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Agricultura de Precisão
na Distribuição
de Corretivos e
Fertilizantes
» Módulo 1: Mapas de variabilidade
INFORMAÇÕES E CONTATO
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO
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http://ead.senargo.org.br/
SUPERINTENDENTE
Eurípedes Bassamurfo da Costa
GESTORA
Rosilene Jaber Alves
COORDENAÇÃO
Fernando Couto Araújo
Neste módulo 1, você vai reconhecer os mapas de variabilidade como ferramentas básicas da
agricultura de precisão. São eles que permitem representar as variações de determinada ca-
racterística do solo, e é a partir dessas informações que você vai conseguir realizar um manejo
diferenciado em cada mancha do talhão. A interpretação dos mapas vai indicar o uso de maiores
doses de corretivos e fertilizantes nas manchas que precisarem, e vice-versa, o uso de menores
doses nas manchas que já tiverem bons índices.
Fonte: Shutterstock
A partir dos mapas de condição do terreno, é possível criar os mapas de recomendação de ferti-
lizantes, por exemplo. Por isso, essa leitura e interpretação é tão crítica. Afinal, uma má recomen-
dação pode gerar gastos desnecessários com corretivos e fertilizantes e também acarretar em
perdas de produtividade nas safras correntes e até em futuras.
Atenção! Sempre que finalizar a leitura do conteúdo de um módulo, você deve retornar ao Am-
biente de Estudos para realizar a atividade de aprendizagem.
Aula 1
A importância dos mapas de variabilidade na distribuição
de corretivos e fertilizantes
Na agricultura convencional, o manejo da fertilidade do solo se baseia apenas nos teores mé-
dios dos nutrientes, ou seja, fazem-se poucas amostras de solo para planejamento do uso de
fertilizantes e corretivos. Dessa maneira, a análise química do solo expressa um único resultado
mediano para todo o talhão, desconsiderando a presença de variabilidade e supondo que as
propriedades do solo são semelhantes ao longo de toda a área.
Nesse contexto, os mapas de variabilidade das características do solo são grandes aliados do
produtor, pois reúnem as informações sobre a localização e as quantidades ou necessidades de
insumos em cada ponto do talhão, dando suporte às tomadas de decisão mais acertadas. Ou
seja, pensar apenas na taxa média de fertilidade do talhão é uma visão antiquada que não se
aplica mais no agronegócio moderno.
Produtores agrícolas experientes sabem que os atributos químicos e físicos do solo influenciam
diretamente no crescimento e no desenvolvimento das culturas. A variabilidade destes atribu-
tos é consequência de complexas interações de fatores ligados à formação do solo e pode ser
influenciada pelas práticas de manejo. Essa variabilidade pode ser expressa em termos de fer-
tilidade, acidez, compactação, textura, capacidade de armazenamento de água, teor de matéria
orgânica, entre vários outros atributos.
Os solos do Cerrado brasileiro, onde está localizada a maior parte do território goiano, possui,
entre suas características, grande variabilidade espacial de seus atributos, que se revela mesmo
em pequenas parcelas. Isto mostra a necessidade de adequar o manejo dessas características
em cada subárea do talhão. De qualquer forma, é necessário decidir que variáveis devem ser
Tópico 2
Aplicações específicas em cada zona de manejo
Os mapas de variabilidade permitem determinar as zonas de manejo, que são áreas que pos-
suem níveis semelhantes dentro de cada característica analisada e, portanto, necessitam de do-
ses de insumo ou estratégias de manejo parecidas. Essas informações determinam a variação
das doses durante a aplicação de corretivos e fertilizantes, como no exemplo abaixo. Considere
que cada mancha do mapa terá um nível de recomendação de aplicação dos insumos. Estas
zonas de manejo geralmente são identificadas pelo estudo do mapa de variabilidade temporal,
pois elas tendem a se modificar pouco no decorrer dos anos.
Recapitulando
Os mapas de variabilidade são ferramentas básicas da agricultura de precisão, pois permitem
representar as variações de determinada característica analisadas dentro da área cultivada. Com
base nessas informações, é possível realizar um manejo diferenciado em cada mancha do talhão,
utilizando maiores doses de corretivos e fertilizantes em manchas com maior necessidade e
doses menores em manchas com menor exigência. Isso resulta em maior eficiência do sistema
produtivo e menor contaminação do meio ambiente.
Aula 2
Tipos de mapas de variabilidade aplicados na distribuição de
corretivos e fertilizantes
Na primeira aula deste módulo, você pôde perceber a importância dos mapas de variabilidade
na distribuição de corretivos e fertilizantes. Agora, vai conhecer os tipos de mapas de variabilida-
de, sendo que cada um pode trazer informações complementares. Sua função principal sempre
é auxiliar na análise e tomada de decisão do produtor.
Macronutrientes
São exemplos: fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S).
São exemplos: boro (B), cobre (Cu), zinco (Zn), manganês (Mn), molibdênio (Mo), ferro (Fe) e
cloro (Cl).
O nitrogênio (N), que também é um macronutriente, por ser muito móvel no solo, não é quan-
tificado pela análise, sendo mais bem mensurado através da análise foliar ou pelas técnicas de
sensoriamento remoto. A análise do pH também é importante, pois este determina e interfere
diretamente no grau de disponibilidade dos nutrientes e desenvolvimento das plantas.
A partir do resultado destas análises, são criados os mapas de variabilidade de cada caracterís-
tica investigada separadamente, tais como mapa de fertilidade em P, K, S, soma de bases (SB),
saturação por bases (V%), entre inúmeros outros mapas possíveis. A análise integrada destas in-
formações dá suporte para as recomendações técnicas e geração dos mapas de recomendação,
a partir dos quais será realizada a aplicação dos corretivos e fertilizantes.
Os mapas de isolinhas são representações de linhas que delimitam regiões do mapa com dados
dentro de um mesmo intervalo de valor para cada característica analisada. As isolinhas utilizam
métodos de interpolação entre os pontos com atenuação de pequenas variações locais.
De modo geral, os mapas de isolinhas podem ser de três tipos. Acompanhe as características
de cada um no quadro.
Já os mapas de pontos são utilizados para analisar elevado número de dados distribuídos pela
área. Para a coleta de amostras feita de forma irregular, o mapa de pontos pode fornecer infor-
mação sobre como os dados foram coletados. A área a ser amostrada é dividida em subáreas,
onde regiões de baixa variabilidade possuem baixa densidade amostral e, por outro lado, re-
giões com alta variabilidade possuem alta densidade amostral. Regiões de interesse também
podem ter maior densidade amostral, tais como reboleiras, manchas de solo etc.
Por último, não custa destacar: independentemente do tipo de mapa utilizado, ele deve apre-
sentar as mesmas informações sobre o comportamento da característica analisada ao longo do
talhão.
Saiba Mais
Se você quiser saber mais sobre a técnica de criação de mapas, dê uma olhada no material
do blog Cartografia Escolar, disponível em: <https://cartografiaescolar.wordpress.com/
fazendo-um-mapa-de-densidade-demografica/>.
Recapitulando
Existem vários tipos de mapas de variabilidade de solo e cada um deles possui sua importân-
cia específica, porque analisa diferentes critérios para o processo de correção e adubação do
solo. Quanto à forma de análise, eles podem descrever as variabilidades espacial ou temporal.
Também podem ser classificados como sendo de pontos ou de isolinhas, sendo que estes são
subdivididos em mapas de condição, de recomendação ou de desempenho, de acordo com as
informações representadas.
Aula 3
Interpretação dos mapas de variabilidade nas aplicações de
corretivos e fertilizantes
Você já estudou que existem vários tipos de mapas de variabilidade do solo. Agora é o momen-
to de entender a importância de interpretá-los corretamente. Considere que, se os mapas não
forem corretamente utilizados, o mau uso pode gerar perdas de insumos e de produtividade das
lavouras – exatamente o efeito oposto do que se espera com a agricultura de precisão.
A amostragem e a construção de
mapas de variabilidade de atributos
do solo constituem uma importante
etapa dentro da agricultura de pre-
cisão, já que seu objetivo é auxiliar o
produtor na tomada de decisão. Po-
rém, as informações estabelecidas
no mapa de variabilidade da fertili-
dade e acidez de solo devem ser cri-
teriosamente analisadas, de modo
que sejam precisas e confiáveis para
a próxima etapa, a aplicação dos in-
sumos. Uma análise e recomenda-
ção equivocadas podem, além de
contribuir para gastos desnecessá-
rios de corretivos e fertilizantes, de-
terminar o insucesso do cultivo e a
baixa produtividade das lavouras em
curto e médio prazos.
Com o resultado das análises de solo após a coleta georreferenciada de amostras, é possível criar
vários mapas de variabilidade da fertilidade do solo, cada um de um nutriente ou característica
separadamente. Dessa forma, para a recomendação da necessidade de corretivos e fertilizantes,
devem-se considerar todos estes mapas em conjunto, ou todos aqueles que se relacionam com
ou interferem de alguma forma na necessidade de calcário ou adubos. Além disso, a análise deve
ser um pouco mais complexa, levando em consideração também o mapa de produtividade da
É conhecido que áreas com alto nível de fertilidade do solo tendem a ser mais produtivas, porém
dependem de vários outros fatores que podem reduzir a produtividade e torná-las menos pro-
dutivas, tais como infestação de plantas daninhas, pragas, doenças, compactação do solo,
existência de cascalho, encharcamento etc. Desta forma, a simples distribuição de maiores
doses de fertilizantes em áreas menos férteis (ou vice-versa) pode não se justificar devido à exis-
tência de algum outro fator limitante de produtividade. Portanto, pode-se economizar no uso
deste insumo.
Exemplo
Tópico 2
Análise das condições históricas
Outra importante ferramenta no momento da análise dos mapas de condição para gerar o mapa
de recomendação é a análise da variabilidade temporal da produtividade da área. Os dados
georreferenciados da produtividade existem em quantidade imensamente maior do que os pon-
tos de amostragem de solo, uma vez que são coletados e gravados em pequenos intervalos de
tempo durante o deslocamento da máquina na colheita.
A recomendação é feita com base no teor do nutriente no mapa de condição (ou seja, o teor do
nutriente no solo), no nível crítico exigido pela cultura e considerando a expectativa de produti-
vidade, além de levar em conta os demais fatores descritos anteriormente.
Para encerrar esta aula, vale lembrar que podemos nos deparar com algumas surpresas após
a elaboração do mapa de desempenho ou até mesmo do mapa de produtividade da área. Por
exemplo, os teores de nutrientes no mapa de desempenho podem não atingir os níveis planeja-
dos, a produtividade pode não alcançar a quantidade almejada, os níveis de fertilidade podem
não se correlacionar da forma esperada com o nível de produtividade em determinado ponto do
talhão etc.
Recapitulando
A interpretação dos mapas de condição para a elaboração dos mapas de recomendação é uma
etapa crítica da agricultura de precisão. Uma má recomendação pode gerar gastos desneces-
sários com corretivos e fertilizantes e também acarretar em perdas de produtividade na safra
corrente e até em safras futuras. A elaboração dos mapas de recomendação de corretivos e ferti-
lizantes deve ser feita através da análise integrada de diversos mapas de condição, realizada por
um profissional especializado da área, podendo utilizar ferramentas ou softwares específicos.
Nas próximas páginas, você vai encontrar a atividade de aprendizagem para verificar os conhe-
cimentos construídos ao longo deste módulo. Não esqueça que você deve entrar no Ambiente
de Estudos para registrar as respostas no sistema, que também vai liberar o próximo módulo de
conteúdo!
1. Considerando o que você estudou sobre a importância dos mapas de variabilidade, marque
a alternativa correta.
c) A aplicação de corretivos e fertilizantes a taxas variadas pode ser realizada sem a utiliza-
ção de mapas de variabilidade.
d) As áreas de mesma coloração nos mapas de isolinhas possuem o mesmo nível de fertili-
dade, de acordo com a característica analisada.
b) Mancha de baixa produtividade em local com alta fertilidade do solo demonstra erro na
amostragem de solo.