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1 - Símbolos de Soldagem

Uma solda é fabricada pela união de metais em várias formas, formando tipos de
configurações particulares. Durante a soldagem, as várias partes são mantidas juntas,
frequentemente por meio de aperto. As soldas devem ser precisamente especificadas nos
desenhos mecânicos, e isto é feito usando-se o símbolo de soldagem mostrado na figura 1,
padronizado pela norma AWS (American Welding Society). A seta neste símbolo aponta
para a junta a ser soldada. O corpo do símbolo contém tantos dos seguintes elementos
quantos forem necessários:

- Linha de Referência
- Seta
- Símbolos básicos de solda como os na figura 2
- Dimensões e outros dados
- Símbolos Suplementares
- Símbolos Finais
- Rabo
- Especificação ou processo

Figura 1(O padrão AWS de soda mostrando a localização dos simbolos dos elementos)

Figura 2(Símbolos de soldagem a arco e a gás)


O lado da seta de uma junta é uma linha, lado, área, ou um membro próximo para o
qual a seta aponta. A extremidade oposta ao lado da seta é o outro lado.
As figuras 3 a 6 ilustram os tipos de soldas usados mais freqüentemente por
engenheiros. Para os elementos de máquinas mais comuns a maioria das soldas são filetes,
embora soldas de topo são usadas nos projetos de vasos de pressão. É claro que as partes a
serem unidas devem ser arranjadas de tal forma que haja uma limpeza suficiente para a
operação de soldagem. Se juntas incomuns são necessárias por causa de uma limpeza
insuficiente ou devido à forma da seção, o “design” da solda pode se tornar ruim e o
engenheiro deve começar novamente e tentar elaborar uma outra solução.
Já que o calor é utilizado na operação de soldagem, existe a possibilidade de
mudanças na microestrutura do metal nas proximidades da solda. Tensões residuais podem
também ser introduzidas por causa do aperto de um metal contra o outro, ou algumas vezes
devido à solda. Geralmente, essas tensões residuais não são suficientes para causar
preocupação; em alguns casos um pequeno tratamento térmico após a soldagem é bom para
aliviá-las. Quando as partes a serem soldadas são grossas, um pré-aquecimento ajudará. Se
o componente a ser soldado for de alto custo, um programa de testes deve ser implantado
para se descobrir quais mudanças nas operações serão necessárias para garantir uma melhor
qualidade da solda.

Figura 3 (a) O número indica o tamanho da perna; a seta deve apontar para somente uma
solda quando os lados são os mesmos. (b)O símbolo indica que as soldas são intermitentes
e medem 60mm de comprimento em centros de 200mm.
Figura 4(O círculo no símbolo indica que a soldagem é para ser feita em todo redor)

Figura 5 (Soldas de topo ou encaixe)

Figura 6 (Soldas especiais de encaixe)


2 – Solda de Topo e Filete

A figura 7 mostra uma solda em chanfro V carregada com uma força F. Para ambas
tensões ou carregamentos de compressão, a tensão média normal é:

 = F / h.L (1)

onde h é a garganta da solda e L é o comprimento das solda, como mostrado na figura. Note
que o valor de h não inclui o reforço. O reforço é desejável para compensar os defeitos, mas
ele varia um pouco e produz concentrações de tensão no ponto A da figura. Se existirem
cargas que causem fadiga, é bom usinar o reforço.
A tensão média em uma solda de topo devido ao carregamento cisalhante é:

 = F / h.L (2)

A figura 8 ilustra um típico filete transversal de solda. Tentativas de solucionar a


distribuição de tensões em tais soldas, usando métodos da Teoria da Elasticidade, não foram
muito bem sucedidos. Práticas convencionais da engenharia de solda tem sempre existido
para basear o tamanho da solda, sobre a magnitude da tensão na área DB da garganta.
Na figura 9a uma parte da solda foi selecionada da figura 8 para tratar a garganta da
solda como um problema de de análise de corpo livre. A área da garganta é
A = h.L.cos45° = 0,707h.L, onde L é o comprimento da solda. Assim a tensão x é:

x = F/A = F / 0,707h.L (a)

Esta tensão pode ser dividida em dois componentes, a tensão de cisalhamento  e a tensão
normal . São essas:

 = x. cos45° = F/ h.L  = x. cos45° = F/ h.L (b)

Figura 7 (uma típica junta de topo)

Figura 8 (Solda de Filete Transverso)


Na figura 9b essas são colocadas dentro de um diagrama de círculo de Mohr. A maior
tensão principal é vista como sendo:
F F 2 F F
1   ( )  ( ) 2  1.618
2 Lh 2 Lh Lh hL
A tensão de cisalhamento máxima é:
F 2 F F
 max  ( )  ( ) 2  1.118
2 Lh Lh hL
Entretanto, para propósitos de desenvolvimento é de costume basear a tensão de
cisalhamento na área da garganta e omitir a tensão normal completamente. Assim a
equação para a tensão média é:

 = F / 0.707h.L = 1.414F / h.L (3)

e é normalmente usada no desenvolvimento de juntas com soldas de filete. Note que isto
gera uma tensão de cisalhamento de 1.414/1.118 = 1.26 vezes maior que o valor dado pela
equação (d). Figura 9:
Figura 10 (Distribuição de tensões no filete de solda)

Existem alguns resultados experimentais e analíticos que ajudam na avaliação da


equação 3. Um modelo de um filete transverso de solda da figura 8 é facilmente construído
para propósitos fotoelásticos e tem a vantagem de uma condição balanceada de carga.
Norris construiu tal modelo e divulgou a distribuição de tensões ao longo dos lados AB e
BC da solda. Um gráfico aproximado dos resultados que ele obteve é mostrado na figura
10a. Note que a concentração de tensões existe em A e em B na perna horizontal e em B na
perna vertical. Norris declarou que ele não poderia determinar a tensão em A e B com
certeza.
Salakian apresentou dados para a distribuição de tensões através da garganta de um
filete de solda (figura 10b). Este gráfico é de um interesse particular nós acabamos de
aprender que são as tensões na garganta que são usadas no “design”. Novamente, a figura
nos mostra a concentração de tensões no ponto B. Note que a figura 10a se aplica tanto ao
metal de solda quanto ao metal de base, e que a figura 10b se aplica somente ao metal de
solda.
Suponha que a junta de volta em filete duplo da figura 3b é carregada por forças de
tensões aplicadas na direita e na esquerda. A área da garganta é 0.707h.L para cada solda.
Desde que existam duas delas, a tensão média é:

 = F/ 1.414h.L (4)

No caso de filetes paralelos de solda carregados de tensão, como na figura 11, é


provável que a distribuição de tensões ao longo do comprimento da solda não é uniforme.
Ainda sim é de costume se assumir um uma tensão de cisalhamento uniforme ao longo da
garganta. Assim a tensão média de cisalhamento para a figura 11 é dada também pela
equação 4.
Os resultados desta seção são resumidos na tabela 1.
Figura 11 (Solda de filete paralelo)

Tabela 1 (Carregamento transversal e paralelo de soldas em filete ou ambos tipos de


carregamento.  = P/(0,707h.x)

Tipo de carregamentoTensão Induzida Magnitude da Tensão Kf

3 – Torção nas Juntas Soldadas

A figura 12 ilustra uma viga em balanço com solda de comprimento L a uma coluna
por 2 filetes de solda, força de cisalhamento V e um momento M. A força cisalhante produz
cisalhamento primário nas soldas de valor: ’ = V / A (5) onde A é a área da garganta
de todas as soldas.

Figura 12 (Isto é uma conexão de momentos; tal conexão produz torção nas soldas)

O momento no apoio produz cisalhamento secundário ou torção nas soldas e esta


tensão é dada pela equação: ’’ = M.r/J, onde r é a distância do centróide do grupo de soldas
ao ponto da solda de interesse e J é o segundo momento polar de inércia do grupo de soldas
em relação ao c.g. do grupo. Quando se conhece o tamanho das soldas, estas equações
podem ser resolvidas e os resultados combinados para se obter a maior tensão cisalhante.
Note que r é usualmente a maior distância do c.g. do grupo de soldas.
A figura 13 mostra duas soldas em um grupo. Os retângulos representam a área da
garganta das soldas. A solda I tem uma largura da garganta de b1 = 0,707.h1; e a solda II
tem uma largura da garganta de b2 = 0,707.h2. Note que h1 e h2 são os respectivos
tamanhos das soldas. A área da garganta das duas soldas juntas é:

A = A1 + A2 = b1.d1 + b2.d2(a)

Esta é a área que é para ser usada na equação (5).


O eixo X na figura 13 passa através do centróide G1 da solda I. O segundo
momento de área em relação a este eixo é:
3
bd
Ix  1 1
12
Similarmente, o segundo momento de área em relação a um eixo através de G1 paralelo ao
eixo y é:

3
d1b1
Iy 
12
Figura 13

Assim o segundo momento polar de área da solda I em relação a seu próprio centróide é:

3 3
bd db
JG1  I x   I y  1 1  1 1
12 12
De uma maneira similar, o segundo momento polar de área da solda II em relação ao seu
centróide é:
3 3
b2 d 2 d b
JG 2   2 2
12 12
O centróide G do grupo de soldas é localizado por:
__
A1 x1  A2 x2 __ A1 x1  A2 x2
x ;y
A A

Usando a figura 13 novamente, nós vemos que a distância r1 e r2 de G1 e G2 para G


respectivamente são:
__ __ 2 __ __
r  [( x  x1 ) 2  y ]1/ 2 ; r2  [( y2  y ) 2  ( x2  x ) 2 ]1/ 2
Agora, usando o Teorema dos Eixos Paralelos, nós encontramos o segundo momento polar
de área do grupo de solda como sendo:

J  ( J G1  A1r12 )  ( J G 2  A2 r22 )
Esta é a quantidade a ser usada na equação (6). A distância r deve ser medida de G e o
momento M computado de G.
O procedimento reverso é o qual a tensão de cisalhamento admissível é dada e
queremos encontrar o tamanho da solda. O procedimento usual é estimar um provável
tamanho de solda e então usar a interação.
Observe na equação (b) que o segundo termo contem a quantidade b1^3, a qual é o
cubo da largura da solda, e que a quantidade d2^3 é o primeiro termo da equação (c) é
também o cubo da largura da solda. Ambas quantidades podem ser igualadas a uma
unidade. Isto leva á idéia de tratar cada filete de solda como uma linha. O segundo
momento de área resultante é então uma unidade de segundo momento polar de área. A
vantagem de tratar o tamanho da solda como uma linha é que o valor de Ju é o mesmo com
relação ao tamanho da solda. Como a largura da garganta do filete de solda é 0.707h, a
relação entre J e o valor da unidade é:

J = 0.707h.Ju (7)

na qual Ju é encontrado por métodos convencionais para uma área que tenha largura da
unidade. A transferência da fórmula para Ju deve ser empregada quando a solda ocorrer em
grupos, como na figura 12. A tabela 2 lista as áreas das gargantas e o momento unitário
polar de área para os filetes de solda mais comumente encontrados. O exemplo que se
segue é típico de cálculos normalmente feitos.

Tabela 2 (Propriedades de Torsão das Soldas de Filete)


EXEMPLO 1 Uma carga de 50kN é transferida de um encaixe soldado a um canal
de aço de 200mm como ilustrado na figura 14. Calcule a tensão máxima na solda.
(a) Indique os fins e cantos de cada solda com letras. Às vezes é desejável indicar cada
solda por um número. Veja a figura 15.
(b) Calcule a tensão de cisalhamento primária ’. Como mostrado na figura 14, cada parte é
soldada ao canal por meio de três filetes de solda de 6mm. A figura 15 mostra que nós
dividimos a carga pela metade e estamos considerando somente uma parte. Do caso 4
da tabela 2 nós encontramos a área da garganta sendo:

A = 0,707.(6). [2.(56) +190] = 1280mm^2

Então, a tensão de cisalhamento primária é:


V 25(10) 3
'    19.5MPa
A 1280

(c) Desenhe a ’, em escala, para cada canto ou fim marcado por letra. Veja a figura 16.

Figura 14 (Dimensões em milímetros)

Figura 15 (O diagrama mostra a geometria da solda; todas dimensões em milímetros. Note


que V e M representam carregamentos aplicados pelas soldas na parte)
Figura 16 (Diagrama de Corpo Livre)

(d) Localize o centróide da solda do exemplo. Usando o caso 4 da tabela 2, nós achamos:

___
(56) 2
X   10,4mm
2.(56)  190
Isto é mostrado como o ponto O nas figuras 15 e 16.

(e) Encontre as distâncias ri (veja figura 16):


rA  rb  [(190 / 2) 2  (56  10.4) 2 ]1/ 2  105mm
rc  rd  [(190 / 2) 2  (10.4) 2 ]1/ 2  95.6mm
Estas distâncias podem também retiradas a partir da escala do desenho.

(f) Ache J. Usando o caso 4 da tabela 2 novamente, nós obtemos:

8.(56) 3  6.(56).(190) 2  (190) 3 (56) 4


J  0,707.(6).[  ]  7,07.(10) 6 mm 4
12 2.(56)  190

(g) Encontre M:

M  F .L  25.(10  10,4)  2760 N .m

(h) Calcule a tensão de cisalhamento secundária ’’ em cada fim ou canto com letra.

M .r 2760.(10) 3 .(95,6)
a ' '  b ' '    37,6 MPa
J 7,07.(10) 6
2760.(10) 3 .(105)
c ' '  d ' '   41,0 MPa
7,07.(10) 6
(i) Desenhe ’, na escala, em cada canto e fim. Veja a figura 16. Note que este é o
diagrama de corpo livre de uma das parte laterais, e consequentemente ’ e ’’
representam o que o canal está fazendo com a parte (através das soldas) para manter a
parte em equilíbrio.
(j) Em cada letra, combine as duas componentes de tensão como vetores. Isso dá:
a = b = 37MPa
c = d = 44Mpa

(k) Identifique o ponto que sofre maior tensão:


max = c = d = 44MPa

4 – Dobramento em Juntas Soldadas

A figura 17a nos mostra uma viga em balanço soldada em um suporte por um filete de
solda no topo e no fundo Um diagrama de corpo livre de um cordão de solda nos mostra
uma força de reação de cisalhamento V e uma reação de momento M. A força de
cisalhamento produz um cisalhamento primário nas soldas de magnitude:

’ = V / A (a)

onde A é a área total da garganta.


O momento M produz uma tensão normal de dobramento nas soldas. Embora não
necessário, é de costume na análise de tensões na solda assumir que esta tensão age na
direção normal à área da garganta. Ao se tratar as duas soldas da figura 17b como linhas,
encontramos o segundo momento unitário de área sendo:
bd 2
Iu 
2

Então o segundo momento de área baseado na garganta da solda é:


bd 2
I  0,707h
2
Figura 17 (Uma viga em Balanço soldada a um suporte no topo e no fundo)
A tensão normal é:
Mc M (d / 2) 1.414M
    2

I 0,707bd h / 2 bdh

O segundo momento de área na equação (d) é baseado na distância d entre as duas soldas.
Se este momento é encontrado tratando-se as duas soldas como retângulos, a distância entre
os centróides da solda seria (d + h). Isto produziria um momento levemente maior e
resultaria em um menor valor da tensão . Assim o método de tratamento de soldas como
linhas produz resultados melhores. Talvez a segurança adicional é apropriada na
visualização da distribuição de tensões da figura 10.
Uma vez que as componentes  e  das tensões foram encontradas as soldas sujeitas
ao dobramento, elas devem podem ser combinadas através do uso do diagrama do círculo
de Mohr para achar as tensões principais ou a máxima tensão de cisalhamento. Então uma
teoria de falha apropriada é aplicada para determinar probabilidade de falha ou segurança.
A tabela 3 lista as propriedades de dobramento mais prováveis de serem encontradas
na análise de cordões de solda.

Tabela 3

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