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Programa Agricultura de Precisão

Agricultura de Precisão
na Distribuição
de Corretivos e
Fertilizantes
» Módulo 1: Mapas de variabilidade

Agricultura de Precisão na Distribuição de Corretivos e Fertilizantes » 1


Ficha técnica
2015. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO

INFORMAÇÕES E CONTATO
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO
Rua 87, nº 662, Ed. Faeg,1º Andar: Setor Sul, Goiânia/GO, CEP:74.093-300
(62) 3412-2700 / 3412-8701
E-mail: senar@senargo.org.br
http://www.senargo.org.br/
http://ead.senargo.org.br/

PROGRAMA AGRICULTURA DE PRECISÃO

PRESIDENTE DO CONSELHO ADMINISTRATIVO


Leonardo Ribeiro

TITULARES DO CONSELHO ADMINISTRATIVO


Daniel Klüppel Carrara, Alair Luiz dos Santos, Osvaldo Moreira Guimarães e Tiago Freitas
de Mendonça.

SUPLENTES DO CONSELHO ADMINISTRATIVO


Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva, Eleandro Borges da Silva, Bruno Heuser
Higino da Costa e Tiago de Castro Raynaud de Faria.

SUPERINTENDENTE
Eurípedes Bassamurfo da Costa

GESTORA
Rosilene Jaber Alves

COORDENAÇÃO
Fernando Couto Araújo

IEA - INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS S/S


Conteudistas: Renato Adriane Alves Ruas e Juliana Lourenço Nunes Guimarães

TRATAMENTO DE LINGUAGEM E REVISÃO


IEA: Instituto de Estudos Avançados S/S

DIAGRAMAÇÃO E PROJETO GRÁFICO


IEA: Instituto de Estudos Avançados S/S
Módulo 1
» Mapas de variabilidade

Neste módulo 1, você vai reconhecer os mapas de variabilidade como ferramentas básicas da
agricultura de precisão. São eles que permitem representar as variações de determinada ca-
racterística do solo, e é a partir dessas informações que você vai conseguir realizar um manejo
diferenciado em cada mancha do talhão. A interpretação dos mapas vai indicar o uso de maiores
doses de corretivos e fertilizantes nas manchas que precisarem, e vice-versa, o uso de menores
doses nas manchas que já tiverem bons índices.

Fonte: Shutterstock

A partir dos mapas de condição do terreno, é possível criar os mapas de recomendação de ferti-
lizantes, por exemplo. Por isso, essa leitura e interpretação é tão crítica. Afinal, uma má recomen-
dação pode gerar gastos desnecessários com corretivos e fertilizantes e também acarretar em
perdas de produtividade nas safras correntes e até em futuras.

Atenção! Sempre que finalizar a leitura do conteúdo de um módulo, você deve retornar ao Am-
biente de Estudos para realizar a atividade de aprendizagem.

Siga em frente e faça bom proveito!

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Fonte: Agrointel <http://www.agrointel.com.br/exemplos>

Aula 1
A importância dos mapas de variabilidade na distribuição
de corretivos e fertilizantes

Os mapas de variabilidade especificam as informações relacionadas ao solo e/ou às plantas, tor-


nando-se ferramenta indispensável para a distribuição de corretivos e fertilizantes na agricultura
de precisão. A análise destas informações é essencial na tomada de decisão do produtor, a fim
de aplicar insumos com base em critérios técnicos, levando em consideração as variabilidades
espacial e temporal do terreno e definindo as zonas com maior ou menor exigência de produtos.

Ao final desta aula, você deve ser capaz de:

• reconhecer a importância dos mapas de variabilidade para a gestão da informação na em-


presa agrícola; e

• listar as vantagens do uso de mapas de variabilidade na distribuição de corretivos e fertili-


zantes.

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Tópico 1
Princípio para tomada de decisões

Na agricultura convencional, o manejo da fertilidade do solo se baseia apenas nos teores mé-
dios dos nutrientes, ou seja, fazem-se poucas amostras de solo para planejamento do uso de
fertilizantes e corretivos. Dessa maneira, a análise química do solo expressa um único resultado
mediano para todo o talhão, desconsiderando a presença de variabilidade e supondo que as
propriedades do solo são semelhantes ao longo de toda a área.

É importante lembrar que no negócio da agricultura, enquanto atividade econômica, o sucesso


se torna cada vez mais dependente da adoção de novas tecnologias de produção aliadas a um
eficiente sistema de gestão da propriedade. Todas as informações e dados gerados dentro da
atividade devem dar suporte a análises e planejamentos futuros, visando otimizar o processo
produtivo e aumentar a competitividade do negócio.

Nesse contexto, os mapas de variabilidade das características do solo são grandes aliados do
produtor, pois reúnem as informações sobre a localização e as quantidades ou necessidades de
insumos em cada ponto do talhão, dando suporte às tomadas de decisão mais acertadas. Ou
seja, pensar apenas na taxa média de fertilidade do talhão é uma visão antiquada que não se
aplica mais no agronegócio moderno.

Produtores agrícolas experientes sabem que os atributos químicos e físicos do solo influenciam
diretamente no crescimento e no desenvolvimento das culturas. A variabilidade destes atribu-
tos é consequência de complexas interações de fatores ligados à formação do solo e pode ser
influenciada pelas práticas de manejo. Essa variabilidade pode ser expressa em termos de fer-
tilidade, acidez, compactação, textura, capacidade de armazenamento de água, teor de matéria
orgânica, entre vários outros atributos.

O conhecimento desta variabilidade torna-se fundamental para o manejo


localizado dentro do talhão, otimizando as aplicações localizadas de corre-
tivos e fertilizantes, reduzindo a contaminação ambiental provocada pelo
excesso de produtos e determinando demais estratégias de manejo do solo
que visam aumentar a produtividade agrícola.

Os solos do Cerrado brasileiro, onde está localizada a maior parte do território goiano, possui,
entre suas características, grande variabilidade espacial de seus atributos, que se revela mesmo
em pequenas parcelas. Isto mostra a necessidade de adequar o manejo dessas características
em cada subárea do talhão. De qualquer forma, é necessário decidir que variáveis devem ser

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analisadas, ou seja, quais são as variáveis que mais afetam o crescimento e o desenvolvimento
das culturas e, como efeito, mais interferem na produtividade das lavouras.

Tópico 2
Aplicações específicas em cada zona de manejo

A aplicação especificada de calcário,


gesso agrícola, fósforo e potássio – Grid
em taxas variadas de acordo com
a análise de necessidade em cada Na agricultura, “grid” se refere ao que conhecemos
grid do talhão – já vem sendo am- na língua portuguesa como grades ou malhas. Elas
plamente utilizada na agricultura de representam o conjunto de unidades de solo possí-
precisão. São os mapas de variabili- veis de serem trabalhadas pelas técnicas de Agricul-
dade que fornecem as informações tura de Precisão disponíveis em uma propriedade.
relativas à quantidade do insumo a
ser aplicado em cada localidade do talhão. Esta prática garante, diretamente, a otimização no
uso dos insumos e menor contaminação do meio ambiente, em especial das águas. Como resul-
tado, são reduzidas as variações espaciais dos nutrientes dentro do talhão e, consequentemen-
te, a produtividade das culturas tende a aumentar.

Os mapas de variabilidade permitem determinar as zonas de manejo, que são áreas que pos-
suem níveis semelhantes dentro de cada característica analisada e, portanto, necessitam de do-
ses de insumo ou estratégias de manejo parecidas. Essas informações determinam a variação
das doses durante a aplicação de corretivos e fertilizantes, como no exemplo abaixo. Considere
que cada mancha do mapa terá um nível de recomendação de aplicação dos insumos. Estas
zonas de manejo geralmente são identificadas pelo estudo do mapa de variabilidade temporal,
pois elas tendem a se modificar pouco no decorrer dos anos.

Fonte: Farm Works Mapping Software <www.ascommunications.co.uk>

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Assim, os mapas de variabilidades espacial e temporal representam a digitalização das caracte-
rísticas do solo em pequena escala, apresentando precisão na quantidade dos atributos analisa-
dos e em sua localização ao longo da área do talhão e de sua modificação no decorrer dos anos.
A aplicação de corretivos e fertilizantes a taxas variáveis é realizada por máquinas equipadas
com softwares que realizam a leitura desses mapas e, através de comandos hidráulicos ou ele-
trônicos, fazem a regulagem automática da dose de aplicação necessária em cada localidade.
Todo este processo garante o aumento da eficiência técnica e econômica e proporciona maior
sustentabilidade ambiental da atividade agrícola.

Recapitulando
Os mapas de variabilidade são ferramentas básicas da agricultura de precisão, pois permitem
representar as variações de determinada característica analisadas dentro da área cultivada. Com
base nessas informações, é possível realizar um manejo diferenciado em cada mancha do talhão,
utilizando maiores doses de corretivos e fertilizantes em manchas com maior necessidade e
doses menores em manchas com menor exigência. Isso resulta em maior eficiência do sistema
produtivo e menor contaminação do meio ambiente.

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Fonte: Farm Works Mapping Software <www.ascommunications.co.uk>

Aula 2
Tipos de mapas de variabilidade aplicados na distribuição de
corretivos e fertilizantes

Na primeira aula deste módulo, você pôde perceber a importância dos mapas de variabilidade
na distribuição de corretivos e fertilizantes. Agora, vai conhecer os tipos de mapas de variabilida-
de, sendo que cada um pode trazer informações complementares. Sua função principal sempre
é auxiliar na análise e tomada de decisão do produtor.

Ao final desta aula, você deve ser capaz de:

• descrever os principais mapas de variabilidade obtidos através da amostragem de solo; e

• entender como são elaborados os mapas de variabilidade da fertilidade do solo.

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Tópico 1
O terreno de cultivo em diferentes bancos de dados

A distribuição precisa de corretivos e fertilizantes a taxas variáveis, de acordo com a exigência


de cada mancha de solo dentro do talhão, só é possível através da utilização dos mapas de varia-
bilidade. Nesses mapas, constam informações importantes para ser utilizadas no momento da
aplicação, tais como a dose necessária de insumo em cada localização exata dentro do talhão.

Na distribuição de corretivos e ferti-


lizantes são considerados os mapas Georreferenciação
de solo, feitos a partir das análises
das amostras coletadas no sistema Chamamos de georreferenciação o processo de loca-
de amostragem. Cada característica lização geográfica de determinado objeto, ponto ou
analisada no solo, aliada à sua loca- área por meio da atribuição de coordenadas geográ-
lização georreferenciada, é passível ficas. Em outras palavras, a localização georreferen-
de gerar um mapa da variabilidade, ciada é aquela atribuída por meio de coordenadas,
de acordo com a sua efetividade ao normalmente interpretada com sinais de satélites.
longo do talhão.

Pode-se obter e analisar mapas de variabilidade de cada elemento, a saber:


da fertilidade, da acidez, da textura, da compactação, da capacidade de ar-
mazenamento de água, da profundidade, da altitude, da declividade, entre
outros.

A grande variabilidade espacial demonstrada pelos solos brasileiros justifica o conhecimento da


fertilidade do solo em cada grid da área agrícola. No entanto, no planejamento, deve-se priorizar
a análise das características que mais influenciam no desenvolvimento e produção das lavouras.

A fertilidade e o pH do solo geralmente são as primeiras características a serem consideradas.


No que diz respeito à fertilidade do solo, deve-se analisar os macronutrientes e os micronu-
trientes, uma vez que ambos são essenciais para o desenvolvimento e produção das culturas.

Macronutrientes

São exemplos: fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S).

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Micronutrientes

São exemplos: boro (B), cobre (Cu), zinco (Zn), manganês (Mn), molibdênio (Mo), ferro (Fe) e
cloro (Cl).

O nitrogênio (N), que também é um macronutriente, por ser muito móvel no solo, não é quan-
tificado pela análise, sendo mais bem mensurado através da análise foliar ou pelas técnicas de
sensoriamento remoto. A análise do pH também é importante, pois este determina e interfere
diretamente no grau de disponibilidade dos nutrientes e desenvolvimento das plantas.

A partir do resultado destas análises, são criados os mapas de variabilidade de cada caracterís-
tica investigada separadamente, tais como mapa de fertilidade em P, K, S, soma de bases (SB),
saturação por bases (V%), entre inúmeros outros mapas possíveis. A análise integrada destas in-
formações dá suporte para as recomendações técnicas e geração dos mapas de recomendação,
a partir dos quais será realizada a aplicação dos corretivos e fertilizantes.

Os mapas de variabilidade podem ser classificados em mapas de variabilidades espacial e tem-


poral.

São aqueles que representam a variação da fertilidade ou acidez do solo


nos diferentes pontos analisados do talhão. Nos locais onde represen-
tam a mesma condição de fertilidade são formadas as zonas de manejo,
Mapas de que necessitam de um mesmo tipo de manejo específico. Cada zona de
variabilidade manejo é representada no mapa por uma cor e difere das demais zonas
espacial pela coloração, pela fertilidade ou necessidade de corretivos e fertili-
zantes. Estes dados dão suporte para a análise e recomendação técnica,
expressa através dos mapas de recomendação, tais como os mapas de
necessidade de calcário ou de fertilizante, por exemplo.

São aqueles que representam a variação de uma determinada caracte-


rística do solo no decorrer dos anos analisados. Desta forma, é possível
compreender o nível de correção do solo através da análise do mapa
Mapas de de variabilidade temporal da acidez e/ou da saturação por bases, por
variabilidade exemplo. Características que sofrem maior influência do manejo, como
temporal a fertilidade em potássio, se modificam em menor espaço de tempo. Já
características que sofrem menor influência do manejo, como a textura
do solo, pouco ou nada se modificam com o passar dos anos, mantendo
o mapa de variabilidade temporal praticamente inalterado.

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Tópico 2
Mapas de isolinhas e mapas de pontos

As variabilidades espacial e temporal podem ser apresentadas na forma de mapas de isolinhas


ou de pontos.

Os mapas de isolinhas são representações de linhas que delimitam regiões do mapa com dados
dentro de um mesmo intervalo de valor para cada característica analisada. As isolinhas utilizam
métodos de interpolação entre os pontos com atenuação de pequenas variações locais.

De modo geral, os mapas de isolinhas podem ser de três tipos. Acompanhe as características
de cada um no quadro.

Mostra a distribuição espacial dos atributos analisados nas diferentes lo-


calidades do talhão avaliado, antes de qualquer intervenção. Dessa for-
ma, mostra o nível de fertilidade e acidez do solo antes da distribuição de
corretivos e fertilizantes. No exemplo, apresentamos um mapa de condi-
ção representando a saturação por bases (V%).

Mapa de 21.0 - 33.0


condição
33.0 - 37.9
37.9 - 42.8
42.8 - 49.7
49.7 - 58.1

Fonte: Boletim Técnico (Mapa/ACS, 2009).

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A partir das informações geradas pelos mapas de condição de fertilidade
do solo são realizadas interpretações e, com base em critérios técnicos,
são gerados os mapas de recomendação, ou seja, os mapas de necessi-
dade de calcário, gesso ou fertilizantes. Atualmente, é comum se analisar
mais de um mapa de recomendação em uma mesma área para alcançar
maior confiabilidade na operação. No exemplo, você pode ver um mapa
de recomendação da necessidade de calcário.

Mapa de reco- 200 - 667 kg/ha


mendação
668 - 1267 kg/ha

1267 - 1787 kg/ha

1787 - 2274 kg/ha

2274 - 3465 kg/ha

Fonte: Boletim Técnico (Mapa/ACS, 2009).

Representa o nível de fertilidade ou acidez da área depois da distribui-


ção de corretivos e fertilizantes nas doses determinadas pelos mapas
de recomendação. É um mapa importante, pois permite avaliar a eficiên-
cia da aplicação, observando se a fertilidade da área aumentou ou se
Mapa de a quantidade de manchas com baixa fertilidade diminuiu. Em caso de
desempenho necessidade de se criar um novo mapa de recomendação para nova apli-
cação na área, o atual mapa de desempenho pode ser utilizado como
mapa de condição, por apresentar os dados da distribuição da fertilida-
de no talhão.

Já os mapas de pontos são utilizados para analisar elevado número de dados distribuídos pela
área. Para a coleta de amostras feita de forma irregular, o mapa de pontos pode fornecer infor-
mação sobre como os dados foram coletados. A área a ser amostrada é dividida em subáreas,
onde regiões de baixa variabilidade possuem baixa densidade amostral e, por outro lado, re-
giões com alta variabilidade possuem alta densidade amostral. Regiões de interesse também
podem ter maior densidade amostral, tais como reboleiras, manchas de solo etc.

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Fonte: adaptado de Carlos Varella e Darly de Sena Jr (UFRRJ) <http://goo.gl/m3WwSZ>

Por último, não custa destacar: independentemente do tipo de mapa utilizado, ele deve apre-
sentar as mesmas informações sobre o comportamento da característica analisada ao longo do
talhão.

Saiba Mais

Se você quiser saber mais sobre a técnica de criação de mapas, dê uma olhada no material
do blog Cartografia Escolar, disponível em: <https://cartografiaescolar.wordpress.com/
fazendo-um-mapa-de-densidade-demografica/>.

Recapitulando
Existem vários tipos de mapas de variabilidade de solo e cada um deles possui sua importân-
cia específica, porque analisa diferentes critérios para o processo de correção e adubação do
solo. Quanto à forma de análise, eles podem descrever as variabilidades espacial ou temporal.
Também podem ser classificados como sendo de pontos ou de isolinhas, sendo que estes são
subdivididos em mapas de condição, de recomendação ou de desempenho, de acordo com as
informações representadas.

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Fonte: Shutterstock

Aula 3
Interpretação dos mapas de variabilidade nas aplicações de
corretivos e fertilizantes
Você já estudou que existem vários tipos de mapas de variabilidade do solo. Agora é o momen-
to de entender a importância de interpretá-los corretamente. Considere que, se os mapas não
forem corretamente utilizados, o mau uso pode gerar perdas de insumos e de produtividade das
lavouras – exatamente o efeito oposto do que se espera com a agricultura de precisão.

Portanto, a interpretação dos mapas de variabilidade e a elaboração dos mapas de recomenda-


ção devem ser realizadas por um profissional habilitado da área, considerando a interpretação
de vários mapas em conjunto, para gerar a recomendação adequada de corretivos e fertilizantes.
Esta interpretação também pode ser auxiliada pelo uso de softwares específicos, dando maior
suporte e confiabilidade na interpretação dos mapas.

Ao final desta aula, você deve ser capaz de:

• visualizar as variabilidades de nutrientes no solo; e

• interpretar as necessidades de correção e adubação de acordo com o mapa de variabilidade.

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Tópico 1
Leitura integral das condições do solo

A amostragem e a construção de
mapas de variabilidade de atributos
do solo constituem uma importante
etapa dentro da agricultura de pre-
cisão, já que seu objetivo é auxiliar o
produtor na tomada de decisão. Po-
rém, as informações estabelecidas
no mapa de variabilidade da fertili-
dade e acidez de solo devem ser cri-
teriosamente analisadas, de modo
que sejam precisas e confiáveis para
a próxima etapa, a aplicação dos in-
sumos. Uma análise e recomenda-
ção equivocadas podem, além de
contribuir para gastos desnecessá-
rios de corretivos e fertilizantes, de-
terminar o insucesso do cultivo e a
baixa produtividade das lavouras em
curto e médio prazos.

Portanto, nesta etapa se torna indis-


pensável uma análise minuciosa por
um profissional da área, juntamente
com o produtor ou alguém que co-
nheça detalhadamente as caracterís-
ticas da área cultivada. Uma análise
de um único mapa de variabilidade
da fertilidade do solo pode dar em-
basamento técnico, porém não é
suficiente para uma recomendação
segura de aplicação de corretivos e Fonte: Shutterstock
fertilizantes.

Com o resultado das análises de solo após a coleta georreferenciada de amostras, é possível criar
vários mapas de variabilidade da fertilidade do solo, cada um de um nutriente ou característica
separadamente. Dessa forma, para a recomendação da necessidade de corretivos e fertilizantes,
devem-se considerar todos estes mapas em conjunto, ou todos aqueles que se relacionam com
ou interferem de alguma forma na necessidade de calcário ou adubos. Além disso, a análise deve
ser um pouco mais complexa, levando em consideração também o mapa de produtividade da

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última lavoura na área, o mapa de infestação de pragas, doenças ou plantas daninhas, o histórico
de reboleiras pouco produtivas etc.

É conhecido que áreas com alto nível de fertilidade do solo tendem a ser mais produtivas, porém
dependem de vários outros fatores que podem reduzir a produtividade e torná-las menos pro-
dutivas, tais como infestação de plantas daninhas, pragas, doenças, compactação do solo,
existência de cascalho, encharcamento etc. Desta forma, a simples distribuição de maiores
doses de fertilizantes em áreas menos férteis (ou vice-versa) pode não se justificar devido à exis-
tência de algum outro fator limitante de produtividade. Portanto, pode-se economizar no uso
deste insumo.

Exemplo

Um exemplo da análise com base em várias informações é a elaboração do mapa de reco-


mendação de adubo fosfatado. Ela deve levar em consideração os mapas de:
• condição da disponibilidade de fósforo (P);
• teor de argila do solo;
• teor de matéria orgânica;
• nível crítico de fósforo (P) exigido pela cultura;
• mapa de variabilidade temporal da produtividade da área;
• existência de reboleiras, entre outros.

Tópico 2
Análise das condições históricas

Outra importante ferramenta no momento da análise dos mapas de condição para gerar o mapa
de recomendação é a análise da variabilidade temporal da produtividade da área. Os dados
georreferenciados da produtividade existem em quantidade imensamente maior do que os pon-
tos de amostragem de solo, uma vez que são coletados e gravados em pequenos intervalos de
tempo durante o deslocamento da máquina na colheita.

Assim, deve-se analisar se as isolinhas de baixa e média produtividade estão


migrando para isolinhas de média e alta produtividade no decorrer do tem-
po, ou se são regiões do talhão que apresentam produtividade baixa e estática.

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Para a análise conjunta dos mapas de fertilidade do solo, é possível utilizar uma ferramenta de
análise multivariada denominada geoestatística ou softwares específicos para a análise con-
junta dos mapas de condição. Estas ferramentas permitem estabelecer uma relação de causa e
efeito, determinando quais características do solo interferem com maior intensidade sobre a pro-
dução, devendo ser priorizadas durante a análise de recomendação de corretivos e fertilizantes.

Para a elaboração dos mapas de recomendação de fertilizantes e corretivos, a análise de mapas


multitemáticos se torna muito importante. Através desta análise, é possível considerar, além
dos mapas de condição de fertilidade e de produtividade da área, a resistência à penetração do
solo, a ocorrência de pragas, doenças e plantas daninhas, o mapa da textura do solo, do teor de
matéria orgânica, de declividade, entre outras variáveis.

Fonte: adaptado de Revista Plantio Direto <www.plantiodireto.com.br/imprime.php?cod=907>

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O mapa de recomendação de adubação é realizado para cada nutriente separadamente. Isto é
importante porque, na agricultura de precisão, não se aplica adubos formulados (compostos)
justamente pela necessidade de variar a dose de aplicação de cada nutriente. Portanto, utiliza-se
adubos simples para cada aplicação.

A recomendação é feita com base no teor do nutriente no mapa de condição (ou seja, o teor do
nutriente no solo), no nível crítico exigido pela cultura e considerando a expectativa de produti-
vidade, além de levar em conta os demais fatores descritos anteriormente.

Para a elaboração do mapa de recomendação da necessidade de calcário, podem ser interpre-


tados vários mapas de condição, tais como a saturação por bases (V%), o nível de exigência da
cultura, a textura do solo, a saturação por alumínio (m), o teor de cálcio (Ca) e magnésio (Mg),
a acidez e os demais fatores descritos anteriormente, que podem interferir na necessidade de
aplicação de calcário.

Para encerrar esta aula, vale lembrar que podemos nos deparar com algumas surpresas após
a elaboração do mapa de desempenho ou até mesmo do mapa de produtividade da área. Por
exemplo, os teores de nutrientes no mapa de desempenho podem não atingir os níveis planeja-
dos, a produtividade pode não alcançar a quantidade almejada, os níveis de fertilidade podem
não se correlacionar da forma esperada com o nível de produtividade em determinado ponto do
talhão etc.

É por isso que a interpretação e o acompanhamento de um profissional especializado no sistema


produtivo se tornam muito importantes.

Recapitulando
A interpretação dos mapas de condição para a elaboração dos mapas de recomendação é uma
etapa crítica da agricultura de precisão. Uma má recomendação pode gerar gastos desneces-
sários com corretivos e fertilizantes e também acarretar em perdas de produtividade na safra
corrente e até em safras futuras. A elaboração dos mapas de recomendação de corretivos e ferti-
lizantes deve ser feita através da análise integrada de diversos mapas de condição, realizada por
um profissional especializado da área, podendo utilizar ferramentas ou softwares específicos.

Nas próximas páginas, você vai encontrar a atividade de aprendizagem para verificar os conhe-
cimentos construídos ao longo deste módulo. Não esqueça que você deve entrar no Ambiente
de Estudos para registrar as respostas no sistema, que também vai liberar o próximo módulo de
conteúdo!

Siga em frente e aproveite a atividade!

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Atividade de aprendizagem
Você chegou ao final do Módulo 1 do Curso Agricultura de Precisão na Distribuição de Corretivos
e Fertilizantes. A seguir, você realizará algumas atividades relacionadas ao conteúdo estudado
neste módulo. Lembre-se que as repostas devem ser registradas no Ambiente de Estudos, onde
você também terá um feedback, ou seja, uma explicação para cada questão.

1. Considerando o que você estudou sobre a importância dos mapas de variabilidade, marque
a alternativa correta.

a) O mesmo mapa de variabilidade determina as necessidades de calcário e fertilizantes do


talhão.

b) É através dos mapas de variabilidade que se determinam as zonas de manejo.

c) A aplicação de corretivos e fertilizantes a taxas variadas pode ser realizada sem a utiliza-
ção de mapas de variabilidade.

d) O mapa de variabilidade da fertilidade determina o nível de fertilidade do solo, porém


sem se relacionar com a localização na área.

2. De acordo com os tipos de mapas de variabilidade de solo utilizados na distribuição de cor-


retivos e fertilizantes, analise as afirmações seguintes e marque a alternativa correta.

a) Os mapas de isolinhas são apresentados de forma numérica.

b) Os mapas de recomendação apresentam o nível atual da fertilidade do talhão.

c) Os mapas de desempenho possuem as recomendações técnicas de necessidade de cal-


cário ou fertilizante.

d) As áreas de mesma coloração nos mapas de isolinhas possuem o mesmo nível de fertili-
dade, de acordo com a característica analisada.

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3. Na aula 3 você estudou a interpretação de mapas de variabilidade. Agora assinale a alterna-
tiva correta.

a) A elaboração do mapa de recomendação da necessidade de calcário pode ser realizada


interpretando somente o mapa de variabilidade da acidez do solo.

b) Mancha de baixa produtividade em local com alta fertilidade do solo demonstra erro na
amostragem de solo.

c) Para a elaboração do mapa de recomendação de adubo, deve-se realizar uma interpreta-


ção de vários mapas de condição.

d) Uma aplicação errada de calcário, devido a erro na elaboração do mapa de recomenda-


ção, pode ter efeitos por, no máximo, uma safra.

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