Você está na página 1de 13

1ª SEMANA EM AMBIENTE,

TECNOLOGIA E SOCIEDADE
Desafio em pesquisa Interdisciplinar

Área Temática: EDUCAÇÃO AMBIENTAL

UM NOVO OLHAR SOBRE A CAATINGA: EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA


ALUNOS DO ENSINO MÉDIO NO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ/RN.

Andressa Karla Alves de Lima 1


Priscilla Kelly da Silva Barros 2
Yuri Giwagner Alves Carvalho3
Francisca Irlana Gomes Nolasco4
Thiago Felipe Fonseca Nunes de Oliveira 5

Resumo
Este trabalho teve como objetivo observar o interesse e as ações dos alunos a
respeito da conservação das espécies da Caatinga e do meio ambiente em que
estão inseridas, assim como incentivar a agirem em prol da sua conservação. O
trabalho foi realizado na Escola Estadual Moreira Dias, município de Mossoró/RN,
sendo aplicado um questionário investigativo a 196 alunos participantes e, em
seguida, realizou-se um simpósio com entrega de folhetos educativos sobre o
assunto abordado. O trabalho revelou ser um tema pouco abordado em sala de aula,
não havendo incentivo sobre como os alunos devem agir para conservar a Caatinga,
evidenciando que os professores devem dar mais prioridade ao assunto e incentivar,
continuamente, os alunos às ações.
Palavras-chaves: conservação, simpósio, Caatinga.

Abstract
The study was conducted in the State School Moreira Dias, Mossoró/RN, during the
months of November and December 2013, aimed to assess the interest and actions

1
Professora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Mossoró – RN (andressaklima@gmail.com).
2
Professora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Mossoró – RN (priksb2@gmail.com).
3
Aluno da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Mossoró – RN (yurialves18@hotmail.com).
4
Aluna da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Mossoró – RN (irlanagn@hotmail.com ).
5
Mestrando em Ecologia e Conservação da Universidade Federal Rural do Semiárido, Mossoró – RN
(thiagoffno@gmail.com).

1
1ª Semana em Ambiente, Tecnologia e Sociedade
Mossoró/RN, 27 e 28 de Novembro de 2014.
1ª SEMANA EM AMBIENTE,
TECNOLOGIA E SOCIEDADE
Desafio em pesquisa Interdisciplinar

of high school students as to conservation of species in the Caatinga and the


environment in that they are inserted, as well as encourage them to act in favor of its
conservation. For this, was applied an investigative questionnaire to 196 students,
then held a symposium attended by 42 students and the delivery of educational
leaflets. This study demonstrated how the theme Caatinga and its preservation is
seldom addressed in the classroom, awaking little interest in the participation of
students in the symposium, and in actions for conservation, revealing that teachers
must give more priority to this matter.
Key Words: conservation, symposium, Caatinga.

INTRODUÇÃO
A Educação Ambiental auxilia na superação dos problemas ambientais,
formando cidadãos ativos e capazes de agir frente às dificuldades enfrentadas.
Neste sentido, a complexidade ambiental envolve inúmeras dimensões e necessita
de abordagens amplas e interdisciplinares. Todavia, na maioria das vezes, as ações
de Educação Ambiental encontram-se reduzidas ao âmbito ecológico, sem
considerar que a maior parte dos problemas ambientais é originada de práticas
sociais (LOUREIRO, 2004). É fundamental o estabelecimento de políticas públicas
que fortaleçam as escolas da educação básica, tendo em vista a importância que
exercem no processo de formação social, cultural, humana e ética da sociedade.
Mesmo tendo alcançado grandes avanços, no que se referem aos seus objetivos,
conteúdos, estratégias metodológicas e materiais didáticos, o universo escolar ainda
necessita de caminhos que lhe permitam contemplar dimensões relevantes do
conhecimento (GUERRA, 2006). Este legado gera a implementação de novos
valores e um maior entendimento sobre a relação do homem com a natureza,
contribuindo para uma melhor qualidade de vida (PHILIPPI; PELICIONE, 2002). Esta
nova visão ambiental orientará a comunidade para um desenvolvimento sustentável
que, por sua vez, necessita de um conjunto de eventos sociais correspondente à
formação da mente ou consciência ecológica, planejamento por parte da
administração pública e a participação da comunidade na gestão dos recursos do
ambiente (LEFF, 2001).
Em 1996, um grupo internacional de pesquisadores se reuniu em Bellagio, na
Itália, e nesta ocasião propuseram os princípios que guiam o desenvolvimento

2
1ª Semana em Ambiente, Tecnologia e Sociedade
Mossoró/RN, 27 e 28 de Novembro de 2014.
1ª SEMANA EM AMBIENTE,
TECNOLOGIA E SOCIEDADE
Desafio em pesquisa Interdisciplinar

sustentável. Estes princípios estão divididos em quatro aspectos: 1) importância do


estabelecimento de metas para incentivar as tomadas de decisões; 2) reavaliação
do sistema atual, em termos de consumo, necessidades e impactos; 3) necessidade
da participação de todos os envolvidos e acessibilidade ao processo e 4) estabelece
um processo educativo ambiental continuado e com capacitação. Dessa forma, o
processo de Educação Ambiental poderá estimular atitudes nos indivíduos que
contribuam para conservação do meio ambiente (PHILIPPI; MALHEIROS, 2005).
A Constituição brasileira de 1988 no artigo 225 rege a respeito do
desenvolvimento sustentável:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988, p.143).

Para existir desenvolvimento sustentável é preciso que as pessoas e o poder


público trabalhem coletivamente. As modificações no ambiente geradas pelos
processos humanos de ocupação em áreas urbanas recorrentes em todo o mundo,
especialmente nos séculos recentes, têm levado a uma lamentável realidade. Os
níveis de gastos ambientais são incompatíveis com o limite que os ecossistemas
podem suportar resultando na escassez dos recursos naturais e poluição dos
ecossistemas (PHILIPPI; MALHEIROS, 2005).
Um bioma exclusivamente brasileiro que vem sofrendo bastante com essas
modificações é a Caatinga, que abrange uma área de aproximadamente 720.000
km² correspondendo a 70% do Nordeste e 10% do Brasil. Este bioma ocupa o sertão
nordestino e o norte de Minas Gerais, seu relevo é caracterizado pela depressão
sertaneja, com área plana devido à erosão onde ocorrem elevações isoladas
normalmente de rochas cristalinas. O clima é tropical semiárido com chuvas
escassas e mal distribuídas, sua hidrografia é caracterizada por rios temporários. A
vegetação da Caatinga apresenta-se como uma mata aberta, caduca, com
xeromorfismo e biodiversidade elevada (SILVA; SASSON; CALDINI, 2010). Dentre
as diversas espécies vegetais da Caatinga podemos citar a Schinopsis brasilienses,
uma planta conhecida popularmente por baraúna, braúna, baraúna-do-sertão ou
braúna-parda, pertencente à família Anacardiaceae e que está ameaçada de
extinção segundo a Portaria do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) nº 06
de 23 de setembro de 2008. Outra espécie é a Cyanopsitta spixii, conhecida como

3
1ª Semana em Ambiente, Tecnologia e Sociedade
Mossoró/RN, 27 e 28 de Novembro de 2014.
1ª SEMANA EM AMBIENTE,
TECNOLOGIA E SOCIEDADE
Desafio em pesquisa Interdisciplinar

ararinha-azul nativa da Caatinga que se extinguiu no seu modo de vida selvagem, e


só existem cerca de 70 exemplares em todo o mundo vivendo em cativeiro. Além da
Anodorhynchus leari, conhecida como arara-azul-de-lear, a qual só resta cerca de
150 exemplares no mundo (SILVA; SASSON; CALDINI, 2010). Dessa forma, fica
evidente a importância de se investir na Educação Ambiental, para que o risco de
extinção não atinja outras espécies, quer sejam plantas ou animais, assim como a
conservação do ambiente em que estão inseridas. Compreender as questões
ambientais para além de suas dimensões biológicas, químicas e físicas, ou seja,
como questões sociopolíticas, exige a formação de uma consciência ambiental e a
preparação para o pleno exercício da cidadania, fundamentadas nos conhecimentos
prévios dos atores sociais que se utilizam dos ecossistemas do seu entorno (ABÍLIO
et al., 2005).
A implementação de projetos e vivencias educativas integradoras no contexto
da educação básica pode contribuir para a mudança de atitudes e comportamentos
dos diferentes grupos sociais inseridos no bioma Caatinga, propiciando uma
elevação do nível de consciência dos mesmos (ABÍLIO et al., 2010). A Educação
Ambiental nas escolas contribui para a formação de cidadãos conscientes, aptos
para decidirem e atuarem na realidade socioambiental de um modo comprometido
com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade. Para isso, é importante
que, mais do que informações e conceitos, a escola se disponha a trabalhar com
atitudes, com formação de valores e com mais ações práticas do que teóricas para
que o aluno possa aprender a amar, respeitar e praticar ações voltadas à
conservação ambiental.
Muitos fatores acabam prejudicando a abordagem do bioma Caatinga em sala
de aula como falta de tempo, ausência do tema nos livros base do ensino médio e a
existência de muitos outros conteúdos, os quais os professores privilegiam
(AMEILDA; CÂMARA, 2009). Portanto, trabalhar com este tema pode proporcionar
aos alunos benefícios imediatos e futuros, além de atitudes sustentáveis
direcionando a uma consciência baseada na Educação Ambiental. As escolas
devem de forma mais assídua se comprometer com esse processo, tendo em vista a
importância ecológica do meio ambiente, das espécies presentes nos ecossistemas
e do que pode ocorrer quando não se tem uma concepção real da necessidade de
conservação. De modo que, o estudo buscou analisar os interesses e ações dos

4
1ª Semana em Ambiente, Tecnologia e Sociedade
Mossoró/RN, 27 e 28 de Novembro de 2014.
1ª SEMANA EM AMBIENTE,
TECNOLOGIA E SOCIEDADE
Desafio em pesquisa Interdisciplinar

alunos sobre a conservação de espécies da Caatinga, além de promover a


elaboração de material didático estimulando o processo de conservação desse
Bioma.

METODOLOGIA
O estudo teve como base a pesquisa participativa, por meio do qual os
pesquisadores estabelecem relações comunicativas com pessoas ou grupos da
situação investigada, desempenhando um papel ativo no equacionamento dos
problemas encontrados, no acompanhamento e na avaliação das ações
desencadeadas (THIOLLENT, 2005). Nessa perspectiva, Martins (2003) defende
que a unidade pesquisa-ensino é viabilizada pela pesquisa-ação, contribuindo para a
sistematização de novos conhecimentos.
A coleta dos dados ocorreu durante os meses de novembro e dezembro de
2013, na Escola Estadual Moreira Dias, município de Mossoró/RN. O estudo foi
realizado em duas etapas: Na primeira, foi aplicado a 196 alunos do ensino médio
um questionário investigativo composto de 12 questões. O questionário apresentou
questões gerais e específicas que tratava sobre os interesses e ações dos alunos
para conservação do meio ambiente e da Caatinga, bem como se já atuaram nesta
tarefa e como poderiam fazer isso no futuro. Algumas questões possuiam variável
categorizada, no qual o aluno escolhia uma das opções de resposta. As alternativas
se apresentaram de forma binária (Sim e Não), múltipla escolha ou escalonada
(VIEIRA, 2009).
A segunda etapa se constituiu da elaboração de um folheto educativo e da
organização do simpósio. As turmas foram divididas em oito grupos de cinco alunos,
para cada grupo foi incumbida a tarefa de desenvolver frases sobre meio ambiente,
dando sugestões de como cada um pode agir para sua conservação. Decidiu-se que
o folheto deveria ser simples, de fácil visualização e com frases curtas, para que
toda sua mensagem pudesse ser lida de forma clara e rápida. A melhor frase foi
selecionada pela turma, assim como as melhores sugestões de conservar o
ambiente. Em seguida, foi montado um folheto usando frases, sugestões e algumas
imagens obtidas na internet correspondentes ao tema que foi reproduzido para ser
entregue aos alunos participantes ao final do simpósio. Para a execução do
simpósio, foram convidados quatro palestrantes que exploraram a atual situação do

5
1ª Semana em Ambiente, Tecnologia e Sociedade
Mossoró/RN, 27 e 28 de Novembro de 2014.
1ª SEMANA EM AMBIENTE,
TECNOLOGIA E SOCIEDADE
Desafio em pesquisa Interdisciplinar

bioma Caatinga, a importância da baraúna como exemplo de espécie ameaçada de


extinção, o que é sustentabilidade e o uso de práticas que podem ser adotadas
diariamente para conservar o meio ambiente. Também foram convidados dois
músicos do Centro de Estudos e Pesquisas do Meio Ambiente e Desenvolvimento
Regional do Semiárido (CEMAD) que fizeram a abertura cultural do simpósio.
O simpósio e a entrega dos folhetos educativos tiveram a participação do
correspondente a 42 alunos. A entrega dos folhetos ocorreu após o simpósio e em
outro dia letivo aos demais alunos da escola. Ao final do trabalho, os dados obtidos
foram tabulados e analisados de forma quantitativa e qualitativa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A faixa etária dos alunos participantes variou entre 14 e 18 anos. Com relação
ao interesse dos alunos para o estudo da Educação Ambiental, um pouco mais da
metade (51,02%) se mostraram interessados (Figura 1). Sabe-se que a afinidade por
esse tema já é um facilitador na obtenção de uma nova consciência ambiental e na
busca por novas informações sobre o assunto. O professor tem tido dificuldades de
aproximar sua prática de reflexões teóricas estimulando o aluno a estudar e aplicar o
que aprende sobre a Educação Ambiental. Essa dificuldade pode ocorrer devido a
carga horária do professor em diferentes turnos, programas e projetos da escola que
não abordam a Educação Ambiental, dificuldades de leitura e escrita dos alunos
priorizando as aulas de português em relação as demais áreas do conhecimento,
além da ausência do acompanhamento da família na formação de conteúdos
conceituais, procedimentais e atitudinais, consequentemente os alunos não se
interessam em estudar o tema (RIBEIRO et al., 2006). No entanto, é necessária a
incorporação efetiva desse tema no planejamento escolar para que o aluno se
familiarize e adquira interesse pelo assunto. Segundo Chanel (1977, p.137), “o
interesse é o desejo que temos de conhecer um objeto ou ideia, é aquela
curiosidade que nos leva ao encontro do saber” e por sua vez o saber pode dar
motivos pra que os alunos adquiram atitudes em favor do meio ambiente. O
interesse de conhecer mais sobre o meio ambiente é o início da construção do
saber, e este interesse deve ser instigado durante as aulas de Ciências, em feiras,
gincanas, jogos didáticos, trabalhos em grupo ou outro meio que possa despertar no
aluno o interesse por tal tema.

6
1ª Semana em Ambiente, Tecnologia e Sociedade
Mossoró/RN, 27 e 28 de Novembro de 2014.
1ª SEMANA EM AMBIENTE,
TECNOLOGIA E SOCIEDADE
Desafio em pesquisa Interdisciplinar

Figura 1. Interesse dos alunos com relação ao estudo da Educação Ambiental.


Quando se questionou a respeito de suas ações, a maioria dos alunos não
demonstrou interesse sobre o meio ambiente através de suas ações, ou não
adquiriram o conhecimento adequado para isso (61%) (Figura 2). Este é um dado
preocupante, já que não se pode obrigar as pessoas a agirem de certo modo, o
caminho mais adequado seria um trabalho de conscientização buscando gerar
mudanças no proceder. Uma maneira de reverter esse quadro seria a persistência e
demonstração com suporte argumentativo sobre a importância da ação para
conservação do ambiente. Nesse ponto, a interdiciplinaridade se torna algo
fundamental para buscar desses melhores resultados atitudinais. A ciência deve
conduzir à produção de um conhecimento integrado deixando de gerar um
conhecimento fragmentado como o que ocorre, separando a ciência das técnicas, a
filosofia da ciência (PESSOA; SILVA, 2009). Dessa forma, o aluno fará
questionamentos adequados sobre as consequências de suas ações e aprenderá
sobre as soluções dos problemas. No atual momento da história da humanidade, a
Educação Ambiental deve ser abordada como prioridade.

7
1ª Semana em Ambiente, Tecnologia e Sociedade
Mossoró/RN, 27 e 28 de Novembro de 2014.
1ª SEMANA EM AMBIENTE,
TECNOLOGIA E SOCIEDADE
Desafio em pesquisa Interdisciplinar

Figura 2. Interesse dos alunos em manter o meio ambiente em boas condições.


Sobre a importância de conservar o bioma Caatinga, mais da metade dos
alunos (55%) não se posicionaram sobre tal assunto, relatando nunca terem
pensado sobre isso (Tabela 1). Diante disso, observa-se o pouco conhecimento dos
sobre os impactos que esse bioma pode sofrer se não forem adotadas medidas
imediatas e a fragilidade da biodiversidade e ecossistemas presentes nele. A
dicotomia entre a natureza e o homem dificulta esse entendimento, se mantendo a
concepção de meio ambiente como o natural e distante das relações socioculturais
construídas historicamente, na qual o homem não faz parte (RIBEIRO et al., 2009).
As escolas tem uma grande responsabilidade no processo de desmitificação da
Caatinga, pois de acordo com Barros (2004), a educação não pode restringir o seu
papel a mera transmissão de informações. Dessa forma, devem ser aplicadas
atividades educacionais contextualizadas como forma de assegurar o interesse,
resgate e divulgação dos conhecimentos sobre o bioma caatinga.

8
1ª Semana em Ambiente, Tecnologia e Sociedade
Mossoró/RN, 27 e 28 de Novembro de 2014.
1ª SEMANA EM AMBIENTE,
TECNOLOGIA E SOCIEDADE
Desafio em pesquisa Interdisciplinar

Tabela1. Relato dos alunos com relação a conservação do bioma


Caatinga.
Categorias Alunos respondentes (%)
Nunca pensei sobre isso 55,6
Totalmente favorável 28,6
Moderadamente favorável 13,6
Indiferente 0,6
Moderadamente contrário 0,6
Totalmente contrário 1,1

Os alunos que afirmaram ser possível conservar o meio ambiente (68,36%),


responderam basicamente direcionando para o tema lixo, como não jogar lixo nas
ruas e rios e sobre a importância da reciclagem. No entanto, é evidente o fato de
que os alunos necessitam de uma maior orientação a respeito da conservação, num
aspecto mais amplo e significativo. Essa tarefa deve ser desempenhada
principalmente pelo professor de biologia, ao dar mais atenção ao bioma Caatinga,
às espécies ameaçadas de extinção e às alternativas encontradas para conservá-las
(ALMEIDA; CÂMARA, 2009). Mediante isso, os alunos estudarão especificamente o
bioma em que vivem e aprenderão melhor sobre a importância de conservá-lo, de
forma a agir adequadamente diante às atividades cotidianas.
Sobre o conhecimento de espécies com importância econômica e ecológica
encontradas na Caatinga, quase que todos os alunos afirmaram não terem qualquer
tipo de informação (94%), mostrando a carência de conhecimento sobre o bioma
que predomina em sua região. Apenas duas respostas corresponderam, as quais se
referiram à cana de açúcar como importante economicamente e aos morcegos
ecologicamente. Percebe-se que os alunos não assimilaram esse conhecimento ou
não conseguem fazer a relação do que foi visto em sala de aula com o seu
cotidiano, uma vez que estas informações já foram estudadas em Ecologia durante o
primeiro ano do ensino médio. Os alunos precisam aprender o conteúdo de forma
significativa e isso só é possível a partir de saberes pessoais e com a presença dos
professores dispostos a trabalhar considerando o aluno o centro da sua intervenção

9
1ª Semana em Ambiente, Tecnologia e Sociedade
Mossoró/RN, 27 e 28 de Novembro de 2014.
1ª SEMANA EM AMBIENTE,
TECNOLOGIA E SOCIEDADE
Desafio em pesquisa Interdisciplinar

(COLL et al., 2006). Os docentes devem conectar os conhecimentos prévios dos


alunos à novas informações, estimulando a construção de suas próprias ideias.
Durante a realização do simpósio registrou-se a participação de 42 alunos
(21,42%), apesar disso, 70,91% destes afirmaram ser importante trabalhar o tema
em sua escola. Pode-se haver muito interesse em algo, até saber da sua
importância, mas apenas alguns dão continuidade para gerar uma ação
(CARVALHO, 1984). O simpósio foi utilizado como uma ferramenta importante para
incentivar os alunos a desenvolverem um maior interesse pelo meio ambiente, de
modo a motivá-los a agir com mais consciência ambiental. Durante a realização do
simpósio, os alunos participantes se mostraram atentos e interessados durante a
explanação dos palestrantes, comprovando a eficiência da técnica. Portanto, espera-
se que os alunos tenham sido motivados, a partir de uma necessidade que mobiliza
de forma espontânea à ação, por terem percebido a necessidade de conservar o
ambiente e a importância de se adotar um estilo de vida sustentável, proporcionando
uma melhor qualidade de vida para as futuras gerações.
Ao final do simpósio os folhetos elaborados anteriormente foram distribuídos
aos participantes de forma a auxiliar na assimilação dos assuntos abordados
durante o evento. Para os alunos que não estiveram presentes, os folhetos foram
entregues em outro dia letivo o qual serviu de informação sobre como devemos
proceder para conservar o meio ambiente. A produção do folheto serviu como uma
ferramenta de contribuição para o conhecimento sobre o tema, por meio de
pesquisas realizadas no horário extra classe e das discussões feitas em sala de
aula, sugestões e melhores imagens a serem anexadas. O trabalho em grupo auxilia
no processo de aprendizagem, pois desenvolve a criatividade e diálogo entre os
participantes, que podem discutir suas ideias, favorecendo a formação de hábitos e
atitudes do convívio social (CHANEL, 1977, HAIDT, 2002).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os alunos mostraram-se interessados em trabalhar os temas que envolvem a
Educação Ambiental, embora não haja aplicabilidade no seu cotidiano. O interesse
não implica ser suficiente para estarem esclarecidos sobre o que fazer para ajudar a
conservar o ambiente, pois não há conhecimento consolidado a respeito do assunto
abordado, nem mesmo sobre as ações que deveriam adotar rotineiramente.

10
1ª Semana em Ambiente, Tecnologia e Sociedade
Mossoró/RN, 27 e 28 de Novembro de 2014.
1ª SEMANA EM AMBIENTE,
TECNOLOGIA E SOCIEDADE
Desafio em pesquisa Interdisciplinar

Contudo, esse interesse revela ser um passo importante para os moverem a uma
ação efetivamente coerente. O professor deve fazer uso do conhecimento prévio do
aluno, ajudá-lo na aprendizagem de novos conceitos fazendo uma relação com o
seu cotidiano.
A construção do folheto em sala de aula auxiliou os alunos na compreensão
do tema, incentivando-os a agirem em prol da conservação do meio ambiente. O
Simpósio realizado foi importante para os alunos participantes, pois esclareceu
sobre os impactos causados pelo homem ao meio ambiente, sua relevância e
prejuízos, apontando a necessidade de serem minimizados através de atitudes
individuais e coletivas. No entanto, acredita-se que o pouco interesse revelado pela
mínima participação dos alunos no evento é reflexo não só da ausência eventual da
ação, mas também de vários aspectos culturais e sociais, que vão além do contexto
escolar. Portanto, o simpósio e a produção do folheto, assim como sua distribuição,
estimularam os alunos a reflexões sobre ações sustentáveis, com a necessidade de
se conservar o ambiente e que suas ações têm impactos amplos, positivos ou
negativos.
O caminho para que todos se sensibilizem para as questões amibientais é
longo e está apenas começando, por isso espera-se que mais trabalhos com esse
enfoque sejam realizados, norteando mais professores e alunos no processo de
priorização e incorporação da Educação Ambiental, movendo-os para o caminho da
ação.

REFERÊNCIAS
ABÍLIO, Francisco José Pegado; Guerra, Rafael Angel Torquemada (Org.). A
questão ambiental no ensino de Ciências e a formação continuada de professores
de ensino fundamental. Joao Pessoa: EDUFPB/FUNAPE, 2005.
ABÍLIO, Francisco José Pegado. Educação Ambiental: formação continuada de
professores no Bioma Caatinga. João Pessoa: EDUFPB, 2010.
ALMEIDA, Maria da Conceição Vieira; CÂMARA, Maria Helena de Freitas. Estudo do
ecossistema Caatinga no ensino médio a partir do livro didático de biologia e
geografia: Uma relação possível? In: TORRES, Maria Betânia Ribeiro de et al
(Orgs.). Teorias e práticas em educação ambiental. Mossoró, RN :UERN, 2009. p.
155-200.

11
1ª Semana em Ambiente, Tecnologia e Sociedade
Mossoró/RN, 27 e 28 de Novembro de 2014.
1ª SEMANA EM AMBIENTE,
TECNOLOGIA E SOCIEDADE
Desafio em pesquisa Interdisciplinar

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. IBAMA. Ministro de estado do meio Ambiente.


INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 06, DE 23 DE SETEMBRO DE 2008. Disponível em:
<http://www.ibama.gov.br/documentos/lista-de-especies-ameacadas-de-extincao>.
Acesso em: 16 jul. 2013.
BARROS, M.L.B In: Silva, J. M. C. et al. (Coord.). In: Biodiversidade da caatinga:
áreas e ações prioritárias para a conservação. Brasília, DF: Ministério do Meio
Ambiente: Universidade Federal de Pernambuco, 2004.
CARVALHO, Irene Mello. O processo Didático. 5°ed. Rio de Janeiro: Fundação
Getúlio Vargas, 1984. 400 p.
CHANEL, Émile. Grandes temas da pedagogia. Rio de Janeiro: Francisco Alves,
1977. 332 p.
COLL, César; MAURI, Teresa; MARTIN, Elena et. al. O construtivismo na sala de
aula. 6° ed. São Paulo: Ática, 2006. 221 p.
BRASIL. Constituição da república Federativa do Brasil: Texto Constitucional
Promulgado em 5 de Outubro de 1988, com as Alterações Adotadas Pelas Emendas
Constitucionais n° 1/92 a 67/2010, Pelo Decreto n° 186/2008 e Pelas Emendas
Constitucionais de Revisão n° 1 a 6/94. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de
Edições Técnicas, 2011. 578p.
GUERRA, R.A.T.; ABÍLIO, F.J.P. Educação Ambiental na Escola Pública. João
Pessoa: Foxgraf, 2006, 233p.
HAIDT, Regina Célia Cazaux. Curso de Didática Geral. São Paulo: Ática, 2002. 327
p.
LEFF, Enrique. Saber Ambiental: Sustentabilidade, Racionalidade, Complexidade,
Poder. 2° ed. Petrópolis: Voses, 2001. 343 p. 17
LOUREIRO, C. F. B. Trajetória e Fundamentos da Educação Ambiental. São Paulo:
Cortez, p 11-18, 2004.
MARTINS, Pura Lúcia Oliver. A didática e as contradições da pratica. 2ª ed.
Campinas, São Paulo: Papirus, 2003.
MEDEIROS, A. B et al. A importância da educação ambiental na escola nas séries
iniciais. Revista Faculdade Montes Belos, Goiás, v. 4, n. 1, p. 1-17, set., 2001.
PESSOA, Zoraide Souza; SILVA, Marcia Regina Farias da. Educação como
Instrumento de Gestão Ambiental. In: TORRES, Maria Betânia R. de et. al. (Orgs.).
Teorias e práticas em educação ambiental. Mossoró, RN :UERN, 2009. p. 77-93.

12
1ª Semana em Ambiente, Tecnologia e Sociedade
Mossoró/RN, 27 e 28 de Novembro de 2014.
1ª SEMANA EM AMBIENTE,
TECNOLOGIA E SOCIEDADE
Desafio em pesquisa Interdisciplinar

PHILIPPI, Jr. Arlindo; PELICIONE, Maria Cecília Focesi. Educação Ambiental:


Desenvolvimento de Cursos e Projetos. 2° ed. São Paulo: Sgnus, 2002. 350 p.
PHILIPPI, Jr. Arlindo; MALHEIROS, Tadeu Fabrício. Saúde ambiental e
desenvolvimento. In: PHILIPPI, Jr. Arlindo; PELICIONE, Maria Cecília Focesi.(Orgs).
Educação Ambiental e Sustentabilidade. Barueri: Manole, 2005. p. 59-83.
RIBEIRO, Mayara Rodrigues; TORRES, Maria Betânia; LEANDRO, Ana Lúcia
Aguiar L. et. al. In: TORRES, Maria Betânia R. de et. al. (Orgs.). Teorias e práticas
em educação ambiental. Mossoró, RN :UERN, 2009. p. 77-93.
SILVA, César; SASSON, Sezar; CALDINI, Nelson. Biologia. 1. V. 10° ed. São Paulo:
Saraiva, 2010.
THIOLLENT. Michael. Metodologia da pesquisa ação. 8ª ed. São Paulo: Cortez,
2005.
VIEIRA, Sonia. Como elaborar questionários. São Paulo: Atlas, 2009.

13
1ª Semana em Ambiente, Tecnologia e Sociedade
Mossoró/RN, 27 e 28 de Novembro de 2014.

Você também pode gostar