2 (HOC2 H4 )3 N
O2 N O2 N
O2 N NO2
(precipitado verde-claro)

PROCEDIMENTO 27: Dissolver a amostra em uma 0,5 mL de Etanol e tratar a mistura com o
Reagente Duke I. A formação de um precipitado verde/amarelo, num período de 2-3 minutos,
indica a presença de amina primária na amostra.

AMINAS PRIMÁRIAS AROMÁTICAS

ENSAIO DO ÁCIDO NITROSO

As aminas primárias aromáticas reagem com o Ácido Nitroso (HNO2) para formar os sais de
diazônio correspondentes, que em geral são estáveis a T < 0oC. A reação de acoplamento destes
sais de diazônio com o -Naftol em meio básico, fornece produtos fortemente coloridos (corantes
azo). Por exemplo:
o
0C + -
NH2 + NaNO2 + HCl N2 Cl + H2O

HNO2 (sal de diazônio)


ONa

NaO

N N

corante vermelho-alaranjado

PROCEDIMENTO 28 (com padrão de Anilina): Dissolver 1mL de Anilina em 3 mL de Ácido


Clorídrico concentrado diluído com 5 mL de Água. Resfriar a solução de Cloridrato de Anilina a
0oC em becher com gelo picado, e adicionar lentamente, com agitação, uma solução (também
resfriada) de 5g de Nitrito de Sódio em 5 mL de Água. Continuar a adição até o final da
diazotação, isto é, até que a mistura dê ensaio positivo para Ácido Nitroso (colocar 1 gota da
solução num papel embebido com solução de Amido-Iodetado*: o aparecimento de coloração azul
indica a presença de Ácido Nitroso).

À solução fria do sal de diazônio (~ 2mL), acrescentar uma solução de 0,1 g de Beta-Naftol em 2
mL de NaOH 10% e 5 mL de água. Observar a formação de um corante vermelho-alaranjado.

*Preparação do papel de Amido-Iodetado: imergir tiras de papel de filtro em uma suspensão de


Amido contendo um cristal de KI.

AMINAS SECUNDÁRIAS

ENSAIO DE DUKE II

As aminas secundárias reagem com uma solução aquosa de Cloreto de Níquel ou de Cobre,
saturada em Dissulfeto de Carbono (Reagente de Duke II) para produzir ditiocarbamatos: os de
níquel são de cor verde, enquanto que os de cobre são de cor castanha.
S
R2 NH + CS2 + NH4 OH R2 N + H2 O
SNH4
CuCl2 NiCl2
S
R2 N -
Cu S
S 2 R2 N -
Ni
S 2
(cor castanha)
(cor verde)

PROCEDIMENTO 29: Dissolver a amostra em uma gota de Etanol, e tratar com o Reagente de
Duke IIa (Dissulfeto de Carbono-Níquel II). A formação de um precipitado verde é indicação da
presença de aminas secundárias na amostra.

PROCEDIMENTO 30: Dissolver a amostra em um 0,5 mL de Etanol e tratar com o Reagente de


Duke Iib (Dissulfeto de Carbono-Cobre II). Em presença de aminas secundárias forma-se um
precipitado de coloração castanha, solúvel em solventes orgânicos.

AMINAS TERCIÁRIAS

ENSAIO DE KALNIN-OHKUMA

As aminas terciárias reagem com Ácido Cítrico e Anidrido Acético para produzir uma cor
vermelha. Os produtos desta reação não são conhecidos até o momento. Conquanto a reação
seja bem geral para aminas terciárias e seja bem sensível para Piridina e derivados, alfa,alfa-
Dipiridil e alfa,alfa-Fenantrolina não reagem.

HO CO2H O O
R3N + HO2C CO2H + (cor vermelha)
O

PROCEDIMENTO 31: Solubilizar um pequeno cristal de Ácido Cítrico na menor quantidade


possível de Etanol (2-3 gotas). Adicionar cerca de 5 gotas de Anidrido Acético e 1 gota da
amostra. Aquecer em banho-maria por 10 minutos. O aparecimento de uma coloração vermelha
indica a presença de amina terciária na amostra.
O ensaio em branco deve ser feito simultaneamente.

AMIDAS E NITRILAS

ENSAIO DO HIDROXAMATO FÉRRICO

Assim como os ésteres, as amidas e as nitrilas podem ser convertidas em ácidos hidroxâmicos
por reação com Hidroxilamina. Os Ácidos Hidroxâmicos produzidos formam um complexo de
coloração vermelho-vinho com Cloreto Férrico.

PROCEDIMENTO 32: Ver “Ensaio do Hidroxamato Férrico” para Ésteres. Como as reações são
mais lentas neste caso, deve-se aumentar o tempo de reação para 10 minutos e o volume de
Etanol para 5 mL (completar o volume do mesmo, caso seja necessário).

NITROCOMPOSTOS

ENSAIO DO HIDRÓXIDO FERROSO

Nitro compostos oxidam o hidróxido ferroso (verde) a hidróxido férrico (cor de ferrugem) em meio
alcalino, que são, por sua vez, reduzidos à amina.

FeSO 4(amoniacal) + 2 KOH(alcoólico) Fe(OH)2 (verde) + K 2SO 4

RNO 2 + 6 Fe(OH)2 + 4 H2O RNH2 + 6 Fe(OH)3 (castanho-avermelhada)


Praticamente todos os compostos nitrados dão ensaio positivo em menos de um minuto, sendo
que para os compostos solúveis em álcali, como ácido p-nitro benzóico, a resposta é quase
imediata.
Outros grupos oxidantes da química orgânica, como nitroso, quinonas, nitratos e nitritos, também
oxidam o hidróxido ferroso.

PROCEDIMENTO 33: Tratar o Reagente Sulfato Ferroso Amoniacal com uma gota do Reagente
Hidróxido de Potássio Alcoólico. Agitar a mistura, formando-se um precipitado verde. Adicionar a
amostra à mistura agitada. A mudança de cor do precipitado verde para o castanho’-avermelhado
é uma indicação da presença de grupo oxidante (nitro). A comparação com o branco é importante,
uma vez que o hidróxido ferroso se oxida com o ar com relativa facilidade. Esta oxidação pode ser
retardada se na solução for borbulhada uma corrente de nitrogênio.

ENSAIO COM ZINCO E CLORETO DE CÁLCIO (REDUÇÃO A FENIL HIDROXILAMINAS)

NO2 NHOH
+ Zn nitroprussiato cor azul, verde ou
+ H + H2O
CaCl2 purpura

PROCEDIMENTO 34: Dissolver a amostra em 0,5 mL de Etanol, tratar com o reagente Cloreto de
Cálcio e um volume igual de Zinco metálico em pó. Aquecer a mistura em banho-maria por 5-
minutos, resfriar e decantar (ou filtrada), para evitar a interferência da cor escura do zinco que não
reagiu, e tratar com o Reagente Nitroprussiato. O aparecimento de uma cor púrpura, azul ou verde
indica a presença do grupo nitro na amostra.

* Nitro fenóis, nitrofenilaminas e nitroanilinas são reduzidos apenas à etapa de nitroso compostos.
Mononitro compostos produzem cor violeta, enquanto que os dinitro produzem cor verde.

AMINOÁCIDOS

ENSAIO COM NINHIDRINA


Aminoácidos reagem com Ninhidrina para produzir Índigo (cor de anil). Fazem exceção, no
entanto, a Prolina e a Hidroxi-Prolina, que dão cor amarela, assim como os Ácidos
aminobenzóicos (o, m e p). Algumas aminas fornecem produtos de cores que variam do amarelo
ao vermelho, que são classificados como resultado negativo.

O R
H2O
R CHCO2
-
+ OH NHCHCO2H
+
OH
NH3 O
O
OH
O OH O O
NH2 + RCHO + CO2 O NH (coloração azul-violeta)
O O O

PROCEDIMENTO 35: Dissolver a amostra em 0,5 mL de Etanol, e tratar com o Reagente


Ninhidrina (certificar-se de que foi preparado recentemente) e aquecer em banho-maria por 2
minutos. O aparecimento de uma cor azul-violeta (anil) é indicativo da presença de aminoácido.
Esta reação pode ser igualmente feita em papel de filtro (neste caso, o aquecimento do papel com
os reagentes deve ser feito em estufa a 110oC).

COMPOSTOS HALOGENADOS

A caracterização do tipo de derivado halogenado pode ser realizada complementarmente


aos resultados de análise elementar por reações de substituição nucleofílica. A velocidade e
mecanismo de reações de deslocamento nucleofílico do halogeneto pode depender de
múltiplos fatores, como a força do nucleófilo, o tipo de halogênio e a polaridade do meio.
Assim, enquanto os derivados primários, alílilicos e benzílicos reagem rapidamente em meio
não ionizante (solventes polares apróticos), os terciários, arílicos e vinílicos não reagem ou o
fazem muito lentamente. Por outro lado em solventes ionizantes (polares próticos) e na
ausência de nucleófilos fortes são os derivados terciários , alílicos e benzílicos que reagem
rapidamente, enquanto que os primários, arílicos e vinílicos são os menos reativos.
Porquanto das características mencionadas acima, os ensaios do NaI em acetona e do
AgNO3 em etanol são bastante úteis na caracterização de halogenetos alifáticos.
NaI em acetona AgNO3 em etanol
RCH2 X

Reatividade R2CH X Reatividade

R3C X

HALOGENETO ALIFÁTICO

HALOGENETOS SECUNDÁRIOS, TERCIÁRIOS, ALÍLICOS E BENZÍLICOS

Este ensaio se baseia na reatividade dos halogenetos em condições de SN1 e da pouca


solubilidade dos cloretos, brometos e iodetos de prata em etanol. Os cloretos levam a formação
de precipitado de AgCl branco, enquanto com os brometos e iodetos formam-se precipitados de
AgBr e AgI, que são amarelos.

ENSAIO DO NITRATO DE PRATA EM ETANOL

RX + AgNO3 AgX(s) + RONO2

PROCEDIMENTO 36: Juntar uma gota da amostra a 2 mL de solução de nitrato de prata 2% em


etanol a temperatura ambiente. No caso de não se formar precipitado depois de 5 minutos,
aquecer a solução à temperatura de ebulição. Quando houver precipitado, anotar a sua cor. AgCl
é branco, AgBr e AgI são amarelos.
Juntar duas gotas de ácido nítrico 5% ao precipitado formado. Os halogenetos de prata são
insolúveis em HNO3 diluído e os sais de prata de ácidos orgânicos são solúveis. A formação de
AgX em amostra contendo halogênio indica a presença de halogenetos secundários, terciários,
alílicos e benzílicos.

Alguns dos compostos que reagem rapidamente com AgNO3 para formar AgX à
temperatura ambiente:
Cl
R O R'' + - + -
R - X (CH3)2N C Cl
[RNH3]X R'
R O 3
sais de amina
α-haloéteres sais de oxônio halogenetos de carbênio
de hidrácidos

Br

R3Cl RCH CH CH2X RI R


RCOCl
Br
halogenetos
terciários halogenetos alílicos iodeto de alquila dibrometos vicinais cloreto de acila

Halogentos de arila, vinila e clorofórmio são usualmente inertes nas condições de ensaio.

HALOGENETOS PRIMÁRIOS, ALÍLICOS E BENZÍLICOS

ENSAIO IODETO DE SÓDIO EM ACETONA

Este ensaio se baseia na reatividade dos halogenetos em condições de SN2 e da pouca


solubilidade dos cloretos e brometos de sódio em acetona. Os brometos primários dão precipitado
em até 3 minutos a temperatura ambiente e os cloretos primários só levam a precipitação de
cloreto de sódio se aquecidos a 50oC. Os brometos secundários e terciários só levam a formação
de precipitado após um ou dois dias de repouso. Os halogenetos de alilia e benzila dão
precipitado em 3 minutos a 25oC.

RCl + NaI RI + NaCl(s)

RBr + NaI RI + NaBr(s)

Dibrometos (temperatura ambiente) e dicloretos vicinais (a 50oC) dão precipitado e formação de


iodo livre (coloração castanho-avermelhada).

PROCEDIMENTO 37:.Adicionar 1 mL do reagente iodeto de sódio em acetona e 2 gotas (ou 0,1 g


dissolvido no menor volume possível de acetona) da amostra em um tubo de ensaio cuja análise
elementar evidenciou a presença de cloro ou bromo. Agitar o tubo de ensaio e deixar em repouso
a temperatura ambiente por três minutos. O ensaio positivo é indicado pela formação de um
precippitado branco ou amarelo. A solução pode se tornar, eventualmente, castanho-avermelhada
(liberação de iodo livre). Se não houver reação observável, deve-se aquecer o tubo num béquer
com água, a 50oC por até 6 minutos e observar novamente.

Preparação do Reagente Iodeto de Sódio em Acetona: Dissolver 15 g de iodeto de sódio em 100


mL de acetona PA. A solução, que é inicialmente incolor, adquire coloração pálida, amarelo-limão.
Conservar em frasco escuro e rejeitar logo que adiquira uma coloração nitidamente vermelho-
acastanhada.

4.FONTES BIBLIOGRÁFICAS

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técnicas de pequena escala. 2ª Edição. São Paulo: Bookman, 2009.

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VOGEL, A. Química orgânica – análise orgânica qualitativa. 3a Edição. Rio de Janeiro: Ao Livro
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OHLWEILER, O. A. Fundamentos de análise instrumental. Rio de Janeiro: LTC, 1981.

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FEIGL F. & JUNGREIS, E. (1958) Microdetection of hydrogen in organic compounds. Mikrochim.


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TUCKER, S. H. (1945) A lost centenary: Lassaigne’s test for nitrogen. J.Chem.Ed. 22: 212.

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