Você está na página 1de 40

GUILHERME AUGUSTO ARAÚJO FERNANDES

de Mem Fox

Era uma vez um menino chamado Guilherme Augusto Araújo


Fernandes e ele nem era tão velho assim.
Sua casa era ao lado de um asilo de velhos e ele conhecia todo
mundo que vivia lá.
Ele gostava da Sra. Silvano que tocava piano.
Ele ouvia as histórias arrepiantes que lhe contava o Sr.
Cervantes.
Ele brincava com o Sr. Valdemar que adorava remar.
Ajudava a Sra. Mandala que andava com uma bengala.
E admirava o Sr. Possante que tinha voz de gigante.
Mas a pessoa que ele mais gostava era a Sra. Antônia Maria
Diniz Cordeiro, porque ela também tinha quatro nomes, como
ele.
Ele a chamava de Dona Antônia e contava-lhe todos os seus
segredos.
Um dia, Guilherme Augusto escutou sua mãe e seu pai
conversando sobre Dona Antônia.
- Coitada da velhinha - disse sua mãe.
- Por que ela é coitada? - perguntou Guilherme Augusto.
- Porque ela perdeu a memória - respondeu seu pai.
- Também, não é para menos - disse sua mãe. - Afinal, ela já
tem noventa e seis anos.
- O que é memória? - perguntou Guilherme Augusto.
Ele vivia fazendo perguntas.
- É algo de que você se lembre - respondeu o pai.
Mas Guilherme Augusto queria saber mais; então, ele procurou
a Sra. Silvano que tocava piano.
- O que é memória? - perguntou.
- Algo quente, meu filho, algo quente.
Ele procurou o Sr. Cervantes que lhe contava histórias
arrepiantes.
- O que é memória? - perguntou.
- Algo bem antigo, meu caro, algo bem antigo.
Ele procurou o Sr. Valdemar que adorava remar.
- O que é memória? - perguntou.
- Algo que o faz chorar, meu menino, algo que o faz chorar.
Ele procurou a Sra. Mandala que andava com uma bengala.
- O que é memória? - perguntou.
- Algo que o faz rir, meu querido, algo que o faz rir.
Ele procurou o Sr. Possante que tinha voz de gigante.
- O que é memória? - perguntou.
- Algo que vale ouro, meu jovem, algo que vale ouro.
Então Guilherme Augusto voltou para casa, para procurar
memórias para Dona Antônia, já que ela havia perdido as suas.
Ele procurou uma antiga caixa de sapatos cheia de conchas,
guardadas há muito tempo, e colocou-as com cuidado numa
cesta.
Ele achou a marionete, que sempre fizera todo mundo rir, e
colocou-a na cesta também.
Ele lembrou-se, com tristeza, da medalha que seu avô lhe tinha
dado e colocou-a delicadamente ao lado das conchas.
Depois achou sua bola de futebol, que para ele valia ouro; por
fim, entrou no galinheiro e pegou um ovo fresquinho, ainda
quente, debaixo da galinha.
Aí, Guilherme Augusto foi visitar Dona Antônia e deu a ela,
uma por uma, cada coisa de sua cesta.
"Que criança adorável que me traz essas coisas maravilhosas",
pensou Dona Antônia.
E então ela começou a se lembrar.
Ela segurou o ovo ainda quente e contou a Guilherme Augusto
sobre um ovinho azul, todo pintado, que havia encontrado uma
vez, dentro de um ninho, no jardim da casa de sua tia.
Ela encostou uma das conchas em seu ouvido e lembrou da vez
que tinha ido à praia de bonde, há muito tempo, e como
sentira calor com suas botas de amarrar.
Ela pegou a medalha e lembrou, com tristeza, de seu irmão
mais velho, que havia ido para guerra e que nunca voltou.
Ela sorriu para a marionete e lembrou da vez em que mostrara
uma para sua irmãzinha, que rira às gargalhadas, com a boca
cheia de mingau.
Ela jogou a bola de futebol para Guilherme Augusto e lembrou
do dia em que se conheceram e de todos os segredos que
haviam compartilhado.
E os dois sorriram e sorriram, pois toda a memória perdida de
Dona Antônia tinha sido encontrada, por um menino que nem
era tão velho assim.
Caminhos e Camadas da IMAGINAÇÃO
Emiliana Wenceslau Almeida

Imaginação

ETIMOLOGIA

- Do Latim, IMAGINARI : formar uma imagem mental de algo.

Derivado de IMAGO : imagem, representação.

Da mesma raiz de IMITARI : copiar, fazer semelhante.1

SIGNIFICADO

- Faculdade de representar objetos pelo pensamento;


- Faculdade de inventar, criar, conceber.2

O QUE É?

- É uma função psicológica;

- Característica de todos os seres humanos;

- Um fenômeno social e singular.

A imaginação é nossa capacidade de formular imagens


mentais, construir cenários /situações hipotéticas e manifestar
nossa memória de diferentes maneiras. Todos os dias, nos
utilizamos dela para as mais diversas funções que realizamos,
pois é ela quem nos permite pensar sobre um objeto sem a
presença dele.

1
https://origemdapalavra.com.br/palavras/imaginacao/
2
https://www.dicio.com.br/imaginacao/
A IMAGINAÇÃO EM VIGOTSKI- pelo olhar de FURTADO (2013)

- Lev Vigotski (1896-1934)

- Psicólogo, principal pensador da Teoria Histórico-Cultural


e referência nas Teorias da Aprendizagem.

- Sua obra ressalta o papel da escola no desenvolvimento


mental das crianças e é uma das mais estudadas pela
pedagogia contemporânea.

Para Vigotski (1930/2009) há uma intrínseca relação entre a


imaginação humana e a realidade.

Isso se dá a partir de três pontos importantes: perejivanie3,


emoção e memória.

Os três pontos estão intimamente ligados entre si, a


compreensão disso nos dará embasamento para entendermos
as relações da imaginação com o desenvolvimento humano e
social e, por fim, com a criatividade e liberdade.

O termo perejivanieestá diretamente relacionado com a


experiência, vivência da pessoa, mas tem como característica
preponderante uma forte marca emocional, ou seja, uma
intensa experiência emocional e singular.

As vivências, na língua russa, não são experiências


indiferentes. Envolvem necessariamente qualidades
emocionais e uma série de sensações e percepções,
implicando que o sujeito é parte do mundo, é influenciado
por este. A vivência é, mesmo na linguagem cotidiana,
processo psicológico implicado no próprio fato de existir
[...]. (TOASSA, 2009, p.61)

Por que perejivanie, emoção e memória estão intimamente


conectados?

3
Perejivanie: experiência emocional.
EMOÇÃO E SENTIMENTO

Segundo Pinto, 2001, a emoção é uma experiência


subjetiva que envolve a pessoa toda, a mente e o corpo. É uma
reação complexa desencadeada por um estímulo externo (do
meio) ou pelo pensamento e envolve reações orgânicas e
sensações pessoais. É uma resposta que envolve diferentes
componentes, nomeadamente uma reação observável, uma
excitação fisiológica, uma interpretação cognitiva e uma
experiência subjetiva.

Para Damásio (2000), o indivíduo experimenta a emoção,


da qual surge um “efeito” interno, o sentimento. Os
sentimentos são gerados por emoções e sentir emoções
significa ter sentimentos. As alterações nas cargas emocionais
determinam as características dos sentimentos. As emoções
podem ser breves no tempo, embora possam gerar
sentimentos que se mantêm durante períodos bastante
extensos.

Os sentimentos podem ser definidos como os estados e as


reações que o corpo humano é capaz de expressar diante dos
acontecimentos que os indivíduos vivenciam. Estas reações ou
estados do corpo humano são coisas comuns a todos os seres
humanos e podem ser manifestados tanto para
acontecimentos recentes quanto para algo que seja revivido
por meio de lembranças ativadas pela memória.4

MEMÓRIA

Memória é a faculdade psíquica através da qual se


consegue reter e (re)lembrar o passado. É um processo
cognitivo que permite a aprendizagem, pois é através dela que
os conhecimentos se consolidam e nos possibilita aprender
coisas novas, aumentando o conhecimento.

4Fonte: Conceito de sentimento


EXPERIÊNCIA EMOCIONAL E IMAGINAÇÃO

A experiência emocional ou perejivanie é aquilo que faz


com que a pessoa “selecione” o que e quais serão as
influências do meio para o seu desenvolvimento, ela é o
“prisma” que refrata “como” e “quais” fatores/afetos irão
influenciar no desenvolvimento da criança e estabelece
novos vínculos entre as coisas. Bem, mas isso não se
refere apenas ao desenvolvimento infantil, pois, a
perejivanie une, de forma irreversível, as características
pessoais e as características da situação vivida, também
no adulto.(FURTADO, 2013)

Há uma relação de dependência da imaginação com a


experiência.

- É da realidade que retiramos os conteúdos que comporão


nossa imaginação.

- As experiências anteriores são fonte à criação.

- As bases neurológicas para o surgimento da imaginação


e da criação é a atividade combinatória do cérebro. Este
órgão dispondo de traços de excitações anteriores,
combina-os de um modo não encontrado na experiência
real. (VIGOTSKI, 1930/2009, p. 23)

IMAGINAÇÃO E REALIDADE

- Há uma relação de dependência da imaginação com a


experiência.

- É da realidade que retiramos os conteúdos que comporão


nossa imaginação.

- As experiências anteriores são fonte à criação.


Vigotski (1930/2009) investiga as bases neurológicas para o
surgimento da imaginação e criação:
A atividade combinatória do cérebro baseia-se, em
última instância, no mesmo processo pelo qual os traços
de excitações anteriores são nele conservados. A
novidade dessa função encontra-se no fato de que,
dispondo dos traços das excitações anteriores, o cérebro
combina-os de um modo não encontrado na experiência
real. (Vigotski, 2009, p. 23)

A imaginação demonstra duas características


fundamentais: compõe com a realidade uma relação tanto de
dependência quanto de distanciamento.

- Dependência: retiramos os conteúdos que comporão


nossa imaginação.
- Distanciamento: capacidade humana de
distanciamento da realidade e de criar algo (uma
imagem que seja) inexistente na realidade – porém
derivada dela.

Ao passo que a imaginação depende da realidade, ela


também tem a capacidade de se afastar dela, constituindo-se,
assim, uma importante forma de conhecimento dessa mesma
realidade.

Brincar da criança: imaginação é o que irá orientar as ações


dela para a realidade.

- Regra Sociais

- Regra Imposta pela Realidade Material

Por outro lado, a atividade imaginária é também aquilo que


liberta do imediatamente dado.

A imaginação é proporcional à experiência, porque, aí está


pressuposto, a quantidade de nossas experiências de vida, ou
seja, quanto mais a pessoa vive, mais terá imagens que
servirão de base para a atividade imaginativa.

Toda experiência é fonte de “matéria prima” para


imaginarmos. Nas palavras do próprio autor:

Quanto mais rica a experiência da pessoa, mais material


está disponível para a imaginação dela.(...) A imaginação
origina-se exatamente desse acúmulo de experiência.
(VIGOTSKI, 1930/2009 p. 22)

Por outro lado, a imaginação é também base para a


experiência. De acordo com Vigotski (1930/2011), ela não está
atrelada apenas às situações que a própria pessoa vivenciou,
mas à capacidade de somar às suas experiências, as dos outros.
Esta soma, então, cria uma nova série de combinações,
totalmente nova à pessoa que se apropriou da experiência do
outro.

IMAGEM E AFETO

- Gerar imagens é atividade inerente da psique humana.

- Estas imagens não estão diretamente relacionadas com


a experiência visual, mas com os afetos que sofre o
corpo, tudo aquilo que somos capazes de sentir.

- O afeto é a disposição de alguém por alguma coisa, seja


positiva ou negativa 5.

- É a partir do afeto construído que se demonstram


emoções ou sentimentos. Pode se ter afeto por algo, uma
pessoa, um objeto, uma ideia, ou um lugar.

- A origem da palavra é latina, affectus, que significa


disposição, estar inclinado a.

- A raiz vem de afficere, que corresponde a afetar e


significa fazer algo a alguém, influir sobre.

- O afeto é um agente modificador do comportamento.


Influencia diretamente na forma como pensamos sobre
algo. Qualquer coisa com a qual uma pessoa se depara, vai
existir um afeto envolvido, seja negativo ou positivo. No
caso da neutralidade, de algo desconhecido, o afeto passa
a ser construído desde o primeiro contato. E vai alterar a
forma como a pessoa interage com aquilo.

- O afeto tem relação com situações passadas, com


experiências vividas em relação a pessoas, objetos ou
ambientes no passado.

5
Fonte: Significados/afetos
- O afeto marca cada nova etapa do desenvolvimento da
criança.

- Ele tem um lugar, uma função: organizar, orientar,


transformar a atividade, o comportamento e a
personalidade.

A relação da perejivanie com a imaginação não é a


questão da experiência em si, mas sim a relação com os afetos,
uma vez que ela processa a dinâmica entre emoção e
cognição, assim como, imaginação e criatividade.

Referência Bibliográfica:

DAMÁSIO, António, (2000). O Erro de Descartes – Emoção,


Razão e Cérebro Humano. 21ª ed.,Lisboa, Publicações Europa
América. Disponível em: http://repositorioaberto.univ-
ab.pt/bitstream/10400.2/1529/1/Diserta%C3%A7%C3%A3o%20M
aria%20Jo%C3%A3o%20Rosa%20Silva.pdf. Acesso em 19 de
maio de 2011.

DAMÁSIO, Antônio. O Sentimento de Si, Tradução de M. F. M


revista pelo autor Europa-América, 2000.

FURTADO, Vanessa Clementino. Estudos sobre Imaginação e


Criação: contribuições de Lev Semenovich Vigotski e Cornelius
Castoriadis. Dissertação de Mestrado da Pontifícia Universidade
Católica. São Paulo, 2013.

PINTO, Amâncio da Costa, (2001). Psicologia Geral. n.a., Lisboa,


Universidade Aberta. Disponível
em: http://repositorioaberto.univ-
ab.pt/bitstream/10400.2/1529/1/Diserta
%C3%A7%C3%A3o%20Maria%20Jo%C3%A3o%20Rosa%20Silva.p
df. Acesso em 19 de maio de 2011.

Toassa, G. Conceito de liberdade em Vigotski. In: Revista


Psicologia Ciência e Profissão, 2004.
________. Emoções e vivências em Vigotski: investigação para
uma perspectiva histórico-cultural. Tese de Doutorado.
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. São Paulo:
2009.

Vigotski, L. S. Imaginação e criação na infância. São Paulo:


Ática, 1930/2009.

____________. La imaginación y el arte en La infancia. Madri:


Ediciones Akal, 1930/2011.

Referência de Site:

https://origemdapalavra.com.br/palavras/imaginacao/

https://www.dicio.com.br/imaginacao/

https://psicologado.com.br/psicologia-geral/introducao/as-
emocoes

https://conceito.de/sentimento

https://www.significados.com.br/sentimentos/

https://conceito.de/memoria

https://www.significados.com.br/afeto
Do papel para a realidade: demonstração de técnicas
para contação de histórias

Paula Ibañez

Quando pensamos em contar uma história, uma das


primeiras coisas que nos vem à mente é : “vou pegar o livro e
ler!”. Contudo, não nos damos conta que nos formamos, que
nos instituímos como seres pensantes, com opiniões, com
valores éticos e estéticos a partir de histórias que recebemos,
que nos foram contadas. Todos nós, em maior ou menor
escala, escutamos de nossas avós, mães, tias e vizinhas
histórias de suas vidas, outras que lhes foram passadas, e
desta mesma forma faremos com os que nos sucederão.

Contar histórias, acredito eu, é uma forma de


perpetuarmos o que somos, o que acreditamos.

Ah, mas e os contos de fadas? E os mitos? E as narrativas


lúdicas que permeiam e se concretizam nos livros que lemos?
– vocês podem e devem me perguntar. Continuam sendo, a
meu ver, formas de permanência daquilo que somos, ou
daquilo que outros foram.

Eliade (1963) nos aponta que a leitura que os novos


estudiosos têm sobre a reverberação dos mitos na vida vai
por este caminho que, intuitiva e corajosamente, defendo. Ele
nos diz:

Há mais de meio século, os especialistas ocidentais


situavam o estudo do mito numa perspectiva que contrasta
sensivelmente com a do séc. XIX. Em vez de, como seus
antecessores, tratarem o mito na acepção usual do termo,
ou seja, enquanto “ fábula”, “invenção”, “ ficção”, aceitaram-
no tal e como ele era entendido nas sociedades arcaicas, nas
quais, pelo contrário, o mito designa uma “ história
verdadeira” (...) no sentido em que ele fornece modelos para
o comportamento humano e, por isso mesmo, confere
significado e valor à existência. ( Eliade, 1963, p. 9-10).

Sendo assim, quando contamos uma história, não


estamos somente narrando algo que lemos, estamos nos
refazendo à medida que contribuímos para a construção e
alicerçamento do outro. Portanto não basta simplesmente ler
um livro, ainda que seja imprescindível que isso aconteça, é
sumamente importante, essencial que eu seja tocado por
aquilo que também recebo. Quando conto, não conto somente
para o outro, conto para mim também; quando toco, estou
tocado; quando encanto, estou encantado.

Partindo desta premissa, voltemos o nosso olhar para as


formas que estas permanências têm sido transmitidas: teatro,
objetos, música, literatura, esculturas, pinturas, rituais etc.
Então agora eu lhes pergunto: por que só abriremos o livro e
leremos quando podemos, apoiando-nos em tanto quanto já foi
feito, criar um universo a partir de uma história?

Olharemos aqui para algumas formas simples que podem


auxiliar-nos neste processo de encantamento, e falo agora de
técnicas. Existem muitas! Tantas quanto a imaginação e o
encantamento de vocês permitirem.

Bonecos6: aqui podemos incluir o teatro de sombras, fantoches,


mamulengos e manipulação de objetos.

Muitas vezes, quando pensamos em utilizar bonecos em uma


contação de história, nos tolhemos por acreditar que devemos
ser profissionais da área, contudo penso que se nossa entrega

6
Fontes das imagens: https://www.fitofestival.com.br/galeria/belo-horizonte-2009
https://www.museudamarioneta.pt/pt/evento/especial-
sombras/http://revista.algomais.com/cultura/lancamento-do-catalogo-do-
mamulengo-pernambucano-em-olinda
for inteira para com o objeto que escolhemos trabalhar,
descobriremos muitas possibilidades expressivas, inclusive
aumentando o nosso desejo de aprimorar-nos e conhecer mais.
Se confiamos no que sabemos, abrimos possibilidades para o
que ainda desconhecemos!

Seguem alguns links com vídeos inspiradores. Em alguns deles,


os manipuladores são profissionais, não se assustem por não
ter a destreza que eles têm, mas inspirem-se na forma como
recriam os materiais disponíveis. Em outros, nos é mostrado
como algo simples e nem tão bem acabado assim, pode ser
também extremamente poético.

TAMTAM Objektentheatre – www.tamtamtheatre.nl


https://www.youtube.com/watch?time_continue=44&v=2vDzDl
OWPXM&feature=emb_logo
La Pequeña Oruga Glotona - Teatro de Sombras
https://www.youtube.com/watch?time_continue=5&v=wFWcqD
_5frI&feature=emb_logo
Sombra com mãos
https://www.youtube.com/watch?time_continue=183&v=BfHsu
pOcHJ0&feature=emb_logo

Música7: refiro-me aqui desde a canções cantadas a


sonorizações que podem ser feitas com diferentes objetos.
Tudo é música! Os sons estão em todos os lugares, em nós.

Podemos explorar esses lugares e deixar-nos ser música.


Cantem, toquem, divirtam-se cos as possibilidades sonoras que

7 Fonte imagens: https://www.pexels.com/pt-br


o mundo nos dá: panelas, tampas, colheres, bolinhas de gude,
folhas secas, água!

Tudo é som! Tudo é música!

Para inspirar, um vídeo produzido por alunos de ensino


fundamental – anos finais de uma escola estadual do Ceará.

https://www.youtube.com/watch?v=9zLKp_r4mus&feature=emb
_logo

Ilustrações: uma história pode ser desenhada enquanto é


contada, ou ilustrada com imagens que formarão, ao longo do
caminho, o panorama visual do que foi narrado. Não é
necessário ser desenhista, mas conseguir sintetizar em linhas
ainda que simples, a essência do que está sendo contado.

Presença dos personagens: a história deixa de ser narrada em 3ª


pessoa e passa a ser narrada por aquele que a vive a partir de
pequenos elementos que o contador assume como
representativo de uma ou outra personagem (um chapéu, um
lenço, um objeto). Estes elementos tornam-se signos e serão
reconhecidos como as personagens que representam ao longo
da narração. Brinquem de ser aquele ou aquilo que contam,
isso faz com que a história se torne de vocês.

Aqui explicitei algumas possibilidades, mas como disse,


existem muitas formas de contar uma história, tantas quanto
a imaginação de vocês permitir. Arrisquem-se e reencontrem
com o mais sagrado de vocês: a criança leve e livre que um dia
foram.

É claro que é necessário preparação para uma contação


de histórias que integre estes diferentes elementos; é preciso
ter atenção à preparação do ambiente, à escolha correta dos
materiais e elementos, e em muitos casos, será necessário
confeccioná-los.

Ainda assim, é importante considerar o encantamento e


potência contida em uma história quando formos contar para
alguém. Não basta simplesmente ler, é preciso apreendê-la,
entender seus conflitos, suas essências. Quando olhamos para
uma história com a devida e merecida atenção, permitimos
que ela nos adentre. A partir deste encontro real entre
contador e história, onde o encantamento nasce, não
importam mais as vírgulas, as expressões exatas ou a leitura
ipsis litteris do livro, pois neste encontro a história se torna
viva, real e passa a desempenhar seu verdadeiro papel: fazer-
nos e refazer-nos.

Bibliografia indicada:

ELIADE, Mircea. Aspectos do mito. Tradução de Manuela Torres.


Edições 70, Lisboa, Portugal, 1963.

CHALITA, Gabriel. Pedagogia do Amor, "A contribuição das histórias


universais para a formação de valores da nova geração". São Paulo:
Gente. 2003.

GIRARDELLO, Gilka. Voz, presença e imaginação: a narração de


histórias e as crianças pequenas. Disponível
em:http://botucatu.sp.gov.br/Eventos/2007/contHistorias/artigo
s/aNarracao.pdf

FRITZEN, Celdon; CABRAL, Gladir (Org.). Infância:


imaginação e educação em debate. Campinas, SP: Papirus, 2007.

GIRARDELLO, Gilka. Uma clareira no bosque: contar histórias


na escola. Campinas, SP: Papirus, 2014.
Corpo que brinca e voz que canta

Paula Ibañez

Nosso corpo é muito mais que nossa pele, ossos, cadeias


musculares, sangue, órgãos... nosso corpo é voz! E quando
cantamos com todo ele, em algum lugar do universo uma
estrela brilha mais forte. Acredito nisso, verdadeiramente.

Pensamos, ao cantar, em emitir sons que são produzidos


em nossas pregas vocais, mas na realidade, ao cantarmos
criamos ondas vibracionais que envolvem todo o corpo e
transformam o nosso entorno.

Nosso corpo canta, nossa voz dança... nosso corpo dança,


nossa voz canta, em uma sem fim de uma perfeita sintonia. Ao
cantarmos, regalamos, acariciamos o outro. Damos afeto,
alegria, acolhimento.

A proposta desta oficina é de proporcionar um lugar de


festejo no corpo, de festa íntima que se expande no espaço.

Começaremos acordando nosso corpo, e faremos isso da


melhor maneira possível: cantando e dançando!

Em roda, cantaremos uma brincadeira cantada para que


cada um possa se apresentar com voz e gestos ao outro. A
brincadeira cantada escolhida é “ como é que sua mãe lava a
saia?”. As brincadeiras cantadas, em geral, tem uma voz que
guia, que puxa o canto, enquanto as outras vozes respondem
em coro à voz guia.

Neste caso, ao ser nomeada, a pessoa se torna guia para


a segunda parte da música.
A canção diz assim8:

Voz guia - Ô ( nome da pessoa) me diz como é,

Como é que a sua mãe lava a saia!

Coro – Ô ( nome da pessoa) me diz como é,

Como é que a sua mãe lava a saia

Pessoa nomeada – É assim, é assim, é assim

É assim que minha mãe lava a saia


(fazendo um gesto ou movimento com o
corpo)

Coro – É assim, é assim, é assim

É assim que tua mãe lava a saia

(repetindo o gesto ou movimento proposto)

Este ciclo se repetirá até todos os participantes terem se


apresentado.

Através desta simples brincadeira, os participantes


soltam suas tensões, começam a gerar afetos entre si e
começam a sorrir, possibilitando um estar mais agradável e
livre, propício para a construção criativa e imaginativa.

Na sequência, trabalhamos com o contato. Todos são


convidados a caminhar pela sala, olhando nos olhos de seus
companheiros, agora mais soltos e estabelecer uma relação a
partir do olhar.

Após alguns minutos caminhando e estabelecendo


contato visual, os participantes pensam em um gesto para

Existe uma outra versão desta música, que é cantada no mesmo ritmo e
8

melodia, mas diz: Ô, (nome da pessoa) na beira da praia, como é que tua
mãe lava saia. È assim, é assim, é assim, é assim que minha mãe lava saia.
oferecer para o outro. Ao receber, o companheiro retribui
também com um gesto. Podem ser gestos singelos, como um
sorriso, uma leve inclinação de cabeça ou um acenar de dedos
ou gestos grandes, como um salto, um abraço apertado, um
giro. Deixem que seus corpos respondam aos estímulos, não se
preocupem em pensar o que fazer, simplesmente façam!
Nossos corpos sabem tanto mais que nossas mentes!

Acreditem e deem-se esta liberdade.

Entraremos agora em algumas brincadeiras provenientes


da brincadeira popular, e neste caso brincaremos e cantaremos
cacuriá.

O cacuriá é uma brincadeira popular, proveniente do


Maranhão, onde homens e mulheres dançam em pares, sempre
a partir de movimentos circulares do quadril. Para ver e saber
um pouco de cacuriá, podem acessar o seguinte link:

https://www.geledes.org.br/cacuria/

https://brasilescola.uol.com.br/educacao-fisica/cacuria.htm

A primeira música com a qual trabalhamos foi “Varre


Sinhá”, do grupo Pé no Terreiro e disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=4otQRQ-kX2U

O canto segue o mesmo padrão do proposto


anteriormente, uma voz que guia e o coro que responde.

Esta letra diz assim:

Voz guia - Minha vassoura não sei onde está

Deixei no terreiro, te mandei buscar.


Coro - Minha vassoura não sei onde está

Deixei no terreiro, te mandei buscar.

Voz guia- Pega a vassoura, sinhá

Coro - E varre o terreiro pro cacuriá

Nesta primeira brincadeira, soltamos a cintura pélvica, o


quadril. Todos os participantes foram convidados a se
locomoverem pelo espaço dançando a partir do quadril, em
fazendo pequenos círculos, cantando e brincando com o outro.
Em alguns momentos, a voz que guia dava algumas consignas
que deveriam ser seguidas, como por exemplo, cantar e dançar
como um velho, como um cachorro, como um gato, como uma
criança. A brincadeira então se potencializa a partir do
momento que faz aflorar a expressividade corporal, gestual e
vocal que acompanham as execuções de tais consignas.

Chegou o momento de soltar e trabalhar com a cintura


escapular, de abrir nossas asas e nossos chakras cardíacos,
para que a sensibilidade nos toque e se multiplique.

Continuamos trabalhando com o cacuriá, mas agora a


música é “Beija-flor”, do grupo Pé no Terreiro, que pode ser
acessada aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=q8Y_3Vg9YZU

A letra diz:

Beija – flor voou, sentou na flor, beijou a flor e depois voou,


e depois voou, e depois voou, e depois voou, e depois voou.
Nesta brincadeira também são dadas consignas par que
os participantes explorem suas potencialidades expressivas, em
solo ou em jogo com o outro.

É importante pensarmos em deixar todo o nosso corpo


disposto para a brincadeira, e por isso precisamos trabalhá-lo
integralmente, alinhando nossa coluna e abrindo espaços entre
nossas vértebras. Trabalhar a partir das cinturas pélvica e
escapular, juntamente com o canto, é uma possibilidade
bastante gratificante de alcançar estes lugares.

Ao levarmos esta experiência para a sala de aula, nos


surpreenderemos ao perceber quão livres as crianças são e
quão soltos são seus corpos, suas cinturas, suas vozes. É
importante a manutenção desta liberdade da brincadeira, do
canto e do jogo para que, quando crescidos, possamos ainda
ser leves e abertos às encantações que a imaginação nos
proporciona.
Sons que Encantam, Sons que Criam

Lia Reis Arruda

1 - Respiração Consciente

2 - Presença – Aqui e Agora

3 - Atenção, Concentração e Intenção

4 - Escuta/ Percepção

5 - Ritmo

6 - Pilares dos Sons

“O homem carrega dentro de si seu instrumento –


a VOZ. Assim, todos nós nos tornamos
instrumento e instrumentistas” - Um Canto
Apaixonante, pág.36, Nelson Mathias – DF.

Respiração

A respiração é um elemento poderoso e vital para nossa


prática vocal e, naturalmente, para a nossa qualidade de vida.

A respiração é a ponte que conecta a mente e o corpo.


Trazemos através da nossa respiração o estado de Presença, de
Consciência...de Aqui e Agora.

Todas as técnicas de meditações, terapêuticas, artísticas e


esportivas dão sua devida ênfase à respiração, tamanha sua
importância ao nosso sistema físico-mental-espiritual.

Nas tradições orientais, fala-se de Prana (na Índia), ou Ki,


Chi, Qi (no Japão), energia vital inteligente que sustenta todo o
Universo.

Através, de técnicas de atenção à respiração, podemos


aumentar nossa energia, fazê-la circular liberando zonas de
bloqueios, e também, purificar nosso sistema.
Exercício:

• Feche os olhos, sente-se com a coluna ereta levando os


ombros sutilmente para trás. Abrindo suavemente a
região peitoral.
• Solte um pouco a região do pescoço.
• Internalize seus sentidos, de forma que a percepção do
seu interior ganhe mais atenção do que o externo.
• Traga a sua atenção à região da entrada do ar nas
narinas, sentido o toque sutil do ar ao entrar e ao sair
por elas.
• Relaxe o seu abdômen, a região do baixo ventre e deixe
uma inspiração lenta e profunda chegar até lá embaixo.
Sentindo a conexão da base da sua coluna com a Terra.
• Conduza sua mente, inspirando, descendo e varrendo seu
corpo, buscando zonas de bloqueios e tensão.
• Ao expirar, conduza sua mente, subindo, relaxando a
musculatura e liberando tensões.
• Repita essa respiração várias vezes e vá observando as
diversas mudanças no seu estado interno.

Quando falamos de respiração consciente, precisamos


entender as 3 fases da respiração.

A primeira é a respiração peitoral, que corresponde à 10%


da capacidade pulmonar, e por isso, é considerada uma
respiração superficial. Ao respirarmos somente na capacidade
mínima de nossos pulmões, vamos deixando nosso corpo
desvitalizado e tenso, o que gera também emoções e
pensamentos desqualificados. O corpo, com essa respiração
curta, fica com pouco Prana (energia) e desvitalizado,
tornando-se vulnerável às perturbações mentais, emocionais e
doenças físicas.

O nosso sistema de canais sutis onde ocorre o fluxo de


Prana (o corpo vital) nos protege dos diversos tipos de doenças.

Hatha Yoga Pradipiká: “Quando há prana no corpo, isso é


chamado vida; quando ele o deixa resulta na morte”

A segunda fase é a respiração intercostal, que corresponde


à 30% da capacidade pulmonar. Esta acontece naturalmente
quando abrimos um grande bocejo. Poucas pessoas têm
consciência corporal para usar conscientemente essa
respiração. Mas com um pouco de treino é possível dominá-la.

A terceira é a respiração diafragmática ou abdominal, que


corresponde à 60% da capacidade pulmonar. É a respiração que
os bebês fazem e que naturalmente o corpo faz quando está
num estado de relaxamento. Onde, deitados, percebe-se a
região abdominal em movimento para cima e para baixo.

Através da respiração podemos perceber os estados


psicológicos. Uma respiração curta, alta e superficial denota
estados de insegurança, nervosismo e instabilidade emocional.
A respiração média, intercostal demonstra estado de segurança
e alto-valor. E a respiração baixa, abdominal significa estados
de paz e tranquilidade.

Respiração Completa – a respiração completa é quando se


utiliza a capacidade máxima pulmonar. Ao inspirar
preenchendo a base dos pulmões, a região dos intercostais e a
torácica, respectivamente respiração baixa, média e alta. E ao
expirar, procurando esvaziar completamente os pulmões,
eliminando o ar residual com as toxinas. A respiração é um
mecanismo de purificação do nosso sistema.

Muitas vezes, a mente está agitada e o corpo está tenso


porque a respiração está superficial, o corpo precisa de
oxigênio e prana. Ao voltarmos a respirar completa e
profundamente vamos percebendo as mudanças no corpo e na
mente. Ao fazer isso todo dia, por um tempo, percebe-se maior
clareza mental, surgimento de idéias, inspirações e novas
perspectivas que antes não víamos. Portanto, tome seu tempo
e, Inspire-se!!! Silencie, Medite!!!

Presença - Aqui e Agora

Ao praticarmos alguns ciclos de respirações, aquietamos


nosso corpo físico e mental e alcançamos um estado de
Presença, uma capacidade de estarmos inteiros neste Presente,
aqui e agora.
Nesse estado de Presença:

• Inspiramos profundo, trazendo o ar dos planos sutis e


ancorando no nosso corpo físico (Fluxo de
materialização). Entramos em com’tato’ com a Mãe
Terra, a matéria, o pulso (batida), o peso, a firmeza (o
ancoramento no corpo físico) ... o Tempo Forte da música.
• Expiramos profundo, liberando o ar do corpo, da matéria,
em direção ao céu, ao sutil (Fluxo de Liberação).
Entramos em contato com a leveza, o sopro, o ar; com o
fluxo ininterrupto dos ventos-pensamentos, idéias...o
Tempo Fraco da música.

Nesse movimento sem fim entramos em contato com os


ciclos, com os ritmos da vida...tudo está em movimento:

Terra...Céu...Vida...Morte...Inspira...Expira...Concentra...Expande..
.Contrai...Relaxa...Forte...Fraco...Sol...Lua...Dias...Noites...

Vamos nos tornando conscientes da necessidade de


estarmos conectados com os dois fluxos: de liberação e de
materialização (céu e terra).

Quando não somos capazes de sustentar essa conexão


(céu-terra), somos propensos a nos desconectar do nosso corpo
e do fluxo de materialização. Às vezes como forma de refúgio,
imaginando que “acima” é muito melhor...Ficamos no plano das
idéias e temos dificuldades de materializar as ideias no plano
físico. Mas é importante lembrar-nos que essa viagem foi
escolhida por nós, uma viagem com o corpo!

Escuta/Percepção - “Tudo começa no ouvido”

“Para os chineses, o olho foi sempre um sentido yang:


viril, agressivo, dominante, perspicaz, observador
superficial, desagregador. E o ouvido um sentido Yin:
feminino, receptivo, auxiliador, intuitivo e espiritual,
penetrante no interior, percebendo ‘o todo’ como
identidade”. M.S.Lourenço. Nada Brahma
Segundo Lourenço, uma nova consciência está surgindo,
uma consciência de seres ouvintes.

Em nossa cultura existe um apelo ao visual muito intenso


e pouca importância à escuta, à apreciação musical e menos
ainda aos estados mentais silenciosos.

A visão analisa, decompõe em partes. (...) A visão, o olho de


águia, um paralelo com o homem ocidental, a capacidade de
ver o mundo inteiro como uma presa. Um ideal bonito, mas
agressivo e perigoso para os dias de hoje.
O símbolo do ouvido é a concha, que também é o símbolo
sexual feminino, de acolhimento, de concepção. Não se
analisa o mundo, mas se “percebe” como realidade. (...) A
audição...a decadência do sentido do ouvir está junto ao
afastamento do homem ocidental de Deus. M. S. Lourenço –
Nada Brahma
O Lado direito do corpo está relacionado com a energia
masculina (Solar).

O Lado esquerdo do corpo está relacionado com a energia


feminina (Lunar).

Essas duas energias se cruzam...sendo assim: no


hemisfério direito do cérebro temos a energia (Yin) Lunar. E no
hemisfério esquerdo do cérebro temos a energia (Yang) Solar.
(veja quadro anexado)

Assim afirmam especialistas. Por que a voz de algumas


pessoas é afinada e a de outras não?

O segredo da voz afinada está no cérebro e não nas


pregas vocais (antigamente chamadas de cordas vocais).

Um cantor é afinado quando consegue reproduzir


perfeitamente o som musical que acabou de ouvir. Portanto,
tudo começa no ouvido. O som de uma nota musical, por
exemplo, passa pela orelha e é transformado em estímulo
nervoso, que vai para a região do cérebro responsável pela
audição. Depois de analisado, esse impulso passa para a parte
que comanda a fala (hemisfério esquerdo) e a musicalidade
(hemisfério direito). Essas regiões do cérebro mandam o
impulso nervoso para as pregas vocais informando quantas
vezes elas devem vibrar por segundo, determinando o tipo de
som que vai ser emitido. "Algumas pessoas nascem
naturalmente afinadas enquanto outros têm maior dificuldade
para perceber o tom ouvido e repeti-lo de forma similar", diz a
otorrinolaringologista Mara Behlau, do Centro de Estudos da
Voz, em São Paulo. "Mas o treinamento pode tornar qualquer
um afinado, com raríssimas exceções", garante Mara. O Som
Parte do ouvido para a região do cérebro; esse comanda a
audição de onde partem impulsos nervosos até área da fala
onde é retransmitida a mensagem para as pregas vocais
produzindo as vibrações dando origem à voz9.

9
FONTE: Revista Superinteressante, nº 111 – Dez/1996.
Atenção, Concentração e Intenção

Atenção e Concentração podem parecer a mesma coisa.


Mas existe uma diferença entre elas.

• O estado de concentração é uma atenção num foco único


e específico, mergulhando profundamente naquela
questão, evento ou objeto, e portanto, não registrando o
que acontece no entorno.
• O estado de atenção é mais abrangente, é um estado de
abertura e de expansão onde a mente está alerta e inclui
e percebe tudo o que acontece no entorno.

Tente identificar essa diferença nos dois exemplos:

• Resolução de uma questão de matemática, com tempo


determinado. Atento ou concentrado?
• Estar à frente numa sala de aula com 30 crianças?
Atento ou concentrado?

Na música em grupo, trabalhamos a capacidade de


estarmos concentrados no nosso próprio som, mas também
estamos atentos e alerta ao que ocorre com o grupo. A
Presença Dentro e Fora...Concentração e Atenção.

Um outro aspecto é a Intenção

1. aquilo que se pretende fazer; propósito, plano, ideia.

2. aquilo que se procura alcançar, conscientemente ou não;


propósito, desejo, intento.

A energia segue a intenção, e consequentemente, tende a


crescer e a se desenvolver.

Quem canta seus males espanta!!!

Ritmo

Tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem suas marés; tudo sobe e
desce; tudo se manifesta por oscilações compensadas; a
medida do movimento à direita é a medida do movimento à
esquerda; o ritmo é a compensação. – in: Princípio do Ritmo
- 5ª Lei Hermética.
Ritmo (do grego rhuthmós - movimento regular) designa aquilo
que flui, que se move, movimento regulado.

Tudo é rítmico: as estações do ano, os ciclos da lua, os ritmos


das marés, o ritmo de um dia, os ciclos da vida. A respiração,
as batidas do coração, as formas de andar e de falar...tudo tem
um ritmo.

Dia/Noite

Terra/Céu

Inspira/Expira

Materializa/Dissolve

Forte/Fraco

O ritmo é movimento. Dance conforme a música!!!

Ritmo

Unidade de tempo (pulso) – subdivisões pares

TA (Tempo primordial)

TA KA (2 subd. De tempo)

TA KA DI MI (4 subd. De tempo)

TA KA DI MI TA KA DI MI (8 subd. De tempo)

Unidade de tempo (pulso) – subdivisões ímpares

TA (1 tempo)

TA KI TE (3 tempos)

TA KI TE TA KI TE ( 6 tempos)
Unidade de tempo (pulso)

TA

TA KA

TA KI TE

TA KA DI MI

TA KI TE TA KI TE

TA KA DI MI TA KA DI MI

A prática dos exercícios rítmicos desenvolve a precisão, a


atenção, e a percepção.

• Aprimora os movimentos corporais.


• Ativa percepções como duração: início, meio e fim.
Ajudando no ajuste de ciclos de inícios e términos das
atividades diárias.
• O ritmo ajuda na organização diária ...a hora de brincar
(ritmos espontâneos), a hora de estudar, praticar, treinar
(ritmo de condicionamento predeterminado), a hora de
dormir, ou de comer (ritmo biológico).
• Através dos diferentes ritmos podemos vivenciar o
movimento, e descobrir em nosso próprio corpo novas
possiblidades de movimentos. Desenvolvendo a
criatividade, e a expressão pessoal. Coordenação, soltura
e espontaneidade.

É importante saber que cada pessoa tem seu próprio


ritmo...e que temos ritmos diferentes para diversas atividades
ou assuntos. Em alguns momentos devemos estar no ritmo de
um determinado grupo, por exemplo ao fazer uma música, ou
qualquer outra atividade em grupo. Mas que também devemos
nos respeitar e dar o tempo necessário para estarmos no nosso
próprio ritmo.
Músicas de conexão com a Terra:

Oreru Nhamandú Tupã Oreru


(Nossos Pais São o Sol e o Trovão)

Oreru Nhamandú Tupã Oreru


Oreru Nhamandú Tupã Oreru
Nhamandú Tupã Oreru.

Disco: Ñande Reko Arandu ''Memória Viva Guarani'' Texto do


disco: "Este álbum resgata a cultura do povo Guarani com o
cântico das crianças evocando o espírito ancestral em cada um
de nós e, deixando claro a importância dos cânticos em cada
situação de nossa existência".
https://www.youtube.com/watch?v=dqmUjDTORUk

Nhanerãmoi'i Karai Poty


"Altar na Casa de Reza Vamos nos fortalecer,
Karai Poty Porta-voz da nossa tradição Porta-voz da nossa
tradição
Mbaraka na Casa de Reza Vamos nos fortalecer,
https://www.youtube.com/watch?v=MoK_Xb2X6GQ

Pilares dos Sons


Estímulos sonoros (físico) que produzem determinados
efeitos na mente, ou estados mentais específicos

Vogais:

A – expansão, abertura.

I – Elevação, externalização.

U – internalização,
aprofundamento, recolhimento.

Altura: relacionada à altura na


nota (notas graves/ notas agudas)
Notas agudas: direcionam a
mente para fora e para cima.

Notas graves: direcionam a


mente para dentro e para baixo.

Velocidade:

Velocidade rápida: direciona


a mente para fora e para
cima.

Velocidade lenta: para baixo


e para dentro.

Volume:

Volume alto: direciona para fora e para


cima.

Volume baixo: direciona para dentro e


para baixo.
Direção do Movimento:

Mov. Ascendente: das notas graves


para as notas agudas – direciona o
estado da mente para fora e para
cima.

MOv. Descendente: das notas agudas


para as notas graves – direciona o
estado da mente para dentro e para
baixo.

Para Finalizar:

O estudo dos sons nos permite experimentar a sonoridade


com liberdade, vivenciando seus efeitos no corpo/mente num
profundo mergulho de auto-observação. Aprimorando nossa
escuta interna podemos identificar diferentes percepções de
estados mentais, emocionais, energéticos e corporais.

Experienciando e explorando os sons em nossos próprios


corpos podemos, à partir de nossa prática pessoal, ir nos
sensibilizando e registrando as respostas pessoais à diversidade
de estímulos sonoros.

Tocando, sendo tocadas e se encantando com os


diferentes sons podemos, a partir dessa experiência interna,
manifestar um amplo repertório de sonoridades em nossas
encantações.
Bibliografia:

BORELLA, Ana; DE ROSE, André; BARBOSA, Carlos Eduardo G.;


TACCOLINI, Marcos. O Livro de Ouro do Yoga. Rio de Janeiro:
Ediouro, 2007.

M.S., Lourenço. NADA BRAHMA. Editora Assirio & Alvim.

La Voz Sanadora (Introducción al SoundTouch - el arte del


toque sonoro)

Apostila de Formação em Sound Touch – Argentina

Apostila de Instrutores de Nada Yoga – Yoga do Som 2020


Sobre as facilitadoras

Emiliana Wenceslau Almeida


é mestranda em Educação
pela Unicamp, graduada em
Dança pela mesma
universidade e pesquisa a
Infância por meio da Arte,
da Educação e da Cultura.
Desenvolve processos de
formação docente nas
escolas e ministra cursos e palestras em espaços de formação
de educadores. Atuou como educadora, coordenadora e
atelierista na escola Thema Educando Campinas-SP, estuda a
abordagem de Reggio Emilia - Itália em cursos de
aprofundamento no Brasil e no Peru, está em formação na
Abordagem Pikler pela Rede Pikler França-Brasil.

Contatos:

o EMAIL: emilianawalmeida@gmail.com

o INSTAGRAM: @EMILIANAWENCESLAU

@ATELIE_EMI

o FACEBOOK: EMILIANA WENCESLAU ALMEIDA

ATELIEEMI
Lia Reis Arruda

Atualmente sou professora de Yoga,


facilitando práticas de Yoga no Clube de
Campo – Piracicaba e na Casa Viva.

Sou Criadora do Amor Integral, uma


proposta de elaboração do alimento de
forma mais consciente, com atenção na
Presença. Produzo e comercializo pães
integrais e outros produtos integrais e
veganos. Facilito vivências de preparo de
alimentos com Amor e Consciência.

Sou Formada em Música – Licenciatura, pela Unimep. Estudei


Canto Popular no Conservatório de Tatuí.

E por toda minha vida sempre estive em grupos vocais, corais,


coros cênicos, bandas e projetos musicais.

Assuntos relacionados à saúde, qualidade de vida, nutrição


saudável, filosofias de vida, meditação, e todas essas linhas de
pensamento consideradas ‘alternativas’, “Naturebas” e
holísticas me interessaram muito, desde cedo.

Também, desde cedo, fui influenciada pelas boas músicas que


meu avô tocava e pelas músicas que meus pais ouviam...A
música, a arte, a criação e a magia sempre foi uma paixão.

Depois de fazer muitos cursos, vivências e formações na área


da Pedagogia Musical, agora me dedico aos estudos das
filosofias orientais e autoconhecimento. Buscando unificar e
estruturar esses caminhos em um caminho de busca e
autoconhecimento pelo sOM.

Esse ano de 2020 estive em uma Formação em Instrutores de


Nada Yoga – Yoga do Som, com o Mestre Marcelo Aquino, da
Argentina.

Também tenho Formação em SoundTouch – A Arte do Toque


Sonoro, Terapia de Cura pelo Som, com Karina Quiroga, na
Argentina.
Sou Iniciada em Reiki I e II. E tenho Formação em Florais de
Bach e outras terapias energéticas.

Contatos:

o EMAIL: cem_lia@hotmail.com

o INSTAGRAM: @lia.reis.arruda

o FACEBOOK: Lia Reis Arruda

o WHATSAPP: (19) 991998343


Paula Ibañez é mãe e
apaixonada pelo universo das
construções dos saberes.

É doutora em Teatro, Dança e


Performance pela Unicamp,
bacharel em Artes Cênicas e
licenciada em Artes Visuais.

Atuou como docente no Senac


– Piracicaba no curso técnico
de teatro, é professora de arte
e música no Colégio Épico e
Pequenos Corações e
atualmente colabora na escola infantil Cirandarte, onde
desenvolve vivências de expressão corporal e musicalização
com as crianças.

Durante 10 anos morou na Espanha, onde aprofundou-se em seus


estudos teatrais e entre 2010 e 2011 morou na Índia, onde se
aprofundou no estudo do Kalarippayatt e formas de dança indiana (
Bharat Natyam e Kathakali).

Como pesquisadora, se interessa pelo campo das poéticas da cena,


buscando pontes entre as artes do oriente, tradições populares e o
fazer cênico contemporâneo. Pesquisa o Kalarippayatt (arte marcial
indiana) desde 2007 e suas possibilidades como treinamento pré-
expressivo para o intérprete.

Participou de workshops e Masters in Residence com os atores da


Casa Talcahuano ( Argentina), Eugenio Barba ( Odin Theatre), Julia
Varley ( Odin Theatre), Thomas Richards ( Workcenter of Grotowski
and Thomas Richards – Pontedera – Itália), Bruce Mayers (
Grotowski Institut – Wraclow – Polônia) , Milon Mela ( India –
Itália) , Jori Snell entre outros.

É autora do livro “Kalarippayatt, uma via para a expressividade”


pela Editora Prismas. Possui publicados também vários artigos e
capítulos em livros sobre o fazer cênico contemporâneo.

Desenvolve pesquisa também junto às tradições populares


brasileiras desde 2011, integrando à sua busca pela expressividade a
musicalidade, o corpo e a brincadeira. É integrante do grupo de
maracatu de baque virado Malungos do Baque.

É membro da comissão científica da ABRACE – gestão 2019/2020 e


vice-coordenadora do Cartografias de Pesquisa em Processo.

Contatos:

o EMAIL: pauluxka@gmail.com

o FACEBOOK: Paula Ibanez

o WHATSAPP: (19) 993359831

Você também pode gostar