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LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
ALFABETIZAÇÃO
SÃO VICENTE
2017
FACULDADE DE SÃO VICENTE
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
ALFABETIZAÇÃO
SÃO VICENTE
2017
Não é no silêncio que os homens se fazem,
mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.
Paulo Freire
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Tema
Objetivos
Esta pesquisa intenta como objetivo geral investigar como os meios lúdicos podem
contribuir para uma intervenção mais efetiva. Já para os objetivos específicos,
almeja-se: (1) buscar uma base teórica que sustente e oriente uma atuação mais
efetiva; (2) verificar a natureza da dimensão imaginativa dentro do processo de
alfabetização; (3) articular gêneros discursivos e literatura infantil, com vistas à uma
alfabetização letrada.
Justificativa
Sendo assim, este trabalho pautou-se nas obras de autores clássicos que
contribuíram para as questões aqui levantadas, tais como Vygotsky, Wallon e Piaget
(La Taille et al., 1992), Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1999); uma vez que estes
pensadores enxergam a inteligência do ser humano de forma integral.
O DESENVOLVIMENTO DO GRUPO PESQUISADOR
Para tanto, sabe-se que ambas, prática e teoria, necessitam complementar-se, pois
a prática pode se tornar irrelevante ou ineficaz sem a teoria, e a teoria, infrutífera
sem a prática. Sendo assim, a teoria deve oferecer a maior quantidade possível de
orientações que contribuam para uma prática pedagógica significativa, ao passo a
prática bem fundamentada, ao longo da experiência docente, se torna um importante
instrumento para reflexão da própria prática e também da teoria, e,
consequentemente, para a transformação de si mesma.
Por essa razão, acredita-se que a boa articulação da teoria com a prática era
acessível por meio das bases teóricas oferecidas pelos professores do curso, das
vivências no Ensino Fundamental e do aprofundamento nas referências
bibliográficas, culminando na proposta do TIC, que é direcionar as diversas
disciplinas a um foco específico – o nosso tema.
CAPÍTULO I – AS BASES TEÓRICAS ACERCA DA ALFABETIZAÇÃO
Este capítulo tem como objetivo apresentar os fundamentos teóricos que embasam
a visão aqui adotada sobre a alfabetização, seus processos e práticas. Deste modo,
este capítulo começa por apresentar o contexto do construtivismo e da alfabetização
no Brasil, apontando, em seguida, sua concepção sobre este mesmo processo. Com
base nesta perspectiva, disserta-se, também, acerca do desenvolvimento intelectual
e moral da criança. Logo após,
Naquela época, o centro das discussões era as dificuldades em torno dos baixos
índices de alfabetização, principalmente nas séries iniciais e em relação à garantia
da utilização competente da linguagem, exigência para o êxito na carreira escolar.
1
Significado de Lectoescrita Por Dicionário inFormal (SP) em 17-09-2016: Habilidade adquirida de poder ler e
escrever. Disponivel em: http://www.dicionarioinformal.com.br/lectoescrita/
que “o fracasso escolar é fato constatável por qualquer observador. O que, porém,
também prova a persistência das causas que o provocam; embora haja boas
intenções de educadores e funcionários, o problema subsiste.” (FERREIRO, 1999,
p. 18).
A partir daí, a autora traz indagações que cercam as causas das frustrações com a
educação, se estas se remetem apenas aos limites da escola.
Dado isso, tanto nas políticas públicas como também em questões intraescolares,
aspectos concernentes à ampliação do acesso à escola passaram a ser enfocados,
culminando em trabalhos como os PCN, que visam à reforma curricular e (re-)
orientação acerca de abordagens e metodologias de ensino. Assim sendo,
começou-se a questionar as chamadas práticas pedagógicas tradicionais.
Dentre as práticas pedagógicas, sendo uma das primeiras a ser questionada após a
repercussão do trabalho de Emília Ferreiro no Brasil, existe o modelo tradicional
comportamentalista que, tratando da aprendizagem da língua, é definido por
Ferreiro e Teberosky da seguinte maneira:
Esta idéia nos leva à concepção construtivista, na qual o próprio indivíduo constrói
seu conhecimento ao passo que busca resolver situações-problemas que surgem
no processo ensino-aprendizagem. Concepção esta que conflitou com as
anteriores, conforme citado acima, pois pressupunham a passividade da criança,
como um recipiente vazio que recebe o saber; porém, nas teorias inovadoras, o
aluno traz consigo um conhecimento prévio que contribui para a aquisição da língua
escrita, como também reconhece Luria (2014):
De acordo com Ferreiro e Teberosky (1999), nesta fase o aluno pode compreender
que os caracteres representam sons, e, como a coordenação motora e a
motricidade estão mais desenvolvidas, se torna mais fácil fazer uso do sistema de
escrita empregando o alfabeto e associando-os aos sons adequados. Em outras
palavras, o alfabetizando correlaciona os valores sonoros e unidades gráficas.
Nesta hipótese, o educando percebe que a escrita está relacionada com o que se
fala. Deste modo, a fase alfabética da escrita, segundo Emília Ferreiro (2010), se
apresenta como uma situação conflitante entre signos que o contexto apresenta e a
leitura destes mesmos, incorporando a idéia da fase anterior para conseguir ler às
sílabas.
O CONTRUTIVISMO DE PIAGET
Piaget (NOGUEIRA, 2012), após pesquisas de vários anos, nos diz que há quatro
estágios principais de desenvolvimento intelectual:
Piaget (NOGUEIRA, 2012) nos fala que a criança não pode pular qualquer um dos
estágios, dado que cada um empresta do anterior seus feitos e realizações. Cada
nova experiência é agregada ao material já acumulado, havendo sempre uma
relação entre a habilidade e crenças atuais da criança e todo o seu passado.
Para Piaget (LA TAILLE et al., 1992), quando se fala em moral se fala em regras. A
essência de toda moralidade, portanto, está no respeito que o indivíduo tem pelas
regras da sociedade. Deve-se notar que ele não fala de obediência às regras, mas
sim de respeito, que está ligado à dimensão afetiva do ser humano. Deste modo, ele
delimita o campo acerca do qual busca tratar.
Nos primeiros anos, a criança, uma vez que nasce sem conhecer as regras da
sociedade, age meramente por prazer, o que caracteriza a anomia. Neste período
sua conduta é determinada pelas necessidades primárias: chora quando está com
fome, faz birra ao ser contrariada. É neste período que a criança vivencia o
egocentrismo e nega ou ignora as regras que lhe são apresentadas, pois para ela a
vontade do outro vem depois da sua.
O processo de internalização da conduta moral, por sua vez, ocorre de duas formas:
por coação e por respeito unilateral. A coação é um instrumento de controle que se
utiliza de imposições, ameaças e punições. Em contrapartida, o respeito unilateral
parte da criança a partir do vínculo afetivo estabelecido com a figura de autoridade.
Com isto, o sujeito, neste processo, é capaz de adentrar a fase da heteronomia.
Com o tempo, é através da interação com seu meio que ela vai internalizar a
moralidade e gradativamente percebendo as regras do mundo e a necessidade de
cumpri-las, não porque acredita que é o melhor para ela ou para os outros, mas sim
porque sente-se obrigada a cumpri-la e teme qualquer punição. Neste momento, ela
encontra-se na fase da moralidade heterônoma, na qual suas atitudes são
determinadas em função daquele que manda, aquele que impõe as normas de
conduta. Por isso se diz que há imposição, porque a criança ainda não construiu sua
própria moral, isto é, ela não compreende os motivos de existirem as regras de
conduta, mas é nesta fase que começa a construir. Este momento é superado por
volta dos nove anos, de acordo com Ercília Maria de Paula e Fernando Wolff
Mendonça (2008).
A Epistemologia de Piaget
Por isso, de acordo com de Paula e Mendonça (2008, p. 78), “a inteligência é vista
como um processo de sucessivas adaptações, equilibrações, entre assimilações e
acomodações”. Esse desenvolvimento intelectual, portanto, não é preciso em si
mesmo, mas tende a se tornar cada vez mais, conforme se aproxima da realidade.
A RELEVÂNCIA DE VIGOTSKY
Atuando da maneira, portanto, de acordo com Piaget apud Ferreiro (1999, p. 33), “o
mediador pode levar o alfabetizando a transpor-se da assimilação para a
acomodação, alcançando, deste modo, novas aprendizagens, isto é, a criança
modifica sua estrutura cognitiva anterior a fim de acomodar uma nova
competência”.
Tendo em vista tudo o que aqui já foi abordado, a sondagem se apresenta como um
instrumento adequado para a atuação docente na alfabetização. Primeiro, porque é
um subsídio para conhecer o momento do processo de aprendizagem do aluno,
portanto considera os conhecimentos prévios dos indivíduos. Depois, porque sua
proposta é a utilização desses dados coletados para uma intervenção pedagógica
mais eficaz.
FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler. 23ª edição, São Paulo: Editora
Cortez, 1989.