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FUTURISMO

Foi na Itália, que o futurismo irrompeu como um vendaval, detonador de uma quantidade de
idéias anarquistas na arte e na vida e contra o classicismo rigoroso, imposto pelas academias
oficiais de arte de Roma.
O futurismo fez sua primeira aparição pública em 20 de fevereiro de 1909, na primeira página
do jornal Le Figaro. Um manifesto repleto de frases retóricas e de radicalismos dialéticos,
mostrava as impetuosas alegrias do futurismo e a aceitação entusiástica do moderno mundo
tecnológico: máquinas, produção em massa, sons mecânicos, velocidade e a destruição de tudo o
que era velho.
"Queremos destruir os museus, as bibliotecas e as academias de todas as espécies, e combater o
moralismo, o feminismo e todas as torpezas oportunistas e utilitárias. Cantaremos as grandes
multidões excitadas pelo trabalho, o prazer ou os motins, as marés multicoloridas e de milhares
de vozes da revolução em capitais modernas. Cantaremos a incandescência noturna e vibrante
de arsenais e estaleiros, resplandecendo sob luares elétricos, as vorazes estações devorando
suas fumegantes serpentes...as locomotivas de peitorais robustos que escavam o solo de seus
trilhos como enormes cavalos de aço que têm por arreios, poderosas bielas motrizes, e o vôo
suave dos aviões, suas hélices açoitadas pelo vento como bandeiras e parecendo bater palmas
de aprovação, qual multidão entusiástica. Lançamos da Itália para o mundo este nosso
manifesto de violência irrefreável e incendiária, com o qual fundamos hoje o Futurismo, porque
queremos libertar esta terra do fétido câncer de professores, arqueólogos, guias e antiquários."
Este primeiro manifesto, fundador do Futurismo, exalta a ação, a violência, a força, a agressão, o
dinamismo, a velocidade, a transformação perene.
Fillipo Tomaso Marinetti (1876-1944), foi o promotor e redator dos principais manifestos
futuristas.
Na obra de arte, o futurismo partiu de uma operação do universo para introduzir o dinamismo,
fazendo com que o objeto em repouso, representado na tela, fosse concebido como um
movimento potencial, desagregando em várias linhas de força - simultaneidade,
multidimensionalidade, sobreposição, interpenetração. "Os pintores sempre nos mostraram as
coisas e as pessoas diante de nós. Nós colocaremos o espectador no centro da pintura."

A nova época, dominada pela técnica, corresponde uma arte dinâmica, representando o ritmo
rápido em que se movem todas as coisas: "chegamos ao último degrau dos séculos! Por que
olhar para trás? O tempo e o espaço morreram ontem. Vivemos já no absoluto, visto que
criamos a velocidade eterna e o onipresente."
Satisfeitos com o que consideravam o esplendor do mundo e a nova forma de beleza - a
velocidade - buscaram acabar com todos os sinais do passado, pois para eles "a beleza agora só
existe na luta. Uma obra que não seja de caráter agressivo não pode ser uma obra-prima..."
O Segundo Manifesto, dirigido "aos jovens artistas da Itália", redigido pelos pintores Umberto
Boccioni, Luigi Russolo e Carlo Carrá, sob a supervisão de Marinetti, foi proclamado no Teatro
Chiarella, em Turim, a 8 de março de 1910. O Manifesto dos pintores futuristas exigia
firmemente uma nova arte para um novo mundo e denunciava todas as vinculações das artes
com o passado: "Um varrer geral de tudo quanto é assunto velho e gasto, com o objetivo de
expressar a voragem da vida moderna, uma vida de aço, febre, orgulho e velocidade temerária."
Desenvolvendo uma nova percepção dos objetos característicos dos novos tempos - o
automóvel, o trem, o avião, a máquina - os futuristas representaram nos seus quadros, as forças
físicas ou mecânicas, que intervêm nos agentes do movimento: "Um carro de corrida, sua
carroceria ornamentada por grandes tubos que parecem serpentes com respiração
explosiva...um automóvel estridente que parece correr como uma metralha é mais belo do que a
Vitória Alada de Samotrácia ( a famosa escultura helenística no Louvre)..."
A primeira grande mostra de pintura futurista teve lugar em Milão, em 30 de abril de 1911.
Em fevereiro de 1912, realizou-se em Paris, a primeira exibição coletiva dos futuristas, seguindo
depois, para Londres, Berlim, Bruxelas, Hamburgo, Amsterdã, Haia, Munique, Viena,
Budapeste, Breslau, Frankfurt, Wiesbaden, Zurique e Dreden.
Na literatura, o futurismo lança seu manifesto em 1912, intitulado "Manifesto Técnico da
Literatura Futurista", propondo a destruição total da sintaxe e da pontuação. Não uma frase-
associação (como no cubismo), mas pura sucessão de "palavras em liberdade", um precedente
da escrita automática dos surrealistas. Propuseram também, a suspensão do eu no poema e a
suspensão do adjetivo e do advérbio.

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