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Milton Santos
Resumo
1. O meio natural
2. O meio técnico
3. O meio técnico-científico-informacional
1. O meio natural
● O homem escolhia da natureza aquelas suas partes ou aspectos considerados
fundamentais ao exercício da vida.
● Era utilizado pelo homem sem grandes transformações.
● Alguns autores chamam o período de pré-técnico. No entanto esta definição é
restritiva, pois as transformações impostas às coisas naturais já eram técnicas, entre
as quais a domesticação de plantas e animais.
● Nesse período, os sistemas técnicos não tinham existência autônoma. Sua simbiose
com a natureza resultante era total.
"[...] a natureza não era apenas um quadro fixo, ela era também um regulador constante. As nossas
ações se incorporavam rapidamente e tudo se podia experimentar sem grandes riscos, porque os
equilíbrios naturais, fracamente modificados pela intervenção do homem, logo retomavam o seu
papel." (G. Berger, 1964)
2. O meio técnico
● Emergência do espaço mecanizado; o componente material é crescentemente
formado do "natural" e do "artificial", criando, nos lugares atingidos, mistos ou
híbridos conflitivos.
● Os objetos técnicos são locus de ações "superiores", considerados assim pela
crença de que ao homem atribuem novos poderes - o maior dos quais sendo a
prerrogativa de enfrentar a Natureza, com instrumentos que já não são mais
prolongamento do corpo, mas representam prolongamentos do território.
● O componente internacional da divisão do trabalho tende a aumentar
exponencialmente; a importância da troca (comércio) na sobrevivência do grupo
também cresce.
● A razão do comércio, e não a razão da natureza, é que preside a instalação de
sistemas técnicos eficazes.
● O fenômeno maquinista, porém, era limitado. Era poucos países e regiões em que o
progresso técnico podia instalar-se.
3. O meio técnico-científico-informacional
● O período se distingue dos anteriores pelo fato da profunda interação da ciência e
da técnica (tecnociência).
● Globalização do mercado
● Os objetos técnicos tendem a ser ao mesmo tempo técnicos e informacionais, já
que, graças à extrema intencionalidade de sua produção e de sua localização, eles
já surgem como informação; e, na verdade, a energia principal de seu
funcionamento é também a informação.
● Antes, eram apenas as grandes cidades que se apresentavam como império da
técnica. O mundo artificial inclui, hoje, o meio rural (tecnocosmo).
● Tecnocosmo: uma situação em que a natureza natural, onde ela ainda existe, tende
a recuar, às vezes brutalmente.
● A informação é o vetor fundamental do processo social e os territórios são equpados
para facilitar a sua circulação.
● Pelo fato de ser técnico-científico-informacional, o meio geográfico tende a ser
universal. Mesmo onde se manifesta pontualmente, ele assegura o funcionamento
dos processos encadeados a que se está chamando de globalização.
● Quanto mais "tecnicamente" contemporâneos são os objetos, mais eles se
subordinam às lógicas globais.
● Ao mesmo tempo em que aumenta a importância dos capitais fixos (estradas,
pontes, silos, terra arada, etc) e dos capitais constantes (maquinário, veículos,
sementes especializadas, fertilizantes, pesticidas, etc) aumenta também a
necessidade de movimento, crescendo o número e a importância dos fluxos,
também financeiros, e dando um relevo especial à vida de relações.
● Rompem-se equilíbrios preexistentes e novos equilíbrios mais fugazes se impõem:
do ponto de vista da quantidade e da qualidade da população e do emprego, dos
capitais utilizados, das formas de organização das relações sociais etc.
● Restringe-se o espaço reservado ao processo direto da produção, enquanto se
alarga o espaço das outras instâncias da produção, circulação, distribuição e
consumo (Karl Marx: "redução da arena")
● O processo de especialização, criando áreas separadas onde a produção de certos
produtos é mais vantajosa, aumenta a necessidade de intercâmbio, que agora se vai
dar em espaços mais vastos (Karl Marx: "ampliação da arena")