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Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
As Relações entre Mídia, Poder e Política
Para iniciar a disciplina, que tal falarmos das relações mantidas entre
a política, a mídia e o poder? Desta forma, ficará mais fácil
compreender como a mídia alterou a forma de se fazer política ao
longo da história da humanidade. Afinal, quem nunca formou
opinião sobre um candidato a partir do que viu numa campanha
eleitoral pela TV, hein?!
Atenção
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
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“Pra” começo de conversa
Que tal conferirmos na prática como a mídia, no caso a TV, altera o comportamento de
um político?
Explore
É isso mesmo! O CQC (programa de TV Custe o que Custar) sabendo da influência da mídia no
comportamento, na estética e no discurso político; “pregou uma peça” no então deputado José
Genuíno. Depois de assistir ao vídeo, reflita sobre o que mais importa nas relações mantidas entre
política, poder e mídia na atualidade: forma ou conteúdo?
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Em seu livro A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia, o autor John B.
Thompson questiona: “Antes do desenvolvimento da mídia, (...) quantas pessoas puderam,
alguma vez, ver ou ouvir indivíduos que detinham posições de poder político?”
A pergunta é oportuna, afinal, antes do desenvolvimento da mídia poucas pessoas
poderiam ver ou ouvir indivíduos que gozavam de posições de poder político. De fato, poucos
conheciam o rosto de seus governantes.
Desde a Grécia antiga, já havia uma preocupação com a visibilidade do poder.
Entretanto, com a ausência dos meios de comunicação de massa, a população contava
apenas com o contato face a face ou o contato da co-presença. Sendo assim, nem todos
tinham este privilégio. Considerando que apenas homens atenienses, abastados e acima dos
20 anos participavam ativamente da vida política da cidade, podemos constatar que o acesso
aos governantes era extremamente limitado à época.
A ágora grega, espaço destinado à assembleia de discussões políticas e cidadãs, forjava
uma esfera pública democrática. Mas, em verdade, se configurava como espaço legitimador
do status quo, ou seja, da realidade tal qual ela era. Desta forma, quem não detinha
determinadas características estava excluído do debate público.
Com o avanço dos meios de comunicação de massa, os poderosos passaram a adquirir
um novo tipo de visibilidade e, consequentemente, começaram a se preocupar com o
desempenho de suas imagens pessoais durante a conquista de súditos. Notoriamente, tal
visibilidade pública busca atrair e conquistar público. Portanto, deixa-se de lado a politização e
nota-se forte tendência à espetacularização. “O espetáculo não é um conjunto de imagens,
mas uma relação social entre pessoas medida por imagens.” (DEBORD, 1997, p.14)
Para Foucault, o exercício do poder estava ligado à manifestação pública de força e
superioridade do soberano, sendo assim, as sociedades antigas eram sociedades do
espetáculo por excelência.
Grécia antiga
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Hoje, com a evolução da mídia, novas formas de visibilidade cercam a vida dos
políticos. De certa forma, estas novas formas de visibilidade também alteraram a forma de se
fazer política. Sendo assim, o político da contemporaneidade deve desenvolver habilidades e
competências para se adaptar a esta nova realidade. Faz sentido, não é mesmo?! Pare para
pensar: O que seria de um político sem técnicas específicas para se apresentar a grandes
audiências, participar de debates com rivais, conceder entrevistas, fotografar, gravar
campanhas publicitárias etc?
Para explicar como esse novo tipo de visibilidade política se relaciona com o poder, é
necessário discorrer brevemente sobre os conceitos de esfera pública e privada. A esfera
pública diz respeito àquilo que é de "todos ao mesmo tempo e de ninguém em particular".
Podemos exemplificar, nesse caso, o espaço do ônibus, da sala de aula, do museu etc.
Reiteramos que a esfera pública está sob a Lei, que a ordena e organiza.
Já a esfera privada, diferencia-se. Seu ambiente familiar,
sua intimidade, tudo isso se refere à esfera privada; ao
indivíduo. Tal espaço está sob o império das escolhas
pessoais, ou seja, da vontade do ser e de mais ninguém.
A distinção entre público e privado tem uma longa
história no pensamento social e político ocidental, porém,
desde o final do século XIX, as fronteiras entre o público e o
privado se tornaram cada vez mais frágeis. Nesse sentido,
cada vez mais a sociedade civil se vê cumprindo ações antes
destinadas ao Estado. Basta mencionarmos a representativa
atuação das ONGs (Organizações não Governamentais)
desde o início da década de 90. Por outro lado, as
privatizações de determinados serviços públicos tornaram-se
representação maior da confluência entre público e privado.
Thompson define “público” como algo visível ou observável, ou seja, o que é realizado
na frente dos espectadores; enquanto que “privado” é o que se esconde, o que é dito ou feito
em privacidade ou segredo. Thompson se baseia nos conceitos de público e privado,
originados por J. Habermas. Cabe dizer que o conceito de público desperta a noção de
opinião pública, elemento caro para a reputação de qualquer político. Daí a intenção em
distinguir marcadamente o que deve se situar na esfera privada e/ou na esfera pública. Apesar
de constatarmos que a vida privada do político pode implicar, sobremaneira, na visibilidade
pública de sua carreira.
Apesar de citarmos com exaustão o papel da TV para a visibilidade pública dos políticos,
cabe reiterar que as novas relações de poder e política se devem, inicialmente, ao avanço da
mídia impressa. A TV se destaca como instrumento de visibilidade da política e do poder por
possuir o elemento da visualidade.
Outro aspecto das novas formas de visibilidade, que as diferenciam da forma tradicional
de co-presença do passado, são as estratégias desenvolvidas pela imprensa, tal como as
famosas edições que, por vezes, podem deturpar e alienar os espectadores. As informações
podem sofrer sérias alterações dependendo dos objetivos do veículo de comunicação.
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Cabe notar que em debates políticos como o mencionado acima, a imagem pessoal do
candidato se sobressai. Podemos aferir, nesse sentido, que um dos impactos mais importantes
da TV é a personalização, e por conta disso, o processo político é apresentado cada vez mais
como uma disputa entre candidatos e não entre programas políticos.
É aqui que surge o conceito de administração da visibilidade, algo que já ocorria antes
da TV. Basta notar como as moedas antigas traziam como inscrição a melhor imagem de seus
imperadores.
De lá para cá, pouco mudou. Todo político que se preze possui certa preocupação com
a própria imagem pessoal; o que consiste em aparência, vestimenta, comportamento,
indumentária, linguagem etc.
Quem não se lembra de como o publicitário Duda Mendonça transformou a imagem de Lula?
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Apesar da administração, realizada por tais profissionais, a visibilidade oferecida pela
mídia cria fragilidades para os políticos, tais como:
gafes;
escândalos;
acessos explosivos; e
desempenho de efeito contrário.
A ausência de senso crítico por parte da população eleitora pode se tornar uma grande
vilã da democracia na hora de decidir quem deterá o poder. Pois, sem criticidade não é
possível distinguir a legitimidade do discurso político da espetacularização da política.
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CASALI, Caroline. A imagem dos candidatos à Presidência no discurso de Veja.
Monografia de conclusão de curso. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), CCSH,
Curso de Comunicação Social – Jornalismo, 2003.
MIGUEL, Luis Felipe – “Os meios de comunicação e a prática política”. Lua Nova, nº
55-56. São Paulo, 2002, pp. 155-84.
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ARBEX JUNIOR, J. Showrnalismo: A Notícia Como Espetáculo. 4. ed. Sao Paulo: Casa
Amarela, 2005.
LIMA, V. A. Mídia Crise Política e Poder no Brasil. São Paulo: Perseu Abramo, 2006.
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