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Estado, Políticas Sociais e Serviço Social

Profª Adriana Medalha


REGRAS DE CONVIVÊNCIA

1. Programar o CELULAR para o


modo SILENCIOSO e NÃO
ATENDÊ-LO NO RECINTO;
2. Participar e perguntar;
3. Observar os HORÁRIOS;
4. Não CONVERSAR de modo que
atrapalhe a aula.
Forma de Estado
Maneira pela qual é exercido
o poder político no território.
• ESTADO UNITÁRIO: unidade
do poder político.
• ESTADO FEDERADO: poder
político repartidos entre os
entes federados (poderes
central, regional e local).
Divisão de Poderes
Artigo 2° da Constituição Federal.

Evitar o arbítrio de um governante


onipotente.
Tripartição de poderes da União
(independentes e harmônicos):
• LEGISLATIVO (faz as leis)
• EXECUTIVO (cumprir as leis)
• JUDICIÁRIO (aplicar as leis)
Estado de Direito ou Estado
Democrático de Direito
Estado Absolutista: rege-se pela
força.
Estado de Direito: rege-se por leis.
Estado Democrático de Direito:
aperfeiçoamento, legalidade
democrática, lei sobre princípios
da igualdade e da justiça, influi
sobre a realidade social.
Princípios , Fundamentos e Objetivos
do Estado Democrático de Direito
Princípios: constitucionalidade, democracia, direitos
fundamentais, justiça social, igualdade, divisão de
poderes, independência do juiz, legalidade e segurança
jurídica.

Fundamentos: soberania, cidadania, dignidade da


pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa, pluralismo político.
Princípios , Fundamentos e Objetivos do Estado
Democrático de Direito
Objetivos (Artigo 3° da Constituição Federal):
construir uma sociedade livre, justa e solidária,
garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a
pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais, e, promover o
bem de todos, sem preconceitos ou
discriminações.
A sociedade e ao serviço público cabem
garantir que o Estado possa prover condições
essenciais para o exercício da cidadania.
Administração Pública: o fim é sempre o bem
comum. Equilíbrio entre a legalidade e a
finalidade.
Trajetória histórica do Estado

1. Estado Moderno
2. Estado do Bem-Estar
Social
3. Estado Contemporâneo
O Estado Moderno
Estado moderno europeu.

Progressivas centralização do poder, afirmação do


princípio da territorialidade da obrigação política e
impessoalidade do comando político.

Surgimento estado moderno: de um sistema policêntrico


e complexo dos senhorios feudais para Estado territorial
concentrado e unitário (para racionalizar a gestão do
poder e organizar a política).
O Estado Moderno
Logrou êxito na fixação de impostos com o apoio da
burguesia urbana na luta contra os privilégios (até fiscais)
da nobreza.
Desencadeou compromissos do príncipe em relação a
atividade manufatureira e comercial.
Estado monopolísta político. Interlocutores: camadas
sociais => indivíduos.
Valorização política do domínio privado, foi se formando
a moderna sociedade civil como um conjunto
organizado dos interesses privados.
A trajetória histórica do
Estado

1. Estado Moderno
2. Estado do Bem-Estar Social
3. Estado Contemporâneo
Estado do Bem-Estar

A) Definições e aspectos históricos.

Estado que garante tipos mínimos de


renda, alimentação, saúde, habitação e
educação a todo o cidadão - não por
caridade, mas por direito político
reivindicado pelos cidadãos. Exemplo:
Grã-Bretanha (Pós 2 Guerra Mundial).
Estado do Bem-Estar
Livre iniciativa (salário mínimo abolido na Inglaterra
no séc. XVIII). Desvio no princípio de merecimento,
poderia desencorajar os preguiçosos.
Lei dos pobres (Inglaterra, 1834). Troca direitos
sociais pela renúncia direitos civis e políticos
(oposição). Séc. XX muda essa visão.
Intervenção do Estado: 1 Guerra Mundial, Crise de
1929.
Condições institucionais diversas: Neofacismos e
liberais - democratas.1940 (Inglaterra):
independente de sua renda, todos os cidadãos tem
o direito de ser protegidos. Participação.
Universalismo.
Estado do Bem-Estar
Década 1960 (Grã-Bretanha): crise fiscal do
Estado com aumento do déficit público. Limitar a
intervenção assistencial.

B) Causas do desenvolvimento do Estado


Assistencial.

Direitos civis (XVIII), políticos (XIX) e sociais (XX).


Conquista da civilização (fatores políticos e
culturais).
Fatores econômicos: transformação sociedade
agrária em industrial.
Estudos demonstram historicamente que: Gastos
sociais = f (desenvolvimento econômico).
C) Causas da crise do Estado Assistencial (visões
distantes entre si)

Estado do bem-estar social: quebra da separação Estado


e sociedade (Estado intervém na alocação de recursos,
antes feita pelo mercado).
Estado acumula funções: consenso social e apoio à
acumulação capitalista (=> Crise fiscal).
Via estatalização da sociedade, visou-se a estabilização
do sistema (Estado mais legítimo). Filtros institucionais
burocráticos => solução na sociedade civil autônoma
(sem esses filtros).
Paralisia pela sobrecarga de procura. Solução resistência
das instituições.
Estado do Bem-Estar
Estado de bem-estar social (em inglês: Welfare
State), também conhecido como Estado-
providência, é um tipo de organização política e
econômica que coloca o Estado (nação) como
agente da promoção (protetor e defensor) social e
organizador da economia.

Nesta orientação, o Estado é o agente


regulamentador de toda vida e saúde social,
política e econômica do país em parceria com
sindicatos e empresas privadas, em níveis diferentes,
de acordo com a nação em questão. Cabe ao
Estado do bem-estar social garantir serviços públicos
e proteção à população.
Tipologias de análise das
políticas sociais

• Bismarck x Beverigde
• Institucional x residual
• Liberal, conservador e social
democrata
Seguro social
• Tirou a responsabilidade de cada indivíduo
em se prevenir para enfrentar os riscos de
perder sua capacidade de trabalho;
• Substituiu, para os trabalhadores
assalariados, as proteções tradicionais,
personalizadas e associadas ao mérito,
baseadas na filantropia, na ajuda ou na
caridade;
• Permitiu a emergência dos direitos sociais
- Contudo, excluiu destas garantias os “pobres
não-trabalhadores”
Modelo de Beveridge
• Iniciou com a publicação em 1942 do Beveridge
Report por elaborado por William Beveridge na
Inglaterra
• Seguidor de Keynes com sua proposta de seguridade
social como elemento garantidor da estabilidade
• Estado deveria compensar os indivíduos pela perda
do trabalho
• Idéia de um mínimo nacional maior do que a
carência absoluta
• Aboliu comprovação de carência
• Noção de direitos inserida na Declaração Universal
dos direitos humanos
Modelos Clássicos: Bismarck x Beveridge

Bismarck Beveridge

Cobertura Só para os Toda


assegurados população
Financiamento Contribuições Impostos gerais
Valor do Conforme valor Valor unitário
benefício da contribuição
Serviços sociais Coberto pelo Grátis
seguro
Administração Privada Pública
Efeito Baixo Alto
redistributivo
Estado do Bem-Estar

Esta forma de organização político-social, que se originou


da Grande Depressão, se desenvolveu ainda mais com a
ampliação do conceito de cidadania, com o fim dos
governos totalitários da Europa Ocidental (nazismo,
fascismo etc.) com a hegemonia dos governos sociais-
democratas e, secundariamente, das correntes euro-
comunistas, com base na concepção de que existem
direitos sociais indissociáveis à existência de qualquer
cidadão.
Estado do Bem-Estar
Pelos princípios do Estado de bem-estar social, todo o
indivíduo teria o direito, desde seu nascimento até sua
morte, a um conjunto de bens e serviços que deveriam
ter seu fornecimento garantido seja diretamente através
do Estado ou indiretamente, mediante seu poder de
regulamentação sobre a sociedade civil.

Esses direitos incluiriam a educação em todos os níveis, a


assistência médica gratuita, o auxílio ao desempregado,
a garantia de uma renda mínima, recursos adicionais
para a criação dos filhos, etc.
Estado do Bem-Estar
Os Neoliberais argumentam sobre o Estado
Providência que este é anti-econômico já que desvia
investimentos, provoca improdutividade, leva a
ineficácia e ineficiência do aparelho estatal e, no fundo,
é a negação da liberdade e da propriedade privada.
Modelos atuais de Políticas
Sociais: anos 90
 Os três mundos do capitalismo de
Bem-Estar
 Diferentes tipos de capitalismos
de bem-estar
 Três modelos de proteção social
não contributiva
 Autor: Gosta Esping-Andersen
políticas de proteção social não
contributiva

 Liberal

 Conservador

 Social-democrata
Liberal Conservador Universal
(Residual) (Corporativista) (Social-Democrata)
Seletivo- Corporativiso estatal Universalismo e
Assistência apenas aos Menor importância ao desmercantilização
comprovadamente pobres mercado Ampla cobertura de riscos
Uso extensivo dos testes Meritocrático - Direitos Não promove dualismo
necessidades entre Estado e Mercado
ligados ao Status
Benefícios para classe de Progressivo – transferência
Regressivo – Transfência p/
baixa renda, associadas ao para camadas mais baixas
grupos privilegiados
estigma Promove igualdade
Programas de transferência de Estatizado com controle conforme padrão do país e
renda com benefícios bastante corporativo não pela necessidade
modestos Preservação da família Garantia de renda mínima
Objetivo: não causar tradicional. Benefícios Todas as camadas são
desincentivos ao trabalho encorajam a maternidade incorporadas no sistema
Ética do trabalho Estado apenas interfere Política de emancipação
Estado encoraja o MERCADO quando família falha do mercado e da família (
(seguros privados previdência) Reprodução das socialismo e liberalismo)
Aumento das desigualdades desigualdades Redução de desigualdades
USA Alemanha, Itália Suécia, Noruéga, Holanda
Programas de transferência de
renda: Condicionalidade

•Disposição em
aceitar um trabalho
mediado pelo
Estado
Programas de transferência de Renda:
Auxílio desemprego II na Alemanha
A partir dos 15 anos 1 pessoa 2 pessoas
Auxílio Alimentação 345,00 790,00 (80%)
Auxílio moradia (45m² e 60m²) 245,00 400,00
Seguro de Saúde 150,00 300,00
Auxílio Calefação 10,00 20,00
Auxílios enventuais (compra de roupa, seguro contra incêndio,
compra de móveis, ensino profissionalizante e descontos)
Total 750,00 1.510
Água e Luz
Obs. Cerca de 1/3 da população alemã recebe o
auxílio desemprego II em algum momento da vida
Benefícios sociais na
Alemanha
• Além disso as famílias recebem o Kindergeld:
salário-família

• Equivalente a 154 Euros mensais por criança (a


partir do quarto filho – 179 Euros). Esses valores são
pagos universalmente, independentemente da
renda dos pais até os filhos completarem 18 anos.
• Depois disso, essa ajuda permanece até os 27
anos, se o filho estiver na universidade ou fazendo
um curso profissionalizante
• Estudantes carentes recebem BAFÖG, de cerca de
500 Euros mensais para despesas com aluguel,
alimentação, livros etc.
Benefícios sociais na
Alemanha
• Elterngeld: dinheiro para os pais
• Pago aos pais homens e/ou mulheres que, durante
12 ou 14 meses, se licenciam do emprego para
cuidar dos filhos nascidos a partir de 1º de janeiro
de 2007. O cônjuge que ficar em casa recebe 67%
do salário líquido (no mínimo, 300 euros, e no
máximo, 1800 euros).
• Os que tiverem renda mensal inferior a 1000 euros,
recebem uma equiparação de até 100% do último
salário.
• Do 14º mês até a criança completar três anos de
idade, um dos pais pode ficar em casa cuidando
sem receber remuneração, mas com vaga
assegurada para retornar ao trabalho.
Os liberais e a necessidade de
políticas sociais
• Liberalismo teria reconhecido a necessidade
de um mínimo de intervenção social,
• População morreria sem a existência de
serviços de saneamento público.
• As forças das circunstâncias levaram o
liberalismo a aceitar a inevitabilidade de
direitos sociais. Os Britânicos descobriram que
um império teria dificuldades em se manter
sem um exército de soldados saudáveis e
bem educados.
Políticas Sociais Neoliberais
• Princípio da “menor elegibilidade”. Assistência é
prestada via testes de meios, ou seja, comprovação
da pobreza. Pretende-se que os trabalhadores não
escolham as políticas de assistência ao invés do
trabalho.
• Um sistema de assistência orientado pela lógica da
comprovação da pobreza visa assegurar que os
benefícios sociais apenas serão reservados aos
denominados incapacitados.
• Não há garantia incondicional aos direitos, mas
seleção para os incapacitados ao trabalho
• Liberais não rejeitam a caridade, ou assistência
voluntarista, mas política de Direitos Universais
• Direitos devem ser apenas meritocráticos, ou sejam,
devem refletir as contribuições
Estado do Bem-Estar
Já os Neo-marxistas argumentam que o Estado está a
viver uma crise fiscal derivada de um excesso de
produção e quem se apropria dos resultados de
produção é o proprietário capitalista, deixando o
proletariado sem lucro e sem dinheiro para pagar
impostos a fim de manter o estado viável.

Falam igualmente de uma crise de


legitimidade,criticando as políticas de privatização total
hoje emdia o futuro do Welfare State é incerto.
Estado do Bem-Estar no Brasil
Jamais o Brasil considerou os gastos com políticas
sociais como "investimento" produtivo, no sentido
preconizado por Gunnar Myrdal, sendo a maior parte das
políticas adotadas no Brasil mais semelhantes às antigas
políticas "assistencialistas" européias destinadas mais a
"remediar a pobreza" do que a políticas efetivamente
capazes de criar uma maior eficiência econômico-
produtiva e assim gerar novas e maiores riquezas.
Estado do Bem-Estar no Brasil
A criação do Instituto Nacional de
Alimentação e Nutrição (INAN), do
Funrural e, posteriormente, das Ações
Integradas de Saúde (AIS) do SUDS,
do SUS, dos mecanismos de seguro-
desemprego, são exemplos claros
dessa "tentativa de marcha“ rumo à
frustrada universalização dos direitos
sociais.
Estado do Bem-Estar no
Brasil

Ao longo dos anos de 1970 e


1980, o Estado brasileiro busca
organizar um “arremedo” de Estado
de bem-estar social, na tentativa de
satisfazer algumas demandas da
população desprotegida.
Estado do Bem-Estar no Brasil
No governo Fernando Henrique Cardoso, uma série
de programas de distribuição de renda foram
implantados, e posteriormente unificados pelo governo
Lula, sob a forma de Bolsa Família, que em 2006 atendeu
11 milhões de famílias, cerca de 48 milhões de pessoas, e
o projeto Renda básica de cidadania que, embora
agindo numa direção acertada, foram apenas capazes
de redistribuir menos de 1% do PIB brasileiro, e os valores
distribuídos individualmente por esses programas ainda
são nitidamente insuficientes para alterar para melhor a
capacidade produtiva dos seus beneficiários.
A trajetória histórica do Estado

1. Estado Moderno

2. Estado do Bem-Estar Social

3. Estado Contemporâneo
O Estado Contemporâneo
A) Estado de direito e Estado social
Difícil coexistência das duas formas de Estado
Direitos fundamentais (Estado separado da sociedade) x
direitos sociais (sociedade entra no Estado).

Estruturas formais Estado de direito (Sec. XIX):


formal (lei), material (concorrência no mercado), social
(integracao sociedade) e política (separacao e
distribuicao do poder).
O Estado Contemporâneo
B) O capitalismo organizado
Início séc. XX: transformações profundas na
estrutura material do Estado de Direito.
Capitais industriais, comerciais e bancário:
Capital financeiro (monopolísta), enquanto novo
grupo de pressão. Envolvendo políticas
monetárias dos Bancos Centrais na valorização
capitalista (mais funções intervenientes ao
Estado).
Intervenção legislativa ad hoc conforme setor
(concorrencial ou monopolista). Esvazia-se a
função legislativa em prol de uma organização
corporativa de poder (agências da
administração). Presidente governa por
decretos.
O Estado Contemporâneo
C) O poder legal-racional
Legalidade legitima ações do aparelho
administrativo de Estado (de Direito). Fé do saber
especializado do aparelho administrativo.
Impessoal, hierárquico e competente. Alternativas:
legitimidade eleitoral, etc.

D) O problema social do Estado Contemporâneo


Assistência social: coorporações de artes e ofícios;
sociedades de socorro mútuo, previdência social
(Revolução Industrial) => na cidade não há os laços
de solidariedade como haviam no meio rural.
O Estado Contemporâneo
Primeiro: Inglaterra (antes 1900). Depois: Alemanha
de Bismarck (1873). Fim séc. XIX nasce o Estado
interventivo como alternativa ao liberalismo
(programas de seguro social visando a
dependência do trabalhador ao Estado). Em
paralelo o Estado foi impondo progressivamente a
intervencao financeira.
E) O Estado fiscal.
Estado absoluto (riqueza e poder com mesma
propriedade). No Estado de direito ocorre a
separacao do poder e da propriedade da riqueza.
Isso criou um Estado dependente da sociedade,
com uma tendência ao empobrecimento.
SERVIÇO SOCIAL
O Serviço Social e o Capitalismo
Monopolista

Apesar das divergências quanto à


natureza e gênese do Serviço Social,
há o consenso de que a profissão
diante a expansão e consolidação do
capitalismo monopolista, atua na
defesa dos interesses da classe
dominante.
A Revolução Industrial
trouxe consigo, o que o
autor Ander Egg chamou de
“problemas sociais”, que
são o que conhecemos hoje
enquanto manifestações da
“Questão Social”.
Segundo Iamamoto e Carvalho (2005),
estes lidavam diretamente com a
população, interferindo, durante sua
prática de campo, na vida das pessoas e
invadindo, de certa forma, sua
privacidade, considerando estas como
responsáveis pelos seus problemas, sua
condição social, o que facilitava promover
o ajustamento das pessoas e desenvolver
os ideais alienantes que favorecia a
perpetuação do sistema capitalista.
A erosão do Serviço Social
Tradicional:
O movimento de reconceituação surgiu
mundialmente denotando um questionamento da
categoria quanto aos fundamentos dessa profissão.

A segunda metade da década de 1960 marca na


maioria dos países em que a profissão já se
institucionalizara, uma conjuntura de profunda erosão do
que se convencionou chamar de “Serviço Social
tradicional”: a prática empirista (baseada na
experiência/sem caráter científico), reiterativa, paliativa e
burocratizada, orientado por uma ética liberal-burguesa,
que, de um ponto de vista claramente funcionalista,
visava enfrentar as incidências psicossociais da “questão
social”.
Nas suas variadas expressões, aqueles
movimentos punham em questão a racionalidade
do Estado burguês, suas instituições e, no limite,
negavam a ordem burguesa e seu estilo de vida; ou
todos em casos, recolocavam na agenda as
ambivalências da cidadania fundada na
propriedade (privada) e redimensionavam a
atividade política, multiplicando os seus sujeitos e as
suas arenas.
A ordem burguesa como limite da história, foi
amplamente questionada e, por conseguinte, as
suas instituições e organizações governamentais e o
elenco de políticas do Welfare State viviam-se em
cheque.
A sua eficácia (a do serviço social) enquanto
intervenção profissional foi negada a partir de seus
próprios resultados.
A principal conquista
porém, parece localizar-se
num plano preciso: o da
recusa do profissional de
serviço social de situar-se
como um agente técnico
puramente executivo (quase
sempre um executor
terminal de políticas sociais).
O Serviço Social na
contemporaneidade
As competências aqui referidas não se confundem
com o discurso da competência, institucionalmente
permitido e autorizado pelas instâncias burocráticas dos
organismos empregadores. São as exigências
burocráticas e administrativas que têm de ser cumpridas,
obedecendo a formas de ação pré-traçadas, que
devem ser apenas executadas com eficácia. A
competência é aí personificada no discurso do
administrador burocrata, da autoridade fundada na
hierarquia que dilui o poder sob a aparência de que não
é exercido por ninguém.
O processo de renovação crítica do Serviço Social é
fruto e expressão de um amplo movimento de lutas
pela democratização da sociedade e do Estado no país,
com forte presença das lutas operárias, que
impulsionaram a crise da ditadura militar: a ditadura
do grande capital. Foi no contexto de ascensão dos
movimentos políticos das classes sociais, das lutas em
torno da elaboração e aprovação da Carta
Constitucional de 1988 e da defesa do Estado de
Direito, que a categoria de assistentes sociais foi sendo
socialmente questionada pela prática política de
diferentes segmentos da sociedade civil.
O Projeto Ético-político do Serviço
Social.
O Projeto Ético Político do Serviço Social, tem
nas décadas de 1980 e 1990 o início de seu debate
profissional, através do novo Código de Ética profissional,
de 1993, que traz princípios e valores que irão, a partir de
então, nortear o fazer profissional dos Assistentes Sociais.
Os onze princípios, postos pelo novo Código de Ética,
juntamente com as demais legislações, teorias e
produções científicas da categoria, representam o
projeto profissional. Para Braz (2004) o Projeto Ético-
político é “um conjunto de valores e concepções ético-
políticas” expresso pela categoria dos assistentes sociais
(p. 56).
Segundo Silva e Silva (2002), o
Projeto Profissional “[...] se pauta
pelo esforço de vincular a prática
profissional com os interesses dos
setores populares, tendo como
horizonte a transformação social,
vale-se de um conjunto de
categorias teóricas para
fundamentar a sua construção.”
(p. 105).
A Liberdade de que o Projeto ético político
trata é, nas palavras de Netto (1999),
“liberdade concebida historicamente,
como possibilidade de escolha entre
alternativas concretas”, sendo assim, a
liberdade pregada pelo projeto profissional
do Serviço Social, diferencia-se de
maneira radical da concepção capitalista
de liberdade, que se baseia na liberdade
de mercado, de apropriação de renda e
propriedade privada, o liberalismo
burguês, nas palavras de Marx.
A democracia nos moldes do projeto
profissional é representada em âmbito
político, social, econômico e cultural.
Democracia que abrange a divisão
da riqueza socialmente produzida no
sistema de produção capitalista,
quem produz deve receber todo o
resultado de seu trabalho, o que na
sociedade capitalista, é apropriado
pelo dono dos meios de produção e,
consequentemente, dono da força de
trabalho.
Desafios ao Serviço
Social na
contemporaneidade
O crescimento do contingente
profissional, ainda que reflita a expansão
do mercado de trabalho especializado,
poderá desdobrar-se na criação de um
exército assistencial de reserva. Isto é, um
recurso de qualificação do voluntariado no
reforço do chamamento à solidariedade
em um ambiente político que estimula a
criminalização da questão social e das
lutas dos trabalhadores e o caráter
assistencial das políticas sociais.
1) a exigência de rigorosa formação teórico-metodológica que
permita explicar o atual processo de desenvolvimento capitalista sob
a hegemonia das finanças e o reconhecimento das formas
particulares pelas quais ele vem se realizando no Brasil, assim
como suas implicações na órbita das políticas públicas e
conseqüentes refrações no exercício profissional;

2) rigoroso acompanhamento da qualidade acadêmica da


formação universitária ante a vertiginosa expansão do ensino
superior privado e da graduação à distância no país;

3) a articulação com entidades, forças políticas e movimentos


dos trabalhadores no campo e na cidade em defesa do trabalho e
dos direitos civis, políticos e sociais;

4) a afirmação do horizonte social e ético-político do projeto


profissional no trabalho cotidiano, adensando as lutas pela
preservação e ampliação dos direitos mediante participação
qualificada nos espaços de representação e fortalecimento das
formas de democracia direta;

5) o cultivo de uma atitude crítica e ofensiva na defesa das


condições de trabalho e da qualidade dos atendimentos,
potenciando a nossa autonomia profissional.
Quais são os vínculos do serviço social e as políticas
socais?

Entendida a utilidade da profissão, a instrumentalidade


pode ser pensada de três formas:
* a instrumentalidade frente ao projeto
burguês/capacidade da profissão em ser convertida em
instrumento de manutenção da ordem.
* a instrumentalidade das respostas
profissionais/peculiaridade operativa (nas funções que
lhe são requisitadas;
* no cotidiano das classes vunerabilizadas; nas
modalidades de intervenção, geralmente imediatas; (são
ações instrumentais na qual impera uma relação entre
pensamento e ação).
CONCLUSÃO – Serviço social e a razão dialética
* Ao despender da base histórica pela qual
surge, o serviço social pode qualificar-se para
novas competências, buscar novas
legitimidades.
* O enriquecimento da instrumentalidade do
exercício profissional resulta num profissional que,
habilitado no manejo do seu instrumental
técnico saiba colocá-lo no seu devido lugar.
* Reconhecendo sua dimensão política e
inspirado na razão dialética invista na
construção de alternativas que sejam
instrumentais à superação da ordem social do
capital.
MUITO OBRIGADA!!!!
adrianamedalha@hotmail.com

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