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Olhar e ver
Ao tecer uma diferenciação entre olhar e ver, alguns teóricos da Arte e artistas (Smith,
1997; Canizal, 1998; Zamboni. 1998) ressaltam que começamos olhando para depois che-
garmos ao ato de ver. Em geral, olha-se sem ver. Isto faz parte do cotidiano. Agnes Heller
(1992: 17-8) diz que "a vida cotidiana é a vida do homem inteiro; ou seja, o homem
participa na vida cotidiana com todos os aspectos de sua individualidade, de sua
personalidade. Nela, colocam-se em funcionamento todos os seus sentidos, todas as suas
capacidades intelectuais, suas habilidades manipulativas, seus sentimentos, paixões, idéias,
ideologias. O fato de que todas as suas capacidades se coloquem em funcionamento
determina também, naturalmente, que nenhuma delas possa realizar-se, nem de longe, em
toda sua intensidade. O homem da cotidianidade é atuante e fruidor, ativo e receptivo, mas
não tem nem tempo nem possibilidade de se absorver inteiramente em nenhum desses
aspectos; por isso, não pode aguçá-las em toda sua intensidade."
É só quando se passa do limiar do olhar para o universo do ver que se realiza um ato de
leitura 'e de reflexão. Sílvio Zamboni (1998: 54) ressalta que "o ver não diz respeito so-
mente à questão física de um objeto ser focalizado pelo olho, o ver em sentido mais amplo
requer um grau de profundidade muito maior, porque o indivíduo tem, antes de ludo, de
perceber o objeto em suas relações com o sistema simbólico que lhe dá significado."
Nossa visão é limitada, vemos o que compreendemos e o que temos condições de
entender, o que nos é significativo. Trabalhos da área da genética mostram que o nosso
cérebro consegue assimilar apenas parte das muitas informações que recebemos. Do mesmo
modo, nosso olhar não é instantâneo, ele capta apenas algumas das múltiplas informações
visuais presentes no nosso cotidiano e precisa de processos intelectuais complexos para ver.
Na verdade, não conseguimos apreender o mundo tal qual ele é, construímos mediações,
filtros, sistemas simbólicos para conhecer o nosso entorno e nos conhecer.
Considerando que ver é atribuir significado, poderíamos questionar como se atribui
significado a uma situação? Como se dá sentido? Como se compreende?
O significado está relacionado ao sentido que se dá à situação, ou seja, às relações que
estabelecemos entre as nossas experiências e o que estamos vendo. Conforme Smith (1999:
15), o significado não é algo que está na linguagem e que o leitor recebe dela, mas algo que
é trazido para a linguagem. .
Ao ver precisamos decodificar os signos de uma cultura e compreender o sentido que
criam a partir do modo como estão organizados. Maria Helena Martins (1994: 17) afirma
que "quando começamos a organizar os conhecimentos adquiridos, a partir das situações
que a realidade impõe e da nossa atuação nela; quando começamos a estabelecer relações
entre as experiências e a tentar resolver problemas que se nos apresentam - aí então estamos
procedendo leituras".
O sentido vai ser dado pelo contexto e pelas informações que o leitor possui. Ao ver,
estamos entrelaçando informações do contexto sociocultural, onde a situação ocorreu, e
informações do leitor, seus conhecimentos, suas inferências, sua imaginação.
É preciso, no entanto, ter claro que esta leitura, esta percepção, esta compreensão, esta
atribuição de significados vai ser feita por um sujeito que tem uma determinada história de
vida, em que objetividade e subjetividade organizam, de modo singular, sua forma de
apreensão e de apropriação do mundo.
Assim, o que é descrito não é a situação, o fato, mas a interpretação que o leitor lhe
conferiu, num determinado momento e lugar. O olhar de cada um está impregnado com
experiências anteriores, associações, lembranças, fantasias, interpretações. O que se vê não
é o dado real, mas aquilo que se consegue captar, filtrar e interpretar acerca do visto, o que
nos é significativo.
Nossa visão não é ingênua, ela está comprometida com nosso passado, com nossas
experiências, com nossa época e lugar, com nossos referenciais. Desse modo, não há o dado
absoluto, a verdade, mas múltiplas formas de olhar uma mesma situação.
Já é senso comum falar em "civilização das imagens", mencionar que a informação e a
cultura de nossos dias têm um tratamento predominantemente visual. Poderíamos qestionar,
então, o que é uma imagem? O que está implicado na leitura ele imagens?
Imagem
Leituras
Educação do olhar
Deste modo, é necessário começar a educar o olhar da criança desde a educação infantil,
possibilitando atividades de leitura para que além do fascínio das cores, das formas, dos
ritmos, ela possa compreender o modo como a gramática visual se estrutura e pensar
criticamente sobre as imagens.
Paulo Freire (1995: 29) diz que "a opção realmente libertadora recusa, de um lado uma
prática manipuladora, de outro uma prática espontaneísta. A manipulação é castradora, por
isso autoritária. O espontaneísmo é licencioso por isso irresponsável".
Neste sentido, o professor não ensina como ler, pois não há uma leitura como a mais
correta, há atribuições de sentidos construídas pelo leitor em função das informações e dos
seus interesses no momento.
Não se trata, tão pouco de uma visão espontaneísta, na qual a criança está exposta a
imagens, sem problematizar, sem refletir sobre o que olha.
O ensino da Arte, dentro de uma visão contemporânea, busca possibilitar atividades
interessantes e compreensíveis à criança, por estarem adequadas ao seu processo de aquisi-
ção da leitura. O que se busca é muito mais entender os processos de leitura, do que indicar
o que fazer com as crianças em sala de aula.
...
Categorias Espaciais:
Espaço Fotográfico: compreende o recorte espacial processado pela fotografia, incluindo a
natureza deste espaço, como se organiza, que tipo de controle pode ser exercido na sua
composição e a quem este espaço está vinculado - fotógrafo amador ou profissional., bem
como os recursos técnicos colocados á sua disposição (tamanho, enquadramento, nitidez e
produtor).
Espaço Geográfico: compreende o espaço físico representado na fotografia, caracterizado
pelos lugares fotografados e a trajetória de mudanças ao longo do período que a série cobre.
Tal espaço não é homogêneo, mas marcado por oposições como campo/cidade, fundo
artificial/natural, espaço interno/externo, público/privado, etc (ano, local retratado, atributos
da paisagem, objetos, tamanho, enquadramento, nitidez e produtor).
Espaço do Objeto: compreende os objetos fotografados tomados como atributos da
imagem. Analisa-se a lógica existente na representação de objetos, sua relação com a
experiência vivida e com o espaço construído. Considera-se três elementos: objetos
exteriores, objetos interiores e objetos pessoais (tema, objetos, atributo das pessoas. atributo
da paisagem, tamanho e enquadramento).
Espaço da Figuração: compreende as pessoas e animais retratados, a natureza do espaço
(feminino/masculino, infantil/adulto), a hierarquia das figuras e seus atributos, incluindo-se
aí o gesto.
Espaço da Vivência (ou evento): nele estão circunscritos as atividades, vivências e eventos
que se tomam objeto do ato fotográfico. O espaço da vivência é concebido como uma
categoria sintética, por incluir todos os espaços anteriores e por ser estruturada a partir de
todas as unidades culturais. É a própria síntese do ato fotográfico. Trata-se do movimento
de quem posa ou é flagrado por um instantâneo e do movimento de quem monta a cena ou
capta o momento decisivo.
Assim, a mesma unidade cultural pode estar presente em diferentes campos espaciais e
que tais campos não são estanques. Na verdade, eles possuem interseções á medida que
representam reconstruções de realidades sociais.
1) Existe, na sua opinião, algum significado simbólico no uso de alguma cor apresentada
no quadro?
2) O artista procura representar o real fielmente?
3) Existe equilíbrio ou proporção?
4) A composição é simétrica ou assimétrica?
5) Existem contrapontos usados pelo artista para dar equilíbrio à imagem? Quais?
6) Qual o formato do plano pictórico que, prevalece neste quadro
(quadrado, retângulo, triângulo...)?
7) A imagem é estática ou sugere movimento?
4) A que outras imagens (fatos, poema, música, memória familiar) você relaciona esta
imagem? Por quê?
5) Descreva o que acontece na cena, qual é o conteúdo do trabalho?
6) O tema é semelhante ao que ocorre na realidade ou parece
imaginado? Parece um mero registro do que viu o artista?
7) O artista pretende passar alguma mensagem, fazer alguma
crítica ou o trabalho não revela nenhuma intenção em:
particular?
8) Consegue a imagem fazer com que você pense uma segunda
vez sobre o artista, sobre o tema ou sobre você mesmo?