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Estudos sobre a prática da Terapia Ocupacional em Saúde Mental

Falando sobre esquizofrenia em vários aspectos

A esquizofrenia engloba perturbações como: perturbação delirante,


perturbação esquizotípica, perturbação esquizoafetiva, catatonia, etc.

A perturbação psicótica é caracterizada por delírios, alucinações, pensamento


desorganizado, compotamento motor anormal e sintomas negativos.

Sintomas positivos são distorções ou excessos das funções normais do


indivíduo e estão presentes com maior visibilidade na fase "aguda" da doença,
podem ser levados em conta delírios, alterações da percepão, alucinações e
alterações do comportamento.

Os sintomas negativos são caracterizados pela perda ou diminuição das


funções normais do indivíduo, são frequentes após a remissão de sintomas
positivos e relacionam-se com a depressão e os níveis de motivação,
emocionais, de discurso, de pensamento e relações interpessoais. Dentre elas
podemos citar o embotamento afetivo, a falta de motivação ([apatia] falta de
iniciativa e manutenção de comportamentos orientados para um objetivo,
ou seja, dificuldade para realizar atividade que requerem um esforço
cognitivo ou físico e deixam de sentir satisfação nas atividades de sua
vida), reduzida capacidade de experienciar prazer, siolamento social,
pobreza no discurso.

A depressão e a ansiedade principalmente a ansiedade social surgem


em comorbidade com a esquizofrenia, exacerbando sintomas negativos.

As alterações na cognição social representados pela redução ou perda


perceptiva de interação social, que envolve processos envolvidos na percepção,
interpretação e geração de repostas às intenções. Essa alteração por
consequência cria um isolamento social o que pode induzir a sintomas
negativos. Por um lado, a falta de motivação para estabelecer relações sociais
pode conduuzir a dificuldades de cognição social.

Esses défices na atenção, na memória verbal, nas funções executivas e


na cognição social podem interfirir no desenvolvimento de competências
sociais comprometendo o desenvolvimento e manutenção de
relacionamentos sociais bem como o funcionamento social básico.
O comportamento social é composto por três componentes:

a) a perceção da informação social,

b) o processamento da informação social,

c) o desenvolvimento de formas de comportamento social.

A perceção social é definida pela avaliação de estímulos de referência,


como expressões faciais, gestos, entoação e conteúdos linguísticos. O
processamento da informação social implica a comparação das informações
percecionadas com as informações resultantes de vivências passadas e, com
base nesta comparação, são geradas respostas apropriadas na forma do
comportamento verbal e não-verbal (Bellack, 2004; cit in Roder, et al., 2008).

Nise da Silveira e contribuições

Oficina de música, ideias fundamentação e novas possibilidades

Uma das atividades que pode ser desenvolvidas na oficina de música


é a interpretação das músicas frase a frase. Podemos sugerir escolher
uma música específica por semana e ir falando sobre o que a música
representa. Nesse processo podemos falar sobre em que pontos a música
se aproxima com a vida de cada um, deixemos eles falarem oq que
entendem da música. A cada frase podemos deixar cantar ou a cada
estrofe. Podemos também sugerir temáticas específicas e utilizarmos
canções para que os usuários façam articulações sobre sua vida,
tratamento e sentimentos despertados.

Usar latinhas de refrigerante pintadas de preto e com enfeites (como


uma forma de criar chocalinhos) para que eles se sintam mais "ativos" na
oficina.

O que ocorre com os pacientes no CAPS é que geralmente os pacientes


pedem as mesmas músicas toda semana. Alguns pedem músicas de
acordo com suas emoções, outros pedem a mesma música toda semana.
Porque isso ocorre? Devemos estimular que peçam músicas novas?

Uma outra possibilidade interessante é trabalhar com ritmos, usando


socos e tapas na mesa em grupo. Testar diversas velocidades e
combinações e pedir para cantarolarem a música no ritmo. Não precisa de
letra (dois socos e um tapa) (la la la, láaa).

A utilização de música como um recurso terapêutico em saúde


mental

EM ALGUNS MOMENTOS AS ATIVIDADES NÃO PRECISAM SER


COMPLETAMENTE ANALIZADAS E SEGUIDAS A RISCA COM
TÉCNICAS. AS ATIVIDADES PODEM SER TERAPEUTICAS POR SI
SÓ. O PACIENTE PODE QUERER APENAS CANTAR E NÃO
NECESSARIAMENTE FALAR SOBRE PROBLEMAS OU VIVÊNCIAS
PASSADAS, O LUGAR QUE A TERAPIA OCUPACIONAL ASSUME
MUITAS VEZES NÃO É O DE FALAR SOBRE O SOFRIMENTO E SIM
PROMOVER O BEM ESTAR E A FELICIDADE.

Devemos possuir principalmente a compreensão de que na atenção


psicossocial as atividades devem estar articuladas com a melhoria da
qualidade de vida, criação e fortalecimento de desejos, afetos, prazeres e
vínculos tanto no interior dos serviços quanto no território em que os
usuários desse serviço transitam.

A arte é capaz de produzir subjetividades, catalizar afetos, engendrar


territórios desconhecidos e/ou inexplorados, por isso é utilizada em larga
escala nos CAPS. Por isso devemos compreender que a relação entre
arte e terapia é a possibilidade do usuário descobrir e ampliar suas
potencialidades na conquista de espaços sociais.

A música é um elemento do conjunto dessas expressões artísticas, cujo


objetivo é promover a reabilitação e inclusão. Além disso ela é promotora
do autoconhecimento, reflexão e estímulo ao convívio social, sendo capaz
de ampliar o protagonismo relacionado ao tratamento e às problemáticas
do cotidiano.

Outra potencialidade da música é resgatar memórias de relaçoes sociais


e momentos passados. A música traz importantes trocas culturais, quando
tocamos músicas de outras regiões e deixamos os pacientes falar sobre.

Quando se está numa oficina de música, é necessário que em alguns


momentos a pessoa possa escutar o companheiro.Lembro-me do
paciente Edenízio do Caps que se puder canta a oficina inteira sem dar
abertura aos outros, lá é um espaço de ouvir o outro, aguardar sua vez.

Um ponto positivo é que um dos sintomas negativos da esquizofrenia


que é um certo embotamento social, pode ser amenizado quando se está
na oficina de música. Alguns pacientes relatam que se soltam mais, são
reconhecidos por seu talento e deixam de ser anônimos. Outros afirmam
que estar em grupo faz bem, tem uma sensação de companheirismo.

O ser humano é um ser musical? Porque os pacientes buscam tanto


atividades com músicas? O ato de cantar, porque tantos gostam?

A música é capaz de resgatar sentimentos positivos, melhorar a


autoestima, transformar realidades, proporcionar alegria, criatividade,
relaxamento tranquilidade, promovendo assim, bem-estar. Isso indica que
ela exerce funções que vão além da simples distração, tornando-se um
meio de comunicação capaz de ultrapassar os limites da expressão
verbal.

Ela permite a associação com experiências significativas do passado,


que evocam memórias específicas, em que é possível resgatar emoções,
imaginação e experiências vividas.

Desta forma, ao articular a música com as experiências de vida e do


cotidiano, a dinâmica terapêutica utiliza a música como facilitadora no
estimulo à memória. Assim, além de despertar sentimentos e vivências,
seu uso pode possibilitar a ressignificação de lembranças.

Um fato muito importante que deve ser destacado é que muitas vezes
pacientes com esquizofrenia e usuário de drogas, que apresentam
rompimento de vínculos, a música é uma ótima ferramente para a
promoção da criação de novos laços e a manuntenção de laços atuais.

Ao vivenciar a música, se estabelece uma relação com a rede de


significados construídos no mundo social, a atividade musical
enquanto integrante de uma cultura é vivida na dimensão coletiva,
que pode receber significações que são compartilhadas socialmente.

Além de mediar relações, também cumpre outros objetivos como a


ampliação de conhecimentos e potencialidades pessoais e
desenvolvimento de práticas voltadas às questões sociais e culturais
locais.

Por favorecer o despertar da afetividade e contribuir para a forma


como o sujeito percebe o mundo que o cerca, a música pode ser
capaz de remover barreiras, minimizar resistências, melhorar a
comunicação, a relação com o usuário e ainda facilitar o acesso ao
tratamento.

Quando um usuário demonstra interesse em aprender novos


instrumentos, querem mais atividades com músicas, apresentações ou até
formar grupos, entende-se que esse contato com a música proporciona
conquistas que levam ao reconhecimento da realidade e apropriação de si
mesmo, dessa forma, os usuários demonstram interesse em transformar a
realidade em que se inserem.

A partir disso, os pacientes passam a ocupar novos lugares em sua


vida, operando novas realidades. A música auxilia também na organização
de conteúdos internos.

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